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Prova testemunhal (Provas) Art. 442 a 463

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ		FACULDADE ESTÁCIO DE CURITIBA
PROVA TESTEMUNHAL 
(ART 442 AO ART 463 CPC)
Admissibilidade
A prova testemunhal é sempre admissível. Mas a lei pode dispor em sentido contrário, não a admitindo em certos casos (art. 442, CPC). Veda-se a prova testemunhal, por exemplo, para a comprovação de fatos já provados por documento ou confissão da parte (art. 443, I, CPC) ou que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados (art. 443, II, CPC). Se o fato já está provado – por documento, confissão ou por qualquer outro meio –, a prova documental é desnecessária. Se a lei exige que um determinado fato seja provado por documento, ou se o fato exige uma análise técnica e, por isso, só pode ser provado por exame pericial, a prova testemunhal é impertinente. Ainda assim, nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal, quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova (art. 444, CPC). Também se admite a prova testemunhal, quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário, hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação (art. 445, CPC).
Nos contratos em geral, é lícito à parte provar através de testemunhas os vícios de consentimento (art. 446, II). No caso específico dos contratos simulados, que é aquele contrato que tem um fim diverso daquele no qual as partes maliciosamente mencionam, seja para prejudicar a terceiro, seja para obter qualquer outro resultado desejado, é lícito à parte provar com testemunhas a divergência entre a vontade real e a vontade declarada (art. 446, I).
Capacidade para testemunhar
Em regra, todas as pessoas podem depor como testemunha. Mas há limitações legais à capacidade de testemunhar. Há regras no CPC e no Código Civil. Por ser regra mais recente, o CPC revoga o Código Civil naquilo em que as leis se mostram incompatíveis. A capacidade de testemunhar pelo exame do CPC, que separa aqueles que não podem depor como testemunhas em três grupos: os incapazes, os impedidos e os suspeitos (art. 447).Sendo incapazes: os enfermos ou doentes mentais; o menor de dezesseis anos; o cego e o surdo que para determinados fatos precisão dos sentidos que lhes faltam.Os impedidos: cônjuge, companheiro, ascendente, descendentes em qualquer grau e o colateral até terceiro grau; o que é parte na causa; o que intervém em nome das partes,tutor,representante legal,advogado, Juiz. Os suspeitos: inimigo ou amigo íntimo das partes; quem tiver interesse no litígio.
Não obstante, o juiz poderá, se necessário for, ouvir testemunhas incapazes (menores), dispensando-se o compromisso e lhe sendo atribuído o valor probante que o juiz entender cabível.
Direito ao silêncio
O art. 448 do CPC traz hipóteses em que é lícito à testemunha recusar-se a depor. Trata-se do direito ao silêncio quando, lhe acarrete grave dano; em respeito, estado ou profissão deve guardar sigilo.
Da produção de prova
O art 450 do CPC dispõe sobre os dados , que deverão conter no rol de testemunha sempre que possível. Nome, profissão, estado civil, idade, CPF, RG, endereço e local de trabalho. Entende-se, no entanto, que a ausência de um ou mais elementos de qualificação é irregularidade simples que não impede a colheita do depoimento.
 As testemunhas devem ser arroladas pelas partes.
 Para que o juiz defira a produção de prova testemunhal não é necessário que as testemunhas já estejam arroladas e qualificadas, basta que ele julgue pertinente.
(Novidade no CP 2015) As partes terão o prazo comum de até quinze dias, a partir de fixação judicial na decisão de saneamento, para a apresentação do rol de testemunhas (art. 357, § 4º). (Antes eram 10 dias)
O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a dez, sendo três, no máximo, para a prova de cada fato (art. 357, § 6º). O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados (art. 357, § 7º).
Uma vez apresentado o rol de testemunhas, só será possível a substituição das mesmas se ocorrer alguma das situações previstas no art. 451 (morte, doença que impeça o depoimento ou mudança de endereço que impeça a localização).
Uma possibilidade interessante, prevista pelo art. 452, é a do próprio juiz da causa ser arrolado como testemunha. Se o julgador efetivamente tiver conhecimento de fatos relevantes para a solução do litígio, ele deverá se declarar impedido e remeter os autos para seu substituto legal. Se, ao contrário, o magistrado nada souber sobre os fatos da causa, ele mandará excluir seu nome do rol.
O depoimento das testemunhas será colhido na Audiência de Instrução e Julgamento, perante o juiz da causa na sede ou juízo (art. 453) Exceções: aquelas testemunhas ou partes acometidas por enfermidades ou outro motivo relevante o juiz designará hora e local para serem inquiridas (art449 CPC), as testemunhas que prestam depoimento antecipadamente (art. 453, I; sobre a produção antecipada de provas, (ver arts. 381 CPC)  as que são inquiridas por carta – precatória, rogatória ou de ordem e as autoridades listadas no art. 454, que cria um benefício para os ocupantes de certos cargos – quando uma das pessoas arroladas no art. 454 tiver que prestar depoimento, o juiz deverá requisitar-lhe que designe dia, hora e local em que será inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha (art. 454, § 1º). Passado um mês sem manifestação da autoridade, o juiz deverá designar dia, hora e local para o depoimento, preferencialmente na sede do juízo. O juiz também designará dia, hora e local para o depoimento na hipótese de a autoridade, sem justificativa, não comparecer à sessão para a colheita de seu testemunho por ela mesma agendada (art. 454, §§ 2º e 3º).(Novidade)(aumentou rol de autoridades).
(Novidade CPC 2015) É dever do advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, sendo dispensada a intimação do juízo (art. 455). O advogado realizará tal intimação por meio de carta com aviso de recebimento, cabendo a ele juntar aos autos, com antecedência de pelo menos três dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento (art. 455, § 1º). A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência, independentemente da intimação por AR, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu de sua inquirição (art. 455, § 2º). A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1o importa desistência da inquirição da testemunha (art. 455, § 3º). A intimação judicial da testemunha se dará excepcionalmente, nos casos previstos no § 4º do art. 455 (se frustrada a intimação pelo advogado; se a necessidade for devidamente demonstrada pelo juiz; se figurar no rol de testemunhas servidor público civil ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; se a testemunha tiver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública ou, por fim, se a testemunha constar do rol de dignitários do art. 454 Intimada a comparecer, a testemunha deverá se dirigir à sede do juízo no dia e hora indicados. A testemunha intimada, seja por via de carta do advogado, seja por via de intimação judicial, que deixar de comparecer sem motivo justificado poderá ser conduzida coercitivamente a juízo e responderá pelas despesas decorrentes do adiamento da audiência (art. 455, § 5º).
As testemunhas serão inquiridas pelo juiz, separadamente, primeiro as do autor e depois as do réu, de forma que uma não ouça o depoimento das demais (art. 456). O juiz, porém, poderá inverter esta ordem se as partes concordarem (art. 456, p. U.). Antes de iniciar seu depoimento, a testemunha será qualificada, declarará ou confirmaráseus dados e informará se possui relações de parentesco com a parte ou interesse na causa (art. 457). Conforme o § 1º do art. 457, a parte pode arguir a incapacidade, impedimento ou suspeição da testemunha, bem como, caso ela negue os fatos que lhe são imputados, apresentar documentos ou até três testemunhas que a contradigam. Sendo provada ou confessada a arguição supracitada, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento como informante (art. 457, § 2º). 
Antes de iniciar o seu depoimento como descreve o art 458 CPC, a testemunha prestará compromisso de dizer a verdade e será advertida pelo magistrado que quem afirma falsamente, cala ou oculta a verdade comete o crime de falso testemunho, tipificado no art. 342 do Código Penal.
(Novidade no CPC 2015) As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida (art. 459). A parte pode requerer a transcrição na ata de audiência das perguntas que forem indeferidas (art. 459, § 3º). As testemunhas devem ser tratadas com civilidade, sendo vedadas perguntas que importem em embraço ou constrangimento (art. 459, § 2º). O juiz também pode inquirir a testemunha, tanto antes quanto depois das perguntas feitas pelas partes (art. 459, § 1º).
O art. 461, II autoriza o juiz a determinar, de ofício ou a requerimento das partes, a acareação de duas ou mais testemunhas ou de algumas delas com a parte, quando, sobre fato determinado que possa influir na decisão da causa, divergirem as suas declarações. Aqueles que prestaram os depoimentos divergentes serão colocados frente a frente, e indagados a respeito da divergência ocorrida; o juiz pode advertir novamente as testemunhas das penas do falso. Em seguida, indagará se os depoentes mantêm as suas declarações, ou se têm retificação a fazer. De tudo, será lavrado termo. É possível realizar a acareação por meio de videoconferência (art. 461, § 2º).
A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que efetuou para comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de três dias (art. 462). O depoimento prestado em juízo é considerado serviço público (art. 463); se a testemunha estiver sujeita ao regime celetista ela não poderá sofrer, por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço (art. 463, p. U.)

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