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A radio no espaco escolar para falar e escrever melhor

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Este livro analisa a interface comunicação-educaçao no espaco escolar. am
especial o radio, como ferramenta interdisciplinar de ensino, possibilitando ao
educando o conhecimento das linguagens midiaticas, das culturas e da
construção da realidade. Assim, professores e alunos poderao compreender
c|ue o rádio como sujeito semiotico, desde os seus primordios. teve papel
relevante nos cenários da educação e da cultura. da politica e da socierlada.
Por meio de estudo comparativo entre duas escolas do ensino fundamental da
Rede de Ensino Público de Curitiba, no Parana, comprovou-se gua o alono-
produtor-Iocutor da Fladioescola compreende criticamente o discurso sublirnv tar
das mensagens e tem o dominio do processo de comunicacao radioionica. Na
questão didatico~pedagogica da ação educativa. o uso da radio no c51¬t-¬E1'1lii-i=-
escolar promove a criatividade, a socialização. a cidadania, o desenvolvirnclito
da habilidade de tala (fluência verbal) e de escrita (producao de tci‹:tosl. ocsl-iffi'
o gosto pela pesquisa e leitura. eleva a auto-estima e o interesse do arltlrtazv.-1.z_-_«
llll\llllll.llllllllllllll
na sala de aula.
ZENEIDA Au/Es DE AssuM|=<_;Ao
A RADIO NO
ESPAÇO ESCOLAR
PARA FALAR E ESCREVER MELHOR
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.ir d -A I'El 10 na zspzçs escolar
para falar e escrever melhor
Zeneida Alves de Assumpção
1 d '
A se espaço ÊSCOIHI
para falar e escrever melhor
f\NN¶t|_1r\.nE
]_¡¡§¡¡-|¿]1,¿5 Iufhnnação e Teaauro
AS? Assumpção, Ee-neida Alves de
A radio no espaço escolar: para falar e escrever inell-ior..l' '.Ei¬neida Alves de Assumpção.
- São Paulo: Arinablume. EUÚS.
IUÚ P.: 14 it Êlcm
ISBN QTS -E5-?'41'š-91?-'F
1. Comunicação. 2. ivleios l'vlidi:'|ricos. 3. lvlidias lciletronieas. 4. Multimidia.
5. Tecnologia da Comunicação e lnlzimrtação. 6. Radioescola. T. Projeto Radioescola.
I.`l`irulo.
CDU 559.3
CDU 391.14
Catalogacão elaborada por 'Waiida l.ucia Schmidt -¬ CRB-E-1922
A radio no espaço escolar:
para falar e escrever melhor
Coordenação Editorial
Joaquim Antonio Pereira
ru-Eliagrarnaçaa
Tainá Nunes Costa
Capa
Carlos Clenien
Conselho Editorial
Eduardo Peñuela Cafiizal
Herval Êraitello junior
Maria Údila Leite da Silva Dias
Celia ivlaria Marinho de Azevedo
Guscavo Bernardo Krause
lvlaria de Lourdes Sel-:e¿` [iii irirn›iorii:i1i}
Cecilia de Almeida Salles
Pedro Rolzierco Jacobi
Lucrécia D'Alessio Ferrara
l
I* edição: março de soon ¡ H i dI avera um ia - talvez esteja seja unia realidade - eni que as crian-
'Ê-' Zeneida Alves de Assumpção ' .. . .H "' 'I 1Ç 5 aprenderao muito mais e muito mais rapiclarnente em contato com o
AHNABLUME editora _ comunicação - .RuaMmím; gnu *Baum mundo exterior do que no recinto da escola.
o55ii›ooo. São Paulo . SP . Brasil
Tel. e Fair. foii] 3511-of-54 - Televen cl.-is goal-W54
¬a.À›vw+annab-lume.cotn.l:ir
Dedicatória
.Ao meu aniado ¿lho. Rafael .Assumpção Barbosa. pela compreensão,
paciência e incentivo...
Agradecimentos
Seria impossivel agradecer a todas as pessoas que colaboraram com este
trabalho. Em especial:
Aos docentes da Universidade Federal do Parana pela coragem e em»
penho em criar o Curso de Especialização em Organização do Trabalho
Pedagógico (lato sensu) e oferttiflo a-comunidade paranaense gratuito e
com eacelãncia, mostrando assim, o papel social da universidade pública.
A minha orientadora, professora e niestre Ct_-_i_r¿i:_iiia_Aara Barrene-
cliea, pela con¿ança, dedicação e por acreditar na minha pesquisa, da
qi1Í1Ti'esultou essa obra.
As professoras do Centro Integral Bela Vista do Paraiso e da Radio-
escola. da Secretaria lvlunicipzti de Educação (sata - da Prefeitura de
Curitiba, no Parana), especialmente .it Angela Denise Stemberg Cardo~
eo, Bernadete Lovato Binda e Maria Aparecida Scarante pelas contribui~
coes valiosas.
Aproveito a oportunidade para registrar agradecimento especialissimo
aprofessora Aurea Glieur Soares de Souza. minha companheira de traba-
ll1o,_Íunto a Assessoria de Divulgação e Marketing Educacional, da saia,
pelas palavras amistosas, animo e colaboração incansável neste trabalho.
Sumário
Prefacio *lâ
Introdução 15
Capitulo I - comunicação e educação na sociedade planetãria 19
A Escola e o discurso pedagógico ag
Uma escola aberta para o mundo av
Ú Radio como instrumento de educaçao e ciiltura 29
Escolas radiofdnicas no cenario muiidial e brasileiro 38
Capitulo Il - fazendo radio na escola: a interface comunicação
e educação 53
Experiências em Campos (Rio de Janeiro] -53
Experiência em São Paulo (Capital) 56
Experiëiicias em Curitiba (Parana) 5;?
Capitulo III - a radio no espaço escolar: ferramenta de ensino
interdisciplinar para a construção da oralidade e da escrita “Fl
Capitulo i'v' - a pesquisa: um estudo de caso comparativo
sobre radioescola ??
Analise das Entrevistas (ex-alunos, alunos, professores e gestores) '28
Análise das Produções de Textos (escritos e orais) 8-5
Eionsideraçties finais Bl
Bibliografia 95
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Prefácio
O livro ii ioioio ivo asa-iço ascotnai Fans sacas is ascaiavaa iviis-
Lnoii, de Zeneida Alves de Assumpção vem enriquecer o universo do
conhecimento no campo da pesquisa educomupicacional. Proporciona
ao leitor uma oportunidade de percebeiiãiipiãtica o estreito diálogo en»
tre Comunicação e Educação.
Em sua caniinliada prolissional (professora e jornalista] sempre bus-
cou uma resposta direta e positiva para suas inquietações nesta área do
conhecimento numa visão interdisciplinar.
_. Inspirada por suas indagações cria em igg:-4., o Pg:_iieto_R_a5l_ippscqla_
J 1- 1 1- 1 F. 1 1.`~ que foi implantado e gerenciado pela Secrera_ri_a de Educaçao de Curitiba
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` para diversas escolas municipais. A Radioescola sempre permitiu que os
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alunos de terceiras e quartas sêries, do ensino fundamental construissem
,za suas proprias mensagens e as veiculassem pela Rádio. Esse projeto se
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._ üniaterialiaa" como proposta de ensino elicaa. A pesquisa realüada por
T Hi ela ori ` o bL gui u essa o ra.
ii-É . Alêm da Radioescola, Zeneida coordenou o Pro ama Radioalurio-vip -.:- _______-í -___ __
“Jul J (1995-1996), veiculado, semanalmente, pela Radio Educativa do Paranã,
_ em Curitiba e por emissoras comerciais do interior do Paranã. O progra»
ma envolvia a participação efetiva de alunos das escolas do Ensino Fun-
damental e Mêdio de Curitiba e municípios paranaenses.
Nos 2.4. meses em que o R:-.idioalimo esteve no ar, foram produzidos e
veiculados dezenas de programas semanais sobre diversos assuntos: Ho»
niossexiialisnio, Pena de lvlorte, Drogas, Escola Pública versus Escola
Particular, Economia Brasileira, Tabagismo, Namoro na Infância, Ú jo»
vem e a Religião, Alcoolismo na Adolescência, Assédio Sexual, Televisão
1 e sua influência, Brigas de Torcidas Orgmiiaadas, Aborto, Mercado de
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_ _ _ í _ _ _ -_ I- _|- - _ í -'-- _ '_--_ ¬-*il-Iii---1* ' _
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Highlight
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'14 I Zeosios alves de assomoçäo
Trabalho, Educação Sexual, O Jovem brasileiro sabe votari, äids, Pros-
tituição ou Abuso Sexualde Menores, Familia, Ágressividade, Materni-
dade na Adolescência e outros, escolhidos e discutidos pelos alunos com
especialistas desses temas.
Com estilo claro de pensar e escrever, caracteristicas deste livro, que
contribuem para um territorio do saber em processo de crescimento em
investigação e progresso.
Ú engajamento vivo, real e concreto da autora instiga no leitor uma
curiosidade para o conhecimento, impulsionando-o para um aprofun-
damento no tema. A articulação entre Comunicação e Educação na sala
de aula, tema gerador desta obra para prãticas pedagogicas modernas,
imprescindíveis para a nossa sociedade atual.
Por meio de estudo comparativo entre duas escolas do ensino fun-
damental da Rede de Ensino ivlunicipal de Curitiba, no Paranã, Zenei-
da comprova que o aluno-produtor-locutor da Radioescola compreende
cri_ticamente o discurso subliminar das mensagens e tem o dominio do
-_~'.-fi' processo de comunicação radiofonica. No aspecto didãtico pedagogico
"'~.' ' "
da açao educativa, o uso do radio promove a criatividade, a socialização,
a cidadania, o desenvolvimento de habilidades de fala e de escrita, des-_.
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aperta o gosto pela pesquisa e leitura, eleva a auto-estima e o interesse do
educando na sala de aula.
Leitor, sintoniae sua curiosidade, e na pãgina seguinte comece a sentir
toda a satisfação de caminhar junto com a autora. No trajeto você terã
uma visão dos principais fundamentos que nortearam essa inédita pes-
quisa educomunicacional.
vera Lüoia C. Alonso
Especialista em 'Comunicação e Educação pela Ecaf USP
_-an- H- In 1-1
Introdução
É incontestável a relevância das novas tecnologias da comunicação e da
informação na sociedade planetária. As crianças, adolescentes e jovens
que freqüentam hoje a escola convivem e "respiram" essas novas tecnolo-
gias. Traaem para a sala de aula bagagem edu.cativa e cultural advindas,
especialmente, das midias {eletíon_icas) e da multi_m_id_ig Interneç),o que
comprova que os educandos de hoje, são allgeração da redelÀ na concepção
de_Íuan Luis Caearãiv (1999).
Nesse contexto, professores e alunos precisam compreender o verda-
deiro papel das multimidias (internet) e dos meios midiãticos (o rádio faz
parte deles) e o papel deles no processo educativo, cultural e social. Com-
preendendo o processo das rotinas de produção da comunicação midiãtica
{rãdio, televisão, jornal e internet) e a linguagem desses meios de forma cri-
tica, o educando poderã torna-se Lun sujeito ativo e criuco dessas midias.
No aspecto da rãdio no espaço escolar (foco dessa pesquisa), ela pos-
sibilita a veiculação de informaçoes produzidas e editadas pelo proprio
aluno, além da construção de programas interativos e de interesse deles.
-ã-' coia,conscientiaam-se de seu verdadeiro papel na sociie-1
dade porque participam do contexto social (com a produção de te:-:tos
escritos e orais) ao transmitirem programa educativos-culturais e in-
formativos aos colegas. Pi Radiorscola propicia ao aluno um olhar am-
plo sobre os meios de comunicação social e de sua função na sociedade
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globalizada, a defesa e cumprimento de seus direitos e deveres. Como ' - ¬ -1:
produtor e apresentador de programas na Rudioescolu. o aluno pesquisa _ 'Í `_
e lã mais, ampliando sua visão de mundo, alem de aprende debater, ques-
-¬.
tionar e discutir, con¿gurando assim, o desenvolvimento do senso critico '--~ É
e o exercicio de desenvolvimento da cidadania. l ` l l .
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Por ser uma ferramenta de ensino interdisciplinar, a Riridiorsrolti per- pu-,püstí pç gravaçãü ,¿1,¿,5 Prügramas gm rgalízgcía na Estaçäü g¿.1.¡_¡¿Ú__
mite, tambem, que o aluno entenda e compreenda como a midia radiofo-
ni.ca e as demais tecnologias (da comunicação e da informação) "constro-
em" e"dese11ban1" a realidade atravos de seus produtos simbolicos.
Por essa razão, foi apresentado em novembro de 1994., o projeto Ru-
`*~ dioescoiia' ã Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (Paranã) que
1 * se interessou e o implantou, imediatamente, em tros escolas de primeira
*¡«l“- gia quarta sories (dezembro de 1994): Centro Integral de Educaçao Bela
1, '_ 'H Mista do Paraiso, Centro Integral de Educação David Carneiro, Centro.-
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_¡_ 'I-. Integral de Educação jolio Moreira.
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ll' '- Com orientação pedagogica da Secretaria Muiiicipal de Educação
deCuritiba, a R-:idioesrols funcionou como instrumento pedagogico
_¡=--Í: __ _' interdisciplinar, com auxilip tecnologia para o desenvolvimento das
I ' ._., _
- ¿ __"_"--"linguagens oral e escrita e o exercicio de construção da cidadania dos
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Â;-.Hli '_ .` - alunos-envolvidos.
fl Us educandos e educadores atuaram interativamente no proces-
r so educacional, atraves desse Projeto. Orientados pelos professores, os
1-"~. ` alunos refleriam sobre as midias (principalmente o rãdio) e a utilização
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` H '_ Tí? deste perante a sociedade. À meta dos procedimentos metodologicos de¬-. - _
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Í -` 'Í 'J trabalhos adotados visava, inicialmente, ã capacitação dos professores
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¡¬-PII I 1- . 1- ¬ u_ ¡ 1- ."' :IP envolvidos mediante consultorias, visitas as radios, reunioes, grupos de
Ii' I.
` -_ lili l' estudo, visto que esses docentes orientavam os alunos participantes do
Í gl . Projeto, que compreendia dois momentos distintos: emissão e recepção.
` ll H Inicialmente, o projeto Rudiocscolu contou com centenas de alunos
atuantes como produtores e ouvintes da programação radiofonica. Os
programas de 15 minutos eram construidos pelos alunos de terceira
e quarta series e veiculados semanalmente na hora do recreio sob a
supervisão e responsabilidade de uma escola comprometida com a
1. Projeto de minha autoria. Ele o parte constitutiva de miniia dissertação de Mestrado: Ru-
:rlio escola: uma proposta para o ensino de primeiro grau. definida na U M ESP (llnivetsidade
Metodista de São Paulo), em outubro de 1994. 1
-'-- -_ -- _ __- _ - 1 3 ,¡
ra (estúdio) do Centro Integral de Educação Bela Vista do Paraiso e
transm_itida as escolas trans receptoras por linhas de som permanente
(LSP - maletas de transmissão). Mediante essas maletas o som era am-
pli¿cado e difundido para as caixas acústicas distribuidas nos espaços
escolares, o que possibilitava a interatividade entre as escolas envolvi-
das nesse Projeto.
No Centro Integral de Educação Bela Vista do Paraiso, a Rtidioescoiu
permaneceu como ferramenta de ensino e exercicio de cidadania, por seis
anos ininterruptos (1994Íaooo). Desde o seu lançamento (dezembro de
1994), os alunos participaram como receptores, produtores-locutores e
apresentadores dos programas com orientação de professores (coorde-
nadores da Radioescola).
Partindo da hipotese de que o aluno que atua numa Rudioescola co-
nliece a linguagem radiofonica, ele poderã, então, compreender e deco-
di¿car o discurso subliminar dos meios midiãticos de forma mais critica,
desenvolver habilidades de organização da fala e da escrita (produção de
textos) com fluência verbal, dominar o processo de comunicação radiofo-
nica e exercitar a cidadania. Essa hipotese pode ser verificada nas pesqui- _. ' ._
sas que foram realizadas em dois momentos: estudo de caso comparativo -
e pesquisa de campo (abordagem qualitativa).No primeiro, recorreu-se ao esmdo de caso comparativo com alunos' " ' _
I _ das quartas-series, de duas escolas do ensino fundamental (periodo inte- J
_ lp gral), da Rede de Ensino Municipal de Curitiba, no Paranã. Uma delas - -
possuia e utilizava a Riadiorscolia (no processo pedagogico) e a outra es- `
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HI* .ll I- I I ¡|¡¡ I__-_.: -. lhado pedagogicamente com o meio radiofonico.
__ .¡¬.__ ¬.
va. com entrevistas serni-estruturadas) com ex-alunos, alunos, professo-
res e gestores (amantes da Radioescoia). J 1 _ "`
-."' iq. 'tl' F-Il'| ; ' .
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`>»_._. . _ _Í; _* Analisou-se, então, a produção de textos escritps e orais (leimra e lo-
cuçao de texto ao microfone) construidos pelos alunos.._ -__ _ ' -_'~-_--_~__-_ _ _ . -I*-' ` No segimdo, foi utilizada a pesquisa de campo (abordagem qualitati- _
"'- -.
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cola, não. Nessa escola. os alunos a desconheciam e nunca haviam traba- -
"11|
-1 |
'IE | Zenaide iíilves de ifissumtição
Optou-se denominar Escola A (a que possuia Radioescoia) e Escola
B (que não a possuia e os alunos desconheciam o traballio com rãdio).
Preservou-se, dessa forma, a idoneidade intelectual e moral das esco-
las pesquisadas.
A investigação procurou verificar se a Rsidioescolia desenvolve no alu-
no-participante (da programação radiofonica), habilidades de produção
de textos escritos e orais da lingua portuguesa.
O primeiro capitulo: comunicação E soucação iss. soeizosins
vLs.1-1ETãn1s_ discute a relevãncia das tecnologias da comunicação e da
informação na sociedade globalizada e a importãncia da escola trabalhar
com essas tecnologias, especialmente o rádio no contexto pedagogico.
Resgata ainda, o papel do rãdio na educação e na culmra, bem como as
escolas radiofonicas em ãmbito internacional e nacional.
O segundo capittilo:1=s.zs1¬:no iiãtoio na sscota: .ii 11~»1*rs1it=iics co-
iviuisiicação E Euucação apresenta um leque de experiéncias de rãdios
no espaço escolar e a atuação de alunos nesses projetos nos papéis, simul-
tãneos, como emissores, receptores, produtores, locutores e apresentado-
res de suas proprias construçoes escritas e orais, com o direcionamento
pedagogico de professores e orientadores.
O terceiro capitulo: .ii aãnio 1-1o espaço ssco1_.‹i.1¬i_: 1=1sr:_1i.s.1v11=_1~é1'1¬.›i.
os 1-;r«is1r~1o 11~i'rEiit:›1st:11›L11-1_›fiii Paus. si eoi-1sTi=i_UÇão na oi=i.‹ii.1n_¿_nE
E na Est: ii1'1"s..
O quarto capitulo: ii. Pesquisa: mv: issrooo os osso ctiiuvaaarivo
sosns na n1o1=_sco1..‹:i compreende: Análise das entrevistas com ex-alu-
nos, alunos professores e gestores (atuantes da Rudiorscolu) e Analise das
produçoes de textos (escritos e orais pelos alunos das duas escolas pes-
quisadas) e ¿nalmente: coivsinsaiiçoss s11~¬1s.1s e a.11sL1oo1is_1=1ii_
Ê isso que serã apresentado neste livro.
CAPITULO I
Comunicação e educação na sociedade planetária
.Í
A premissa de que a escola deve se apropriar e manter relação intrínseca
e interdisciplinar com as novas tecnologias da comunicação e da infor-
mação na sala de aula, liã décadas vem sendo objeto de estudo e de in-
vestigação de teoricos da comunicação e da educação nas universidades
brasileiras e de outros paises.
Esse interesse é em decorréncia dessas novas tecnologias ¿lzerem
parte do cotidiano de todos. Convive-se e "respira-se" comunicação e in-
formação na sociedade globalizada e precisa-se valormar tal realidade.
Atualmente é possível a realização da comunicação entre continen-
tes. Para interagir e manter contato com pessoas de outros paises não hã
mais a necessidade de se percorrer longas distãncias. O contato é imedia-
to pelas novas tecnologias da comunicação e da informação tão presentes
n:1 globalização do mundo, conforme destaca Is.1-i1-¬11 (1999:19v):
a globalização do mundo estã sendo acelerada pelo desenvolvimento
dos meios de comunicação, compreendendo as condiçoes de informa-
ção, interpretação, decisão e implementação, devido ã multiplicação e
generalização das tecnologias eletronicas. Pi inliorniãtica, passando pelas
releconiunicaçoes, as redes e as niultimidias não so influenciaram decisi-
vamente as condiçoes da produção material e espiritual como agilizani a
desterritorização e a. minianirização das coisas, gentes e ideais. Em pou-
cas décadas, a realidade social, em sentido lato e em ãmbito mundial, tem
sido mesclada ou recoberta pelas mais diversas produçoes da realidade
virtual. Ú globo terrestre revela-se geistorico, transiiorma-se em um todo
simultanearnen_te real e virtual, organizado em termos de uma fãbrica
global, um sliopping-center global e uma aldeia global. Esse é o universo
em que os individuos e as coletividades, as naçoes e as nacionalidades, as
_ _ -_l'I{í_-ii' ___"' ' "` - -^ 1r ~ - ~__ _ _
EU | Zeneitia alves de iãssumnção
culturas e a.s civilmaçoes parecem distantes e proximas, distintas e seme-
Il-iantes, presentes e pretéritas, reais e iniaginãrias.
Nesse contexto, a comunicação globalizada inter-relaciona milhoes
de pessoas em escala global, permitindo que elas recebam, diuturna-
mente, em casa e no local de trabalho, saberes e informaçoes, palavras
e imagens, entretenimento e idéias dos pontos mais distantes do plane-
ta trazidos pelo rãdio, televisão, internet, jornais, i¬v a cabofsatélite, etc.
Muitas delas sequer se conhecem pessoalmente, mas podem interagir e
compartilhar, simultaneamente, as mesmas emoçoes e as mesmas sensa-
çoes trazidas por essas novas tecnologias.
Apesar dessas novas tecnologias, especialmente, a midia eletronica
(rãdio e televisão) e a multimidia (Internet) transmitirem cultura, sabe-
res e informação, a escola continua sendo a instituição do saber elabora-
do, a qual valoriza a visão critica e reflexiva do aluno.
Contudo, a escola não pode desconsiderar as atuaçoes e inliuéncias
dessas novas tecnologias no cotidiano do aluno e do professor porque
elas fazem parte da realidade mundial.
-. As midias (impressas e eletronicas) se constituem como "intelectual
orgãnico"* da sociedade, independente do grupo social que atingem. Ao
utilizar o agenda setting, os veiculos de comunicação social refletem deci-
sivamente parte das informaçoes e interpretaçoes sobre o que ocorre no
mundo, transmitindo ãs pessoas aquilo que lhe é conveniente e da forma
que mais lhe aprouver, conforme explica Baaaos F11_1-io (1999:1o-11), no
texto _i"vIitndos possiveis e mundos agendados: uni estudo do uso da niidin na
sala de nula:
'Ú agende setting (fixação de agenda) é a hipotese segundo a qual a agen-
da temãtica dos meios cle comunicação impoe os temas de discussao so-
cial. Em outras palavras: as pessoas, nas suas comunicaçoes interpesso-
ais, discutem prioritariamente sobre os temas abordados pelos meios de
comunicação.
z. Termo emprestado de Gnaivisci. `v'er:"Ús intelecniais e a organização da cultura". |9_§:_
.ii Fiãdio no Esoeço Escolar | E1
As pessoas agendam seus assuntos, suas conversas, em função do
que a midia veicula. É o que sustenta a hipotese do agende setting _ O
agencia setting é uma das formas possiveis de incidéncia da midia sobre o
público. E um tipo de efeito social da midia. E a hipotese segundo a qual
a midia, pela disposição e incidéiicia de silas iioticias, vem determinar os
temas sobre os quais o público falarã e discutirã.
Eaecisoa coniunga com Bs-.anos F11.1-io, quando diz:
São os meios de comunicação que divulgam em escala mundial,
informaçoes (fragmeiitadas) .hoje tomadas como conhecimento, cons-
truindo, desse modo, o mundo que conhecemos. Trata-se na verdade,
do processo nietoniniico - a parte escolhida para ser divulgada, para ser
conhecido, vale pelo todo. como se 'ci mundo todo' fosse constituido
apenas por aqueles fatosfnoticias que chegam até nosi.
Entretanto, se essasmidias forem utilizadas e contextualizadas ade-
quadamente pela escola, poderão contribuir com o exercicio da "cidada-
nia, o conliecimento das diversas linguagens e a compreensão da realida-
de social de forma atraente e agradável. Através do conliecinieiito desses
meios, o aluno poderã produzir uni programa de rãdio, de televisão, um
jornal, uma revista ou um site na internet em uni traballio interdiscipli-
nar ou multidisciplinar. A partir desse saber sobre os meios midiãticos
(agenda setting) o aluno poderã conipreendé-la criticamente.
Ú papel do professor' passa a ser, então, o de ajudar o educando a
interpretar os dados recebidos pelos meios uiidiãticos. Nesse aspecto,
GuT1F.t¬':_nF.z (I9?-8:45) ressalta:"o professorjã não é o sabe-tudo, mas sim
uni co-investigador, co -aprendiz e co-responsãvel pela ação educativali O
educando conhecendo as rotinas de produção, os processos de constru-
ção dos produtos midiiiticos, através da leitura critica, da construção da
pauta, age:-ifziri setting, gntelzeepert conipreenderã que os veiculos de comu-
3. flacceoa - Disponivel ein -clittpti ,"' vvv,-'1.v_1noder11a.com_br,~'l 'Ctiinunicaçãoƒ'artigosd.i art11_
l¬tn_i:¬..› Acesso em oo de setembro de zooo_
4.. Ver M:iu1-o l.¡:f'ollÍ"Teoi'ias da Comunicaçãoi 1999.
f
¬_ "_ _ _l I_-l Z IIII: ¡ í_ _ _ _ _ __ mí _ i_i ___.,
11' 'I
.u22 | Zansicia Alves os assumpçao
nicaçao social são produtores de sentido e de bens simbólicos respalda-
dos no discurso midiatico,
Os discursos, base na qual se assentam os meios de comunicação, per-
manentemente recon¿gurados na realidade histórica, onde se constrói
seu signi¿caclo, são amplilicados para todo o mundo. São vozes e pontos
de vista escolhidos para divulgação, que nos dão a base para nos inserir-
mos no mundo, À comunicacao passou a ser, entao, uma das instituições
que 'levam a pensarl sobretudo pela aura de conhecimento agregada ã
comunicaçao ffãaccsoajli.
O collhecimento, a compreensao e a apreensão dos discursos midia-
ticos contextualizados pelos educandos nos espaços escolares vem ao e11-
contro das praticas dialúgicas, caracterizadas por Gtrrrsnnsz (1g';f8:4-4)
como "comunicaçao nivel de baseif
Por isso, o professor precisa saber como utilizar os veiculos de co-
municaçao social em sala de aula, Ele devera discutir e analisar com os
alunos os assuntos transmitidos por eles.
O estudo do material deve ser epistemológico, de método (relativo ao
conhecimento do processo de comunicaçaofi e não tematico. Se os objeti-
vos são a discussão e o desenvolvimento do espirito critico, É inútil trans-
formar o aluno num deglutinador hipocondriaco de pílulas informativas
[Baianos F1LHo,1ggg: 3-3},
Nesse sentido, GHIL:|,a not concorda com o seu colega, quando a¿rma:
Urna das tarefas do ensino É estudar a midia para não ser 'engolido' por
ela; sua importancia depende da Função e dos usos que lhe são atribui-
dos no contexto social, Fazer do discurso da midia um ponto de partida
para a relilexão e a critica sobre os fatos do mundo É fazer da sua leitura
uma atividade criativa e critica Úgooziiil,
5. Bacsstsn - Hisponivei em -':l1ttp:.i' ,i w¬v."w.motletna.com.br,f' comunicacaoƒ' attigoƒ' art¡5.
latmr- .Fkcesso em oÀ de setembro de zooo.
ill Fiatlia no Espaço Escolar | 23
Tal atitude podera ajudar os escolares a melhor compreender a tealidaf
de midiataca, preparando-os para a recepção dos veiculos micliaticos, entre
eles, o radio, Isto porque, segundoJuno (zooa, p, 13), este veículo “alcança
95% do territorio nacional e tem a maior cobertura entre todos os meios
de comunicação, com público aproximado de go milhoes de ouvinteslf. o
que ja é reierendado por Maivassas, desde 198o, quando menciona: *em
se tratando de recepção, encontramos no radio o veiculo de massa de maior
penetração existente entre os meios de comunicação de massa um dos
mais populares" (33). Assim, o radio esta ao alcance de todas as camadas
sociais e de todos os cidadãos escolarizados ou não, ricos ou pobres, Ele
pode e deve ser utilüado para difundir programação educativa e cultural
e contribuir com a educação escolarizada e com o exercicio de cidadania,
uma das responsabilidades da escola, como instituição social,
Nesse aspecto, Rsxzasai. (1999:z1v) a¿rma:
Cl' radio colabora para que as pessoas evoluam, pensem de outra maneira
e, assim, vao se libertando de preconceitos ou estereótipos e saibam dife-
renciar não so o real do Fantastico, mas também o racional do irracional
ou entre condutores mecanicos e condutas conscientes, entre o necessa-
rio e o desejado, entre o passado, o presente e o ¿ituro,
Ao trabalhar com os veiculos de comunicacao social, especialmente o ra-
dio, os professores devem levar os educandos a observareni_qq_e¿_iLlip%gep1
do radio consiste em um sistema de signos, As palavras, os sons e os silêncios
zm---""'_'_____i-'.'__ "_'-" _ - - '
constroem codigos para uma comumcação compreensivel e coerente, Esta
lingliagem não serve apenas para registrar a realidade, visto que cada signo,
cada palavra transporta a carga de valores que cada sociedade lhe atribui, :'51
palavra matetializa a pratica social do grupo ou classe social que a utilma e
a modi¿ca permanentemente no seu cotidiano, conforme suas vivências, Ús
estudos de linguagem podem vir a dialogar com outras areas do conheci-
mento, porque mediante a linguagem acontece a comunicaçao (BaccEGa)'5 ,
15. Baocsoa - Disponível em bttp:,f' i' vvvv¬,v.moderna.con1.br.f{ÂÍomu11icacao,i artigoi' ai'tI5,
litm, Picesso em oii de setembro de zooo.
_ _ __ _ _,_ __ m- . _____ _ _
1 , "' _
_ ii _?
24 | Zeneioa alves tle ãssumocae
Nesse aspecto, a voz do comunicador (locutor) modelizada pelo apa-
rato tecnologico, da vida, colorido e ritmo aos produtos radiofonicos.
Ú radio ê sonormação e exige do radiouvinte apenas a audição porque
"suspende a imagem. Seu corpo ê voz, considerado como carga sonora, e
palavra falada. Palavras e vozes convidam o ouvinte, ao silêncio de si
mesmo ã escuta”fl\'lU1vEs, 1993:-q.I}.
A autora ao referir-se a linguagem e as caracteristicas do radio menciona:
Não ê possivel esquecer que as vozes-músicas que soam do radio, fa-
lam de perto a nossa realidade fisica e psíquica. Ú radio, como veiculo de
comunicaçao de massa e ser de cultura, ele não exerce apenas a função de
informar com rapidez e instantaneidade, tampouco se reduz ao entrete-
nimento proporcionado pela descontração de seus locutores. A voz
e a palavra constroem textos escritos e oralizados que veiculam signos
miticos aptos a rirualizar a escuta radiofonica (Nunes, roupa;-za).
Por isso, o contato do comunicador (locutor-apresentador) ê realiza-
do de forma direta, pessoal, amistosa e atraente, envolvendo o radiouvin-
te ao mundo dos sonhos, da quimera, dos devaneios, fazendo-o construir
mentalmente o que ouve no radio e sentir-se um eo-autor da programa-
ção porque 'io radio possui tudo o que ê preciso para falar na solidão.
Ele não necessita de rosto” (Baci-iaastaao apud Noivas, 199341). Isso
porque o comunicador [locutor-apresentador) unicamente com sua voz
fundamentada nas palavras, no silêncio e na sonoplastia transmite todo
o conteúdo e faz com que o radiouvinte perceba muito mais que as sim-
ples palavras. "A têcnica radiofonica extraiu a voz do mundo dos cinco
sentidos e a fez penetrar num espaço preferencial acústico estruturado
temporalmente. A voz enquanto fala emite e articula-se com ruidos e
sons" (Ki.n>r›saT apud Nunes, 19g3:.q.1).
Alêm do som, da voz e da palavra, o silêncio tambêm faz parte da
linguagem do radio. Ú silêncio na comunicação não pode ser encarado
como "io vmioif. como "o nadail C' silêncio ê o signi¿cativo. O silêncio ê o
signi¿cado que esta presente tanto na midia quanto no cotidiano da hu-
.fíl Fiaoie no Espaço Escolar ' I 25
manidade. Às proprias palavras emitem silêncio e os homens convivem
comas palavras, com o proprio silêncio. Na concepção de Qntalvnl
{1oe';r:13], "e silêncio ê a respiração (o fôlego) cla significação; um lugar
de recuo necessario para que se possa significar, para que o sentido faça
sentido. Reduto possivel, do múltiplo, o sentido abre espaço para o que
não ê 'umÀ para o que permite o movimento do su_jeito'Í
ã escola c e discurso pedagogica
A comunicação, como processo de interação humana, ê o alicerce do pro-
cesso educativo. `
As relaçoes entre educador-educando em sala de aula devem ocorrer
dialogica e horizontalmente: um fala, o outro responde e o dialogo acon-
tece de forma natural e interativa. Assini, a comunicação pode tornar-se
mediadora do dialogo, do conhecimento e da cultura.
Infelizmente, em algumas escolas predomina ainda, a comunica-
ção vertical, o "discurso pedagogico" sedimentado no saber do professor
como poder, autoridade e detentor do conhecimento cientifico. Muitos
não aceitam que o educando possua ou traga na sua bagagem experien-
cial, a cultura e o conhecimento não-sistematizado, adquirido pelas no-
vas tecnologias da comunicação e da informação (radio, televisão, Inter-
net...) e se impoem com poder absoluto e vigilãncia na sala de aula. Tal
postura impede a comunicação dialogica e bidirecional entre educador e
educando, fazendo com que o processo ensino-aprendizagem aconteça
de forma mais prazerosa e motivada.
Oatarvor (1geo:31) denomina tal posmra - discurso pedagogico -
remetendo-o as relaçoes de poder, ao "panoptismo”i, quando comenta:
o professor ê institucional e idealmente aquele que possui o saber e esta
na escola para ensinar, o aluno ê aquele que não sabe e esta na escola
fr. Ver Michel Foucaulr.`"'v'igiar e punir`",1o??.
É.
.--"
J
25 | Zcrieitla alves os .assurnoçao
para aprender. O que o professor diz se converte em conhecimento, o
que autoriza o aluno, a partir de seu contato com o professor, no espaço
escolar, na aquisição da metalinguagem, a dizer que sabe: a isso se cha-
ma escolarização.
Parece que DELEUEE e GU.aTTanI {1oo';‹':11-ia) convergem com o
pensamento de OHLANDI quando enfatizam:
Pi professora não se questiona, quando interroga um aluno, assim como
não se questiona, quando ensina uma regra de gramatica ou de calculo.
Ela ensina, da ordens, comanda. Ús mandamentos do professor não são
exteriores nem se acrescentam ao que ele nos ensina. Não provêm de sig-
nificaçoes primeiras, não são as conseqüências de informaçoes: a ordem
se apoia sempre, e desde o inicio, em ordens, por isso ê redundancia. A
maquina do ensino obrigatorio não comunica informaçoes, mas impoe ã
criança, coordenadas semíoticas com todas as bases duais de gramatica.
A escola por sempre acreditar, ser a única instituição construtora e
detentora do saber elaborado e do conhecimento cienti¿co continua uti-
lizando o autoritarismo, em substituição da autoridade pedagogica, ge-
rando descontentamento e desinteresse nos alunos para as questoes edu-
cacionais sistematizadas, conforme destaca Banasno (zooo:-55).
hoje se senta um alunado que, por osmose com o meio ambiente co-
municativo, esta embebido de outras linguagens, saberes e escrituras que
circulam pela sociedade. Estes configuram os saberes-mosaicos, como
os chamou Abraham lvloles, porque são feitos de pedaços, fragmentos.
o que não impede os jovens terem, com freqüência, um conhecimento
mais atualizado em Fisica, Geogta¿a, Historia que o seu proprio profes-
sor. Isso esta trazendo para a escola um fortalecimento do autoritarismo,
como reação ã perda da autoridade do professor e não de uma abertura
para novos saberes. Em lugar de ser percebida como uma chamada a que
se reformule o modelo pedagogico, a difusão descentralizada de saberes,
possibilitada pelo ecossistema comunicativo, resulta no endurecimento
da disciplina do colégio para controlar essesjovens_, cada vez mais frivo-
los e desrespeitosos com o sistema sagrado do saber escolar.
ã Fiaoie no Espaço Escolar | E?
Agindo dessa maneira, o professor impede e impossibilita que seus
educandos tenham visão critica do mundo e da realidade. E na interlo-
cução e na comunicação interativa que se possibilita ao aluno partilhar,
compartilhar e socializar o conhecimento sistematizado e o exercicio da
cidadania no contexto escolar e na comunidade.
Uma escola aberta esta o mundo
O professor não pode subestimar as novas tecnologias da comunicação e
da informação no contexto pedagogico. As midias eletronicos e a internet
são mais dinamicas, atraentes, rapidas e cativam mais as crianças, adoles-
centes e jovens do que a escola.
Na sociedade globalizada, essas novas tecnologias revelam-se como
uma escola aberta para o mundo porque possuem linguagens mais di-
nãmicas, envolventes, sedutoras e mais atuais que a linguagem da escola.
Elas desconhecem o discurso pedagogico e o quadro de giz, instrumen-
tos que a escola insiste em usa-los, embora ultrapassados.
Nessa perspectiva, Mons-.iv (too:-ooo) explica:
a televisão, o cinema, o radio estabelecem relaçoes agradaveis, envolven-
tes e sedutoras, que não podem ser explicadas so a partir da sofisticação
tecnologica da indústria cultural, mas que mostram a competência dessa
indústria em captar anseios, necessidades e responder adequadamente
atravês de narrativas dinamicas, :igeis e que encontram ressonancias pro-
fundas, afetivas, emotivas, consciente-inconsciente no 'receptorl
Com o avanço das novas tecnologias da comunicação e da informa-
ção, a escola deixou de ser o local exclusivo do saber. Quando a criança
chega ã escola, ja trm bagagem cultural, não sendo, como muitos educa-
Clüf¿ã PE111S111'I1. uma pagina em branco que sera preenchida pela escola. A
criança interage com outras pessoas e recebe diversas informaçoes e rea-
lidades promovidas por essas tecnologias. "A criança ja sabe ler historias
EB | Zenaide .alves tie iíissumocão
complexas, como uma telenovela, com mais de 3o personagens e cenarios
diferentes" fl'-ílonaw, I993:i83). Tambêm compreende e decodiflca a lin-
guagem da internet e dos videogames. Desse modo, tais habilidades não
podem ser ignoradas pela escola porque o aluno de hoje ê o aluno midi-
atico, o aluno tecnologico.
Um dos desafios da escola contemporanea ê procurar uma maneira
mais criativa e mais motivadora para utilizar essas novm tecnologias. A
interação do aluno com as linguagens das midias impressa, eletronica
e multimidia pode integrar a cultura tecnologica no espaço educativo e
desenvolver nos alunos habilidades para utilizar os instrumentos dessa
cultura. Assinl, ê preciso deixar de lado o conteudista e trabalhar outras
linguagens ja que a escola de hoje não pode estar fechada para o mundo,
para a realidade social e alheia ao contexto das midias e multimidia (in-
ternet), as quais influenciam enormemente a realidade dos educandos.
Nesse sentido, lvlonaiv [1g93:1o) comenta:
Ús meios integram linguagens, assuntos, realidade e imaginario,
som, imagem, palavra, música e texto. Uma das saidas para a educação
consiste em conhecer melhor os meios de comunicação, suas linguagens,
para integra-los dentro do processo educacional e perceber os mecanis-
mos de comunicação, como um todo, que acontece nas nossas vidas,
fundamentais para um processo de educação mais rico e participativo.
As novas tecnologias da comunicação e da informação com sua lin-
guagem subliminar encantam, atraem, motivam e prendem a atenção das
crianças, dos adolescentes e dosjovens, mais do que a propria escola por-
que os meios são a expressão do homem contemporâneo; por isso
ha uma afinidade cada vez maior com as crianças e os jovens, mais iden-
tificados com esse ritmo urbano fa linguagem do clipe, dos musicais)"
destaca ivlonaiv (ig-93:181).
O educador precisa conhecer as linguagens midiatica e multimidia (in-
ternet), as quais fazem parte do cotidiano do educando. Ú educandoda
contemporaneidade sabe ler e produzir textos sonoros, imagêticos e hi-
1
1m_¬_..¿m.
ii Fiatlio no Espaço Escolar Í 29
pertextos. A leitura critica, a interpretação e a produção desses textos con-
duzem o aluno a compreensão da linguagemjornalistica,` radiofonica, tele-
visiva e vvebfcomputador fradiojornal, telejornal, jornal impresso e jornal
on-line), levando-o a distinguirem e compreender o discurso simbolico.
Segundo Nrtoscoss (1991), um outro ver e compreender e, conseqüente-
mente, a interpretação da realidade e da sociedade globalizada.
Nesse contexto, a escola não deve desprezar os meios de comunicação
social e a multimidia (internet) e nem desconsidera-los no cotidiano de
seus alunos, mas inseri-los no ensino-aprendizagem, como açoes peda-
gogicas, conforme enaltece lvlonatv [1oo3:18z):
Cl' ponto de partida da educação ê reconhecer que os espaços e ins-
tituiçoes formais de ensino somente preenchem uma parte do processo
educacional. Us meios de comunicação são espaços altamente significa-
tivos de educação, porque estão proximos da sensibilidade do homem
de hoje e porque são voluntarios. os meios educam, não so sobre
conteúdos e valores, mas tambêm educam para a sensibilidade [para sen-
tir de uma determinada forma concreta e não abstrata) e educam para
expressar-se plasticamente, com imagens, com rapidez, de forma sintêti-
ca. fi escola tem que se educar para os meios e não tentar domestica-los,
incorpora-los como complemento do seu projeto pedagogico. A escola
precisa mais dos meios de comunicação do que estes da escola.
U radio como instrumento tie educação e cultura
A historia do radio brasileiro esta relacionada com a educação e a cultura.
Com o lançamento da Radio Sociedade do Rio de janeiro, em ao de abril
de Iozg, o pioneiro do radio brasileiro, o anttopologo e professor Edgard
Roquete Pinto defendia a difusão da educação e da cultura pelo radio.
Nesse periodo, a educação escolarizada vigente abalizava-se na Con-
cepção Humanistica Tradicional, conhecida como Pedagogia Tradicio-
nal ou Escola Tradicional. Essa concepção predominou no linal do sêcu-
lo xviti e atendeu os interesses da classe burguesa da êpoca porque
_ _...
SU [ Zeneitia .alves tle assumoção
,_[...j no bojo das lutas de ascensão da burgiiesia como classe dominante,
pelas quais a escola pública se constituiu, a seletividade e a reprodução,
atuais mazelas do sistema escolar jã poderiam ser'lidas' ou previstas pelo
observador atento. lsto porque a liistoria da escola pública, como das
outras instituiçoes burguesas ê a e:-tpansão das contradições da propria
burguesia, uma classe que no processo de sua. consolidação no poder dei»
:ta de ser a que impulsiona a liistoria para tornar~se a que procura segu-
rar o processo de transformação por ela mesma deseiicadeado. Foi pro-
clamando as educaçoes publicas, gratuitas e obrigatorias, como forma
de promoção de igualdade e, portanto direito de todos, que a burguesia
conseguiu ser hegemênica e garantiu o apoio de amplos setores da socie«
dade para a sua proposta político-educacional. Fi formação do cidadão
tornou-se assim objetivo comum a toda a sociedade entreta.nto, para
aqueles que participavam com seu traballio e as vezes com a sua propria
vida das lutas pela ascensão e consolidação do poder burguês, a igualda-
de formal revelou-se desde muito cedo, importante, mas insu¿cientes.
Ú ideal de cidadão burguês correspondia as aspirações de parcela muito
pequena na sociedade. Para a maioria dos setores desfavorecidos mate»
rialmente, cujo apoio a burguesia precisou, e cujos interesses articulou
em torno de seus proprios, o cidadão era livre apenas para vender sua
força de traballio, não para reivindicar em troca a participação igual no
produto desse trabalbo {l“v'lELLo, igS5:1i-izjl.
A escola pública criada pela burguesia respaldou»se, então, na Peda-
gogia Tradicional, que
da ênfase aos modelos, em todos os campos do saber. Privilegia-se
o especialista, os modelos e o professor ê o elemento imprescindível na
transmissão de conteúdos. Ú adulto, na concepção tradicional ê con-
siderado um homem acabado, 'pronto' e o aluno um iadulto em miniatu›
raÀ que precisa ser atualizado. U ensino, em todas as suas ibrmas, nessa
abordagem tradicionalista ê centrado no professor. Esse tipo de ensino
voltado para o que É eitterno ao aluno: os contefidos programáticos, a
disciplina, o professor. Ú aluno apenas eitecuta prescrições que lhe são
¿itadas por autorida.des eitteriores iílvlizoicasii, 1gS5:E).
Esse ideãrio de educação escolarizada esteve presente nos sistemas de
ensino brasileiro atê a decada de io; o, quando surgiram severas criticas a
i
A Radio no Espaço Escolar [ 31
essa concepção de educação, culminando com o Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova, lançado em iggz, no Brasil, em ãtiibito nacional. Ús
Pioneiros da Estolaiiovisriio influenciados por projetos de educação in»
ternacionais (decada de igzo] defendiam a educação respaldada na pes»
quisa, descoberta e veri¿cação, priorizando metodologias de ensino ¿in-
damentada em principios cienti¿cos e metodos ativos levando o aluno a
participar mais da escola e deiaar de ser apenas um mero espectador do
ensino-aprendizagem na sala de aula.
Com esse novo pensamento em educação, a Escola Nova oa Escola
Ativa como era chamada veio se opor ã Escola Tradicional vigente. Essa
nova concepção "trouxe ii tona eitperiências e prtijettis para a regulamen»
tação do rãdio, a ¿m de que se efetivasse o controle sobre o ensino formal,
a niiisica, a lingua, os costumes e o funcionamento tecnico das estações"
(Dãriosio, iggaiiiã).
Roquette Pinto encontrou na .Escola Nava uma aliada para a produ~
ção e difusão (pelo rádio) de programas educativos e culturais porque
com a dilíisão do ensino, a arnpliação das oportiinidades era tida pelos
representantes do emergente grupo industrial como instrumento pelo
qual seria possivel combater a aristocracia agrãria detentora da hegemo-
nia politica do pais. l'v'las marcado pelo liumanitarismo pedagógico havia
também a crença de que era necessario limpar o pais da bhaga vergonho-
sa do analfabetismo' e a eittensão da escolarização deveria ser assumida
como medida de urgência (Loans apud 1"v'Izi.i.o, iosozaz:-'].
Sendo assim, o radio poderia ser utilizado como forma de propagar
o saber sistematmado, em decorrência de seu alcance. Tal procedimento
era necessãrio para buscar uma mellior"educação" para a população que
era analfabeta. Entao,
a escola deveria utilizar, em seu proveito, com amaior amplitude posf
sivel, todos os recursos Formidaveis, como a imprensa, o disco, o cinema
e o radio. com que a ciência, multiplicando-lhe a elicacia, acudiu ii obra
de educação e cultura e que assumiam em i-ace das condiçoes geogrzi¿cas
32 | Zenaide alves tie assumpçae
e da extensão territorial do pais, uma importancia capital Ifiãzavaoo
apud Dianoeto, iooaizg).
Com essa nova concepção educacional, Roquette Pinto sugeriu, em
1933, a criação da Comissão de Radio Educativa da Confederação Brasi-
leira de Radiodifusão, com o intuito de fazer chegar atê a população co-
nhecimentos necessarios ã sua formação. i'-'*.ssini, vê-se que atravês dessa
Comissão, ele quis
promover o emprego da radiodifusão como meio de educação direta
pela divulgação de informaçê›es têcnicas e profissionais pelo auxilio ao en-
sino público, pela melhoria da saúde e da liigiene, pelo apuro do gosto ar-
tistico, pelo desenvolvimento do espirito da pa e concardia entre os povos
e pela propagação de noticias de interesse geral [EsP1i-1iiziiia., i93é1.:39].
Nesse aspecto, em 5 de janeiro de 1934. foi lançada a Radio Escola
lvluiiicipal do Distrito Federal do Rio de janeiro, atravês do Departa-
mento de Educação Municipal daquele Estado e pela Comissão de Ra-
dio Educativa da Confederação Brasileira de Radiodifusão,sob a coor-
denação e responsabilidade de Roquette Pinto (l-loaTa, igzial.
Para o diretor do Instituto de Educação, professor Lourenço Pinto, a
Radio Escola surgia como instrumento e¿cm para disseminar a educa-
ção e a cultura, quando declara:
I*-leste nimultuar de idêia.s e de sentimentos, de inven çê-es que não ces-
sam e de desequilíbrios de toda ordem, o rãdio representa uni instru-
nieiito privilegiado. Ele transpõe distãncias, devassa paredes, se insinua
por toda a parte e por toda a parte podera levar o esclarecimento e o
conselho, a dúvida que estimula e a palavra de confiança e de conforto,
que aplaca as paixões. lvlultiplicando ao in¿nito a capacidade de con-
tato da inteligência humana, o radio desde que colocado a serviço da
educação, cooperara para a desejada unidade espiritual, sem compressão.
No dia em que, no Brasil de tão largas distãncias e de tantos núcleos
de produção segregada, os serviços de educação puderem dispor desse
maravilhoso instrumento de cultura, a consciência nacional gaiihara em
certeza e em força, e os destinos da Nação, porque mais esclarecidos,
a Flatlio na Espaço Escolar | 33
ganharão em direção e segurança Ú microfone cenniplicara o poder
de extensão da obra civilizadora das escolas; dirã aos pais como e porquê
se educam as Crianças em novos caminhos; leva para todos, indistin-
tamente, nas horas de lazer, a educação musical e literaria; propiciarã
ao magistêrio, nuni mesmo instante e na hora precisa, o esclarecimento
da tarefa a cumprir, para maior solidariedade de propósitos {5a.Loano
apud Honra, iazizriiafi.
A meta dessa radio era transmitir, diariamente, conhecimentos siste-
rnatizados para as escolas e para o público em geral. Os alunos matricu-
lados recebiam, antecipadamente, as apostilas das aulas radiofênicas pelo
correio. Eles acompanhavam as aulas por essa Radio e resolviam as ques-
toes que estavani na apostila e as remetiam pelo correio. Quando surgiarn
dúvidas sobre os exercicios, se comunicavam com a Radio-Escola por te-
lefone, cartas ou visita aos estúdios da emissora, explica I-loiti'.‹i (taça).
Segundo esse pesquisador (igaz), ap-as um ano de transmissão, a Ra-
dio Escola lvlunicipal do Distrito Federal do Rio dejaneiro havia recebido
io.Soo trabalhos de seus alunos-radiouvintes. No segundo ano de funcio-
namento contava com 1.81S pessoas matriculadas e 6.119 trabalhos recebi-
dos. Em 1936 possuia i.16o alunos-radiouvintes e z.86›5 trabalhos recebidos.
Os alunos inscritos em 1931 nos cursos de lvlatematica e Fisica encaminha-
ram ã Radio Escola 5395 trabalhos. Dois anos depois (1939) ocorreu uma
redução na entrega das tarefas escolares em relação aos anos anteriores.
Os alunos dos cursos de Ciências Físicas, Matematica e Ciências Sociais
apresentaram apenas 9,.z59 trabalhos. Em compensação, no ano de 1941, a
Radio Escola registrou uni recorde de zo.43:.=' trabalhos recebidos.
A disseminação de palestras, conferências educativas, educação se-
xual, programas sobre a educação formal e a instrução erani os "carros-
chefes" do rãdio, considerados pelos adeptos do rscolaricvaisiifio de impor-
tãncia capital, no sentido de “instruir” o contingente de analfabetos que
havia no Brasil.
Nesse aspecto, a professora lvlaria Ivlarta Chagas de Caavatno
{1oag;;:fE.-zig), em sua obra A Escola e a Repablica, menciona:
34 | Zeneitia alves tie assumoçao
[...) a formação de hábitos saudaveis era objeto de atenç-úes especiais. .fã
saúde não era somente um dos temas preferidos das preleçoes cívicas nas
festividades, como também objeto de celebração em inúmeras competi-
çoes esportivas oferecidas em espetáculos como modelos exemplares de
comportamento. O esporte e a vida saudavel simbolizavani a energia, o
vigor, a força, a operosidade, signos de progresso inscritos no corpo que
conhece o movimento adequado e útil para cada ato. Preceitos de higie-
ne eram divulgados ein palestras e folhetos ou constituidos ainda pelo
incentivo a organização de Pelotoes de Saúde, em preceitos civicos de
bom comportamento. Cl escotismo, fusão exemplar de vida saudavel e
moralizada era iniciativa que contava com todo o apoio da aee.
Nessa mesma perspectiva, D'ã.1-1os1_o (1994:41) afirma:
.Fi institucionalização dos efeitos moralizantes preconizados pela'Escola
Nova* encontraram eco com a criação de úrgão especifico no lvlanifesto
da Educação e Saúde, e utilizavam todos os meios de comunicaçã.o que
a têcnica moderna apontava, para levar as massas os conhecimentos e
as informaçúes, que lhes proporcionasseni melliores condições de vida,
quanto ao lisico, ao moral e ao intelectual.
Respaldando-se nessa realidade educacional, o professor de Educa-
ção Fisica, Oswaldo Diniz Magalhães, conforme destaca Sêrgio Canva-
L1-io (1994), propêie em 193z, aos diretores das Radios Paulista e Cruzei-
ro do Sul, em São Paulo, a produção e apresentação de um programa de
ginastica fundamentada nos preceitos da Educação Fisica e da Educação
lvloral e Civica. O programa tinha por objetivo a valorização do carater,
da dignidade, dos bons costumes e objetivava o civismo, o amor a Patria,
os deveres do cidadão, o respeito as datas civicas, biografias de pessoas
ilustres e hinos.
Para o autor, a Hora da Ginastica era "uma escola radiofêinica de saú-
de, moral e de civismo em bene¿cio da coletividade" (1994133). Veicula-
do, inicialmente, pela Radio Educadora Paulista, em io de maio de 193z
constimia-se de dois blocos: Ginastica e Suplemento. O bloco da Ginastica
abordava marcha e exercicios (livre e com bastão), corrida e marcha final.
ii'-. Fiatiio no Espaço Esoolar I 35
O bloco Suplemento consistia na divulgação educativa sobre: o pensamen-
to do dia (varios autores); efemêrides (datas nacionais, dados biogra¿cos
de pessoas ilustres); correspondências (leitura de cartas com sugestões
dos radios-ginastas); Educação Moral e Cívica (temas cristãos; hino dos
radios-ginastas Seinprc a postos pelo Brasil e filosofia) e Educação Fisica
(valor da ginastica, dieta e exercicios, valor da alimentação, higiene pes-
soal e social, iniportãncia dos exames mêdicos periódicos e apoio da cam-
panha mêdica). O sup lc-:nen to servia como suporte teê-rico para as aulas
realizadas pelos radios-ginastas, (Sêrgio Caava 1.1-io (1994).
Segundo esse pesquisador (1994), a programação era transmitida
diariamente e com duração de vinte e cinco a trinta minutos. fãs aulas
começavam com marcha rítmica e exercicios (braços e pernas, dorsais,
lomhares, laterais, abdominais, de equilibrio e respiratúrio), ¿nalmando
com uma pequena corrida.
De 1933 a 1936, o programa deixou São Paulo e passou a ser veiculado
pela Radio lvlajrrinck Veiga, no Rio de Janeiro. De setembro de 1936 a
1945, suas transmissões acoiitecerani na Radio Nacional. Pipas nove aiios
de difusão ininterrupta nessa emissora, Hora da Ginastica foi transferida
para a Radio Globo e la permaneceu por vinte e quatro anos.
A Radio MEC transmitiu o programa durante dezessete anos (1955-
i9';~'z). Eni i9*,?o, ameaçou tira-lo do ar. Não concordando com tal siniação
e não encontrando mais espaço para veicula-lo, o professor Diniz lvlaga-
lhães deixou de apresenta-lo no dia 16 de maio de i9',;fz, quando o progra-
ma conipletava quarenta anos de transmissao ininterrupta, desabafando:
Queridos radios-giuastasl lvlinha longa e sentida despedida começou no
dia ai de abril passado, e termina nestes minutos finais da minha pre-
sença ao microfone da Radio ivizc. Sinto-me, apesar de tudo, confortado
por haver podido chegar a esta etapa de quarenta anos- Dentro da radio
instãvel e volúvel, nenlium outro programa alcançou prolongada existên-
cia. Âtravessei periodos realmente dificeis, fases em que os empecilhos
soinente foram vencidos ou contornados, graças a minha força de vontade
e convicção quanto a utilidade de nossa escola. Dediquei o melhor perio-
do da minhavidzi a esta campanha de saúde e de energia pelo radio. Não
---”5'F-'-*_7""-="--i'__- _ ----
.¬.35 | Zenaide alves de ,üssumeçse
me arrependi: pele centrarie, seu feliz per isse. Ni-ie pederia ter realizade
eutre trabalhe tãe útil, tee patrietice e liurnanitzirie. l“-iãe pudemes rea-
lizar tede e plane geral, per nes faltarem, infelizmente, es meies neces-
sãries. Efetnames, centnde, grande parte desse pl.ane, atraves das aulas e
de suplemente, ensinande ginástica, higiene, meral e civisme, histeria,
pátria, trarisl'-ertnande es lares em ginásies, criande e disciplinade e ative
Exercite da Saúde, para lutar, sem esmerecer, a faver da eugenia nacienal,
a base selida em que se ¿rtnará a pujança da raça - elemente vital para a
grandÀa de Brasil. Ó nesse menumente na Praça Saenz Peña lemlerari-i,
per muite tempe, a participaçäe menumental des admiršiveis riidies-gi-
nastas ne melheramente ¿sice e meral da gente brasileira. Minha reselu-
çãe de enterrar e pregrama aes quarenta anes lei apresentada ae direter
desta Ršidie, e qual temen tenhecimente da referida cemunicaçae e a
aceiteu _ Ja me despedi de vell¬.e cernpanheire Jerge de Seuza Paiva,
nesse pianista desde a Rádie lvlavrinclt Veiga. Fei e maier pianista e
acempanhader da Hera da Ginástica, de tedes es que e cenheceram
É natural sentir a falta da escela que amames. Sabemes, perem, e quante
e real e pensarnente de entem, e ditade pepular: 'nãe há bem que sem-
pre dure, nem mal que nunca acalael Lembrar-me-ei de veces, multidãe
de crianças e adultes, gentes risenhas e simpáticas, bens cempanheires
e amiges. Lembrar-me-ei de tedes. Saúde e felicidades, riidies-ginastasl,
destaca Sergie C.aavaL1¬1e [1eez:|.:155-5e}.
É importante ebservar que nesse periede histerice (décadas ze e ge)
- quande sãe transmitides pele r:-ídie, ejernal de Pra¿ssser [neticias, netas
e cenferencias sebre Ciencias, Fartes, Literatura e Educaçãe) apresentade e
cementade per Requette Pinte; as transmissees da Radie Estela .lvlanitipal
de Detrite Federal, ne Rie de Janeire fcenteúdes instrucienais), Hera da
Ginastica (cem temas sehre ginastica, saúde e higiene] e pregrainas stilire
cdacaçae seataal [Rádie Cajuti] - delineava-se, cemejá foi rnencienade, um
"tampe" fertil para esses "ensinamentes" sustentades pele idetirie da Estela
Nena. Àssini, e rádie, juntamente cem e disce e e cinema, passava a
representar a pessileiljdade des escelanevistas levarem a tedes es lares a
pedagegia secial experimentada na escela [...l” {D'ai-re1sLe, Ieeazgäl.
0 pregrama Hera infantil, eutre eitemple dessa realidade, era pre-
duzide e veiculade diariamente das tghgemin as 14 heras, pela Radie
iii Flatlie ne Esesçe Eseelar l 3?
Estela Municipal de Distrite Federal, ne Rie de Janeire, sela a erientaç.:-'ie
e respensabilidade da prefessera Ilka Lalíiarthe e disserninava liçees de
Ciencias, Narrativas de Viagens e Música.
Segunde Esetisu-Iziaa, "a pregraniaçãe destinava-se a infância e cen-
tava cem centenas de crianças inscritas ceme cerrespendentes. Diaria-
mente, elas entravam ern centate cem a emissera per cartas, telefenemas
eu pessealmente" {1e34:3z].
Pts experiencias radiefenicas educative-culturais direcienadas às
crianças e veiculadas pela Rádie Seciedade de Rie de Janeire e Rádie
Estela Municipal de Distrite Federal {Rie de Janeire) registradas na
decada de I-age, inspiraram eutras emisseras radiefenicas preduzir e
veicular pregramas dessa mesma natureza, ceme ecerreu em Curitiba
(Paraná), em I959.
Nesse ane, a Rádie Santa Felicidade preduiu e transmitiu aes sába-
des, as 1Ç~'l¬.3emin, deis pregramas infantis: Radie Ttatre para Crianças e
Histórias lnƒan tis. As crianças apresentavam e interpretavam centes da
literatura infantil, "ae vive" (Msnneraça, 199 6
Heje, deis pregramas desse genere fazem parte de cenzírie brasileire:
Radie Ivlalata e Carreiel de .lnvençees - Cidadania nas Ondas de Rsidie.
À Radie Malata e um pregrama educative-cultural idealizade e apre-
sentade per Ze Zuca, em cadeia cem as R:-ídies Mec .am e Nacienal ara
fliie de _]aneire]. Ú pregrama censtitui-se de músicas e dramaturgia di-
recienadas as crianças. A transmissãe acentece aes sábades, das II heras
ae meíe dia. As crianças participam "ae vive" de pregrama nes auditúries
dessas emisserasi.
O Carrctel de ,lneençees - A cidadania nas Ondas de Rddiefi' e tambem
dirigida ae públice infantil e de caráter educative-cultural. Preduzide e
idealizade pela Asseciaçãe Mevimente de Edncaçãe Integral Paule En-
S. l-L-inte i'vl.~u.Uca: Uispeiiivel em littpiƒ 2' 1.vvvw.radieinec.cern.l:›r,l litmir'neticiai'e551e,=" ra-
dieinaluca 3» Acesse em ee de marce de zeee.
gi. Caaaezec na liwvewciees: Lilispenivel em |1ttp:,|"' r"'¬›1v'¬.v"v*|z‹'.rel::-idia.ei'g.bt,|"' litmlil fef 1'eg.'l
rng.l'itn1 3- Fkcesse em ee de matce de aeee.
jí í _ ___. '- ¬'-me
SE l Zeneitia alves tle ilssumeçee
gert (Àmappe), desde 1993. O ptegtama e disttibuide e veiculade gratui-
tamente per diversas emisseras brasileiras.
Per ser um predute educative e cultural e direcienade ae públi-
ce infantil, e ptegtama fecaliza muitas brincadeiras, esterias, músicas,
dramaturgia e cutiesidades sebre e munde da criança. A fantasia e a
imaginaçiie fazem parte de pregrama e see censtru.idas, cenferme a
linguagem de tádie.
A linguagem lúdica, e clima alegre e descentraide, a pteecupaçiíe em
educar e exercitar a criança para a cidadania, siie es ebjetives de Carrctcl
de lnvcnçets. A preduçãe de pregtama abusa da seneplastia e des efeites
senetes. A trilha musical de abertura busca despertar a imaginacae da
criança cem es dizeres: "Carretel de invençees, imaginaçees, fiat, desfiat,
cantar, tecer, viver de invençees, Cattetel"*'°.
Pet apresentar pteduçãe textual e tecnica em releve, e Carretel de
lnvençecs recebeu da Ftindaçãe ABRINQ, em 1995, a premiaçãe ceme 'ie
melhet ptegtama de ane" peles diteites da criança.
Eseelas radiefünieas ne cenárie mundial e brasileira
Ú rádie já fei muite utilmade para fins instrucienais, na maieria des pai-
ses desenvelvides e petiferices de munde. Õ ensine insttucienal e a edu-
caçäe fetmal ¿zerarn parte da grade de pregtaniaçâe radiefenica, a partir
da segunda metade de secule nat, embera, essa tecnelegia tenha surgide,
em âmbite mundial, em 189 e. ri
A utilizaçãe de tiidie para esse lim e decettente de suas preprias ca-
racteristicas, cenfetme menciena lvleaean (I9*;‹'?:I3e}:
[ml Àceitabilidade. eklcança uma audiencia espalhada per tede e mun-
de. Raidjes petteteis de baixe custe sãe usades nes paises em desen-
Ie. Uispenivel em cl1ttp.,l,rlvv¬te.sttebidia.erg.br,f'l¬itmlliiizlrei]«l1t1g.l1tni:=- Acesse em ee de marçe
de aeee.
iii Fladie ne Eseaee Eseelsr | 39
velvimente para infermaçãe, enttetenimente e educaçšie. Ptcessivel
a pepulacäe des paises em desenvelvimente, pederia ser uma escelha
natural ceme meie de ceinnnicaçee principal para educaderes, tentande
atingir a clicntelas diversas em pregramas de educaçäe nãe- fe tmal. Esses
pregramas, se feites pela televisãe, pederiam alcançar se uma pequena
parte de públice petencialmente atingide pele redie. C1' rsidie divide cem
es eutres meies de cemunicaçäe a pessibiliclade de rápida mudanca e
revisae des cutticules escelares. E pessivel intreduzit um centeúde neve
nas escelas pele radie eu televisäe cem um pequene attase de tempe
desde que isse niie exija um retreinamente extense de preiessetes.
Em se ttatande de centeúdes instrucienais, e rádie apresenta mais
duas vantagens: flexibilidade e baixe custe.
Flexibilidade, tante na ferma des ptegramas quante nas pessibilidades
para es euvintes. Pede ser usade para simular a cemunicaçãe unilateral
ttadicienal da sala de aula atraves de pteleçees. Entrevistas cem espe-
cialistas eu lideres, discussees, pregramas de audiencia que permitem
diálege entre e emisser e e recepter Uma emissae ativa pede per-
mitirque um grande númere de pesseas participe de acentecimentes e
atividades significativas. Oferece tambem ae euvinte censideriivel Flexi-
bilidade e nae tem que ser cen¿nada ceme a insttucãe em sala de aula
ttadicienal eu eutres meies tais ceme a televisãe. Uma pessea pede eu-
vir sezinha eu em grupe, tante ne repeuse ceme ne trabalhe de tampe.
É pessivel cenduzir uma grande variedade de eutras atividades lecais
eu enquante se euve e rádie. Baixe custe, tante para a preducãe quante
para a transmissäe flvleaean, Ieeçetj-',e:l.
Cenfetme lvleneaiv, a primeira experiencia de Rzídie Estelar surgiu
na Tailândia em 19-58. Pt riidie pteduziu, na epeca, pregtamas sebre cen-
teúdes instrucienais ditecienades para altmes que freqiientaram aulas
nas primeiras a decimas series escelares.
Essa experiencia estendeu-se, segunde esse auter, para eutres paises.
Em ieeq., Quenia seguiu e mesme exemple da Tailândia utilizande e
tádie ceme insttumente de ensine para transmitir aulas de Ciencias para
es alunes que freqiientavam aulas nas últimas series de curse primiirie.
45 l Zenaide alves de ilssumpçee
Nesse mesme ane, Quenia registteu em relateties educacienais de que
8% das crianças que fteqiientavam aulas ne ensine ptimárie utilizavam e
tádie nas salas de aulas.
Na Itália, a realidade náe fei muite diferente. Em lgfrz, eelie das esce-
las primárias e 3e'ie das escelas secundárias tambem faziam use de tádie
ceme cemplementaçáe da sala de aula.
As escelas ceteanas tiveram a mesma sette. O tádie tambem fez par-
te, nesse periede, de universe edutatienal de suas escelas, cem a trans-
tnissáe de centeúdes instrucienais sebre Ciencias, Músicas, Estudes Se-
tiais, Lingua Cereana e Educaçiie Anti-Cemunista.
Ern Igee fei a vez de lvlexice. As escelas mexicanas rurais t semi-ru-
tais levaram e tádie para dentre das salas de aula e utilizaram-ne para
a transmissãe de centeúdes instrucienais ditecienades aes alunes que
fteqüentavam aulas nas quartas, quintas e sextas series.
Nesse mesme ane fei criada a Rádie-Primária. Apes tres anes de
funcienamente (19-*;›'a], a tádie havia atendide mais de aeee alunes.
A China, Sri La_nl<a,_lapáe, Malásia, lvlengelia, República des Cama-
tees, Senegal, Zaire e Nigeria usaram, tambem, e tádie para a di¿isáe de
centeúdes instrucienais, segtmde lvíeaeaiv (1e',r;‹':133).
Ú auter destaca ainda:
Em ieee, mais de eeiiz das escelas daAustrália recebiam transmissees de
tádie instrucienal. Essas transmissees censistiam sempre de pregramas
de enriquecimente curricular para suprir aulas que, de eutre mede, es
alunes náe pederiam receber. As escelas da Ínglaterra tambem utiliza:
rarn e tádie para ampliar a eferta de materia (1e';z'?:133).
A Alemanha utílizeu, tambem, e tádie para fins educacienais, cem
as experiencias: Radiefenia Estelar (lSthulfurik') e Celegie Radiefenice
i[*Funldtelleg'] em igee, cenferme afirma Zaire {ie1izr:1e.q.).
Fei a 'Scbulfunki a primeira prática a ser sistematicamente desenvelvida,
seb a erientacáe des planes de ensine das escelas públicas primárias e se-
cundárias, ptedmin de basicarnente pregramas de enriquecimente para
ll Fletlie ae Eseaçe Estelar | 41
praticamente tedas as disciplinas O desenvelvimente de tais fermas
de pregramas que se estabeleceu seb e neme de Celegie Ratliefenite, re-
menta ae ane de ieee. Ú que esta eveluciie apresenta de neve reside, se-
bretude, ne fate de que a radiedifusáe cernecava ultrapassar a sua frentei-
ra ttadicienal, já náe mais se limitande á mera emissáe de sinaisffrata-se
de inicie de uma assetiacãe entre pregramas tientilicarnente erientades
e sistematicamente prejetades e a pessibilidade, per parte de euvinte, de
ter cemptevade a sua participaçáe cem exite. [Pesteriermente veie acres-
tentar-se e use adequatle de material impresse cemplementar.) A estru-
tura menelegada prepria de meie radieienite adquiriu. pertante, uma
ceniplenientaçáe metliante um sistema de reaceplamente, garantinde e
reiluxe da infermaçáe, per exemple, cem e use de exercicies a serem cet-
rigides e de prevas e exames tem direite a certi¿catle.
Nesse sentide, es estudes de Lneseivs (1984) apentam para diversas
experiencias de escelas tadiefenicas que já fizeram parte e atuaram tem
fins instrucienais na America Latina e ne Brasil.
NaAmerica Latina, a Estela Raditƒenita Santa Maria (República De-
minitana) preduziu e veituleu pregramas de alfabetizaçáe ditecienades
aes campeneses. Na Belivia, as Escelas Radieƒenicas Nessa Scnlaera des
Barges c Sae Rafael censtruirani e veitularam pregramas sebre a educa-
çáe fundamental integral, especificamente, pregramas de alfabetizaçáe e
pregramas ditecienades iii premeçiie humana e ae desenvelvimente da
cemunidade, na tentepçáe da edutaçáe libertadera. As Estelas Radieƒe-
nicas Pepalares de Eqaader (nave) e a Rcidie Ivlenscat (Equader) pteduzi-
ram e veicularam, tambem, pregramas sebre a educaçáe fundamental in-
tegral e pregraniaçãe visande á premetae humana e e desenvelvimente
da temunidade. Ús pregramas sebre a premeçáe humana e e desenvel-
vimente da temunidade fizeram tambem parte da grade de pregraniaçáe
das Escelas Radiefenitas da Açáe Call-aral Pepalar faclee, Celembia), .lns-
titate de Caicara Pepalar (iivcure, Argentina] e Radie La Vez de La Ces-
ta (Chile). 'Ú l-nstitate Cestariqaenlae de En_sine .liladitrƒenite (IEEE) cens-
truiu pregramas veltades ae Ensine Supletive sebre a Educaçáe Geral.
As Escalas Ra-:rliefenicas Taralzvansara flvlexicej e Hacyaceceta (Nicarágua)
i *___ “ii 1
¬
42 | Zenaide .alves de tissumeçee
dedicaram-se á preduçáe de pregranias sebre lvlateniática Básica e e Ser-
vicie Radiefenice para a America Latina (SERPAL - Uruguai) preduziu
pregramas radiefenices sebre Educaçáe em Grupe (198a:z9-31).
As primeiras experiencias de Escelas Radiefenicas brasileiras tem eb-
jerives iristrucienais datam de 1941, cem a criaçáe da Universidade de Ar,
cenferme pesquisa de Leetierva (1954). Segunde essa auteta, a Universi-
dade de Ar centeu tem e apeie da Rádie Nacienal de Rie dejaneire (Pne-
S), ebjetivande e aperfeiçeamente epistemelegice de prefesseres e alunes
tem a transmissáe de centeúdes cegnitives e da veri¿caçáe pedagegica. O
mesme ecerrende apes seis anes (1943), tem e surgimente de pregrama
Universidade de Ar de See Paale direcienade ae pequene cemerciante, ceni
aulas de Pertugues, Aritmetica Cemercial, Tecnicas de Vendas, Educaçáe
Pelirica e Ciencias Seciais pelas Rádies Assetiadas de seivac e snsc e
atingiu a capital e e interier de Sãe Paule. A Rtidie Clalzir de Valença (zrivi-
',?) transmitiu em 19§e, e Curse de Alfabetmaçáe de Adultes.
Cem e surgimente de Serviçe de Assistencia Raral (aaa) foi trans-
mitide pele tádie em 1958, e Curse de Alfabetizaçáe para Adultes e
Adelescentes. O pregrama visava á tenscientizaçáe e pelitizaçiie da pe-
pulaçãe rural. A Represcntaçae Natienal de Ernisseras Católicas (aeivec)
uni¿teu ge emisseras e produziu pregramaçáe radiefenita direcienada
á pepulaçáe urbana. O Sistenia de Riádie .Educativa Nacienal (strieivri)
crieu e sistema de rádies educativas regienais públicas e privadas; plane-
jeu a preduçáe e a distribuiçáe de curses básices da educaçáe estelariza-
da pele rádie. Em 19-59 apareceu ne cenárie nacienal, e Sistema de Rarlie
Edacative de Estade da Paraiba (stneaa), cenveniade cem siaervsi. Essas
duas instiniiçees utilizaram-se da Rádie Tabajara, emissera eficial, para
preduzir e difundir pregramas instrucienais (LEeeei-Is_, 1984).
Outra experiencia educacienal tem tádie fei criada pela Igreja
Catelica para disseminar a edutaçãe básica e a instruçiie atraves de
Mevimente de Edacaçiáe de Base (MEE), quande, em algumas dieceses
de nerdeste, escelas radiefenicas feram supervisienadas pela Cenfe-
rencia Nacienal des Bispes de Brasil (CNBB). Em 19e1, e mevimente
______s__ -- - * ' 
J
--Pr-ur
ia Fiedie ne Eseeee Eseelerl-43
fei eficializade pele geverne brasileire, e e que apentam as pesquisas
de Leeeeivs (1984). "
Esse tipe de atividade envelvende igreja tatelica (Brasil) e alfabeti-
zaçáe existia desde t95e, quande Frei Gil Benfim, da Úrdem de Sáe
Francisce, apresenteu as aiiteridades eclesiásticas uma prepesta sebre
alfabetizaçãe tem aulas diáriasll cemenra Ivieautaii (1991, p. ze).
As escelas radiefenitas supervisienadas pela civee espelharam-se
na experiencia da Rddie Sataten-za, na Celembia. Ela fei um des para-
digmas para as escelas radiefenicas brasileiras ne periede pre-19ea. O
tádie brasileire acempanheu e viveu uma experiencia significativa de
educaçáe pepular, tem a participaçáe de radieuvintes na dinámica das
emisseras e e desenvelvimente de uma censciencia critica atraves dessa
midia. (Menaiv, 1993).
As escelas radiefenicas, cenferme e Institute de Planejamente Ete-
nemice e Secial, visavam a
tenscien tizacáe e amudança de atinides das cemunid:ides.Censcientizacáe
para e iviee significava e tecenhecimente pele educande de seus valeres,
da significaçãe de seu trabalhe e de si preprie ne inunde. A mudança de
atitudes era entendida ceme dispesicae a açae censciente e livre, a partir
da cempreens:-'ie e critica de situacees cencretas. A instnimentaçãe repre-
sentava a infermacáe e a habilitacáe: ler, escrever e interpretar textes cem
siruacees e vecabuláries especifices da área rural, distinguir e identificar
relaçees entre as iristiniiigees e estruturas setiais, ecenemicas, peliticas e
religiesas, eperaçees matemáticas essenciais, cenhetimente e utilizaçrie de
legislaçáe e as petencialidades ecenemicas da temunidade ende viviam. O
Mes trabalhava, ainda, tem instrumentes de erganizatáe: tecnicas de tra-
balhe em grupe, legislaçãe básica sebre asseciacees, clubes, ceeperativas,
sindicates e etganmaçecs peliticas (I9Çf'e:z*;f-ze)
Os pregramas envelveram treinamentes, curses, encentres, cen-
gresses, animaçáe pepular, reuniees de cemuriidade e festas pepulares,
assesserias tecnicas diversas, grupes de representaçãe e publicações.
O lvlevimente de Educacáe de Base atendeu na epeca, mais de ztiz
municipies de nerte e nerdeste de Brasil, principalmente ne Amazenas,
4-fl ] Zeneítla alves tis ãssomoçso
Parã, Piaui, Cearã, Rio Grande do Norte e Sergipe. Seu trabalho era ex»
tensivo ãs Secretarias de Educação, Saúde, Agricultura e Sindicatos.
Durante os dez primeiros anos fiooihovi), o mas ministrou cursos
de equivalencia do antigo curso primãrio (primeira a quarta serie) para
mais de quinhentos mi] participantes. Somaram»se, neste periodo, mais
de sete mil radiopostos com tres mil monitores.
Em tora., mais de quinhentas mil pessoas participaram dos cursos
pelo rãdio. Em Io?-1, mais de vinte mil se inscreveram na primeira fase do
curso supletivo do primeiro grau e onze mil na segunda fase, de acordo
com dados do Suplemento da Revista Brasileira de Teleducação (19%).
Alem do Mas, outras experiencias radiofonicas educativas foram pro»
postas, a partir de 1954, pelo governo federal, que acreditava no rãdio
como meio para difundir a educação, a cultura e reduzir o analfabetis»
mo que assolava o Pais. Surgiram diversas escolas radiofonicas mantidas
pelo poder público: Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (ra»
nas), Fundação Educacional Padre Landell de Moura (restam), Funda»
ção Padre Anchieta (Fra), Projeto Minerva, Projeto Samaúma e a Fun»
dação Roquete Pinto.
O Iaozs "teve sua origem num convenio entre o Mac e a Secretaria de
Educação e Cultura do Estado, em 1965" {t1=-Ea, 197-5:3.5}. Transformou»se,
em dezembro de 1969, numa fundação vinculada ã Secretaria de Educação
do Estado da Bahia, com sede em Salvador, com as seguintes finalidades:
executar, com exclusividade, todos os serviços educativos do Governo do
Estado da Bahia, atraves do rãdio, televisão, ensino por correspondencia
e outros meios de comunicação de massa; oferecer os mais variados cur-
sos nos niveis pre»primãrio, primãrio, medio e universitario, ã população
do Estado atraves da radiodifusão de sons e imagens (televisão), rãdio e
ensino por correspondencia; oferecer uma faixa constante de programa»
ção educativa e cultural, atraves dos mesmos instrumentos de comunica»
ção; promover a formação e o aperfeiçoamento do pessoal tecnico e do»
cente para o exercicio do magisterio, atraves dos meios de comunicação
de massa; promover levantamentos, estudos e pesquisas relacionados
com os meios de comunicação de massa aplicados ã educação nas ãre»
iii Ftstlio no Espaço Escolar ] 45
as de planejamento, produção, utilização e avaliação; produzir material
didãtico de apoio ã programação educativa e cultural desenvolvida pelo
prdprio Instituto; promover o intercãmbio de informaçoes, experiencias
e material, articula_t1do»se, para tanto, com as instituiçoes congeneres,
nacionais e estrangeiras; exercer outras arividades necessãrias ao cum»
primento de suas ¿ualidades fIPEa, I9Ç«'i5:3'?}.
Cumprindo essas finalidades, o Iaoss transmitiu de 1965 a iovçf,
cursos de madureza ginasial, cursos de preparação de professores para
o concurso de magisterio, cursos supletivo, cursos de informação pro¿s»
sional e cursos de educação sanirãria (Lzosoivs, 1984].
Desde que transformou»se em fundação, em 1969, o Instituto vem
sendo reconhecido pelo governo baiano como sistema de Educação a
Disrãncia Ifoaul com articulação direta com o ensino público.
.fílitualniente Ízoov), o raoas "tem como missão di¿indir cultura e
educação, alem de oferecer importantes serviços ã comunidade.. a Tv
Educativa e a Rãdio Educadora FM procuram divulgar a historia, as tra»
diçoes, a arte e as belezas da Bahia e de sua gente" ".
Foi criada em Igrãz, no Rio Grande do Sul, a rarcaivt, instituição pri»
vada que tinha como objetivo difundir a educação pelas midias.
À epoca, o departamento pedagógico dessa Instituição dedicava»
se ao planejamento, anãlise e supervisão dos cursos educativos pelo
rãdio e televisão.
Ela trabalhava com a recepção organizada nas comunidades. .elos
poucos foi aumentando a sua rede de recepção e supervisão e diversifi-
cando os meios de comunicação social utilizados. Trabalhava com o rã»
dio, material impresso e televisão.
Uma de suas preocupaçoes era a capacitação de recursos humanos.
Flor isso, realizou inúmeros cursos e seminãrios nos llorãrios da Portaria
Interministerial 1~aEcƒ'I~aI1v1co1v1 .q.oS,fÇ~'o, que determinava a sistematiza»
ção do uso do rãdio educativo, alem dos horãrios patrocinados. Hssini, as
Ir. Uisprinivel em 1*1rrp:f.fl1.vvv¬.v.irdeb.lr›a.gov.br,"irdeb.|itm| 3- acesso em oe de lievereiro de zoo;
-'-1|5 | Zenaide alves de Assumpção
emissões radiofõnicas totalmaram 136 horas semanais. Em julho de I9?5
foram 9.5oo horas anuais por emissora nos horários da Portaria .:1.o3fÇ»'o,
e z5o horas veiculadas por nove emissoras em horário pago.
Na decada de 9o, a 1=EPLa1v1 consolidou»se como organização não »go»
vernamental (onto) e continua desenvolvendo atividades de ensino desci»
nadas á educação não»formal, cursos e programas educacionais diversos.
Tais atividades são realizadas atraves do uso dos meios de comunicação
social, da promoção da integração comunitária, da experimentação e da
aplicação de novas metodologias de ensino; da realização de programas de
desenvolvimento sõcio»culrural, da implantação de processos especificos
e da execução de programas educativos de baixo custo (FsrLas1, 1993).
Conta com o apoio da Secretaria da Educação do Estado do Rio
Grande do Sul e transmite programas culturais”.
A Fundação Padre Anchieta foi criada no Estado de São Paulo, no
governo Roberto Costa de Abreu Sodre, pela Lei Estadual 9.849, de a6
de setembro de 1967:.
Nesse período, a Fundação providenciou equipamentos para montar os
estúdios de rádio e televisão, preparou equipes para a operação e manuten-
ção tecnica, realizou

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