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MpMagEst Direito Civil – Familia José Simão Data: 25/06/2013 Aula 15 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Casamento 1. CASAMENTO 1.1. Observações sobre os incisos do art. 1.659 – bens que não se comunicam no casamento (continuação): VII – Provento do trabalho é a remuneração (salário, honorário, pró-labore etc.), pensão são os valores pagos ao servidor aposentado; montepio é o valor que o Estado paga ao dependente do servidor falecido; meio soldo é o valor que o militar reformado recebe. A doutrina abandona a interpretação literal do dispositivo, pois por ela, todos os bens adquiridos com o provento do trabalho seriam particulares e isto acaba com o espirito do regime. Logo, conclui-se que o direito aos proventos não se comunicam, mas o provento que se torna patrimônio se comunica. Dinheiro em conta, bens móveis ou imóveis adquiridos. Obs.: no REsp 646.529/SP, o STJ entendeu que as verbas trabalhistas não pagas durante a convivência pelo empregador e recebidas posteriormente por sentença trabalhista, se comunicam, inclusive as indenizatórias e o FGTS. http://www.stj.jus.br/webstj/Processo/Justica/detalhe.asp?numreg=200400322890&pv=0000000000 00 1.2. Bens que se comunicam Art. 1.660: “Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.” Observações sobre os incisos: Não se discute esforço comum ou contribuição patrimonial, ainda que no financiamento os cônjuges indiquem percentual desigual, prevalece a meação. Se a causa de aquisição é anterior ao casamento, o bem é particular ex.: marido quita imóvel antes de se casar, mas recebe a escritura depois. 2 de 4 Os bens adquiridos por fato eventual – com ou sem esforço do outro cônjuge – tem como exemplo clássico os prêmios de loteria, bingo, sorteios, recompensa decorrente da promessa de recompensa, bens adquiridos por aluvião, avulsão álveo abandonado, etc. Os bens havidos por doação ou herança em favor de ambos os cônjuges. Tecnicamente Pontes de Miranda, explica que se trata de um condomínio. As benfeitorias realizadas sobre bens particulares. Afasta-se a regra pela qual o acessório segue o principal, pois o terreno é de um e o imóvel construído dos dois. Os frutos produzidos na constância do casamento por bens comuns ou particulares, bem como, os pendentes ao fim do casamento. Exemplo de acessório que se comunicam: os juros, o aluguel,o arrendamento, bem como os frutos naturais e industriais. Novamente, o código se afasta da regra pela qual o acessório segue o principal. 1.3. Comunhão universal de bens (art. 1.667) “Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.” “Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.” É o regime pelo qual os bens existentes quando do casamento, bem como, os posteriores, em regra se comunicam. Quanto as obrigações, comunicam-se aquelas posteriores ao casamento com duas exceções: a) Apresto, que são as despesas do próprio casamento; b) As obrigações que reverterem em proveito de ambos os cônjuges ex.: pessoa que financia o imóvel antes de se casar, o cônjuge responde pelo financiamento pois terá a vantagem do bem. A grande diferença entre a comunhão parcial e a universal, é que na universal o cônjuge é meeiro dos bens havidos por herança ou doação, o que não ocorre na comunhão parcial. Obs.: o cônjuge é meeiro da herança do outro, mas não é herdeiro Bens particulares na comunhão universal: são os bens descritos no artigo 1.659, incisos V a VII (livros, bens de uso pessoal, os proventos do trabalho etc). Os bens recebidos por doação ou herança com cláusula de incomunicabilidade – é o bem que pertence a apenas um dos cônjuges. Súmula 49 do STF, reproduzida pelo art. 1911 do CC. A cláusula de incomunicabilidade está abrangida pela cláusula de inalienabilidade, pois esta última não permite transferência da propriedade. “Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. 3 de 4 Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.” Pelo art. 1.669, os frutos produzidos pelos bens particulares são comuns, o que garante harmonia com o regime da comunhão parcial: “Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.” 1.4. Participação final nos aquestos É o regime pelo qual durante o casamento cada cônjuge tem livre administração de seus bens (lembra a separação de bens), mas ao final, apuram-se os aquestos sobre os quais incidirá meação (lembra a comunhão parcial). Problema estruturante do regime: enquanto existe a comunhão plena de vidas, não há comunhão de bens. Quando esta acaba por morte ou divórcio, surge uma comunhão tardia. Problema de concepção legal: os artigos 1.676 e 1.682, falam em meação dos aquestos. O artigo 1.684 fala em ajuste de valores em dinheiro, logo, fica a dúvida se o regime gera meação ou simples crédito em favor de ambos os cônjuges. “Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.” “Art. 1.682. O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial.” “Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário. Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem.” 1.4.1. Cálculos dos aquestos: entram no cálculo os bens adquiridos na constância do casamento (excluir os bens anteriores, bem como, os recebidos por doação ou herança e os sub- rogados em seu lugar). 1.4.2. Se um dos cônjuges doou ou alienou onerosamente um aquesto em fraude à meação, o outro poderá reivindica-lo “pedir o bem de volta”, ou trazer o seu valor para o cálculo dos aquestos. Obs.: do valor total apurado, devem ser abatida as dívidas de um dos cônjuges pagas pelo outro ex.: mulher pagou IPTU do imóvel do marido. 4 de 4 1.5. Separação de bens: a) Separação convencional: nascer da vontade dos cônjuges (art. 1687 e 1688) “Art.1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.” “Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.” É o regime de separação total ou absoluta, não havendo bens comuns. b) Separação obrigatória: nasce da lei e, portanto, imposto aos cônjuges – chamado também de separação legal art. 1.641: Os maiores de 70 anos; Os que casaram em infração as cláusulas suspensivas; Os que se casam com autorização judicial. “Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.” Efeitos da separação obrigatória: no antigo código, em razão do art. 259 o pacto antenupcial que adotasse a separação convencional de bens, gerava comunhão dos aquestos salvo se o pacto expressamente os excluísse. O STF em 1964 edita a súmula 377 aplicando a regra à separação legal ou obrigatória. Em suma, a partir da súmula 377, a separação obrigatória se transforma em verdadeira comunhão parcial, pois os aquestos se comunicam. Apesar da revogação do Código de 1916 e da inexistência de artigo correspondente ao 259 no atual código, o STJ entende que a súmula 377 continua produzindo seus efeitos e equipara a separação obrigatória a comunhão parcial de bens. REsp 1171820/PR O único regime de separação total de bens
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