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01 PESSOA NATURAL

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DIREITO CIVIL 
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Sumário 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA ...................................................................................... 3 
1.1. Conceito.................................................................................................................. 3 
1.2. Aquisição da Personalidade Jurídica ...................................................................... 3 
1.3. Nascituro................................................................................................................. 3 
1.3.1. Teoria Natalista ................................................................................................ 4 
1.3.2. Teoria Concepcionalista ................................................................................... 4 
2. CAPACIDADE .............................................................................................................. 5 
2.1. Incapacidade Absoluta ........................................................................................... 7 
2.2. Incapacidade Relativa ............................................................................................ 8 
2.2.1. Os Maiores de Dezesseis e Menores de Dezoito Anos ................................... 9 
2.2.2. Os Ébrios Habituais e os Viciados em Tóxicos .............................................. 10 
2.2.3. Aqueles que por Causa Transitória ou Permanente, Não Puderem Exprimir Sua 
Vontade ...................................................................................................................... 11 
2.2.4. Os Pródigos ................................................................................................... 12 
2.2.5. Capacidade dos Indígenas............................................................................. 13 
2.2.6. Suprimento da Incapacidade (Representação e Assistência) ........................ 14 
3. EMANCIPAÇÃO ......................................................................................................... 15 
3.1. Emancipação Voluntária ....................................................................................... 16 
3.2. Emancipação Judicial ........................................................................................... 17 
3.3. Emancipação Legal Matrimonial ........................................................................... 17 
3.4. Emancipação Legal Decorrente de Exercício de Emprego Público Efetivo .......... 18 
3.5. Emancipação Legal por Colação de Grau em Curso de Nível Superior ............... 18 
3.6. Emancipação Legal, por Estabelecimento Civil ou Comercial, ou pela Existência de 
Relação de Emprego que lhe dê Economia Própria....................................................... 18 
4. DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................................................. 19 
4.1. Características dos direitos da personalidade ...................................................... 20 
4.1.1. Direito à Vida .................................................................................................. 21 
4.1.2. Direito à Integridade Física ............................................................................ 21 
4.1.3. Direito à Voz ................................................................................................... 23 
4.1.4. Direito à Integridade Psíquica ........................................................................ 23 
4.1.5. Direito à Liberdade ......................................................................................... 23 
4.1.6. Direito à Liberdade de Pensamento ............................................................... 24 
4.1.7. Direito às Criações Intelectuais ...................................................................... 24 
4.1.8. Direito à Privacidade ...................................................................................... 24 
4.1.9. Direito à Honra ............................................................................................... 26 
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4.1.10. Direito à Imagem......................................................................................... 26 
4.1.11. Direito à Identidade ..................................................................................... 27 
5. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL .......................................................................... 27 
5.1. Morte Presumida .................................................................................................. 27 
5.1.1. Ausência ........................................................................................................ 28 
5.1.2. Justificação de Óbito ...................................................................................... 30 
5.2. Morte Simultânea – Comoriência .......................................................................... 31 
6. Bibliografia .................................................................................................................. 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PESSOA NATURAL 
 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
1.1. Conceito 
 
Personalidade Jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair 
obrigações, é o atributo para ser sujeito de direitos. 
 
Adquirida a personalidade, a pessoa (natural ou jurídica) passa a atuar na qualidade 
de sujeito de direitos, praticando atos e negócios jurídicos. 
 
O Código Civl de 2002 substituiu a expressão “homem” por “pessoa”, adequando a 
linguagem à nova ordem constitucional, dispondo em seu art. 1º: 
 
Art. 1º - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
1.2. Aquisição da Personalidade Jurídica 
 
Para o Direito Civil, a pessoa natural é o ser humano, sujeito e destinatário de direitos 
e obrigações. 
 
O surgimento da personalidade jurídica se dá com o nascimento com vida, nos moldes 
do art. 2º do CC: 
 
Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas 
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
A doutrina tradicional, adepta da teoria natalista, entende que a o recém-nascido 
adquire personalidade jurídica no momento que inicia o funcionamento do aparelho 
cardiorrespiratório. 
 
A teoria natalista é majoritária, porém não é pacífica, como se verá adiante. Ademais, 
anote-se que não mais se exige forma humana e viabilidade para o recém-nascido ser 
considerado pessoa. 
 
1.3. Nascituro 
 
Nascituro é o ente concebido, porém não nascido. 
 
Nosso Código Civil embora não considere o nascituro pessoa, põe a salvo seus 
direitos desde a concepção (art. 2º, CC). 
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Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
1.3.1. Teoria Natalista 
 
Para os adeptos da teoria natalista, o nascituro, não sendo pessoa, possui mera 
expectativa de direito, direitos esses sob condição suspensiva. É a chamada teoria da 
personalidade condicional, ficando a personalidade condicionada ao nascimento com 
vida, se extinguindo caso o feto não chegue a viver. 
 
1.3.2. Teoria Concepcionalista 
 
Para esta corrente o nascituro adquire personalidade jurídica desde a concepção, já 
sendo considerado pessoa alcançando, inclusive, os direitos patrimoniais. 
 
Numa linha mais comedida, alguns autores entendem se tratar de personalidade 
jurídica condicional, onde o nascituro teria desde a concepção a personalidade jurídica 
formal (direitos personalíssimos, sem conteúdo patrimonial), ao passo que a personalidade 
jurídica material (direitos patrimoniais) estaria condicionada ao nascimento com vida 
(condição suspensiva). 
 
São exemplos de direitos personalíssimos garantidos aonascituro citados pela 
jurisprudência: direito à vida e direito à assistência pré-natal. 
 
No Brasil se adota a teoria natalista, embora a visão concepcionalista tenha força na 
jurisprudência. 
 
(...) o ordenamento jurídico como um todo (e não apenas o CC) alinhou-se mais 
à teoria concepcionista - para a qual a personalidade jurídica se inicia com a 
concepção, muito embora alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com 
o nascimento, haja vista que o nascituro é pessoa e, portanto, sujeito de direitos - para 
a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada 
pela majoritária doutrina contemporânea. Além disso, apesar de existir concepção 
mais restritiva sobre os direitos do nascituro, amparada pelas teorias natalista e da 
personalidade condicional, atualmente há de se reconhecer a titularidade de direitos 
da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante, uma vez 
que, garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados 
ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito 
à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. Portanto, o aborto causado pelo 
acidente de trânsito subsume-se ao comando normativo do art. 3º da Lei 6.194/1974, 
haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento 
de uma vida intrauterina. REsp 1.415.727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado 
em 4/9/2014. (Informativo 547) 
 
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 Assim, apensar da discussão doutrinária e jurisprudencial, o nascituro tem proteção 
legal dos seus direitos desde a concepção, mesmo não seja expressamente considerado 
pessoa. 
 
São direitos do nascituro: 
 
• Titular de direitos personalíssimos (direito à vida, proteção pré-natal, etc); 
• Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do ITCMD; 
• Pode ser beneficiado por legado e herança; 
• O Código Penal tipifica aborto como crime; 
• Direito à realização de exame de DNA para aferição de paternidade. 
 
No âmbito do Direito do Trabalho, a gestante tem direito à estabilidade desde a data 
da concepção e não da data do conhecimento ou comunicação da gravidez. 
 
Já no campo patrimonial, o nascituro tem direito aos alimentos gravídicos para a 
colaboração do genitor com as despesas da gestação. 
 
Os direitos garantidos ao nascituro se estendem ao natimorto, observadas as 
peculiaridades necessárias, uma vez que a vida é reconhecida desde a concepção. 
 
Enunciado nº 1 da Jornada de Direito Civil, promovida pelo CEJ do Conselho da 
Justiça Federal: 
 
Enunciado nº 01 - “Art. 2º: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o 
natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e 
sepultura”. 
 
2. CAPACIDADE 
 
Adquirida a personalidade, a pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações, 
possuindo capacidade de gozo ou de direito que é inerente a todo ser humano. 
 
Porém, nem toda pessoa possui aptidão para exercer os direitos adquiridos com a 
personalidade praticando atos jurídicos, possuem alguma limitação, seja orgânica ou 
psicológica. Nesse caso lhe falta a capacidade de fato ou de exercício. 
 
Somada a capacidade de direito à capacidade de direito, fala-se em capacidade civil 
plena. 
 
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 Capacidade de fato se condiciona à capacidade de direito. Pode haver sujeito com 
capacidade de direito, mas sem capacidade de fato, porém não há de se conceber que haja 
capacidade de fato sem capacidade de direito. 
 
Havendo a capacidade de direito sem a capacidade de fato estamos diante da 
incapacidade. 
 
Não se confunda capacidade com legitimidade. 
 
Capacidade, como dito, é a aptidão genérica para praticar atos na esfera civil. Já a 
legitimidade se trata de impedimento circunstancial para averiguar se a pessoa tem ou não 
capacidade para a prática do ato tendo em vista determinada situação jurídica. 
 
A legitimação é um plus que se agrega à capacidade em determinadas situações. 
 
A título de exemplo o art. 1.132 do Código Civil diz: 
 
Art. 1.132 – os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os outros 
descendentes expressamente consintam. 
 
Desta forma, se o pai, que tem capacidade genérica para alienar o bem, não poderá 
aliená-lo a um dos filhos sem a anuência dos demais. Embora capaz, lhe faltará legitimidade 
para a alienação. 
 
Em linhas gerais: 
 
• Capacidade de Direito: capacidade genérica; 
• Capacidade de Fato (ou de exercício): capacidade em sentido estrito (medida do 
exercício da personalidade); 
• Capacidade específica: legitimidade (ausência de impedimentos jurídicos para 
prática de determinados atos). 
 
Capacidade
de Fato
Capacidade
de Direito
Capacidade
Civil Plena
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Ausente a capacidade de fato, estamos diante da incapacidade civil, seja absoluta ou 
relativa. 
 
Anote-se que o tema foi profundamente alterado pelo Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, Lei nº 13.146/2015. 
 
2.1. Incapacidade Absoluta 
 
Incapacidade é a falta de aptidão para praticar pessoalmente os atos da vida civil, lhe 
faltando a capacidade de fato ou de exercício. 
 
Todavia a incapacidade não exime o incapaz da responsabilização patrimonial nos 
termos do art. 928 do CC: 
 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele 
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios 
suficientes. 
 
O CC, originalmente, considera absolutamente incapazes: 
 
• Os menores de 16 anos; 
• Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
• Os que, mesmo por causa, transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Excluiu-se em 2002 os surdos-mudos do rol de absolutamente incapazes. 
 
Ocorre que com o advento da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) 
o instituto da incapacidade foi sensivelmente alterado, retirando da categoria de incapaz as 
pessoas com deficiência, entendidas aquelas com impedimento de logo prazo, de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial - art. 2º e 84 do EPD. 
 
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo 
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com 
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade 
em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada 
por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: (Vigência) 
 
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; 
 
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; 
 
III - a limitação no desempenho de atividades; e 
 
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IV - a restrição de participação. 
 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua 
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
O art. 84 deixa claro a capacidade plena da pessoa com deficiência, deixando o rótulo 
de incapaz e passando a ser considerada pessoa com plena capacidade, mesmo diante de 
institutos de assistência específicos como a tomada de decisão apoiada e em casos 
excepcionais, a curatela, relacionada apenas a atos de natureza patrimonial e negocial. 
 
Art. 85, § 2º. A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença 
as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado. 
 
O art. 1548, I do CC foi revogado e acrescentado o §2º ao art. 1550 do CC para 
conferir à pessoa com deficiência mental ou intelectual, em idade núbil, o direito de contrair 
núpcias por declaração de vontade ou por seu responsável ou curador. 
 
Art. 1550, § 2º. A pessoa com deficiênciamental ou intelectual em idade núbil poderá 
contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu 
responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
Desta forma, com as alterações trazidas pelo EPD, a incapacidade absoluta ficou 
limitada à questão etária, sendo considerados absolutamente incapazes apenas os 
menores de 16 anos (impúberes). 
 
2.2. Incapacidade Relativa 
 
Trata da zona intermediária da capacidade, compreendendo aqueles que estão entre 
a incapacidade absoluta e a capacidade plena. 
 
A incapacidade relativa impede que o sujeito pratique os atos da vida civil sem 
assistência dos pais, tutores ou curadores. 
 
No Código Civil de 2002 são considerados relativamente incapazes (i) os maiores de 
dezesseis anos e menores de dezoito anos; (ii) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, 
e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; (iii) os excepcionais, 
sem desenvolvimento mental completo; e (iv) os pródigos. 
 
Com dito anteriormente, com o advento do EPD (Lei 13.146/2015), o art. 4º do Código 
Civil foi alterado e com ele o instituto da capacidade, disciplinando de forma distinta também 
a incapacidade relativa. 
 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
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I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
IV - os pródigos. 
 
Mantiveram-se as disposições dos incisos I e IV, referente ao critério etário e em 
relação aos pródigos. 
 
Todavia, o inciso II teve redução parcial, sendo suprimida a menção à deficiência 
mental. 
 
O inciso III também foi alterado, excluindo do rol dos relativamente incapazes aqueles 
que por deficiência metal tenha o discernimento reduzido. 
 
O inciso III do art. 4º passa a ter a redação que constava no revogado inciso III do art. 
3º, sendo considerados relativamente incapazes, e não mais absolutamente incapazes, 
aqueles por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. 
 
A pessoa relativamente incapaz pode não ser desprovida totalmente da possibilidade 
de manifestar a vontade, de tal modo que os atos por ela praticados são apenas anuláveis 
(art. 171, I), admitindo a confirmação ou ratificação (art. 172), e seu desfazimento depende 
da iniciativa do interessado (art. 177). 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro. 
 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se 
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente 
aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. 
 
2.2.1. Os Maiores de Dezesseis e Menores de Dezoito Anos 
 
Sofreu alteração a partir do Código Civil de 2002, reduzindo a idade de obtenção da 
maioridade de 21 para 18 anos, igualando a maioridade civil à criminal e trabalhista. 
 
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Importante frisar que não há correlação entre a maioridade civil e a imputabilidade 
penal, nem quanto às atenuantes ligadas a critérios etários, tratando-se de coincidência 
tendo em vista as diferentes idades já adotadas tanto para a maioridade civil quanto para a 
imputabilidade penal. A título de exemplo, no Código Criminal do Império (1830) a 
imputabilidade penal se dava aos 14 anos. 
 
Nesse sentido, já decidiu o STJ: 
 
“Novo Código Civil. Menoridade. Atenuante. O fato de o art. 5º do Novo Código Civil 
afirmar que a menoridade cessa aos dezoito anos em nada influi na aplicação da 
atenuante relativa ao agente menor de vinte e um anos (art. 65, I, do CP). Para efeito 
de incidência daquela atenuante, não há que se cogitar a respeito da capacidade civil, 
pois se cuida, sim, de mero critério etário adotado pela legislação penal. Resta, então, 
que não hpa que se falar em revogação implícita.” (HC 40.041-MS, Rel. Min. Nilson 
Naves, j. 17-3-2005) 
 
Mesmo necessitando de assistência para os atos da vida civil, o menor púbere não se 
exime de obrigação assumida se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte 
ou se se declarar maior. (art. 180 do CC) 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra 
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
Entretanto, podem ser praticados sem assistência o testamento por maior de 16 anos 
(art. 1860, parágrafo único, CC), a aceitação de mandato (art. 666, CC) e servir como 
testemunha (art. 228, I, CC). 
 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não 
tiverem pleno discernimento. 
 
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
 
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode 
ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade 
com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. 
 
Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: 
 
I - os menores de dezesseis anos; 
 
2.2.2. Os Ébrios Habituais e os Viciados em Tóxicos 
 
Elevada à causa de incapacidade relativa pelo CC/02, a embriagues habitual é aquela 
que reduza, sem privar totalmente, a capacidade de discernimento do homem. 
 
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Deverá haver um processo próprio de nomeação de um curador, se analisando caso 
a caso a situação da incapacidade, se está presente ou não. Abaixo, decisão do TJMG: 
 
“Incapacidade relativa. Necessidade de comprovação da embriaguez habitual do 
vendedor. Desnecessidade de registro da promessa de compra e venda. 
Testemunhas não presentes quando da assinatura do contrato. Irrelevância. 
Acusações levianas. Dano moral configurado. A amizade da testemunha com a parte 
somente a torna suspeita para depor se se tratar de amizade íntima, entendida como 
aquela muito próxima, com laços de afinidade profundos. O vício de consumo de 
álcool implica incapacidade relativa da pessoa se atransforma em ébrio habitual, 
aquele que, pelo uso constante da bebida, tem seu discernimento permanentemente 
afetado pela embriaguez. Incomprovada a embriaguez habitual da pessoa e 
inexistindo interdição judicial, não se configura incapacidade. (...). Agravo retido e 
apelação não providos” (TJMG, Apelação Cível 054038393.2008.8.13.0470, 
Paracatu, 10.ª Câmara Cível, Rel. Des. Mota e Silva, j. 26.10.2010, DJEMG 
17.11.2010). 
 
Da mesma forma, os viciados em tóxicos com capacidade de discernimento reduzida 
são considerados relativamente incapazes, devendo ser analisado o grau de intoxicação e 
dependência. 
 
2.2.3. Aqueles que por Causa Transitória ou Permanente, Não Puderem Exprimir 
Sua Vontade 
 
Originalmente enquadradas como causa de incapacidade absoluta pelo CC/02, foi 
movida para a as causas de incapacidade relativa pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência 
(Lei 13.146/2015). 
 
Curiosa a alteração legislativa, pois reconhece como relativamente capaz aquele que 
não pode exprimir vontade alguma, como por exemplo a pessoa que está em coma, ao 
idoso com mal de Alzheimer e o surdo-mudo que não pode consegue se expressar. 
 
Se a causa é transitória, parece razoável ser o sujeito considerado relativamente 
incapaz enquanto durar a causa que gerou a incapacidade, sendo esta restaurada no 
momento em que cessar o fato gerador da incapacidade. 
 
Todavia, se não pode exprimir vontade permanentemente,não há que se falar em 
incapacidade relativa, uma vez que o sistema da incapacidade se pauta justamente na 
análise da possibilidade ou não de se expressar para determinar o grau da incapacidade. 
 
Na mesma linha, sendo a causa transitória, durante esse período a pessoa há de ser 
considera absolutamente incapaz pois, mesmo por período determinado de tempo, não é 
capaz de expressar sua vontade, nada impedido que seja considerado relativamente 
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incapaz ou até mesmo plenamente capaz quando cessada a causa que o impede de 
expressar sua vontade. 
 
Porém, tratando-se de letra de lei, o correto em provas de concurso é assinar a 
questão como causa de incapacidade relativa. 
 
Ano: 2019 | Banca: VUNESP | Órgão: IPREMM SP | Prova: IPREMM - SP - Procurador 
Jurídico 
São incapazes, 
A – de forma relativa, os portadores de deficiência mental. 
B – de forma relativa, o pródigo o qual, entretanto, não precisa de assistência do curador 
para os atos de mera administração. 
C – de forma absoluta, os que estiverem em coma, por não poderem exprimir sua vontade, 
de forma transitória ou permanente. 
D – de forma relativa, todos os indígenas, cuja capacidade é regulada exclusivamente pelo 
Código Civil. 
E – de forma absoluta, os ébrios habituais. 
 
A alternativa “C” está incorreta, pois é causa de incapacidade relativa. 
Correta a alternativa “B” que trata dos pródigos. 
 
2.2.4. Os Pródigos 
 
Pródigo é aquele que gasta de forma desordenada e dissipa seu patrimônio, 
realizando gastos excessivos e desnecessários. 
 
Se trata de um desvio de comportamento que prejudica não somente ao próprio 
pródigo, mas também todo o grupo familiar. 
 
Ao pródigo deve ser nomeado curador, ficado privados de praticar atos que possam 
comprometer seu patrimônio, tais como emprestar dinheiro, transigir, dar quitação, alienar 
bens, hipotecar ou agir em juízo. (art. 1.782, CC) 
 
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, 
dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, 
os atos que não sejam de mera administração. 
 
São legitimados a propor a ação de interdição em face do pródigo, nos termos do art. 
747do CPC/15, o cônjuge ou companheiro, os parentes ou tutores, o representante da 
entidade onde o interdito esteja abrigado e o Ministério Público. 
 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
 
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II - pelos parentes ou tutores; 
 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; 
 
IV - pelo Ministério Público. 
 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que 
acompanhe a petição inicial. 
 
Importante anotar que ao pródigo não é obrigatório o regime de separação total de 
bens em caso de casamento, uma vez que o art. 1.641 do CC trás rol taxativo. 
 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
 
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da 
celebração do casamento; 
 
II - da pessoa maior de sessenta anos; 
 
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 
2010) 
 
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 
 
No caso de pacto antenupcial, necessária a assistência, pois há ato de disposição, 
sob pena de nulidade do ato, nos termos do art. 171, I, do CC. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
2.2.5. Capacidade dos Indígenas 
 
O Código Civil de 1916 incluía o índio entre os relativamente incapazes, porém o 
Código de 2002 remeteu a matéria à legislação especial (Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio). 
 
O Estatuto do Índio, em princípio, considerava o índio não integrado como 
absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por ele praticados sem a devida 
representação. (art. 8º, EI) 
 
Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa 
estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão 
tutelar competente. 
 
Desta forma, em regra, o índio não integrado figura entre os absolutamente incapazes, 
com base no Estatuto do Índio. 
 
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Porém, a própria lei ressalva a hipótese de o índio, demonstrando discernimento, ser 
considerado plenamente capaz, desde que não haja prejuízo em virtude do ato praticado. 
(Art. 8º, Parágrafo único, EI) 
 
Art. 8º, Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que o índio 
revele consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja 
prejudicial, e da extensão dos seus efeitos. 
 
Assim, o mais correto é admitir o índio, se inserido na sociedade, como plenamente 
capaz, podendo ser invocada sua incapacidade absoluta se verificada judicialmente, 
inclusive com dilação probatória específica para a nulidade de eventual negócio jurídico 
praticado. 
 
2.2.6. Suprimento da Incapacidade (Representação e Assistência) 
 
Em se tratando de absolutamente incapaz, o suprimento de sua incapacidade se dá 
através da representação, onde o representante pratica o ato no interesse do incapaz. 
 
A da representação estabelece que os menores de dezesseis anos são representados 
por seus pais ou tutores, enquanto os enfermos ou deficientes mentais, privados de 
discernimento, além das pessoas que não puderem exprimir sua vontade, são 
representados por seus curadores. 
 
O ato praticado pelo absolutamente incapaz, sem a necessária representação, é ato 
nulo. (art. 166, I do CC/02) 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
 
Anote-se a dicção do art. 119 do CC/02 que estabelece o prazo decadencial para a 
hipótese de negócio praticado pelo representante em conflito de interesse com o 
representado: 
 
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses 
com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com 
aquele tratou. 
 
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da 
cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação 
prevista neste artigo. 
 
Já no tocante à incapacidade relativa, seu suprimento se dá através na assistência, 
onde o assistente (pais, tutor ou curador) pratica o ato juntamente com o relativamente 
incapaz. 
 
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3. EMANCIPAÇÃO 
 
Emancipação é o ato jurídico que antecipa os efeitos da maioridade civil, antes da 
data em que a pessoa adquiriria a maioridade, tornando o emancipado plenamente capaz 
para fins civis. 
 
Atenção ao fato de que a emancipação elide a incapacidade e não a menoridade, 
aplicando-se ao menor emancipado o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Enunciado 530 – VI JDC: A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. 
 
Desta forma, o menor emancipado não pode tirar carteira de motorista, nem entrar em 
locais proibidos para menores, uma vez que a emancipação tem efeitos apenas no campo 
civil. 
 
Embora seja ato definitivo, irretratável e irrevogável, a emancipação voluntária e a 
judicial podem ser desconstituídas em caso de vício de vontade, como no caso de erro ou 
dolo, por exemplo. 
 
Enunciado 397 – V JDC: A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do 
juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade. 
 
As hipóteses de emancipação são taxativas e é ato formal e solene, exigindo-se 
instrumento público. 
 
Art. 5º, Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, oupor sentença do juiz, ouvido 
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
 
II - pelo casamento; 
 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia 
própria. 
 
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3.1. Emancipação Voluntária 
 
É a emancipação por concessão de ambos os pais ou de um deles na falta do outro, 
sendo desnecessária a homologação judicial, uma vez que se exige instrumento público 
registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. 
 
Exige-se ao menos 16 anos para que o menor seja voluntariamente emancipado. 
 
Mesmo se tratando de ato irrevogável, os pais ainda podem ser solidariamente 
responsáveis pelos dados que o filho emancipado causar a terceiros. Neste sentido o 
entendimento da 4ª turma do STJ: 
 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO. LESÕES CORPORAIS. INCAPACIDADE. 
DEVER DE INDENIZAR. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO 
VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ULTRA 
PETITA. OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS. 
EMANCIPAÇÃO. 
(...) 
2. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a 
responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores. 
(...) 
AgRg no Agravo De Instrumento Nº 1.239.557 - RJ (2009/0195859-0) – Rel Ministra 
Maria Isabel Gallotti. – 09.10.2012. 
 
Emancipação
Voluntária
(art. 5º, parágrafo 
único, I, 1ª parte)
Judicial
(art. 5º, parágrafo 
único, II, 2ª parte)
Legal
Casamento
(art. 5º, parágrafo 
único, II)
Emprego Público
(art. 5º, parágrafo 
único, III)
Colação de Grau
(art. 5º, parágrafo 
único, IV)
Economia Própria
(art. 5º Parágrafo 
único, V)
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3.2. Emancipação Judicial 
 
A emancipação judicial é concedida por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor 
contar com 16 anos completos. 
 
Pode se dar a emancipação judicial na falta de ambos os pais, hipótese em que o tutor 
será ouvido ou ante a discordância de um dos pais, contrariando a vontade do outro. 
 
Não se faz necessária a escritura pública, uma vez que se trata de ordem judicial. 
Porém também será registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, sob 
pena de não produzir efeitos. 
 
Art. 107, § 1º, LRP: A emancipação, a interdição e a ausência serão anotadas pela 
mesma forma, nos assentos de nascimento e casamento, bem como a mudança 
do nome da mulher, em virtude de casamento, ou sua dissolução, anulação ou 
desquite. 
 
A comunicação ao Cartório de Registro é feita pelo Juiz se não constar dos autos 
houver sido feita no prazo de de 8 dias. 
 
Art. 91, LRP: Quando o juiz conceder emancipação, deverá comunicá-la, de ofício, 
ao oficial de registro, se não constar dos autos haver sido efetuado este dentro de 8 
(oito) dias. (Renumerado do art 92 pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 
3.3. Emancipação Legal Matrimonial 
 
Hipótese de emancipação legal, lança-se à capacidade plena o incapaz que contrair 
casamento, a partir dos 16 anos completos, desde que com autorização dos pais ou do 
representante legal. (art. 1.517, CC) 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se 
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não 
atingida a maioridade civil. 
 
Justifica-se a emancipação matrimonial no fato de que constituindo um novo núcleo 
familiar, não faria sentido ao nubente se submeter ao poder familiar. 
 
Atenção à recente atualização legislativa trazida pela Lei 13.811/2019, de 12 de março 
de 2019, que alterou o teor do art. 1.520 do CC para impedir, em qualquer caso o 
casamento de quem ainda não atingiu a idade núbil: 
 
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu 
a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela 
Lei nº 13.811, de 2019) 
 
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A emancipação é ato irrevogável, desta forma, mesmo havendo a dissolução do 
casamento (divórcio ou morte do outro cônjuge), o emancipado não retorna à condição de 
relativamente incapaz. 
 
Parte da doutrina entende que o casamento nulo faz que que o emancipado retorne à 
incapacidade, sendo a emancipação, nesse caso, revogável. Porém, outra corrente segue 
a linha de que em se tratando de nulidade e anulabilidade, a emancipação se mantém 
apenas se o casamento foi contraído de boa-fé (casamento putativo). Em caso de 
casamento nulo contraído de ma-fé, retorna-se à incapacidade. 
 
3.4. Emancipação Legal Decorrente de Exercício de Emprego Público 
Efetivo 
 
Trata da emancipação por exercício efetivo de cargo ou emprego público, seja na 
administração direta, seja na administração indireta, ou o vínculo estatutário ou celetista. 
 
Aqui o que deve ser analisado é o provimento do cargo, afastando-se a emancipação 
nos casos de exercício temporário ou de cargos comissionados. 
 
A partir da vigência do CC/02 esta hipótese restou esvaziada, uma vez que a lei 
dificilmente admitirá o provimento efetivo em cargo público antes dos 18 anos, novo marco 
para aquisição da capacidade civil plena. 
 
3.5. Emancipação Legal por Colação de Grau em Curso de Nível Superior 
 
Hipótese difícil de ocorrer na prática tendo em vista a extensão dos cursos de 1º, 2º 
graus e de nível superior. 
 
Já se tratava de hipótese inviável sob a égide do Código de 1916, sendo ainda mais 
no Código atual tendo em vista a diminuição da maioridade civil. 
 
Por fim, há de se esclarecer que a hipótese não é aplicável para o curso de magistério 
cursando juntamente com o ensino de 2º grau. 
 
3.6. Emancipação Legal, por Estabelecimento Civil ou Comercial, ou pela 
Existência de Relação de Emprego que lhe dê Economia Própria 
 
Inovou o Código de 2002 ao acrescentar a relação de emprego que dê economia 
própria como nova hipótese de emancipação legal. 
 
Na prática pode ser hipótese pouco provável de ocorrer, uma vez que é difícil imaginar 
que aos 16 anos o jovem tenha economia própria capaz de lhe prover a subsistência. 
 
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Todavia, havendo a emancipação com fundamento nessa hipótese, parece acertado 
concluir que as limitações acerca da manifestação de vontade do menor constantes na CLT 
deixam de ser aplicáveis, pois se o menor emancipado pode praticar os atos da vida civil, 
também pode firmar um contrato de trabalho ou rescindi-lo sem a necessidade de 
assistência de seus responsáveis legais. 
 
Frise-se que não basta a relação de emprego para que ocorra a emancipação, assim 
estão descartados como hábeis a emancipar os contratos de aprendizagem e de jornada 
em tempo parcial que admitem a contratação com remuneração inferior ao salário mínimo. 
 
Outro ponto digno de nota trata-se do fato de, caso emancipado, o menor venha a 
perder a economia própria não retorna ao status quo de incapaz, permanece a 
emancipação. 
 
No momento de assinatura do contrato de trabalho, necessária a assistência dos 
representantes legais do menor, uma vez que ainda não configurada e economia própria, 
não estando ainda emancipado. 
 
O contrato de trabalho é instrumento hábil a comprovar a emancipação. 
 
4. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Direitos da personalidade são aqueles que têm por objeto os atributos físicos, 
psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais. São valores 
extrapatrimoniais do indivíduo como a vida, a integridade física, a intimidade, a honra, entre 
outros. 
 
Cabe destacar que além do ser humano, o instituto também alcança os nascituros, 
tendo seus direitos resguardados mesmo nãotendo personalidade jurídica. 
 
Com relação à pessoa jurídica, é certo que poderá sofrer violação do seu nome e 
imagem perante o público. Mesmo não podendo ser vítima de dano moral, é certo que o 
dano à honra ou à imagem poderá afetar os valores societários, o que enseja a 
responsabilização. 
 
Como exemplo de violação à personalidade da pessoa jurídica podemos citar a 
publicidade negativa de um produto e a falsa informação sobre instabilidade financeira. 
 
A Constituição Federal em seu art. 5º, V e X não faz acepção de pessoas, sendo o 
dispositivo aplicável tanto à pessoa física quanto à jurídica. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
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V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
Ademais, o art. 52 do CC/02 diz aplicar-se às pessoas jurídicas a proteção dos direitos 
da personalidade. 
 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade. 
 
4.1. Características dos direitos da personalidade 
 
Absoluto: é oponível erga omnes; 
 
Geral ou Necessário: outorgado à todas as pessoas, impondo à coletividade o dever 
de respeitá-los; 
 
Extrapatrimoniais: não são aferíveis patrimonialmente, ainda que sua lesão gere 
efeitos econômicos; 
 
Indisponíveis: não é possível a mudança de titularidade, tendo um patamar 
diferenciado dentro dos direitos privados. Abarca tanto a intransmissibilidade quando a 
irrenunciabilidade. 
 
Imprescritíveis: não existe prazo para seu exercício, não se extingue pelo não uso. 
Atenção ao fato de que a imprescritibilidade se trata do tempo para aquisição ou extinção 
dos direitos da personalidade. Violado o direito da personalidade, a pretensão para sua 
reparação é prescritível, se extinguindo pela prescrição no prazo genérico de 3 (três) anos. 
(art. 206, §3º, V do CC/02). 
 
Art. 206. Prescreve: 
§ 3o em três anos: 
V - a pretensão de reparação civil; 
 
Impenhoráveis: jamais poderão ser penhorados, porém é possível a penhora do 
crédito dos direitos patrimoniais derivados dos direitos da personalidade. 
 
Vitalícios: São inerentes à pessoa, somente se extinguindo com a morte. Anote-se 
que o direito ao corpo morto é um direito da personalidade que se prolonga após a morte, 
assim como a lesão à honra, que pode ser exigida judicialmente no caso de atentado à 
memória, tendo legitimidade para requerer a medida o cônjuge sobrevivente, ou qualquer 
parente na linha reta, ou colateral até o quarto grau (art. 12, parágrafo único do CC/02). 
 
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Abaixo uma classificação não exaustiva dos direitos da personalidade de acordo com 
sua proteção: 
 
 
 
Conforme a posição majoritária, os direitos da personalidade estão previstos em rol 
exemplificativo porque são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana (CF, 
art. 1º, III) - Enunciado n. 274 (IV Jornada de Direito Civil). 
 
Enunciado 274 JDC – Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-
exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa 
humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa 
humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, 
deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
 
4.1.1. Direito à Vida 
 
Direito mais precioso do ser humano, concentrando em si todos os demais direitos. 
Caracteriza um direito à vida e não direito sobre a vida. É um direito de caráter negativo, 
exigindo que toda a coletividade o respeite. 
 
4.1.2. Direito à Integridade Física 
 
Aspecto corporal do ser humano, sua higidez, conservando sua incolumidade 
corpórea e intelectual. 
 
Atenção à questão da manifestação de vontade do indivíduo em relação às 
intervenções médicas. 
 
Nos termos do art. 15 do CC/02: 
 
Art. 15 – Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou intervenção cirúrgica. 
 
O consentimento ao tratamento ou cirurgia deve ser expressa e clara. Não podendo o 
paciente se manifestar ou não havendo tempo hábil, a manifestação de vontade caberá ao 
seu representante legal. 
Vida e Integridade 
física
• Corpo Vivo
• Cadáver
• Voz
Integridade psíquica e 
criações intelectuais
• liberdade
• Criações intelectuais
• Privacidade
• Segredo
Integridade moral
• Honra
• Imagem
• Identidade pessoal
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JDC nº 533: O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos 
concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato 
ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos 
cirúrgicos que não possam ser interrompidos. 
 
O Princípio do CONSENTIMENTO INFORMADO constitui direito do paciente de 
participar de toda e qualquer decisão sobre tratamento que possa afetar sua integridade 
psicofísica e o dever de o médico alertar sobre os riscos e benefícios das terapêuticas 
envolvidas. 
 
Na Jurisprudência: 
 
Todos os riscos e possíveis sequelas provenientes de determinado ato cirúrgico 
devem ser previamente alertados ao paciente, para que possa ser obtido seu 
consentimento. Assim, se o médico deixar de informar o paciente sobre possíveis 
sequelas decorrentes do ato cirúrgico deve indenizá-lo, ainda que tenha sido diligente 
na execução de suas atividades profissionais. (STJ - AREsp 615340 PE 
2014/0297407-4 - 2014). 
 
O Código Civil também veda a disposição do próprio corpo que importe em diminuição 
permanente, nos termos do art. 13. Atenção ao fato de que é possível a disposição que não 
resulte em diminuição permanente. 
 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons 
costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na 
forma estabelecida em lei especial. 
 
O direito ao cadáver também está disciplinado no Código Civil: 
 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio 
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
 
Mesmo a personalidade jurídica terminando com a morte, tem-se admitido a 
preservação do cadáver, como corolário da proteção à dignidade da pessoa humana. 
 
Sobre o tema, as seguintes assertivas foram consideradas corretas em provas de 
concurso: 
 
(TJPR-2019-CESPE): Conforme os direitos da personalidade, a disposição do próprio corpo 
é permitida, após a morte, para fins científicos e de forma gratuita. 
 
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(PGESP-2012-FCC): Sobre os direitos da personalidade, é correto afirmar: É lícito ato 
altruístico de disposição do próprio corpo, total ou parcialmente, para depois da morte. 
 
(Cartórios/TJPR-2019-UFPR): Afrânio, renomado cientista, ofereceu seu corpo para estudo 
após a sua morte. Para tanto, registrou sua vontade em cartório. Todavia, três anos após o 
registro em cartório, se arrependeu do ato de disposição de seu próprio corpo, por questões 
religiosas. Sobre o ato de revogação, é correto afirmar: O ato de disposição pode ser 
revogado a qualquer tempo. 
 
(MPBA-2018): Considere que, na atualidade, há grande apelo para as doações de órgãos 
e tecidos humanos e para atender a essa necessidade a lei civil estabelece que,com o 
objetivo exclusivamente altruístico, ou científico pode o cidadão dispor para depois de sua 
morte: Do próprio corpo, no todo ou em parte, sendo tal disposição revogável e gratuita. 
 
(Anal. Judic./TRF5-2017-FCC): Paulo se obrigou a ceder à terceiro o seu corpo, depois de 
morto, em contrapartida ao pagamento de mil reais aos seus herdeiros. Nesse caso, de 
acordo com o CC/02, esse contrato é inválido, pois não se admite a disposição onerosa do 
próprio corpo para depois da morte. 
 
(TJMG-2007): Na sistemática do Código Civil, os direitos da personalidade são 
indisponíveis. Mas, casualmente, admite-se temperamentos. Assim, são relativamente 
disponíveis, de acordo com a lei: o direito à integridade física. 
 
4.1.3. Direito à Voz 
 
É entendida como a emanação natural de som da pessoa. 
 
É considerada um componente físico, se associando à noção de imagem, tendo 
individualidade pois identifica a pessoa. 
 
4.1.4. Direito à Integridade Psíquica 
 
 Leva-se em conta os elementos intrínsecos do indivíduo, como os atributos de sua 
inteligência e sentimentos. 
 
Abrange o direito à liberdade, inclusive de pensamento, intimidade, privacidade, ao 
segredo e à criação intelectual. 
 
4.1.5. Direito à Liberdade 
 
É a faculdade de agir segundo sua consciência, observando os limites da liberdade 
alheia. Tem vários enfoques, como a liberdade civil, política, religiosa, sexual, etc. 
 
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4.1.6. Direito à Liberdade de Pensamento 
 
É a forma de expressão da individualidade do ser humano, nos termos do art. 5º, IV 
da CF: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade, nos termos seguintes: 
 
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
 
4.1.7. Direito às Criações Intelectuais 
 
É manifestação direta da liberdade de pensamento, englobando as criações de autoria 
científica, artística e literária. 
 
Tem previsão constitucional, sendo conceituados como o resultado cultural do gênio 
humano nas diversas áreas do conhecimento. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade, nos termos seguintes: 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: (mpsp-2006) 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou 
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; (dpems-2008) 
 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para 
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, 
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse 
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
 
4.1.8. Direito à Privacidade 
 
A privacidade é o elemento fundamental do direito à intimidade, é a exigibilidade do 
respeito ao isolamento e de não querer que certos aspectos da sua vida cheguem ao 
conhecimento de terceiros. É o direito de estar só. 
 
Consagrado como inviolável pelo art. 5º, X da CF, também está previsto no art. 21 do 
CC/02: 
 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade, nos termos seguintes: 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
Art. 21. a vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato 
contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815) 
 
Abaixo, alguns enunciados da Jornada de Direito Civil sobre o tema: 
 
JDC nº 404: A tutela da privacidade da pessoa humana compreende os controles 
espacial, contextual e temporal dos próprios dados, sendo necessário seu expresso 
consentimento para tratamento de informações que versem especialmente o estado 
de saúde, a condição sexual, a origem racial ou étnica, as convicções religiosas, 
filosóficas e políticas 
 
JDC nº 405: As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser 
utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu armazenamento, registro ou 
uso, salvo com autorização do titular. 
 
JDC nº 576: O direito ao esquecimento pode ser assegurado por tutela judicial 
inibitória. 
 
De olho na JURISPRDÊNCIA: 
 
Ação de indenização proposta por ex-goleiro do Santos em virtude da veiculação 
indireta de sua imagem (por ator profissional contratado), sem prévia autorização, em 
cenas do documentário “Pelé Eterno”. O autor alegou que a simples utilização não 
autorizada de sua imagem, ainda que de forma indireta, geraria direito a indenização 
por danos morais, independentemente de efetivo prejuízo. O STJ não concordou. A 
representação cênica de episódio histórico em obra audiovisual biográfica não 
depende da concessão de prévia autorização de terceiros ali representados como 
coadjuvantes. O STF, no julgamento da ADI 4.815/DF, afirmou que é inexigível a 
autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou 
audiovisuais bem como desnecessária a autorização de pessoas nelas retratadas 
como coadjuvantes. A Súmula 403/STJ é inaplicável às hipóteses de representação 
da imagem de pessoa como coadjuvante em obra biográfica audiovisual que tem por 
objeto a história profissional de terceiro. STJ. 3ª T. REsp 1454016-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 12/12/17 (Info 621) 
 
A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação de imagem vinculada 
a fato histórico de repercussão social. Caso concreto: a TV Record exibiu reportagem 
sobre o assassinato da atriz Daniela Perez, tendo realizado, inclusive, uma entrevista 
com Guilherme de Pádua, condenado pelo homicídio. Foram exibidas, sem prévia 
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autorização da família, fotos da vítima Daniela. O STJ entendeu que, como havia 
relevância nacional na reportagem, não se aplica a Súmula 403 do STJ, não havendo 
direito à indenização. STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.329-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas 
Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j. 24/10/17 (Info 614). 
 
4.1.9. Direito à Honra 
 
Honra é um conceito valorativo que pode se manifestar na honra objetiva, que 
corresponde a reputação da pessoa, sua fama no seio social, e honra subjetiva, o 
sentimento pessoal de estima e consciência à própria dignidade. 
 
Também abarcado no art. 5º, X da CF: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade, nos termos seguintes: 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
4.1.10. Direito à Imagem 
 
É a expressão exterior da individualidade humana, digna de proteção jurídica. 
 
Pode ser concebida comoimagem-retrato, literalmente o aspecto físico do ser 
humano, e imagem-atributo, que é a exteriorização da personalidade, a forma como o 
indivíduo é visto socialmente. 
 
Atenção ao fato de que não somente o uso indevido da imagem merece proteção 
judicial, também está protegido o desvio de finalidade do uso autorizado. 
 
Anote-se que a autorização de uso da imagem deve ser expressa, não se admitindo 
interpretação ampliativa. 
 
Art. 20. salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, 
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins 
comerciais. (vide adin 4815) 
 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
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4.1.11. Direito à Identidade 
 
Protegem-se os elementos distintivos da pessoa natural ou jurídica no seio social. 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o 
sobrenome. 
 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja 
intenção difamatória. 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao 
nome. 
 
5. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL 
 
Regra geral, a extinção da pessoa natural ocorre com a parada do sistema 
cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais. (Art. 6º CC) 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a MORTE; presume-se esta, 
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão 
definitiva. 
 
O critério que a comunidade científica mundial tem adotado é a morte encefálica como 
referencial mais seguro do momento da morte, inclusive para efeito de transplante. 
 
Dentre seus efeitos estão a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo 
conjugal, a abertura da sucessão, a extinção do contrato personalíssimo, etc. 
 
5.1. Morte Presumida 
 
Admite-se a morte presumida quando a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva 
(Art. 6º CC/02). 
 
Enquanto não houver o reconhecimento da parte presumida, por ausência, os bens 
do ausente não serão definitivamente transferidos para os seus sucessores. 
 
O art. 7º do CC/02 trás hipóteses de morte presumida sem declaração de ausência 
quando: 
• For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
• Se desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois 
anos após o fim da guerra. 
 
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A declaração de morte presumida sem decretação de ausência só pode ocorrer após 
o esgotamento das buscas e averiguações. A sentença deverá fixar a provável data do 
falecimento. 
 
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado 
até dois anos após o término da guerra. 
 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento. 
 
5.1.1. Ausência 
 
É um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio sem deixar 
qualquer notícia. 
 
Com o desaparecimento, tem-se uma massa patrimonial com titular, porém sem quem 
a administre. 
 
A requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, o Juiz poderá 
reconhecer o desaparecimento e decretar a ausência. 
 
Após a decretação é nomeado curador para gerir os negócios do ausente até seu 
eventual retorno, procedendo a arrecadação dos bens para controle. 
 
 
Na mesma situação acima se enquadra aquele que deixou mandatário, mas este se 
encontra impossibilitado, física ou juridicamente ou apenas não queira exercer o múnus. 
 
Ao nomear o curador, o Juiz deve fixar os poderes e obrigações, se equiparando aos 
tutores e curadores de incapazes. 
 
Atenção à ordem de nomeação do curador, que a lei estabelece como estrita e 
sucessiva, passando à seguinte somente na impossibilidade da anterior: 
 
Desaparecimento
Requerimento 
de ausência 
(Interessado 
ou MP)
Declaração 
fática da 
ausência
Nomeação de 
Curador
Arrecadação 
dos bens
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a) Cônjuge do ausente, se não estiver separado judicialmente, ou de fato por mais 
de dois anos antes da declaração de ausência; 
b) Os pais do ausente (somente os genitores e não ascendentes em geral); 
c) Descendentes do ausente, preferindo os mais próximos aos mais remotos; 
d) Qualquer pessoa à escolha do magistrado. 
 
Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou três anos se deixou 
representante ou procurador, poderão os interessados requerer que se declara a ausência 
e seja aberta a sucessão provisória. 
 
A provisoriedade é exigida uma vez que, mesmo que provável, a morte ainda não é 
certa. Assim, o legislador exige garantia da restituição dos bens para que os herdeiros se 
imitam provisoriamente na posse dos bens mediante apresentação de penhores ou 
hipotecas equivalentes aos respectivos quinhões. 
 
Anote-se que essa exigência é excepcionada em relação aos ascendentes, 
descendentes e ao cônjuge. (art. 30, § 2º, CC/02) 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias 
da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões 
respectivos. 
 
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia 
exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob 
a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste 
essa garantia. 
 
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade 
de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do 
ausente. 
 
Com a posse nos bens do ausente, os sucessores provisórios passam a representa-
lo ativa e passivamente, passando a ser dirigidas contra si todas as situações pendentes e 
as que lhe forem movidas no futuro. 
 
A conversão da sucessão provisória em definitiva ocorrerá 10 anos após o transito em 
julgado da sentença de abertura de sucessão provisória, que dependerá de provocação 
para manifestação judicial para retirada dos gravames e podendo os interessados requerer 
o levantamento das cauções. 
 
Reaparecendo o ausente antes da abertura da sucessão provisória, este voltará a 
gozar plenamente de todos os seus bens. 
 
De outro lado, se já houver sido aberta a sucessão provisória, sendo a ausência 
voluntária e injustificada, este perderá, em favor do sucessor provisório, sua parte nos frutos 
e rendimentos. Desta forma, cessam todas as vantagens dos sucessores imitidos na posse, 
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ficando obrigados a tomar medidas assecuratórias até a entrega dos bens ao titular. (art. 
36, CC/02) 
 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida 
a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, 
ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega 
dos bens a seu dono. 
 
Por fim, se aberta a sucessão definitiva, o ausente terá direito aos seus bens, sem a 
responsabilização dos sucessores por sua integralidade, nos termos do art. 39, CC/02. 
 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura dasucessão 
definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão 
só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, 
ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens 
alienados depois daquele tempo. 
 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não 
regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens 
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados 
nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando 
situados em território federal. 
 
Acerca da ausência, além dos pontos tratados acima, basta a leitura dos art. 22 a 39 
do CC/02. 
 
5.1.2. Justificação de Óbito 
 
O art. 88 da LRP consagra um procedimento de justificação, com a necessária 
intervenção do MP, que tem por finalidade proceder ao assento do óbito em hipóteses de 
campanha militar, desastre ou calamidade, em que não foi possível proceder a exame 
médico no cadáver. 
 
LRP Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito 
de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer 
outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não 
for possível encontrar-se o cadáver para exame. 
 
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento 
em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do 
artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito. 
 
O procedimento de justificação de óbito se dá da mesma forma que a produção 
antecipada de prova, aplicável a todas as situações em que se pretende justificar a 
existência de algum fato ou relação jurídica, nos termos do art. 381, §5º do CPC/15. 
 
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: 
 
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§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de 
algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, 
que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção. 
 
5.2. Morte Simultânea – Comoriência 
 
Comoriência traduz a situação jurídica de morte simultânea. A regra da comoriência, 
prevista no art. 8º do CC, somente deve ser aplicada, quando não for possível indicar a 
ordem cronológica dos óbitos. 
 
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
 
A hipótese trás importantes consequências práticas. Desta forma trazemos abaixo 
exemplo tirado do Manual de Direito Civil do Professor Pablo Stolze, pg 82, 2017: 
 
“Tome-se o exemplo de João e Maria, casados entre si, sem descendentes ou 
ascendentes vivos. Falecem por ocasião do mesmo acidente. Pedro, primo de João, e 
Marcos, primo de Maria, concorrem à herança dos falecidos. Se a perícia atestar que João 
Faleceu dez minutos antes de Maria, a herança daquele, à luz do princípio da saisine e pela 
ordem de vocação legal, seria transferida para sua esposa e, posteriormente, após se 
agregar ao patrimônio dela, arrecadada por Marcos. A solução inversa ocorreria se Maria 
falecesse antes de João. Ora, em caso de falecimento sem possibilidade de fixação do 
instante das mortes, firma a lei a presunção de óbito simultâneo, o que determinará a 
abertura de cadeias sucessórias distintas. Assim, nessa hipótese, não sendo os 
comorientes sucessores entre si, não haverá transferência de bens entre eles, de maneira 
que Pedro e Marcos arrecadarão a meação pertencente a cada sucedido.” 
 
6. Bibliografia 
 
- Manual de Direito Civil – Volume Único, PABLO STOLZE GAGLIANO. 5ª Edição – 2018. 
- Manual de Direito Civil – Volume Único, FLÁVIO TARTUCE. 8ª Edição – 2018. 
- Legislação Comentada – Eduardo Belisário. 
- Informativos Dizer o Direito.

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