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RESUMO CIVIL AV2

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Resumo Civil AV2
PERSONALIDADE JURÍDICA
O estudo da personalidade jurídica é, sem dúvida, um dos temas mais importantes para a Teoria Geral do Direito Civil. A regular caracterização da personalidade é a premissa de todo e qualquer debate no Direito Privado.
1. CONCEITO.
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. É o atributo necessário para ser sujeito de direito.
No que cerne à pessoa natural, o Código Civil estabelece que a personalidade é atributo de toda e qualquer pessoa, natural ou jurídica.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
A pessoa natural para o direito é, portanto, o ser humano, enquanto sujeito ou destinatário de direitos e obrigações.
2. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
O ordenamento civil pátrio adotou a teoria natalista, que leciona que a aquisição da personalidade jurídica se dá com o nascimento com vida, ou seja, no instante em que o aparelho cardiorrespiratório inicia seu funcionamento[1], o recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Importante lembrar que, diferente da concepção romanista e do Código Civil Espanhol, a generalidade das civilizações contemporâneas não exige forma humana para que conceda ao recém-nascido a qualidade de pessoa.
3. NASCITURO.
Cuida-se do ente concebido, embora não nascido, ou como Limongi França define, é o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno.
O Direito Civil põe a salvo os direitos do nascituro, desde a concepção.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Ora, em sendo adotada a teoria natalista, seria razoável o entendimento de que o nascituro, ainda não nascido, teria apenas mera expectativa de direito. Contudo, a questão não é pacífica na doutrina.
Arnold Wald, Miguel Maria de Serpa Lopes entre outros, são adeptos da teoria da personalidade condicional, que sufraga o entendimento de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva, vinculado ao nascimento com vida.
Já Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua, Limongi França, entre outros, adotam a teoria concepcionista, cuja vertente de pensamento é de que o nascituro adquire a personalidade jurídica desde a concepção, sendo considerado pessoa, com personalidade jurídica formal, sem cunho patrimonial.
A despeito de toda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da lei, o nascituro não é considerado pessoa, mas tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. Essa proteção estende-se ao natimorto.
4. CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO. LEGITIMIDADE.
Adquirida a personalidade, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações, possuindo, portanto, capacidade de direito e de fato.
Capacidade de direito corresponde ao atributo inerente à pessoa, natural ou jurídica, com aquisição de personalidade, para ser titular de uma relação jurídica. Se puder exercer pessoalmente esse direito, tem-se a capacidade de fato ou de exercício. Reunidos os dois atributos, fala-se em capacidade civil plena.
Diferencia-se capacidade de legitimidade, visto que esta última corresponde à capacidade específica para a prática de uma determinada relação jurídica. São impedimentos circunstanciais, considerando-se a situação especial da pessoa.
Entretanto, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas, nem toda pessoa possui aptidão para exercer pessoalmente seus direitos. Essa impossibilidade de exercício denomina-se incapacidade.
4.1. Incapacidade absoluta
Traduz-se na falta de aptidão para praticar pessoalmente os atos da vida civil. Falta total capacidade de direito e de fato para a pessoa nessa situação.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;[2]
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
Essa incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio de interdição (CPC, arts. 1177 a 1186).
Parte da doutrina, entre eles Orlando Gomes, reconhece, ainda, uma incapacidade natural, em casos de não declarada a enfermidade ou deficiência, anulando-se os atos por ele praticados. Em sentido contrário, Silvio Rodrigues entende que a anulação do ato não se daria pela incapacidade, posto que a lei civil não admite, mas sim pela falta da boa-fé objetiva no pacto.
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
4.2. Incapacidade relativa
Figura entre a capacidade civil plena e a absoluta incapacidade. Corresponde às pessoas que se localizam em zona intermediária, por não possuírem total capacidade de discernimento e autodeterminação.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
Importante lembrar que não há correlação entre maioridade civil e maioridade penal. A coincidência do marco temporário (dezoito anos) é acidental.
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Interessante notar que, segundo determinação legal, a capacidade dos índios deve ser regulada por legislação especial. A Lei nº 5.371/1967, que instituiu a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), exerce poderes de representação e apoio ao indígena. A Lei nº 6.001/1973 (Estatuto do Índio) considera o indígena agente absolutamente incapaz,reputando nulos os atos por ele praticados sem a devida representação. No caso de o índio apresentar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo, excepcionalmente, a lei permite que ele seja considerado capaz.
Pablo Stolze entende que a constante inserção social do índio na sociedade brasileira, com a conseqüente absorção de valores e hábitos da civilização ocidental firma a idéia de que, excepcionalmente, o índio deveria ter reconhecida a falta de discernimento, sendo a capacidade regra geral, e a incapacidade, relativa e eventual.
4.3. Suprimento da incapacidade: Representação e Assistência.
O suprimento da incapacidade absoluta se dá através de representação. O representante pratica o ato no interesse do incapaz, em seu lugar. Esta é a chamada representação legal.
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
De outra banda, existe a representação voluntária ou convencional. Trata-se da representação onde há acerto das próprias partes contratantes, podendo haver mandato, com poderes genéricos ou específicos na representação. 
Já o suprimento da incapacidade relativa ocorre por meio da assistência. O relativamente incapaz pratica efetivamente o ato, juntamente com seu assistente, sob pena de anulabilidade.
5. EMANCIPAÇÃO.
A menoridade, à luz do Código Civil, cessa aos dezoito (18) anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Ocorre que é possível a antecipação da capacidade plena, em virtude da autorização dos representantes legais do menor ou do juiz, pela superveniência de fato que a lei atribui força para tanto. Cuida-se do instituto chamado emancipação.
A emancipação poderá ser voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte), judicial (segunda parte) ou legal (incisos II, III, IV e V).
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;II - pelo casamento;
A capacidade para o casamento se dá a partir dos dezesseis anos, conforme CC, art. 1517. Havendo divergência entre os pais, nos termos do art. 1631, o embate poderá ser levado ao juiz, a quem caberá decidir. Excepcionalmente, menor de dezesseis poderá contrair núpcias, nos termos do art. 1520. 
Mesmo havendo dissolução da sociedade conjugal, o emancipado não retorna à incapacidade. Somente em casos de anulação ou nulidade, e não havendo boa-fé no ato, aí poderia o emancipado retomar a condição de menor.
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
Essa regra diz respeito às causas de provimento efetivo em cargo ou emprego público.
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
6. NOME CIVIL.
O nome da pessoa natural é o sinal exterior mais visível da sua individualidade, tornando-se identificável em seu âmbito familiar e no meio social.
Acerca da natureza jurídica do nome, surgem algumas teorias.
Uma primeira tese entende o nome como direito de propriedade, cujo titular, seria a família ou o próprio indivíduo. Não prospera, uma vez que não se pode alienar o nome ou abandoná-lo, portanto, não tem cunho patrimonial. Pode ser aceita com relação ao nome comercial.
Já um segundo entendimento, vê o nome como uma questão de estado, um fato protegido pelo ordenamento jurídico. Essa não satisfaz mediante a possibilidade de mudança de um nome, atestando a sua artificiosidade. 
O terceiro pensamento, adotado pelo Código Civil, visualiza o nome como um dos direitos da personalidade, conferindo-lhe tutela específica.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
6.1. Esclarecimentos terminológicos
Cumpre esclarecer algumas terminologias acerca do nome.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
O nome compreende o prenome (primeiro nome ou nome de batismo, ex: Ronaldo, João) e o sobrenome[3] (nome de família, ex: Pereira, Silva). A expressão apelido, por seu turno, é utilizada como sinônimo de patronímico (apelidos de família, ex: Barbosa, Pereira) ou de cognome (designação dada a alguém devido uma particularidade pessoal, ex: Pelé, Xuxa).
Num terceiro elemento, embora sem previsão legal, temos o agnome (sinal distintivo que se acrescenta ao nome para diferenciá-lo de parentes, ex: filho, neto).
Por fim, destaca-se o pseudônimo ou codinome (nome escolhido para o exercício de uma atividade, ex: Lima Duarte)[4].
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
6.2. Possibilidades de alteração
Diante da característica pessoal de atributo da personalidade, não se autoriza com facilidade a mudança do nome. Tomando como parâmetro, temos a motivação da iniciativa necessária e voluntária para a alteração do nome.
Lei nº 6.015/73. Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998)
        Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999)
Causas necessárias decorrem da modificação de estado de filiação, como alteração do nome dos pais, etc. As causas voluntárias dependem de autorização judicial, ressalvado o casamento, cuja modificação encontra expressa previsão legal.
Art. 1.565. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
6.3. Tutela jurídica do nome
A designação do nome civil da pessoa natural é de livre escolha do declarante, ressalvado o registro obrigatório do patronímico, inexistindo exclusividade para sua concessão.
O Código Civil protege a sua utilização indevida, conforme se verifica nos arts. 17 e18.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
7. ESTADO DA PESSOA NATURAL.
O estado da pessoa natural indica a sua situação jurídica nos contextos político, familiar e individual.
Segundo Orlando Gomes, estado político leva em conta a posição do indivíduo com relação ao Estado, ou seja, sua classificação como nacional ou estrangeiro. Estado familiarconsidera as situações do cônjuge e parentesco, levando em conta as posições do indivíduo no seio familiar. Já estado individual baseia-se na condição física do indivíduo em seu poder de agir, levando em conta a idade, sexo, saúde, sendo maior, menor, capaz, mulher, etc.
Estes atributos caracterizam-se pela irrenunciabilidade, imprescritibilidade e inalienabilidade. 
Todas as ações judiciais referentes ao estado da pessoa natural são denominadas ações prejudiciais, tendo por fim criar, modificar ou extinguir estado.
8. REGISTRO CIVIL.
O registro civil é, segundo Francisco Amaral, a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os interesses dos sujeitos de direito.
Lei nº 6.015/73. Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. 
        § 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: 
        I - o registro civil de pessoas naturais; 
        II - o registro civil de pessoas jurídicas;
        III - o registro de títulos e documentos;
        IV - o registro de imóveis. 
        § 2º Os demais registros reger-se-ão por leis próprias.
No que tange à pessoa natural, criou-se o sistema brasileiro de registro civil, organizado pela mesma lei.
Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas naturais:
        I - os nascimentos;[5]
        II - os casamentos;
        III - os óbitos;
        IV - as emancipações;
        V - as interdições;
        VI - as sentenças declaratórias de ausência;
        VII - as opções de nacionalidade;
        VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
        § 1º Serão averbados:
       a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal;
        b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento e as que declararem a filiação legítima;
        c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou concebidos anteriormente;
        d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos;
        e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
        f) as alterações ou abreviaturas de nomes.
        § 2º É competente para a inscrição da opção de nacionalidade o cartório da residência do optante, ou de seus pais. Se forem residentes no estrangeiro, far-se-á o registro no Distrito Federal.
Os episódios mais importantes da vida do homem refletem-se no registro civil: nascimento, casamento, separação, divórcio e morte.
O Código Civil estabelece, em seu art. 9º, os atos que deverão ser registrados e averbados em registro público:
Art. 9o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças quedecretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
Averbação, diferentemente de inscrição (que pode ser entendida como registro propriamente dito), quer dizer modificação, alteração no estado civil da pessoa já registrado.
9. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Em geral, a morte ocorre com a parada do sistema cardiorrespiratório, com a cessão das funções vitais. Tal aferição deve ser efetuada por médico, com base em seus conhecimentos clínicos, salvo em caso de falta de especialista.
Atualmente, para efeito de transplante, a lei tem considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos estejam em funcionamento, ainda que ativados por drogas.
Dentre os seus efeitos, destacam-se: a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo conjugal, a abertura da sucessão, a extinção do contrato personalíssimo, bem como outros, além dos que possuem eficácia post mortem. 
Cuida-se da morte real. Do ponto de vista jurídico, contudo, há outras acepções da expressão “morte”:
9.1. Morte civil
Era antigamente admitida como fator extintivo da personalidade em condenados a prisão perpétua ou punições religiosas.
Não se pode admitir a possibilidade de um indivíduo, vivo, ser tratado como morto em nossa sociedade.
9.2. Morte presumida
O Código Civil admite a morte de maneira presumida.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
a) Ausência
É um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicilio, sem deixar qualquer notícia.
O CC reconhece a ausência como morte presumida a partir do momento em que a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva. Analisemos a cronologia do tema:
  Curadoria dos bens do ausente:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
  Sucessão provisória:
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
  Sucessão definitiva:
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeirose demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
b) Justificação de Óbito
A LRP consagra um procedimento de justificação, com a necessária intervenção do Ministério Público, com a finalidade de proceder ao assentamento de óbito.
Lei nº 6.015/73. Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. (Renumerado do art. 89  pela Lei nº 6.216, de 1975).
        Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.
9.3. Morte simultânea (comoriência).
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
[1] Em caso de falecimento do recém-nascido, sendo necessário verificar se houve vida ou não, o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório pode ser aferido por um exame chamado “docimasia hidrostática de Galeno”, que é baseado na diferença de peso do pulmão que respirou ou não. Mergulhados na água, o pulmão que respirou, por se achar com alvéolos dilatados e impregnados de ar, sobrenada, ao passo que, o que não respirou, por se encontrar compacto e vazio, vai ao fundo. Em eventual impossibilidade desse exame, outras técnicas serão aplicadas.
[2] Atualmente, tem-se admitido que a vontade dos absolutamente incapazes, em caso de menores, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, notadamente em Direito de Família.
[3] Do ponto de vista técnico, sobrenome quer dizer “nome que se sobrepõe a outro”, como cognome. A expressão jurídica hipoteticamente correta seria patronímico, oriundo de nome herdado da família patriarcal. Todavia, sobrenome, atualmente, é a expressão mais politicamente adequada, tendo em vista que não mais existe a idéia de patriarca da família, face a igualdade entre o cônjuges.
[4] A titulo de curiosidade podemos observar, ainda, a existência de outra espécies de nome, apostos antes do prenome, denominados axiônimos: títulos honoríficos (Conde, Comendador), títulos Eclesiásticos (Padre, Monsenhor), qualificativos de identidade oficial (Senador, Juiz) e títulos acadêmicos (Doutros, Mestre).
[5] Ressalte-se a importância da natureza declaratória do registro de nascimento da pessoa natural em contraposição com a natureza constitutiva do registro da pessoa jurídica. “a pessoa natural registra-se porque nasce; a pessoa jurídica nasce porque se registra”.
Pessoa Natural e Pessoa Jurídica.
Temas pertinentes para responder as questões deste módulo:
Direito da Personalidade, capacidade, incapazes, emancipação e fim da personalidade jurídica.
PESSOA NATURAL
Pessoa natural é sinônimo de pessoa física, é todo ser humano.
Característica:
Toda pessoa natural é dotada de personalidade (aptidão genérica para ser titular de direitos e contrair
obrigações).
Personalidade:
Havendo personalidade jurídica é sujeito de direito.
Coisas: Não tem personalidade jurídica, é objeto de direito. Ex. Semoventes (se movem por força
própria).
Inicio da personalidade:
•Teoria natalista – Nascimento com vida. Antes do nascimento é nascituro (ente concebido ainda
não nascido), para teoria natalista, o sujeito tem direito sob condição suspensiva, se vier a
nascer com vida, recebe os direitos.
•Teoria concepcionista – A personalidade tem inicio a partir da concepção, tem personalidade
jurídica formal. Ex. direito a vida, alimentos, gestação saudável.
Personalidade jurídica formal: aptidão para ser titular de direito da personalidade, tem inicio na
concepção.
Personalidade jurídica material: é a aptidão para ser titular de direitos patrimoniais. São adquiridos a
partir do nascimento com vida.
O Código Civil adota a teoria Natalista.
A Doutrina segue a teoria concepcionista.
Obs. A ciência do direito a concepção, tem inicio no momento da nidação (momento em que o embrião
se fixa no útero). Ex. a pílula do dia seguinte, não é considerado aborto, pois não houve a nidação.
Capacidade da Pessoa Natural:
É a medida de extensão da personalidade
•Capacidade de direito/ gozo
É a aptidão para ser titular de direitos e contrair obrigações. Capacidade de direito é o mínimo de
exercício da personalidade.
•Capacidade de exercício/ ação/ fato
É a aptidão para exercer pessoalmente os atos da vida civil. Essa aptidão somente é atribuída para
pessoas que tem discernimento.
Obs. A maioridade, é apenas a presunção legal relativa de que a pessoa atingiu o pleno discernimento
aos 18 anos.
Incapacidade:
•Incapacidade Absoluta : Art. 3, CC.
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
A vontade do incapaz é desprezada pelo direito, devendo ele ser representado nos atos da vida civil sob
pena de nulidade absoluta (negocio jurídico nulo).
•Incapacidade Relativa: art. 4, CC.]
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento
reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
A vontade do incapaz importa para o direito, porem, é insuficiente devendo o mesmo ser assistido nos
atos da vida civil sob pena de nulidade relativa (negocio jurídico anulável).
Capacidade dos índios: Quanto aos índios, à capacidade é regulada por lei especial, Estatuto do índio
(lei 6001/73).
Índio integrado a comunhão nacional – Deve ser tratado como qualquer pessoa, segue a regra do
CC/02.
Índio não integrado a comunhão nacional - Deve ser assistido por algum órgão (FUNAI). Se o índio não
for assistido há nulidade absoluta. A capacidade do índio é regra especial, portanto, ele deve ser
assistido, mas isso não significa que ele é relativamente incapaz.
Obs. Não se aplica a regra de incapacidade absoluta ou relativa, somente a lei especial.
A responsabilidade dele é nula quando não assistido.
Interdição
Procedimento especial de jurisdição voluntária, que tem por objetivo verificar e quantificar a
incapacidade de uma pessoa.
A interdição é voluntária por causa da coincidência de interesse.
Obs. A perícia medica que indica se existe a incapacidade absoluta ou relativa do incapaz.
Efeitos: É uma sentença constitutiva, não retroage “ex-nunc”.
Atenção: Atos anteriores a interdição não são por ela atingidos, mas eventualmente, poderão ser
anulados ou declarados nulos se for provado que na época do fato a incapacidade era manifesta e que a
outra parte agiu de má-fé.
Emancipação:
Antecipação da capacidade civil para menor. Há três tipos:
•Emancipação voluntária – ato de manifestação de vontade, é concedida pelos pais aos filhos de
16 ou 17 anos. Essa vontade deve ser feita por escritura publica no registro civil, apresentando a
certidão de nascimento. A emancipação voluntária é extrajudicial, uma vez dada não retroage.
•Emancipação judicial – O juiz emancipa um menortutelado, há a emancipação judicial quando
há ausência dos pais.
Obs. Um tutor não é pai, portanto, não pode emancipar o menor tutelado, somente se for a juízo.
Doutrina aponta mais de uma hipótese de emancipação judicial, quando há divergência entre os
pais, quem autorizará a emancipação será o juiz.
•Emancipação Legal – É aquela que ocorre de forma automática, isto é, independe de escritura,
sentença ou registro.
Art. 5, II à V, CC. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único Cessará, para os menores, a incapacidade:
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
PESSOA JURIDICA
É todo ente formado pela coletividade de pessoas ou de bens que adquire personalidade jurídica própria
por força de determinação legal.
•Pessoa jurídica intersubjetiva – Formada pela coletividade de pessoas. Ex. sociedade (bem de
intuito lucrativo), associação (bem sem intuito lucrativo).
•Pessoa Jurídica patrimonial – Formada pela coletividade de bens. Ex. fundação (não tem intuito lucrativo).
Personalidade Jurídica da Pessoa Jurídica:
•Pessoa jurídica de direito privado - Ocorre a partir do registro inicial da pessoa jurídica. Se for sociedade, o ato constitutivo é o contrato social.
•Pessoa Jurídica de direito publico – a personalidade jurídica em regra será a partir da vigência dalei que a constitui.
Quando estudamos personalidade jurídica de pessoa jurídica trata-se de Pessoa jurídica própria.
Principio da separação patrimonial: É a regra. O patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com os bens dos sócios.
Desconsideração da personalidade jurídica: é sempre exceção. É a simples medida processual. 
O juiz determina que os sócios ou administradores da pessoa jurídica sejam incluídos no pólo no pólo passivo da demanda.
A desconsideração não gera a nulidade, anulabilidade, extinção, liquidação ou dissolução da pessoa jurídica.
Fim da Personalidade Jurídica (Art. 6º CC)
Ocorre com a Morte, sendo que esta poderá ser real ou presumida.
Término da capacidade: morte encefálica. Há a morte presumida quando não for possível atestar o óbito natural.
a) Morte Real: basta o atestado de óbito
b) Presumida: por justificação ou ausência (Art. 7º CC).
Por exemplo: Calamidade, desastre.
Em caso de Guerra – até 2 anos ao final da guerra.
* No caso de ausência: que é o desaparecimento, onde não se tem notícia da pessoa (Art. 22 CC) são necessários três fases:
1ª Fase: Ausência presumida: há uma curadoria provisória do ausente – art. 26 CC (1 a 3 anos);
2ª Fase: Ausência Declarada: abre-se a sucessão provisória (10 anos);
3ª Fase: Morte Presumida: ocorre a sucessão definitiva - Art. 37 CC (após 10 anos).
QUESTÕES SOBRE OS TEMAS
1. (OAB/SP 125º) São absolutamente incapazes os menores de:
a) 15 anos; os ausentes; os que não puderam exprimir sua vontade, em razão de causa permanente.
b) 18 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para
os atos da vida civil; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
c) 16 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram necessário discernimento para
os atos da vida civil; os que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade.
d) 16 anos; os ébrios habituais, os pródigos; os toxicômanos.
2. (OAB/SP 121o) Assinale a alternativa falsa.
a) No Brasil é inadmissível que pessoa, em pleno gozo de suas faculdades mentais, mas portadora de
deficiência física, tenha seu patrimônio administrado por curador.
b) Como não há mais obrigatoriedade de hipoteca legal dos bens do tutor, a inscrita em conformidade
com o inciso IV do art. 827 do Código Civil de 1916 poderá ser cancelada.
c) A tutela terminará em relação ao pupilo se ele atingir a maioridade, for emancipado, cair sob o poder
familiar em caso de reconhecimento ou adoção, se alistar ou for sorteado para serviço militar ou falecer.
d) Aquele que tiver em seu poder mais de três filhos poderá, se o quiser, escusar-se à tutela
testamentária, legítima ou dativa.
3. (OAB/MG. Mar 02) Assinale a opção incorreta:
a) Cessa, para os menores, a incapacidade, em virtude do casamento.
b) Os pródigos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
c) A existência da pessoa natural termina com a morte.
d) O Distrito Federal é pessoa jurídica de direito público interno.
4. (OAB/GO. Ago. 02) Assinale a alternativa correta:
a) o nascituro não tem nenhum direito efetivo, apenas expectativas de direitos que se materializarão se
nascer com vida;
b) morrendo alguém, imediatamente, cessam todos os seus direitos;
c) são absolutamente incapazes os pródigos, os menores de 16 anos, os surdos-mudos que não
puderem exprimir a vontade, os judicialmente declarados ausentes;
d) uma vez concedida a emancipação, por qualquer meio, é irrevogável e definitiva.
5)Prova OAB-SP
Exame de Ordem - Janeiro/2008 (134º Exame de Ordem SP)
Elaboração: CESPE - UnB
Direito Civil
23ª Questão: 
A personalidade civil da pessoa natural surge e desaparece, respectivamente, com
a) o nascimento e a morte.
b) a concepção e a morte.
c) a maioridade e a morte.
d) a concepção e a senilidade.
1. Das pessoas naturais ou físicas
1.1 Conceito
Pessoa natural é o ser humano capaz de direitos e obrigações na esfera civil.
Todo ser humano, assim, recebe a denominação de pessoa - natural ou física - para ser denominada como sujeito do direito, ente único, do qual e para o qual decorrem normas.
1.2 Início da personalidade da pessoa natural
A personalidade é, em si mesma, a possibilidade, devidamente reconhecida pelo ordenamento, que o sujeito do direito tem de ser titular de direitos e obrigações na esfera civil.
A personalidade da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Mas a lei resguarda os direitos do nascituro. (Art. 2º, do Código Civil Brasileiro, 2002)
A partir desde regramento devemos esclarecer alguns conceitos:
Concepturo é aquele ser que ainda não foi concebido, mas que, potencialmente, pode vir a ser;
Nascituro é aquele já concebido, mas ainda não nascido, tem portanto, expectativas de direitos, que se concretizará com o nascimento com vida.
Assim, de acordo com a norma brasileira, reconhece-se a personalidade desde que se torne patente o nascimento com vida, não sendo suficiente apenas e tão somente o nascimento, que é a expulsão do feto do ventre da genitora, que sem respirar é um natimorto.
1.3 Capacidade da pessoa natural
A capacidade é um atributo da personalidade, que consiste na aptidão genérica para adquirir direitos e obrigações na esfera civil.
Decadência de Direito
Prescrição x Decadência
Direito Civil
Prescrição
Prescrição e Decadência
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Publicado por Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes
há 6 anos
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OAB Nacional 2010.2
Resolução da questão 21 Direito Civil
21 . A respeito das diferenças e semelhanças entre prescrição e decadência, no Código Civil, é correto afirmar que:
(A) a prescrição acarreta a extinção do direito potestativo, enquanto a decadência gera a extinção do direito subjetivo.
(B) os prazos prescricionais podem ser suspensos e interrompidos, enquanto os prazos decadenciais legais não se suspendem ou interrompem, com exceção da hipótese de titular de direito absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo prescricional nem decadencial.
(C) não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição, mesmo após consumadas.
(D) a prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício pelo juiz.
NOTAS DA REDAÇAO
Inicialmente convém trazer um conceito sobre cada um dos institutos:
- Prescrição é aperda de uma pretensão de exigir de alguém um determinado comportamento; é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do tempo.
- Decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no prazo previsto em lei; é a perda do direito em si, em razão do decurso do tempo.
Importante:
A prescrição é só de direitos subjetivos patrimoniais e relativos, ou seja, nem todo direito subjetivo prescreve. Não prescrevem os direitos subjetivos extrapatrimoniais e absolutos.
Toda decadência é um direito potestativo, mas nem todo direito potestativo submete-se à decadência, porque aqueles que não possuem prazo prescrito em lei não podem decair.
Características:
	Prescrição
	Decadência
	- a prescrição é um instituto de interesse privado;
- é renunciável, tácita ou expressamente;
- os prazos prescricionais não podem ser modificados pela vontade das partes;
- pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita;
- admissibilidade de suspensão e interrupção do prazo prescricional;
- pode ser conhecida pelo juiz de ofício.
	- é de interesse público;
- não admite renúncia;
- pode ser conhecida a qualquer tempo ou grau de jurisdição;
- os prazos decadenciais não admitem suspensão e interrupção;
- o juiz deve conhecer de oficio.
(A) a prescrição acarreta a extinção do direito potestativo, enquanto a decadência gera a extinção do direito subjetivo .
Incorreta.
Como mencionado acima, o raciocínio é inverso.
Esclarecemos que, direitos potestativos são aqueles que conferem ao titular o poder de fazer produzir efeitos pela simples manifestação de vontade. Aqui todos os efeitos decorrem da manifestação de vontade do titular. Por só depender do titular ele não pode ser violado. O direito potestativo é sempre de interesse público.
Alguns direito potestativos possuem prazo para o seu exercício, outros não. Alguns exigem chancela estatal para o seu exercício e outros não (homologação).
Já direito subjetivo é aquele que confere ao titular a possibilidade de exigir de alguém um comportamento. Caso esse comportamento for isolado, surge para o titular uma pretensão de exigir judicialmente esse comportamento ou a reparação do dano correspondente.
O direito subjetivo desprovido de pretensão não passa de uma mera faculdade jurídica, isto porque o direito subjetivo é caracterizado pela pretensão e sem pretensão ele não passa de uma mera faculdade jurídica.
(B) os prazos prescricionais podem ser suspensos e interrompidos, enquanto os prazos decadenciais legais não se suspendem ou interrompem, com exceção da hipótese de titular de direito absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo prescricional nem decadencial.
Correto.
Sobre esse tema, transcrevemos os artigos mais importantes do Código Civil:
Seção II
Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição
Art. 197 . Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198 . Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
Art. 200 . Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 201 . Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
Seção III
Das Causas que Interrompem a Prescrição
Art. 202 . A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único . A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Art. 203 . A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
Art. 204 . A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
CAPÍTULO II
Da Decadência
Art. 207 . Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
(C) não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição, mesmo após consumadas.
Incorreta.
Os dispositivos que tratam deste tema no Código Civil são os artigos:
Art. 191 . A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
Art. 209 . É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
(D) a prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício pelo juiz.
Incorreta.
Por fim, o Código Civil é expresso ao trazer as regras e exceções sobre este tema.
Art. 193 . A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 210 . Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211 . Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
DEFEITO DO NEGOCIO JURIDICO
Defeitos do negócio jurídico: são os vícios do consentimento, como o erro, o dolo e a coação, que se fundam no desequilíbrio da atuação volitiva relativamente a sua declaração; esses vícios aderem à vontade, penetram-na, aparecem sob forma de motivos, forçam a deliberação e estabelecem divergência entre a vontade real, ou não permitem que esta se forme.
Erro é uma noção inexata, não verdadeira, sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que influencia a formação da vontade; o erro para viciar a vontade e tornar anulável o negócio deve ser substancial, escusável e real, no sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausível, ou ser de tal monta que qualquer pessoa inteligente e de atenção ordinária seja capaz de cometê-lo.
Erro escusável é aquele que é justificável, tendo-se em conta as circunstâncias do caso.
O erro substancial haverá, quando recair sobre a natureza do ato, quando atingir o objeto da principal declaração em sua indentidade, quando incidir sobre as qualidades essenciais do objeto e quando recair sobre as qualidades essenciais da pessoa; erro substancial é erro de fato por recair sobre circunstâncias de fato, isto é, sobre qualidades essenciais da pessoa ou da coisa.
Erro acidental é concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa, ou do objeto, não induz anulação do negócio por não incidir sobre a declaração de vontade.
Erro de direito é aquele relativo à existência de uma norma jurídica, supondo-se, que ela esteja em vigor quando,na verdade, foi revogada; o agente emite uma declaração de vontade no pressuposto falso de que procede conforme a lei.
Erro quanto ao fim colimado (falsa causa): em regra, não vicia o ato jurídico, a nào ser quando nele figurar expressamente, integrando-o, como sua razão essencial ou determinante, caso em que o torna anulável.
Dolo é o emprego de um artifício ou expediente astucioso para induzir alguém à pratica de um ato que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro.; várias são suas espécies:
a) Dolus bonus ou malus: o bonus não induz anulabilidade; é um comportamento lícito e tolerado, consistente em reticências, exageros nas boas qualidades, dissimulações de defeitos; é o artifício que não tem a finalidade de prejudicar; o malus consiste no emprego de manobras astuciosas destinadas a prejudicar alguém; é desse dolo que trata o CC, erigindo-o em defeito do ato jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade;
b) Dolus causam ou principal e dolus incidens ou acidental: o principal é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio; o acidental é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não efetuando sua declaração de vontade, embora provoque desvios, não se constituindo vício de consentimento, por não influir diretamente na realização do ato, que se teria praticado independentemente do emprego de artifícios astuciosos; não acarreta a anulação do ato, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação acordada;
c) dolo positivo ou negativo: positivo é o dolo por comissão em que a outra parte é levada a contratar, por força de artifícios positivos, ou seja, afirmações falsas sobre a qualidade da coisa; o negativo se constitui numa omissão dolosa ou reticente; dá-se quando uma das partes oculta alguma coisa que o co-contratante deveria saber e se sabedor não realizaria o negócio; para o dolo negativo deve haver intenção de induzir o outro contratante a praticar o negócio, silêncio sobre uma circunstância ignorada pela outra parte, relação de causalidade entre a omissão intencional e a declaração de vontade e ser a omissão de outro contratante e não de terceiro.
Coação seria qualquer pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, os bens ou a honra de um contratante para obrigá-lo ou induzi-lo a efetivar um negócio jurídico; para que se configure a coação moral é mister a ocorrência dos seguintes requisitos:
a) a coação deve ser a causa determinante do negócio jurídico;
b) deve incutir à vítima a um temor justificado;
c) o temor deve dizer a respeito a um dano iminente;
d) o dano deve ser considerável ou grave;
e) o dano deve ser igual, pelo menos, ao receável do ato extorquido (a ameaça deve referir-se a prejuízo que influencie a vontade do coacto a ponto de alterar suas determinações).
Excluem a coação: a ameaça do exercício normal de um direito ou o simples temor reverencial. A coação exercida por terceiro, ainda que dela não tenha ciência o contratante, vicia o negócio, causando sua anulabilidade; porém, se for previamente conhecida pela parte a quem aproveitar, esta responderá solidariamente com aquele por todas as perdas e danos.
Simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado; caracteriza-se pelo intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um negócio jurídico, que, de fato, não existe, ou então oculta, sob determinada aparência, o negócio realmente querido; Ela pode ser:
a) absoluta, quando da declaração enganosa da vontade exprime um negócio bilateral ou unilateral, não havendo intenção de realizar negócio algum; fingem uma relação jurídica que na realidade não existe;
b) Relativa, quando resulta no intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada; dá-se quando uma pessoa, sob aparência de um negócio fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do primeiro; a simulação relativa pode ser subjetiva ou objetiva, inocente ou maliciosa.
Fraude contra credores á a prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam o seu patrimônio, com o escopo de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios; possui o elemento objetivo, que é todo ato prejudicial ao credor, e o subjetivo, que é a má fé, a intenção de prejudicar do devedor.
Classificação dos Negócios Jurídicos
1º Quanto ao número de declarantes:
Unilaterais = Quando apenas uma parte celebra o negócio jurídico. O negócio jurídico unilateral pode ser pode ser recepticio ou não recepticio, sendo recepticio quando ele precisa ser recebido por alguém do contrário não surtirá efeitos, já o não recepticio não há necessidade de ser recebido por alguém para que surtos efeitos.
Bilaterais = Quando duas partes celebram o negócio jurídico, parte é diferente de pessoas, afinal, podem várias pessoas fazem parte de uma única parte, desde que não seja uma sociedade
Simples (Vantagem para apenas uma parte) = Bilaterais podem ser simples, quando apenas uma das partes fica com o ônus, a outra fica com as vantagens (Ex. Doação).
Sinalagmáticos = Quando ambas as partes tem ônus e também tem vantagens (Ex. compra e venda e locação).
Plurilaterais = Quando várias pessoas representam várias partes, cada parte tendo suas vontades (Ex. contrato de consórcio)
2º Quanto às vantagens patrimoniais:
2.1 Gratuitos = São quando uma parte assume vantagens e a outra prejuízos (Ex. doação, comodato...)
2.2 Onerosos = É onde existem vantagens e ônus para ambas as partes (sinalagmatico) (Ex. compra e venda, locação...)
a) Comutativos = É um contrato onde as vantagens e os prejuízos são certos e determinados, as partes sabem exatamente quais suas vantagens e quais o seu ônus (Ex. Locação compra e venda...)
b) Aleatórios = É o contrato onde o risco é a essência, ou seja, quando não se sabe se vai ganhar ou perder. (Ex. bolsa de valores, corrida de cavalos)
c) Neutros = Quando o negócio jurídico não envolve valor econômico para nenhuma das partes, quando não há nem ônus e nem vantagens (Ex. Renuncia a herança)
d) Bifrontes = Será oneroso ou gratuito, dependendo da vontade das partes (Ex. A opção de cobrar um serviço prestado)
3º Quanto ao momento da produção dos efeitos
3.1 Inter-vivos = Quando o efeito do negócio jurídico surte durante a vida. (Ex. Locação e compra e venda)
3.2 Causa – mortis = Quando o efeito do negócio jurídico surte após a morte. (Ex. Testamento)
4º Quanto ao modo de existência:
4.1 Principal = Quando um negócio jurídico não depende de outro para sua existência chamamos ele de principal
4.2 Acessórios = Segue o acessório, não existe sem o mesmo.
5º Quanto ás formalidades a observar
O CC adota a teoria da liberdade contratual, que diz que todo o negócio jurídico é livre, só será solene quando a lei determinar.
5.1 Solenes = Quando a lei exige formalidade o negócio jurídico é solene (Ex. Compra e venda de bem imóvel)
5.2 Não solenes = Quando a lei não exige formalidade para o negócio jurídico este não é solene (Ex. Compra e venda de bem imóvel ou locação)
6º Quanto ao número de atos necessários
6.1 Simples = Aquele negócio que é praticado por apenas uma pessoa, onde a apenas uma manifestação de vontade.
6.2 Complexos = Quando depende de mais vontades é complexos, quando reentrados atos são necessários para se estabelecer o ato jurídico (Ex. compra parcelada, locação)
a) Complexidade objetiva = Quando o ato é estabelecido por um mesmo sujeito com um mesmo objeto em todos os atos.
b) Complexidade subjetiva = Quando dependemos de mais de duas manifestações de vontade. (Ex. Outorga uxória)
6.3 Coligados =
7º Quanto às modificações que podem produzir
7.1 Dispositivos = A disposição de celebrar um negócio jurídico, ele se aperfeiçoa do negocio obrigacional.
7.2 Obrigacionais = Nascem do negócio jurídico dispositivo,ou seja, só se contrai uma obrigação se houver disposição.
8º Quanto à obtenção do resultado
8.1 Finuciário = Um negócio fundado na confiança, onde a confiança esta expressa no contrato em clausula.
8.2 Simulado = São quando a intenção de enganar terceiros em um negócio jurídico, aparentando ser um negócio lícito porém é ilícito (Ex. simular compra e venda pra enganar credor). Este negócio jurídico é NULO!
DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Defeito 
Espécies 
Vício 
Efeito 
 ERRO OU IGNORÂNCIA 
 Consiste em uma falsa 
representação da realidade. 
O agente engana-se sozinho. 
(Art. 138 a 144) 
1. ERRO SUBSTANCIAL. (art. 139) Circunstancias e aspectos relevantes do NJ, é a causa determinante. 
Se conhecida à realidade o NJ não seria celebrado. 
a) Natureza do negócio – pretende celebrar determinado NJ e na verdade realiza outro. 
Ex: Quer alugar e não vender / Quer emprestar e não doar / Quer vender e não doar. 
b) Objeto principal – incide sobre a identidade do objeto 
Ex: Quer o lote A mas na verdade compra o lote B 
c) Qualidades essenciais do objeto principal – é a suposição de que o objeto possuía determinada qualidade que, posteriormente, se 
verifica inexistir. 
Ex: Acha que o relógio é de ouro, mas é apenas folheado. 
d) Identidade ou à qualidade da pessoa – Refere-se tanto à identidade quando as qualidades da pessoa. 
Ex: O doador deixa herança/testamento equivocadamente a alguém que pensa ser seu filho natural. 
e) Erro de Direito – É o falso conhecimento , ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica aplicável a situação concreta. 
2. ERRO ACIDENTAL. Refere-se as qualidades secundárias do objeto ou da pessoa. Se conhecida à realidade, mesmo assim o NJ 
seria realizado. 
3. ERRO ESCUSÁVEL É o erro justificável, desculpável. (art. 138) 
4. CONVALESCIMENTO DO ERRO (Art. 144) Afasta o prejuízo do que se enganou. (reconstituição, restauro, recuperação) 
CONSENTIMENTO 
ANULÁVEL 
DOLO 
É provocado intencionalmente 
pela outra parte ou por 3º, 
fazendo com que aquela pessoa 
se equivoque. 
(Art. 145 a 150) 
1. PRINCIPAL (Art. 145) Somente o dolo principal, como causa determinante da declaração de vontade, vicia o NJ. Configura-se 
quando o NJ é realizado somente porque houve induzimento malicioso de uma das partes. 
2. ACIDENTAL (Art. 146) O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito , o 
negócio seria realizado, embora por outro modo. 
 
A) Dolus Bônus – é tolerável , o exagero já esperado. (não anula o NJ) 
 Dolus Malus – é o revestido de gravidade, exercido com o proposito de ludibriar e de prejudicar. 
 Dolo Principal e Acidental. 
B) Dolus positivo ou comissivo – ação dolosa 
 Dolus negativo ou omissivo – omissão dolosa (ocultação) art. 157 
C) Dolo de terceiro – (Art. 148) Dolo proveniente do outro contratante ou de terceiro, estranho ao NJ. 
Se a parte a quem aproveite não soube do dolo de terceiro, não se anula o NJ. 
C) Dolo de representante – (Art. 149) O representante de uma das partes não pode ser considerado terceiro, pois age como se fosse o 
próprio representado. 
representante legal = o representado responde civilmente até a importância do proveito que teve. 
representante convencional = o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 
F) Dolo bilateral – (Art. 150) O dolo de ambas as partes. (recíproco) NJ válido. 
G) Dolo de aroveitamento – (Art. 157) Dolo + lesão. Alguem se aproveita da situação de premente necessidade ou da inexperiência. 
CONSENTIMENTO 
ANULÁVEL 
COAÇÃO 
É toda ameaça ou pressão injusta 
exercida sobre um individuo para 
força-lo, contra a sua vontade, a 
praticar um ato ou realizar um 
NJ. (violência pscicológica.) 
(Art. 151 a 155) 
1. ABSOLUTA/FÍSICA = Incorre qualquer consentimento ou manifestação da vontade. (Ocorre o emprego da força) – NJ 
inexistente 
Ex: A colocação da impressão digital do analfabeto no contrato. 
2. RELATIVA/MORAL = Coação que constitui vício da vontade e torna anulável o NJ. Não deixa de ser uma opção ou escolha da 
vítima. 
Ex:  a bolsa ou a vida. 
3. COAÇÃO PRINCIAL = A coação principal constitui causa de anulação do NJ. 
4. COAÇÃO ACIDENTAL = A acidental somente obriga o ressarcimento do prejuízo. 
 
5. REQUISITOS DA COAÇÃO 
a) Deve ser causa determinante do ato – Deve haver uma relação de causalidade entre a coação e o ato extorquido; 
b) Deve ser grave – de tal intensidade que efetivamente incuta na vitima um fundado temor de dano a bem que considera relevante. 
CONSENTIMENTO 
ANULÁVEL 
c) Deve ser injusta – ilícita, contraria ao direito, ou abusiva. 
d) Deve dizer respeito a dano atual ou eminente – atual e inevitável 
e) Deve constituir ameaça de prejuízo a pessoa ou a bens da vitima ou a pessoa de sua família. 
 
6. COAÇÃO EXERCIDA POR TERCEIRO 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e 
esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter 
conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
ESTADO DE PERIGO 
A situação de extrema 
necessidade que conduz uma 
pessoa a celebrar o NJ em que 
assume obrigação 
desproporcional e excessiva. 
(Art. 156) 
Podem ser considerados institutos afins do Estado de Perigo a lesão, o estado de perigo e a coação, dentre outros. 
ESTADO DE PERIGO 
LESÃO 
Vicia a própria oferta, em situação de extremo risco. 
Se configura quando há usura real 
O contratante deve optar entre sofrer as consequências do 
perigo que o ameaça ou pagar a seu salvador. 
O declarante participa de um NJ desvantajoso, premido por uma 
necessidade econômica. (contratual, de caráter patrimonial.) 
Além do elemento objetivo (prestação excessivamente onerosa), 
exige o conhecimento do perigo pela parte que se aproveitou da 
situação (elemento subjetivo). 
Não é necessário que a contraparte saiba da necessidade ou da 
inexperiência, sendo , pois, objetivo o defeito. 
Alguém se obriga a uma prestação de dar ou fazer por uma 
contraprestação sempre de fazer. 
Admite suplementação da contraprestação 
Pode conduzir a negócios unilaterais em que a prestação 
assumida seja unicamente da vítima: promessa de recompensa, 
obrigação de testar em favor de alguém etc.. 
Exige desequilíbrio de prestações 
 
ELEMENTOS DO ESTADO DE PERIGO: 
a) Uma situação de necessidade – 
b) Iminência de dano atual e grave – 
c) Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano – 
d) Incidência da ameaça do dano sobre a pessoa do próprio declarante ou de sua família – 
e) Conhecimento do perigo pela outra parte – 
f) Assunção de obrigação excessivamente onerosa – 
 
BOA FÉ – Mantém o NJ + reduz o proveito 
MÁ FÉ – O NJ será anulado, cabe ainda o prestador do serviço a invocação da teoria do enriquecimento sem causa. 
CONSENTIMENTO 
ANULÁVEL 
LESÃO 
É o prejuízo resultante da 
enorme desproporção existente 
entre as prestações de um 
contrato, no momento de sua 
celebração, determinada pela 
premente necessidade ou 
inexperiência de uma das partes. 
(Art. 157) 
Não se importa com a má-fé da outra parte, mas sim em proteger o lesado. 
 
ELEMENOS DA LESÃO: 
Objetivo – Consiste na manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, geradoras de lucro exagerado 
Subjetivo – Caracterizado pela inexperiência ou premente necessidade do lesado. 
 
Art. 157. § 2º - Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concor dar 
com a redução do proveito.  Princípio da conservação do contrato 
CONSENTIMENTO 
ANULÁVEL 
FRAUDE CONTRA 
CREDORES 
É todo ato suscetível de diminuir 
ou onerar seu patrimônio,reduzindo ou eliminando a 
garantia que este representa para 
1. ELEMENTO CONSTITUTIVOS 
Objetivo (eventos damni) – A própria insolvência, que constitui o ato prejudicial ao credor. 
Subjetivo (Consolium fraudis) –É a má-fé do devedor, a consciência de prejudicar 3º. 
 
 O credor somente logrará invalidar a alienação se provar a má-fé do 3º adquirente, isto é, a ciência da situação de insolvência 
do alienante. 
SOCIAL 
ANULÁVEL 
pagamento de suas dívidas, 
praticado por devedor 
insolvente, ou por ele reduzido à 
insolvência. 
(Art. 158 a 165) 
2. HIPÓTESES LEGAIS 
a) Atos De Transmissão Gratuita De Bens – (Art. 158) presunção de fraude: basta provar a insolvência do devedor, já que não há 
prejuízo ao beneficiário. Ex. doação. 
b) Remissão De Dívidas – (Art. 158) Os créditos ou dividas ativas que o devedor tem a receber de terceiros constituem parte de 
seu patrimônio, se ele os perdoa este patrimônio, que é garantia dos credores, se reduz proporcionalmente. 
c) Atos De Transmissão Onerosa – (Art. 159) Haverá anulabilidade mesmo havendo contraprestação em face da notoriedade ou 
da existência de motivos para este fato, ou seja, se o adquirente teve conhecimento da insolvência. Ex: Preço vil, Parentesco. 
d) Pagamento Antecipado De Dívida - (Art. 162) Salda débitos vincendos, comporta-se de maneira anormal. 
e) Concessão Fraudulenta De Garantias – (A rt. 163) Anula-se apenas a garantia. 
 
3. AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA 
É a ação pela qual os credores impugnam os atos fraudulentos de seu devedor. 
Natureza Jurídica = Desconstitutiva. 
 
 LEGITIMIDADE ATIVA: (Art. 158) 
a) Credor quirografário – credores que não possuem garantia especial do recebimento de seus créditos. 
b) Só os credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (Art. 158 , § 2º) Os que se tornaram credores depois da 
alienação não podem. 
 LEGITIMIDADE PASSIVA (Art. 161) 
a) Devedor insolvente 
b) Adquirente (a pessoa que com ele celebrou a fraude) 
c) 3º adquirente que tenha agido de má-fé. 
Obs: Deve-se instaurar um litisconsórcio necessário, pois de nada adianta acionar somente o alienante se o bem s e encontra em 
poder dos adquirentes. 
 
4. FRAUDE NÃO U LTIMADA 
Se o adquirente ainda não efetuou o pagamento, poderá deposita-lo em juízo. Se o preço for equivalente ao valor de mercado da 
coisa, impede que se considere consumada a fraude, pois demonstra a boa-fé do adquirente. Desta forma os credores vão perder a 
legitimação ativa para propor a ação pauliana, visto que não haverá diminuição patrimonial . 
 
5. VALIDADE DOS NJ ORDINÁRIOS CELEBRADOS DE BOA-FÉ PELO DEVEDOR. 
(Art. 164) Permite que o devedor insolvente venha a contrair novo débito, destinado apenas a própria sub sistência ou a de sua 
família. 
FRAUDE CONTRA CREDORES 
FRAUDE A EXECUÇÃO 
É defeito do NJ (vício social), disciplinado pelo direito 
privado, ou seja, pelo direito Civil. 
É incidente no processo, regulado pelo direito publico, ou 
seja, pelo direito processual civil (CPC, art. 593) 
Ainda não existe nenhuma ação ou execução em andamento. 
Pressupõe demanda em andamento. 
Provoca a anulação do NJ. 
Declaração de ineficácia da alienação fraudulenta 
Torna o ato anulável 
Torna o ato NULO 
Deve ser pronunciada em ação Pauliana. 
Independe de revocatória, podendo ser reconhecida 
incidentalmente, mediante simples petição, nos próprios 
autos, sendo objeto de decisão interlocutória. 
Uma vez reconhecida aproveita a todos os credores 
Aproveita apenas o exequente 
 
 Para caracterização da fraude à execução não basta a 
simples existência de ação executiva capaz de reduzir o 
alienante à insolvência, é necessário o conhecimento do 
adquirente de demanda com tal potência . Presume -se esse 
conhecimento na hipótese em que existente o devido 
registro da ação no cartório apropriado, ou então impõe -se 
ao credor da execução a prova desse conhecimento. 
 
SIMULAÇÃO 
As partes fingem ou simulam 
uma situação visando fraudar a 
lei ou prejudicar terceiros. 
Simulação é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio diverso do efetivamente desejado. 
A simulação é produto de um conluio entre os contratantes, visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir. 
 
SIMULAÇÃO ABSOLUTA = As partes na realidade não realizam nenhum negócio. Apenas fingem. 
SIMULAÇÃO RELATIVA = As partes pretendem realizar determinado negócio, prejudicial a terceiro ou em fraudar a lei. Para escondê-
lo, ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio. 
 Negócio Simulado – Aparente. Destinado a enganar. 
 Negócio dissimulado – Oculto, mas verdadeiramente desejado. 
 
HIPÓTESES LEGAIS (ART. 167 §1º): 
a) por interposição de pessoa 
b) por ocultação da verdade, na declaração 
c) por falsidade de data. 
 
SOCIAL 
NULO 
 
DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
INEXISTENTE 
 
Quando lhe falta algum elemento estrutural, 
como o consentimento por exemplo. 
Se não houve qualquer manifestação de 
vontade, o negócio não chegou a se formar. 
 
 
NULIDADE 
É a sansão imposta pela lei aos atos e NJ 
realizados sem observância dos requisitos 
essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos 
que lhes são próprios. 
ESPÉCIES DE NULIDADE: 
- Absoluta: existe um interesse social, além do individual, para que se prive o ato ou NJ dos seus 
efeitos específicos, visto que há ofensa a preceito de ordem pública, e assim afeta a todos. 
- Relativa: atinge negócios que se acham inquinados de vício capaz de lhes determinar a 
invalidade, mas que pode ser afastado ou sanado. 
- Total: Atinge todo o NJ. 
- Parcial: Afeta somente parte dele (não prejudica a parte válida, baseando no princípio da 
conservação do ato ou NJ.) 
- Textual: vem expressa na lei. 
- Virtual: (implícita) não sendo expressa, pode ser deduzida de expressões utilizadas pelo 
legislador. não podem, não se admite... 
CAUSAS DE NULIDADE: 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, 
for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere 
essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei impera tiva; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a 
prática, sem cominar sanção. 
ANULABILIDADE 
É a sansão imposta pela lei aos atos e NJ 
realizados por pessoa relativamente incapaz 
ou eivados de alguns vícios do consentimento 
ou vício social. 
DIFERENÇAS: 
NULIDADE 
ANULABILIDADE 
É de ordem pública e decretada no interesse 
da própria coletividade 
É decretada no interesse privado da pessoa 
prejudicada. 
Não pode ser sanada pela confirmação, nem 
suprida pelo juiz. O CC substituiu o termo 
ratificação por confirmação 
Pode ser suprida pelo juiz, a requerimento 
das partes, ou sanadas, expressa ou 
tacitamente, pela confirmação. 
CAUSAS DE ANULABILIDADE: 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na 
lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de 
perigo, lesão ou fraude contra credores. 
Deve ser pronunciada de ofício. 
Efeito: Ex tunc, pois retroage a data do NJ, 
para lhe negar efeitos. 
Não pode ser pronunciada de ofício. 
Depende de provocação dos interessados, e 
não opera antes de julgada por sentença. 
Efeito: Ex nunc 
Sentença é de natureza Desconstitutiva. 
Pode ser alegada por qualquer interessado, 
ou pelo Ministério Público, quando lhe 
couber intervir. (Art. 168) 
Só pode ser alegada pelos os interessados. 
(Art. 177) 
Negócio nulo não se valida com o decurso do 
tempo, nem é suscetível de confirmação. 
Decadência em prazos mais ou menos curtos. 
Não produz nenhum efeito.Produz efeitos EX 
TUNC (natureza declaratória.) 
Produz efeitos até o momento em que é 
decretada a sua invalidade. EX NUNC 
 
 
 
ANULÁVEL 
A vontade foi manifestada mas encontra-se eivada de erro, dolo ou coação. O negócio existe mas 
é anulável. 
 
NULO 
A vontade emana de um absolutamente incapaz, maior é o defeito e o negócio existe mas é nulo.

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