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CONTRATOS- PARTE GERAL Roteiro n°7 Professora: Laura Dutra de Abreu 5° Período Direito 1.7- Princípio da Relatividade dos Efeitos Contratuais: > Regra geral, os contratos só geram efeitos entre as partes contratantes, razão porque se pode afirmar que a sua oponibilidade não é absoluta ou erga omnes, mas, tão somente, relativa! > No entanto, existem figuras jurídicas que podem excepcionar essa regra. >Por exemplo, é o caso da estipulação em favor de terceiro (436 e 438 do NCC), quando A convenciona com B que este deverá realizar determinada prestação em benefício de C (alheio à relação jurídica obrigacional original). Outro exemplo seria o contrato de seguro de vida, em que consta terceiro como beneficiário. > Esse princípio é consubstanciado na antiga premissa “res inter allios acta”, ou seja, o contrato não pode obrigar e nem prejudicar terceiros estranhos áquela relação jurídica. > MHD, por exemplo, coloca o artigo 1792 do NCC, como exceção á essa regra- responsabilidade dos herdeiros do contratante. > Outro exemplo muito usado pela doutrina, é a de um promotor de eventos que promove o espetáculo de um cantor famoso. Caso esse cantor não compareça ao show, responderá aquela que fez a promessa perante o outro contratante (artigo 439 do NCC). Se foi o próprio cantor que assumiu o compromisso, aí incide a hipótese do artigo 440 do NCC. > Vide artigos 19 e 29 do CDC- CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO OU BY STANDER- OU SEJA, SEGUNDO TARTUCE, TAIS DISPOSITIVOS, APLICÁVEIS EM MATÉRIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL E CONTRATUAL CONSUMEIRISTA, RESPECTIVAMENTE, TODOS OS PREJUDICADOS PELO EVENTO, MESMO NÃO TENDO RELAÇÃO DIRETA DE CONSUMO COM O PRESTADOR OU FORNECEDOR, PODEM INGRESSAR COM AÇÃO FUNDADA NO CDC, VISANDO A RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVAS DESTES. TJDF - APELAÇÃO CÍVEL NO JUIZADO ESPECIAL : ACJ 20051010070189 DF Resumo: Civil. Direito do Consumidor. Responsabilidade Civil. Danos Morais Infligidos ao Bystander na Relação de Consumo. Informação Equivocada ao Órgão de Trânsito Sobre Existência de Gravame em Veículo de Terceiro, Livre e Desembaraçado, Inviabilizando a Sua Transferência. Defeito na... Relator(a): JOSÉ GUILHERME DE SOUZA Julgamento: 06/02/2007 Órgão Julgador: Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Publicação: DJU 07/05/2007 Pág. : 106 Inteiro teor Andamento do processo Ementa CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS INFLIGIDOS AO BYSTANDER NA RELAÇÃO DE CONSUMO. INFORMAÇÃO EQUIVOCADA AO ÓRGÃO DE TRÂNSITO SOBRE EXISTÊNCIA DE GRAVAME EM VEÍCULO DE TERCEIRO, LIVRE E DESEMBARAÇADO, INVIABILIZANDO A SUA TRANSFERÊNCIA. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INÉRCIA DO REQUERIDO EM SANAR A IRREGULARIDADE, INVIABILIZANDO A TRANSFERÊNCIA DO AUTOMOTOR PARA O NOME DO AUTOR. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. QUANTUM FIXADO EM PATAMAR RAZOÁVEL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. RESPONDE OBJETIVAMENTE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE, POR ERRO, INFORMA AO ÓRGÃO DE TRÂNSITO DADOS DE VEÍCULO DE TERCEIRO PARA FINS DE AVERBAÇÃO DE GRAVAME, CRIANDO, COM SUA CONDUTA, EMBARAÇO À SUA TRANSFERÊNCIA, E, UMA VEZ CIENTE DA IRREGULARIDADE, QUEDA-SE INERTE, CAUSANDO CONSTRANGIMENTO E AFLIÇÃO A QUEM COM ELA NADA CONTRATARA OU TRANSACIONARA. 2. NÃO COMPROVADA PELO AGENTE FINANCEIRO A ALEGAÇÃO DE QUE HOUVERA ERRO DO ÓRGÃO DE TRÂNSITO, E NEM AS EXCLUDENTES DO ARTIGO 14, PAR.3º DO CDC, MANIFESTO É O SEU DEVER DE COMPENSAR OS DANOS MORAIS INFLIGIDOS AO RECORRIDO, DECORRENTES DE DEFEITOS NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 3. NA FORMA DO ARTIGO 17 DO CDC EQUIPARAM-SE A CONSUMIDOR TODAS AS VÍTIMAS DO EVENTO, ENTRE AS QUAIS SE INCLUI AQUELA QUE, EMBORA NÃO TENDO ESTABELECIDO UMA RELAÇÃO CONTRATUAL DIRETA COM O FORNECEDOR, DELE SOFRERA AS DELETÉRIAS CONSEQÜÊNCIAS DA MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO (BYSTANDER). 4. ESTANDO FIXADO O QUANTUM A TÍTULO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS EM PATAMARES CONDIZENTES COM A RAZOABILIDADE, NÃO GERANDO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PARA O OFENDIDO E NEM INDIFERENÇA PATRIMONIAL PARA O OFENSOR, ATENDIDOS OS CRITÉRIOS PREVENTIVOS E PEDAGÓGICOS RECOMENDADOS PELA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA, A SUA MANUTENÇÃO SE IMPÕE. 5. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS E JURÍDICOS FUNDAMENTOS, COM SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO, NA FORMA DO ARTIGO 46 DA LEI Nº 9.099/95. CONSIDERO PAGAS AS CUSTAS PROCESSUAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, FIXADOS EM 10% DO VALOR DA CONDENAÇÃO, A SER PAGO PRO RATA > Para muitos doutrinadores, dentre eles Nelson Nery Júnior, a FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO, significa abrandamento, mitigação deste princípio. > Senão vejamos o Enunciado n 21 do CJF- “21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. > Isso se relaciona diretamente á Teoria do Terceiro Cúmplice, contida no artigo 608 do NCC. Observem que tal valor engloba apenas os danos materiais sofridos pela parte da avença, e não os danos morais, que não podem ser tarifados por lei ou qualquer convenção.( Vide questão da Teoria do “Punitive Damage”). Comentar do exemplo do Zeca Pagodinho e das Cervejarias. Número do processo: 1.0686.00.001466- 8/001(1) Númeração Única: 0014668- 21.2000.8.13.0686 Processos associados: clique para pesquisar Relator: Des.(a) ROBERTO BORGES DE OLIVEIRA Relator do Acórdão: Des.(a) ROBERTO BORGES DE OLIVEIRA Data do Julgamento: 26/08/2008 Data da Publicação: 05/09/2008 Inteiro Teor: EMENTA: COBRANÇA - ACIDENTE DE TRÂNSITO - MORTE DO FILHO DOS AUTORES - SEGURADORA - LEGITIMIDADE PASSIVA - JUROS DE MORA. O terceiro estranho ao contrato de seguro pode exigir a indenização, diretamente da companhia seguradora que assumiu o risco de indenizar o segurado. Se o período de incidência dos juros de mora abrange tanto a vigência do Código Civil de 1916, quanto a do Novo Código Civil, o percentual previsto em ambas as legislações deverá ser observado. Preliminar rejeitada e recurso parcialmente provido. "A visão preconizada nestes precedentes abraça o princípio constitucional da solidariedade (art. 3º, I, da CF), em que se assenta o princípio da função social do contrato , este que ganha enorme força com a vigência do novo Código Civil (art. 421). De fato, a interpretação do contrato de seguro dentro desta perspectiva social autoriza e recomenda que a indenização prevista para reparar os danos causados pelo segurado a terceiro, seja por este diretamente reclamada da seguradora. Assim, sem se afrontar a liberdade contratual das partes - as quais quiseram estipular uma cobertura para a hipótese de danos a terceiros - maximiza-se a eficácia social do contrato com a simplificação dos meios jurídicos pelos quais o prejudicado pode haver a reparação que lhe é devida. Cumprem-se o princípio constitucional da solidariedade e garante-se a função social do contrato." > Para Luciano Penteado, em sua tese de Doutorado, Intitulada “Efeitos Contratuais perante Terceiros”, esse magistral estudioso, chega á conclusão de que “o que se desmonstra, com a percepção do efeito contratual perante terceiro é a inevitável ocorrência de externalidades, ora positivas, ora negativas. Ou seja, que o ato de contratar não remanesce nunca estranho ao conjunto de operações que ocorrem na vida social”. EXERCÍCIO: 1- Julgue o ítem a seguir: “A Boa- fé Objetiva é um princípio que tem força relativa para validar negócios jurídicos. Ela funciona como regra explícita em todo negócio jurídico bilateral, notadamente no contrato de seguro, contrato em que pelas suas características, a manifestação da vontade representao elemento nuclear para a sua formaçào, validade e eficácia”.
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