Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DIREITO CONSTITUCIONAL II Federalismo: Divisão de poder Século XVIII – Experiência norte-americana Convenção da Filadélfia – Constituição americana de 1787 União das 13 ex-colônias americanas por razões religiosas, políticas e econômicas, formando assim, uma confederação. Posteriormente, na federação, estas 13 colônias abriram mão de suas soberanias, constituindo um poder que abrangesse a todas elas: o Estado Federal. Desta forma, cada colônia passou a ser um estado-membro, dotado de autonomia. Autonomia (poder de ente político) ≠ Soberania (poder independente) • Auto-organização – Elaborar a própria constituição e suas próprias leis; • Autogoverno – Direito de escolher seus governantes (legislativo, executivo e judiciário); • Autoadministração – Gerir sua própria máquina burocrática; Relembrando: A Confederação seria uma outra forma de organização, na qual estados soberanos se unem através de tratado e em razão de um objetivo comum, mas sem que haja perda de soberania. Há a possibilidade de retirada da Confederação, isto é, está assegurado o direito de secessão. Principais características da Federação Brasileira: • Sobreposição de ordens políticas - mais de uma ordem jurídica incidindo sobre o indivíduo. • Descentralização política e administrativa; • Pacto federativo (manifestação livre e eficiente da vontade dos representantes de cada estado federado, criando uma união de todos eles) >> Decisão constituinte criadora; • Repartição de competências entre o Estado Federal e os estados federados; • Indissolubilidade; • Divisão de arrecadação; • Base jurídica: Constituição; • Intervenção Federal, em casos estabelecidos na Constituição; • Poder legislativo bicameral; • Senado (representação das unidades federativas); • Poder político compartilhado; • Poder jurídico federal, como Corte Suprema, para interpretar e proteger a Constituição; Federalismo Centrípeto – Tendência de fortalecimento do poder central da União Federal; Federalismo Centrífugo – Tendência de fortalecimento dos estados integrantes; Federalismo de Cooperação – Quando há equilíbrio entre estas duas forças. Ex.: O Brasil é exemplo de federalismo centrífugo. Inovação do federalismo brasileiro >> O art. 18 da CF apresenta o município como ente federativo, ao lado da União, dos Estados e do Distrito Federal. Algumas questões que impossibilitam o município de exercer a autonomia política plena própria de um “ente federativo”: • Inviabilidade econômica – falta de gestão financeira; • Falta de capacidade de poupança; • Falta de infraestrutura (saúde pública, saneamento básico e etc); • Falta de know how tecnológico e administrativo; • Não tem representação no Senado; • Não tem Poder Judiciário; • Suas contas são fiscalizadas pelo tribunal de contas dos estados; 2 Os Entes Federativos União – É fruto da junção dos Estados. É a união indissolúvel destes. É quem age em nome da federação. Possui dupla personalidade, ou seja, ora se manifesta como parte (assumindo papel internamente) , ora se manifesta como o todo (assumindo papel internacionalmente). Internamente – Pessoa jurídica de direito público interno, detentora de suas próprias competências; Internacionalmente – Representante da República Federativa do Brasil. Estados Federados (Art. 25 a 28) – Pessoa jurídica de direito público interno. Dotadas de poder legislativo autônomo. Possuem a tríplice capacidade já citada (auto-organização, autogoverno, autoadministração). Requisitos para a formação, incorporação e subdivisão de novos Estados (Art. 18, δ3˚, CF) • Plebiscito – Consulta prévia à população diretamente interessada; • Audiência das Assembleias Legislativas – De acordo com o Art.48,VI, a Casa perante a qual for proposto o projeto de lei deve ouvir as Assembleias Legislativas dos Estados diretamente envolvidos. • Aprovação final pelo Congresso Nacional – Reserva de Lei Complementar. Municípios (Art. 29 a 31) – Pessoa jurídica de direito público interno, regida por lei orgânica. Também possui a tríplice capacidade: Auto-organização e autolegislação – Elaboração da lei orgânica, que deve ser aprovada pela Câmara Municipal, e criação de leis municipais. Autogoverno – Capacidade de escolha do poder executivo e legislativo pelos eleitores. Autoadministração – Exercício de suas competências previstas na CF. Requisitos para a formação, incorporação e subdivisão de novos Municípios (Art. 18, δ4˚, CF) • Lei Estadual e Lei complementar federal; • Consulta à população dos municípios envolvidos; • Divulgação prévia do estudo de viabilidade municipal. Distrito Federal (Art. 32) – Criado para abrigar a sede da União. É vedada sua divisão em municípios. Regida por lei orgânica. Não se confunde com os Estados-membros nem com os municípios. É um ente autônomo e especial que possui suas competências próprias. Possui a tríplice capacidade: Auto-organização e autolegislação – Elaboração da lei orgânica e das leis distritais Autogoverno – Poder de escolha do Governador, vice e deputados distritais pelos eleitores. *Não tem prefeito!! Autoadministração - Exercício de suas competências previstas na CF. O Poder judiciário atua em seu território, mas é organizado e mantido pela União. Brasília está dentro do DF, sendo a capital federal e sede do DF. Mas não é um município. OBS.: Os Territórios Federais (Art. 32) não são entes federativos. Apesar de possuírem personalidade, não são dotados de autonomia política. Trata-se de mera descentralização administrativo-territorial da União. Eles são autarquias e integram a União. Sua organização e administração estarão especificadas em lei federal. 3 Ao contrário do DF, podem ser divididos em municípios. A CF de 1988 aboliu completamente todos os territórios existentes. Repartição de Competências Técnica utilizada pelo constituinte para distribuir entre os entes federados as diferentes atividades do Estado Federal. Não é cláusula pétrea, isto quer dizer que poderia haver uma emenda constitucional que modificasse esta repartição de competências. Mas jamais poderia ocorrer o esvaziamento, ou seja, a abolição do Estado Federado. Modelos de Repartição • Clássico - Enumera somente as competências da União, deixando as demais, não enumeradas na Constituição, aos estados-membros. Podemos denominar de competência remanescente ou competência residual. Ex.: Federação norte-americana. • Moderno - As competências da União e as competências dos estados-membros estão enumeradas na Constituição. • Horizontal - Não existe subordinação entre os entes federados no exercício da competência. Isto é, todos os entes federativos possuem autonomia para exercer suas competências que lhes são atribuídas pela Constituição. • Vertical - Existe uma subordinação entre os entes federativos quanto às matérias situadas em seu campo de atuação. OBS.: No Brasil, prevalecem os modelos moderno, horizontal e vertical. Princípio da Preponderância de Interesses - Leva em consideração a lógica de atribuir a solução dos problemas aos entes que são por eles mais afetados: Geral >>> União Regional >>> Estados e DF Local >>> Municípios e DF Competências Exclusivas – São competências administrativas da União. (Art. 21 CF) ✓ Declarar a guerra e celebrar a paz; ✓ Assegurar a defesa nacional; ✓ Decretar estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal; ✓ Emitir moeda; ✓ Conceder anistia... Competências Privativas – São competências da União, mas que podem ser delegadas se houver autorização legal. (Art. 22 CF) ✓ Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, do trabalho e etc.. ✓ Desapropriação; ✓ Águas, energia, informática,telecomunicações e radiodifusão; ✓ Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; ✓ Diretrizes e bases da educação... Para que a delegação seja constitucional, deve respeitar alguns requisitos: • Reserva de lei complementar; • Autorização para todos os Estados e DF (princípio da isonomia); *A competência privativa não alcança os municípios. • Legislar somente sobre questões específicas; 4 Competências Comuns – Cabem a todos os entes federativos. (Art. 23 CF) ✓ Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; ✓ Proporcionar os meios de acesso à educação, à cultura e à ciência; ✓ Preservar as florestas, as faunas e a flora; ✓ Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos... Competências Concorrentes – Competência compartilhada, ou seja, os entes federativos podem legislar simultaneamente sobre as matérias ali elencadas. (Art.24 CF) ✓ Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; ✓ Orçamento; ✓ Juntas comerciais; ✓ Produção e consumo; ✓ Previdência social, proteção e defesa da saúde; ✓ Assistência jurídica e defensoria pública... Regras para que não haja “confusão” no compartilhamento desta competência: • A união deve estabelecer as normas gerais. Normas abertas que vinculam princípios e servem de orientação aos demais entes federativos. (δ1˚, Art. 24, CF) • Os Estados e o DF exercerão a competência suplementar complementar, ou seja, estabelecerão normas relativas a interesses regionais. Tais normas acoplam-se às normas federais, deixando- as completas. (δ2˚, Art. 24, CF) • Em caso de omissão da União, isto é, caso não haja lei federal sobre norma geral, os Estados e o DF exercerão a competência legislativa plena, denominada, competência suplementar supletiva. • E se a União resolve legislar depois? A superveniência das normas federais gerais elaboradas pela União não revoga as normas estaduais, mas suspende a eficácia delas, apenas no que forem contrárias. A competência concorrente Suplementar pode ser: • Complementar: Quando já existe norma geral produzida pela União. • Supletiva: Quando não existe norma geral da União e os Estados/DF exercem competência legislativa plena. Competência Residual ou Remanescente – São competências exclusivas, administrativas dos Estados- membros. São todos os assuntos que não são de competência exclusiva ou privativa da União nem do município. É o que remanesce. (Art. 25 CF) Competências Locais – É atribuição dos municípios legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e estadual no que couber. (Art. 30, I e II, CF) OBS.: O município só atua à luz da legislação, ou seja, não pode suplementar legislação federal ou estadual se não houver previsão em lei. Ao Distrito Federal, se estendem as competências dos Estados e do Município. (Art. 32, δ1˚) 5 Resumo das Competências Legislativas Exclusiva União Art. 21, CF Privativa União Art. 22, δ único, CF Delegada Estados e DF Art. 22, δ único, CF Comum Estados, DF e Municípios Art. 23, CF Concorrente Suplementar (Complementar ou Supletiva) Estados, DF Art. 24, δ 1˚ a 4˚, CF Competência Remanescente ou Residual Estados, DF Art. 25, δ 1˚ , CF Exclusiva (Local) Municípios e DF Art. 30, I , CF Suplementar (Local) Municípios e DF Art. 30, II, CF Intervenção Federal – Art. 34 da CF Medida excepcional e coercitiva. Dispositivo de exceção. Última ratio para manter a integridade nacional e a ordem jurídica constitucional. Interpretação totalmente restrita ao rol taxativo disposto na Constituição. Nos períodos de ditadura (Era Vargas e Ditadura Militar), este recurso foi usado com mais frequência, mas de forma distorcida da motivação constitucional. A intervenção era utilizada como meio de centralização do poder e não como elemento de preservação da Federação. Conceito: Afastamento temporário da autonomia de um ente federal que tem por objetivo a preservação da própria federação, a partir da ingerência de uma entidade em assuntos próprios de outra, de forma a buscar o equilíbrio e resgatar a normalidade institucional. Regra Geral União >>> Estados Estados >>> Município União >>> Municípios (situados em território federal) • Intervenção Espontânea – Discricionariedade, juízo de oportunidade e conveniência do Presidente da República, ato exclusivo de sua vontade. • Intervenção Provocada – Ocorrerá nos casos previstos na CF, Art. 34: IV – Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da federação; VI – Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII – Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais, chamados de Princípios Sensíveis: forma republicana, sistema representativo e regime democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública; aplicação do mínimo exigido da receita, resultante de impostos, na área de saúde e educação. A intervenção provocada poder ser por meio de: ➢ Solicitação – Em que o Presidente não estará obrigado a decretar a intervenção; ➢ Requisição – O Presidente não dispõe de discricionariedade, ou seja, é obrigado a decretar a intervenção; Decreto Interventivo – O Presidente expedirá um decreto que, uma vez publicado, terá eficácia imediata. Este decreto deverá especificar: • Amplitude: Quais estados-membros serão atingidos; • Prazo: Tempo de duração da intervenção; • Condições de execução; 6 Controle Político – O decreto presidencial interventivo deverá ser submetido à aprovação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas. A aprovação é efetivada mediante a expedição de um decreto legislativo. Caso a aprovação não ocorra, a intervenção será considerada ato inconstitucional e deverá cessar imediatamente. Deve o presidente, segundo os art. 90, I e 91 §1º da CRFB/88 ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional para decretação. OBS.: Diferentemente das características do estado de sítio e de defesa, na intervenção federal, não pode haver a flexibilização dos direitos fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias constitucionais. O Estado Democrático de Direito deve ser mantido em sua inteireza, ocorrendo apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção. Estado de Exceção – Defesa do Estado Restringe-se o Estado de Direito para se restaurar o próprio Estado de Direito. • Princípio da Necessidade – Suas motivações devem preencher as condições fáticas estabelecidas na Constituição; • Princípio da Temporariedade – Seus institutos devem obedecer a limites temporais; • Princípio da Proporcionalidade – Suas medidas devem ser adequadas aos fatos que buscam combater; Segundo Facciolli: “A defesa do Estado é defesa do território contra invasão estrangeira (art. 34,II e 137,II), é defesa da soberania nacional (art. 91), é defesa da Pátria (art. 142), não mais a defesa deste ou daquele regime político ou de uma particular ideologia ou de grupo detentor de poder.” Estado de Direito > Estado de legalidade ordinária > Situação de Crise > Estado de legalidade extraordinária > Estado de Exceção > Restabelecimento da normalidade constitucional. A decretação é feita pelo Presidente da República, que deve *compartilhar* a decisão com o Conselho da República e com o Conselho de Defesa Nacional. *Não vincula o ato presidencial. Estado de Defesa – Art. 136 CF: • Existência de grave e iminente instabilidade institucional que ameace a ordempública ou a paz social; • Manifestação de calamidade de grandes proporções na natureza que atinja a mesma ordem pública ou a paz social; Decretação: Presidente da República + convocação da aprovação do Congresso Nacional no prazo máximo de 24h; Prazo: Máximo de 30 dias, podendo ser prorrogado apenas por mais 30 dias; Abrangência: Locais restritos e determinados; Efeitos: Restrição dos direitos de: ➢ Reunião; ➢ Sigilo de correspondência; ➢ Sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; ➢ Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, respondendo a União pelos danos e custos recorrentes; Prisão: O executor da medida será nomeado pelo Presidente; ➢ Por crimes contra o Estado (previstos na Lei de Segurança Nacional n˚7.170/83), que deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente; ➢ Por outros crimes, não podendo ser superior a 10 dias, salvo quando autorizado pelo Judiciário. 7 OBS.: Se, mesmo após prorrogação, a situação excepcional persistir, temos uma hipótese de decretação do estado de sítio. Estado de Sítio – Art. 137 a 139 CF: • Comoção de grave repercussão nacional; • Ocorrências de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante Estado de Defesa; • Declaração de estado de guerra; • Resposta à agressão armada estrangeira; Decretação: Solicitação prévia ao Congresso Nacional + decreto presidencial; Prazo: Máximo de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias, mais de uma vez, se necessário; OBS.: No caso de guerra declarada, o prazo será o mesmo da duração da guerra; Abrangência: Locais restritos e determinados; Efeitos: Nos casos previstos no Art. 137, I: ➢ Obrigação de permanência em localidade determinada; ➢ Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; ➢ Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; ➢ Suspensão da liberdade de reunião; ➢ Busca e apreensão em domicílio; ➢ Intervenção nas empresas de serviços públicos; ➢ Requisição de bens. OBS.: Em caso de guerra ou agressão estrangeira, não há limites constitucionais das medidas a serem adotadas. Forças Armadas e Segurança Pública Forças Armadas – Art. 142 CF: Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira. Direção: Ministério da Defesa. >>Defesa da Pátria Objetivos: • Defesa da integridade territorial; • Defesa dos interesses da nação; • Defesa dos recursos naturais, industriais e tecnológicos; • Proteção dos cidadãos e dos bens do país; • Garantir a soberania da nação; OBS.: Como medida excepcional, pode atuar na garantia da lei e da ordem. Algumas questões importantes: ➢ Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares; OBS.: Nada impede que o Poder Judiciário examine os pressupostos de legalidade da punição, cabendo neste caso, a interposição do HC, mas não para análise de mérito. ➢ O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei; ➢ Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; ➢ O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partido político; Obrigação Militar – Art. 143 CF: O Serviço Militar é obrigatório nos termos da lei, reconhecida a escusa de consciência, desde que cumprida a prestação alternativa. Art. 5˚, VIII – “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.” 8 Escusa de consciência - Forma máxima de respeito à intimidade e à consciência do indivíduo. O Estado abre mão do princípio de que a maioria democrática impõe as normas para todos, em troca de não sacrificar a integridade íntima do indivíduo. Recusa ao cumprimento da prestação alternativa >> Perda ou Suspensão de direitos políticos Segurança Pública – Art. 144 CF: Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícias Civis; Polícias Militares e Corpos de Bombeiros. “É dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.” Objetivo: Preservar a ordem pública, a integridade física e psíquica das pessoas e seus patrimônios. Modelo brasileiro: • Simetria - impossibilidade da criação, pelos estados-membros, de órgão de segurança pública diverso daqueles previstos no art. 144, CF. • Pluralidade de órgão – Divisão de atribuições e tarefas. Polícia Federal – ➢ Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; ➢ Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho de bens e valores, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; ➢ Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; ➢ Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União; ➢ Coibir a turbação e o esbulho possessório dos bens e dos prédios da União e das entidades integrantes da administração pública federal, sem prejuízo da manutenção da ordem pública pelas Polícias Militares dos Estados; ➢ Acompanhar e instaurar inquéritos relacionados aos conflitos agrários ou fundiários e os deles decorrentes, quando se tratar de crime de competência federal, bem assim prevenir e reprimir esses crimes. Polícia Rodoviária Federal – Patrulhamento ostensivo das rodovias federais; Atividades típicas de polícia administrativa com a finalidade de garantir obediência às normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes. Estão subordinadas ao Presidente da República e ao ministro da justiça, nomeado por ele. Polícia Ferroviária Federal - Patrulhamento ostensivo das ferrovias federais; Polícia Civil – Exerce função de polícia judiciária sem invadir as competências da polícia federal. Cuida da apuração de ilícitos penais, através do inquérito policial. Avaliam a materialidade e autoria dos crimes, a fim de munir o órgão acusatório (Ministério Público) de elementos necessários para o oferecimento da denúncia ao Judiciário. Também exerce a função de polícia administrativa, prevalecendo o caráter preventivo, com a função de evitar que atos lesivos aos bens individuais e coletivos se concretizem. OBS.: Conforme consta no Art. 144, δ4˚, a polícia civil não tem responsabilidade na apuração de crimes militares. 9 Polícia Administrativa X Polícia Judiciária - A primeira se predispõe unicamente a impedir ou paralisar atividades antissociais enquanto a segunda se preordena à responsabilização dos violadores da ordem jurídica. Polícia Militar - Atuam de forma ostensiva, sendo responsável pela preservação da ordem pública. Situa-se na esfera estadual. Tem natureza de polícia administrativa. E aos Corpos de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. Estão subordinados aos governadores dos estados. OBS.: Não há hierarquia entre polícia civil e militar, mas sim distintas atribuições com administração e autoridades diferentes. Separação de Poderes Princípio da Separação de poderes >> Um dos pilares do Estado de Direito >> Cláusula pétrea. Art. 2˚ e 60, δ4˚, III, CF. “ Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou mesmo corpo de principais, ou dos nobres ou do povo, exercesse essestrês poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Para formar um governo moderado, é necessário combinar os poderes, regulá-los, temperá-los, fazê-los agir; dar, por assim dizer, um lastro a um para colocá-lo em condições de resistir a um outro; é uma obra de arte de legislação, que o acaso raramente ocasiona e que raramente deixamos nas mãos da prudência. Um governo despótico, pelo contrário, salta, por assim dizer, aos olhos; ele é totalmente uniforme”. (MONTESQUIEU, O Espírito das Leis) O que significa a tripartição de poderes? Separação orgânica e funcional, isto é, estruturas separadas do Estado, que desempenham funções, tarefas, papéis distintos que se relacionam com a própria razão de ser do Estado. Essas funções são a legislativa, a executiva e a judicial. Devem ter independência mútua e devem estar em idêntico pé de igualdade, prevalecendo a harmonia entre elas. Cabe ressaltar que nem a divisão, nem a independência dos poderes são absolutas. Há interferências que visam a um estabelecimento de freios e contrapesos, na busca do equilíbrio necessário à realização do bem da coletividade. Poder Legislativo – Art. 44 a 75, CF Responsável pela elaboração das leis, fiscalização política do executivo e fiscalização orçamentária de todos os entes que lidam com verbas públicas, através do auxílio do Tribunal de Contas da União. Exercido pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal), sistema bicameral. • Competência Legislativa – sujeito à veto e sanção do Presidente; • Fiscalização e controle da administração pública direta e indireta; • Autorização e julgamento dos crimes de responsabilidade do Presidente e autoridades federais; • Exercício do poder constituinte derivado – aprovação de emendas constitucionais; • Competência deliberativa (exclusiva e privativa) não sujeita à sanção ou veto do Presidente (art. 49, 51 e 52, CF) Câmara dos Deputados – Art. 45, CF Representantes do povo – sistema proporcional. 10 O n° de deputados representantes de cada estado e DF foi definido pela Lei Complementar n°78 de 30/12/93, podendo ser ajustado para que nenhuma unidade da federação tenha menos de 8 ou mais de 70 deputados. Os territórios, se houver, terão n° fixo de 4 deputados. Mandato de cada deputado é de 4 (quatro) anos. Principais atribuições: • Autorizar instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; • Fiscalizar a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas no prazo constitucional; • Elaborar Regimento Interno; • Dispor sobre organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços; • Iniciativa de lei para a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias; • Eleger membros do Conselho da República. Senado Federal – Art. 52, CF Representantes dos Estados e do Distrito Federal – sistema majoritário. Terão o n° fixo de 3 (três) senadores. Mandato de cada senador é de 8 (oito) anos, sendo que a representação é renovada a cada 4 (quatro) anos. Na primeira eleição, renovam-se 2 (dois) senadores. Na segunda eleição, renova-se 1 (um). Cada senador será eleito com 2 (dois) suplentes. Principais atribuições: • Processar e julgar o Presidente da República e o vice nos crimes de responsabilidade; • Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; • Aprovar a escolha de alguns magistrados, Ministros do Tribunal de Contas da União, Procurador-Geral da República; • Estabelecer limites globais para a dívida dos Estados, Distrito Federal e Municípios; • Elaborar seu Regimento Interno; • Dispor sobre sua organização e seus servidores; • Eleger membros do Conselho da República. Estruturação dos órgãos legislativos Cada órgão é composto por mesas, comissões, serviços administrativos e guardas legislativas. As mesas são órgãos diretivos das atividades legislativas. Sua composição deve ser proporcional à representação dos partidos e blocos parlamentares. >> O presidente do Senado Federal presidirá a mesa do Congresso Nacional. (Art. 57, parágrafo 5°) As comissões terão formação e competências específicas, sendo permanentes ou temporárias. >> As comissões permanentes terão a mesma formação durante a legislatura e tratarão de assuntos predeterminados. Já as comissões temporárias serão constituídas por prazo determinado, para tratarem de matérias específicas. 11 Atribuições: • Votar matérias que dispensem a apreciação do plenário; • Convocar Ministros de Estado para prestarem informações (Art. 50, CF/88); • Receber reclamações de entidades públicas; • Solicitar depoimentos e apreciar planos e programas nacionais ou regionais. Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI (Art. 58, parágrafo 3°) Investigar e fiscalizar eventuais desmandos no aparelho estatal, atuando no controle da administração pública e na defesa dos interesses da coletividade. A CPI possui poder de investigação próprio das autoridades judiciais, com amplitude limitada. Remetendo-se sempre ao poder público. Nunca a particulares. Requisitos: • Requerimento de um terço dos membros componentes da respectiva casa legislativa que vai investigar (requisito formal); • Fato determinado (requisito substancial); • Prazo certo para seu funcionamento (requisito temporal); • As conclusões deverão ser encaminhadas ao Ministério Público (se for o caso), para que este promova a responsabilização civil e criminal dos infratores. Detalhes importantes: ✓ A grande vantagem de uma CPI é o peso do Congresso Nacional na tratativa do caso investigado. ✓ A desvantagem é a politização da investigação. ✓ Uma CPI tem fácil acesso à mídia; ✓ O MP não está vinculado ao resultado da CPI; ✓ O resultado da CPI influencia no plano político, mas não determina o rumo do caso no plano jurídico. ✓ É possível a prorrogação do prazo definido pela CPI desde que respeitado o termo final da legislatura em que foi criada a comissão. ✓ Os juízes não podem ser convocados para prestarem esclarecimentos sobre decisões tomadas, pois isso violaria frontalmente a separação dos poderes. ✓ A CPI não pode determinar a busca e apreensão de pessoas e coisas, nem a disponibilidade de bens do investigado, pois tais assuntos que dependem de ordem judicial. ✓ A pessoa convocada para depoimento à CPI não pode escusar-se de comparecer, pois este dever surge naturalmente do poder investigativo conferido à natureza da comissão. Todavia, o direito de ficar calado pode ser utilizado como mecanismo de defesa, evitando a autoincriminação. Estatuto dos Congressistas – Art. 53 a 56, CF Imunidades – Garantias constitucionais que objetivam protegê-los em suas funções. • Material - Art. 53, caput: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Somente no exercício de sua função. Esta prerrogativa se projeta no tempo, ou seja, o deputado ou senador não responderá após a perda do mandato. • Formal – Art. 53, parágrafo 1°: Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 12 Foro privilegiado Última posição do STF: Fica o processo com foro privilegiado no Supremo somente enquanto o congressista estiver no exercício da função. Se perder o mandato,o processo retorna para as vias originais. • Processual - Quanto à prisão, desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Quanto ao processo, recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá sustar o andamento da ação, até a decisão final. O pedido será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias. A sustação suspende a prescrição. Porém, quando o congressista perde o mandato, o processo retorna. OBS: Se o congressista comete crime anterior à diplomação, passa a ter foro privilegiado, ou seja, o processo “sobe”. Todavia, não está sujeito à sustação. • Não podem ser chamados para testemunhar e não são obrigados a revelar sua fonte de informações. • Só podem ser convocados pelas Forças Armadas com prévia licença da respectiva Casa. • As imunidades resistem ao estado de sítio e só podem ser suspensas mediante voto de 2/3 da Casa. Restrições (Art. 54, CF) - São regras que impedem os congressistas de exercer certas ocupações ou praticar certos atos cumulativamente com seu mandato. • Desde a expedição do diploma: Manter contrato ou exercer cargo, função ou emprego remunerado em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público. • Desde a posse: Ser proprietário, diretor, ocupar cargo, função ou patrocinar causa relativa às empresas anteriormente citadas, ser titular de mais de um cargo público eletivo. Perda do mandato (Art. 55, CF) - Infração das proibições descritas no art. 54; Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. >> Resumindo: Tráfico de influências (favorecimento em detrimento da função); Poder Legislativo Estadual, Municipal e Distrital Cabe ressaltar que aos deputados estaduais e distritais aplicam-se as mesmas regras sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, entre outros disciplinados pela CF. 13 Neste caso, o foro privilegiado fica a cargo do Tribunal de Justiça. A imunidade formal condiciona a prisão e a instauração de processo-crime à prévia licença da Assembleia Legislativa que terá 40 dias para apreciar o pedido de licença. A recusa da licença não impede que o deputado seja processado após seu mandato. Todavia, há uma diferença, o prazo prescricional não fica suspenso. O número de deputados estaduais é proporcional à população do Estado ao número de seus deputados federais. No plano municipal, o Poder Legislativo exercido nas Câmaras dos Vereadores é exercido por eleitos pelo povo pelo sistema proporcional, com mandato de 4 (quatro) anos. Os municípios são regidos por Lei Orgânica, aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal. Quanto às imunidades dos vereadores, cabe informar que eles não cometem crime por opinião, palavra ou voto, desde que motivados pelo desempenho do mandato (prática in officio) ou externadas em razão deste (prática propter officium) e desde que nos estritos limites da circunscrição municipal. Ou seja, são asseguradas as imunidades materiais. Por fim, cabe ressaltar que eles não têm imunidades formais. Poder Executivo – Art. 76 a 91 , CF Função de governar, administrar, gerir a coisa pública, em prol do interesse da sociedade. Nível Federal >> Presidente da República + Ministros de Estado Nível Estadual e Distrital >> Governadores + Secretários Nível Municipal >> Prefeitos + Secretários Presidente da República e Vice-Presidente – Figuras centrais do poder executivo da União. • Brasileiro Nato; • Idade mínima de 35 anos; • Pleno exercício dos direitos políticos; • Filiação partidária; Eleição – Conjunta e simultânea; Sistema eleitoral majoritário (maioria absoluta dos votos). Havendo desistência, morte ou impedimento legal antes do segundo turno, será convocado, dentre os remanescentes o segundo de maior votação. Havendo empate, prevalecerá a escolha do mais idoso. Mandato – Quatro anos, a partir de 1˚ de janeiro do ano seguinte. Posse – Sessão do Congresso Nacional. Se passados 10 dias da data da posse, o presidente ou vice ainda não tiverem assumido o cargo, salvo motivo de força maior, este será declarado vago. Reeleição – Por apenas mais um mandato de quatro anos. O Vice substituirá o presidente no caso de impedimento ou vacância. Ordem sucessória: Presidente >> Vice >> Presidente da Câmara dos Deputados >> Presidente do Senado >> Presidente do Supremo Tribunal Federal. Vacância presidencial: Ocorrendo dupla vacância, será feita nova eleição após 90 dias de aberta a última vaga. Se a vacância ocorrer nos últimos 2 anos de mandato, será feita nova eleição, pelo Congresso Nacional, após 30 dias de aberta a última vaga. >> Exceção ao voto direto! 14 O Presidente e o vice não podem se ausentar do país por mais de 15 dias sem autorização do Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo. Competências do Presidente da República – Art. 84 CF: • Sancionar, promulgar e publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; • Vetar projeto de lei, total ou parcialmente; • Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; • Celebrar tratados, convenções e atos internacionais; • Decretar o estado de defesa e estado de sítio; • Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os comandantes e etc; • Declarar guerra no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional; • Decretar e executar intervenção federal; • E Etc. Garantias Constitucionais Imunidade Material Relativa – Art. 86, δ4˚: • Durante o curso do mandato, o presidente só poderá ser punido por atos praticados no exercício de sua função. Por atos estranhos, não poderá ser responsabilizado. Entende-se por “atos estranhos” – aqueles cometidos antes do início do mandato ou durante a vigência do mandato, mas sem relação com as funções presidenciais. Neste caso, a prescrição ficará suspensa e, findo o exercício do cargo, poderá ser proposta ação penal. OBS.: É chamada de imunidade material “relativa”, pois se aplica somente à responsabilidade criminal, ou seja, não se aplica às responsabilidades civil, fiscal, político-administrativa. Imunidade Formal – Quanto à prisão – Art. 86, δ3˚: • O presidente só poderá ser preso após trânsito em julgado da sentença condenatória. Não poderá sofrer prisão em flagrante ou cautelar enquanto estiver nessa função. Prerrogativa de Foro Privilegiado– Art. 86, caput: • STF - Órgão jurisdicional ao qual é atribuída a competência para processar e julgar o Presidente da República, somente nas infrações penais comuns. • Senado Federal - Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade. (Art. 52, I, CF) • Depende de licença da Câmara dos Deputados o recebimento da denúncia e instauração do processo de impeachment (Art. 51, I, CF) - Através do voto de dois terços de seus membros. OBS.: expressão “crime comum”, conforme posicionamento do Supremo Tribunal Federal, também abrange todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando até mesmo os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais.>> Regras na Lei nº 8.038/90 e nos Arts. 230 a 246 do Regimento Interno do STF. Se o crime praticado não tiver relação com o exercício das funções presidenciais, o Presidente da República só poderá ser por ele responsabilizado após o término do seu mandato, perante a Justiça Comum. Princípio da Responsabilidade – O constituinte estabeleceu limites à atuação presidencial, quando esta extrapole os limites da licitude jurídica. 15 Crimes de Responsabilidade - Infrações político-administrativas praticadas no desempenho da função presidencial, desde que definidas por lei federal. São crimes que atentam contra a Constituição, contra a existência da União, livre exercício dos Poderes, segurança interna do país, probidade administrativa, lei orçamentária, exercício dos direitos políticos, individuais e sociais, cumprimento das leis e decisões judiciais. >> Lei nº 10.079/50 – Crimes de responsabilidade de Processo de Impeachment A consequência da instauração do processo pelo Senado é a suspensão das funções presidenciais (86, §§1º e 2º, CF) e se, no prazo de 180 dias, o impeachment não tiver sido julgado, o Presidente retornará ao exercício de suas funções, sem prejuízo do regular andamento do processo. O julgamento pela condenação será proferido pelos votos de dois terços (2/3) dos membros do Senado Federal, em votação nominal aberta. Se não for alcançado o quórum, o julgamento será pela absolvição e o Presidente retornará às suas funções. O presidente do STF não vota nem julga, mas lhe cabe somente exercer a presidência do processo de impeachment do Chefe de Estado. O término do mandato do presidente por ato voluntário (renúncia) ou pelo decurso do tempo não implica paralisação do processo de impeachment. O Poder Judiciário não dispõe de competência para alterar a decisão proferida pelo Senado Federal. Penas aplicadas: perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos. Ministros de Estado - Auxiliam o Presidente da República e devem ser escolhidos entre brasileiros, maiores de 21 anos e no pleno exercício dos direitos políticos. (Art. 87, §único, 3º, VII, único – CF) Atribuições: • Exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; • Expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; • Apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; • Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. OBS.: Os Ministros de Estado estão igualmente sujeitos à prática de crimes de responsabilidade. Poder Executivo nas esferas Estadual e Municipal Governador e Vice Requisitos: nacionalidade brasileira; pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária, idade mínima de 30 anos (idem para cargo de vice). Em concordância com o Princípio da Simetria, são asseguradas garantias constitucionais ao governador: >> Foro privilegiado - Superior Tribunal de Justiça; >> Licença para o processamento >> Assembleia legislativa do estado; 16 Prefeito e Vice Requisitos: São os mesmos exigidos para os demais cargos do executivo, exceto limite etário que é de 21 anos, no mínimo. Também de acordo com o Princípio da Simetria, há garantias ao prefeito. A saber: >> Tribunal de Justiça (crimes de competência de justiça comum estadual); >> Tribunal de 2º grau (demais crimes); >> Tribunal Regional Federal (desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal); >> Justiça Estadual (desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal); >> Tribunal Regional Eleitoral (crimes eleitorais); >> Câmara dos Vereadores (crimes de responsabilidade “próprios”); Processo Legislativo - Conjunto de atos que têm como finalidade a elaboração das leis. (Art. 59 a 69, CF) 1. Emendas Constitucionais - São os instrumentos capazes de alterar a Constituição Federal, devendo atender a limitações expressas na própria Constituição. (art. 60, CF) 2. Leis Complementares - Objetivam complementar a eficácia de normas constitucionais de eficácia limitada e elas só existirão quando a Constituição expressamente disser que determinado assunto será tratado por lei complementar. (Art. 61, 66 e 69, CF) 3. Leis Ordinárias - São as leis comuns, ou seja, são realizadas pelo processo legislativo comum, são a regra; (Art. 61 e 66, CF) • Leis Delegadas - São leis realizadas pelo Presidente da República em função de autorização expressa do Poder Legislativo. (Art. 68, CF) • Medidas Provisórias - São a possibilidade de o Poder Executivo legislar quando há relevância e urgência para a elaboração da lei. (Art. 62 e 25 §2°, CF) • Decretos Legislativos - É legislação de competência exclusiva do Congresso Nacional. (Art. 49, CF) • Resoluções - Ato normativo do Congresso Nacional, do Senado e da Câmara dos Deputados que objetiva regulamentar atos de suas competências privativas. Importante ressaltar que o processo legislativo das resoluções encontra-se no regimento das Casas e do Congresso Nacional. Processo Legislativo Ordinário Fases do Processo Legislativo: 1° Fase – Iniciativa – Definir de quem é a competência para propor um projeto de lei de forma válida, de acordo com as possibilidades estabelecidas pela Constituição; >> Fase da Legitimidade; ➢ Geral/ Concorrente/ Comum – Quando vários entes tem legitimidade para propor um PL; Ex.: Art. 61, caput, CF. ➢ Privativa/ Reservada - Algumas matérias só podem ser abordadas por determinado ente; Ex.: Art. 61, §1°, CF. ➢ Vinculada – Quando há prazo estipulado para apresentação do projeto de lei; Ex.: Art. 165, §3°, CF. ➢ Conjunta – Quando a apresentação do projeto de lei depende de concordância de mais de uma pessoa ou ente. ➢ Iniciativa Popular – Somente pode ser apresentado PL à Câmara dos Deputados se houver, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuídos por 5 estados, com pelo menos 3/10% dos eleitores de cada um deles. OBS.: Muito se discute sobre a possibilidade de iniciativa popular para emendas constitucionais, uma vez que o art. 60 é taxativo e não confere esta legitimidade ao povo. Todavia, há doutrinadores que 17 defendem tal possibilidade fundamentada pelo princípio democrático e a soberania popular (art. 1° da CF). Vício de Iniciativa é quando um projeto de lei é proposto por ente que não tem competência para sua elaboração. >> Inconstitucionalidade formal da lei. 2°Fase – Constitutiva - Discussão e votação pelas duas Casas do Congresso Nacional e pela sanção ou veto do chefe do poder executivo; >> Fase de Deliberação parlamentar e executiva; ➢ Deliberação Parlamentar: O projeto de lei é apreciado nas duas casas do Congresso Nacional que funcionam como Casa Iniciadora e Revisora, separadamente, e em um turno de discussão e votação (no plenário), necessitando de maioria relativa (maioria entre os votantes presentes) em cada uma delas para a aprovação do projeto. ➢ Senado como Casa Iniciadora - Somente quando for PL proposto por Senador. ➢ Câmara dos Deputados como Casa Iniciadora – PL proposto por Deputado, Presidente da República, STF e todos os outros entes. A Casa Revisora poderá aprovar, rejeitar ou emendar o projeto de lei. Se aprovar, o projeto de lei seguirá para sanção ou veto do Executivo. Se rejeitar, o projeto de lei será arquivado. E se emendar, somente as emendas retornam à Casa Iniciadora para novo exame (neste caso, se for emenda que altere de alguma forma o sentido jurídico do projeto. Se for, por exemplo, correção deportuguês, o projeto não precisa retornar). Se houver divergência entre as Casas quanto à emenda, prevalecerá a vontade de quem fez a deliberação principal. >> Princípio da Primazia da Deliberação Principal. Se, a Câmara dos Deputados, abrange a maior possibilidade de titulação de Casa Iniciadora, logo, ela estará sempre em posição de prevalência em relação ao Senado. OBS.: Matéria constante em projeto de lei rejeitado somente poderá ser objeto de novo projeto na próxima sessão legislativa ou se houver pedido da maioria absoluta dos membros de qualquer uma das Casas do Congresso Nacional. >> Princípio da Irrepetibilidade. (Art. 67, CF) A proposta de emenda que alcança todo o projeto é chamado de substitutivo. ➢ Deliberação Executiva: Sanção - Manifestação concordante do Chefe do Poder Executivo, que transforma o projeto de lei em lei. Pode ser expressa ou tácita, mas sempre motivada. Pode ser também total ou parcial. >> É irretratável. >> Não convalida o vício de iniciativa. >> O silêncio do Presidente, após período estipulado de 15 dias, implica em sanção tácita. Veto - Manifestação discordante do Chefe do Poder Executivo, que impede, ao menos transitoriamente, a transformação do projeto de lei em lei. >> Também é irretratável. >> Tem que ser expresso e motivado. >> Pode ser total ou parcial. >> Não é absoluto, isto é, é superável pelo Congresso Nacional (Art. 57, IV, CF) OBS.: Há dois tipos de veto, o veto jurídico (quando há incompatibilidade constitucional no projeto de lei) e o veto político (quando o projeto for contrário ao interesse público). 18 3° Fase – Complementar – Reúne a chamada promulgação (atestado de nascimento da lei) e publicação (dar-lhe notoriedade). >> Efetividade da norma; Promulgação - A presunção de validade das leis decorre da promulgação. Se o Presidente não promulgar a lei em 48 horas, o Presidente do Senado a promulgará e, se este não fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (art. 66, §7º da CF). Isto só pode ocorrer na sanção tácita e na rejeição do veto, mas nunca na sanção expressa, pois a promulgação está implícita. Publicação – Feita no Diário Oficial do Executivo, confere á lei notoriedade que é ficta, pois se presume que as pessoas a conheçam. Em regra geral, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada, salvo disposição em contrário. Processo Legislativo Sumário Utilizado nos projetos de iniciativa do Presidente da República. Este depende da solicitação de urgência do Presidente. É mais rápido e também conhecido como “procedimento de 100 dias” que é o prazo máximo de sua tramitação. Também pode ser destinado a aprovação de lei ordinária. ➢ Casa Iniciadora – Sempre a Câmara. Terá prazo de 45 dias para aprovar ou rejeitar. ➢ O mesmo prazo cabe ao Senado, como Casa Revisora. ➢ Se qualquer uma das Casas ficar silente, haverá paralisação de toda a sua pauta até que decidam sobre o PL em questão. ➢ A única exceção são as medidas provisórias, que não ficam obstruídas. ➢ Se houver emenda, a Casa Iniciadora terá prazo de 10 dias para apreciação. Processo Legislativo Especial Emenda Constitucional Limites Circunstanciais – Estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal; Limites Materiais – Cláusulas pétreas (forma federativa de Estado; voto direto, secreto e universal; tripartição dos poderes; direitos e garantias individuais;) Limites Procedimentais: ➢ Quem pode promover PEC – No mínimo 1/3 dos membros da Câmara ou Senado; Presidente da República; Mais da metade da Assembleia Legislativa das unidades da federação, através de maioria relativa de seus membros. ➢ Fluxo da PEC – Proposta discutida e aprovada nas duas Casas, em dois turnos. Estará aprovada se obtiver voto de 3/5 dos membros. Não passa por sanção ou veto do Presidente. Será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e Senado. Lei Complementar Terá o mesmo fluxo de lei ordinária, com poucas diferenças: ➢ Quórum de aprovação – Por maioria absoluta; ➢ Incidência material – Exigida em matérias específicas previstas na CF. Ex.: Art. 59, CF. OBS.: Se lei ordinária tratar de matéria reservada à lei complementar, haverá uma inconstitucionalidade formal. Entretanto, se uma lei complementar tratar de matéria reservada à lei ordinária, não haverá 19 invalidade, pois os requisitos formais da lei ordinária foram rigorosamente atendidos e superados quando da elaboração da lei complementar. Lei Delegada Espécie normativa utilizada para transferência de competência do poder legislativo para o executivo (Presidente da República). Trata-se de uma exceção ao Princípio da Indelegabilidade das Atribuições e se opera por meio de Resolução do Congresso. Tal delegação não obriga o Presidente a legislar. A delegação habilita o presidente mas não o impõe um dever. • Delegação Típica – Não há necessidade de retorno do projeto de lei ao Congresso para aprovação. Assim, o Presidente elabora a lei e, posteriormente, efetua a promulgação e publicação. • Delegação Atípica – O projeto retorna para o Congresso para apreciação em votação única. Não é passível de emenda, ou seja, ou o Congresso o aprova por completo, ou o rejeita. O Congresso Nacional pode apreciar a mesma matéria objeto de delegação, pois quem delega não abdica, reserva poderes para si. Como a lei ordinária e a lei delegada têm o mesmo nível de eficácia, prevalecerá a que for promulgada por último, revogando a anterior (princípio da continuidade das leis). Se o Presidente da República exorbitar os limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional poderá sustar o ato normativo por meio de decreto legislativo, equivalendo a um veto parlamentar. A sustação não será retroativa, terá efeitos EX NUNC. Cabe ainda controle repressivo de constitucionalidade pelo Poder Judiciário, e este, diferentemente da sustação, produz efeitos EX TUNC, que irão retroagir a data da edição da lei delegada. Medida Provisória Precedentes importantes: Trata-se de um instrumento mais específico do regime parlamentarista, em que a separação entre Executivo e Legislativo é a mais tênue, havendo de forma mais acentuada uma influência direta do Legislativo no Executivo. Tanto é que há o risco de queda do Gabinete se houver desacordo entre os poderes, estando assim o Chefe do Executivo sujeito à censura parlamentar que possa provocar sua demissão – o que já impõe uma limitação no uso das medidas provisórias. Em nosso caso, no sistema presidencialista, no qual há uma independência maior entre poderes legislativo e executivo, a medida provisória se tornou um instrumento de concentração de poder no executivo, servindo para fortalecê-lo em face do legislativo. Por este motivo, muitos doutrinadores dizem que este instrumento já nasceu corrompido. Reflexos no âmbito jurídico: Com a apropriação institucional do poder de legislar, ao longo dos anos, os sucessivos Presidentes utilizaram de forma excessiva as medidas provisórias, podendo se falar então do uso abusivo deste instrumento, o que compromete a integridade do Princípio Constitucional de Separação de Poderes. >> Emenda Constitucional n° 32/2001 – Alterou a redação do Art. 62 da CF. 20 • Requisitos constitucionais para edição: Relevância extraordinária e Urgência urgentíssima – os quais serão analisados pelo Presidente e pelo Congresso Nacional. • Natureza jurídica: Instituto excepcional; Ato provisório e limitado ao poder executivo, para quem ela tem força, valor e eficácia de lei. Todavia, para o Congresso Nacional, se trata de um projeto de lei com eficácia antecipada que depende de aprovação para adentrar no ordenamento jurídico – característicade ambivalência. OBS.: Para alguns doutrinadores, a MP é ato administrativo normativo , para outros, é ato normativo primário , com força de lei. Na opinião do STF, prevaleceu a segunda corrente. • Prazo de Validade – A medida provisória vigorará por 60 dias a partir de sua publicação. Se não for apreciada pelo Congresso durante este período, terá seu prazo prorrogado automaticamente por mais 60 dias. Se não houver apreciação após 120 dias, a medida perderá sua eficácia retroativamente. OBS.: Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias da sua publicação, entrará em regime de urgência, fazendo com que todas as demais deliberações da casa legislativa fiquem sobrestadas. • Fluxo da MP: >> Presidente publica MP no diário oficial e encaminha ao Congresso Nacional; >> Comissão mista de deputados e senadores emite parecer avaliando os pressupostos de constitucionalidade, adequação financeira e orçamentária e mérito; >> Comissão encaminha MP ao plenário; >> MP é avaliada separadamente nas duas Casas; >> Aprovação por maioria simples. >> Após aprovação, a MP é convertida em lei. OBS.: A votação poderá ter como resultado: aprovação integral; aprovação parcial; ou rejeição tácita ou expressa. • Efeitos da medida provisória: A edição da medida provisória suspende temporariamente a eficácia das normas que com ela sejam incompatíveis. Se a medida provisória for transformada em lei, revogará aquela lei, mas, se for rejeitada, serão restaurados os efeitos daquela lei. • Vedações materiais: ➢ Matéria relativa à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; ➢ Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; ➢ Matéria reservada à Lei Complementar; ➢ Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ➢ Matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional, privativa do Senado ou da Câmara dos Deputados; ➢ Direito penal, processual penal e processual civil; ➢ Que vise à detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou de qualquer outro ativo financeiro; ➢ Etc.. OBS.: Segundo o Supremo Tribunal Federal, pelo princípio da simetria, é possível a edição de medida provisória estadual, desde que respeitados os parâmetros constitucionais para as medidas provisórias e haja previsão na Constituição Estadual. (ADI 2.391 / 2006) 21 Decreto legislativo Se ocupam, em regra, das matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional. Não há disciplina constitucional para seu processo legislativo. Estão previstos no Regimento Interno das Casas Parlamentares. Geralmente tem efeitos externos ao Congresso Nacional. Não estão sujeitas à sanção ou veto do Presidente. Ex.: Art. 49, CF Resoluções É a espécie normativa utilizada nas hipóteses de competência privativa da Câmara e do Senado, podendo também ser utilizado pelo Congresso Nacional (no caso de delegar ao executivo a elaboração de lei). Também não existe disciplina constitucional e seu funcionamento está no Regimento Interno das Casas. Geralmente tem efeitos internos. Não estão sujeitas à sanção ou veto do Presidente. Ex.: Referendar nomeações políticas; Suspender efeitos erga omnes de lei declarada inconstitucional pelo STF; Poder Judiciário (Art. 92 a 126, CF) Função: Garantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver conflitos entre cidadãos, entidades e Estado, aplicando as leis do ordenamento jurídico. No Brasil, o Poder Judiciário obedece uma organização de 3 instâncias, 3 níveis. O que significa que um mesmo caso pode ser julgado por 3 níveis do PJ até chegar a decisão final, sobre a qual não cabe recurso - Coisa julgada! >> Decisão de 1° instância proferida pelo juiz – SENTENÇA. >> Decisão de 2° instância proferida pelos Tribunais de Justiça, por um colegiado de juízes – ACÓRDÃO. >> Decisão de 3° instância proferida pelos ministros dos Tribunais Superiores ou STF. Conceito importante relacionado ao Poder Judiciário >> Independência. Não somente devido ao Princípio da Separação de Poderes, mas principalmente devido ao conceito de JURISDIÇÃO: Poder, atividade e função consistente em dizer o direito no caso concreto, solucionando conflitos de interesses. Princípios do Poder Judiciário • Princípio da independência – O juiz deve atuar livremente no exercício da jurisdição, sem que haja relação de subordinação funcional entre ele e os órgãos superiores do Poder Judiciário e entre o Poder Judiciário e os demais poderes. 22 • Princípio da Reserva de Jurisdição - Reserva de um conteúdo funcional que cabe apenas ao Poder Judiciário, ou seja, à existência de um determinado conteúdo material que pode ser examinado apenas pelo Judiciário e que estaria excluído da apreciação dos outros órgãos de poder. • Princípio da Imparcialidade - A noção de imparcialidade está ligada à neutralidade do juiz em relação às partes, anterior ao ato de julgar. • Princípio da Irresponsabilidade - Os juízes não podem sofrer perseguições, punições ou represálias por sua atividade jurisdicional, pelos entendimentos manifestados nas decisões judiciais. • Princípio da Autoadministração - escolher os seus dirigentes, para elaborar os seus regimentos, para prover os cargos de juiz, para realizar os concursos, para conceder licença, para votar as promoções e etc. • Princípio da Fundamentação das decisões judiciais – Art. 93, IX – Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário devem ser públicos e bem fundamentados. • Princípio da Inércia da Jurisdição – Em regra, a jurisdição não pode agir ex officio, ou seja, a atividade jurisdicional deve ser provocada e é interdependente. As Garantias da Magistratura • Inamovibilidade - significa dizer que o juiz, uma vez titularizado em determinado cargo, só pode ser removido do seu cargo ou promovido por iniciativa própria ou por motivo de interesse público por maioria de 2/3 do tribunal. • Vitaliciedade – No 1° grau só poderá ser adquirida após 2 anos de exercício (estágio probatório). É mitigada pela regra da aposentadoria compulsória aos 75 anos; (Art. art.40, §1º ,III e LC 152/2015) • Irredutibilidade de subsídios - A remuneração do juiz não pode estar de forma alguma atrelada ao resultado do processo ou à forma como ele vai conduzir o processo. Órgãos do Poder Judiciário • Supremo Tribunal Federal (STF) - O STF é o órgão máximo do Judiciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo cumprimento da Constituição e dar a palavra final nas questões que envolvam normas constitucionais. É composto por 11 ministros indicados pelo Presidente da República e nomeados por ele após aprovação pelo Senado Federal. Requisitos: Ser cidadão brasileiro nato; de reputação ilibada e notável saber jurídico; com idade mínima de 35 e máxima de 65. • Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - Instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à transparência administrativa, financeira e processual. Também fiscaliza a atuação do fiel cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados de qualquer instância. >> Decisões de natureza administrativa; >> Não exerce jurisdição propriamente dita; 23 • Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Tem competência para dar interpretação uniforme à legislação federal. Tem a função de julgar, em último grau de recurso, todas as matérias infraconstitucionais, seja no âmbito da Justiça Federal ou Estadual. É composto por 33 ministros nomeados pelo Presidente da República, escolhidos numa lista trípliceelaborada pela própria Corte. Os ministros do STJ também têm de ser aprovados pelo Senado antes da nomeação pelo Presidente da República. • Tribunal Superior do Trabalho (TST) – Tem a função de uniformizar a jurisprudência trabalhista brasileira. O TST é composto de 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. As decisões proferidas pelo TST são irrecorríveis, salvo as que denegarem mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção e as que ofenderem Texto Constitucional ou declararem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federa, casos em que caberão recursos para o STF. O STJ não tem competência para reformar decisões do TST. • Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais - A Justiça Federal comum pode processar e julgar causas em que a União, autarquias ou empresas públicas federais sejam autoras, rés, assistentes ou oponentes – exceto aquelas relativas à falência, acidentes de trabalho e aquelas do âmbito da Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. É composta por juízes federais que atuam nas varas e nos juizados especiais federais em primeira instância, nos tribunais regionais federais e turmas recursais (segunda instância). Nosso país é dividido em 5 regiões: ➢ 1° Região – Norte + Bahia + Minas Gerais – TRF em Brasília ➢ 2° Região – RJ + ES – TRF no Rio de Janeiro ➢ 3° Região – SP + MS – TRF em São Paulo ➢ 4° Região – SC + RS + PR – TRF em Porto Alegre ➢ 5° Região – Nordeste – TRF em Recife • Tribunais e Juízes do Trabalho - A Justiça do Trabalho julga conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e patrões. É composta por juízes trabalhistas que atuam na primeira instância e nos tribunais regionais do Trabalho (TRT) e por Ministros que atuam no Tribunal Superior do Trabalho (TST). • Tribunais e Juízes Eleitorais - garantir o direito ao voto direto e sigiloso, preconizado pela Constituição, a Justiça Eleitoral regulamenta os procedimentos eleitorais. Na prática, é responsável por organizar, monitorar e apurar as eleições, bem como por diplomar os candidatos eleitos. Também pode decretar a perda de mandato eletivo federal e estadual e julgar irregularidades praticadas nas eleições. Os juízes eleitorais atuam na primeira instância (juízes de direito) e nos tribunais regionais eleitorais (TRE – desembargadores estaduais e federais), e os ministros atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 24 A Justiça Eleitoral é composta pelo TSE, os TREs, os juízes eleitorais e as juntas eleitorais. As decisões do TSE são irrecorríveis, salvo as que denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, bem como as que contrariarem a Constituição, julgarem a inconstitucionalidade de lei federal, das quais caberão recursos para o STF. O STJ não tem competência para reformar decisões do TSE. • Os Tribunais e juízes dos Estados e DF - A organização da Justiça estadual é competência de cada estado e do Distrito Federal. Nela existem os juizados especiais cíveis e criminais. Nela atuam juízes de Direito (primeira instância) e desembargadores, (nos tribunais de Justiça, segunda instância). A função da Justiça estadual é processar e julgar qualquer causa que não esteja sujeita à Justiça Federal comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar. O STF e o STJ têm poder sobre a Justiça comum federal e estadual. Em primeira instância, as causas são analisadas por juízes federais ou estaduais. Recursos de apelação são enviados aos Tribunais Regionais Federais, aos Tribunais de Justiça e aos Tribunais de Segunda Instância, os dois últimos órgãos da Justiça Estadual. Outras instituições indispensáveis ao funcionamento do Poder Judiciário Ministério Público - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Atribuições: • Atuação como fiscal da lei - Quando um processo em andamento na Justiça Federal envolve interesse público relevante, como um direito coletivo ou individual indisponível, o MPF deve ser ouvido, mesmo que não seja autor da ação. Essa é a atuação como fiscal da correta aplicação da lei (custos legis). • Atuação na área cível – O MPF ingressa com ações em nome da sociedade para defender: interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. • Improbidade administrativa - As ações de improbidade administrativa são ajuizadas pelo MPF contra agentes públicos que lesam a União, inclusive quando o fato ocorre em âmbito estadual ou municipal, se há dinheiro da União envolvido. Também podem haver ações contra pessoas jurídicas e físicas que contratam com a administração pública. • Atuação na área criminal - Cabe ao Ministério Público Federal promover a ação penal pública quando a competência para o julgamento é da Justiça Federal. O MPF também propõe ações nos casos que envolvem autoridades com foro por prerrogativa de função, que só podem ser julgadas pelos tribunais federais ou pelos tribunais superiores, conforme o caso. Também cabe ao Ministério Público Federal o controle externo da atividade policial (federal). • Atuação Extrajudicial - O MPF pode adotar medidas administrativas, por meio de instrumentos como inquéritos civis públicos, recomendações, termos de ajustamento de conduta e audiências públicas, utilizados para coletar provas sobre a existência ou não de irregularidades. O Procurador Geral da República, nomeado pelo Presidente, é o chefe do Ministério Público da União. O constituinte seguindo o princípio da simetria, também criou o Ministério Público Estadual. 25 Defensoria Pública - Instituição a quem cabe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus e gratuitamente dos necessitados, impossibilitados de pagar honorários advocatícios. O Estado assegura o direito fundamental de assistência jurídica e judiciária. Competência do Congresso Nacional a organização da Defensoria Pública da União, dos Estados e DF. --- Recurso Extraordinário (Art. 102, III, CF) – Recurso de caráter excepcional contra decisões de outros tribunais, em única ou última instância, quando: ✓ Contrariar dispositivo da Constituição; ✓ Declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; ✓ Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; Para ser admitido o recurso extraordinário, a matéria constitucional tem que ser previamente questionada. A sentença recorrida tem que tratar especificamente do dispositivo da CF que pretende fazer valer. A atuação do STF guardará o ordenamento jurídico e não a situação individual das partes. Neste caso, a parte pode ou não ser beneficiada por essa guarda. Características: ✓ Esgotamento prévio das instâncias ordinárias; ✓ Sua admissão depende de autorização da instância anterior e do próprio ST; ✓ Enquanto perdurar o recurso excepcional, a sentença anterior poderá ser executada provisoriamente; Súmula Vinculante (Art. 103-A, CF) - O STF poderá aprovar súmula que, a partir de sua publicação, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional. >> De ofício ou provocado; >> Exige decisão de 2/3 dos seus membros; Reclamação (Art. 103, §3°, CF) – Instrumento jurídico que visa preservar a competência do STF e garantir a autoridade de suas decisões. É cabível em três hipóteses: ✓ Impugnar ato administrativo ou decisãojudicial que contrarie ou aplique indevidamente súmula vinculante da Corte. ✓ Quando algum juiz ou tribunal, usurpando a competência estabelecida na constituição, processa ou julga ações de competência do STF; ✓ Quando decisões proferidas pelo STF são desrespeitadas ou descumpridas;
Compartilhar