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INTRODUÇÃO Á TOXICOLOGIA Prof. Dr. Hemerson Iury hemersonufpb@yahoo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB DEPTO. DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – DCF – CAMPUS I – JOÃO PESSOA CURSO: FARMÁCIA Bibliografia básica OGA, S. Fundamentos de Toxicologia, 4ª edição. 2014 KLAASEN, C.D. Casarett & Doull`s: The Basic science of Poisons. 8ª edição. 2014 Bibliografia básica CASARETT & DOULL Fundamentos em Toxicologia 2ª edição McGraw Hill, 2012. ADERBAL FILHO, CAMPOLINA, DIAS Toxicologia na Prática Clinica. 2ª edição, 2013. Bibliografia básica MOREAU, RLM.; SIQUEIRA, MEPB Ciências Farmacêuticas: Toxicologia Analítica. 2ª edição, 2016. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Pré-história: observação de qual alimento produzia ou não efeitos tóxicos ou doenças. IDADE ANTIGA 2696 a. C. Shen Nung Considerado o Pai da Medicina Chinesa. Experimentou 365 ervas e escreveu um tratado sobre envenenamento por ervas e o emprego em tratamentos. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA 110 páginas com informações sobre anatomia, fisiologia, toxicologia, feitiços e tratamentos 1500 a.C.: “Papiro Ebers” (Egito) descreve 800 ingredientes ativos, entre eles: - Metais (Pb e Cu) - Vegetais tóxicos: cicuta, acônito - Venenos de animais: cobras, escorpiões, aranhas HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA IDADE ANTIGA - Grécia 470-399 Sócrates: condenado à morte com cicuta 460-364 a.C. Hipócrates – Pai da Medicina Moderna Transformou a Medicina em ciência superstição relação de venenos e princípios da Toxicologia clínica HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA 370-286 a.C. Theophrastus – referências às plantas tóxicas no livro De Historia Plantarum 204-135 a.C. Nicandro – fez poemas descrevendo venenos, envenenamentos e antídotos (Alexipharmaca e Theric) HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA 40 - 90 a.C. Dioscórides classificação dos venenos (animais, vegetais e minerais), descrição e desenhos dos venenos; uso de eméticos em envenenamentos e ventosas p/ picadas de cobras. De Materia Medica precursora das farmacopéias HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA IDADE ANTIGA - Roma 120- 63 a.C. – Midrídates – rei do Ponto – experimentos com envenamentos agudos e modos de evitar seus efeitos: ingestão voluntária e em prisioneiros de mistura de 36 diferentes ingredientes. Mithridaticum – mistura de gordura de víbora e enxofre, utilizado como tônico e antídoto HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Século IV a.C. – envenenamentos em massa – Locusta, Agripina, Cláudio Ano 82 a. C. – Sulla – Lex Cornelia de sicariis et veneficis, para punir envenenadores, proibindo compra, venda e posse. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA IDADE MÉDIA 1135-1204 – Maimonides escreveu um texto sobre tratamento dos envenenamentos por insetos, cobras e cachorros loucos. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Bórgias: Alexandre VI e seus filhos Lucrécia e César. Venenos usados largamente com finalidade política – envenadores profissionais” : Toffana (cosméticos à base de arsênio); Spara (uso de veneno p/ fins matrimoniais e financeiros); Catarina de Médicis – venenos da Itália para a França. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Marquesa de Brinvillers – testava suas “ receitas” em crianças, anotando seus efeitos (início dos efeitos, potência, local e modo de ação, sinais e sintomas) Catherine Deshayes, La Voisine – envenadora na corte de Luís XIV – a qual é atribuída a morte de 2000 crianças. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Chambre Ardente – comissão judicial para punir envenenadores. Henrique II da França HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA RENASCENÇA – IDADE MODERNA 1493-1541 - PARACELSUS – desenvolvimento do aspecto médico, científico da Toxicologia; necessidade de experimentação; dose diferencia remédio de veneno e outras idéias revolucionárias no campo da medicina e terapêutica. Publicou o primeiro tratado de doenças em mineradores. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA IDADE CONTEMPORÂNEA Século XIX – desenvolvimento extraordinário da Química Orgânica e síntese de novos compostos (fosgênio, gás mostarda – gases de guerra). Magendie (1783-1855) – brometo, ópio, estricinina na medicina; Claude Bernard (1813-1878) – ação tóxica do curare, conhecimentos sobre o sistema hepático Ehrlich (1845-1915) – mecanismos de ação de toxicantes HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA 1787-1853 – ORFILA – chamado de “Pai da Toxicologia” escreve o primeiro tratado voltado exclusivamente para a Toxicologia – Traitè des Poisons – e este conhecimento passa a ser uma Ciência. Desenvolvimento do aspecto forense da Toxicologia, principalmente de métodos de detecção de toxicantes em material biológico. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA 1831 – Síntese do clorofórmio por um químico Francês 1847 – Uso como anestésico em partos 1863 – Químico Ângelo Mariani produziu o vinho Mariani 1886 – Coca-Cola 1879 – tratamento para a dependência de morfina 1884 anestésico local e Sigmund Freud escreveu o Über Coca 1885 – vendida sob a forma de cigarros, pó e injetável Cocaína HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Durante a I Guerra Mundial: Desenvolvimento de armas de guerra química: gás cloro, fosfogênio, mostarda. Utilização de máscaras por soldados e cães HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Protocolo de Geneva – Proibição do uso de armas químicas em guerras. Seguida pela Alemanha no Tratado de Versailles. Queimadura por gás mostarda HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA DDT sintetizado em 1939 1948 Paul Herman Müller ganhou o Prêmio Nobel de fisiologia e Medicina 1972 - Banido 1946- Arnold J. Lehman – criou a Divisão de Farmacologia do FDA Fundou a Sociedade de Toxicologia e sua revista Toxicology and Applied Pharmacology HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Após a Segunda Guerra Desenvolvimento extraordinário da Toxicologia condições da exposição, e não apenas a dose, como desencadeantes de efeitos tóxicos; Estabelecimento do risco x segurança no uso de SQ (padrões de segurança); conhecimento de mecanismos de ação tóxica; Aspectos preditivos e preventivos da Toxicologia; Toxicologia comportamental, Imunotoxicologia, Toxinologia, Ecotoxicologia, entre outros. HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Acidente de Minamata - Japão Década de 50 Talidomida No Brasil HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA Professora Ester de Camargo Fonseca Moraes 1966 - Responsável pela criação da disciplina de Toxicologia como entidade autônoma e separada de outras correlatas, no curso de Farmácia da Universidade de São Paulo, o que foi posteriormente instituído também nas demais Faculdades de Farmácia, federais, estaduais ou privadas, que hoje ministram esta disciplina. * CONCEITOS EM TOXICOLOGIA, * CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO, * ESPECTROS DE EFEITOS TÓXICOS * INTERAÇÕES QUÍMICAS INTRODUÇÃO A TOXICOLOGIA • Conceito: O estudo dos efeitos adversos de agentes químicos em sistemas biológicos. – Efeito adverso: desequilíbrio biológico – Agente Químico: entidade capaz de desencadear dano ao organismo (toxicante, veneno, droga, fármaco, xenobiótico) - Ambiental, alimentos, medicamentos, ocupacional e social – Sistemas biológicos: Organismos vivos "Toxikon" do grego veneno das flechas Toxicologia OGA et al., 2014 29 • Elementos Fundamentais – Toxicante (elemento químico) – Toxicidade (DL50 / LT / IDA / IBMP) - Depende de fatores como: Dose, tempo de exposição, condições do sistema biológico. – Intoxicação (sinais e sintomas) Toxicologia CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Toxicologia – Ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação das substância químicas com o organismo, sob condições específicas. (CASARETT, 2012) Prof. Dr. Hemerson Iury • Toxicologia Descritiva • Toxicologia Mecanística• Toxicologia Regulatória OU • Toxicologia Analítica ou Química • Toxicologia Clinica ou Médica • Toxicologia Experimental • Toxicologia Ambiental (Ecotoxicologia) INTRODUÇÃO 1.1 – RAMOS DA TOXICOLOGIA (OGA et al., 2014) 32 • Áreas de atuação Toxicologia Áreas da Toxicologia Toxicologia ambiental Toxicologia de medicamentos Toxicologia ocupacional Aspectos Clínico Analítico Legislação Investigação Toxicologia de alimentos Toxicologia social CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Agente tóxico – Entidade química capaz de causar efeitos nocivos a um sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição. Classificação: •Mecanismo de ação; Ex.: Agentes asfixiantes. •Origem; Ex.: Vegetal. •Estado físico; Ex.: Gases. •Estrutura química; Ex.: Organofosforados. •Uso; Ex.: Agrotóxico. •Órgão-alvo; Ex.: Neurotóxico, hepatotóxicos. •Potencial de toxicidade. Ex.: Muito tóxicos. Agrotóxico. Prof. Dr. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Veneno – Compostos provenientes de animais, nos quais apresentam função de auto-defesa ou predação. (CASARETT, 2012) – Uso popular: substância ou mistura de substâncias que provoca intoxicação ou morte em baixas doses. – Ex.: veneno de cobras, escorpião, etc. Tityus stigmurus.Prof. Dr. Hemerson Iury CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Droga – Toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intuito de benefício para o organismo receptor. Ex.: Tabaco, maconha. (OGA et al., 2014) Prof. Dr. Hemerson Iury Folhas de Cannabis sativa CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Xenobiótico – Substância química estranha ao organismo, qualitativa ou quantitativamente. – Ex.: Pb, Hg. Prof. Dr. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Fármaco – Toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com o intuito de benefício para o organismo receptor. Ex.: Nicotina, D9 -THC. Prof. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Antídoto – Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de uma substância. (CASARETT, 2012) Flumazenil injetável. – Ex.: Flumazenil, azul de metileno, atropina, BAL, etc. Prof. Hemerson Iury (KLANSSEN et al., 2014; OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Ação tóxica – Maneira pela qual um agente tóxico desempenha sua atividade sobre as estruturas teciduais. Prof. Hemerson Iury (CAMPOLINA et al., 2013; OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA Prof. Dr. Hemerson Iury • Toxicidade – Capacidade inerente e potencial de um agente tóxico de causar efeitos nocivos em um organismo vivo. (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Risco – Probabilidade estatística de um agente tóxico causar efeitos nocivos em um sistema biológico, sob condições de exposição definidas. Prof. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) Risco aceitável - É a probabilidade de que um efeito ou dano, seja tolerado por um organismo, ou seja, que o benefício real trazido pelo uso da substância seja maior do que o risco. CONCEITOS EM TOXICOLOGIA (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA Prof. Hemerson Iury • Segurança - Probabilidade estatística de um agente tóxico não causar efeitos nocivos em um sistema biológico, sob condições de exposição definidas (contrário de risco). (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Intoxicação – Estado patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio homeostático consequente das alterações bioquímicas. (CASARETT, 2012) – Processo evidenciado por sinais, sintomas ou exames laboratoriais. Prof. Dr. Hemerson Iury CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Classificação das intoxicações: – Intensidade dos efeitos: • Letal • Grave; • Moderada; • Leve. – Condições de exposição: • Aguda; • Sub-aguda; • Crônica. Prof. Dr. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) 46 Fases da Intoxicação TOXICANTE Disponibilidade química I Exposição Vias de introdução TOXICIDADE Biodisponibilidade II Toxicocinética Processo de transporte Absorção Distribuição Biotransformação Eliminação IV Clínica Efeito Nocivo III Toxicodinâmica INTOXICAÇÃO Sinais e sintomas Natureza da ação (MORAES et al., 1991) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Fase de exposição – A superfície externa ou interna entra em contato com o agente tóxico. Os fatores importantes: via de introdução, características físico-químicas, duração e frequência de exposição, dose ou concentração e suscetibilidade biológica. – Disponibilidade química do agente tóxico: Fração disponível para absorção. Prof. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Fase toxicocinética – Inclui processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do fármaco nos diversos tecidos do organismo. – Absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção. – Biodisponibilidade: Fração disponível para atingir sítio de ação. Prof. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Fase toxicodinâmica Interação entre as moléculas do agente tóxico e os sítios de ação, específicos ou não. Desequilíbrio homeostático. Prof. Hemerson Iury (OGA et al., 2014) CONCEITOS EM TOXICOLOGIA • Fase clínica – Há evidencias de sinais, sintomas ou estado patológico detectável mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do agente tóxico e o organismo vivo. Aspecto de local acometido por picada de cobra peçonhenta. Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Condições de exposição: – Via de introdução; – Características físico-químicas do composto; – Duração e freqüência de exposição; – Dose ou concentração; – Suscetibilidade biológica. • Interferem diretamente na etapa de absorção; Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Via de introdução – Eficiência relativa entre a absorção pelas diversas vias: Respiratória > Intraperitonial > Subcutânea > Intra-muscular > Intradérmica > Oral > Cutânea – Via endovenosa*: efeito mais rápido e intenso. – Mais importantes: • Oral ( Ato suicida, alimentos, acidentes pediátricos, etc.) • Respiratória e cutânea: (Ocupacional.) Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Características físico-químicas do composto: – Solubilidade; – Grau de ionização; – Pressão de vapor (volatilidade do composto); – Ponto de ebulição; – Densidade; – Velocidade de evaporação (acetato butílico = 1,0); – Densidade de vapor (ar = 1,0). Importantes para gases e vapores. Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Duração da exposição: – Aguda, sub-aguda, sub-crônica e crônica. – Ex.: Benzeno: Exposição aguda depressão SNC Exposição crônica mielotoxicidade e carcinogênese Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Freqüência da exposição: – Intervalo entre doses: Reparo danos teciduais diminuição dos efeitos tóxicos – Efeitos tóxicos crônicos: • Acúmulo; • Efeito irreversível; • Falta de tempo para reparo dos danos. Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Dose ou concentração: – Quantidade absorvida geralmente proporcional à dose ou concentração de exposição. Prof. Dr. Hemerson Iury CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO • Suscetibilidade biológica: – Espécie, gênero, raça, idade, estado nutricional, estado patológico; – Intra-espécie: •Hiporreatividade;•Hipereatividade. Curva Gaussiana.Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Intensidade dos sinais, sintomas: – Leve; – Moderado; – Grave; – Letal. Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Tempo / freqüência de exposição: – Aguda – altas concentrações, exposição única. – Crônica – baixas concentrações, exposição prolongada. Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Tempo de aparecimento dos efeitos: – Efeito imediato – sem período de latência; – Efeito retardado – com período de latência. • Nível do sistema biológico: – Local; – Sistêmico (órgão alvo). Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Reversibilidade de efeitos: – Capacidade de regeneração dos tecidos: ( Ex.: SNC X Fígado) – Efeitos carcinogênicos e teratogênicos: irreversíveis. • Alteração do DNA: – Efeito retardado; – Mais eficaz em exposições crônicas. – Ex.: Aflatoxina B1 . DNA.Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Genética: Idiossincrasia – Efeito dose-independente e inesperados, causados por deficiências ou erros metabólicos de origem genética. – Ex.: Exposição de indivíduo portador de deficiência de Glicose-6-fosfato- desidrogenase a agente metemoglobinizante. Prof. Dr. Hemerson Iury Fonte: OGA et al., 2008Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Doença pré-existente – Efeito por exacerbação – aumento de disfunção pré-existente. – Ex.: Exposição a arsênico por indivíduo nefropata. • Suscetibilidade biológica – Hipossuscetibilidade ou hiporreatividade; – Hipersuscetibilidade ou hiperreatividade. Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Gravidez: – Teratogenicidade – exposição durante organogênese (3 primeiros meses), gerando malformação celular e tecidual. – Embrio ou fetotoxicidade – exposição de tecidos em desenvolvimento, gerando retardo no crescimento ou defeitos degenerativos (lesão química). Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Classificação dos efeitos tóxicos: – Efeitos deterministas – Compostos de elevada toxicidade intrínseca (ex.: ácido cianídrico, tolueno, etc). – Efeitos probabilistas – Compostos de atividade embriotóxica, teratogênica e carcinogênica (ex.: benzidina, fuminisinas, etc). – Efeitos imuno-alérgicos (não propriamente tóxicos). Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Características dos efeitos deterministas: – Dose limiar de efeito; – Efeitos reversíveis; – Curva dose-efeito existente; – Curva dose-resposta existente. Prof. Dr. Hemerson Iury Curva dose - efeito • Aumento do efeito com o aumento da dose, podendo ser utilizado apenas um indivíduo*. Carboxilesteras e % i ni b iç ão Dosagem diária CLORPYRIFOS (mg/kg) Colinesterase Prof. Dr. Hemerson Iury Curva dose – resposta • Aumento da resposta para dado efeito (em percentual de indivíduos), com o aumento da dose administrada. Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Características dos efeitos probabilistas: – Dose limiar de efeito ausente; – Efeitos irreversíveis (Teratogenocidade e carcinogênese); – Curva dose-efeito ausente; – Curva dose-resposta existente. Prof. Dr. Hemerson Iury ESPECTRO DE EFEITOS TÓXICOS • Características dos efeitos imuno-alérgicos (fase sensibilização): – Efeitos geralmente irreversíveis; – Curva dose-efeito ausente; – Curva dose-resposta existente. Reação alérgica à “hena”. Prof. Dr. Hemerson Iury INTERAÇÕES QUÍMICAS • Efeito aditivo • Efeito sinérgico • Efeito de potencialização • Efeito antagonista Prof. Hemerson Iury INTERAÇÕES QUÍMICAS • Efeito Aditivo: – Mais comum, somatório de efeitos de compostos de mesmo mecanismo de ação. • Ex.: Intoxicação simultânea por dois organofosforados. • 2 + 3 = 5 Prof. Dr. Hemerson Iury INTERAÇÕES QUÍMICAS • Efeito sinérgico: – O efeito tóxico de substâncias quando expostas simultaneamente é maior ao somatório dos efeitos quando expostas em separado. • Ex.: CCl4 + etanol = efeitos hepatotóxicos. • 2 + 3 = 20 Prof. Hemerson Iury INTERAÇÕES QUÍMICAS • Efeito de potencialização: – A exposição a uma substância que não leva a efeitos tóxicos aumenta a toxicidade de outra substância, em exposição simultânea a ambas. • Isopropanol + CCl4 = maior efeito hepatotóxico. • 0 + 2 = 10. Prof. Hemerson Iury INTERAÇÕES QUÍMICAS • Efeito antagonista: – Base para funcionamento de muitos antídotos; – Mecanismos de antagonismo: • Químico ou inativação ( Ex.: BAL e Pb); • Funcional ( Ex.: barbituricos, vasodilatador e norepinefrina, vasoconstrictor); • Fisiológico ( Ex.: epinefrina, simpático e acetilcolina, parassimpático); • Disposicional (Ex.: fenobarbital e anestésicos gerais inalatórios – tolerância cruzada); • Receptor (Ex.: Naloxona e morfina, atropina e organofosforados). Prof.. Hemerson Iury TOLERÂNCIA • Def.: Diminuição da resposta a agente químico, decorrente de exposição anterior a este ou outro composto, estruturalmente relacionado ou não. • Tolerância cruzada – Def.: Diminuição da resposta a agente químico, decorrente de exposição anterior a outro composto, estruturalmente relacionado ou não. – Ex.: Barbitúricos entre si. – Ex.: Etanol, barbitúricos e anestésicos inalatórios entre si. Prof. Dr. Hemerson Iury TOLERÂNCIA – Mecanismos: • Tolerância metabólica ou disposicional; • Tolerância farmacodinâmica ou tissular; Prof. Dr. Hemerson Iury TOLERÂNCIA – Tolerância metabólica ou disposicional: • Def.: Alterações nas propriedades farmacocinéticas do agente, no organismo, de forma que apenas concentrações reduzidas chegam aos locais de ação. (OGA et al., 2008) • Ex.: Fenobarbital – indutor CYP2B. Prof. Hemerson Iury TOLERÂNCIA – Tolerância farmacodinâmica ou tissular: • Def.: Alterações nos tecidos biológicos devidas à presença de uma droga ou fármaco, após exposição única ou repetida, que se manifesta por uma resposta diminuída para uma mesma concentração no sítio de ação. • Mecanismos ainda mal conhecidos; • Ex.: Benzodiazepínicos. Prof. Hemerson Iury TOLERÂNCIA – Tolerância farmacodinâmica ou tissular: • Taquifilaxia ou Tolerância aguda: – Def.: Tolerância farmacodinâmica que se desenvolve rapidamente após exposição por curto período de tempo, a uma ou poucas doses do fármaco ou droga. (CASARETT, 2012) – Ex.: Alucinógenos, barbitúricos. Prof. Hemerson Iury BIBLIOGRAFIA UTILIZADA • AMDUR, M.O.; DOULL, J.; KLAASEN, C.D. Casarett and Doull’s Toxicology: the basic Science of Poisons. Eighth Edition, McGraw-Hill, Inc., 2014. • ANDRADE FILHO, ADEBAL; CAMPOLINA, DELIO; B DIAS, MARIANA. Toxicologia na Prática Clínica. 2. ed. BELO HORIZONTE: FOLIUM, 2013. • KLAASEN, C.D. WATKINS, J.B.; DOULL, J.; Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull the basic Science of Poisons. Segunda Edição, McGraw-Hill, ARTMED, 2012. • MORAES, E C F; FERNICOLA, N A G G. Manual de toxicologia analítica. 1ª. ed. São Paulo: Rocca, 1991. • OGA, S., EIZI, BATISTUZZO, J.A. Fundamentos de toxicologia. 4ª Edição. São Paulo: Ed. Atheneu, 2014. Prof. Hemerson Iury
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