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1 ANCILOSTOMÍDEOS ANCILOSTOMÍASE E LARVA MIGRANS CUTÂNEA Considerações iniciais: Continua o estudo dos nematoides, mas mudando a família (em relação a Áscaris). Ancylostoma duodenale e Necator americanus (enfermidade interstinal – Ancilostomíase) completam o ciclo no ser humano, ou seja, tem o homem como seu hospedeiro normal. Já o A. brasiliense, A. caninum e A. ceylanicum têm cães e gatos como hospedeiros normais – o contato muito próximo do homem com o animal doméstico permite trânsito; em geral, não se desenvolvem, mas permanecem como larvas que podem causar prejuízos por migrarem pelo corpo (enfermidade tecidual – Larva migrans cutânea; pode, ainda, ser visceral ou ocular). A ancilostomíase é a doença intestinal causada quando o parasito consegue completar o ciclo no homem. No intestino, provoca lesões, especialmente por que sua boca é grande e volta-se para trás, como se fosse gancho; essa boca, ainda, é cercada por estruturas cortantes (dentes ou lâminas) interna e externamente. No entanto, são pequenos, então, causam lesão, mas, tendo adaptando-se à vida parasitária conosco, não causa tantos problemas, já que tem bom poder de cicatrização; entretanto, o parasito alimenta-se de sangue e, assim, quando contínua, a ancilostomíase leva à anemia (sua principal característica). É predominante na zona rural. Estima-se que cerca de 8% da população seja parasitada por ancilostomídeos, não sendo a distribuição igualitária (em alguns locais pode-se chegar até 20%). Há distribuição maior do Necator americanus (80% dos casos) – mas o tratamento é o mesmo. O Necator suporta temperaturas mais altas, já o Ancylostoma é mais sensível. A larva migra expelindo enzimas pela boca que perfuram tecidos; ao migrar, solta dejetos; uma hora, chega a morrer – todos esses são momentos que levam a algum tipo de manifestação do organismo. Ainda, pessoas alérgicas apresentam respostas mais intensas às partículas do parasito. Morfologia: São pequenos, em torno de 1cm – por isso, mesmo tendo estruturas cortantes, não matam o hospedeiro rápido, garantindo, assim, sua sobrevivência. Esbranquiçados, mas vistos comumente avermelhados já que se alimentam de sangue. Boca grande. Parte posterior com bolsa copulatória no macho – o macho desliza pela fêmea até encontrar orifício, exterioriza seus espinhos e há cópula. Para distinguir Necator e Ancylostoma olha-se a boca (não vê em olho nu) – clinicamente, é feita a mesma conduta; estruturas marginais cortantes em formas de dentes, Ancylostoma; se em forma de lâmina, Necator. Essas estruturas são em número de 2 pares no caso de A. duodenale, 1 par no caso do A. brasiliense e 3 pares no caso do A. caninum. O ovo do Ancylostoma e do Necator tem mesmo formato (exame traz “Ancilostomídeo” como resultado). Esse ovo tem parede fina (a eclosão é no solo, logo, não precisa de casca dura para prover proteção até chegar no hospedeiro 2 para eclodir), sem cobertura aderente de carboidrato e, em seu interior, há célula germinativa. Pode-se encontrar ovos com célula germinativa ou com essa célula já em estágio de multiplicação (mais comum). Ciclo biológico: Tem fase de vida livre (solo) e fase no hospedeiro. É um geo-helminto. É do intestino delgado (não compete com o Áscaris por terem fontes de alimentação diferente – um está na luz e o outro está mais interessado na parede; A. duodenalis, ainda, prefere ficar na região mais anterior). Se há macho e fêmea, há cópula; se não, não produz ovo. Da cópula, há produção de ovos que saem nas fezes em estágio avançado de embrionamento. Saindo das fezes, os parasitos vão encontrando condições adequadas de ambientação e oxigenação, onde completam seu desenvolvimento. Em 1 dia já há produção de L1 (no solo, vida livre), que alimenta-se do que encontra no solo; de L1 para L2, dobra de tamanho; em cerca de 5 dias, L2 passa a L3 (aqui, a cutícula nova surge, mas a velha acaba “fechando” a boca do parasito). Em L3, não consegue mais se alimentar do solo, então precisa ir ao hospedeiro – no contato com o hospedeiro, o parasito sinaliza para produção de enzimas que auxiliam na degradação desse resto de cutícula. A quantidade de reserva alimentar do parasito determina quanto tempo ele pode ficar em L3 (cerca de 6 semanas). Para encontrar o hospedeiro, responde a certos estímulos. Em L3 tem geotropismo negativo – fica mais superficial; tem termotropismo positivo – para encontrar hospedeiro pela sua temperatura elevada; e tem hidrotropismo positivo – precisa de água (solo mais úmido) para sobreviver mais tempo. Há cerca de 10.000 ovos liberados – fácil detecção sob exame. A larva L1 pode ser chamada rabdiforme e a larva L3 pode ser chamada filariforme. Pode haver transmissão por contato com a pele do hospedeiro – transmissão ativa (predominante). Pé descaço numa área que contém larvas > larvas migram a direção a hospedeiro > fixação de larvas > sinalização > produção de enzimas digestivas > 30 minutos > perfuração da pele > tecidos do hospedeiro > vaso sanguíneo > pulmões. Nos pulmões há somente 1 muda, que pode ser nos capilares ou nos alvéolos. A larva L4 (produzida nos pulmões) sobe na árvore brônquica, é deglutida a nível de faringe e chega ao intestino delgado (seu destino). No intestino, completa sua maturidade sexual e, após 40-60 dias, tem-se a produção de ovos que serão eliminados juntos às fezes. O parasito vive de 1 a 5 anos. As diferenças entre as duas espécies são: tempo de vida (Ancylostoma vive menos); tamanho (Necator é menor); consumo de sangue (Ancylostoma é mais voraz); suporte a temperaturas (Necator suporta temperaturas mais altas – mais comum na nossa região); ciclo oral (Ancylostoma tem ciclo oral próprio, não passando pelos pulmões – mas a transmissão pode ser oral ou transcutânea em ambos); passagem pela placenta (Necator); e PPP (maior no Necator). O mesmo ciclo acontece nos cães e nos gatos com os A. brasilienses e A. caninum – nesse caso, as larvas iriam aos seus hospedeiros normais (cães e gatos) – recolher fezes de cães evitaria a contaminação do homem (hospedeiro anormal – larva migrans) com fezes que esteja contaminadas. Nos animais, o parasito pode se encistar no músculo, não causando a doença, mas, também, não morrendo. Se o hospedeiro for macho, não ocorre nada; se for fêmea, durante ciclo, seus hormônios femininos elevados estimulam a larva, que não vai em direção aos pulmões, mas à placenta (órgão também muito oxigenado), e, dessa forma, seus filhotes já nascem infectados. Para esses parasitos, 3 não há fechamento do ciclo no homem, ficando, então, como larva, e descrevendo trajetória inflamatória por onde passa, o que caracteriza a Larva migrans cutânea. A transmissão seria pelas larvas L3 que estão no solo e que, pela via transcutânea (ativa; mais comum na zona rural), completariam seu ciclo, chegando a seus respectivos hospedeiros. Se as larvas forem ingeridas diretamente, haveria a transmissão oral (passiva; comum em zonas urbanas e rurais). Se for o Necator, ao ser ingerido, penetra na mucosa e faz o mesmo ciclo do caso da transmissão transcutânea; se for o Ancylostoma, ao ser ingerido, pode penetrar na mucosa ou ir direto ao intestino, não precisando, assim, ir aos pulmões (necessidade que o Necator possui) – nesse caso, para ir de L3 para L4, iria para as glândulas de Lieberkuhn, onde há também condições adequadas de disponibilização sanguínea. Dessa forma, sintomas respiratórios podem ou não ocorrer – são sempre menores do que em Áscaris, já que, aqui, só há 1 muda (só deixa 1 cutícula) no pulmão – não ocorrendo quando a larva não passar pelos pulmões (Ancylostoma, via oral). Ingerir ovos ou larva L1 ou L2 não acarretadoença. Sintomas: A maior parte das pessoas é assintomática – a “ideia” do parasito é sobreviver, e não causar danos. Os sintomas dependem da carga parasitária (alta carga), de como o parasito penetrou (com ou sem sintomas respiratórios), da espécie (espécies próprias – sintomas intestinais, especialmente anemia; espécies não-próprias – larva migrans, sintomas cutâneos); do estado do hospedeiro (quantidade de ferro) e do período de evolução (sintomas iniciais – pulmonares, desconforto intestinal; sintomas crônicos - anemia). As picadas não geram lesões locais muito perceptíveis, mas a larva pode migrar pela pele, formando trajetos inflamatórios (pessoas mais sensíveis teriam trajetos mais evidentes) – larva migrans. A larva de parasitos de animais (não humanos) não consegue ultrapassar lâmina própria; nesse caso, gera inflamação local. Essas larvas vêm do solo, podendo carrear microorganismos causadores de infecções bacterianas (específicas ou não – defecação, por exemplo) – esses locais de inflamação coçam, com intensidade variando de acordo com sensibilidade do hospedeiro e com local de penetração (local urticariforme ou não). Nesse caso, o diagnóstico é clínico – sintomas aparentes. Ainda, a inflamação pode se estender – edemas, infecções bacterianas, pústulas etc. Se houver passagem pelo pulmão, há manifestações pulmonares – Necator e A. duodenales. Necator e A. duodenales também podem chegar no intestino. Lá, lesionando a mucosa intestinal, causam sintomas como dor, desconforto, náuses, indisposição, elevação dos movimentos peristálticos (tentativa de expulsar parasito) com posterior aumento desses movimentos (devido irritação da mucosa), congestão, diarreia etc. Esses sintomas são mais comuns no início, em que o parasito e o hospedeiro estão adaptando-se entre si. Com o passar do tempo, os sintomas iniciais diminuem e o consumo de sangue permanece. O Ancylostoma é mais voraz, mas o Necator passa mais tempo. Pode-se ter uma perda de 10 a 300 microlitros de sangue por parasito; com o tempo e com a quantidade aumentada de parasitos, podem haver complicações, gerando uma anemia por deficiência de ferro. Sob exame de sangue, constata-se hemácias microcíticas e hipocrômicas. Como a principal proteína das hemácias é a hemoglobina, sob essas características, vê-se que há menos Hb – há, também, menos quantidade de Fe. Se uma pessoa tem 700 Necator (infecção moderada), perde 45ml de sangue por dia. O parasito alimenta-se de um determinado local, mas solta-se desse local e busca outros constantemente; ali onde se alimentou, 4 há resposta inflamatória; na sua saliva, há anticoagulantes, e, portanto, o local permanece sangrando, logo, a perda de sangue é maior do que o que o parasito usa como alimento. Dos 45ml de sangue perdidos devido ao parasito, tem-se 11mg de Fe; como se trata do intestino delgado, há certa reabsorção, com perda real de Fe de 6,6mg/dia. Se a pessoa alimenta-se com 2,6mg de Fe e perde 6,6mg, tem-se, na verdade, perda de 4mg de Fe. No entanto, há, ainda, depósito de Fe (armazenamento de 900mg). Esse depósito, nessa frequência, levaria 225 dias para ser consumido. Por esse motivo, a anemia demora a aparecer, mas, aparecendo, essa anemia é por deficiência de ferro (Fe é desviado para parasito e, assim, está fora do nosso depósito – para não haver esse prejuízo mesmo sob presença do parasito, seria necessário ingerir Fe por si e pelo hospedeiro). Os sinais clássicos da anemia são palidez (sem pigmento da Hb), descoloração das conjuntivas e das mucosas, desânimo e fraqueza (pouca Hb, logo, pouca disponibilização de oxigênio para energia), cefaleia (pouco oxigênio e, logo, pouca energia), falta de ar, palpitações, taquicardia, hipertensão, amenorreia (tentativa de compensação). Diagnóstico: Ancilostomíase: mais difícil fechar diagnóstico clínico – inicialmente, desconforto; posteriormente, anemia. Logo, suspeita clínica com confirmação por visualização do parasito – EPF (10.000-20.000 ovos/dia – fácil diagnóstico; técnica de sedimentação ou de flutuação, sendo essa última mais indicada/direcionada). Nessa técnica (flutuação simples), tem-se custo muito baixo; mistura-se fezes com solução saturada (de Willis, NaCl), desmancham-se fezes e deixa-se em repouso em vidro de ensaio; completa-se, então, com mais solução e coloca-se lâmina tampando vidro. Passado o tempo necessário, retira-se lâmina e, com material que ficou, examina-se (coloca-se corante para favorecer visualização, se necessário). Nessa técnica, o ovo flutua ao invés de afundar, como na sedimentação. Além disso, é importante fazer hemograma, verificando-se a redução da Hb sob diagnóstico positivo, além de eosinofilia. No caso de suspeita de outra manifestação que não somente a parasitose (caso, por exemplo, a anemia seja alta), é interessante solicitar EPF quantitativo, analisando-se se a anemia está proporcional ao alto número de parasitos no hospedeiro (caso o número de parasitos seja baixo e a anemia seja considerável, deve-se suspeitar de outra causa para a anemia) – nessa técnica, as fezes e a água serão pesadas com muita precisão e serão examinadas de modo que a quantidade de fezes colocadas em “caixinha” tenha conteúdo quantificado; posteriormente, feita uma regra de três, tem-se quantidade total de ovos (em exame, lê-se “X ovos/OPG” [ovos por grama de fezes]); para infecção intensa (anemia intensa também), seria necessário mais de 10.000 ovos/grama de fezes. Se o EPF é negativo (poucos ovos, técnica mal feita etc), mas a suspeita da parasitose continua, pode-se solicitar Coprocultura (cultura de fezes – mistura-se fezes com certos materiais e coloca-se em condições propícias ao desenvolvimento, capturando-se, posteriormente, as larvas, e não os ovos – aqui, o resultado é mais demorado, em torno de 6 a 7 dias, sendo essa uma desvantagem). Larva migrans: visualização do trajeto inflamatório – normalmente, o paciente procura depois de semanas relatando que começou pequeno e foi aumentando, podendo citar coceira e consequentes escoriações. Logo, o diagnóstico é clínico. Tratamento: Ancilostomíase: Albendazol 400mg DOU (não precisa considerar peso); Mebendazol em tratamento repetitivo (não funciona como DOU – o parasito não está na luz e o medicamento está, não conseguindo ser tão eficaz para atingir o 5 parasito). Como há também a anemia, é necessário suplementação de Fe (o parasito já consumiu o armazenamento de Fe do hospedeiro) e de proteína. L. migrans: Albendazol (dosagem calculada); Tiabendazol (mais eficaz – penetração tópica, efeito anti-inflamatório – aplicado em área maior do que a lesão, já que não se sabe exatamente onde a larva está) por 10 dias – em caso mais graves, associar a uso oral. Epidemiologia: Ancilostomíase: não é zoonose, já que os parasitos que completam o ciclo no homem só o fazem nele. A infecção vem do solo e, depois do Áscaris, é uma das afecções mais comuns. Sua distribuição não é igual, mas, no Brasil, há grande prevalência. Os locais mais propícios ao desenvolvimento são solos úmidos e ricos em matéria orgânica. Locais muito quentes ou muito frios não propiciam desenvolvimento da larva, que gosta de ambientes tropicais. Atinge mais adolescentes, adultos e crianças não tão novas (a transmissão é mais trânscutânea, sendo mais provável ocorrer com o distanciamento da residência, favorecendo, com isso, o contato com o solo). É mais comum em áreas rurais, especialmente em trabalhadores em contato com o solo. Acarreta deficiência nutricional, já que o parasito se utiliza de seus nutrientes (principal fonte de Fe é a carne, com aproveitamento de cerca de 35%, já que é o Fe da mioglobina – em vegetais, essa absorção é de cerca e 7% por estar ligadoa estruturas dificilmente digeridas pelo homem, como fibras. Ao longo dos anos, a população se deslocou ao ambiente urbano, sendo assim, a quantidade de casos da doença não diminuiu muito significativamente, o que houve, na verdade, foi uma diminuição da população rural total. L. migrans: relacionada a presença de cães e gatos. É cosmopolita, isto é, encontrada em todos os lugares. É encontrado em solos contaminados, como os de praia, parques, caixas de areias etc. A prevalência do homem é inferior à grande quantidade de animais infectados, concluindo-se que nem todos desenvolvem a doença, podendo ser assintomáticos. Os mais expostos são as crianças mais novas (maior contato com solo). Profilaxia: Ancilostomíase: saneamento, educação, higiene, tratamento dos portadores, uso de calçados, suplementação de Fe e proteínas (evita anemia, não parasito). L. migrans: tratamento dos animais (uso de vermicidas), limpar fezes de cães do ambiente, separar espaços de crianças e animais, retirar animais vadios, educação da população. LARVA MIGRANS VISCERAL E OCULAR Considerações iniciais: 6 Dá-se pelo contato com parasitos que não são próprios da nossa espécie pela ingestão via oral – esses podem ser destruídos durante a passagem pelo intestino ou conseguir sobreviver a ela. Nesse último caso, pode fazer migração pelos tecidos, caracterizando a larva migrans. Para caracterizar a larva migrans, o parasito não pode completar o ciclo. Se houver, por exemplo, fechamento do ciclo do Toxocara canis no homem, tem-se a manifestação da toxocaríase; entretanto, normalmente, esse parasito (é o mais comum) gera larva migrans visceral – o Toxocara canis e o T. cati podem acometer cães e gatos; há, ainda, outros parasitos causadores de larva migrans visceral e ocular. O verme é semelhante ao Áscaris, com a diferença de ter expansões laterais na porção anterior, sendo, por isso, classificado em outra família (é considerado “a lombriga do cão”). O ovo também é semelhando ao do Áscaris. Além disso, o parasito é muito grande. Ciclo biológico: Nos animais, há ingestão do ovo > liberação de L3 no intestino > migração de L3 para vias pulmonares > ascendência pelo trato respiratório superior > deglutição > estabelecimento no intestino delgado. No homem (mais comumente em crianças), há ingestão do ovo > eclosão da larva no intestino > perfuração da parede do intestino com migração (sem completar ciclo). Anatomicamente, o órgão mais suscetível seria o fígado (sistema porta), seguido do pulmão. No entanto, a l. migrans visceral pode acontecer em muitos outros locais. Um outro local comum seria os olhos. Transmissão e Sintomatologia: A maior parte das pessoas é assintomática, sendo uma alteração significativa e observável a alteração da quantidade de eosinófilos. Os sintomas poderiam acontecer quando há muitas larvas ou em pessoas mais sensíveis. Quando atinge o olho, chega pela coroide e logo chega a retina, que, por não ter capacidade de renovação, terá danos mais graves que podem levar à cegueira. É conhecido como “germe do cão”. No caso do cão, esse hospedeiro vai adquirindo certa imunidade e, com isso, a larva “desvia” dos pulmões e passa a migrar para certos tecidos. Quando o animal está grávido, pelas alterações hormonais, pode haver transmissão placentária da larva (caso a larva migre para a placenta), com os filhotes nascendo infectados. Ainda, a infecção pode ocorrer pela amamentação (caso a larva migre para as glândulas mamárias). Ratos, coelhos, aves, ruminantes ou porcos podem ter larva migrans; se essa larva migra para os músculos e permanece latente, poderíamos ter uma forma adicional de aquisição de larva migrans visceral, que acometeria o homem por ingestão de carne ou vísceras cruas ou mal cozidas desse animais. Nesse caso, esses animais seriam hospedeiros paratênicos, isto é, não fazem parte do ciclo, mas, como tiveram contato com a larva, servem como transporte da larva para o homem. Diagnóstico: 7 Sorologia – parte do sangue, o soro, isto é, sem células e sem elementos de coagulação. É interessante pesquisar anticorpos no soro que, sendo específicos para o organismo, são úteis ao diagnóstico. Não é interessante ver apenas se é positivo ou negativo (considerar memória imunológica), mas quantificar para ter ideia do que é comum e do que está “exagerado”. Um exame muito usado para sorologia é o Elisa. Nesse, utiliza-se placa onde coloca-se “pedaços” do parasito, que ficam fixos ali; coloca-se, depois, o soro do paciente. Se houver anticorpos no soro, haverá ligação desses com o conteúdo da placa, ou seja, ligação do antígeno com o anticorpo. Para isso ser visualizado, é necessária outra fase, em que se adiciona outro anticorpo, que se ligará ao primeiro já presente. Quando essa ligação existe, é emitida coloração por consequência de reação química em cascata. Quando ocorre essa última ligação, é quebrada a molécula e é esse evento que produz a coloração. Ainda, coloca-se essa placa em equipamento que verifica a intensidade de cor, conferindo a ideia da intensidade da infecção. Essa sorologia é específica, isto é, para ser feita, necessita ser solicitada junto a suspeita clínica. Tratamento: Ivermectina (mais usado), Albendazol (dosagem calculada), entre outros. Prevenção e Epidemiologia: A prevenção e a epidemiologia são os mesmos usados na larva migrans cutânea.
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