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Unid IX.1 - Contratos em espécie - Compra e Venda (atualizada em 19-10-15).pdf
 
 
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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: COMPRA E VENDA 
 
Após o estudo da Teoria Geral dos Contratos, no qual se encontram os princípios e 
fundamentos básicos que servem de orientação para a generalidade dos ajustes e convenções 
bilaterais, passamos agora a tratar das várias espécies de contrato. 
 
A primeira delas: o contrato de compra e venda (verbal ou escrito), é a espécie mais 
comum dos contratos. Em nosso dia-a-dia realizamos inúmeras operações de compra e venda, 
muitas vezes sem prestar atenção. Por exemplo, quando saímos para jantar, quando compramos um 
chiclete na banca, estamos realizando pequenas operações de compra e venda. 
 
Não é à toa que essa é a primeira espécie a ser tratada pelo Código Civil, sendo que 
outros contratos, como permuta, são regulados também pelas disposições do contrato de compra e 
venda. 
 
1. CONCEITO DE COMPRA E VENDA: 
 
Primeiramente, devemos esclarecer que o contrato de compra e venda não gera 
efeitos reais, ou seja, não transfere, por si só, o domínio do bem alienado. 
 
O contrato de compra e venda é tão somente gerador de obrigações pessoais para 
as partes: 
 
•••• Para o Vendedor – A obrigação de transferir a coisa vendida; 
•••• Para o Comprador - A obrigação de pagar o preço ajustado. 
 
Ver: art.481 do CC/2002 
 
Porém, a transferência do domínio só ocorre com a tradição (entrega) do bem, no caso 
de bem móvel; ou com o registro do título de compra no Registro de Imóveis na hipótese de bem 
imóvel. 
 
Ver: arts. 1.267 e 1.245 do CC/2002, respectivamente. 
 
Nestes termos, denomina-se Compra e venda: O contrato bilateral pelo qual uma 
das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra parte 
(comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro. 
 
Nota-se, ainda, a existência de 2 atores fundamentais neste cenário jurídico: o 
vendedor (que se obriga à transferência do domínio) e o comprador (que se obriga ao pagamento do preço). 
 
Importante também destacar, que o contrato de compra e venda pode ter objeto bens 
de toda natureza: bens corpóreos (compreendendo móveis e imóveis), bem como bens incorpóreos. 
Todavia, para a alienação dos bens incorpóreos reserva-se, como mais adequada e correta 
tecnicamente, a expressão “cessão” ao invés de “compra e venda”. Por exemplo: cessão de crédito, cessão de 
direitos autorais, cessão de direitos hereditários, etc. 
 
 
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2. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 
 
Na sua caracterização jurídica, diz a doutrina que este contrato é: 
 
Sinalagmático (Bilateral) - Envolve prestações recíprocas de ambas as partes. O comprador deve 
entregar o preço enquanto o vendedor deve entregar a coisa; 
 
Em regra, Consensual – Depende apenas da vontade das partes. Estando ambas de acordo com o 
objeto e o preço, o contrato é realizado. Não se exige, em regra, formalidade específica para o 
contrato de compra e venda. Todavia, este contrato terá caráter solene quando, além do 
consentimento, a lei exigir uma forma para sua celebração; 
 
Ver: art. 108 CC/2002 
 
Oneroso – Tanto o comprador quanto o vendedor têm prestações a cumprir, que envolvem 
transferência de seu patrimônio; 
 
Em regra, Comutativo – Em linhas gerais, as prestações são certas e as partes podem antever as 
vantagens e os sacrifícios da contratação, que geralmente se equivalem. Contudo, admite-se a compra 
e venda aleatória (por exemplo: compra e venda de safra futura de soja); 
 
3. ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 
 
Além dos requisitos gerais de validade dos negócios jurídicos (art. 104 CC/2002), o 
contrato de compra e venda, pela sua própria natureza, exige ainda, como elementos integrantes: 
 
Consentimento (consensus) – O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua 
validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação, etc.). O consentimento 
recíproco deve abranger o acordo quanto ao objeto do contrato e quanto ao preço. 
 
Ver: art. 482 CC/2002 
 
Preço (pretium) – Em regra, o preço deverá ser fixado pelas próprias partes, segundo a autonomia 
de suas vontades. Contudo, esta autonomia de vontade não é absoluta, uma vez que o preço deve 
observar o princípio da equivalência material das prestações1, bem como deve ser sério (no sentido de 
não ser insignificante), pois, em caso contrário, configurar-se-ia uma doação simulada. Admite-se, ainda, 
que o preço possa ser fixado por terceiro designado (art. 485) ou fixado pelo mercado (art. 486 e 487). 
 
Ver: arts. 485, 486, 487 e 489 CC/2002 
 
Coisa (res) – O bem, objeto do contrato de compra e venda, deverá ser coisa passível de 
comercialização, certa e determinada (ou determinável), o que afasta, por consequência, todos os 
interesses não suscetíveis de aferição ou valor econômico essencial, como a honra, o nome, a 
integridade física, a vida, etc. A lei admite ainda que a compra e venda tenha por objeto coisas atuais 
(existentes e disponíveis ao tempo da celebração do negócio) ou futuras (ainda que não tenham existência real, é de 
potencial ocorrência), bem como que seja realizada à vista de amostras, protótipos ou modelos. 
 
Ver: arts. 483 e 484 CC/2002 
 
 
1 O princípio da equivalência material das prestações busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no 
contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização de interesses. 
 
 
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4. EFEITOS ESPECÍFICOS DA COMPRA E VENDA: 
 
Os principais efeitos da compra e venda são: 
 
Surgimento de obrigações pessoais recíprocas – A celebração de um contrato de compra e 
venda gera obrigações recíprocas para os contratantes: para o vendedor - a de transferir o domínio 
de certa coisa; e para o comprador - a de pagar-lhe certo preço em dinheiro; 
 
Ver: art. 481 CC/2002 
 
Repartição das despesas – Em regra, as despesas de escritura e registro ficam a cargo do 
comprador. Ao passo que as despesas da tradição (tais como as despesas de transporte da coisa e de sua 
entrega no local combinado) ficam a cargo do vendedor. Admite-se, ainda, que as partes possam 
livremente negociar estas despesas, no sentido de repassar o ônus à parte contrária. 
 
Ver: art. 490 CC/2002 
 
Direito de reter o preço ou a coisa – Na “compra e venda à vista”, as obrigações são recíprocas 
e simultâneas, mas cabe ao comprador o primeiro passo: pagar o preço. Antes disso, o vendedor não 
é obrigado a entregar a coisa, podendo retê-la, ou negar-se a assinar a escritura definitiva até que o 
comprador satisfaça a sua parte. Na mesma linha de raciocínio, sendo a “venda a crédito”, pode o 
vendedor sobrestar a entrega da coisa, se antes da tradição o comprador cair em insolvência, até 
obter dele caução de que pagará no tempo ajustado. 
 
Ver: arts. 491 e 495 CC/2002 
 
Responsabilidade pelos riscos – Até o momento da tradição dos bens móveis e o registro dos 
bens imóveis, a coisa pertence ao vendedor. Assim, os riscos da coisa perecer ou se danificar, até esse 
momento, correm, portanto, por conta deste (vendedor); ao passo que os riscos do preço se perder, 
por conta do comprador. De mesma forma, se a coisa for expedida para lugar diverso de onde se 
encontrava ao tempo da venda, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez 
entregue à transportadora indicada. 
 
Ver: arts. 492 e 494 CC/2002 
 
Responsabilidade pelos débitos existentes – Salvo disposição em contrário, o vendedor responde 
por todos os débitos que onerem a coisa até o momento da tradição, se móvel, ou até o momento
do 
registro, se imóvel. 
 
Ver: art. 502 CC/2002 
 
Responsabilidade pelos vícios redibitórios e pela evicção – Tão íntima a conexão entre estas 
responsabilidades e a compra e venda, que em alguns sistemas as respectivas teorias estão inseridas 
na dogmática deste contrato. Para o nosso direito, com maior rigor científico, o seu lugar é na teoria 
geral dos contratos, pois que a outros contratos, além da compra e venda, se aplicam também. E 
como anteriormente visto, enquanto que os vícios redibitórios garantem o adquirente contra os 
defeitos materiais da coisa, a evicção garante o comprador contra os defeitos jurídicos da coisa. 
 
Ver: arts. 441 e 447 CC/2002 
 
 
 
 
 
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5. VENDAS ESPECIAIS: 
 
Venda por amostra - Ocorre quando a venda se dá com base em amostra exibida ao comprador. O 
comprador tem direito de receber coisa igual à amostra. 
 
Ver: art. 484 CC/2002 
 
Venda ad mensuram – Trata-se da venda em que o preço é estipulado em razão da real dimensão 
do imóvel. Ou seja, o objetivo do adquirente é comprar uma coisa com determinado comprimento 
necessário para desenvolver uma finalidade. No caso de venda ad mensuram, o comprador tem o 
direito de exigir que a coisa vendida tenha as medidas acertadas, e, não o tendo, pode pedir a 
complementação da área, ou caso isso não seja possível, rescindir o contrato de compra e venda. 
 
Ver: caput, §1º e §2º do art. 500 CC/2002 
 
Venda ad corpus – Nessa espécie de venda, o imóvel é adquirido como um todo, como corpo certo 
e determinado, caracterizado por seu conjunto, não sendo determinante na estipulação do preço as 
suas dimensões. Ou seja, as partes estão interessadas em comprar coisa certa e determinada, 
independentemente da sua extensão. Nestes casos, entende-se que a referência à medida do terreno é 
meramente enunciativa. 
 
Ver: §3º do art. 500 CC/2002 
 
6. CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 
 
As ditas cláusulas especiais (também chamadas de pactos acessórios à compra e venda) são, na 
verdade, condições especiais insertas no contrato, subordinando a eficácia do negócio jurídico 
pretendido e celebrado a eventos futuros. Estas cláusulas especiais podem ou não estar presentes nos 
contratos de Compra e Venda, a critério das partes. 
 
Retrovenda - É a cláusula pela qual o vendedor, em acordo com o comprador, fica com o direito de, 
em até 3 (três) anos, recomprar o imóvel vendido, devolvendo o preço e todas as despesas feitas pelo 
comprador. O direito de resgate ou retrato poderá ser exercido conforme estipulado na cláusula, não 
podendo ultrapassar o prazo de 3 anos. Não se aplica a bens móveis, só a bens imóveis. A 
aplicabilidade da retrovenda é de iniciativa do vendedor e torna ineficaz a venda originária, 
reconduzindo os contratantes à situação anterior ao contrato. A retrovenda se extingue pelo seu 
exercício, pela decadência do prazo de três anos, pela destruição do imóvel (ex: incêndio, 
desmoronamento) ou pela renúncia do vendedor a esta cláusula. 
 
Ver: arts. 505 a 508 CC/2002 
 
Venda a contento - É a cláusula pela qual fica a compra e venda subordinada à condição de 
somente se tornar definitiva se o comprador ficar satisfeito com a coisa que lhe foi vendida. Esta 
cláusula, caso inserida pelas partes, permite desfazer o contrato se o comprador não gostar da coisa 
adquirida (por exemplo: a venda de um barbeador elétrico com prazo de alguns dias para o comprador experimentar o 
produto). O comprador não precisa dar os motivos caso não queira ficar com o bem (é verdadeira 
cláusula de arrependimento em benefício do comprador). O prazo para denúncia do contrato será livremente 
pactuado entre as partes. 
 
Ver: art. 509 CC/2002 
 
 
 
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Venda sujeita a prova – É a cláusula pela qual presume-se feita a venda sob a condição suspensiva 
de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se 
destina. Percebam que neste caso, a condição para desfazimento do negócio não está ligada à 
satisfação ou gosto do comprador, mas SIM à circunstância de a coisa ter ou não as qualidades 
asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina. Assim, a recusa do 
comprador não poderá ser injustificada. 
 
Ver: art. 510 CC/2002 
 
Preempção ou Preferência - É a cláusula segundo a qual o comprador (novo proprietário) fica na 
obrigação de oferecer ao vendedor (antigo proprietário) a coisa comprada, se algum dia vier a pretender 
vendê-la. Exigem-se duas condições para se efetivar: que o comprador queira vender e que o 
vendedor (ex-dono) pague o mesmo preço ofertado a terceiros, e não o preço pelo qual vendeu. 
 
Ver: arts. 513 a 520 CC/2002 
 
Venda com reserva de domínio - É a cláusula pela qual o vendedor reserva para si a propriedade 
até que o preço esteja integralmente pago. Assim, o comprador assume a posse da coisa, mas só se 
tornará seu proprietário após pagar o preço integral. Não se aplica a imóveis, só a móveis comprados 
a prazo, bem como só recai sobre coisas infungíveis. A cláusula de reserva de domínio deverá ser 
expressamente estipulada e por escrito, dependente ainda de registro (Cartório de Títulos e Documentos). 
 
Ver: arts. 521 a 528 CC/2002 
 
Venda sobre documentos - Muito comum nos negócios de importação e exportação. É assim 
chamada, pois na venda sobre documentos, a tradição física da coisa é substituída pela entrega do seu 
título representativo e de outros documentos exigidos pelo contrato. Um exemplo bastante comum 
no comércio internacional: É o ocorre na venda de mercadoria ainda em transporte, depositada em armazém ou 
pendente de liberação na alfândega, em que o vendedor entrega ao comprador um título (warrant, conhecimento de 
embarque – BL ou outro documento hábil) para o recebimento da coisa, que se encontra com terceiros. 
 
Ver: arts. 529 a 532 CC/2002 
 
7. RESTRIÇÕES AO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 
 
Compra e Venda de ascendente a descendente - É anulável a venda de ascendente a 
descendente, quando os demais descendentes e o cônjuge não tiverem expressamente consentido. 
 
Ver: art. 496 CC/2002 
 
Compra e venda de imóvel entre marido e mulher - É vedada a compra e venda entre marido e 
mulher que tenha por objeto bem que integre o acervo dos bens comuns do casal. 
 
Ver: art. 499 CC/2002 
 
Imóvel pendente de indivisão - Enquanto pendente o estado de indivisibilidade do bem, o 
condômino não poderá vender a sua parte a estranho, sem oferecer primeiro ao outro condômino. 
 
Ver: art. 504 CC/2002 
 
Venda sem anuência do cônjuge - Com exceção do casamento com regime da separação absoluta 
de bens, não pode o cônjuge, sem a anuência do outro (outorga uxória), realizar contrato de compra e 
venda que tenha por objeto imóvel de qualquer valor; 
 
Ver: art. 1.647, I, CC/2002. 
 
 
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QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
 
01. Quanto à classificação, o contrato de compra e venda de imóveis se apresenta da seguinte forma: 
a) Consensual, bilateral, oneroso e não solene; 
b) Consensual, bilateral, oneroso e solene; 
c) Bilateral, oneroso, formal e aleatório; 
d) Oneroso, bilateral, não formal e consensual; 
 
02. A compra e venda entre cônjuges é: 
a) ineficaz enquanto não dissolvida a sociedade conjugal. 
b) válida com relação a bens integrantes ou não da comunhão. 
c) nula em relação a quaisquer bens, porque implica alteração do regime de bens entre cônjuges. 
d) válida com relação a bens excluídos da comunhão. 
 
03. A cláusula segundo a qual o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la, em 
determinado prazo, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, é 
denominada: 
a) venda com reserva de domínio. 
b) preempção ou preferência.
c) venda a contento. 
d) retrovenda. 
 
04. É correto afirmar sobre os contratos de compra e venda, EXCETO: 
a) Pode ter por objeto coisa atual ou futura; 
b) Pode o preço ser fixado por terceiro designado pelas partes; 
c) Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do comprador, e os do preço por conta do vendedor; 
d) Nas coisas vendidas em conjunto, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. 
 
05. Sobre os contratos de compra e venda, marque a opção INCORRETA: 
a) É nulo quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço; 
b) É lícito o contrato de compra e venda entre os cônjuges, com relação a bens pertencentes à comunhão; 
c) A cláusula de reserva de domínio deve ser estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer 
contra terceiros; 
d) Quando o contrato de compra e venda for pura, considera-se obrigatório e perfeito, desde que as partes acordem no objeto e no 
preço. 
 
06. Marcelo firmou com Augusto contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituído no 
contrato o pacto de preempção. Acerca do instituto da preempção, assinale a afirmativa correta: 
a) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa 
quando vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto; 
b) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a 
Augusto no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador. 
c) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o momento 
em que Augusto realize o pagamento integral do preço; 
d) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo, enquanto constituir faculdade de exercício, poderá 
ceder ou transferir por ato inter vivos. 
 
07. Ambrósio, empresário bem sucedido e pai de 5 filhos, pretende vender um imóvel de sua 
propriedade para seu filho mais velho, João, que com suas economias irá comprar e nesse local 
iniciar sua própria empresa. Diante de tal situação, explique em breves palavras quais seriam os 
cuidados que Ambrósio deveria observar para que este negócio jurídico de compra e venda fosse 
válido e eficaz. 
Unid IX.2 - Contratos em espécie - Permuta e Estimatório (atualizada em 29-10-15).pdf
 
 
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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: PERMUTA E ESTIMATÓRIO 
 
Conforme se demonstrará, há uma grande similaridade entre os contratos de 
“Permuta” e “Estimatório” com o contrato de Compra e Venda, o que justificaria a aplicação 
residual das regras legais deste último aos dois primeiros. 
 
Não obstante, estudaremos as particularidades de cada um. 
 
1. CONTRATO DE PERMUTA (TROCA): 
 
Historicamente, a permuta (também conhecida como troca) é o contrato mais antigo, 
consistindo, pois, na entrega de uma coisa para recebimento de outra, que não seja dinheiro. 
 
A permuta deu origem ao contrato de compra e venda, quando então os bens 
passaram a ser trocados por moeda. A compra e venda, no fundo, constitui uma verdadeira troca, 
porém com a particularidade de uma das coisas trocadas ser o próprio dinheiro (moeda corrente). 
 
Por outro lado, a troca encerra uma dupla transferência, onde em vez de haver 
alienação de coisa por certo preço, compreende a alienação de uma coisa por outra. 
 
Atualmente a compra e venda é muito mais utilizada, mas a permuta mantém seu 
espaço no ordenamento jurídico. 
 
Didaticamente podemos estabelecer as seguintes particularidades da permuta: 
 
• O contrato de permuta tem a mesma natureza jurídica da compra e venda: é bilateral, oneroso e consensual; 
• Tal como o contrato de compra e venda, não gera efeitos reais, mas sim a obrigação pessoal de transferir ao 
outro o domínio da coisa objeto de permuta; 
• Todas as coisas que não sofram indisponibilidade natural, legal ou convencional podem ser permutadas, não 
sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou valor; 
 
Por serem tão parecidos, aplicam-se à permuta as mesmas regras do contrato 
de compra e venda. 
 
Ver: Caput do Art. 533 CC/2002 
 
Não obstante, o Código Civil fez apenas 2 (duas) distinções no que diz respeito à 
aplicação das regras da compra e venda. Quais seriam: 
 
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes 
modificações: 
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o 
instrumento da troca; 
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos 
outros descendentes e do cônjuge do alienante. 
 
 
 
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2. CONTRATO ESTIMATÓRIO: 
 
Embora já fosse realizado na prática, esse contrato só passou a ser regulamentado 
com o Código Civil de 2002 (passando à categoria de contrato típico). 
 
O chamado Contrato Estimatório nada mais é do que a conhecida venda em 
consignação. É denominado de “ESTIMATÓRIO” pois as partes estimam um preço pelo bem. 
 
A dinâmica deste contrato funciona da seguinte forma: A parte que recebe o bem 
pode vendê-lo a terceiro por qualquer valor, desde que pague a parte (que lhe entregou o 
bem) o preço que entre elas foi estimado. 
 
Assim, por conceito lógico, Contrato Estimatório (ou contrato de venda em consignação) 
é o contrato pelo qual o proprietário (consignante) entrega bens móveis à outra pessoa (consignatário), 
ficando esta autorizada a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço previamente estimado, se não 
preferir restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado. 
 
Ver: art. 534 CC/2002 
 
O consignatário recebe o bem com o objetivo de vendê-lo a terceiro, segundo 
estimação feita pelo consignante. Nada impede, porém, que fique com o objeto para si, pagando o 
preço fixado. Se preferir vendê-lo, auferirá lucro no sobrepreço que obtiver. 
 
Esta espécie de contrato apresenta algumas peculiaridades, senão vejamos: 
 
• Apenas os bens móveis e que estão sujeitos ao comércio podem ser objeto deste contrato; 
• Trata-se de contrato de natureza real, pois se aperfeiçoa com a entrega do bem ao consignatário; 
• Transfere ao consignatário a disponibilidade e os riscos do bem; 
• Acarreta a obrigação para o consignatário de restituir a coisa ou pagar o preço estipulado; 
• É contrato a termo, devendo ser cumprido no prazo estipulado. 
 
O Código Civil, ao tratar desta espécie de contrato, dispõe sobre 3 (três) implicações 
de sua celebração: 
 
Os Riscos - O contrato estimatório transfere os riscos ao consignatário, que suportará a perda ou 
deterioração da coisa, não se eximindo da obrigação de pagar o preço ainda que a restituição se 
impossibilite sem culpa sua. 
 
Ver: art. 535 CC/2002; 
 
A propriedade da coisa - Apesar de poder dispor da coisa, o consignatário não é proprietário desta, 
mas tão somente um possuidor com posse própria. Consequentemente, os credores do consignatário 
não podem penhorar ou sequestrar o bem consignado até que seja pago integralmente o preço ao 
consignante. 
 
Ver: art. 536 CC/2002; 
 
O período de disponibilidade da coisa - Deve ser respeitado pelas partes contratantes o termo 
(prazo) ajustado para a consignação, não podendo o consignante requisitar a restituição antecipada do 
bem, nem perturbar a posse direta do consignatário. 
 
Ver: art. 537 CC/2002; 
 
 
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QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
 
01. Na troca ou permuta de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento 
dos outros descendentes
e do cônjuge do alienante, o ato é: 
a) Ineficaz 
b) Inexistente 
c) Anulável 
d) Nulo 
 
02. No contrato de troca de imóvel é incabível o pedido de resolução do contrato. Este 
posicionamento está: 
a) correto, porque se aplicam à troca as disposições referentes à compra e à venda; 
b) correto, porque a diferença de área é meramente enunciativa em sua transcrição; 
c) incorreto, porque a troca pura de imóveis implica eventuais diferenças. 
d) incorreto, porque não se aplica à troca o pedido de resolução. 
 
03. De acordo com o Código Civil, no contrato estimatório, 
a) antes de lhe ser restituída a coisa, pode o consignante vendê-la, desde que antecipadamente pague o valor devido ao 
consignatário. 
b) antes de lhe ser restituída a coisa, o consignante não pode vendê-la. 
c) antes de lhe ser restituída a coisa, o consignante somente poderá vendê-la em conjunto com o consignatário. 
d) a coisa consignada pode ser livremente vendida, tanto pelo consignante como pelo consignatário. 
 
04. Entende-se por contrato estimatório aquele em que: 
a) o contratado avalia bem móvel de propriedade do contratante, apresentando-lhe o respectivo laudo de avaliação. 
b) o comodatário obriga-se à aquisição do bem do comodante ao final do prazo de vigência do comodato. 
c) o depositário obriga-se à guarda e conservação do bem do depositante, até que este lhe peça restituição. 
d) o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los. 
 
05. Explique em que aspectos o “Contrato de Permuta” se diferencia do “Contrato de Compra e 
Venda” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unid IX.3 - Contratos em espécie - Doação (atualizada em 29-10-15).pdf
 
 
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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: DOAÇÃO 
 
1. CONCEITO DE DOAÇÃO: 
 
Chama-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu 
patrimônio bens ou vantagens para o de outra pessoa que os aceita. 
 
Ver: Art. 538 CC/2002 
 
De fato, é contrato mais antigo do que a compra e venda, pelo qual uma das partes, 
chamada doador, se obriga a transferir gratuitamente um bem de sua propriedade para outra pessoa, 
chamado donatário, que enriquece (obtém um ganho patrimonial) se aceitar a doação, enquanto o doador 
empobrece (suporta uma perda patrimonial). 
 
2. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE DOAÇÃO: 
 
Em linhas gerais, o contrato de doação é: 
 
Gratuito – Em regra, é gratuito, pois gera benefício ou vantagem apenas para o donatário, sem que o 
doador fique na espera de qualquer contraprestação do donatário. A gratuidade é a diferença 
essencial para a compra e venda, pois na doação a circulação do bem de uma pessoa para outra é 
gratuita, enquanto na Compra e Venda existe o pagamento do preço como contraprestação. 
 
Unilateral – Em regra a doação é unilateral, pois se trata de contrato que só gera dever obrigacional 
para uma das partes. Eventualmente poderá ainda ser considerado “unilateral imperfeito” no caso de 
doação modal, ou seja, quando ocorre imposição para aquele que recebe a vantagem patrimonial de 
ônus/encargo (lembrete: encargo não é uma obrigação e sim requisito para o aperfeiçoamento e eficácia do contrato). 
 
Comutativo – As prestações são certas e as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios da 
contratação. 
 
Formal – O contrato de doação tem de obedecer à forma prescrita em lei. O Código Civil estabelece 
obrigatoriamente a forma escrita, e por exceção a verbal. 
 
Ver: Art. 541 CC/2002 
 
3. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO DE DOAÇÃO: 
 
O contrato de doação, pela sua própria natureza, exige ainda, como elementos: 
 
Contratualidade - Como todo contrato, a doação é fonte de obrigações, pela qual gera ao donatário 
o direito à propriedade e ao doador a obrigação de entregar a coisa doada ao donatário. 
 
Animus donandi - Vontade do doador de fazer uma liberalidade, proporcionando ao donatário 
certa vantagem à custa de seu patrimônio. 
 
 
 
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Aceitação do Donatário – A aceitação pode ser tácita ou expressa. A aceitação tácita só vale no 
caso da doação pura (sem encargos para o donatário). Se a doação for com encargo, a aceitação terá que 
ser expressa. 
 
Ver: Arts. 539 e 543 CC/2002 
 
 
Transferência de bens ou vantagens para o patrimônio do donatário - Para que haja doação, é 
indispensável esta mutação ou movimento. Tem de haver um deslocamento do bem, com 
empobrecimento do doador e enriquecimento do donatário. 
 
4. OBJETO DE DOAÇÃO: 
 
Não há restrições objetivas à doação. De princípio, todo bem passível de comércio 
pode ser doado: imóveis, móveis corpóreos, móveis incorpóreos, universalidades, direitos patrimoniais não acessórios. 
 
A coisa alheia não pode ser objeto de doação, mas a aquisição posterior do domínio 
convalida o ato. 
 
Ver: Art. 1.268, §1º, CC/2002 
 
5. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE DOAÇÃO: 
 
Não há uniformidade de critérios entre os autores, variando a nomenclatura e 
classificação conforme o enfoque e a metodologia empregada pelo doutrinador. 
 
Doação Pura (ou típica) – Quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao 
beneficiário, nem subordina a sua eficácia a qualquer condição. O ato constitui uma liberalidade 
plena. 
 
Doação Onerosa (também chamada de modal ou em encargo) – Aquela em que o doador 
impõe ao donatário uma incumbência ou onus. O encargo pode ser imposto em benefício do 
próprio doador, de terceiro, ou de interesse geral. É chamada de doação onerosa, pois existe uma 
incumbência por parte do donatário (que não chega a configurar uma contraprestação em pagamento à vantagem 
recebida). Se o encargo for grande, não teremos doação, mas troca ou outro contrato bilateral 
qualquer. O donatário que não executa o encargo corre o risco de a doação ser revogada. 
 
Ver: Arts. 553, 555 e 562 CC/2002 
 
Doação Remuneratória – É feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser 
exigido pelo donatário. É o caso, por exemplo, da pessoa que faz uma doação a quem lhe salvou a 
vida ou lhe deu apoio em momento de dificuldade. Se a dívida era exigível, a retribuição chama-se 
pagamento; se não era, denomina-se doação remuneratória. 
 
Doação Contemplativa - Quando o doador menciona, expressamente, o motivo da liberalidade, 
dizendo, por exemplo, que a faz porque o donatário tem determinada virtude, ou porque é seu 
amigo, ou renomado profissional etc. A doação é pura e como tal se rege, não exigindo que o 
donatário faça por merecer a dádiva. 
 
Ver: Art. 540 CC/2002 
 
 
 
 3 
Doação Manual – É a doação verbal de bens móveis de pequeno valor. Será válida se lhe seguir, 
incontinenti a tradição. A doação manual constitui exceção à regra de que a doação deva ser por 
escrito (por instrumento público ou particular), pela qual poderá ser realizada verbalmente, desde que 
ocorra a efetiva tradição. 
 
Ver: Parágrafo Único do Art. 541 CC/2002 
 
Doação Feita ao Nascituro – Pode o nascituro ser contemplado com doações, tendo em vista que 
o art. 2º do Código Civil põe a salvo os meus direitos desde a concepção. A aceitação será 
manifestada pelos pais, ou por seu curador, nesse caso com autorização judicial. Sendo titular de 
direito eventual, sob condição suspensiva, caducará a liberalidade, se não nascer com vida. 
 
Ver: Art. 542 CC/2002 
 
Doação entre cônjuges – A doação de um cônjuge ao outro “importa adiantamento do que lhes cabe por 
herança”. A regra aplica-se às hipóteses em que o cônjuge participa da sucessão do outro na qualidade 
de herdeiro. 
 
Ver: Arts. 544 e art. 1829 CC/2002 
 
Doação de Ascendentes para Descendentes – Em mesmo contexto com o item anterior, a 
doação
de ascendentes a descendentes, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Estes 
são obrigados a conferir, no inventário do doador, por meio de colação, os bens recebidos, pelo 
valor que lhes atribuir o ato de liberalidade ou a estimativa feita naquela época, para que sejam 
igualados os quinhões dos herdeiros necessários. 
 
Ver: Arts. 544 e §1º do art. 2004 CC/2002 
 
Doação Em forma de subvenção periódica – Trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao 
donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, não se transferindo a obrigação a seus 
herdeiros, salvo se o contrário houver, ele próprio, estipulado. 
 
Ver: art. 545 CC/2002 
 
Doação em contemplação de casamento futuro (donatio propter nuptias) – É o presente de 
casamento, dado em consideração às núpcias próximas do donatário com certo e determinada 
pessoa. A sua eficácia subordina-se, pois, a uma condição suspensiva: a realização do casamento. O 
dispositivo permite tal espécie de doação quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, 
ao casal, ou aos filhos (que, no futuro, houverem um do outro). 
 
Ver: Art. 546 CC/2002 
 
Doação com a cláusula de retorno ou reversão – O doador poderá estipular o retorno, ao seu 
patrimônio, dos bens doados, se sobreviver ao donatário. Não fosse essa cláusula, que configura 
condição resolutiva expressa, os referidos bens passariam aos herdeiros do último. Revela o 
propósito de doador de beneficiar somente o donatário e não os herdeiros deste. 
 
Ver: Art. 547 CC/2002 
 
Doação Inoficiosa – É a que excede o limite de que o doador, no momento da liberalidade, poderia 
dispor em testamento. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade de 
seus bens, pois a outra pertence de pleno direito aos referidos herdeiros. 
 
Ver: Art. 549 CC/2002 
 
 
 4 
6. RESTRIÇÕES À LIBERDADE DE DOAR: 
 
A lei impõe algumas limitações à liberdade de doar, visando preservar o interesse 
social, o interesse das partes e de terceiros. Vejamos, algumas restrições: 
 
Doação de todos os bens do doador (a título universal) - O objetivo dessa restrição é proteger o 
doador e também a sociedade, evitando que o doador passe a ficar totalmente desamparado e tenha 
que ser assistido pelo Estado. 
 
Ver: Art. 548 CC/2002 
 
Doação de parte que caberia à legítima (Doação inoficiosa) - Essa restrição visa proteger o 
patrimônio dos herdeiros. De acordo com o art. 1.846, pertence aos herdeiros necessários a metade 
dos bens da herança. Sendo assim, se o doador tem herdeiros necessários, ele só pode doar metade 
de seus bens, tendo em vista que a outra metade constitui a “legítima”, e é assegurada aos herdeiros 
necessários. No momento da doação deve ser aferido se o bem a ser doado é superior à metade dos 
bens do doador. Por outro lado, se o doador não tiver herdeiros necessários, ele terá ampla liberdade 
de doar seus bens, observando-se apenas as demais restrições previstas no Código Civil. Os 
herdeiros necessários são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845 do CC/2002). 
 
Ver: Art. 549 e Art. 1.846 CC/2002 
 
Doação que prejudique os credores do doador (devedor já insolvente) - Embora esta restrição 
não esteja expressa no capítulo sobre doação, ela está prevista na parte do Código Civil, que trata da 
fraude contra credores. Para proteger os credores quirografários do doador, o Código prevê que eles 
podem anular a doação quando o doador estiver insolvente com eles ou ficar insolvente com os 
credores por ter doado bens a terceiros. 
 
Ver: Art. 158 CC/2002 
 
Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice – Essa restrição tem como propósito proteger a 
família e repelir o adultério, que constitui afronta à moral e aos bons costumes. 
 
Ver: Art. 550 CC/2002 
 
7. CAUSAS EXTINTIVAS DA DOAÇÃO: 
 
A doação pode ser desfeita: 
 
Por invalidação - Embora não estejam previstas no capítulo específico sobre doações, aplicam-se as 
regras gerais a todos os contratos, ou seja, os defeitos que podem macular o ato jurídico, como erro, 
dolo, coação, simulação e fraude, são motivos para anular a doação. 
 
Por ser resolúvel o negócio – Onde os contratantes, de comum acordo, estipulam o desfazimento 
do negócio. 
 
Ver: Art. 547 CC/2002 
 
 
 
 
 
 
 5 
Noutros termos, a doação também poderá ser revogada: 
 
Por descumprimento do encargo – No caso de doação com encargo, se o donatário não cumprir 
o encargo no prazo assinalado pelo doador, o doador pode desfazer a doação. 
 
Ver: Arts. 555 e 562 CC/2002 
 
Por ingratidão do donatário – Ao aceitar o benefício, o donatário assume, tacitamente, a obrigação 
moral de ser grato ao benfeitor e de se abster da prática de atos que demonstrem ingratidão e 
desapreço. A revogação tem, pois, caráter de pena pela insensibilidade moral demonstrada, onde o 
legislador visou punir o donatário, mas restringiu a possibilidade de revogar a doação por ingratidão a 
determinadas causas e regulou seus efeitos. 
 
Ver: Art. 557 CC/2002. 
 
 
 
QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
01. A doação de um bem imóvel feita por Ambrósio ao amigo Fernando, com o ônus deste último 
continuar a viver no imóvel e lá construir uma creche, é considerada: 
a) remuneratória; 
b) condicional; 
c) onerosa; 
d) inoficiosa. 
 
02. Assinale a alternativa correta: 
a) O doador não pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, exceto se se tratar de todos os seus bens. 
b) É possível, no contrato de doação, cláusula de reversão em favor de terceiro, com a morte do doador; 
c) Com a cláusula de reversão, se o doador falecer antes do donatário, com a morte deste, os bens passam aos herdeiros do doador; 
d) O doador pode estipular que os bens doados voltem para seu patrimônio, se sobreviver ao donatário; 
 
03. Considerando o contrato de doação, é INCORRETO afirmar que: 
a) a doação com reserva de usufruto, por ser onerosa, não poderá ser revogada por ingratidão; 
b) a doação de imóvel de pessoa casada, sem autorização do outro cônjuge, exceto se o regime for o de separação de bens, poderá ser 
anulada no prazo de até dois anos, após o término da sociedade conjugal 
c) a doação inoficiosa está vedada por lei, assim nula será a doação da parte excedente do que poderia dispor o doador; 
d) as doações remuneratórias, as indenizatórias, as propter nuptias e as que tiverem o objetivo de cumprir obrigação natural não 
são revogáveis por ingratidão. 
 
04. João, por meio de doação gratuita, transmitiu todos os seus bens a seu filho, tornando-se 
insolvente. Posteriormente, celebrou contrato com José e não cumpriu, tornando-se devedor deste. 
Nesse caso, José: 
a) poderá pleitear a anulação da doação gratuita efetivada por João por fraude contra credores porque, em razão dela, João tornou-
se insolvente; 
b) não poderá pleitear a anulação da doação por fraude contra credores porque não era credor de João ao tempo em que ela foi 
feita; 
c) só poderá pleitear a anulação da doação gratuita efetivada por João por fraude contra credores se for credor quirografário; 
d) só poderá pleitear a anulação da doação efetivada por João por fraude contra credores se este não tiver mencionado esse fato 
quando da celebração do contrato; 
e) só poderá pleitear a anulação da doação efetivada por João por fraude contra credores se o contrato com ele celebrado for escrito e 
estiver subscrito por duas testemunhas 
 
05) Qual a consequência de um eventual descumprimento de encargo em uma doação modal? 
Fundamente sua resposta. 
Unid IX.4 - Contratos em espécie - Locação em geral (atualizada em 29-10-15).pdf
 
 
 1 
DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: LOCAÇÃO EM GERAL 
 
É o contrato mais usado
na sociedade depois da compra e venda. Hoje em dia 
alugam-se carros, casas, quartos, apartamentos, roupas, vestidos de noiva, serviços, filmes, fazendas, 
cadeiras de rodas, muletas, etc. 
 
O ato de locar (alugar) possui basicamente 3 espécies: locatio rei (locação de coisa), 
locatio operarum (locação de serviço) e locatio operis (locação de obra). Atualmente, só a 
primeira espécie conserva o nome de locação, e as demais são conhecidas, respectivamente, como 
prestação de serviço e empreitada. 
 
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE AS ESPÉCIES DE LOCAÇÃO: 
 
1.1. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS: 
 
Na locação de coisas, que pode ter por objeto bens móveis e imóveis, as 
disposições gerais do Código Civil aplicam-se principalmente no tocante à locação de móveis e 
subsidiariamente, quando não houver disposição específica em contrário, às locações imobiliárias. 
 
Acentuando a limitação deste contrato às coisas, podemos definir: Locação é o 
contrato pelo qual uma pessoa se obriga a ceder temporariamente o uso e o gozo de uma 
coisa não fungível, mediante certa remuneração. 
 
Ver: art. 565 CC/2002 
 
O núcleo do contrato de locação é a cessão de uma coisa não fungível entre o seu 
proprietário – o locador – e aquele que se utilizará da coisa – o locatário. 
 
As partes denominam-se, no caso do proprietário da coisa: locador, ou senhorio, ou 
arrendador. Já para o possuidor que recebe a coisa: locatário, ou inquilino, ou arrendatário. E o preço 
conhecido por: aluguel ou aluguer ou renda. 
 
Na sua caracterização jurídica, diz-se que a locação é um contrato: bilateral, não-
personalíssimo, oneroso, consensual e de execução sucessiva. 
 
As obrigações do locador estão dispostas no art. 566 e seguintes do Código Civil. 
Dentre todas, a fundamental é a de proporcionar ao locatário o uso e gozo da coisa locado, a qual 
pode ser desdobrada, basicamente, nos deveres de entrega, manutenção e garantia da coisa locada. 
 
Ver: arts. 566, 567 e 568 CC/2002 
 
Já as obrigações do locatário estão dispostas fundamentalmente no art. 569 do 
Código Civil. A principal é a de pagar pontualmente o aluguel, na forma ajustada no contrato. 
 
Ver: arts. 569 e 570 CC/2002 
 
 
 
 
 2 
1.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (LOCAÇÃO DE SERVIÇO): 
 
No Código Civil anterior, a prestação de serviços era tratada como “locação de 
serviços”. Modernamente, na vigência do Código Civil de 2002, o termo “locação” é utilizado apenas 
para coisas e não mais para pessoas. 
 
O trabalho com vínculo empregatício é regulado pelo Direito do Trabalho. O 
Código Civil regula apenas a prestação de serviços residual, ou seja, o trabalho avulso feito 
por pessoa física ou jurídica e o trabalho dos profissionais liberais, onde não se caracteriza a 
subordinação funcional. Isto é, as regras do Código Civil têm caráter residual, aplicando-se 
somente às relações não regidas pela CLT ou pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 
Há serviços específicos que são tratados em seção específica do Código Civil, como 
transporte, corretagem, agência e distribuição, ou até mesmo em lei específica, como os serviços de 
telefonia e bancário. 
 
Dessa forma, constitui prestação de serviço “toda espécie de serviço ou trabalho 
lícito, material ou imaterial, contratada mediante retribuição e que NÃO esteja sujeita às leis 
trabalhistas ou à lei especial”. 
 
Ver: arts. 593 e 594 CC/2002 
 
O objeto primordial do contrato de prestação de serviço é uma obrigação de fazer, 
isto é, uma atividade humana lícita, que tanto pode ser material (manual) quanto imaterial (intelectual). 
 
Ver: art. 594 CC/2002 
 
A prestação de serviço é um contrato não solene, com forma livre de pactuação. 
Assim, pois, pode ser estabelecido tanto verbalmente quanto de forma escrita. 
 
Em função do caráter bilateral e comutativo do contrato de prestação de serviço, o 
regular desempenho da atividade pactuada faz surgir o direito a uma contrapartida. Este dever do 
tomador de serviço é uma retribuição pela atividade realizada, sendo também chamada de 
honorários, preço ou salário. Importante ainda lembrar que o sistema normativo brasileiro não 
admite a prestação gratuita de serviço, motivo pelo qual o prestador fará sempre jus a uma 
retribuição. 
 
Ver: arts. 596 e 597 CC/2002 
 
1.3. CONTRATO DE EMPREITADA (LOCAÇÃO DE OBRA): 
 
A Empreitada é o contrato em que uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem 
subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para a outra (dono da obra), com material 
próprio ou por este fornecido, mediante remuneração global ou proporcional ao trabalho executado. 
 
Por sua vez, os caracteres jurídicos deste contrato são: não solene, bilateral, oneroso, 
consensual, comutativo, como regra, podendo, entretanto, ajustar-se com caráter aleatório. 
 
A empreitada é a relação contratual básica e de mais frequente utilização na atividade 
de construção civil, embora não se limite a ela. 
 
 
 3 
Assim, o objeto deste é o mais amplo e variado, compreendendo toda espécie de 
produções, seja a clássica construção de uma obra material (um prédio), seja a criação intelectual 
(elaboração de projetos), artística ou artesanal (feitura de uma estátua). 
 
A empreitada se classifica em: 
 
Empreitada de lavor – Aquela em que o empreiteiro contribui apenas com seu trabalho. E os riscos 
da atividade são, a priori, do dono da obra, salvo no caso de conduta culposa do empreiteiro. 
 
Ver: art. 610, 1ª parte, CC/2002 
 
Empreitada mista (ou de materiais) – Aquela em que o empreiteiro contribui com mão-de-obra e 
materiais. 
 
Ver: art. 610, parte final, e §1º, CC/2002 
 
A importância de se diferenciar estas 2 modalidades de empreitada reside nos riscos 
de execução da obra. Senão vejamos: 
 
Os riscos, no contrato de empreitada, variam com o tipo adotado. Na meramente 
de lavor, o dono perde o material; e perde o trabalho o empreiteiro, salvo se provar este que o dano 
resultou de defeitos no material, contra os quais reclamou em tempo oportuno. 
 
Ver: art. 613 CC/2002 
 
Na de mão-de-obra com fornecimento de materiais (empreitada mista), corre todos 
os riscos o empreiteiro até o momento da entrega da coisa. Se o dono incorrer em mora, os riscos se 
transferem para ele. 
 
Ver: art. 611 CC/2002 
 
 
2. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO: 
 
Após vermos o regime geral das locações (de coisas, de serviços e de obra) no Código Civil. 
Devemos agora destacar a importância da locação de coisa imóvel, em grande parte devido ao 
fato de que mais de 80% da população brasileira vive em grandes centros urbanos, indubitavelmente 
o maior número de casos, envolvendo a complexidade de um contrato de locação, que o profissional 
do Direito é levado a lidar, é o de locação de prédios urbanos. 
 
O regime da locação de imóveis urbanos é de tal importância para o Direito que 
mereceu uma disciplina própria em lei especial, separada do Código Civil, que hoje encontra abrigo 
na Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, que, todavia, não foi a primeira legislação específica 
sobre o tema no Direito brasileiro. 
 
A locação de imóvel urbano, albergada pela Lei Federal de nº 8.245/91 (Lei de 
Locações de imóveis urbanos), é um contrato típico pelo qual o proprietário (locador), mediante 
remuneração (designada de aluguel) paga pelo respectivo usuário (locatário), se compromete a fornece-
lhe, durante certo lapso de tempo, determinado ou não, o uso e gozo de um imóvel destinado à 
habitação, à temporada ou à atividade empresarial. 
 
 
 
 4 
De fato, tendo em vista o rumo que as questões locatícias têm tomado, necessário se 
faz à análise detalhada de todo o processo
de elaboração de um contrato de locação de imóvel 
urbano. 
 
Nesta ordem, analisaremos, em separado, as principais regras que orientam a base do 
instrumento de contrato, observando o teor legal de cada uma e suas respectivas implicações 
obrigacionais. 
 
Oportunamente, atente-se para o fato de que não existem somente as cláusulas 
exemplificadas neste estudo, o contrato de locação poderá estabelecer outras disposições peculiares 
(direitos e deveres às partes contratantes), desde que não contrariem a Lei e que estejam em sintonia com os 
interesses concretos de cada parte. 
 
2.1. OBJETO DO CONTRATO: 
 
Em um contrato formalizam-se as obrigações das partes contratantes. Assim, a 
obrigação principal contida no contrato é que constituirá o seu objeto. 
 
Embora seja uma confusão bastante comum, o objeto do contrato de locação NÃO 
é a coisa em si, mas seu uso e gozo por alguém que não o seu proprietário, transferidos por 
meio de manifestação de vontade. Em regra, qualquer coisa não-fungível pode ser objeto de locação: 
corpórea ou incorpórea, móvel ou imóvel, inteira ou fracionada. 
 
Assim, o objeto do contrato de locação de imóvel urbano é o fornecimento por parte 
do proprietário (locador) do uso e gozo de determinado imóvel (discriminando as características deste), 
sob especiais condições, mediante remuneração (designada de aluguel) paga pelo respectivo usuário 
(locatário). 
 
2.2. SUJEITOS DA RELAÇÃO 
 
Em geral, temos como sujeitos da relação: 
 
O Locador – É todo aquele que dispõe o imóvel para a locação. 
 
O Locatário – É aquele que usa o imóvel disponibilizado, sob especiais condições, mediante 
contraprestação (designada de aluguel). 
 
2.3 DESTINAÇÃO DO IMÓVEL (Finalidade da locação): 
 
A destinação do imóvel, ou seja, a finalidade da locação deve estar perfeitamente 
identificada no contrato formalizado. Uma vez que é dever do locatário servir-se do imóvel para o 
uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, 
devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu. 
 
Segundo a natureza do pacto de locação, o imóvel poderá ser destinado: 
 
Locação Residencial – Considera-se quando o locatário for pessoa física e o imóvel destinar-se à 
residência (moradia) deste e/ou de sua família; 
 
Ver: Arts. 46 e 47 da Lei 8.245/91. 
 
 
 
 5 
Locação Não-Residencial (Comercial) - Considera-se locação não residencial quando o locatário 
for pessoa jurídica e o imóvel, destinar-se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, 
executivos ou empregados; 
 
Ver: Art. 55 da Lei 8.245/91. 
 
Locação para Temporada - Considera-se locação para temporada aquela destinada à residência 
temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de 
obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada 
por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. 
 
Ver: Art. 48 da Lei 8.245/91. 
 
Locação “Build to suit” (Construir para locar) - Considera-se locação build to suit aquela locação 
não residencial na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por 
si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação (futuro locatário), a 
fim de que seja a este locado por um longo prazo determinado. 
 
Ver: Art. 54-A da Lei 8.245/91. 
 
2.4 PRAZO DE LOCAÇÃO: 
 
O prazo de locação é livremente pactuado entre o locador e o locatário. Contudo, 
dependerá de autorização do cônjuge, se o prazo estipulado for igual ou superior a 10 (dez) anos. 
 
Didaticamente, podemos estabelecer o seguinte padrão: 
 
Prazo para Locação Residencial - Poderá ser ajustada por um prazo: 
 
• Igual ou superior a 30 (trinta) meses (caso em que, ocorrendo prorrogação, o locador poderá 
retomar o imóvel a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação); 
• Inferior a 30 (trinta) meses (pelo qual, ocorrendo prorrogação, o locador somente poderá retomar 
o imóvel nas hipóteses previstas nos artigos 9º e 47 da Lei de Inquilinato) 
 
Prazo para Locação Não-Residencial – Em observância ao direito a renovatória, poderá ser 
ajustada por um prazo: 
 
• Igual ou superior a 5 (cinco) anos (prazo mínimo de contrato a ser observado como um dos 
requisitos para uma ação renovatória); 
 
• Inferior a 5 (cinco) anos. 
 
Prazo para Locação por Temporada – Somente poderá ser ajustada por prazo não superior a 90 
(noventa) dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Ultrapassado esse prazo, considera-se equiparada à 
locação residencial por prazo indeterminado. 
 
A Lei de Locações estabelece que durante o prazo estipulado para a duração do 
contrato não poderá o locador reaver o imóvel alugado, salvo a ocorrência de alguma infração 
contratual ou, até mesmo, em caso de caso fortuito ou força maior. Todavia, poderá o locatário 
devolvê-lo, pagando a multa pactuada, proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato, 
e, na sua falta, a que for judicialmente estipulada. 
 
Ver: Art. 4º da Lei 8.245/91. 
 
 
 6 
Não obstante, findo o prazo estipulado, se o locatário continuar na posse do imóvel 
alugado por mais de 30 (trinta) dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação por 
prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. 
 
2.5 VALOR DO ALUGUEL: 
 
Por refletir o interesse de um individuo (proprietário) em ceder o seu imóvel para uso e 
gozo de outrem (inquilino) mediante determinada remuneração, a Lei de Locações permitiu que, ao 
ser locado um imóvel, seria livre a convenção do aluguel (entenda-se como a definição do seu valor), 
proibida somente a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao 
salário mínimo. 
 
Apesar de livremente convencionado, a doutrina orienta que o aluguel seja fixado 
com base no real valor locatício do imóvel disponibilizado. 
 
Lembrando, ainda, que o Locador NÃO poderá exigir o pagamento antecipado 
do aluguel, salvo em caso de a locação não estar garantida (por fiança, caução ou seguro fiança) ou de 
locação por temporada. 
 
2.6 REAJUSTE DO ALUGUEL: 
 
Segundo a Lei de Locações, Locadores (proprietários) e Locatários (inquilinos) podem 
livremente escolher, de comum acordo, um índice econômico, oficial e de conhecimento público, 
que estime a variação do mercado no período para o reajuste do contrato. Sendo vedada a vinculação 
deste à variação do salário mínimo, variação cambial e moeda estrangeira. 
 
No Brasil, a inflação é medida por meio de diversos índices divulgados por 
instituições de credibilidade, tais como o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), a 
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e 
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). 
 
A Lei do Inquilinato (8.245/91) não restringiu e nem especificou qual o índice a ser 
aplicado para correção monetária. Em virtude disso, devem as partes contratantes (locador e locatário) 
estipular expressamente no contrato qual o índice econômico a ser utilizado, dentre os índices 
existentes, tais como: ICV/Dieese; IGP-M/FGV; INPC/IBGE; IPC/FIPE; IPCA (IBGE). 
 
Saliente-se que não se deve confundir “reajuste de aluguel”, que é a mera correção 
de um aluguel, já definido, através de índice econômico; com “revisão de aluguel”, que é 
justamente uma nova estipulação do valor para o aluguel. 
 
Ver: Arts. 18 e 19 da Lei 8.245/91. 
 
2.7 DESPESAS E ENCARGOS LOCATÍCIOS: 
 
Uma vez celebrado contrato de locação entre locador e locatário, emana
desta relação 
contratual algumas responsabilidades oriundas das despesas e encargos pela disponibilidade e uso do 
imóvel. A Lei do Inquilinato, exemplificativamente, enumerou algumas dessas obrigações para as 
partes. 
 
 
 
 7 
As obrigações básicas do locador estão dispostas no artigo 22. Já para o locatário 
as respectivas responsabilidades estão dispostas no artigo 23 da lei. 
 
Não obstante a Lei do Inquilinato ter inicialmente delimitado a responsabilidade de 
cada um dos contratantes (locador e locatário), é importante observar que, no contrato de locação, as 
partes contratantes podem prever que a transferência para o locatário da responsabilidade pelo 
pagamento dos tributos (impostos e taxas) e do prêmio de seguro complementar contra fogo, que 
incidam ou venham a incidir sobre o imóvel locado. 
 
Ver: Art. 22, inc. VIII da Lei 8.245/91. 
 
2.8 ATRASO NO PAGAMENTO: 
 
Uma das principais obrigações do locatário é a de pagar pontualmente o aluguel e 
demais encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, 
até o 6º (sexto) dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver 
sido indicado no contrato. 
 
Ver: Art. 23, inc. I da Lei 8.245/91. 
 
O descumprimento desta obrigação legal e contratual ensejará ao Locatário: 
 
• O pagamento dos aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; 
• As multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; 
• Os juros de mora; 
• As custas e os honorários do advogado do locador, em caso efetivação de atos de cobrança, fixados em 
10 (dez) por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; 
• A rescisão do contrato de locação e consequente despejo. 
 
Em relação à multa de mora (por atraso no pagamento do aluguel e acessórios), esta não 
pode exceder ao percentual de 10% (dez por cento), por aplicação analógica do art.9º do Decreto nº 
22.626/33 (Lei de Usura), sob pena de reputar-se abusiva. 
 
Quanto aos juros, já existe a praxe negocial de estabelecê-los no patamar de 1% (um 
por cento) ao mês, conforme entendimento de nossos Tribunais. 
 
2.9 GARANTIAS LOCATÍCIAS: 
 
Em um contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes 
modalidades de garantia contratual: 
 
• Caução; 
• Fiança; 
• Seguro de fiança locatícia; 
• Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. 
 
Garantia locatícia nada mais é que o ajuste, inserido no contrato, que visa dar ao 
locador uma segurança no que diz respeito ao pagamento dos alugueis e demais encargos locatícios. 
 
 
 
 8 
A lei proíbe que seja exigida mais de uma das modalidades de garantia num mesmo 
contrato de locação, sob pena de nulidade e configuração de contravenção penal, punível com prisão 
simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel 
atualizado, revertida em favor do locatário. 
 
Ver: Art. 43 da Lei 8.245/91. 
 
Importante lembrar que, salvo disposição contratual em contrário, qualquer das 
garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por 
prazo indeterminado. 
 
Ver: Art. 39 da Lei 8.245/91. 
 
 
2.10 HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO: 
 
Está implícito na relação contratual o fato de ser esta temporária. Observando esta 
característica, podemos concluir que qualquer contrato terá uma finalização certa e esperada, que 
poderá ser regular (também chamado de ordinária) ou irregular (extraordinária). 
 
Temos como extinção regular do contrato o cumprimento adequado de todas as 
previsões pactuadas, libertando ambas as partes das obrigações contratuais. No caso das locações 
urbanas, o final do prazo estipulado para locação e a entrega do imóvel. 
 
Qualquer outra forma que puser fim ao contratado que não seja o adimplemento das 
prestações devidas e pactuadas implicará em extinção irregular (extraordinária) do contrato. 
 
Nestes termos, podemos dizer que o pacto de locação poderá ser desfeito 
extraordinariamente: 
 
• Por mútuo acordo; 
• Em decorrência da prática de infração legal ou contratual; 
• Falta de apresentação de nova garantia pelo locatário após 30 dias da notificação realizada pelo locador; 
• Em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; 
• Para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não possam ser normalmente 
executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las; 
• Em decorrência de desapropriação, com a missão do expropriante na posse do imóvel; 
• Em caso de eventual venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em 
pagamento do imóvel locado, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de 
vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel; 
• Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, na qual a locação celebrada pelo usufrutuário ou 
fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de trinta dias para a desocupação, salvo se tiver havido 
aquiescência escrita do nuproprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos 
do usufrutuário ou do fiduciário; 
• Na ocorrência de qualquer evento catastrófico ou incêndio no imóvel locado que impossibilite a sua ocupação; 
• Na ocorrência de eventos imprevisíveis devido às ações governamentais e/ou judiciais, por força maior ou caso 
fortuito. 
 
Não obstante, seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador 
para reaver o imóvel é a de despejo. 
 
 
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QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
01. (Juiz do Trabalho – TRT 11ª Região – 2007) A prestação de serviço NÃO se poderá convencionar: 
a) Por instrumento particular quando qualquer das partes não souber ler e nem escrever; 
b) Por prazo indeterminado, sob pena de nulidade do contrato; 
c) Por mais de 4 anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de divida de quem o presta, ou se destine à execução de 
certa e determinada obra; 
d) Por mais de 3 anos, embora se destine à execução de certa e determinada obra; 
 
02. (TRE/RS – FCC/2010) Segundo as normas estabelecidas no Código Civil, na locação de coisas, 
havendo prazo estipulado para duração do contrato, antes do vencimento: 
a) Não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, o qual não goza de 
direito de retenção, tendo em vista a vedação legal específica para locação de coisa por prazo determinado; 
b) Poderá o locador reaver a coisa alugada, independentemente de ressarcir o locatário de perdas e danos, tendo em vista a 
liberdade concedida pela legislação civil decorrente do direito de propriedade; 
c) Não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, gozando o locatário 
do direito de retenção, enquanto não for ressarcido; 
d) Poderá o locador reaver a coisa alugada, desde que efetue o pagamento multa legal prevista na legislação civil de duas vezes o 
valor estipulado a título de aluguel; 
e) Poderá o locador reaver a coisa alugada, desde que efetue o pagamento de multa legal prevista na legislação civil de, no mínimo, 
dois salários mínimos. 
 
03. (Exame da Ordem – 27º RJ) Risco é o perigo a que está sujeita a coisa, de perecer ou de se 
deteriorar por caso fortuito ou força maior. Numa obra, se sobrevier acidente motivado pela 
natureza, que a destrói parcialmente, suportará sozinho o prejuízo: 
a) Tratando-se de empreitada mista, o empreiteiro, embora este não tenha agido com culpa; 
b) Tratando-se de empreitada
mista, o empreiteiro, embora o dono da obra se encontre em mora de recebê-la; 
c) Tratando-se de empreitada de lavor, o empreiteiro, embora este não tenha agido com culpa; 
d) Tratando-se de empreitada de lavor, o dono da obra, embora o empreiteiro tenha agido com culpa. 
 
04. (Juiz Federal – 5ª Região – CESPE 2009) Carlos, de posse de projeto elaborado por uma arquiteta 
e por ele aprovado, celebrou contrato de empreitada mista com uma construtora para a realização de 
reforma em imóvel seu, não tendo sido estipulada cláusula de reajuste de preço. Com base nessa 
situação hipotética, assinale a opção correta: 
a) Como é usual nos contratos de empreitada mista, a responsabilidade da construtora abrangerá o fornecimento de mão de obra e 
de materiais, ficando a direção da obra sob a responsabilidade de Carlos; 
b) Ainda que a construtora comprove aumento do custo de material e dos salários dos empregados, não lhe cabe o direito a 
qualquer acréscimo no preço acertado com Carlos; 
c) Em face da natureza do contrato celebrado, a construtora é responsável por eventuais danos causados a terceiros em decorrência 
da reforma do imóvel, ficando Carlos isento de qualquer responsabilidade; 
d) Havendo modificações no projeto original, somente poderá a construtora exigir acréscimo no preço contratado se tais modificações 
forem autorizadas por instruções escritas do dono da obra, não cabendo a alegação de conhecimento tácito deste; 
 
05. (Exame de Ordem – MT – 2004) Na locação Não Residencial (empresarial), o locatário terá 
direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que preencha alguns requisitos legais. Não 
pode ser considerado requisito para a renovação compulsória do contrato: 
a) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo determinado; 
b) O contrato a renovar ter sido celebrado por escrito; 
c) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo mínimo de 10 (dez) anos; 
d) O contrato a renovar ter sido celebrado com prazo mínimo de 5 (cinco) anos; 
 
06. Durante o prazo estipulado para a duração do contrato locatício, poderá o locador reaver o 
imóvel? E o locatário, poderá devolvê-lo antes de findo o prazo de vigência ? 
Unid IX.5 - Contratos em espécie - Fiança (atualizada em 01-11-15).pdf
 
 
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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: FIANÇA 
 
1. CONCEITO DE FIANÇA: 
 
A fiança é uma espécie de garantia pessoal ou fidejussória que se amolda a qualquer 
espécie de obrigação. 
 
Observação: Garantia pessoal ou fidejussória consiste apenas na segurança que, individualmente, alguém presta, de 
responder pelo cumprimento de determinada obrigação se faltar o devedor principal. 
 
A fiança pode ser: 
 
• Convencional (resulta da vontade das partes); 
• Legal (resulta de lei); 
• Judicial (resulta de imposição do juiz). 
 
A fiança a ser analisada nesta disciplina é a fiança convencional, que é ajustada por meio 
de contrato. 
 
Dá-se o nome de fiança, quando, por contrato, uma ou mais pessoas se obrigam por 
outra, para com seu credor, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra. 
 
Ver: art. 818 CC/2002 
 
Importante observar que há, na verdade, 2 contratos: um principal, entre devedor e 
credor, e um acessório, entre fiador e devedor (afiançado). 
 
2. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO: 
 
Em linhas gerais, o contrato de fiança é: 
 
Solene - É um contrato formal, que se reveste obrigatoriamente de forma escrita; 
 
Ver: art. 819 CC/2002 
 
De interpretação restritiva - A fiança não admite interpretação extensiva; 
 
Acessório - Será sempre um contrato acessório, nunca principal, posto que existe somente para 
garantir o adimplemento da obrigação principal; 
 
Unilateral - Trata-se de um contrato unilateral, ou seja, somente uma das partes assume obrigações, 
no caso, o fiador; 
 
Personalíssimo - Posto que o fiador não garante as disposições de pessoas cuja idoneidade 
desconhece; 
 
 
 
 
 2 
Subsidiário - É tido como subsidiário, ou seja, substitutivo do cumprimento regular e normal da 
obrigação, que deve ser feito pelo devedor. Entretanto, se houver, no contrato, renúncia expressa ao 
benefício de ordem previsto no Código Civil Brasileiro, o fiador será solidariamente responsável com 
o locatário, assumindo a posição de co-devedor e nas mesmas condições deste. 
 
Ver: art. 827 CC/2002 
 
Gratuito - Via de regra, trata-se de contrato gratuito, tendo o fiador o ônus de adimplir com as 
obrigações descumpridas pelo devedor, sem que tenha sido exigido deste qualquer remuneração. 
Excepcionalmente, torna-se contrato oneroso em casos, por exemplo, de fiança bancária; 
 
De execução futura - A execução deste contrato é futura, uma vez que é celebrado tendo em conta 
prestações futuras. O fiador somente poderá ser demandado depois que se caracterize o 
inadimplemento do devedor e a dívida torne-se líquida e certa; 
 
Transmissível - É obrigação que se transmite para os herdeiros, mas não pode ultrapassar as forças 
da herança; 
 
Ver: art. 836 CC/2002 
 
Dependente de vênia conjugal - Por ser ato de natureza patrimonial, o Código Civil determina 
que, em sendo casado, o fiador não poderá, sem autorização do outro cônjuge, prestar fiança, exceto 
no regime de separação absoluta. 
 
Ver: art. 1.647, III, CC/2002 
 
3. REQUISITOS: 
 
Quanto ao requisito subjetivo, a capacidade para ser fiador é a genérica, podendo 
ser fiadoras todas as pessoas que tenham a livre disposição de seus bens. Neste contexto, não podem 
prestar fiança entre outros: 
 
• O cônjuge casado, exceto na separação total, sem a concordância do outro; 
• O emancipado, pois a emancipação só lhe confere o direito de administrar seus negócios e a 
fiança é obrigação por dívida alheia; 
• Os administradores em relação às sociedades e companhias que administram, pois as pessoas 
jurídicas só podem prestar fiança se dotados de poderes expressos para tanto; 
• O mandatário só poderá fazê-lo se cláusula expressa assim o autorizar. 
 
Ver: arts. 825 e 826 CC/2002 
 
Já em relação aos requisitos objetivos: 
 
• A fiança pode ser dada a qualquer tipo de obrigação (dar, fazer e não fazer); 
• A fiança pode assegurar obrigação atual ou futura, mas, se futura, só vigorará a partir do 
momento em que a causa surgir; 
• A fiança não pode ultrapassar o valor do débito principal, nem ser mais onerosa do que ele 
sob pena de redução; 
• Dependerá da validade e exigibilidade da obrigação principal (por sua natureza acessória); 
 
Ver: arts. 821, 823 e 824 CC/2002 
 
 
 3 
4. LIMITES DA FIANÇA PRESTADA: 
 
Primeiramente devemos salientar a existência de duas relações distintas no contrato 
de fiança: uma entre fiador e credor e outra entre fiador e devedor. 
 
Na relação existente entre fiador e credor, este último tem o direito de exigir do 
fiador o pagamento da dívida garantida. No entanto, esse direito pode ter algumas limitações: 
 
Benefício de ordem – O fiador tem o direito ao benefício de ordem. Em outras palavras, ele pode 
exigir que, até a contestação da lide, seja primeiramente executado o patrimônio do devedor. Para se 
valer desse benefício, o fiador deverá indicar bens do devedor, localizados no mesmo município e 
que estejam livres e desembaraçados, que sejam suficientes para pagar a dívida. 
 
Ver: art. 827 CC/2002 
 
Observação: O fiador só não terá o direito ao benefício de ordem se: Art. 828 (I) renunciar expressamente ao 
mesmo; (II) se obrigar como principal pagador, ou devedor solidário; ou (III) o devedor for insolvente ou falido. 
 
Benefício da divisão – Havendo mais de um fiador, a presunção legal é a de que são solidariamente 
responsáveis pela dívida. A
lei permite, porém, que cada fiador reserve apenas uma parte da dívida 
como de sua responsabilidade. 
 
Ver: arts. 829 e 830 CC/2002 
 
5. EXTINÇÃO DA FIANÇA: 
 
A maioria dos contratos se extingue pelo cumprimento da obrigação, e no contrato 
de fiança não poderia ser diferente. Contudo há alguns casos específicos que também podem causar 
a extinção da fiança. Os motivos principais são: 
 
Exoneração do fiador - Exonerar significa liberar-se de uma obrigação. A fiança que esteja por 
tempo indeterminado, o fiador tem o direito de se exonerar, desde que notifique o credor. 
 
Ver: art. 835 CC/2002 
 
Concessão de moratória expressa - Quando o credor conceder ao devedor um novo prazo para 
o pagamento da dívida, adiando assim o dia para o cumprimento da obrigação. 
 
Ver: art. 838, I, CC/2002 
 
Impossibilidade de direito de regresso - Quando o credor, por suas ações, impossibilitar o direito 
de regresso do fiador contra o devedor, a fiança também será extinta. 
 
Ver: art. 838, II, CC/2002 
 
Pagamento de forma diversa pelo devedor - Quando o credor deixar que o pagamento da dívida 
seja efetuado em outra espécie, configurando dessa forma dação em pagamento. 
 
Ver: art. 838, III, CC/2002 
 
Morte do fiador – Em caso de falecimento, tal obrigação é repassada aos herdeiros (limitada ao 
montante da própria herança e aos débitos existentes até o momento do falecimento). 
 
Ver: art. 836, CC/2002. 
 
 
 
 4 
QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
01. (Exame da Ordem/GO – 2005) Sobre a fiança, é correto afirmar: 
a) Cuida-se de contrato que se pode celebrar verbalmente; 
b) As pessoas casadas podem prestá-la livremente, sem a autorização do outro cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do 
casamento; 
c) O fiador pode exonerar-se da obrigação assumida sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, mediante notificação ao 
credor; 
d) A responsabilidade do fiador é sempre solidária. 
 
02. (Procurador Autárquico - Bacen - 2006) O contrato de fiança: 
a) estabelece solidariedade legal do fiador e do afiançado pelo pagamento ao credor. 
b) admite prova exclusivamente testemunhal se for de valor inferior a dez (10) salários mínimos. 
c) não admite renúncia ao benefício de ordem. 
d) não admite que, existindo vários fiadores, cada um fixe a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade. 
e) pode ser estipulado sem consentimento do devedor ou contra sua vontade. 
 
03. (OAB/Exame Unificado - 2006.1) A respeito do contrato de fiança, assinale a opção correta. 
a) A fiança é uma garantia pessoal e fidejussória e pode ser dada em contrato ou em título de crédito. A responsabilidade do 
fiador é solidária e direta, transmitindo-se aos herdeiros. 
b) Considere-se que o cônjuge varão, durante a vigência do casamento pelo regime da comunhão universal de bens, prestou fiança 
em contrato de renegociação de dívida de operações de crédito, sem a devida outorga uxória. Nessa situação, a fiança é anulável, 
caso em que obrigará apenas os bens da meação do fiador. 
c) A fiança é uma garantia de natureza acessória e subsidiária, sendo assegurado ao fiador o beneficio de ordem, segundo o qual 
primeiro executam-se os bens do devedor, e se não for suficiente, executam-se os bens do fiador. 
d) A fiança é formalizada por meio de contrato pelo qual uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo 
devedor, caso este não a cumpra. A fiança se concretiza independentemente da aceitação do credor em relação à pessoa do fiador. 
 
04. (FGV-2010) Semprônio realiza contrato de mútuo com Terêncio, emprestando a quantia de R$ 
20.000,00 para pagamento em dez prestações, incidentes juros legais, sem correção monetária. Para 
garantir a avença, intercede Esculápio, na condição de fiador, pelo período do contrato, 
renunciando ao benefício de ordem. No curso da avença, o devedor, por motivos de doença da 
família, deixa de quitar algumas prestações. Após o período de dificuldades, credor e devedor 
ajustam a prorrogação do contrato, não informando tal situação ao fiador. Diante do exposto, analise 
as afirmativas a seguir. 
 
I. O contrato de fiança somente estabelece a responsabilidade do fiador no período avençado no Contrato; 
II. Mediante aquiescência do credor, do devedor e do fiador, a fiança pode se prorrogada. 
III. Não concordando o devedor com a fiança, credor e fiador estão proibidos de estabelecer a referida garantia no contrato. 
 
Assinale: 
a) Se somente a afirmativa I for verdadeira. 
b) Se somente a afirmativa II for verdadeira. 
c) Se somente as afirmativas I e II forem verdadeiras. 
d) Se somente as afirmativas I e III forem verdadeiras. 
e) Se todas as afirmativas forem verdadeiras. 
 
05. Explique o que é “benefício de ordem” na fiança ? 
 
 
 
 
Unid IX.6 - Contratos em espécie - Empréstimo (atualizada em 19-11-15).pdf
 
 
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DIREITO CIVIL III - CONTRATOS 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE IX – CONTRATOS EM ESPÉCIE: EMPRÉSTIMO 
 
Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega um bem à outra, para ser 
restituído em espécie ou gênero. 
 
Existem duas espécies de empréstimo: comodato e mútuo. Mútuo é o empréstimo de 
consumo (ex: alimentos, dinheiro, etc) enquanto o comodato é o empréstimo de uso (ex: casa, carro, livro, 
roupa, etc). 
 
1. COMODATO: 
 
O vocábulo comodato tem sua origem na locução latina commodum datum, sendo o 
contrato assim denominado porque a coisa era dada para o cômodo e proveito daquela que a recebia. 
 
Nas disposições do Código Civil: comodato é o empréstimo gratuito de coisas não 
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. 
 
Ver: art. 579 CC/2002 
 
Assim, o comodato é o empréstimo de coisa não fungível1, eminentemente gratuito, 
no qual o comodatário recebe a coisa emprestada para uso, devendo devolver a mesma coisa, findo 
o negócio, ao comodante. 
 
1.1. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO: 
 
Na sua caracterização jurídica, diz-se que o comodato é um contrato: 
 
Real – Este contrato só se aperfeiçoa com a entrega da coisa de uma parte à outra; 
 
Unilateral – Apenas o comodatário assume obrigação em face do comodante: guardar e conservar a 
coisa, devendo restituí-la ao final. 
 
Gratuito – Trata-se de contrato benéfico, pois apenas o comodatário experimenta benefício: usar 
coisa alheia; 
 
Fiduciário – Contrato realizado em confiança ao comodatário. 
 
Personalíssimo – De natureza individual, é pactuado em atenção à pessoa do comodatário. 
 
Temporário – É essencialmente temporário, não se transmitindo aos herdeiros do comodatário. 
Existindo o dever de restituir ao final do prazo estipulado ou, não havendo prazo, quando solicitado 
pelo comodante. 
 
Não solene - A lei não exige para a celebração do contrato de comodato forma especial, podendo 
sua existência ser comprovada de qualquer forma, até mesmo por testemunhas. 
 
1 Bens fungíveis – São aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplo: dinheiro; 
 Bens infungíveis – Por sua vez, são aqueles de natureza insubstituível. Exemplo: obra de arte 
 
 
 2 
1.2. ELEMENTOS DO CONTRATO: 
 
Os elementos essenciais do contrato de comodato são: 
 
Gratuidade – A gratuidade decorre da própria natureza do comodato, pois, se fosse oneroso, se 
confundiria com a locação. Não desnatura a gratuidade o fato de o comodatário de um apartamento 
responsabilizar-se pelo pagamento das despesas condominiais e dos impostos 
 
Infungibilidade do objeto – O comodato é o empréstimo de uso, devendo, pois, ser restituída a 
própria coisa emprestada. Sendo assim, o comodato terá como objeto bem infungível. 
 
Tradição do objeto

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