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Resumo 
 
 
 
 
 
 
Resíduos da construção civil. Curso Engenharia Civil da Universidade Mogi das 
Cruzes São Paulo. (24 páginas), 2012. 
 
 
Este trabalho teve como objetivo apresentar a classificação dos resíduos da construção 
civil, com foco na classe C e reciclagem do gesso. 
 
 
Palavra chave: Classificação dos resíduos e reciclagem. 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de ilustrações 
Figura 1. A - Material proveniente de demolição de edificação. B – Bloco de concreto. .................. 6 
Figura 2. A – Bloco Concreto Retirado do pavimento. B - Material fresado de pavimento flexível 
CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente .................................................................................. 6 
Figura 3. A - Madeira de demolição para reuso – B – Metais para reciclagem ................................. 7 
Figura 4. A – Plásticos em processo para ser reciclado. B – Caixas de Papelão. ............................... 7 
Figura 5. Resíduos de gesso ............................................................................................................... 8 
Figura 6. Resíduos da classe D, restos de tintas rolos para pintura e solvente. ................................ 9 
Figura 7. ATT’s Campo Limpo SP. ..................................................................................................... 11 
Figura 8. A – Aplicação de gesso na parede. / B – Parede com aplicação de gesso já acabada. ..... 12 
Figura 9. Colocação de forro de gesso ............................................................................................. 13 
Figura 10. Tipo de gipsita (Rapadura cinza, Rapadura, pedra branca e cocadinha) .......................... 14 
Figura 11. Cidades que compõem o Pólo da Gipsita: Codó/Ma, Nova Olinda/Ce, Araripe/PE, 
Grajaú/Ma, Camamú/Ba. ...................................................................................................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. Introdução .......................................................................................................... 4 
2. Classificação dos materiais de construção ........................................................ 6 
2.1. Destinos dos Materiais por classe .................................................................. 9 
2.2. Áreas de bota-fora e ATT - Áreas de Transbordo e Triagem ...................... 10 
3. Reciclagem de residuos da classe C ................................................................ 11 
3.1.1. Processo da Reciclagem ............................................................................ 15 
3.1.2. Reciclagem do Gesso ................................................................................ 15 
3.1.3. Reciclagem do resíduo de gesso como aglomerante ................................. 17 
3.1.4. Contaminação do gesso em agregados para pavimentação e aterro ......... 19 
3.1.5. Sulfato como contaminante de agregados para produtos cimentícios ...... 19 
4. Referências ...................................................................................................... 21 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O trabalho apresentado a seguir tende a mostrar à classificação dos resíduos dos 
materiais de construção, com base nas normas da CONAMA - Conselho Nacional do Meio 
Resolução 307 ano 2002, com foco principal no estudo do gesso material de Classe C e sua 
reciclagem. 
Os materiais de construção são todos os corpos, objetos ou substâncias que usadas em 
obra de engenharia. A disciplina Materiais de Construção Civil estuda a obtenção, aplicação, 
conservação, durabilidade, ensaios etc., desses materiais, visando conhecê-los para melhor 
aplicá-los. 
Os resíduos gerados pela construção civil representam hoje cerca de 60% de todo o 
lixo urbano gerado pela sociedade e, desse total, 5% correspondem aos restos de gesso, que, 
ao serem manipulados de forma incorreta, emitem gás sulfídrico no ambiente, que é 
inflamável e altamente tóxico. 
Para conscientizar os profissionais que atuam no setor da construção civil sobre a 
importância da destinação e reciclagem correta dos resíduos de gesso – que, inclusive, estão 
sendo cada vez mais usados nas edificações modernas –, a Associação Brasileira dos 
Fabricantes de Chapas de Drywall, em parceria com Sinduscon–SP – Sindicato da Indústria 
da Construção do Estado de São Paulo lançou um manual de “Resíduos de Gesso na 
Construção Civil”. 
Segundo RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 - Publicada no DOU nº 
136, de 17/07/2002: 
Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: 
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, 
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes 
da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos 
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, 
madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento 
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente 
chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; 
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, 
responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos 
definidos nesta Resolução; 
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da 
coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de 
destinação; 
 
 
 
 
 
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do 
beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características 
técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-estrutura, em 
aterros sanitários ou outras obras de engenharia; 
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, 
reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, 
práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações 
necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos; 
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem 
transformação do mesmo; 
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter 
sido submetido à transformação; 
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou 
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que 
sejam utilizados como matéria-prima ou produto; 
IX - Aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros: 
é a área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de 
destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a 
reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou 
futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los 
ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio 
ambiente e devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente; (nova 
redação dada pela Resolução 448/12) 
X - Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos 
volumosos (ATT): área destinada ao recebimento de resíduos da construção 
civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos 
materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para 
destinação adequada, observando normas operacionais específicas de modo a 
evitar danos ou riscos a saúde pública e a segurança e a minimizar os 
impactos ambientais adversos; (nova redação dada pela Resolução 448/12) 
XI - Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta 
ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e 
destinação final ambientalmente adequadados resíduos sólidos e disposição 
final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal 
de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de 
resíduos sólidos, exigidos na forma da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010; 
(nova redação dada pela Resolução 448/12) 
XII - Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a 
busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as 
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle 
social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. (nova redação dada 
pela Resolução 448/12). 
 
 
 
 
 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 
Os resíduos da construção civil segundo Resolução N° 307 do CONAMA que 
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos relacionados à gestão dos resíduos da 
construção civil, consignando as ações imprescindíveis à minimização dos impactos 
ambientais. Via disto define as especificações de resíduos da construção civil. 
Conforme o artigo 4º da Resolução: “Os resíduos da construção civil não poderão ser 
dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota-fora", em encostas, corpos 
d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei”. 
Os materiais são assim classificados pela Resolução Nº 307 do CONAMA: 
 CLASSE A 
Resíduos da classe A são os reutilizáveis ou recicláveis como os agregados, tais como: 
os de materiais de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras 
obras de infraestrutura. 
 
Figura 1. A - Material proveniente de demolição de edificação. B – Bloco de concreto. 
 
Figura 2. A – Bloco Concreto Retirado do pavimento. B - Material fresado de pavimento flexível CBUQ 
– Concreto Betuminoso Usinado a Quente 
A B 
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 CLASSE B 
Resíduos de classe B são classificados como os plásticos, papeis, papelão, metais, 
vidros, madeira entre outros, são resíduos recicláveis para outras destinações. 
 
Figura 3. A - Madeira de demolição para reuso – B – Metais para reciclagem 
 
Figura 4. A – Plásticos em processo para ser reciclado. B – Caixas de Papelão. 
 CLASSE C 
Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações 
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação, como por exemplo, 
a lã de vidro. 
 O gesso também era considerado como um resíduo de Classe C, mas uma alteração na 
Resolução n° 307 do Conama foi aprovada em 23 e 24 de novembro de 2011, a proposta de 
alteração contou com a participação do SindusCon-SP, indicado pela CBIC (Câmara 
A B 
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Brasileira da Indústria da Construção) como representante do setor no grupo de trabalho que a 
elaborou. 
A resolução entrou em vigor no inicio do ano 2012 determinando que as sobras de 
gesso sejam classificadas como se fosse da Classe B, junto com os resíduos que podem ser 
reciclados ou reutilizados. 
A iniciativa para a alteração da norma foi da Associação Brasileira dos Fabricantes de 
Chapas para Drywall, que realizou estudos para comprovar a possibilidade de reciclagem do 
gesso. Segundo a Associação, ele pode ter três destinos: 
 Utilização como regulador de pega na produção de cimento; 
 Reaproveitamento nas fábricas de gesso ou transformação em gesso agrícola, atuando 
como corretivo do solo e fonte de enxofre. 
Em uma obra o gesso deve ser separado e encaminhado para ATTs ou empresas 
recicladoras devidamente licenciadas. 
 
Figura 5. Resíduos de gesso 
 CLASSE D 
Os resíduos da classe D são perigosos e oriundos do processo de construção, tais 
como, tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de obras em 
clínicas radiológicas, hospitais, instalações industriais, etc. – possuem uma destinação certa 
com os cuidados necessários para que não haja contaminação. 
A B 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Resíduos da classe D, restos de tintas rolos para pintura e solvente. 
2.1. DESTINOS DOS MATERIAIS POR CLASSE 
 CLASSE A 
Resíduos da classe A podem ser destinados para o reaproveitamento na própria obra, 
ou encaminhados para usinas de reciclagem ou aterros de resíduos da construção civil e 
armazenados de modo a permitir sua reutilização ou reciclagem futura. 
 CLASSE B 
É recomendado que se faça a separação destes materiais no canteiro de obras em 
recipientes devidamente sinalizados. O armazenamento da madeira pode deve ser feito em 
baias ou caçambas identificadas. Quando possível devem ser reutilizados na própria obra, ou 
encaminhados a empresas ou cooperativas licenciadas que façam sua reciclagem. Também 
podem ser enviados às áreas de transbordo e triagem (ATT’s), que lhes darão destinação 
adequada. 
 CLASSE C 
Até o 2011 os restos destes materiais deveriam ser separados dos demais e 
encaminhados para Áreas de Transbordo e Triagem (ATT’s) ou destinados a aterros sanitários 
preparados para seu recebimento. 
Com a alteração da lei da Conama esses resíduos devem ser enviados a ATT’s ou 
empresas recicladoras devidamente licenciadas. 
 
 
 
 
 
 CLASSE D 
A classe D prove de resíduos perigosos que devem ser encaminhados para áreas de 
transbordo e triagem (ATTs) ou destinados a aterros industriais licenciados para receber 
produtos deste tipo. 
2.2. ÁREAS DE BOTA-FORA E ATT - ÁREAS DE TRANSBORDO E TRIAGEM 
Os resíduos gerados em obras seja ela de qualquer natureza devem ser descartadas em 
locais adequados para cada classe de resíduos, são denominados bota fora. 
Em conformidade legislativa, é imperioso o devido acompanhamento das normas, 
diretrizes e legislações pertinentes ao gerenciamento dos resíduos da construção civil, além 
destas ora dispostas. 
Para o levantamento da disponibilidade de áreas de bota-fora devem ser consultadas as 
disposições da Resolução N° 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. 
Para o correto tratamento dos resíduos da construção civil devem ser verificados a 
existência de Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e o 
cumprimento de outras normas, diretrizes e/ou legislações pertinentes. 
Obteve-se um aumento relevante das ATT’s devido à reciclagem no município de São 
Paulo onde a reciclagem está sendo necessária. Apresenta-se a seguir imagem de uma ATT 
localizada no Campo Limpo zona Sul de São Paulo denominada ECO Ponto Santo Dia. 
A cidade de São Paulo tem cinco Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs) de resíduos 
de construção civil privadas. 
O material recolhido é separado, o resíduo de origem mineral (concreto, argamassa, 
alvenaria), é encaminhado para aterros de inertes, o rejeito é levado para aterros sanitários e o 
resíduo reaproveitável é comercializado. No caso das novas ATTs, os resíduos serão levados 
para aterros particulares. 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. ATT’s Campo Limpo SP. 
3. RECICLAGEM DE RESIDUOS DA CLASSE C 
A reciclagem do resíduo que foi escolhido é o gesso, o qual não se tem muitos relatos 
de reciclagem para o mesmo. 
 O GESSO 
O gesso vem se tornando uma alternativa bem vista na construção civil por apresentar 
praticidade e baixo custo. Com a chegada do DRYWALL ao mercado nos anos 90 o 
aglomerante tomou impulso principalmente para as vedações internas de todos os tipos de 
edificações. 
O gesso, sulfato de cálcio hemidratado (CaSO4 .1/2H2O), para a construção civil é um 
aglomerante inorgânico cujas propriedades permitem ótimos acabamentos além de rápido 
 
 
 
 
 
endurecimento, gerando alta produtividade sem aditivos ou tratamentos térmicos. O uso 
crescente do gesso nas obras faz com que ocorra um aumento na geração do resíduo, que 
somente na cidadede São Paulo chega a 120.000 toneladas por ano. Parte da mão-de-obra não 
é especializada, causando uma média de desperdício maior que 45% do material que entra na 
obra. Neste sentido, a busca por novas tecnologias que permitam a minimização dos mesmos 
e a preservação do meio ambiente torna – se prior idade, tal como estabelece a resolução nº 3 
07 do CONAMA. 
O gesso é aplicado como material de fundição e de revestimento, podendo ainda ser 
usado na produção de placas de forro, sancas, molduras e outras peças de acabamento. A 
utilização tradicional do gesso como revestimento interno proporciona um acabamento, fino 
quando aplicado com perfeição, com isso se tem vantagens, pois pode ser aplicado 
diretamente sobre os blocos sem a necessidade de aplicação de argamassa. 
Devido ao tempo de pega do gesso ele endurece rapidamente, gerando assim, uma 
grande quantidade de resíduos, o desperdício chega a ser quase 45% do material usado. 
Um dos fatores que geram essa inviabilidade é a contaminação dos resíduos de gesso 
por outros materiais, pois durante o processo de reciclagem a separação das impurezas muitas 
vezes é ineficiente. Devido a esse fato, o CONAMA estabelece diretrizes para a gestão do 
gesso, na sua resolução nº 307, com o objetivo de melhorar a qualidade do resíduo ofertado e 
facilitar a reciclagem. 
 
Figura 8. A – Aplicação de gesso na parede. / B – Parede com aplicação de gesso já acabada. 
Conforme cartilha de Resíduos de Gesso na construção Civil o uso do gesso na 
construção civil vem crescendo gradativamente ao longo dos últimos anos. A partir do ano de 
A B 
 
 
 
 
 
1990 com a introdução da tecnologia drywall nas vedações internas de todos os tipos de 
edificações no país ganhou impulso. Somando todos os usos tradicionais do gesso como 
material de revestimento, aplicado diretamente em paredes e tetos, e como material de 
fundição, utilizado na produção de placas de forro, sancas, molduras e outras peças de 
acabamento pode ser notado o aumento gradativo. 
Sendo assim todos esses serviços citados a cima utilizam o material geram assim os 
resíduos. Em razão das exigências da legislação ambiental brasileira tornou-se necessária a 
gestão desses da mesma forma que ocorre com outros materiais empregados nos canteiros de 
obras e passou a demandar atenção cada vez maior dos construtores. 
 
Figura 9. Colocação de forro de gesso 
A maior concentração da matéria prima do gesso, a gipsita, é encontrada na Chapada 
do Araripe, que ocupa uma área equivalente a 88 municípios de três estados nordestinos, 
Ceará, Piauí e Pernambuco. 
O estado do Pernambuco, onde está localizado o Pólo Gesseiro do Araripe, é o maior 
produtor nacional de gesso e abastece em torno de 95% do mercado brasileiro. E conta com 
39 minas de gipsita, 139 indústrias de calcinação e cerca de 726 indústrias de pré-moldados. 
produzindo aproximadamente 5,5 milhões de toneladas/ano e gerando cerca de 13 mil 
empregos diretos e 66 mil empregos indiretos (SINDUSGESSO, 2010). 
 A seguir está apresentado fotos de gipsita, e o mapa de localização do Polo da Gipsita. 
 
 
 
 
 
 
Figura 10. Tipo de gipsita (Rapadura cinza, Rapadura, pedra branca e cocadinha) 
 
Figura 11. Cidades que compõem o Pólo da Gipsita: Codó/Ma, Nova Olinda/Ce, Araripe/PE, Grajaú/Ma, 
Camamú/Ba. 
 
 
 
 
 
3.1.1. PROCESSO DA RECICLAGEM 
De acordo com Ahmed et al. (2010) durante três estágios do gesso, a produção, 
construção e demolição, cerca de 15 milhões de toneladas resíduos de gesso são gerados 
anualmente no mundo. É considerado um grave problema devido à escassez de terra 
preenchendo o espaço, o aumentando do custo do escoamento e os regulamentos ambientais. 
Segundo Macedo e Tubino (2010), o desempenho acústico em uma habitação afeta de 
maneira considerável a qualidade de vida das pessoas, sendo assim, é compreensiva a busca 
de vários autores por materiais que possuam um isolamento acústico adequado. 
Nascimento e Pimentel (2010) afirmam que estudos apontam que a viabilidade da 
reciclagem do gesso está vinculada à estrutura logística que não se detêm apenas a um setor 
industrial. Se os resíduos de gesso atendessem a alta demanda requerida pela indústria de 
produção de cimento, a mesma poderia apresentar mudanças no sistema operacional 
favorecendo o processo de reciclagem. 
Vários trabalhos foram feitos apontando avaliar se a reciclagem do gesso é viável, em 
relação as propriedades do material e à viabilidade econômica do processo; outros com o 
objetivo de desenvolver uma metodologia econômica e tecnicamente viável para reciclar o 
resíduo de gesso produzido em obras civis. 
A sustentabilidade na indústria da construção civil está diretamente ligada à 
reciclagem dos resíduos produzidos, que sempre foi um tópico de grande preocupação das 
autoridades e profissionais envolvidos na área. Tratando-se do gesso, que é um material 
proeminente na construção brasileira, é interessante reaproveitar o rejeito visto que as maiores 
reservas de matéria-prima não se encontram próximas dos centros consumidores. 
3.1.2. RECICLAGEM DO GESSO 
Será apresentado a reciclagem do gesso em diversas classe de resíduos como pode ser 
observado a seguir, mas para todo tipo de reciclagem do gesso irá inicia da seguinte forma. 
A reciclagem do gesso se inicia após a separação do gesso dos outros resíduos da 
construção, desse modo, o material limpo pode ser utilizado novamente na cadeia produtiva. 
 
 
 
 
 
 
 
Um ponto negativo na reciclagem do gesso é que a pasta de gesso reciclado no estado 
fresco apresenta uma grande perda na plasticidade, seu endurecimento é muito rápido e possui 
menor capacidade de adensamento quando comparado com gesso comercial, segundo dados 
de pesquisas realizadas no laboratórios de Química Aplicada (L.Q.A) e Física Aplicada 
(L.F.A), da Universidade Estadual do Paraná- (FECILCAM), Campus de Campo Mourão por 
alunos da universidade. 
Desde o final da década de 1990, vêm sendo pesquisados métodos de reciclagem do 
gesso e já se avançou de forma significativa em pelo menos três frentes de reaproveitamento 
desse material: 
 Indústria cimenteira, para a qual o gesso é um ingrediente útil e necessário, que atua 
como retardante de pega do cimento; 
 No setor agrícola, o gesso é utilizado como corretivo da acidez do solo e na melhoria 
das características deste; 
 Indústria de transformação do gesso, que pode reincorporar seus resíduos, em certa 
proporção, em seus processos de produção (opção muito pouco utilizada, na prática). 
 Essas três frentes de reaproveitamento já foram largamente testadas, sendo não só 
tecnicamente possíveis como economicamente viáveis. Portanto, representam 
importantes contribuições à sustentabilidade da construção civil brasileira. 
A seguir está apresentado um fluxograma, segundo cartilha do gesso, elaborado pela 
Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, com apoio do Sindicato da 
Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
3.1.3. RECICLAGEM DO RESÍDUO DE GESSO COMO AGLOMERANTE 
A reciclagem do gesso como aglomerante se da através de um processo de hidratação 
do gesso de construção puro resultando em produto com composição exatamente igual a que o 
originou, a gipsita (CaSO4.2H2O). Demanda além da moagem, remoção de impurezas, como 
o papel, uma calcinação a baixa temperatura. As reações são as seguintes: 
CaSO4 .2H2O + E CaSO4.1,5H2O + 0,5H2O 
Segundo a experiência internacional atual é possível reciclar inclusive gesso 
acartonado que contem outros compostos, produzindo aglomerantes, desde que sejam 
removidos contaminantes incorporados no processo degeração de resíduos (Campbell, 2003, 
Marvin 2000, Hummel, 1997). Existem várias tecnologias. Com o progressivo banimento dos 
resíduos dos aterros sanitários, a reciclagem de gesso vem se tornando progressivamente 
viável. 
 
 
 
 
 
 
 EMPRESAS RECICLADORA DE GESSO 
 Empresas apostam na reciclagem do gesso, uma empresa canadense recicla placas de 
gesso cartonado desde 1986 (New West Gypsum Recycling), a empresa fornece matéria 
prima para a indústria de gesso acartonado e fibra de papel para a reciclagem. A empresa 
dispõe de equipamento móvel que pode ser transportado para diferentes localizações. A 
tecnologia no entanto requer limpeza manual do resíduo. 
A empresa BPB do Canadá, afirma utilizar até 22% de gesso reciclado sem qualquer 
prejuízo no desempenho (Campbell, 2003). A Knauf possui central de reciclagem em Iphofen 
(Alemanha), com capacidade de 20 ton/h (Hummel, 1997). A empresa dinamarquesa 
Gipsrecycling também opera neste mercado e desenvolveu containers especiais onde o 
resíduo fica protegido da chuva. Nos Estados Unidos, por exemplo, GP-Gypsum opera em 
Newington, New Hampshire, fabricante de gesso acartonado, opera uma central de reciclagem 
que aceita somente resíduo limpo e cobra pelos serviços (Marvin, 2000). 
No Brasil A Engessul localizada na cidade de Imbituba no sul do Estado de Santa 
Catarina, às margens da BR-101. 
A empresa que não apenas considera os benefícios que a reciclagem de resíduos 
proporciona ao meio ambiente e fiel aos princípios constantes de sua missão, passou, no ano 
de 2005, a realizar a recepção, beneficiamento e comercialização dos resíduos de gesso das 
indústrias de artefatos de gesso e da construção civil, promovendo o reaproveitamento desses 
materiais, evitando sua disposição nos aterros e lixões, prática terminantemente proibida pelo 
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, através da Resolução nº 307, de 5 de 
julho de 2002. 
A empresa está devidamente autorizada pela FATMA - Fundação de Meio Ambiente 
de Santa Catarina, através de Licença Ambiental de Operação, para a realização da reciclagem 
dos resíduos de gesso e está à disposição dos geradores interessados em fornecer seus 
resíduos para a reciclagem através dos meios constantes do link Contato em nossa Home 
Page. 
 
 
 
 
 
 
3.1.4. CONTAMINAÇÃO DO GESSO EM AGREGADOS PARA PAVIMENTAÇÃO E ATERRO 
Como o gesso também é solúvel em água, a presença em um aterro ou base de 
pavimentação de pontos com grande concentração de gesso vai trazer problemas no longo 
prazo devido à formação de vazios pela lixiviação do gesso. 
Pode também afetar a composição e pHs da água do solo de forma mais rápida que a 
fração à base de cimento Portland afeta. Este aspecto não é relevante em regiões onde o solo 
já é rico em sulfatos. 
3.1.5. SULFATO COMO CONTAMINANTE DE AGREGADOS PARA PRODUTOS 
CIMENTÍCIOS 
No caso da reciclagem como agregados para a produção de componentes de concreto 
de cimento Portland, a presença de gesso é um limitante importante, posto que a reação entre 
os aluminatos do cimento e o sulfato do gesso em presença de umidade gera a etringita, 
composto que ocupa volume muito maior que os reagentes originais, criando tensões 
expansivas que levam à desagregação das peças de concreto. 
A maioria das normas limita o teor de sulfatos nos agregados a um valor máximo de 
1%. 
Uma das características da geração de resíduos de construção é sua heterogeneidade: 
cada caçamba tem composição diferente de outra. Caçambas de resíduo geradas na 
construção, durante a etapa de aplicação de revestimentos de gesso, ou montagem de paredes 
ou forros de placas vão conter teores de sulfato muito mais elevados que a média. Assim, 
embora a participação do gesso nos resíduos de construção seja ainda pequena (está em franco 
crescimento), se não forem tomadas medidas adequadas, poderão ocorrer problemas 
eventuais, que afetarão a confiabilidade dos agregados reciclados, impendido o 
desenvolvimento do mercado de reciclados. 
A proposta de diluir o gesso na fração mineral complicaria o processo industrial de 
reciclagem, encarecendo todo processo e, possivelmente, tornando-o economicamente 
inviável. 
Na prática, um crescimento do teor de gesso vai exigir a criação de controles do teor 
de sulfato nos agregados como parte da rotina de produção. 
 
 
 
 
 
 CONCLUSÃO 
Conclui-se que o gesso utilizado na construção civil, nas várias formas citadas neste 
documento, apresenta impacto ambiental e, portanto, é compatível com as crescentes 
exigências de sustentabilidade das atividades econômicas, notadamente no setor construtivo. 
A reciclagem dos resíduos de gesso é tecnicamente possível, com várias aplicações. 
Mas a viabilização da reciclagem em escala comercial depende de vários fatores, inclusive de 
características regionais. 
Devido à reciclagem do gesso notou-se o crescimento gradativo das ATTs - Áreas de 
Transbordo e Triagem devidamente estruturadas para receber esses resíduos e prepará-los 
para reaproveitamento industrial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. REFERÊNCIAS 
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307 (pesquisado em 15/10/2012 
as 14:00 hs). 
http://www.cepam.sp.gov.br/arquivos/encontros_tematicos/coleta_seletiva/coleta_seletiva_rec
iclagem_residencial.pdf (pesquisado em 18/10/2012 as 10:54 hs) 
http://www.abrecon.com.br/ (pesquisado em 18/10/2012 as 11:07 hs) 
http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/d/d5/TC034_Reciclados.pdf (pesquisado em 22 de 
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