Buscar

Agrotoxico - Artigo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AGROTOXICOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA SAÚDE DOS TRABALHADORES RURAIS
Clara Bruna Pereira Souza[1: Clara Bruna Pereira Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO srta.clara@hotmail.com]
RESUMO
O número de habitantes do planeta evoluiu e com ele a demanda por alimentos. Logo a produção teve que acompanhar esse salto e para isso precisou amadurecer suas técnicas de plantio. Hoje um dos mecanismos indispensáveis é o uso de agrotóxicos que matam ou inibem pragas de lavoura. Esse agrotóxico possui poluentes biocumulativos que prejudicam a saúde humana. Em especial os trabalhadores rurais e moradores da zona rural, pois tem maior contato com o produto. O uso excessivo de agrotóxico e o despreparo (tanto qualificação quanto a falta de uso de equipamento adequado) dos profissionais no manuseio do produto acarretam em doenças, na maioria das vezes, crônicas para os trabalhadores. O objetivo deste trabalho foi mostrar, através de um levantamento bibliográfico, as formas de contaminação: ambiental (ocorre quando recursos naturais ou espécies de animais não alvos, que não interferem no processo de produção que se quer controlar, são atingidos por agrotóxicos) e humana (pode acontecer de forma direta: através da escolha, manuseio, transporte, armazenamento, aplicação e destino da embalagem; ou indireta: através do consumo de produtos já contaminados ou por proximidade as zonas de plantio ou manuseio). Essa contaminação pode causar doenças, crônicas ou não, que variam de tontura, dor de cabeça a má formação fetal e câncer. Medidas simples como uso de equipamento adequado e leitura do rotulo da embalagem seriam suficientes para diminuir consideravelmente a incidência dessas doenças.
 PALAVRAS-CHAVE: Agrotóxico, saúde dos trabalhadores, contaminação, grupo de risco, Equipamento de Proteção Individual (EPI).
ABSTRACT
The number of inhabitants of the planet evolved and with it the demand for food. Soon the production had to follow this leap and it needed to mature their planting techniques. Today one of the essential mechanisms is the use of pesticides that kill or inhibit pests of crops. This pesticide has bio-accumulative pollutants that harm human health. Especially rural workers and residents of rural areas, it has greater contact with the product. The excessive use of pesticides and the lack (both qualifying as the lack of use of proper equipment) of the professionals handling the product in cause disease, most often, for chronic workers. The aim of this study was to show, through a literature review, the forms of contamination: environmental (occurs when natural or non-target animal species, which do not interfere in the production process that wants to control, are affected by pesticides) and human (can happen directly: by choosing, handling, transportation, storage, application and destination of the package, or indirectly: through the consumption of products already contaminated or near areas of growing and handling). This contamination can cause illness, chronic or not, ranging from dizziness, headaches to birth defects and cancer. Simple measures such as use of proper equipment and reading the label of the package would be sufficient to significantly decrease the incidence of these diseases.
KEYWORDS: Pesticides, health workers, pollution, risk group, Personal Protective Equipment (PPE).
INTRODUCÃO 
Segundo Gomide (2004) o número de habitantes do planeta Terra vem aumentando gradativamente. Em consequência disso, faz-se necessário um aumento constante na produção de alimentos. E para alcançar esse objetivo alguns produtores aderem ao uso de alguns artifícios que assegurem esse alto rendimento como, por exemplo, os agrotóxicos.
Pignati (2007) afirma que hoje a agricultura é dependente de agrotóxicos e outros fertilizantes químicos, bem como do maquinário indispensável para a produção em alta escala. De acordo com a Lei n 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto 4.074, de 4 de Janeiro de 2002, entende-se por agrotóxico as substancias, ou misturas de substancias, de natureza química quando destinadas a prevenir, destruir ou repelir, direta ou indiretamente, qualquer forma de agente patogênico ou de vida animal ou vegetal, que seja nociva ás plantas e animais úteis, seus produtos e subprodutos ao homem. Para que houvesse a modernização da agricultura foi necessário investimento em tecnologias que possibilitasse a produção. Entretanto, a modernização trouxe consequências preocupantes como precarização do trabalho e elevação dos riscos socioambientais.
Para Peres (1999) a contaminação pode ser humana ou ambiental. A contaminação ambiental ocorre quando recursos naturais ou espécies de animais não alvos, que não interferem no processo de produção que se quer controlar, são atingidos por agrotóxicos. Já a contaminação humana pode acontecer de forma direta: através da escolha, manuseio, transporte, armazenamento, aplicação e destino da embalagem; ou indireta: através do consumo de produtos já contaminados ou por proximidade as zonas de plantio ou manuseio.
Segundo Bortoluzzi et. al.(2006) a contaminação pode se dar ingerindo agua e/ou alimentos contaminados ou por inalação. Estima-se que 20% do total dos agrotóxicos usados como tratamento profilático de plantas, podem chegar as águas superficiais. Essa quantidade poderia ser uma maior se não existissem alguns processos que imobilizam determinadas moléculas do poluente. É possível se contaminar através de alimentos já contaminados durante a produção ou por inalação. Sendo que esta acontece pelo processo de evaporação das toxinas e posterior inalação humana, onde são incorporadas ao metabolismo. Um risco já que se trata de uma substância biocumulativa.
Oliveira & Gomes (1990) diz que devido à proximidade com a substância, é comum que além dos trabalhadores, a população rural sofra com a contaminação por agrotóxicos. Mas já houve casos de contaminação urbana: através da relação produtor-consumidor (através da produção hortifrutigranjeira), da pulverização de agrotóxico em instalações de cultivo de flores, dentre outros. 
De acordo com Siqueira & Kruse (2007) na maioria dos casos a contaminação ocorre devido à falta de equipamento adequado, EPI (Equipamento de Proteção Individual) na preparação, manuseio e aplicação do produto. O que pode estar associado à falta de informação a respeito do risco ou condições financeiras para aquisição do equipamento apropriado. O grupo de risco é formado por funcionários de setores agropecuários, da saúde publica, de firma desinsetizadoras, do transporte, comercialização e produção de agrotóxicos. 
Através de analises, Peres et. al. (2005) identificou possíveis grupos de risco, ou seja, aqueles com mais probabilidade de desenvolver determinadas patologias oriundas da exposição há um determinado agente. Esses diagnósticos podem basear-se na utilização de indicadores da concentração interna de determinadas substancias químicas presentes no metabolismo. Que servem para avaliar as consequências e a intensidade da exposição. 
Segundo Oliveira & Neto (2005) nos últimos anos foi desenvolvida, a fim de agilizar o processo e aumentar a segurança dos trabalhadores, pulverizadores que além de aumentar a eficiência e menos exposição. E, de fato, é algo seguro e de grande eficiência. O grande empecilho é que agricultores de pequeno e médio porte não têm condições financeiras para incorporar essa tecnologia ao seu processo de plantio.
Figura 1. Fluxograma de incorporação do uso de tecnologia aplicado ao uso de agentes químicos.
O uso excessivo de agrotóxico e o despreparo (tanto qualificação quanto a falta de uso de equipamento adequado) dos profissionais no manuseio do produto acarretam em doenças, na maioria das vezes, crônicas para os trabalhadores. O objetivo deste trabalho é mostrar, através de um levantamento bibliográfico, quais as formas de contaminação, que doenças elas causam e formas de prevenir ou amenizar esse risco.
MATERIAIS E METODOS
	Em grande parte dos estudos vistos para a construção desteartigo aplicou-se o método de entrevistas com os trabalhadores onde eles relatam os sintomas que posteriormente são associadas a doenças causadas por determinadas substancias contidas nos agrotóxicos. Gomide (2004) fez sua pesquisa seguindo as premissas as premissas da Educação Ambiental e definiu cinco grupos de publico alvo: professores, funcionários e alunos da rede municipal de ensino; donas de casa mãe desses alunos, agricultores; agentes do PACS visto que o objetivo era a melhoria da qualidade de vida. O grupo dos agricultores foi dividido em três subgrupos: agricultores de subsistência, pequenos agricultores e grandes agricultores. Entrevistando três pessoas de cada grupo ou prosseguindo até as informações começarem a se repetir. Além do uso de agrotóxico, foram levantadas questões sobre sintomas e sinais relacionados à intoxicação, custo-benefício dos usos de pesticidas e medidas alternativas ao uso destes produtos químicos. Bem como sobre o bem estar dos trabalhadores e o auxilio de mulheres e crianças e a exposição das mesmas ao produto. E saber como eles lidam com o produto e o destino das embalagens.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
	Durante a pesquisa de Gomide (2004) mesmo os produtores mais simples admitiram o uso de algum tipo de defensivo agrícola. E nenhum conseguiu pensar em alguma alternativa a este uso. E mais, muitos alegam que o uso de agrotóxico é fundamental para a obtenção da safra. 
Siqueira & Kruse (2007) puderam constatar que todos os agricultores de pequeno a médio porte alegam conhecer os riscos e os perigos a saúde ao que estão expostos, mas na grande maioria das vezes, o fato de não usar equipamento adequado está mais ligado à falta de condições financeiras de aquisição do equipamento do que a falta de conhecimento sobre os riscos corridos ao lidar com os produtos. E como a fiscalização é precária no Brasil, eles agem da forma que lhes convém. E por vezes preterem a saúde em favor do lucro. 
Outro ponto importante ressaltado por Gomide (2004) quanto o uso de tecnologias (irrigação e perfuração de poços) eles alegam que são inacessíveis por uma serie de fatores, inclusive financeiros. Muitos admitem conhecer os perigos e que às vezes se veem obrigados a passar o trabalho para os mais jovens, pois não se sentem mais em condições de fazê-lo. Jovens estes que são contratados aos 17 anos e aos 25 não tem mais condições dar continuidade ao serviço. Todos conhecem alguém que já passou mal. E muitos relataram seus próprios sintomas como tontura, dor de cabeça, “estrelinhas na vista”, entre outros. Muitos alegam fazer o uso de bebida alcoólica para amenizar os efeitos do produto. A grande maioria não lê o rotulo do produto, alguns sobre a desculpa de que as instruções não difíceis de entender/seguir. A respeito das embalagens elas são deixadas na roca, escondida, reaproveitadas, soterradas ou queimadas. Não houve relatos de mulheres e crianças ajudando nas atividades.
No trabalho realizado por Siqueira (2007) constatou-se que 87% dos contaminados foram homens. E que a exposição ao produto favorece a incidência de doenças mentais, câncer, malformações e alterações na reprodução humana. Em vários trabalhos é relacionado a exposição ao agrotóxico e o surgimento de câncer de testículo, mama, próstata, ovário e infertilidade. Por vezes os efeitos aparecem depois, como o caso da mulher que teve um filho com anomalias congênitas porque a mãe teve contato com agrotóxicos durante a gestação. Os resultados mostraram que pelo menos 50% dos entrevistados encontra-se moderadamente intoxicados.
CONSIDERACÕES FINAIS
	Existem algumas medidas que podem erradicar, evitar ou amenizar os danos causados pelo uso de agrotóxicos como: simplificar os rótulos dos produtos, utilizar EPI, fiscalizar a comercialização dos produtos, estimular a prevenção, monitorar resíduos de pesticidas nos alimentos, desenvolver politicas que visem a proteção da saúde do trabalhador, monitoramento de populações expostas e estabelecimento de campanhas educativas e de comunicação de riscos.
Todos se referiram ao agrotóxico como veneno, ao invés de remédio. Por se tratar geralmente de zonas rurais o uso é feito por pessoas de baixo grau de instrução que seguem crenças e achismos como se fosse verdade. No manuseio do agrotóxico, por exemplo, onde eles creem que somente os homens mais fortes se mantem no serviço. Os outros são considerados fracos. Apesar de saberem que existem danos, não sabem a intensidade e consequências para o seu bem estar e de suas famílias. Os que chamam o produto de veneno são os mesmos que se arriscam dia-a-dia lidando com ele de forma errônea e negligente. O que sugere que eles conhecem os riscos e mesmo assim continuam a aplicação em favor do lucro. E onde a fiscalização brasileira deveria estar presente, mais uma vez deixa a desejar.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Bortoluzzi E. C., Rheonheimer D. dos S., Goncalves C. S., Pellegrini J. B.R., Zanella R. & Copetti A. C.C. 2006. Contaminação de águas superficiais por agrotóxicos em função do uso do solo numa microbacia hidrográfica de Agudo, RS. - Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.10, n.4, p.881-887.
Gomide M. 2004. Agrotóxico, que nome dar? - Revista Ciência e Saúde coletiva, pag. 1047.
Oliveira S. M. de & Gomes T. C. C. 1990. Contaminação por agrotóxico em população de área urbana – Petropolis, RJ. Cadernos de Saúde Publica Rio de Janeiro, p 18-26.
Oliveira M. L. & Neto J. G. M. 2005. Segurança na aplicação de agrotóxicos em cultura de batata em regiões montanhosas. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, p 15-25. 
Peres F. 1999. É veneno ou é remédio? Os desafios da comunicação rural sobre agrotóxicos. Dissertação de mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz.
Peres F., Silva, J. J. O., Rosa, H. V. D., Lucca, S. R. 2005. – Desafios ao estudo da contaminação humana e ambiental por agrotóxicos. - Ciência & Saúde Coletiva, v. 10. Rio de Janeiro.
Pignati W. A. 2007. Os riscos, agravos e vigilância em saúde no espaço de desenvolvimento do agronegócio no Mato Grosso [Tese doutorado]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ensp, p 81-105.
Siqueira S. L. & Kruse M. H. L. 2007. Agrotóxicos e saúde humana: contribuição dos profissionais do campo de saúde. Trabalho de Conclusão de Curso. - Escola de Enfermagem Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

Continue navegando