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Teníase e cisticercose

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Teníase e cisticercose: Nathália Castelan
Classe cestoda: Hermafrodita, achatados dorsoventralmente, providos de órgão de adesão na extremidade mais estreita (anterior), sem cavidade geral e sem sistema digestivo. 
Os cestódeos mais frequentes em humanos pertencem à família Taenidae: Taenia solium e Taenia saginata.
São popularmente conhecidas como solitárias, responsáveis pelo complexo teníase-cisticercose que são causadas pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente.
Teníase: forma adulta da T. solium ou T. saginata no intestino delgado dos hospedeiros definitivos, o homem.
Cisticercose: é a alteração provocada pela presença da larva nos tecidos de hospedeiros intermediários normais, suínos e bovinos. O homem é hospedeiro anômalo.
Na teníase observam-se manifestações generalizadas do aparelho digestório, nervoso, deficiências nutricionais e, algumas vezes, mudanças comportamentais.
A cisticercose humana, apesar do avanço nas técnicas sorológicas e por imagem, ainda não representa a realidade porque as técnicas são caras, o que limita a utilização da população carente e a falta da obrigatoriedade da notificação.
Morfologia: 
Verme adulto: achatado dorsoventralmente, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. Cor branco leitosa, extremidade anterior afilada.
Escólex: pequena dilatação, maior na T. saginata, funciona como órgão de fixação a mucosa do intestino humano. 4 ventosas de tec muscular, arredondadas e proeminentes.
T. solium: escólex globuloso, com rostelo ou rosto situado em posição central, entre ventosas, com 25 a 50 acúleos em fileira dupla, em formato de foice.
Colo: porção mais delgada, células em intensa multiplicação, zona de crescimento ou de formação das proglotes.
Estróbilo: é o restante. Cada segmento é proglote ou anel. 800 a 100 na solium – 3 mts. Mais de 1000 na saginata – 8 mts.
T. saginata
T. solium
As proglotes são divididas em:
JOVENS: + curtas do que largas. Orgaõs genitais começando a se desenvolver. 
Portandria órgão masculino desenvolve mais rápido que o feminino.
MADURA: situadas mais distantes do estróbilo. Desenvolvidas sexualmente. Mais compridas que largas. Os órgãos sexuais sofrem involução, o útero se ramifica e está cheio de ovos.
 GRÁVIDAS: Desprendem do estróbilo.
T. saginata retangular, 160 mil ovos que são eliminados separadamente e podem se deslocar ativamente por causa da sua musculatura.
T. solium quandrangular, 80 mil ovo. Proglotes elinadas passivamente nas fezes, de 3 a 6 aneis unidos.
Apenas 50% dos ovos são maduros e férteis.
Tegumento: citoplasma sem núcleo, rico em mitocôndrias. A membrana é muito importante pois é por onde se dão as trocas gasosas, apresenta microtríquias para aumentar a área de contato com o meio externo. Revestida por glicocalice que tem a função de absorver nutrientes, proteger contra enzimas digestivas e manter a integridade da superfície da membrana do parasito.
Ovos: esféricos, 30mm,. Embrióforo casca protetora formada por quitina resistência ao ambiente.
Cisticerco: vesícula translucida contendo em seu interior um escólex com 4 ventosas, rostelo e colo. T. saginata não tem rostelo. 
3 membranas: cuticular ou externa; celular ou intermediária; reticular ou interna.
+- 12 mm após 4 meses de infecção, no SNC do humano, o cisticerco pode se manter viável por anos, apresentando os seguintes estágios:
Vesicular: membrana vesicular delgada e translucida, escólex normal.
Coloidal: liquido vesicular turvo e escólex em degeneração alcalina
Granular: membrana espessa, deposição de cálcio no gel vesicular, escólex mineralizado.
Calcificado.
Biologia:
Habitat: Os adultos vivem no intestino delgado humano. O cisticerco da T. solium é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e acidentalmente em humanos e cães. O cisticerco da T. saginata é encontrado nos tecidos dos bovinos.
Ciclo biológico: 
Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior. Mais frequentemente as proglotes se rompem no meio externo, por efeito da contração muscular ou decomposição de suas estruturas, liberando milhares de ovos no solo. No ambiente úmido e protegi- do de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade mantendo-se infectantes por meses. Um hospedeiro interme- diário próprio (suíno para T. solium e bovino para T saginata) ingere os ovos, e os embrióforos (casca de ovo) no estômago sofrem a ação da pepsina, 
que atua sobre a substância cementante dos blocos de quitina. No intestino, as oncosferas sofrem a ação dos sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e liberação. Uma vez ativadas, as oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido da vilosidade, onde penetram com auxí- lio dos acúleos. Penetram nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos mesentéricos. Através da acorrente circu- latória, são transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo até atingirem o local de implantação por bloqueio do capilar. Posteriormente, atravessam a parede do vaso, instalando-se nos tecidos circunvizinhos.
No interior dos tecidos, perdem os acúleos (mesmo em T. solium) e cada oncosfera transforma-se em um pequeno cisticerco delgado e translúcido, que começa a crescer atingindo ao final de quatro ou cinco meses de infecção 12mm de comprimento. Permanecem viáveis nos músculos por al- guns meses e o cisticerco da T. solium, no SNC, alguns anos.
A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou de boi infectado. O cisticerco inge- rido sofre a ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, através do escólex, na mucosa do intestino delgado, transfor- mando-se em uma tênia adulta, que pode atingir até oito metros em alguns meses. Três meses após a ingestão do cisticerco, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. A proglote grávida de T. solium tem menor atividade locomo- tora que a de T. saginata, sendo observada em alguns pacientes a eliminação de proglotes dessa espécie ativamen- te pelo ânus e raramente pela boca.
Transmissão: Na teníase, o hospedeiro definitivo que é o homem, infecta-se comendo carne mal passada de boi ou de porco, infectada por cisticerco.
Na cisticercose, o humano ingere ovos viáveis de T. solium.
Auto infecção externa: a pessoa já contaminada, contamina-se repetidas vezes pela mão suja de fezes que é levada a boca ou por coprofagia.
Auto infecção interna: ocorrer durante vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino, possibilitando presença de proglotes grávidas ou ovos de 7: solium no estômago. Estes depois da ação do suco gástrico e posterior ativação das oncosferas voltariam ao intestino delgado, desenvolvendo o ciclo auto-infectante.
Heteroinfecção: alimentos ou agua contaminados por ovos de T. solium disseminados no ambiente por outra pessoa infectada.
Patologia e sintomatologia: 
Teníase: as pessoas são infectadas com mais de um tênia da mesma espécie (não são solitárias )
Como passam muito tempo parasitando o homem, podem causar fenômenos alérgicos causados por subst excretadas, podem provocar hemorragias por causa da fixação, destruir o epitélio e causar inflamação. Perdas nutricionais. Tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vô- mitos, alargamento do abdômen, dores de vários graus de intensidade em diferentes regiões do abdômen e perda de peso são alguns dos sintomas observados em decorrência da infecção. Obstrução intestinal provocada pelo estróbilo, ou ainda a penetração de uma proglote no apêndice, apesar de raras, já foram relatadas.
Cisticercose: pleomórfica pela possibilidade de alojar-se o cisticerco em diversas partes do organismo, como tecidos musculares ou subcutâneos; glândulas mamárias (mais raramente); globo ocular e com mais freqüência no sistema nervoso central, inclusive intramedular, o que traz maiores repercussões clínicas. As manifestações dependem do numero, tamanho, localização do cisticerco, estágio de desenvolvimento eresposta imunológica. 
Muscular ou subcutânea: quase sempre assintomática. Quando numerosos cisticercos ins- talam-se em músculos esqueléticos, podem provocar dor, fadiga e cãibras.
Cardíaca: pode resultar em palpitações e ruídos anormais ou dispnéia quando os cisticercos se ins- talam nas válvulas.
Ocular: o cisticerco alcança o globo ocular através dos vasos da coróide, instalando-se na retina. Aí cresce, provocando ou o descolamento desta ou sua perfuração, atingindo o humor vítreo. Consequências: reações inflamatórias exsudativas que promoverão opacificação do humor vítreo, sinéquias posteriores da íris, uveítes ou até pantoftalmias. Podem promover a perda parcial ou total da visão e, as vezes, até desorganização intraocular e perda do olho. O parasito não atinge o cristalino, mas pode levar a sua opacificação (catarata).
Sistema nervoso central pode acome- ter o paciente por três processos: presença do cisticerco no parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos; pelo proces- so inflamatório decorrente; ou pela formação de fibroses, granulomas e calcificações.
Parenquimatosos: processos compressivos, irritativos, vasculares e obstrutivos; os instalados nos ventrículos podem causar a obstrução do fluxo líquido cefalorraquidiano, hipertensão intracraniana e hidrocefalia e, finalmente, as calcificações, que correspondem a forma cicatricial da neurocisticercose e estão associadas a epileptogênese.
Diagnóstico:
Parasitológico: pesquisa da presença de proglotes, e as vezes de ovos nas fezes por métodos rotineiros ou fita gomada. Como os ovos são iguais, o diagnostico é genérico. Para o diagnostico preciso faz-se a tamização que consiste na lavagem em peneira fina de todo bolo fecal, recolher as proglotes e diferenciá-las na ramificação do útero. Detecção de antígenos.
Clínico: aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Criação inadequada de suinos, hábitos higiênicos, serviço de saneamento básico, qualidade da água utilizada para beber e irrigar hortaliças, ingestão de carne de porco malcozida, relato de teníase do pacien- te ou familiar, são relevantes. O cisticerco pode ser identificado por meio direto, através do exame oftalmoscópico de fundo de olho ou ainda pela presença de nódulos subcutâneos no exame fisico.
Neuroimagens: RX é limitado pq so aparecem os cisticercos calcificados. TC e RMN são mais precisas.
Epidemiologia: encontradas onde a população tem habito de comer carne de boi ou porco malcozida. 
Tanto T. solium como T. saginata têm larga distribuição em nosso país, devido as precárias condições de higiene de grande parte da população, métodos de criação exten- siva dos animais e o hábito de ingestão de carne pouco cozida ou assada. 
Profilaxia: impedir que o porco entre em contato com fezes humanas contaminadas. Tratamento dos portadores, tramento do esgoto, higiene, educação em saúde, fiscalização de matadouros.
Tratamento: 
Teníase: niclosamida ou praziquantel. A niclosamida atua no sistema nervoso da 
tenia facilitando sua eliminação. O leite de magnésio deve acompanhar o 
tratamento para facilitar a eliminação das tenias nas fezes e evitar autoinfecção.
Neurocisticercose: O praziquantel rompe a membrana do cisticerco, ocorrendo vazamento do líquido da vesícula, altamente antigênico, causando uma intensa reação inflamatória local, sendo necessário a associação com altas doses de corticóide em geral em ambiente hospitalar. Por causa dos efeitos adversos, o albendazol vem sendo utilizado.

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