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MpMagEst Civil Civil FLoureiro Aula04 220313 CarlosEduardo

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MpMagEst 
Direito Civil 
Francisco Loureiro 
Data: 22/03/2013 
Aula 04 
 
MpMasEst – 2013 
Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
RESUMO 
 
SUMÁRIO 
 
1. Fatos Jurídicos. 
2. Invalidade do negócio jurídico. 
 
 
1. FATOS JURÍDICOS (continuação). 
 
1.1. Regras gerais sobre o ato jurídico 
 
A princípio o silêncio é neutro, assim a leitura do artigo 111 do cc. deve ser interpretada a contrario 
senso. 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou 
os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de 
vontade expressa. 
 
Quando os usos e costumes e a circunstâncias do caso concreto, permitirem, o silêncio produzirá efeitos 
jurídicos ex. art. 539 (doação simples) ou nos casos de recebimento da herança o silêncio implica em 
aceitação. 
 
“Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar 
se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do 
prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que 
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.” 
 
Forma de interpretação do negócio jurídico realizado pela teoria da vontade ou declaração Art. 112 cc. 
Deve sempre indagar qual foi à intenção do agente – não o querer interno –, a exteriorização da 
declaração. 
 
“Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à 
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da 
linguagem.” 
 
Obs.: no antigo código, segundo teoria subjetiva da vontade Savigny, deveria analisar o querer interno do 
individuo. 
 
Teoria da responsabilidade: quando o agente quer uma coisa, mas declara de forma diferente (ex.: erro) 
se na eventualidade dessa declaração causar dano ao destinatário, ao causador caberá o dever de 
indenizar. 
 
Teoria da confiança: a declaração prevalece sobre a vontade, mas apenas se suscitar confiança no 
destinatário, gerando legítimas expectativas com as circunstâncias do caso. 
 
 
2 de 4 
 Princípio da boa-fé objetiva: tem a função interpretativa do negócio jurídico. É uma clausula geral, 
é um princípio positivado pelo ordenamento jurídico. É uma regra de comportamento segundo a 
qual, cada parte deve agir de modo a não frustrar a confiança da outra parte. É o dever que a lei 
impõe das partes não frustrar as justas expectativas que levaram as partes na celebração do 
negócio jurídico. A boa-fé objetiva deve ser projetada antes, durante e depois do contrato. 
 
“Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme 
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.” 
Exemplo de boa-fé objetiva pós-contratual: determinada construtora vende apartamento com vista 
para o mar, após algum tempo, a mesma construtora aprovou projeto para construção de outro 
prédio na frente daquele. Os compradores do primeiro empreendimento, sob o argumento da 
projeção da boa-fé após a celebração do contrato, ingressaram com a ação a fim de impedir a 
construção. Ação julgada procedente nos princípios da boa-fé objetiva pós-contratual. Aquela 
determinada construtora ficou impedida de realizar a contrução. 
 
Princípio da boa-fé subjetiva (boa-fé ignorância): é aquela ligada a uma avaliação individual 
equivocada dos dados da realidade. Tem boa-fé subjetiva aquele que desconhece o vício que afeta o 
objeto do negócio jurídico. 
 
(i) Boa-fé subjetiva psicológica: 
(i) Boa-fé subjetiva no sentido ético: quando o agente não sabia nem poderia saber do vício do 
negócio. 
 
“Súmula 375 do STJ: na fraude a execução, se presume a boa-fé do 
adquirente se a aquisição se deu antes do registro da penhora.” 
 
 Função interpretativa da boa-fé objetiva: quando tiver que interpretar o princípio da declaração 
de vontade deve ser realizado com o valor da confiança, interpreta os negócios jurídicos 
conforme capacidade de interpretação do destinatário da declaração. 
 
 Função integrativa da boa-fé objetiva: a obrigação é vista como uma relação complexa, com 
deveres de prestação e de conduta. Os deveres de prestação podem ser principais (normalmente 
explicitados pelas partes ex.: um paga e o outro entrega a coisa), e os deveres secundários ou 
acessórios, que visam assegurar o cumprimento exato da obrigação principal (ex.: quem compra 
um bem móvel ele deve vir embalado para não sofrer avarias em decorrência do transporte). 
Dever lateral de conduta: surgem ao longo do contrato e tem a finalidade de assegurar que os 
bens da parte contrária não sofram danos por conta da obrigação principal – esses deveres 
normalmente são desconhecidos no ato da celebração – ex.: ao estacionar veículo no 
supermercado há um dever lateral de conduta do estabelecimento que garanta a segurança de 
daquele bem, em caso de furto, avaria etc. 
 
 Função de controle da boa-fé objetiva: deve controlar o exercício de direitos, a licitude daquele 
exercício, evitando que o credor que atue de forma excessiva. 
Teoria do adimplemento substancial: depois de cumprida a parte substancial do contrato, se o 
inadimplemento de pouca importância não pode levar a resolução do contrato. Ex.: casos de 
financiamentos de veículos em 60 vezes, falta o pagamento de 3 parcelas. É desproporcional 
busca e apreensão do bem por esse irrisório inadimplemento. 
 
 
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Veniri contra factum proprium: é a boa-fé objetiva na relação de controle. Basicamente não 
tolerar os comportamentos contraditórios. Se durante o contrato haver um determinado 
comportamento e após algum tempo esse comportamento ser 
 
Supressio: é uma inércia prolongada. O credor não exerce o direito como deveria e não fazê-lo 
desperta uma expectativa Ex.: contrato de locação que deve ser pago todo dia 1 e durante 3 anos 
o contrato é pago no dia 10 sem multa. Não pode num determinado momento exigir a multa de 
forma imediata. 
 
Tu quotue: não pode agir de forma ilícita e depois reclamar do ilícito idêntico da outra parte. Ex.: 
no condomínio um vizinho faz barulho fora do horário permitido, não pode exigir que outro não o 
faça. 
 
2. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
A invalidade é um gênero que compota duas espécies: a nulidade a anulação Art. 104 e seguintes do cc. 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Complementado pelo artigo 166: 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial 
para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, 
sem cominar sanção. 
 
Sempre que se fala em negócio inválido, se remete a falta de um dos elementos exigidos para o negócio 
jurídico. 
 
2.1. Nulidade 
 
Conforme artigo 184 do cc. que positiva a conservação do negócio jurídico. A parte sabia do 
negócio não é viciada. 
 
“Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial 
de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta 
for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das 
obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação 
principal.” 
 
a) Total: 
b) Parcial: 
 
4 de 4 
A nulidade do acessório não contamina o principal. Ex.: o agiota empresta dinheiro com taxa 
superior 
 
a) Virtual (implícita): Art. 548 doação universal – é nula a doação de todos os bens do doador. 
b) Textual (explicita): é sempre expressa. 
 
Obs.: normalmente as anulabilidades são sempre expressas. 
 
2.2. Diferenças entre nulidade e anulabilidade 
 
A anulabilidade ofende a ordemprivada e a nulidade ofende a ordem pública. Logo a 
anulabilidade só pode ser alegada por que se prejudicou pelo ato, ao contrário da nulidade, por 
ser decorrente de ordem pública poder ser alegada pelas partes interessadas, o Ministério Público, 
o Juiz. 
 
A lei que determina os critérios de nulidade e anulabilidade, é uma questão de politica legislativa. 
Portanto, fundamental verificar, ao menos no que tange a simulação, as regras do antigo código 
civil ou sob a égide do código de 2002. 
 
A anulabilidade pode ser suprida, ao contrário da nulidade. O negócio anulável pode ser 
confirmado (Artigos 172, 173, e 174 do cc.). A confirmação pode ser expressa quando o ato de 
confirmação contiver a substancia do negócio (deve mencionar qual ato que ela confirma). A 
confirmação não precisa ter a mesma forma do negócio anulável, uma vez que se pode ser 
convalidado pelo tempo, em tese para confirmação anterior, não necessitada simetria de formas. 
A parte que tendo ciência do vício, cumpri o contrato com comportamento contundente. 
Outorga uxória: negócio anulável (um terceiro que deveria participar dele não participou); ou pai 
que vende imóvel a um filho sem o consentimento do outro. Art. 220 cc. quando for o caso de 
consentimento a ser prestado por terceiro, o a forma de prestação do consentimento deve seguir 
a mesma forma do negócio original. 
O ato nulo não pode ser suprido, não há como confirmar o ato que ofende a ordem pública. 
 
A anulabilidade exige ação própria (ação de anulação do negócio jurídico Art. 177cc.), não se 
pronuncia de ofício e prescinde de decisão judicial. 
A nulidade pode ser reconhecida de modo incidental, no curso de uma ação. 
 
Efeitos da sentença: num primeiro momento, a nulidade tem efeito ex tunc e a anulabilidade tem 
efeito ex nunc. 
 
“Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao 
estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível 
restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.” 
 
Quando a sentença reconhece a anulabilidade às partes voltam ao anterior, portanto também o 
efeito seria ex tunc. Contudo há grande divergência na doutrina. 
 
Prazo: a nulidade não convalesce pelo decurso do tempo, mas os efeitos decorrentes do ato nulo 
são sujeitas a prescrição ex.: declaração de nulidade do ato e indenização por perdas e danos. A 
indenização está sujeita a prescrição. 
A anulabilidade (Art. 178 e 179 cc) tem prazo decadencial de 2 (casos gerais de anulabilidade – 
outorga uxória) e de 4 anos em casos de vício de consentimento (erro, dolo, lesão, fraude contra 
credores).

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