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Caderno - Direito Penal V - Taíse

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DIREITO PENAL V 
Silmar Fernandes 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
ESTUPRO (latim – estuprum) 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal 
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
Com este artigo, iniciamos o que o Código Penal agora trata pela rubrica de “crimes contra a 
dignidade sexual”, que antes da Lei 12.015/09 era tratado sob o título de “crimes contra os 
costumes” 
Trata-se de um delito de constrangimento ilegal específico ou pontual, posto que o agente visa 
à prática da conjunção carnal ou do ato libidinoso. Protege-se, portanto, com esse dispositivo, 
a liberdade sexual do cidadão 
Somente o homem pode ser sujeito ativo da primeira parte da figura penal em estudo, qual 
seja, a de constranger alguém a ter conjunção carnal 
Indispensável o constrangimento da vítima, mediante violência ou grave ameaça, exigindo-se 
desta uma veemente oposição ao ato sexual ou libidinoso, não bastando mera recusa verbal 
ou dissenso passivo ou inerte 
Tentativa 
É possível quando não houver contato físico entre o agente e a vitima, pois, caso contrário, 
poderá caracterizar o ato libidinoso 
Os crimes sexuais sofreram uma reforma a partir de 2009, sendo que antes da Lei 12.015/09 
existiam dois crimes independentes, autônomos e distintos, quais sejam: estupro e atentado 
violento ao pudor. Após a entrada em vigor da referida lei essas duas figuras foram unificadas, 
revogando-se, assim, o artigo 214 do CP 
Antes da Lei 12.015/09, o crime de estupro consistia em constranger mulher a manter 
conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça. O sujeito passivo do crime só poderia 
ser uma mulher e o sujeito ativo um homem, portanto, era crime próprio. Hoje, o crime é 
comum 
A Lei 12.015/09 transformou o crime de estupro em crime comum ao substituir a palavra 
“mulher” por “alguém”, bem como equiparou ambos os crimes às penas do estupro 
Assim, falava-se em tentativa de estupro, independentemente de ter havido contado físico 
entre a vítima e o agente, porque para que o estupro se consumasse era necessária a 
conjunção carnal 
Interfêmora (coito vestibular), coito anal, felacio in ore – são considerados atos libidinosos 
distintos da conjunção carnal, portanto não caracterizavam o crime de estupro 
Dessa forma, entendia-se que a única forma de aborto legal era aplicada quando houvesse 
estupro, ou seja, conjunção carnal (pênis na vagina). Assim, quando o agente praticava um 
desses três atos mencionados acima, e engravidasse a vitima, a mulher não tinha permissão 
legal para praticar o aborto, uma vez que tais atos não eram considerados como estupro 
Sendo assim, passou-se a interpretar de forma analógica o referido instituto, de forma a 
permitir que a mulher, vitima de atentado violento ao pudor, que viesse a engravidar, também 
poderia abortar 
Contudo, hoje, com a publicação da Lei 12.015, essa interpretação não tem mais sentido, uma 
vez que todos esses atos são considerados como estupro 
Em suma, mesmo com a unificação desses dois crimes – estupro e atentado violento ao pudor 
- ainda é possível falar em tentativa no caso de estupro, todavia, apenas quando não houver 
contato físico entre agente e vitima 
Atentado violento ao pudor – consiste em constranger alguém a praticar ato libidinoso, 
diverso da conjunção carnal, assim o próprio tipo penal já fazia a distinção entre ambos 
 O crime de atentado violento ao pudor sempre foi crime comum 
Sujeito Ativo 
Com a unificação tornou-se crime comum, podendo o sujeito ativo ser tanto um homem 
quanto uma mulher 
O que não se tem como mudar é o conceito de conjunção carnal, que consiste na emissão do 
pênis na vagina. Dessa forma, uma mulher nunca será autora da primeira parte do “caput” do 
artigo 213, notadamente quanto à prática da conjunção carnal 
Autor e co-autor – são aqueles que praticam o núcleo do tipo 
Participe – é aquele que pratica atos que auxiliam o autor ou os co-autores a praticar o núcleo 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas,na medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto 
a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada 
a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o 
resultado mais grave. 
 Em se tratando de Código Penal, a figura do participe só surgiu em 1984, sendo 
considerada moderna a referida teoria, uma vez que o Código é de 1940 
 Artigo 29, CP – tal inovação tem por base o princípio da proporcionalidade das penas. 
Determinou que o agente que tem conduta ativa deve ser punido com a pena cheia, 
enquanto aquele que apenas deu apoio ou auxilio fosse punido com uma pena mais 
branda 
o Esse conceito pode ser percebido pela expressão “na medida de sua 
culpabilidade”, ou seja, de sua participação na prática do crime 
 Parágrafo 1º – trata-se do “iter criminis”, ou seja, do tempo ou duração do crime. 
Assim, quanto mais perto o agente chegar de alcançar o resultado pretendido, menor 
a redução sofrida na pena, sendo válido o raciocínio inverso 
 Parágrafo 2º – se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave. Diz respeito às situações em que um dos 
agentes aceita ser participe pensando que um crime menos grave será praticado, 
quando na verdade o autor pratica um crime mais grave. Contudo, o mencionado 
artigo estabelece que o resultado mais grave não pode ser previsível 
Teoria do domínio do fato – determina que aquele que pratica o núcleo do tipo é o mandante, 
o autor ou o co-autor, sendo este o que domina o fato. Enquanto aquele que apenas ajuda a 
praticar o crime, mas não domina o fato, é o participe 
Assim, quanto ao crime de estupro, a mulher não pode ser autora da primeira parte do artigo, 
mas sim co-autora (domina o fato) ou participe (não domina o fato) 
Nos crimes sexuais a palavra da vítima tem um valor significativo para o deslinde do feito, 
sendo este o entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência, excepcionando-se, assim, 
o principio do in dubio pro reu 
Crime hediondo 
O crime de estupro é considerado hediondo (Lei 8.072/90) por força do disposto no art. 4º da 
Lei 12.015/09, pelo que, insuscetível de anistia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória, 
além de iniciar-se o cumprimento da pena no regime fechado 
Lei 8.072/90 
 Art. 1º – crimes hediondos originais 
o Homicídio qualificado, genocídio, latrocínio, extorsão mediante sequestro, 
extorsão mediante sequestro seguido de morte, estupro, falsificação de 
medicamentos 
 Art. 2º – crimes equiparados 
o Tráfico de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e tortura 
 Perdão da pena – anistia (coletivo), graça (individual) e indulto (coletivo) 
o Não pode ser aplicado aos crimes hediondos 
 Progressão de regime 
o Antigamente, a pena era cumprida integralmente no regime fechado. Após 
alteração legislativa, a pena deve ser cumprida inicialmente em regime 
fechado. A progressão poderá ocorrer após cumprimento de 2/5 da pena 
quando o réu for primário, e 3/5 quando for reincidente 
o A alteração ocorreu por causa da Lei de Tortura, que dizia que a pena ia ser 
cumpridainicialmente no regime fechado 
 Lei benéfica retroage para todos os efeitos 
o Em 2007, a redação foi alterada 
Lei 9.455/97 – Lei de Tortura 
 Definiu o que é tortura – infligir mal físico ou mental desnecessariamente a alguém, 
com o fim de obter informações 
 Criação do crime hediondo privilegiado – tem todas as proibições da Lei dos Crimes 
Hediondos, mas a pena é cumprida inicialmente em regime fechado, e não 
integralmente 
Aumento de pena 
Ainda, haverá aumento de metade da pena se a vítima engravidar, e de um sexto até metade 
se a vítima for contaminada ou exposta à doença sexualmente transmissível (DST), por força 
do previsto no art. 234-A, CP 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente 
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. 
Tipo misto cumulativo ou alternativo 
Com a nova redação decorrente da Lei 12.015/09, parte da doutrina passou a entender que o 
art. 213, CP descreve um tipo misto cumulativo, ensejando a possibilidade de concurso de 
crimes (Vicente Grecco Filho, Julio MIrabete e Ricardo Andreucci). Outra parte da doutrina 
interpreta o delito em questão como um tipo misto alternativo, o que implica na configuração 
de crime único, afastando a possibilidade de concurso de crimes (André Stefan, Guilherme de 
Souza Nucci e Damásio de Jesus). Na mesma esteira da divergência doutrinária, a 
jurisprudência também não é pacífica, tanto que a 5ª Turma do STJ interpreta como sendo tipo 
misto alternativo, enquanto que a 6ª Turma do mesmo Tribunal Superior entende que o tipo é 
misto cumulativo 
Lei 12.015/09 
 Antes da Lei 12.015/09, tínhamos dois crimes autônomos: estupro (art. 213, CP – 
conjunção carnal) e atentado violento ao pudor (art. 214, CP – ato libidinoso  coito 
anal), ou seja, se o agente praticasse as duas condutas, seria caso de concurso de 
crimes (concurso material ou formal) 
 A Lei 12.015/09 revogou o art. 214, CP, introduzindo o disposto neste artigo no art. 
213, CP (estupro) 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato 
libidinoso: 
o O STF ainda não decidiu se o tipo é cumulativo ou alternativo 
 Hoje em dia é possível pleitear unificação da pena, pois são crimes da mesma espécie 
o Antigamente eram crimes do mesmo gênero, mas não da mesma espécie 
 Corrente severa – tipo misto cumulativo 
o Dois crimes 
 Corrente garantista – tipo misto alternativo 
o Crime único 
Praeludia coito 
Entende a doutrina e a jurisprudência até aqui predominante, que os atos libidinosos 
praticados “antes” da conjunção carnal violenta são absorvidos pelo crime de estupro 
É considerado ato libidinoso quando o agente, mediante ameaça, obriga a vítima a se 
masturbar, desfrutando ele da contemplação lasciva. Logo, não é indispensável para a 
configuração dessa figura do delito o contato físico entre o agente e a vítima 
Crime doloso e que não exige exclusivamente a intenção do agente em saciar a lascívia, pois 
poderá ele ser movido por outro intuito, como a vingança, ódio ou desprezo 
 Atos libidinosos em progressão do estupro 
 Preliminares – crime meio para atingir o objetivo 
o São absorvidas pelo estupro 
o Os atos libidinosos são absorvidos pela conjunção carnal 
 Ato libidinoso diverso – coito anal e felação 
o Não são atos libidinosos em progressão, ou seja, não são absorvidos pelo 
estupro 
o Antigamente, se fossem praticados depois, não eram absorvidos. Com a 
edição da Lei n. 12.015/09, a corrente garantista considera crime único, ou 
seja, os atos libidinosos podem ser praticados antes ou depois do estupro, e 
serão absorvidos pelo mesmo 
o Para a corrente severa, se os atos libidinosos são praticados antes do estupro, 
são absorvidos pelo mesmo; se praticados depois, são considerados outros 
crimes 
 Não se exige dolo especifico 
o O estupro exige dolo genérico 
o Havia discussão se o estupro ocorria apenas quando cometido para satisfazer 
desejo sexual. Hoje em dia não se exige dolo específico, ou seja, se uma 
pessoa atenta contra a dignidade sexual de outra em razão de ódio ou 
vingança, estaremos diante do crime de estupro 
 Pode haver crime de estupro sem contato físico entre o agente e a vítima? 
o Sim, pois o art. 213, CP estabelece que estupro é ter conjunção carnal ou 
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso 
 Conjunção carnal – há contato entre o agente e a vítima 
 Permitir – há contato entre o agente e a vítima 
 Praticar – não há contato entre o agente e a vítima 
 Antigamente, entendia-se que se tratava de constrangimento 
ilegal o fato de o agente determinar que a vítima se 
masturbasse ou que duas pessoas mantivessem relação sexual 
 A lei não fala que a vítima só pode ser passiva, ou seja, quando 
a vítima for ativa, não haverá contato entre os dois, mas 
mesmo assim será considerado estupro consumado 
Estupro qualificado 
Caso ocorra o resultado lesão corporal de natureza grave ou morte, incidirão, 
respectivamente, os §§ 1º e 2º do art. 213, CP. As lesões corporais de natureza leve são 
absorvidas pelo crime de estupro 
Na vigência da lei atual admite-se, além da clássica modalidade preterdolosa, também a figura 
do dolo seguido de dolo, hipótese esta em que a pena pode chegar a 30 anos de reclusão 
 A lesão corporal leve sempre será absorvida pelo estupro 
 Antes da Lei n. 12.015/09, se fosse caso de preterdolo, seria estupro qualificado, de 
competência do juiz singular. Se fosse caso de dolo no estupro e dolo ou na morte, 
seria caso de homicídio qualificado, de competência do Tribunal do Júri 
o Ex: se em razão do estupro a vítima tiver o útero perfurado ou morrer 
 Com a edição da Lei n. 12.015/09, no caso de estupro seguido de morte, a pena foi 
dobrada, podendo chegar até 30 anos. Com isso, existe discussão se será de 
competência do juiz singular ou do Tribunal do Júri 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 
(catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, 
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
Uma das principais preocupações do legislador ao elaborar a Lei n. 12.015/09 consistiu em 
conferir aos menores de 14 anos especial proteção contra os crescentes abusos sexuais e a 
proliferação da prostituição infantil e de diversas outras formas de exploração sexual 
Este artigo revogou expressamente o artigo 224, CP, que tratava da chamada “presunção de 
violência”, e que dava margem à discussão jurisprudencial sobre tal presunção ser absoluta ou 
relativa 
O atual artigo considera estupro a conjunção carnal ou ato libidinoso com menor de 14 anos, 
com pessoa alienada ou débil mental ou, ainda, quando não pode a vítima, por qualquer outra 
causa, oferecer resistência 
Vulneráveis 
Menores de 14 anos 
Alienados 
 Inimputáveis 
Não podem oferecer resistência 
 Ex: pessoa dopada ou sedada 
Presunção de violência 
Relativa 
 STF – Ministro Marco Aurélio passou a adotar essa posição em 1992 
 Analogia com o Direito Civil 
o Presunção iuris tantum 
o Admite prova em contrário Inexistência de dolo 
o Exemplo: manter relações sexuais com menor de 14 anos que se prostituía, 
sob argumento de não ser possível identificar a idade da pessoa 
 Fato atípico 
Absoluta 
 O agente tinha conhecimento da condição de vulnerabilidade da vítima 
Origem da Lei n. 12.015/09 
Essa lei teve origem num projeto de lei elaborado pela CPI da pedofilia 
Foi elaborado para acabar com o turismo sexual no nordeste 
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE 
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante 
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-
se também multa. 
É chamado na doutrina de “estelionato sexual” 
Antigamente, a conduta ora proibida era prevista em dois artigos distintos, sendo que o art. 
216, CP foi revogado. Agora, com a conjugação dos arts. 215 e 216, CP, o crime que era próprio 
(só o homem podia praticá-lo) passou a ser crime comum 
Exemplos retirados da jurisprudência: 
 Pai de santo que, sob o pretexto de estar a vítima possuída por uma “pomba gira”, 
apregoa que a cura e o afastamento do “encosto” só será obtido mediante a imediata 
realização da conjunção carnal 
 Enfermeiro que com o intuito de abusar da doente submete-a a atos de libidinagem 
sob o pretexto de aplicar-lhe massagens 
 Funcionário de posto de saúde que, a pretexto de colher material para exame de 
vermes, introduz o dedo no ânus da vítima 
IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR (art. 65, LCP) 
 Contravenção penal 
 Pena – 10 dias de multa ou 15 dias de prisão simples 
 É comum ocorrer a desclassificação do estupro para essa contravenção penal 
 Ex: homem que encoxa uma mulher no ônibus durante uma brecada 
ASSÉDIO SEXUAL 
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento 
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. 
Figura típica criada pela Lei n. 10.224/01, que introduziu esse artigo no nosso Código Penal, 
cujo meio de execução é livre, ou seja, pode ser praticado por palavras, gestos, escritos, etc. 
Mas é preciso bom senso para distinguir o constrangimento criminoso do simples gracejo ou 
paquera, eis que nem toda “abordagem” constitui assédio, haja vista que este tipo penal exige 
uma importunação ofensiva, insistente, embaraçosa, chantagiosa 
Crime próprio 
Trata-se de crime próprio, eis que só pode ser praticado “de cima para baixo”, nunca “de baixo 
para cima”. Por isso mesmo, esse delito é também conhecido como “assédio laboral” 
Crime doloso 
Crime doloso e com especial fim, qual seja, ”vantagem ou favorecimento sexual” 
Crime formal 
Trata-se de crime formal e que, portanto, não admite tentativa 
 A vantagem sexual é exaurimento do crime 
Causa de aumento de pena 
Não incide o inciso II do art. 226, CP no que tange às relações empregatícias, se não haveria 
“bis in idem” 
Art. 226 - A pena é aumentada: 
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, 
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro 
título tem autoridade sobre ela; 
A Lei n. 12.015/09 acrescentou parágrafo prevendo aumento de pena em se tratando de 
vítima menor de 18 anos 
Funcionário público 
 O crime de assédio sexual pode ser cometido por funcionário público, em razão da 
expressão “cargo ou função” 
Professor 
 O crime de assédio sexual pode ser cometido por professor, por causa da expressão 
“prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência” 
CORRUPÇÃO DE MENORES 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
O título do crime não foi modificado pela nova lei 12.015/09, mas apenas a redação, que 
passou a ser “induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem” 
Trata-se de uma espécie de lenocínio praticado contra o menor de 14 anos. É chamada de 
lenocínio a atividade de explorar a lascívia alheia, seja ou não com o intuito de lucro. Aquele 
que pratica o lenocínio é conhecido como lenão, ou também como proxeneta. Tal sujeito não 
satisfaz a sua libido, mas sim a de terceiro 
O núcleo do tipo é o verbo induzir, que significa embutir a ideia na vítima, isto é, convencê-la a 
saciar a libido alheia 
 Não pode ter contato físico 
É preciso não confundir: se o agente induz o menor de 14 anos a prática da conjunção carnal 
ou ato libidinoso com outra pessoa, responderá como partícipe do crime de estupro de 
vulnerável (art. 217-A, CP). Portanto, de acordo com a doutrina , esta nova figura penal se 
caracteriza nos seguintes exemplos: 
 Induzir a vítima a tomar banho na presença de alguém ou ficar despida para ser 
contemplada 
 Fazer danças eróticas em trajes sumários ou seminua 
 Fazer “streape-tease” 
Tratando-se de nova figura penal, discute-se o momento consumativo: uma corrente entende 
consumado o crime com a simples indução (formal), enquanto que segunda corrente entende 
consumado o crime com a prática de ao menos algum ato tendente à satisfação da lascívia 
alheia 
Aquele que tem satisfeita sua lascívia pela atuação do proxeneta não pratica o crime em 
questão, eis que o tipo penal exige do sujeito ativo uma conduta no sentido de satisfazer a 
libido de outrem, e não a própria 
 O terceiro é apenas beneficiário, não respondendo pelo crime de corrupção de 
menores 
É diferente da corrupção de menores prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, pois o 
crime de corrupção de menores visa proteger a dignidade sexual 
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇAS OU ADOLESCENTES 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a 
presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou 
de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
A intenção deste artigo foi corrigir uma falha do antigo delito de corrupção de menores, que 
não previa tal situação, ou seja, se a vítima fosse maior de 14 e menor 18 anos, seria corrupção 
de menores, mas se fosse menor de 14 anos o fato era atípico, por falta de previsão legal. 
Agora, com o art. 218-A, CP, tal falha foi superada 
O crime ocorre de duas maneiras: 
 Quando o agente pratica a conjunção carnal ou ato libidinoso na presença do menor 
de 14 anos 
 Quando o agente induz o menor a presenciar a prática de tais atos 
Normalmente, a presença de um menor nesse cenário constitui-se em uma “tara” do agente 
que assim procede para obtenção do prazer sexual 
Crime doloso 
Crime exclusivamente doloso 
FAVORECIMENTO DA PROSTITUÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE 
VULNERÁVEL 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual 
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que 
a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. 
§ 2º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticasreferidas no caput deste artigo. 
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação 
da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 
O menor de 18 anos é relativamente vulnerável, de modo que se um menor com 17 anos, por 
sua própria vontade iniciar-se na prostituição, sem que seja seduzido ou induzido a tal prática 
por terceiro, tal fato será atípico sob o ponto de vista penal. Portanto, o delito em questão 
pune a conduta do proxeneta que induz o menor de 18 e maior de 14 anos a ingressar na 
atividade do comércio do sexo 
 Induzir o menor de 14 anos será caso de estupro de vulnerável 
Neste delito, por força do disposto no §2º, inciso I, pune-se também o “cliente” da vítima. Em 
outras palavras, o beneficiário passa a ser considerado como partícipe 
LENOCÍNIO 
A prostituição é uma fatalidade da vida social, sendo conhecida desde os mais remotos 
tempos, mas nem por isso deixa de ser mais preocupante. Tanto que, embora a prostituição 
não seja fato típico penal, nosso ordenamento jurídico pune as diversas modalidades de 
estímulo ou de exploração dessa modalidade de comércio carnal 
Entende-se por lenocínio o fato de prestar assistência à libidinagem alheia ou dela tirar 
proveito 
Quem explora o lenocínio é o lenão 
Mediação para servir a lascívia de outrem 
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 1º - se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é 
seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou 
pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
A proteção penal é dirigida para impedir que com a realização do tipo haja incentivo ou 
favorecimento à prostituição 
O objetivo da lei não é exatamente proteger a moralidade pública, mas sim coibir o possível 
ingresso da vítima no mundo da prostituição 
Sujeito ativo é qualquer pessoa, o mesmo dizendo-se em relação ao sujeito passivo 
Destinatário é aquele que, com a mediação do sujeito ativo, desafoga na vitima sua 
libidinagem, não sendo ele punido por esse crime, uma vez que não estará servindo a lascívia 
alheia, mas sim a própria 
O tipo penal refere-se à satisfação da lascívia de pessoas determinadas. Se o sujeito incentivar 
a vítima a satisfazer a libido de pessoas indeterminadas incorrerá no fato criminoso previsto no 
art. 228, CP 
Trata-se de crime material, exigindo a satisfação da luxúria alheia, ainda que o beneficiado não 
alcance o clímax sexual 
Distinção: se a mediação do agente for habitual e com o fim de lucro, estará tipificado o art. 
230, CP (rufianismo) 
Favorecimento da prostituição 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, 
facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por 
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
Como já dito, a prostituição não é punida pelo nosso ordenamento jurídico. Por vezes, poderá 
a prostituta incorrer nas contravenções penais dos artigos 61 e 65 quando perturbar a 
tranquilidade alheia, promovendo algazarra e distúrbios em horário de repouso noturno, bem 
como importunar o pudor quando se apresentar de maneira inadequada, em via pública, aos 
bons costumes. Poderá ainda, eventualmente, responder pelo crime de ato obsceno 
Induzir significa persuadir, convencer; atrair pressupõe que quem atrai já se encontra no 
ambiente da prostituição; facilitar significa prestar auxílio, tornar mais fácil, criar condições; 
impedir significa convencer ou praticar ato que impeça a prostituta de abandonar a 
comercialização de seu corpo 
Exemplos da prática deste crime extraídos da jurisprudência: 
1. Arranjar a instalação para as meretrizes e arranjar-lhes fregueses 
2. Encaminhar mulheres para locais determinados com a finalidade de participar de 
orgias 
3. Fornecer casa ou apartamento para propiciar os encontros da prostituta 
Quem comete esse crime é o facilitador 
Crime comum ou próprio 
 Na modalidade induzir é crime comum, porque qualquer pessoa pode induzir 
 Na modalidade atrair é crime próprio, pois só uma pessoa “de dentro” pode atrair 
o Atrai para pessoas indeterminadas, pois se fossem pessoas determinadas seria 
o caso do art. 227, CP 
o Ex: prostituta que leva outra para a mesma atividade – é uma facilitadora 
 Na modalidade impedir é crime comum 
o Impede através do valor moral (autoridade moral – ex: pais) 
Casa de prostituição 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou 
gerente: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e sujeito passivo é a coletividade 
O núcleo do tipo fala em manter, que significa sustentar, prover, conservar, continuadamente, 
reiteradamente, exigindo-se, portanto, a habitualidade, não bastando o comportamento 
ocasional 
Entende-se por prostíbulo o lugar onde a meretriz permanece para o exercício do comércio 
carnal. Logo, a prostituta que recebe seus clientes em casa não pratica esse crime, eis que não 
estará “mantendo”, mas sim “exercendo” o meretrício 
Motéis, hotéis, drive-in, casa de massagem, saunas e outras não são consideradas casas de 
prostituição, porque elas não visam, normalmente ou exclusivamente, explorar a atividade das 
prostitutas, mas sim mera atividade comercial aberta ao público em geral. Sob a égide da 
antiga redação tal posicionamento era pacífico. Hoje, com a nova redação dada pela Lei n. 
12.015/09, alguns doutrinadores passaram a polemizar o tema, eis que os estabelecimentos 
comerciais acima mencionados poderiam se enquadrar na elementar do tipo chamada de 
“exploração sexual” 
Erro de fato 
 Há entendimento jurisprudencial de que certos locais abrigam prostitutas às claras e 
com tolerância das autoridades administrativas e policiais, permitindo, com isso, 
retirar de seu proprietário a exata noção da ilicitude de seu ato (interpretação 
decorrente do já mencionado “princípio da adequação social”) 
 
 
Rufião = cafetão 
 
Art. 217, CP – sedução 
 Seduzir mulher virgem, entre 14 e 18 anos, justificando sua inexperiência 
 Foi revogado 
Rufianismo 
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou 
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é 
cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, 
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou 
outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 2º Se o crime é cometido medianteviolência, grave ameaça, fraude ou outro meio que 
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à 
violência. 
Pune-se ainda a exploração sexual alheia. Esse crime pune a pessoa que vive exclusivamente 
dos rendimentos da prostituta. Inexiste o crime, porém, se o agente é sustentado pela 
prostituta com rendimentos de outra fonte que não a prostituição (ex: aluguéis, salário 
comprovado, rendimento de bens adquiridos por herança, prêmio de loteria, etc.) 
Trata-se de crime habitual e que, por decorrência, não admite a tentativa 
Crítica doutrinária 
 Alguns doutrinadores (dentre eles Guilherme Nucci) entendem que esse artigo é 
inconstitucional porque demonstra uma simples repressão moral, passando o direito 
penal a censurar o modo de vida das pessoas. Afinal de contas, indaga o citado Nucci: 
“qual a diferença entre o rufião e, por exemplo, a esposa do traficante ou do 
assaltante que, sabedora dessa atividade ilícita, usufrui dos bens materiais daí 
advindos?” 
Tráfico internacional de pessoas para fim de exploração sexual 
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha 
a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá 
exercê-la no estrangeiro. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, 
assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2º A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, 
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra 
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. 
Segundo o ensinamento de Magalhães Noronha “tutela-se a honra sexual contra o ataque dos 
lenões internacionais, porque tal figura tem o fim específico de incriminar um fato que lesa 
não só o interesse de um Estado, mas sim dos Estados em geral” 
A finalidade do agente é dar entrada, em território nacional, de pessoa que nele venha a 
exercer o meretrício ou visa a saída de pessoa que vá exercê-la no estrangeiro 
Crime doloso cujo momento consumativo ocorre com a efetiva entrada ou saída do território 
nacional, não importando se a vítima venha de fato a exercer a prostituição 
Por se tratar de crime que não depende do resultado, em tese, não é admita a tentativa. 
Todavia, há alguma divergência doutrinária (principalmente por parte dos doutrinadores 
oriundos do MP), no sentido da admissibilidade como, por exemplo, na hipótese do lenão que, 
após preparar os documentos necessários para a viagem, é preso em flagrante delito no 
momento em que embarcava a vítima em um avião, estando ela já destinada a servir uma casa 
de prostituição ou outro estabelecimento congênere 
 O professor entende não haver possibilidade de tentativa, devendo o agente ser 
enquadrado no art. 228, CP (favorecimento da prostituição) 
Competência da justiça federal 
Tráfico interno de pessoas 
Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional 
para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa 
traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou 
alojá-la. 
§ 2º A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, 
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra 
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. 
Há uma conexão lógica entre esse crime e o delito anterior, de forma que não há como 
interpretar um sem o outro. Assim, quando o Código Penal fala em tráfico interno está se 
referindo às pessoas que aqui chegaram pelo tráfico internacional, de maneira que as ações 
previstas neste artigo pressupõem que tenha sido previamente realizada a conduta descrita no 
artigo 231, CP 
 Crime acessório 
Com a entrada da pessoa em território nacional, para o exercício do meretrício, esgota-se a 
atividade do traficante internacional e, daí em diante, qualquer ação realizada no território 
nacional, no sentido de facilitar o acolhimento da pessoa que venha a exercer a prostituição, 
constituirá o delito de tráfico interno 
 Ex: A trafica B da Itália para o Brasil. Após a entrada de B no Brasil, C, sócio de A, 
trafica B para Belo Horizonte. Nesse caso, A responderá por tráfico internacional de 
pessoas, enquanto C responderá por tráfico interno 
o A pessoa deve entrar no Brasil por meio do tráfico, pois se vier por conta 
própria e for agenciada, será caso de favorecimento da prostituição 
Logo, caso sejam os mesmos autores do tráfico internacional e depois do tráfico interno, 
deverá ser aplicado o princípio da consunção, pois os atos posteriores configurarão mero 
exaurimento da conduta anterior, respondendo o agente apenas pelo primeiro delito 
 Conflito aparente de normas 
 Princípio da especialidade – art. 231, CP é autônomo e existe por si só, enquanto o art. 
231-A, CP é acessório 
O crime de tráfico interno diz respeito apenas ao “remanejamento” de vítimas do tráfico 
internacional, porque se for de brasileiro será favorecimento da prostituição (art. 228, CP) 
Competência estadual 
ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR 
Neste capítulo, visa o legislador proteger o sentimento de moralidade sexual vigente em uma 
sociedade em determinado momento. A moralidade sexual (pudor público) possui conceito 
variável no tempo e no espaço. Exemplificando, essa variação de conceito, o jurista Damásio 
de Jesus cita, em sua obra, o seguinte exemplo: “se uma moça se vestisse ao tempo da 
promulgação do Código Penal com um biquíni de pequenas proporções, sem dúvida que o 
pudor da sociedade seria atingido, o mesmo não ocorrendo hoje em face da evolução dos 
costumes. Se alguém se apresenta despido em um campo de nudismo, o pudor daquele grupo 
não restará afetado, o mesmo não se podendo dizer se alguém resolver andar nu por alguma 
rua do centro da cidade de São Paulo. O pudor público é, portanto, um conceito variável e 
dependente dos costumes do grupo social” 
Ato obsceno 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
Ofende o pudor coletivo, ou seja, quando um fato não obedece às regras costumeiras, 
observadas pela grande maioria dos cidadãos, daí ofendendo a moralidade média da 
população 
Urinar em via pública com a exibição do pênis, via de regra, ofende o pudor público. Da mesma 
forma são considerados obscenos, pela jurisprudência, os seguintes atos: 
 Exibir os órgãos genitais 
 Andar ou correr nu 
 Praticar ato sexual ou libidinoso em local aberto ou acessível ao público, como por 
exemplo, no interior de automóveis, elevadores, em escadarias de prédio, piscinas, 
cinemas, teatros, etc. 
Trata-se de crimede perigo abstrato, consumando-se com a mera possibilidade de ofender ao 
pudor coletivo, daí porque não é necessário que alguém veja o ato obsceno, bastando a 
potencialidade de que seja visto por alguém 
CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR 
Abandono material 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor 
de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 
(sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao 
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, 
sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário 
mínimo vigente no País. 
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de 
qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento 
de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
Objeto jurídico – a subsistência do organismo familiar, evitando a mendicância e a 
delinqüência. Decorre da obrigação constitucional do dever de assistência recíproca entre pais 
e filhos. Assim é que o artigo 229 da Constituição Federal estabelece que “os pais têm o dever 
de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e 
amparar os pais na velhice, carência e enfermidade”, enquanto que o art. 230 do mesmo 
diploma legal impõe à família, além da sociedade e do Estado, o dever de amparar as pessoas 
idosas, notadamente garantindo-lhes o direito à vida 
 Crianças, idosos ou enfermos em qualquer idade 
Subsistência – meios necessários à vida, como os alimentos, vestuário, habitação e 
medicamentos 
 Mínimo necessário 
Sem justa causa – atípica a conduta se o sujeito não fornece aos familiares os recursos 
necessários por absoluta carência de tais recursos. Logo, exige-se a deliberada intenção de 
realizar uma das condutas descritas no tipo penal, tanto que na modalidade de pagamento de 
pensão alimentícia não basta o mero inadimplemento, mas sim a comprovação de que o 
agente, propositadamente, possuindo recursos para arcar com a pensão, frustra o seu 
pagamento 
 Sem justa causa – pessoa solvente, ou seja, tem condições de sustentar e não sustenta 
porque não quer 
o Deve ter dolo na conduta 
o Ex: parar de pagar pensão por raiva da ex-mulher 
 Se tiver justa causa será fato atípico no âmbito penal 
o Estado de necessidade – excludente de ilicitude 
o No âmbito penal, de acordo com a jurisprudência, o desemprego afasta a justa 
causa para ação penal, pois retira o dolo (in dubio pro reu), mas não tem o 
condão de afastar a obrigação de pagar os alimentos 
Crime omissivo puro – significa que não admite tentativa. A conduta de omitir o dever de 
assistência a vários parentes não configurará concurso formal de crimes, mas sim delito único, 
uma vez que o objeto da tutela penal é a família. Todavia, possível a ocorrência do crime 
continuado na conduta do agente que deixa, por mais de um mês, de efetuar o pagamento da 
pensão alimentícia na data estipulada, considerando-se, ai sim, cada falta um novo delito 
Consequências 
 Civil – execução de prestação alimentícia (arts. 732 e 733, CPC) 
o Medida processual coercitiva 
 Citação para pagamento dos alimentos, sob pena de penhora 
 Prisão civil (não é sanção, mas sim medida processual coercitiva) 
 Com o pagamento, será expedido alvará de soltura 
Art. 732 - A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, 
far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título. 
Parágrafo único - Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não 
obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação. 
 
Art. 733 - Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o 
juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez 
ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. 
§ 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 
1 (um) a 3 (três) meses. 
§ 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações 
vencidas e vincendas. 
§ 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. 
 
 Penal – crime de abandono material 
Crime único 
 Como o objeto é a família, não importa a quantidade de pessoas que foram 
abandonadas 
o Ex: se A deixar de pagar pensão para 3 filhos, responderá uma vez pelo crime 
de abandono material, porque a proteção é para a família 
o Não existe hipótese de crime formal, mas poderá ser caracterizado crime 
continuado 
 Ex: não pagar pensão durante 5 meses 
Pena – detenção, podendo ser aplicada pena restritiva de direitos 
Abandono intelectual 
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade 
escolar: 
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. 
Trata-se de crime omissivo próprio, posto que a Constituição Federal e o Código Civil impõem 
aos pais o dever jurídico de educar os filhos. Deve a omissão se dar sem justa causa, como, por 
exemplo, quando o pai mora em região deserta e não possui condição financeira de custear o 
transporte do filho para cidade distante 
Sujeito ativo – somente os genitores do menor podem praticar esse delito, excluindo-se a 
figura do tutor ou do curador 
 Crime próprio 
Consumação – consuma-se o delito quando o sujeito deixa de tomar medidas necessárias para 
que o filho em idade escolar (dos 6 aos 14 anos) receba instrução 
 Crime doloso 
Professor particular 
 Quando os filhos são educados em casa, eles não estão abandonados, mas a educação 
deles é informal (deve frequentar o sistema educacional formal de ensino) 
 Crime – não houve o abandono material de fato, mas sim de direito, ou seja, deve ser 
punido 
Objetivo – evitar o analfabetismo forçado 
Subtração de incapazes 
Art. 249 - Subtrair menor de 18 (dezoito) anos ou interdito ao poder de quem o tem sob 
sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: 
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui elemento de 
outro crime. 
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime 
de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou 
guarda. 
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou 
privações, o juiz pode deixar de aplicar pena. 
Trata-se de crime comum, sendo certo que qualquer pessoa pode praticá-lo, inclusive o 
genitor que estiver destituído ou temporariamente privado da guarda ou do próprio poder 
familiar 
Trata-se de norma expressamente subsidiária, tendo em vista que prevê o tipo penal a 
aplicação da pena “se o fato não constitui crime mais grave”, que bem pode ser crime contra a 
dignidade sexual, cárcere privado, sequestro, extorsão mediante sequestro, colocação de 
menor em lar substituto (venda de menor – art. 237, ECA), etc. 
Consuma-se o delito com a subtração do menor da esfera de vigilância de seus responsáveis, 
sendo irrelevante que a posse do agente não seja tranquila 
Se o menor fugir sozinho da companhia de seu guardião legal, não haverá responsabilização 
daquele que lhe deu guarida 
 Ex: filho que foge da mãe e vai morar na casa do pai 
Crime comissivo – subtrair menor ou interdito do poder de quem detém sua guarda em 
virtude de lei ou ordem judicial 
Este crime tem fim educacional, ou seja, a pessoa subtrai o menor para cuidar dele 
 Ex 1: ex-marido que tem o direito de visitas de sábado até domingo e não devolve a 
criança para a mãe,que tem a guarda legal do mesmo 
o Decorrente de ordem judicial 
o Separação de fato – a guarda de direito pertence aos dois, mesmo se a guarda 
de fato for de um só (fato atípico) 
 Solução – guarda provisória 
 Ex 2: terceiro que pega o filho de um casal (os pais têm a guarda legal do filho) para 
cuidar 
o Decorrente da lei 
Consequências 
 Civil – ordem judicial de busca e apreensão do menor 
 Penal – crime de subtração de incapazes 
CRIMES DE PERIGO COMUM 
Incêndio 
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de 
outrem: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: 
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio 
ou alheio; 
II - se o incêndio é: 
a) em casa habitada ou destinada a habitação; 
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de 
cultura; 
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; 
d) em estação ferroviária ou aeródromo; 
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; 
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; 
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; 
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. 
Incêndio culposo 
§ 2º - Se culposo o incêndio, pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive o proprietário do local incendiado 
Consumação – crime formal, bastando a criação do perigo, causando efetivo risco para um 
número indeterminado de pessoas e coisas. A situação de risco pode também decorrer de 
pânico provocado pelo incêndio, como em um teatro, cinema, edifício, etc. 
Se o incêndio for praticado em casa afastada e isolada, não colocando em risco a coletividade, 
não caracterizará o crime de incêndio, mas sim o crime de dano 
Crime contra número indeterminado de pessoas 
 Se uma pessoa coloca fogo numa casa no meio do deserto onde não mora ninguém, 
será crime de dano (destruir, inutilizar ou deteriorar algo), porque não colocou a vida 
de ninguém em perigo 
Bem jurídico – vida ou integridade corporal (perigo abstrato) 
 O perigo é presumido pelo legislador 
Crime doloso ou culposo 
 Ex 1: colocar fogo na casa de um pessoa por motivo de vingança (doloso) 
 Ex 2: jogar bituca de cigarro no mato (culposo) 
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica 
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou 
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
Sujeito ativo – na primeira conduta, qualquer pessoa pode cometer o crime. Na segunda 
conduta (excedendo-lhe os limites), trata-se de crime próprio, praticado apenas por médicos, 
dentistas e farmacêuticos, como por exemplo o médico que prepara medicamentos; 
farmacêutico que expede receitas ou o dentista que pratica intervenção cirúrgica para 
extração de um câncer na boca 
 Ex 1: crime comum – qualquer pessoa pode exercer ilegalmente a medicina, sendo 
considerada um falso médico 
 Ex 2: crime próprio – farmacêutico que receita medicamentos ou médico que faz 
fórmulas 
Crime que coloca em perigo um número indeterminado de pessoas 
 Crime de perigo abstrato – não precisa fazer prova de que o falso médico colocou a 
vida de alguém em risco (o perigo é presumido pelo legislador) 
Bem jurídico – saúde 
Trata-se de crime doloso e que exige a habitualidade 
 Se for uma conduta isolada, única, será fato atípico 
Se outra for a profissão ilegalmente exercida pelo agente restará tipificado o art. 47, LCP 
(exercício ilegal da profissão – ex: advogado) 
Se após determinação judicial impeditiva ou suspensiva do direito de clinicar, responderá o 
agente não por este delito, mas sim pelo crime do art. 359, CP 
 Art. 359, CP – descumprimento de ordem judicial 
Concurso material ou consunção 
 Se uma pessoa, para exercer a profissão de médico em um hospital, falsifica um 
diploma de medicina, estará cometendo dois crimes ou apenas um? 
o Concurso material – art. 298, CP (falsificação de documento particular) + art. 
282, CP (exercício ilegal da medicina) 
o Princípio da consunção – art. 298, CP é crime meio para atingir o crime fim 
(art. 298, CP), respondendo apenas pelo exercício ilegal da medicina 
Charlatanismo 
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
O verbo italiano “ciarlare”, que significa “falar muito” é que dá origem ao “nomem juris” deste 
tipo penal 
Crime de perigo abstrato, sendo presumido o risco à coletividade 
Indispensável o dolo na conduta, não se exigindo habitualidade (basta uma conduta) 
Pode haver concurso formal com o crime de estelionato quando o charlatão, por exemplo, 
também cobra consultas ou aufere vantagem financeira com o exercício do charlatanismo 
 Ex: charlatão que diz ter descoberto a cura do câncer e vende o “remédio” 
Curandeirismo 
Art. 284 - Exercer o curandeirismo: 
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; 
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; 
III - fazendo diagnósticos: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também 
sujeito à multa. 
É o exercício da arte de curar, por meios não científicos, por quem não possui nenhuma 
habilitação profissional 
Assim como o crime do art. 282, CP exige habitualidade 
Práticas religiosas – não serão consideradas como curandeirismo, desde que não extrapole o 
âmbito da religião 
Distinção entre as três figuras 
No exercício ilegal, o agente possui suficiente noção e conhecimentos da medicina, 
farmacologia ou odontologia, mas exerce tais atividades sem possuir autorização legal ou 
excedendo-lhe os limites. O charlatão propala de forma mendaz a cura de um mal por meio só 
dele conhecido, podendo ou não ter conhecimentos médicos. O curandeiro, por sua vez, não 
possui qualquer noção de medicina, tratando-se de uma pessoa ignorante em tal ciência, rude, 
que todavia utiliza para a cura de doenças métodos e práticas rudimentares

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