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material didatico Psicofarmacologia

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M01_Psicofarmacologia.pdf
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PSICOFARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
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CURSO DE 
PSICOFARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
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SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1 PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA 
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 FARMACOCINÉTICA 
1.2.1 Absorção 
1.2.2 Distribuição 
1.2.3 Biotransformação 
1.2.4 Excreção ou Eliminação 
1.3 FARMACODINÂMICA 
2 O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
2.1 INTRODUÇÃO 
2.2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO 
2.3 DIVISÕES FUNCIONAIS NO SISTEMA NERVOSO 
2.4 ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
2.5 FUNÇÕES DO SISTEMA SIMPÁTICO 
2.6 FUNÇÕES DO SISTEMA PARASSIMPÁTICO 
2.7 FUNÇÕES DO SNC NO CONTROLE AUTONÔMICO DAS VÍSCERAS 
2.8 INERVAÇÃO AUTONÔMICA 
3 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO 
3.1 COMUNICAÇÃO QUÍMICA ENTRE CÉLULAS 
3.1.1 Mediadores locais 
3.1.2 Hormônios 
3.1.3 Neurotransmissores 
4 NEUROTRANSMISSORES IMPORTANTES E SUAS FUNÇÕES 
4.1 DOPAMINA 
4.2 SEROTONINA 
4.3 ACETILCOLINA (ACH) 
4.4 NORADRENALINA 
4.5 GLUTAMATO 
 
 
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4.6 ENCEFALINAS E ENDORFINAS 
5 INTRODUÇÃO AO SNC 
5.1 NEUROTRANSMISSÃO NO SNC 
5.2 POTENCIAIS SINÁPTICOS 
5.2.1 Vias excitatórias 
5.2.2 Vias inibitórias 
5.2.3 Efeitos combinados de PPSE e PPSI 
6 INTRODUÇÃO À PSICOFARMACOLOGIA 
7 PRESCRIÇÕES E MEDICAÇÕES 
7.1 USO CLÍNICO DO MEDICAMENTO 
7.2 O PACIENTE E O USO DE MEDICAMENTOS 
8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS 
8.1 INTRODUÇÃO 
8.2 BENZODIAZEPÍNICOS 
8.3 MECANISMO DE AÇÃO 
8.4 AÇÕES 
8.5 USOS TERAPÊUTICOS 
8.6 DEPENDÊNCIA 
9 OUTROS AGENTES ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS 
9.1 ZOLPIDEM 
9.2 BUSPIRONA 
9.3 HIDROXIZINA 
10 ANTAGONISTA DE BENZODIAZEPÍNICOS 
11 BARBITÚRICOS 
11.1 MECANISMO DE AÇÃO 
11.2 EFEITOS 
11.3 USOS TERAPÊUTICOS 
11.4 EFEITOS ADVERSOS 
12 SEDATIVOS NÃO BARBITÚRICOS 
12.1 HIDRATO DE CLORAL 
12.2 ANTI-HISTAMÍNICOS 
12.3 ETANOL 
 
 
 
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MÓDULO II 
13 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS 
13.1 INTRODUÇÃO 
14 OS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS/POLlCÍCLlCOS 
14.1 MECANISMO DE AÇÃO 
14.2 AÇÕES 
14.3 UTILIZAÇÕES TERAPÊUTICAS 
15 BLOQUEADORES SELETIVOS DA RECAPTURA DE SEROTONINA 
15.1 FLUOXETINA 
15.2 OUTROS BLOQUEADORES SELETIVOS DA CAPTURA DE SEROTONINA 
16 INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE 
16.1 MECANISMO DE AÇÃO 
16.2 AÇÕES 
16.3 USOS TERAPÊUTICOS 
17 SAIS DE LÍTIO 
18 FÁRMACOS USADOS NO TRATAMENTO DA EPILEPSIA 
18.1 VISÃO GERAL SOBRE EPILEPSIA 
18.2 ETIOLOGIA 
18.3 CLASSIFICAÇÃO DA EPILEPSIA 
18.4 MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS ANTIEPILÉPTICOS 
19 FÁRMACOS ANTIEPILÉPTICOS 
19.1 FENITOÍNA 
19.2 CARBAMAZEPINA 
19.3 FENOBARBITAL 
19.4 PRIMIDONA 
19.5 ÁCIDO VALPROICO 
19.6 ETOSUXIMIDA 
19.7 BENZODIAZEPÍNICOS 
19.8 GABAPENTIN E LAMOTRIGINE 
20 FÁRMACOS NEUROLÉPTICOS 
20.1 INTRODUÇÃO 
20.2 MECANISMO DE AÇÃO 
 
 
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20.3 AÇÕES 
20.4 UTILIZAÇÕES TERAPÊUTICAS 
21 ESQUIZOFRENIA 
22 ESTIMULANTES DO SNC 
22.1 ESTIMULANTES PSICOMOTORES 
22.2 METILXANTINAS 
22.3 NICOTINA 
22.4 COCAÍNA 
22.5 ANFETAMINA 
 
 
MÓDULO III 
23 ALUCINÓGENOS 
23.1 DIETILAMIDA DO ÁCIDO LISÉRGICO (LSD) 
23.2 TETRA-HIDROCANABINOL 
23.3 FENCICLIDINA (PCP) 
24 DOENÇA DE PARKINSON 
24.1 VISÃO GERAL 
24.2 ETIOLOGIA 
24.3 ESTRATÉGIA DO TRATAMENTO 
24.4 FÁRMACOS USADOS NA DOENÇA DE PARKINSON 
24.4.1 Levodopa (L-dopa) e Carbidopa 
24.4.1.1 Mecanismo de ação 
24.4.4.2 Ações 
24.4.4.3 Usos terapêuticos 
24.4.2 Bromocriptina 
24.4.3 Amantadina 
24.4.4 Deprenil 
24.4.5 Agentes Antimuscarínicos 
25 ALZHEIMER 
25.1 DEFINIÇÃO 
25.2 FATORES DE RISCO 
25.3 SINTOMAS 
 
 
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25.4 DIAGNÓSTICO 
25.5 TRATAMENTO 
26 DEPENDÊNCIA E TOLERÂNCIA 
26.1 DEPENDÊNCIA E OS BENZODIAZEPÍNICOS 
27 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA 
27.1 SÍNDROME [ESTADO] DE ABSTINÊNCIA 
27.2 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA COM DELIRIUM 
28 USO ABUSIVO DE DROGAS 
29 PSICOFÁRMACOS E O PACIENTE IDOSO 
29.1 DROGAS ANTIPSICÓTICAS 
29.2 SAIS DE LÍTIO 
29.3 ANTIDEPRESSIVOS 
 
 
MÓDULO IV 
30 MONOGRAFIA DAS PRINCIPAIS DROGAS E MEDICAMENTOS 
PSICOFÁRMACOS 
30.1 ANSIOLÍTICOS, DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE E HIPNÓTICOS 
30.1.1 Alprazolam 
30.1.2 Bromazepam 
30.1.3 Clobazam 
30.1.4 Clordiazepóxido 
30.1.5 Estazolam 
30.1.6 Flunitrazepam 
30.1.7 Flurazepam 
30.1.8 Lorazepam 
30.1.9 Zolpidem 
30.2 ANTIDEPRESSIVOS, DISTÚRBIOS DO HUMOR E ANTIMANIA 
30.2.1 Amineptina 
30.2.2 Amitriptilina 
30.2.3 Fluoxetina 
30.2.4 Nortriptilina 
30.2.5 Sertralina 
 
 
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30.2.6 Lítio 
30.3 ANTIEPILÉPTICOS, ANTICONVULSIVANTES 
30.1.1 Carbamazepina 
30.1.2 Diazepam 
30.1.3 Fenitoína (difenil-hidantoína) 
30.1.4 Metilfenobarbital 
30.4 NEUROLÉPTICOS 
30.4.1 Clorpromazina 
30.4.2 Haloperidol 
30.5 ESTIMULANTES DO SNC 
30.5.1 Anfetaminas 
30.5.2 A Cafeína 
30.6 PSICOFÁRMACOS UTILIZADOS NOS DISTÚRBIOS DEGENERATIVOS DO 
SNC 
30.6.1 Levodopa + Carbidopa 
30.6.2 Selegilina 
30.6.3 Rivastigmina 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO I 
 
 
1 PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
 
A palavra farmacologia etnologicamente se origina da palavra Pharmakon, 
do grego, que quer dizer droga, fármaco ou medicamento, mais logos que significa 
estudo. De uma maneira genérica e bastante simplificada poderíamos conceituar 
farmacologia de diversas formas: 
 Estudo da interação dos compostos químicos com os organismos 
vivos; 
 Ciência experimental que lida com as propriedades das drogas e seus 
efeitos nos sistemas vivos; 
 Ciência que estuda as alterações provocadas no organismo pelas 
drogas ou medicamentos. 
Pode, ainda, ser definida como o estudo do modo pelo qual a função dos 
sistemas orgânicos é afetada pelos agentes químicos. A farmacologia foi 
reconhecida como ciência na segunda metade do século XIX, quando os princípios 
científicos passaram a ser considerados no estabelecimento das práticas 
terapêuticas. No entanto, desde as civilizações mais antigas, remédios baseados em 
ervas ou outros produtos naturais de origem vegetal, animal ou mineral eram 
amplamente utilizados para combater as diversas enfermidades
que acometiam o 
homem e os animais domésticos, que com ele conviviam. Até o século XIX, a 
terapêutica era pouco influenciada pela ciência. 
A partir desta fase, alguns cientistas importantes contribuíram para que esta 
influência fosse aumentada, dentre eles podemos citar o patologista alemão Rudolf 
Virchow, que naquela época comentou o fato da seguinte forma: “A terapêutica é um 
 
 
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estágio empírico apreciado por clínicos e médicos práticos e é por meio da 
combinação com a fisiologia que precisa ascender para ser uma ciência, o que ela 
não é nos dias de hoje”. (Rudolf Virchow, 1821-1902). 
A falta de conhecimentos acerca do funcionamento do organismo e o 
sentimento de que doença e morte eram assuntos semissagrados dificultavam o 
atendimento dos efeitos das drogas e facilitavam o emprego de doutrinas autoritárias 
e nada científicas. Em termos gerais, a farmacologia, bem como as drogas, pode ser 
caracterizada e a farmacologia correlacionada com as demais áreas do 
conhecimento. 
 A Farmacologia pode ser vista como uma vasta área do conhecimento 
científico e nas suas diferentes abordagens pode ser subdividida em diversas 
disciplinas. Neste curso daremos destaque a alguns princípios de Farmacocinética e 
Farmacodinâmica. Àqueles que desejarem obter maiores informações acerca desta 
ciência e de suas subdivisões é possível encontrar o Curso de Farmacologia Geral, 
disponível no Portal Farmácia On-line (www.farmacia.med.br). 
 
 
1.2 FARMACOCINÉTICA 
 
 
É o estudo da velocidade com que os fármacos atingem o sítio de ação e 
são eliminados do organismo, bem como dos diferentes fatores que influenciam na 
quantidade de fármaco a alcançar o seu sítio. Basicamente, estuda os processos 
metabólicos de absorção, distribuição, biotransformação e eliminação das drogas. 
Os conceitos desses processos serão vistos abaixo. 
 
 
1.2.1 Absorção 
 
 
A absorção ocorre quando o medicamento atravessa barreiras até atingir a 
circulação sanguínea. A absorção pode ser definida, ainda, como o transporte da 
droga do local de absorção até a corrente sanguínea. As barreiras pelas quais as 
 
 
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drogas devem atravessar até alcançar esta região são basicamente constituídas 
pelas membranas celulares. Tratando-se da via de administração intravenosa, não 
se deve considerar a absorção, uma vez que, neste caso, o fármaco é administrado 
diretamente na corrente sanguínea. Alguns fatores influenciam a absorção, tais 
como: características físico-químicas da droga, veículo utilizado na formulação, 
perfusão sanguínea no local de absorção, área de absorção à qual o fármaco é 
exposto, via de administração, forma farmacêutica, entre outros. 
 
 
1.2.2 Distribuição 
 
 
Para que a droga alcance seu sítio de ação é necessário que ela se distribua 
pelos tecidos, a partir do momento que ela alcançou a corrente sanguínea, ou seja, 
a distribuição é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos. 
É afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades físico-químicas da 
substância. Os fármacos pouco lipossolúveis possuem baixa capacidade de permear 
membranas biológicas, sofrendo assim restrições em sua distribuição. Já as 
substâncias muito lipossolúveis podem se acumular em regiões de tecido adiposo, 
prolongando a permanência do fármaco no organismo. Além disso, a ligação às 
proteínas plasmáticas pode alterar a distribuição do fármaco, pois pode limitar o 
acesso aos locais de ação intracelular. 
 
 
1.2.3 Biotransformação 
 
 
O destino final dos fármacos ocorre após uma série de transformações 
químicas que denominamos biotransformação. Porções consideráveis de certos 
fármacos podem ser eliminadas de forma intacta sem sofrer biotransformação. De 
forma geral a atividade farmacológica é perdida ou reduzida pela metabolização, 
mas muitas drogas dão origem a metabólitos farmacologicamente ativos. A 
biotransformação ocorre principalmente no fígado, nos rins, nos pulmões e no tecido 
 
 
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nervoso. Entre os fatores que podem influenciar o metabolismo dos fármacos estão 
às características da espécie animal, a idade, a raça e fatores genéticos, além da 
indução e da inibição enzimáticas. 
 
 
1.2.4 Excreção ou Eliminação 
 
 
É a retirada do fármaco do organismo, seja na forma inalterada ou na de 
metabólitos ativos e/ou inativos. Ocorre por diferentes vias e varia conforme as 
características físico-químicas da substância a ser excretada. Outro conceito 
importante que temos nisso tudo é o conceito de meia-vida. A meia-vida (T1/2) é o 
tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja 
reduzida pela metade. Supondo que a concentração plasmática atingida por certo 
fármaco seja de 200 mcg/mL e que sejam necessários 60 minutos para que esta 
concentração chegue a 100 mcg/mL, a sua meia-vida é de 60 minutos. 
 
 
1.3 FARMACODINÂMICA 
 
 
A farmacodinâmica estuda a inter-relação da concentração de uma droga e 
a estrutura-alvo, bem como o respectivo mecanismo de ação, ou seja, analisa a 
ação dos fármacos, assim como os efeitos objetivos e subjetivos que eles provocam 
em organismos são e doentes, de modo a obter elementos que orientem o seu uso, 
sendo o estudo do mecanismo de ação dos fármacos. Enquanto a farmacocinética 
estuda o que o corpo faz com a droga, a farmacodinâmica estuda o que a droga faz 
com o corpo. 
Como já explicado, as drogas são administradas, absorvidas, distribuídas 
até que cheguem ao seu local de ação. Para que uma resposta biológica seja 
desencadeada por uma droga é necessário que a molécula da droga interaja com 
algum (ou alguns) constituinte (s) do seu alvo e que esta interação resulte em um 
efeito celular observável. Nesse sentido, é conveniente que saibamos o conceito de 
 
 
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biodisponibilidade, que é a quantidade da droga administrada que consegue chegar 
ao seu local de ação; boa parte da droga se perde durante a administração, 
absorção. Os principais alvos proteicos para a ação das drogas nas células são: 
receptores; canais iônicos; enzimas e moléculas transportadoras. 
Os receptores são moléculas de proteínas localizadas na membrana das 
células ou no citoplasma, e são os locais primários da ligação dos fármacos. A 
ligação do fármaco com o seu receptor promove mudanças estruturais na 
conformação do receptor de modo que um sinal intracelular é gerado. As moléculas 
dos fármacos, neste sentido, são conhecidas como primeiros mensageiros. Os 
segundos mensageiros são moléculas intracelulares geradas pela ligação fármaco-
receptor que serão responsáveis pelo efeito biológico. Muitas drogas sintéticas 
terapeuticamente úteis atuam como agonistas ou antagonistas em receptores de 
mediadores endógenos conhecidos. 
O agonismo pode-se dizer que é o fármaco que se liga ao seu sítio de ação 
e desencadeia a resposta biológica. O antagonismo é quando um fármaco possui 
uma ação inversa ao agonista ou impede sua ligação com o sítio de ação. Os canais 
iônicos estão diretamente ligados a um receptor e só se abrem quando o receptor 
estiver ocupado por um agonista. Entretanto, muitos outros tipos de canais iônicos 
atuam como alvos para a ação de drogas. O tipo de interação mais simples envolve 
o bloqueio do canal pela ligação do ligante.
As enzimas apresentam-se como alvos de muitas drogas. Com mais 
frequência, a molécula da droga é um substrato análogo que atua como inibidor 
competitivo reversível ou irreversível da enzima. O transporte de íons e de pequenas 
moléculas orgânicas pelas membranas celulares exige geralmente uma proteína 
transportadora. Existem muitos exemplos desses transportadores, como aqueles 
responsáveis pelo transporte de glicose, aminoácidos, neurotransmissores, entre 
outros. Essas moléculas podem constituir sítios de ação para drogas que bloqueiem 
o transporte de vários sistemas. 
Os receptores desencadeiam tipos diferentes de efeitos celulares, alguns 
rápidos, como aqueles envolvidos na transmissão sináptica. Outros receptores 
desencadeiam efeitos cuja ordem de tempo pode variar entre minutos e até mesmo 
semanas. Em termos de estrutura molecular e da natureza do mecanismo de 
transmissão, podemos distinguir quatro tipos de receptores: ligados a canais ou 
 
 
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ionotrópicos; acoplados à proteína G ou metabotrópicos; ligados à Tirosina quinase 
e àqueles que regulam a transcrição dos genes. 
A afinidade de uma droga, por algum componente macromolecular 
específico da célula e sua atividade, está intimamente relacionada à sua estrutura 
química. A configuração espacial, o arranjo atômico e a disposição da molécula 
determinam especificidade e encaixe com o receptor farmacológico. Se a estrutura 
do fármaco for específica ao receptor ocorrerá uma interação farmacológica. O 
conhecimento da localização e função do receptor de fármacos permite prever com 
segurança os efeitos colaterais e interações que possam ocorrer com o uso dos 
medicamentos. Assim, o estudo do mecanismo de ação da droga é de grande 
importância, não só para o uso racional adequado e consciente da droga, como para 
a elucidação de fenômenos fisiológicos e bioquímicos nos diversos níveis da 
estrutura do organismo humano. 
 
 
2 O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
 
 
2.1 INTRODUÇÃO 
 
 
O sistema nervoso autônomo, em conjunto com o sistema endócrino, 
coordena a regulação e a integração das funções orgânicas. O sistema endócrino 
envia sinais para tecidos-alvo na forma de variações dos níveis sanguíneos de 
hormônios. Em contraposição, o sistema nervoso exerce sua influência pela rápida 
transmissão de impulsos elétricos em fibras nervosas que terminam em células 
efetuadoras, onde os efeitos específicos causados são devido à liberação de uma 
substância neuromediadora. 
Os fármacos que produzem seu efeito terapêutico primário pela reprodução 
(mimetização) ou alteração das funções do sistema nervoso autônomo são 
chamados fármacos autonômicos. Tais agentes autonômicos atuam seja 
estimulando certas partes do sistema nervoso autônomo, seja bloqueando a ação 
dos nervos autonômicos. 
 
 
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2.2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO 
 
 
O sistema nervoso está dividido em duas camadas anatômicas: o sistema 
nervoso central (SNC), composto de encéfalo e medula espinal, e o sistema nervoso 
periférico, que compreende os neurônios localizados fora do encéfalo e da medula, 
ou seja, quaisquer nervos que chegam ao SNC ou deixam-no. O sistema nervoso 
periférico pode ser subdividido em divisão eferente, cujos neurônios carreiam sinais 
do encéfalo e da medula espinal para os tecidos periféricos, e a divisão aferente, 
cujos neurônios levam informação da periferia para o SNC. 
 
 
2.3 DIVISÕES FUNCIONAIS NO SISTEMA NERVOSO 
 
 
A porção aferente do sistema nervoso periférico pode ser ainda dividida em 
duas principais subdivisões funcionais: os sistemas somático e autonômico. Os 
aferentes somáticos estão relacionados com funções controladas voluntariamente, 
tais como a contração da musculatura esquelética durante a locomoção. O sistema 
autonômico desempenha suas funções de modo involuntário, no sentido de regular 
as necessidades orgânicas diárias sem a participação consciente da mente. Esse 
sistema compõe-se primariamente de neurônios viscerais motores (eferentes) que 
inervam a musculatura lisa das vísceras, o músculo cardíaco, o sistema vascular e 
as glândulas exócrinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 16 
 
 
FIGURA 1 
 
FONTE: Disponível em: <http://cmapspublic.ihmc.us/rid=1HVG7JFW3-LHND5M-
1NMK/sistema%20nervoso.cmap>. Acesso em: 10 jan. 2013. 
 
 
2.4 ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
 
 
1. Neurônios eferentes: O sistema nervoso autônomo carreia impulsos 
nervosos do SNC para os órgãos efetuadores, por meio de dois tipos de neurônios 
eferentes. Tais gânglios funcionam como estações reguladoras entre o neurônio pré-
ganglionar e uma segunda célula nervosa, o neurônio pós-ganglionar. Tem seu 
corpo celular localizado dentro do gânglio; é em geral não mielinizado e termina em 
órgãos efetuadores, como musculatura lisa das vísceras, músculo cardíaco e 
glândulas exócrinas; 
 
2. Neurônios aferentes: Os neurônios (fibras) aferentes do sistema nervoso 
autônomo são importantes na regulação reflexa deste sistema; 
 
 
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3. Neurônios simpáticos: O sistema nervoso autônomo aferente divide-se em 
sistema nervoso simpático e parassimpático; 
 
4. Neurônios parassimpáticos: As fibras parassimpáticas pré-ganglionares 
emergem das áreas cefálicas e sacras da medula espinal e fazem sinapse em 
gânglios na proximidade ou nos órgãos efetuadores. Tanto no sistema simpático 
como no parassimpático as fibras pós-ganglionares estendem-se desde os gânglios 
até os órgãos efetuadores. 
 
 
2.5 FUNÇÕES DO SISTEMA SIMPÁTICO 
 
 
1. Efeitos da estimulação da divisão simpática: O efeito da emergência 
simpática é aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, mobilizar estoques 
energéticos do organismo e aumentar o fluxo sanguíneo para os musculosqueléticos 
e o coração, ao mesmo tempo diminuindo o fluxo na pele e em órgãos internos. A 
estimulação simpática provoca também dilatação das pupilas e dos bronquíolos. 
 
2. Resposta de luta ou fuga: As alterações provocadas pelo organismo 
durante emergências têm sido conhecidas como reações de “luta ou fuga”. Essas 
reações são desencadeadas por ativação simpática direta dos órgãos efetuadores e 
por estímulo da medula adrenal para liberação de adrenalina e pequenas 
quantidades de noradrenalina. Esses hormônios passam para a corrente sanguínea 
e promovem respostas nos órgãos efetuadores que possuem receptores 
adrenérgicos. O sistema nervoso simpático tende a funcionar como uma unidade e 
frequentemente dispara como um sistema completo, por exemplo, durante o 
exercício intenso ou nas reações de pânico. Esse sistema, com sua distribuição 
difusa de fibras pós-ganglionares, está envolvido em amplo complexo de atividades 
fisiológicas, porém não é essencial à vida. 
 
 
 
 
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2.6 FUNÇÕES DO SISTEMA PARASSIMPÁTICO 
 
 
A divisão parassimpática mantém as funções essenciais do organismo, tais 
como processos digestivos e eliminação de substâncias inaproveitáveis, e é 
essencial à vida. Essa divisão usualmente atua de modo a opor-se ou balancear as 
ações do simpático e em geral predomina em situações de “repouso e digestão”. O 
sistema parassimpático não constitui entidade funcional
como tal e nunca se 
descarrega como um sistema completo. Se tal acontecesse, produziria sintomas 
significativos, indesejáveis e desagradáveis. Ao invés disso, fibras parassimpáticas 
isoladas são ativadas separadamente e o sistema opera de modo a afetar órgãos 
específicos, tais como estômago ou globo ocular. 
 
 
2.7 FUNÇÕES DO SNC NO CONTROLE AUTONÔMICO DAS VÍSCERAS 
 
 
Embora sendo um sistema motor, o sistema nervoso autônomo requer 
impulsos sensoriais das estruturas periféricas que o mantenham informado das 
condições funcionais do organismo. Esta retroalimentação é fornecida pelo fluxo de 
impulsos aferentes que se originam nas vísceras e outras estruturas com inervação 
autonômica e se dirigem para centros de integração no SNC – hipotálamo, medula 
oblongata e medula espinal. Esses centros respondem aos estímulos emitindo 
impulsos reflexos aferentes pelo sistema nervoso autônomo. 
1. Arcos reflexos: A maioria dos impulsos aferentes é interpretada e 
transformada em respostas reflexas independentemente da consciência. Por 
exemplo, uma queda da pressão arterial leva neurônios sensíveis à pressão 
(barorreceptores no coração, veia cava, arco aórtico e seios carotídeos) a emitir 
menor número de impulsos para os centros de controle cardiovascular no cérebro. 
Esse provoca a resposta reflexa de aumento dos impulsos simpáticos para o 
 
 
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coração e rede vascular, bem como diminuição de impulsos parassimpáticos para o 
coração, o que resulta em aumento compensatório da pressão arterial e taquicardia. 
2. Emoções e sistema nervoso autônomo: Estímulos que evoquem 
sentimentos de emoção, como ira, pânico ou prazer, podem modificar a atividade do 
sistema nervoso autônomo. 
 
 
2.8 INERVAÇÃO AUTONÔMICA 
 
 
1. Inervação dupla: A maioria dos órgãos é inervada por ambas as divisões 
do sistema nervoso autônomo. Assim, o coração tem inervação parassimpática 
vagal, que diminui a frequência de contração, e inervação simpática, que a acelera. 
A despeito dessa dupla inervação, um dos sistemas comumente predomina no 
controle da atividade de determinado órgão. No coração, por exemplo, o vago é o 
fator controlador de frequência predominante. 
2. Órgãos inervados apenas pelo simpático: Embora a maioria dos tecidos 
tenha dupla inervação, alguns órgãos efetuadores, tais como a medula adrenal, rim, 
músculos pilomotores e glândulas sudoríparas, recebem inervação apenas do 
sistema simpático. O controle da pressão arterial é também uma atividade 
essencialmente simpática, com praticamente nenhuma participação do sistema 
parassimpático. 
 
 
3 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO 
 
 
O sistema nervoso somático aferente difere do sistema autônomo pelo fato 
de um único neurônio motor mielinizado, com origem no SNC, dirigir-se diretamente 
ao musculoesquelético, sem a mediação de gânglios. Como se viu anteriormente, o 
sistema nervoso somático está sob controle voluntário, enquanto o autonômico é 
involuntário. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 20 
 
 
3.1 COMUNICAÇÃO QUÍMICA ENTRE CÉLULAS 
 
 
A neurotransmissão no sistema nervoso autônomo é um exemplo dos 
processos mais gerais de comunicação química entre células. Além da 
neurotransmissão, outros tipos de sinalização química são a liberação de 
mediadores locais e a secreção de hormônios. 
 
 
3.1.1 Mediadores locais 
 
 
A maioria das células secreta substâncias químicas que agem localmente, 
ou seja, agem nas células da vizinhança imediata. Estes sinais químicos são 
rapidamente destruídos ou removidos do local; assim, não passam para a corrente 
sanguínea nem são distribuídos pelo organismo. A histamina e as prostaglandinas 
são exemplos de mediadores locais. 
 
 
3.1.2 Hormônios 
 
 
As células endócrinas especializadas secretam hormônios dentro da 
corrente circulatória, onde circulam pelo organismo exercendo efeitos em células-
alvo amplamente distribuídas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
3.1.3 Neurotransmissores 
 
 
Cada neurônio é uma unidade anatômica individual e não existe 
continuidade estrutural entre a maioria dos neurônios. A comunicação entre células 
nervosas – e entre neurônios e órgãos efetuadores – ocorre pela liberação de sinais 
químicos específicos, chamados neurotransmissores dos terminais neuronais. 
 
 
FIGURA 2 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Esta liberação depende de processos desencadeados pela captação de 
Ca++ e regulados pela fosforilação de proteínas sinápticas. Os neurotransmissores 
difundem-se rapidamente através da fenda sináptica entre terminais nervosos 
(sinapses) e se combinam com receptores específicos localizados na célula-alvo 
pós-sináptica. 
1. Receptores de membrana: Todos os neurotransmissores e a maioria dos 
hormônios e mediadores locais são muito hidrofílicos e não conseguem atravessar a 
bicamada lipídica das membranas plasmáticas das células-alvo; em vez disso, seu 
sinal é mediado pela ligação com receptores específicos na superfície celular dos 
órgãos-alvo. [Nota: Define-se receptor como sítio de reconhecimento de uma 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
substância. Ele apresenta especificidade de união e está acoplado a processos que 
evocam uma resposta. A maioria dos receptores são proteínas e não 
necessariamente se localizam em membranas]. 
2. Tipos de neurotransmissores: Embora no sistema nervoso tenham sido 
identificadas mais de 50 moléculas de sinais químicos, seis compostos sinalizadores 
–noradrenalina (e seu correlato próximo, a adrenalina), acetilcolina, dopamina, 
serotonina, histamina e ácido y-aminobutírico – são os mais usualmente envolvidos 
nas ações de fármacos terapeuticamente úteis. Cada um desses sinais químicos 
liga-se a uma família específica de receptores. Os neurotransmissores colinérgicos e 
adrenérgicos são os sinais químicos primários no sistema nervoso autônomo, ao 
passo que ampla variedade de neurotransmissores tem função no SNC. 
Cerca de 60 neurotransmissores foram identificados e podem ser 
classificados, em geral em uma das quatro categorias: 
 
1) colinas: das quais a acetilcolina é a mais importante; 
 
2) aminas biogênicas: a serotonina, a histamina e as catecolaminas – a 
dopamina e a norepinefrina; 
 
3) aminoácidos: o glutamato e o aspartato são os transmissores excitatórios 
bem conhecidos, enquanto que o ácido gama-aminobutírico (GABA), a glicina e a 
taurine são neurotransmissores inibidores; 
 
4) neuropeptídeos: esses são formados por cadeias mais longas de 
aminoácidos (como uma pequena molécula de proteína). Sabe-se que mais de 50 
deles ocorrem no cérebro e muitos deles têm sido implicados na modulação ou na 
transmissão de informação neural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
4 NEUROTRANSMISSORES IMPORTANTES E SUAS FUNÇÕES 
 
 
4.1 DOPAMINA 
 
 
Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas partes do 
cérebro. Quando os níveis estão extremamente baixos na doença de Parkinson, os 
pacientes são incapazes de se mover voluntariamente. Presume-se que o LSD e 
outras drogas alucinógenas ajam no sistema da dopamina. 
 
 
4.2 SEROTONINA 
 
 
Esse é um neurotransmissor que é incrementado
por muitos 
antidepressivos, tais como o Prozac, e assim tornou-se conhecido como o 
“neurotransmissor do bem-estar”. Ela tem um profundo efeito no humor, na 
ansiedade e na agressão. 
 
 
4.3 ACETILCOLINA (ACH) 
 
 
A acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais relacionadas à 
atenção, aprendizagem e memória. Pessoas que sofrem da doença de Alzheimer 
apresentam tipicamente baixos níveis de ACTH no córtex cerebral e as drogas que 
aumentam sua ação podem melhorar a memória em tais pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 24 
4.4 NORADRENALINA 
 
 
Principalmente uma substância química que induz a excitação física e 
mental e o bom humor. A produção é centrada na área do cérebro chamada de 
locus coreuleus, que é um dos muitos candidatos ao chamado centro de “prazer” do 
cérebro. A medicina comprovou que a norepinefrina é uma mediadora dos 
batimentos cardíacos, pressão sanguínea, a taxa de conversão de glicogênio 
(glucose) para energia, assim como outros benefícios físicos. 
 
 
4.5 GLUTAMATO 
 
 
O principal neurotransmissor excitante do cérebro, vital para estabelecer os 
vínculos entre os neurônios, que são a base da aprendizagem e da memória em 
longo prazo. 
 
 
4.6 ENCEFALINAS E ENDORFINAS 
 
 
Essas substâncias são opiáceos que, como as drogas heroína e morfina, 
modulam a dor, reduzem o estresse, etc. Elas podem estar envolvidas nos 
mecanismos de dependência física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
TABELA DE NEUROTRANSMISSORES 
Molécula 
transmissora 
Derivada 
de 
Local de síntese 
Acetilcolina Colina SNC, nervos parassimpáticos 
Serotonina 
5-Hidroxitriptamina (5-
HT) 
Triptofano 
SNC, células cromafins do trato digestivo, células 
entéricas 
GABA Glutamato SNC 
Glutamato SNC 
Aspartato SNC 
Glicina Espinha dorsal 
Histamina Histidina Hipotálamo 
Metabolismo 
Da epinefrina 
Tirosine Medula adrenal, algumas células do SNC 
Metabolismo da 
norepinefrina 
Tirosina SNC, nervos simpáticos 
Metabolismo da 
dopamina 
Tirosina SNC 
Adenosina ATP SNC, nervos periféricos 
ATP Nervos simpáticos, sensoriais e entéricos 
Óxido nítrico, NO Arginina SNC, trato gastrointestinal 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
Muitos outros neurotransmissores são derivados de precursores de 
proteínas, os chamados peptídeos neurotransmissores. Demonstrou-se que cerca 
de 50 peptídeos diferentes têm efeito sobre as funções das células neuronais. Vários 
desses peptídeos neurotransmissores são derivados da proteína pré-
opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptídeos são responsáveis pela mediação de 
respostas sensoriais e emocionais, tais como a fome, a sede, o desejo sexual, o 
prazer e a dor. 
 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do autor. 
 
 
5 INTRODUÇÃO AO SNC 
 
 
A maioria dos fármacos que afeta o sistema nervoso central (SNC) atua 
alterando algum passo do processo de neurotransmissão e podem agir de modo 
pré-sináptico, influenciando a produção, o armazenamento ou o término da ação dos 
neurotransmissores; entretanto, outros podem ativar ou bloquear os receptores pós-
sinápticos. 
 
Neurotransmissor 
responsável 
Adrenalina Acetilcolina 
Pupilas Dilata Contrai 
Coração Acelera (taquicardia) Retarda (bradicardia) 
Vasos Sanguíneos Contrai (pessoa pálida) Dilata (pessoa fica 
vermelha) 
Estômago Paralisa Excita 
Intestino Paralisa Excita 
Bexiga Relaxa Contrai 
Útero Relaxa Contrai 
Pênis Relaxa Provoca ereção 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 27 
 
 
5.1 NEUROTRANSMISSÃO NO SNC 
 
 
Sob vários pontos de vista, a função básica dos neurônios no SNC é 
semelhante à do sistema nervoso autônomo. Por exemplo, a transmissão da 
informação tanto no SNC como na periferia envolve a liberação de 
neurotransmissores que se difundem pelo espaço sináptico para unirem-se a 
receptores específicos no neurônio pós-sináptico. 
 
 
FIGURA 3 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Em ambos os sistemas o reconhecimento do neurotransmissor pelo receptor 
de membrana no neurônio pós-sináptico desencadeia alterações intracelulares. 
Existem algumas diferenças importantes entre os neurônios do sistema nervoso 
autônomo periférico e os do SNC. A rede neuronal do SNC é muito mais complexa 
do que a do sistema nervoso autônomo e o número de sinapses no SNC é muito 
maior. Diferentemente do sistema nervoso autônomo periférico, o SNC contém 
circuitos de neurônios inibitórios eficientes que estão constantemente ativos, 
modulando a velocidade de transmissão neuronal. Além disso, o SNC comunica-se 
por meio de mais de 10 (talvez até 50) diferentes neurotransmissores. Em contraste, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 28 
o sistema autônomo usa apenas dois neurotransmissores primários: a acetilcolina e 
a noradrenalina. 
 
 
5.2 POTENCIAIS SINÁPTICOS 
 
 
No SNC, os receptores na maioria das sinapses estão acoplados a canais 
iônicos, ou seja, a ligação do neurotransmissor com os receptores da membrana 
pós-sináptica ocasiona abertura rápida, posto que transitória, dos canais iônicos. Os 
canais abertos franqueiam a passagem dos íons do lado externo e interno da 
membrana celular, a favor dos seus gradientes de concentração. A consequente 
alteração da composição iônica pela membrana neuronal muda o potencial pós-
sináptico, produzindo despolarização ou hiperpolarização da membrana pós-
sináptica, dependendo de quais íons se movem e da direção do seu movimento. 
 
 
FIGURA 4 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
5.2.1 Vias excitatórias 
 
 
Os neurotransmissores podem classificar-se como excitatórios ou inibitórios, 
dependendo da natureza do efeito que provocam. A estimulação de neurônios 
excitatórios provoca um movimento iônico que resulta em despolarização da 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 29 
membrana pós-sináptica. Esses potenciais pós-sinápticos excitatórios (PPSE) são 
gerados pelo seguinte: 
1. A estimulação de um neurônio excitatório causa liberação de moléculas de 
um neurotransmissor, tal como noradrenalina ou acetilcolina, que se liga a 
receptores localizados na membrana da célula pós-sináptica. Isso redunda em 
aumento transitório na permeabilidade aos íons sódio (Na+); 
2. O influxo de Na+ provoca certa despolarização ou potencial pós-sináptico 
excitatório (PPSE); 
3. Se o número de fibras excitatórias estimuladas aumenta, mais 
neurotransmissor excitatório é liberado, fazendo com que a despolarização PPSE da 
célula pós-sináptica ultrapasse um limiar, é gerado um potencial de ação tudo ou 
nada. 
 
 
5.2.2 Vias inibitórias 
 
 
A estimulação de neurônios inibitórios causa movimento de íons que resulta 
em hiperpolarização da membrana pós-sináptica. Estes potenciais pós-sinápticos 
inibitórios (PPSI) são gerados pelo seguinte: 
1. A estimulação de neurônios inibitórios libera moléculas de 
neurotransmissor, tais como o ácido y-aminobutírico (GABA) ou glicina, o qual se 
liga aos receptores na membrana da célula pós-sináptica. Isso redunda em aumento 
transitório na permeabilidade
a certos íons específicos, como potássio e cloreto; 
2. O influxo de cloreto (CI-) e o efluxo de potássio (K+) causam certa 
hiperpolarização ou potencial pós-sináptico inibitório (PPSI) que desloca o potencial 
pós-sináptico para uma posição mais distante do seu limiar de deflagração, 
diminuindo a gênese de potenciais de ação. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 30 
 
5.2.3 Efeitos combinados de PPSE e PPSI 
 
 
A maioria dos neurônios no SNC recebe aferências tanto de PPSE como de 
PPSI. Assim, embora vários neurotransmissores diferentes possam agir sobre o 
mesmo neurônio, cada um se liga ao seu próprio receptor específico. O efeito geral 
resultante deve-se à soma dos efeitos individuais dos vários neurotransmissores 
sobre o neurônio. 
 
 
FIGURA 5 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Os neurotransmissores não estão distribuídos uniformemente pelo SNC, 
localizando-se em grupos específicos de neurônios cujos axônios podem fazer 
sinapse em regiões específicas do cérebro. Desse modo, muitos tratos neuronais 
parecem estar codificados quimicamente e este fato pode oferecer maior 
oportunidade para a modulação seletiva de certas vias neuronais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
 
6 INTRODUÇÃO À PSICOFARMACOLOGIA 
 
 
Os transtornos mentais, em geral, foram considerados pela Medicina 
somente no século XIX. Em 1892, a obra de Kraepelin “sobre as influências de 
alguns medicamentos em determinados fenômenos psíquicos elementares lança o 
nome ‘farmacopsicologia’ e apresenta os estudos sobre a morfina, chá, álcool, 
cloraldeído e paraldeído” (OLIVEIRA, 1994). Somente na década de 50 surge a 
conhecida psicofarmacologia, com um antipsicótico chamado clorpromazina. 
Daí para frente surgiu os ansiolíticos, antidepressivos, estabilizadores de 
humor, hipnóticos, estimulantes e outros. Até hoje as pesquisas e as evoluções de 
maior repercussão na área psiquiátrica baseiam-se, direta ou indiretamente, na 
psicofarmacologia. Inclusive, em 1917, o psiquiatra Julius Von Wagner Von Jauregg 
ganhou o Prêmio Nobel com a introdução da toxina da malária para tratar à sífilis 
(KAPLAN et al., 1997). 
Alguns psicotrópicos são usados demasiadamente, por vezes, sem uma 
devida indicação e controle médico, como é o caso dos hipnóticos e os ansiolíticos, 
popularmente conhecidos como soníferos e calmantes, respectivamente. A máxima 
de que “a propaganda é a alma do negócio” não deveria ser tão verdadeira na 
relação médico-indústria farmacêutica, a fim de inibir, assim, profissionais de 
lançarem mão dos psicofármacos frente a situações nas quais o alívio da própria 
ansiedade em descrevê-los seria a prioridade, substituindo tal conduta por um 
encaminhamento a quem de devido. 
O preconceito em relação aos transtornos mentais, aos psicofármacos e aos 
profissionais especialistas da área é, por vezes, mais exacerbado entre os próprios 
colegas da saúde, o que pode inviabilizar um encaminhamento claro e desprovido 
de estigmas, assim como um tratamento interdisciplinar adequado. A prática da 
psicofarmacologia clínica exige habilitação e capacitação de diagnosticador, além de 
conhecimento da farmacodinâmica, farmacocinética, posologia, tempo de uso, 
efeitos colaterais, interações medicamentosas e contraindicações da droga 
selecionada, embasados na história de vida do paciente, seu estado geral e 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
planejamento do tratamento. O paciente e a família devem estar cientes de todos 
estes aspectos e propósitos. 
Nos países mais desenvolvidos há a exigência de um consentimento formal 
para o uso de alguns psicotrópicos, tamanha é a importância da administração 
destes produtos. A cada ano, novos psicofármacos são lançados no mercado. Mais 
recentemente, houve o lançamento dos genéricos. Aumentam o número de 
farmácias de manipulação. Com tanta evolução e transformações, a população geral 
busca, por vezes, o mais barato economicamente, o que não significa o de mais 
qualidade, levando-se em conta que um medicamento deve ter bem controlada a 
sua bioequivalência e biodisponibilidade, conceitos não divulgados entre o público 
leigo. 
 
 
7 PRESCRIÇÕES E MEDICAÇÕES 
 
 
Até chegar às farmácias, o remédio levou cerca de 10 anos para percorrer 
estas etapas até que ele esteja pronto para o consumo. Como se vê é uma pesquisa 
com muitos cuidados, porém sujeita a lacunas quanto a interações medicamentosas, 
que costumam ser as questões mais espinhosas para o médico, na prescrição, pela 
enorme quantidade de interações possíveis, sem contar as desconhecidas. 
Muito preocupantes são os possíveis efeitos teratogênicos na gravidez e 
também as consequências de seu uso em mulheres no período de lactação, e no 
Brasil geralmente os dados são quase sempre muito escassos para estas novas 
drogas. Pode também não haver estudos suficientes de seus efeitos em patologias 
específicas, bem como seus efeitos em crianças ou idosos. 
Mais frequentemente estas respostas só são conhecidas depois que a 
medicação já está em uso há muitos anos, como se vê com fármacos pertencentes 
a outras classes. Recentemente tivemos um caso bem típico que foi a retirada do 
consagrado Vioxx, produzido pela Merck, e que ocupava o 8º lugar no ranking dos 
mais vendidos no mundo. Mas a questão não se encerra por aqui. Na verdade 
começa uma nova caminhada. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
 
 
7.1 USO CLÍNICO DO MEDICAMENTO 
 
 
Deve-se lembrar de que a terapêutica não é somente uma farmacologia. 
Não devemos nos limitar à farmacocinética, isto é à dinâmica da absorção da droga, 
sua distribuição no organismo e sua eliminação, nem tampouco à farmacodinâmica, 
que é o estudo dos mecanismos de ação da droga e a relação entre sua 
concentração e os efeitos alcançados. Apesar de estarem sendo cada vez mais 
enfatizados os aspectos biológicos do comportamento, e com razão, pois o 
psiquismo repousa sobre uma base biológica, não se deve esquecer que o homem é 
constituído de seu corpo e de sua mente, cada qual influenciando e sendo 
influenciado pelo outro. E isto se dá em um meio ambiente cujo efeito não pode ser 
descartado, meio esse que não é apenas natural, geográfico, mas também histórico 
e cultural. 
 
 
7.2 O PACIENTE E O USO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Os pacientes, principalmente os portadores de doenças crônicas, fazem uso 
de uma polifarmacologia. Doenças como depressão, diabetes, cardiopatias, artroses 
e outras, isoladas ou mesmo associadas, requerem vários medicamentos para seu 
controle, alguns destes inevitáveis. Pacientes idosos, com mais de 65 anos, 
consomem em média 3,5 medicamentos (TIMIRAS, 1997). 
A indústria farmacêutica muitas vezes lança no mercado apresentações 
medicamentosa de difícil uso e manuseio pelo paciente, como por exemplo, frasco 
de xarope de boca larga, comprimidos ou cápsulas difíceis de destacar das cartelas 
ou mesmo de tamanhos exagerados, dificultando a deglutição. Outro fator que obsta 
o uso de medicações é o número de unidades por embalagem. Certos 
medicamentos de uso contínuo são produzidos comercialmente com caixas de 20, 
14 e outras quantias de comprimidos, cápsulas ou drágeas, quando o correto seria 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
que as apresentações fossem em número de 30 ou seus
múltiplos, pois nossos 
pacientes recebem seus pagamentos uma vez ao mês. 
Quando compram um medicamento de uso contínuo com apresentação de 
20 unidades, poderão ocorrer duas situações: o paciente ficará os 10 dias restantes 
sem usar a medicação, com prejuízo ao seu tratamento, ou terá que adquirir duas 
caixas, o que poderá desestruturar seu orçamento. Há vários perfis de pacientes 
como consumidores de medicamentos. Um deles, o hipocondríaco, que consome o 
prescrito e o não prescrito, ingere tudo que se compra em farmácia. O médico deve 
tomar cuidado, por exemplo, ao prescrever um medicamento para tempo restrito. 
Quando se administra um medicamento analgésico e antitérmico para um 
quadro álgido, ou mesmo um ansiolítico, para uma crise de ansiedade aguda e o 
paciente continua tomando a medicação, mesmo após a dor ter sido debelada ou a 
crise de ansiedade já controlada, isso poderá ocasionar toxicidade ou dependência. 
Outros pacientes são aqueles que, na frente do médico, se comprometem a 
seguir a prescrição, mas quando chegam a casa nem mesmo os medicamentos 
adquirem. Para estes a persuasão sobre a importância do uso correto da medicação 
se faz necessária. 
Há outro grupo de pacientes que iniciam o tratamento, sentem melhoras e o 
interrompem. Neste grupo temos que mostrar que com a interrupção do tratamento 
há comprometimento da eficácia terapêutica. Finalmente, outro grupo procura um 
amigo médico, ou mesmo outra consulta, para certificar-se que a prescrição foi 
correta e tendo este aval inicia o tratamento. 
Os pacientes devem receber informações sobre os efeitos adversos da 
medicação. O ser humano sempre teme diante do desconhecido. Um paciente, ao 
ingerir medicamento que provoca xerostomia, isto é sensação de boca seca, ao ser 
orientado pelo seu médico que esta medicação pode provocar tal reação, não se 
assustará diante do referido efeito. Pelo contrário, se não for avisado sobre tal 
fenômeno, poderá interromper o tratamento. 
Muitas vezes, medicamentos provocam efeitos adversos em grupos 
diferentes de pessoas, como certos antidepressivos podem gerar sonolência em uns 
e insônia em outros. Os pacientes que nunca fizeram uso de medicação deste tipo 
deverão ser avisados para aceitarem melhor a terapêutica e não interromperem o 
tratamento. Para pacientes com baixo grau de escolaridade ou analfabetos, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
símbolos como sol, lua ou um prato para identificar, respectivamente, o dia, à noite e 
as refeições são bastante importantes. O uso de medicamentos é a forma 
terapêutica mais usada, devendo ser os mesmos, prescritos com segurança, 
indicação precisa e bem usado pelo paciente, poderá aliviar a dor, o sofrimento e 
salvar vidas. Quando não são observados estes itens poderemos ter malefícios 
como desperdícios, efeitos colaterais indesejáveis e mesmo serem levados à morte. 
 
 
8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS 
 
 
8.1 INTRODUÇÃO 
 
 
A ansiedade é um desagradável estado de tensão, apreensão ou inquietude 
– temor que parece originar-se de alguma fonte desconhecida. Entre os distúrbios 
mentais mais frequentes estão aqueles envolvendo ansiedade. Os sintomas da 
ansiedade grave assemelham-se aos do pânico (como taquicardia, sudorese, 
tremores, palpitações) e envolvem ativação do simpático. 
Episódios de ansiedade moderada são experiências comuns do cotidiano e 
não requerem tratamento. Entretanto, os sintomas da ansiedade debilitante, crônica, 
grave, podem ser tratados com fármacos ansiolíticos (por vezes denominados 
tranquilizantes menores), acompanhados ou não de alguma forma de terapia 
psicológica ou comportamental. Como todos os fármacos ansiolíticos também 
causam certa sedação, em geral os mesmos são clinicamente úteis como agentes 
duplos, ansiolíticos e hipnóticos (indutores de sono). 
 
 
ANSIOLÍTICOS BENZODIAZEPÍNICOS DISPONÍVEIS NO BRASIL 
Nome Químico 
 
Nome Comercial 
ALPRAZOLAM Apraz, Frontal, Tranquinal 
BROMAZEPAM Brozepax, Deptran, Lexotam, Nervium, 
Novazepam, Somalium, Sulpam 
BUSPIRONA** Ansienon, Ansitec, Bromopirim, Brozepax, 
 
 
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 36 
Buspanil, Buspar 
CLOBAZAM Frizium, Urbanil 
CLONAZEPAM Rivotril 
CLORDIAZEPÓXIDO Psicosedim 
CLOXAZOLAM* Elum, Olcadil 
DIAZEPAM Ansilive, Calmociteno, Diazepam, Diazepan, 
Kiatriun, Noam, Somaplus, Valium 
LORAZEPAM* Lorium, Lorax, Mesmerin 
*- ansiolíticos usados também como hipnóticos devido à grande 
sonolência e sedação. 
**- considerado ansiolítico não benzodiazepínico 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
8.2 BENZODIAZEPÍNICOS 
 
 
Os benzodiazepínicos são os fármacos ansiolíticos mais amplamente 
empregados, tendo substituído os barbitúricos e o meprobamato para o tratamento 
da ansiedade, pois são mais eficazes e mais seguros. Atualmente, há cerca de 20 
derivados benzodiazepínicos disponíveis. 
 
 
8.3 MECANISMO DE AÇÃO 
 
 
A ligação do ácido -aminobutírico (GABA) ao seu receptor na membrana 
celular provoca abertura de um canal de cloreto que culmina em aumento da 
condutância ao cloreto. O influxo de íons cloreto causa discreta hiperpolarização, a 
qual afasta o potencial de membrana pós-sináptica de seu limiar de excitabilidade e, 
assim, inibe a formação de potenciais de ação. Os benzodiazepínicos se ligam a 
sítios específicos, de alta afinidade, localizados na membrana celular, que são 
distintos, porém adjacentes ao receptor de GABA. 
Os receptores para benzodiazepínicos são encontrados somente no sistema 
nervoso central (SNC) e sua localização corresponde à dos neurônios GABA. A 
ligação de benzodiazepínicos aumenta a afinidade dos receptores de GABA com 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
este neurotransmissor, ocasionando abertura mais frequente dos canais de cloreto 
adjacentes. Este fato, por sua vez, acarreta aumento da hiperpolarização e posterior 
inibição da despolarização do neurônio. 
Nota: Os benzodiazepínicos e o GABA aumentam mutuamente as afinidades 
de seus sítios de ligação e na realidade não somam o número total de sítios ligantes. 
Os efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos correlacionam-se bem com a 
afinidade de união de cada fármaco pelo complexo receptor GABA-canal de cloreto. 
 
 
 
Resumos dos 
Fármacos 
Ansiolíticos e 
Hipnóticos 
 
 Antagonistas da 
Benzodiazepina 
 
 Flumazenil 
 Barbituratos 
 
 Aminobarbital 
 Fenobarbital 
 Pentobarbital 
 Secobarbital 
 Tiopental 
 
 Sedativos Não 
Barbituratos 
 
 Anti-histamínicos 
 Hidrato de Cloral 
 Etanol 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 38 
 
 
8.4 AÇÕES 
 
 
Os benzodiazepínicos não possuem atividade antipsicótica nem qualquer 
ação analgésica, nem afetam o sistema nervoso autônomo. Em maior ou menor 
grau, todos os benzodiazepínicos apresentam os seguintes efeitos: 
1. Redução da ansiedade: Em doses baixas, os benzodiazepínicos são 
ansiolíticos. A redução da ansiedade provavelmente deve-se à inibição seletiva de 
circuitos neuronais no sistema límbico cerebral; 
2. Efeitos sedativos e hipnóticos: Todos os benzodiazepínicos usados como 
ansiolíticos apresentam alguma atividade sedativa. Em doses mais altas, certos 
benzodiazepínicos produzem hipnose (sono artificialmente produzido); 
3. Anticonvulsivante:
Alguns benzodiazepínicos têm atividade 
anticonvulsivante e são usados no tratamento da epilepsia e de outros distúrbios 
convulsivos; 
4. Relaxamento muscular: Os benzodiazepínicos reduzem a espasticidade 
do musculoesquelético, provavelmente aumentando a inibição pré-sináptica na 
medula espinal. 
 
 
8.5 USOS TERAPÊUTICOS 
 
 
Os benzodiazepínicos entre si apresentam pequenas diferenças quanto às 
propriedades ansiolíticas, anticonvulsivantes e sedativas. Entretanto, a duração de 
ação varia bastante no grupo e, com frequência, as considerações farmacocinéticas 
são item de importância na escolha do fármaco. 
 
1. Distúrbios ansiosos: Os benzodiazepínicos são úteis no tratamento da 
ansiedade que está associada a algumas formas de depressão e esquizofrenia. 
Esses fármacos não devem ser usados para o alívio do estresse normal da vida 
 
 
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 39 
diária e, sim, reservados para a ansiedade grave e contínua, em que seriam usados 
apenas por períodos de tempo curtos, em virtude do potencial de causar 
dependência. 
Os agentes de ação mais prolongada, como o diazepam, são em geral 
preferidos para pacientes ansiosos em que pode ser necessário estender o 
tratamento por períodos mais longos. Os efeitos ansiolíticos dos benzodiazepínicos 
estão menos sujeitos à tolerância do que os efeitos sedativos e hipnóticos. Quanto 
às síndromes de pânico, o alprazolam é eficaz para tratamentos de curto ou longo 
prazo, embora possa causar reações de abstinência em cerca de 30% dos 
pacientes. 
 2. Distúrbios musculares: O diazepam é útil no tratamento de espasmos da 
musculatura esquelética – tais como os que ocorrem na distensão muscular – e no 
tratamento da espasticidade de doenças neurodegenerativas, como a esclerose 
múltipla e a paralisia cerebral. 
 3. Convulsões: O clonazepam é útil no tratamento crônico da epilepsia, 
enquanto o diazepam é o fármaco de eleição para a interrupção das convulsões da 
epilepsia grande mal e do mal de estado epiléptico. O clordiazepóxido, o 
clorazepato, o diazepam e o oxazepam são úteis no tratamento agudo da síndrome 
de abstinência do álcool. 
 4. Distúrbios de sono: Nem todos os benzodiazepínicos são úteis como 
agentes hipnóticos, embora todos apresentem efeitos sedativos ou calmantes. Os 
três benzodiazepínicos mais frequentemente prescritos para distúrbios do sono são 
o flurazepam, de longa ação, o temazepam, de ação intermediária, e o triazolam, de 
curta duração de ação. 
- Flurazepam: Este benzodiazepínico de longa duração reduz tanto o tempo 
de indução de sono como o número de despertares noturnos, além de aumentar a 
duração do sono. Tem longa duração de ação e provoca pouca insônia rebote. Com 
a continuação do uso, o fármaco mostra eficácia durante até quatro semanas. O 
flurazepam e seus metabólitos ativos têm meia-vida de aproximadamente 85 horas, 
o que pode acarretar sedação diurna e acúmulo do fármaco. 
 
 
 
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 40 
- Temazepam: Este fármaco é útil para pacientes que despertam com grande 
frequência. Entretanto, o efeito sedativo máximo ocorre 2 a 3 horas após a 
administração oral, podendo ser ministrada algumas horas antes de deitar. 
 
- Triazolam: Por ter duração de ação relativamente curta, este 
benzodiazepínico é usado para induzir o sono em pacientes com insônia recorrente. 
Enquanto o temazepam é útil no controle da insônia causada pela incapacidade de 
manutenção do sono, o triazolam é eficaz no tratamento de indivíduos que têm 
dificuldade de conciliar o sono. É comum desenvolver-se tolerância dentro de 
poucos dias e em geral a retirada do fármaco provoca insônia rebote, levando o 
paciente a procurar nova prescrição. Assim, o melhor uso deste fármaco é de forma 
intermitente e não diária. Em geral, os hipnóticos devem ser prescritos somente por 
períodos de tempo limitados, usualmente menos que 2 a 4 semanas. 
 
 
8.6 DEPENDÊNCIA 
 
 
Podem se desenvolver dependência física e psíquica a benzodiazepínicos 
se houver uso de altas doses durante períodos prolongados. A interrupção abrupta 
da administração provoca síndrome de abstinência, com confusão, ansiedade, 
agitação, inquietação, insônia e tensão. Em virtude das prolongadas meias-vidas de 
alguns benzodiazepínicos, os sintomas da abstinência podem demorar alguns dias 
para manifestar-se, após interrupção do tratamento. Os benzodiazepínicos com 
curta meia-vida de eliminação, como o triazolam, causam reações de abstinência 
mais severas e abruptas do que com os fármacos de eliminação lenta, como o 
flurazepam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 OUTROS AGENTES ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS 
 
 
9.1 ZOLPIDEM 
 
 
Embora o hipnótico zolpidem não seja um benzodiazepínico, age em uma 
subfamília de receptores para benzodiazepínicos. O zolpidem não tem propriedades 
anticonvulsivantes ou miorrelaxantes, não provoca efeitos de abstinência, ocasiona 
mínima insônia rebote e pequena ou nenhuma tolerância com o uso prolongado. É 
absorvido rapidamente no trato gastrintestinal, tem breve início de efeito e curta 
meia-vida de eliminação (cerca de 3 horas). Os efeitos adversos compreendem 
pesadelos, agitação, cefaleia, desconforto gastrintestinal, tontura e sonolência 
diurna. Embora o zolpidem tenha vantagens potenciais sobre os benzodiazepínicos, 
a experiência clínica com este fármaco ainda é pequena. 
 
 
9.2 BUSPIRONA 
 
 
A buspirona é útil no tratamento de distúrbios ansiosos gerais e sua eficácia 
é comparável à dos benzodiazepínicos. As ações da buspirona parecem ser 
mediadas por receptores serotoninérgicos 5HT1A, embora outros possam ser 
envolvidos, pois a buspirona exibe certa afinidade com receptores dopaminérgicos 
DA2 e serotoninérgicos 5-HT2. Seu mecanismo de ação, portanto, é distinto do 
mecanismo dos benzodiazepínicos. Além disso, a buspirona não possui as 
propriedades anticonvulsivantes e miorrelaxantes dos benzodiazepínicos e provoca 
apenas ligeira sedação. A frequência de efeitos adversos é baixa, sendo mais 
comuns cefaleia, tontura, nervosismo e confusão mental. A sedação e as disfunções 
psicomotora e cognitiva são mínimas, sendo improvável a dependência. A buspirona 
tem como desvantagem o lento início de ação. 
 
 
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9.3 HIDROXIZINA 
 
 
A hidroxizina é um anti-histamínico com atividade antiemética. Tem baixa 
tendência a provocar hábito, sendo útil em pacientes com ansiedade que têm 
histórico de abuso de drogas. É também usada frequentemente para produzir 
sedação antes de intervenções odontológicas ou cirúrgicas. 
 
 
10 ANTAGONISTA DE BENZODIAZEPÍNICOS 
 
 
O flumazenil é um antagonista de receptores de GABA que pode 
rapidamente reverter os efeitos dos benzodiazepínicos. O fármaco está disponível 
unicamente para administração I. V. O início dos efeitos é rápido, porém a duração é 
curta, com meia-vida de cerca de 1 hora. Podem ser necessárias administrações 
frequentes, de modo a manter a reversão dos efeitos de um benzodiazepínico de 
longa duração de ação. A administração de flumazenil pode precipitar a síndrome de 
abstinência em pacientes dependentes ou causar convulsões no caso de o 
benzodiazepínico estar sendo usado para controlar quadro convulsivo. Os efeitos 
adversos usuais são confusão, náuseas, vômitos
e agitação. 
 
 
11 BARBITÚRICOS 
 
 
No passado, os barbitúricos formavam a base do tratamento usado para 
sedar o paciente ou para induzir e manter o sono. Na atualidade foram amplamente 
substituídos pelos benzodiazepínicos, principalmente em razão de os barbitúricos 
causarem tolerância e dependência, induzirem enzimas metabolizadoras de 
fármacos e provocarem graves sintomas de abstinência. O aspecto mais grave é 
 
 
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 43 
poderem causar coma em doses tóxicas. Certos barbitúricos, como o tiopental, de 
duração de ação ultracurta, ainda são usados para a indução anestésica. 
 
 
11.1 MECANISMO DE AÇÃO 
 
 
Acredita-se que os barbitúricos interferem no transporte de sódio e potássio 
através da membrana, acarretando inibição do sistema ativador reticular 
mesencefálico. Em todas as áreas do SNC, a transmissão polissináptica é inibida. 
Os barbitúricos também potenciam a ação do GABA quanto à entrada de cloreto no 
neurônio, apesar de não se ligarem ao receptor de benzodiazepínico. 
 
 
11.2 EFEITOS 
 
 
Os barbitúricos são classificados de acordo com sua duração de ação. Por 
exemplo, o tiopental, que age em questão de segundos e tem duração de ação 
cerca de 30 minutos, é usado para a indução intravenosa de anestesia. O 
fenobarbital, ao contrário, cuja duração de ação é maior que 24 horas, é útil no 
tratamento anticonvulsivo. O pentobarbital, o secobarbital e o amobarbital são 
barbitúricos de ação curta, eficazes como agentes sedativos e hipnóticos (mas não 
como ansiolíticos). 
 1. Depressão do SNC: Em doses baixas, os barbitúricos produzem sedação 
(efeito “calmante”, reduzindo a excitação). Em doses mais altas, causam hipnose, 
seguida de anestesia (perda da sensibilidade), para finalmente culminar em coma e 
morte. Assim, todos os graus de depressão do SNC são possíveis na dependência 
da dose. Os barbitúricos não elevam o limiar de sensibilidade dolorosa, não 
apresentando propriedades analgésicas e podendo até mesmo exacerbar a 
sensação de dor. 
 2. Depressão respiratória: Os barbitúricos suprimem a resposta hipóxica e 
quimiorreceptora ao CO2. A superdosagem provoca depressão respiratória e morte. 
 
 
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 44 
 3. Indução enzimática: Os barbitúricos induzem as enzimas microssômicas 
P-450 no fígado. Assim, a administração crônica desses fármacos causa diminuição 
dos efeitos de muitos medicamentos cuja redução de concentração depende de 
metabolismo pelo sistema P-450. 
 
 
11.3 USOS TERAPÊUTICOS 
 
 
1. Anestesia: A seleção de um barbitúrico é grandemente influenciada pela 
duração de ação desejada. Os barbitúricos de ação ultracurta, como o tiopental, são 
usados IV para induzir anestesia. 
2. Anticonvulsivante: O fenobarbital é usado no controle, em longo prazo, de 
convulsões tônico-clônicas, do estado de mal epiléptico e da eclâmpsia. O 
fenobarbital tem sido encarado como fármaco de escolha no tratamento de crianças 
pequenas com convulsões febris recorrentes. Entretanto, nas crianças o fenobarbital 
pode dificultar o desempenho cognitivo, devendo, então, ser usado com cautela. O 
fenobarbital tem atividade anticonvulsivante específica, distinta da atividade 
depressora inespecífica do SNC. 
3. Ansiedade: Os barbitúricos têm sido usados como sedativos menores 
para o alívio da ansiedade, da tensão nervosa e da insônia. A maioria deles foi 
substituída pelos benzodiazepínicos. 
 
 
11.4 EFEITOS ADVERSOS 
 
 
 1. SNC: Os barbitúricos causam sonolência, dificuldade de concentração e 
desânimo; 
 2. Ressaca: Doses hipnóticas de barbitúricos produzem sensação de 
cansaço logo após o despertar. Essa “ressaca” farmacológica causa incapacidade 
de agir normalmente durante muitas horas após o despertar. Podem ocorrer 
náuseas e confusão; 
 
 
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 45 
 3. Precauções: Como visto antes, os barbitúricos induzem o sistema P-450, 
reduzindo o efeito de fármacos que sejam metabolizados por essas enzimas 
hepáticas. Os barbitúricos aumentam a síntese de porfirinas, sendo contraindicados 
em pacientes com porfiria intermitente aguda; 
 4. Dependência: A suspensão abrupta de barbitúricos pode causar tremores, 
ansiedade, fraqueza, inquietação, náuseas e vômitos, convulsões, delírio e parada 
cardíaca. A síndrome de abstinência de barbitúricos é muito mais grave do que a de 
opiáceos e pode ser fatal; 
 5. Intoxicação: Durante muitas décadas a intoxicação barbitúrica tem sido a 
primeira causa de morte por superdosagem farmacológica. A grave depressão 
respiratória associa-se com a depressão cardiovascular central, resultando em 
condição semelhante ao choque, com movimentos respiratórios superficiais e 
infrequentes. O tratamento compreende respiração assistida e lavagem gástrica se o 
fármaco foi ingerido recentemente. Pode ser necessária hemodiálise se a 
quantidade ingerida tiver sido muito grande. A eliminação do fenobarbital é 
normalmente acelerada pela alcalinização da urina. 
 
 
12 SEDATIVOS NÃO BARBITÚRICOS 
 
 
12.1 HIDRATO DE CLORAL 
 
 
O hidrato de cloral é derivado triclorado do aldeído acético, que é convertido 
no organismo a tricloroetanol. O fármaco é eficaz sedativo e hipnótico, induzindo o 
sono, que dura em torno de 6 horas, em cerca de 30 minutos. O hidrato de cloral é 
irritante do trato gastrintestinal, causando desconforto epigástrico. Também produz 
sensação de “gosto ruim” na boca. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
 
12.2 ANTI-HISTAMÍNICOS 
 
 
Anti-histamínicos de venda livre com propriedades sedativas, tais como a 
defenidramina e a doxilamina, são eficazes no tratamento de formas menores de 
insônia. Entretanto, estes fármacos não atuam a não ser na forma mais suave de 
insônia situacional. Além disso, apresentam numerosos efeitos adversos, o que os 
torna menos úteis do que os benzodiazepínicos. Os anti-histamínicos sedativos são 
comercializados na forma de vários produtos de venda livre (sem necessidade de 
prescrição). 
 
 
12.3 ETANOL 
 
 
O etanol tem efeitos ansiolíticos e sedativos, porém seu potencial tóxico 
sobrepuja os benefícios. É um depressor do SNC, produzindo sedação e então 
hipnose com o aumento da dose. A curva dose-resposta do etanol é suave, a 
sedação ocorrendo em uma ampla faixa de doses. O álcool tem efeito sinérgico com 
muitos outros agentes sedativos e pode ocasionar grave depressão do SNC com 
anti-histamínicos ou barbitúricos. 
 
1. Dissulfiram: O etanol é metabolizado primariamente no fígado, em 
primeiro lugar pela álcool-desidrogenase, dando origem ao acetaldeído, e depois 
pela aldeído-desidrogenase para originar acetato. O dissulfiram bloqueia a 
oxidação do acetaldeído a ácido acético, inibindo a aldeído-desidrogenase. O 
resultado é acúmulo de acetaldeído no sangue, provocando fogachos, taquicardia, 
hiperventilação e náuseas. O dissulfiram tem sido usado por pacientes seriamente 
desejosos de terminar com o vício da bebida. Induz-se, assim, resposta aversiva 
condicionada, de tal modo que o paciente abstém-se do álcool para evitar os 
desagradáveis efeitos do acúmulo de acetaldeído induzido pelo dissulfiram. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
M02_Psicofarmacologia.pdf
AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PSICOFARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
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 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PSICOFARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
13 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS 
 
 
13.1 INTRODUÇÃO 
 
 
A depressão psíquica e a doença bipolar são incapacitantes doenças 
alteradoras do humor que afetam a disposição física, o sono, o apetite, a libido e a 
capacidade funcional. A depressão difere da esquizofrenia, que produz distúrbios 
cognitivos. Os sintomas da depressão correspondem à sensação intensa de tristeza, 
desesperança, desespero e incapacidade de sentir prazer em atividades rotineiras. 
A mania se caracteriza pelo comportamento oposto, ou seja, entusiasmo, rapidez 
mental e verbal, extrema autoconfiança e diminuição da capacidade crítica. 
Todos os fármacos antidepressivos de utilização clínica (também chamados 
timolépticos) potenciam, direta ou indiretamente, as ações da noradrenalina, 
dopamina, e/ou serotonina, no cérebro. Isso, em conjunto a outras evidências, levou 
à teoria das aminas biogênicas, que propõe que a depressão se deve à deficiência 
em monoaminas, tais como a noradrenalina e a serotonina, em certos pontos-chave 
cerebrais. Contrariamente, cogita-se que a mania é causada pela superprodução 
desses neurotransmissores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
 
 
FIGURA 6 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
A teoria das aminas biogênicas é provavelmente simplista em demasia, 
desde que se sabe, hoje, que os fármacos antidepressivos, em especial os 
antidepressivos tricíclicos, afetam muitos sistemas biológicos em adição à captura 
de neurotransmissor. Não se sabe qual desses sistemas neuroquímicos é o principal 
responsável pela atividade antidepressiva. 
 
 
14 OS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS/POLlCÍCLlCOS 
 
 
Os antidepressivos tricíclicos e policíclicos bloqueiam a captura de 
noradrenalina e serotonina para o interior do neurônio. O tratamento prolongado leva 
a alterações em receptores específicos do sistema nervoso central (SNC). Os 
fármacos importantes neste grupo são a imipramina, a amitriplina, a desipramina 
(um derivado desmetilado da imipramina), a nortriptilina, a protriptilina e a doxapina. 
 
 
 
 
 
 
 
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 52 
 
 
FIGURA 7 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
A amoxapina e a maprotilina são denominados de “segunda geração”, para 
distingui-las dos antidepressivos tricíclicos de introdução mais antiga. [Nota: Estes 
fármacos de segunda geração possuem ações semelhantes às da imipramina, 
embora exibam farmacocinética ligeiramente diferente.] Todos os antidepressivos 
tricíclicos (ADTs) tem eficácia terapêutica semelhante e a escolha do fármaco leva 
em conta a tolerância aos efeitos colaterais e a duração de ação. Pacientes que não 
respondem a um dos ADTs podem se beneficiar de um fármaco diferente desse 
grupo. 
 
 
FIGURA 8 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
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 53 
 
 
14.1 MECANISMO DE AÇÃO 
 
 
1. Inibição da recaptura de neurotransmissor: Os ADTs inibem a recaptura 
neuronal de noradrenalina e serotonina para o interior das terminações nervosas 
pré-sinápticas. Em bloqueando o principal mecanismo de remoção de 
neurotransmissor, os ADTs levam a concentrações aumentadas de monoaminas na 
fenda sináptica, o que resulta em efeitos antidepressivos. Esta teoria tem sido 
questionada por alguns pesquisadores, em razão de uma série de observações. Por 
exemplo, a potência de um ADT em bloquear a recaptura de neurotransmissor 
frequentemente não se correlaciona com os efeitos antidepressivos observados 
clinicamente. 
Ademais, o bloqueio da recaptura do neurotransmissor ocorre 
imediatamente após a administração do fármaco, mas o efeito antidepressivo do 
ADT requer muitas semanas de tratamento continuado para se estabelecer. Isto 
sugere que a captura diminuída de neurotransmissor é simplesmente um evento 
inicial que pode não estar relacionado aos efeitos antidepressivos. Sugeriu-se que a 
densidade de receptores monoaminérgicos no cérebro pode se alterar durante o 
período de 2 a 4 semanas de utilização da medicação e isto pode ser importante na 
instalação do efeito. 
2. Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam receptores 
serotoninérgicos, a-adrenérgicos, histaminérgicos e muscarínicos. Não se sabe qual, 
ou se algum, dentre eles, é responsável pelo benefício terapêutico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 54 
 
 
FIGURA 9 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
14.2 AÇÕES 
 
 
Os ADTs melhoram o humor, reforçam o alerta mental, aumentam a 
atividade física e reduzem a preocupação mórbida em 50 a 70% dos indivíduos com 
depressão psíquica. A instalação da melhora do humor é lenta, requerendo duas 
semanas ou mais. Estes fármacos não produzem estimulação do SNC ou melhora 
do humor em indivíduos não deprimidos. A tolerância aos efeitos anticolinérgicos 
dos ADTs desenvolve-se rapidamente. Alguma tolerância aos demais efeitos 
autonômicos dos ADTs também se desenvolve. Já se relatou a ocorrência de 
dependência dos tipos psicológica e física. Esses compostos podem ser utilizados 
prolongadamente, no tratamento da depressão, sem perda de eficácia. 
 
 
14.3 UTILIZAÇÕES TERAPÊUTICAS 
 
 
Os antidepressivos tricíclicos são eficazes no tratamento da depressão 
psíquica severa. Alguns tipos de doença do pânico também respondem ao 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
tratamento com os ADTs. A imipramina tem sido utilizada no controle da enurese 
noturna em crianças (com mais de seis anos) por causar contração do esfíncter 
interno de bexiga. No presente ela é utilizada cautelosamente, por causa da indução 
de arritmias cardíacas e outros problemas cardiovasculares sérios. 
 
 
15 BLOQUEADORES SELETIVOS DA RECAPTURA DE SEROTONINA 
 
 
Os bloqueadores seletivos da recaptura de serotonina (BSRS) constituem 
um grupo de antidepressivos de introdução mais recente e com características 
químicas peculiares. Eles inibem especificamente a recaptura de serotonina. Isso 
contrasta com os antidepressivos tricíclicos que inibem de maneira não seletiva a 
recaptura de noradrenalina e serotonina e bloqueiam receptores muscarínicos, H1-
histaminérgicos e a1-adrenérgicos. Em comparação aos antidepressivos tricíclicos os 
efeitos anticolinérgicos e cardiotóxicos dos BSRS são de menor monta.

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