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curso direito processual civil ii sp 92447

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Curso 
ireito D II Civil Processual 
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Conteúdo 
 
Direito Processual Civil: Evolução Histórica ................................ ......................... Pág. 7 
Jurisdição, Ação e Processo ................................ ................................ ................ Pág. 18 
Competência ................................ ................................ ................................ ........ Pág. 28 
Partes e Procuradores ................................ ................................ ......................... Pág. 37 
Atos Processuais ................................ ................................ ................................ . Pág. 55 
Resposta do Réu ................................ ................................ ................................ . Pág. 68 
Formação, Suspensão e Extinção do Processo ................................ ................... Pág. 72 
Processo de Conhecimento ................................ ................................ ................. Pág. 7 6 
Cumprimento de Sentença ................................ ................................ ................... Pág. 95 
Rec ursos ................................ ................................ ................................ .............. Pág. 98 
Ação Rescisória ................................ ................................ ................................ ... Pág. 104 
Processo de Execução ................................ ................................ ......................... Pág. 106 
Processo Cautelar ................................ ................................ ................................ Pág. 121 
Procedimentos Especiais ................................ ................................ ..................... Pág. 128 
Lei dos Juizados Especiais ................................ ................................ .................. Pág. 137 
 
 
 
 
 
1. DIREITO PROCESSUAL CIVIL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Superado o período em que os conflitos eram solucionados por meio da 
força, atualmente essa tarefa compete apenas ao Estado, embora não com 
absoluta exclusividade. 
 Ainda admite-se a utilização da autotutela, isto é, da resolução de conflitos 
através do uso da própria força, mas apenas em casos excepcionais, 
expressamente autorizados por lei. 
 A autocomposição, por sua vez, que é a resolução de conflitos pelas 
próprias partes é preferida aos demais meios, certamente, e pode ser 
realizada sempre que a lei não a proíba. Diz-se que a autocomposição é 
preferida aos demais métodos de solução de conflitos pois ela reflete a 
integração das partes litigantes, que mediante concessões recíprocas 
decidem pôr fim amigável ao conflito. 
 Excetuada a autotutela e a autocomposição, às partes também é facultado 
o uso da arbitragem, nos termos da Lei n.º 9.307/96. 
 No entanto, tais métodos de solução de conflitos podem não ser autorizados 
por lei em se tratando de determinados assuntos. Por exemplo, não se 
admite a utilização da arbitragem em relação a assuntos atinentes a direitos 
indisponíveis (art. 1º, Lei n.º 9.307/96). 
 Dessa forma, o processo se mostra como o instrumento oficial e, muitas 
vezes, como único veículo passível de utilização para solução dos conflitos. 
6 
 O processo, hoje, é o instrumento estatal para o exercício da jurisdição, ou 
seja, o meio através do qual o Estado “diz o direito” aplicável às situações 
que lhe são submetidas. 
 
 
1.1 Fontes do direito processual civil 
 
 As fontes do direito processual civil dividem-se em formais e nãoformais. As 
fontes formais dadas, basicamente, pelo artigo 4º, da Lei de introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, são: 
a) a lei; 
b) a analogia; 
c) os costumes; 
d) os princípios gerais de Direito; e 
e) as súmulas vinculantes, do Supremo Tribunal Federal. 
 
 Por sua vez, são fontes não formais do direito processual civil: 
 a) a doutrina; e 
 b) a jurisprudência. 
 É importante estar atento à situação particular das súmulas vinculantes. 
Muito embora as súmulas editadas pelos Tribunais superiores sejam mero 
reflexo da jurisprudência dominante nos seus respectivos âmbitos, no caso 
das súmulas vinculantes, há produção de efeitos não só em relação aos 
órgãos do Poder Judiciário, como também à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Mais que mero reflexo 
jurisprudencial, as súmulas vinculantes tem o condão de norte interpretativo 
no vigente ordenamento pátrio. Para melhor explicar, veja-se a ilustração. 
 
 
 FONTES FORMAIS: FONTES NÃO FORMAIS: 
 
 
 
 
1.2 Lei processual civil no espaço 
 
 Dispõe o artigo 1º Lei de introdução às Normas do Direito Brasileiro que “a 
jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o 
território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece”. 
7 
 Portanto, a aplicação do Código de Processo Civil brasileiro deve ser 
observada em todo o território nacional, ainda que as regras de direito 
material aplicáveis ao caso concreto sejam de outro país. É importante não 
esquecer tal possibilidade, pois, por exemplo, nos termos do artigo 10, da 
Lei de introdução às Normas do Direito Brasileiro: 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do 
país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer 
que seja a natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será 
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos 
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a 
capacidade para suceder. 
Nesses casos, portanto, embora o processo tramite no Brasil e siga as 
regras processuais pátrias, nada impede que as lei regentes do direito 
material sejam oriundas de ordenamentos jurídicos alienígenas . 
 Outra e diversa hipótese ocorre quando o processo tramita no exterior. 
Nesse caso, as decisões nele proferidas não produzem quaisquer efeitos no 
Brasil, senão depois de homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
 Embora a redação do artigo 483 do Código de Processo Civil ainda se refira 
ao Supremo Tribunal Federal, é importante lembrar que se trata de redação 
anterior à Constituição Federal de 1988, que dispõe expressamente ser 
competência do Superior Tribunal de Justiça (que também foi uma criação 
da CRFB/88), a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de 
exequatur às cartas rogatórias (art. 105, I, “i”). Apenas para esclarecer, 
conceder exequatur é o mesmo que dar cumprimento, ou seja, dar execução 
às cartas rogatórias. 
 
 
1.3 Lei processual civil no tempo 
 
 A vigência da lei processual civil obedece ao comando geral da Lei de 
introdução às Normas do Direito Brasileiro. Se nada for disposto em sentido 
diverso, a lei começa a vigorar 45 (quarenta e cinco) dias depois de 
oficialmente publicada. 
 Não há que se falar em retroação da lei processual em relação aos 
processos que já estejam extintos quando do início de sua vigência. No 
entanto, para os processos em andamento vige o princípio tempus regit 
actum, ou, em outras palavras, a lei processual aplicável ao ato é a lei 
processual vigente ao seu tempo. Assim, publicada nova lei processual, 
essa tem aplicabilidade imediata, e passa a conduzir todos os processos 
que estejam em andamento. 
 Essa aplicação imediata não prejudica, contudo, os atos processuais que já 
tenham sido praticados, assim como aqueles que já
tenham tido sua pratica 
iniciada quando a lei nova entrou em vigor. Quanto à última situação, o tema 
8 
não é pacífico, mas se fala, com razão, em direito processual adquirido. Por 
exemplo, imagine-se que uma das partes em litígio recebeu sentença 
desfavorável. Ela terá 15 (quinze) dias para interpor seu recurso de 
apelação. Imagine-se, no entanto, que após o decurso de 10 (dez) dias seja 
publicada uma lei, com início imediato de vigência, que reduza o prazo de 
mencionado recurso para apenas 8 (oito) dias. Evidentemente, a parte não 
poderá ser prejudicada, e poderá gozar do prazo que era previsto quando 
teve início a abertura do prazo para interposição do recurso de apelação, 
tendo, em relação a esse prazo (de 15 dias), nítido direito processual 
adquirido. 
 Situação diversa ocorre quando uma lei inicia sua vigência e apresenta 
hipótese de ampliação do direito das partes. Considerando o exemplo acima 
mencionado, caso a nova lei aumentasse de 15 (quinze) para 20 (vinte) dias 
o prazo para interposição da apelação, este aumento certamente 
beneficiaria o recorrente, pois é mandamento constitucional que a lei não 
retroagirá apenas quando prejudicar o direito adquirido, nenhum óbice 
existindo na retroação que beneficia esse direito. 
 
 
1.4 Princípios regentes do processo civil 
 
 Os princípios que regem o direito processual civil podem ser divididos em 
dois grupos, os constitucionais e os infraconstitucionais. 
 
 São princípios constitucionais, atinentes ao direito processual civil: 
 
a) princípio da isonomia; 
b) princípio do contraditório e da ampla defesa; 
c) princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional; 
d) princípio da imparcialidade do juiz; 
e) princípio da publicidade; 
f) princípio do duplo grau de jurisdição; 
g) princípio do devido processo legal; e 
h) princípio da duração razoável do processo. 
 Por sua vez, são princípios infraconstitucionais, regentes do processo 
civil: 
a) Princípio dispositivo; 
b) Princípio do livre convencimento motivado (ou da persuasão racional); e 
c) Princípio da oralidade. 
 
1.4.1 Princípios constitucionais 
1.4.1.1 Princípio do devido processo legal 
 
 O artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988, dispõe que: 
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal”. O princípio do devido processo legal (due process of law) é 
9 
considerado como gênero, do qual são espécies todos os demais princípios. 
Toda a proteção principiológica do processo civil tem sua base na garantia 
do devido processo legal. Garantia esta que não se resume apenas às 
circunstâncias processuais, mas alcança o próprio direito material daqueles 
que se valem do processo para protegê-lo, em todos os sentidos. 
 
 Dessa forma, quanto aos princípios constitucionais, pode-se 
apresentar a seguinte ilustração: 
 
 
 
 
Portanto, o princípio do devido processo legal, observado em seu duplo 
sentido (procedural e substantive due process), garante aos litigantes a 
observação de todos os demais princípios fundamentais de regência do 
processo civil, permitindo, ao final, a entrega de um provimento final justo. 
 
1.4.1.2 Princípio da isonomia 
 
 O princípio da igualdade norteia as atuações do Estado e no Estado, como 
um todo, assim como nas relações processuais, nos termos do artigo 5º, 
caput, da Constituição Federal de 1988, e do artigo 125, I, do Código de 
Processo Civil, que dispõe: 
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste 
Código, competindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
[…] 
 Mas o princípio da isonomia, aplicado no direito processual civil, guarda as 
mesmas peculiaridades de qualquer outro ramo em que incide, isto é, o 
princípio da isonomia nada mais reflete que o tratamento igualitário aos 
iguais, e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades. 
 A possibilidade de inversão do ônus da prova, por exemplo, excetuada a 
hipótese consumerista, pode perfeitamente ser determinada pelo juiz em um 
processo em que se comprove sua necessidade para obtenção da igualdade 
Isonomia 
Inafastabilidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Devido 
processo legal 
Duplo grau de jurisdição 
Contraditório 
Ampla Defesa 
Imparcialidade 
Publicidade 
Duração razoável 
 
 
10 
entre as partes que nele litigam. A inversão do ônus da prova, uma vez 
provada situação discriminatória, apta a impossibilitar uma das partes ao 
alcance da justiça, pode, portanto, ser perfeitamente determinada, sem que 
se possa falar em violação do princípio isonômico. Não se pode esquecer 
que as provas são produzidas para que o juiz possa obter sua melhor 
convicção acerca do decisum, de modo que ele pode determinar que elas 
sejam produzidas por quem possui melhores condições para isso, 
observadas as particularidades de cada caso concreto, naturalmente. 
 Outras hipóteses que não ferem o princípio da isonomia estão resguardadas 
nos artigos que conferem prazos dilatados à Fazenda Pública em relação 
aos particulares. O volume de trabalho dessas pessoas jurídicas autoriza o 
benefício, sem que se possa falar em violação isonômica. 
 Os diferentes prazos processuais, concedidos em razão das pessoas ou em 
razão de situações peculiares são, basicamente: 
a) quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, 
computar-se-á em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (art. 
188, CPC). 
b) quando os litisconsortes possuírem procuradores diferentes, serlhes-
ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo 
geral, para falar nos autos (art. 191, CPC). 
c) quando a parte for beneficiária da gratuidade judiciária e estiver 
representada por defensor dativo, computar-se-á em dobro todos os prazos 
processuais (art. 5º, §5º, Lei n.º 1.060/50). 
 E, o Ministério Público goza do benefício dos prazos dilatados não só 
quando atua como parte, mas também quando atua como fiscal da lei (ou 
custus legis), tendo legitimidade para interpor recurso no processo em que 
atua na qualidade mencionada, ainda que a parte interessada não 
interponha recurso, conforme orientação da súmula n.º 99, do Superior 
Tribunal de Justiça. 
 
1.4.1.3 Princípio do contraditório e da ampla defesa 
 
 É importante, primeiramente, salientar que o princípio do contraditório não 
se confunde com o princípio da ampla defesa. São dois princípios tratados 
frequentemente em conjunto por conveniência acadêmica. Basicamente, 
enquanto o contraditório reflete a necessidade de entrega de prazo à parte 
contrária, para que discuta as alegações ou provas produzidas pela outra 
parte, a ampla defesa reflete a impossibilidade de vedação no uso dos mais 
variados métodos de defesa, desde que lícitos, evidentemente, ou, em 
outras palavras, a produção e articulação da defesa deve ter a maior 
magnitude possível, permitindo às partes a exposição fática e probatória que 
mais lhes seja adequada às pretensões que manifestem. 
 O princípio do contraditório não é absoluto, assim como nenhum outro 
princípio. A possibilidade de concessão de medida liminar, sem oitiva da 
parte contrária (inaudita altera pars), em sede de ação cautelar, assim como 
a concessão de medida antecipatória dos efeitos da tutela, em sede de 
 
11 
qualquer outra ação, são exemplos do exposto. A concessão dessas 
medidas não mitiga, tão menos suprime o princípio em estudo. Nesses 
casos, há mera postergação do exercício do contraditório, em razão de 
determinados direitos postos em questão, direitos estes que, em função da 
relevância e urgência autorizam a postergação do exercício dos direitos ao 
contraditório e à ampla defesa. 
 O princípio do contraditório e o
princípio da ampla defesa estão 
consagrados no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, que 
dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. 
 
1.4.1.4 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional 
 
 Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, que “a lei 
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
 Note-se que o que o princípio em estudo garante é a apreciação, mas não a 
entrega de um provimento final de mérito. Isto porque a parte pode não 
reunir, em sua demanda, elementos suficientes que permitam o desenrolar 
processual até a prolatação de uma decisão. 
 O exercício do direito de ação deve atender a determinadas condições, 
assim como preencher certos pressupostos, sem o que não será possível 
que o Poder Judiciário exerça sua função de “dizer o direito” aplicável à 
situação. Nos casos em que se faça pedido juridicamente impossível, ou 
naqueles em que falte legitimidade ou interesse ao postulante, caberá ao 
Judiciário apenas um provimento terminativo, isto é, de extinção processual 
sem manifestação sobre as questões de mérito nele contidas. Contudo, 
sanadas as irregularidades, a parte pode repropor sua demanda, quando 
então terá julgado seu pedido, no mérito. 
 Há que se lembrar, também, que não se exige o prévio exaurimento de 
qualquer instância administrativa, para apenas depois se postular 
judicialmente uma pretensão, salvo na hipótese da Justiça Desportiva, nos 
termos do artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal de 1988, 
que dispõe: “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às 
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva, regulada em lei”. 
 
1.4.1.5 Princípio da imparcialidade do juiz 
 
 O princípio da imparcialidade do juiz está implícito na Constituição Federal 
de 1988, e decorre de princípios como o do juiz natural e da proibição da 
criação de tribunais de exceção. 
 O artigo 5º, inciso LIII, da CRFB/88, dispõe que “ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade competente”. A garantia é marco 
impeditivo da parcialidade, pois caso as partes pudessem escolher o juiz 
que atuaria em seus processos, abrir-se-iam largas margens à ocorrência de 
fraudes. 
 
12 
 Segundo Marcus Vinicius R. Gonçalves (2009, p. 30), para que se fale no 
respeito ao princípio do juiz natural, 3 (três) requisitos devem ser 
observados: 
a) o julgamento só pode ser proferido por juiz investido de jurisdição; 
b) o juízo deve ser preexistente, uma vez que vedada a criação de tribunais 
de exceção, isto é, a criação de tribunais com a específica finalidade de 
julgar casos ocorridos anteriormente; 
c) o juiz a que submetida a causa deve ser competente para julgá-la, 
obedecidas as regras constitucionais e legalmente fixadas. 
 
1.4.1.6 Princípio da publicidade 
 
 O artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, dispõe que “a lei só poderá 
restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade 
ou o interesse social o exigirem”. 
 Via de regra, portanto, a publicidade dos atos processuais deve sempre se 
fazer presente. É a publicidade que garante o controle das decisões judiciais 
e consagra o direito à informação. 
 No entanto, quando nociva à intimidade ou ao interesse social, ela pode ser 
restringida, casos em que o direito de consulta aos autos e solicitação de 
certidões se restringirá às partes e à seus procuradores. 
 Junto a este, há que se acrescer a necessidade encampada no artigo 
93, inciso X, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “as decisões 
administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo 
as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”. 
Juntamente com a publicidade, a necessidade de fundamentação das 
decisões judiciais garante a eficiência e a moralidade da atividade 
jurisdicional. Mais que públicas, as decisões judiciais devem ser, pois, 
devidamente fundamentadas, sem o que estarão maculadas de nulidade. 
 
1.4.1.7 Princípio do duplo grau de jurisdição 
 
 O princípio do duplo grau de jurisdição está implícito na Constituição 
Federal de 1988. Sua existência decorre do sistema constitucional, que 
impõe a existência de Tribunais com competência recursal. 
 Por exemplo, o artigo 108, inciso II, da Constituição Federal, ao estipular 
que compete aos Tribunais Regionais Federais julgar, em grau de recurso, 
as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no 
exercício da competência federal da área de sua jurisdição, nada mais faz 
do que garantir o duplo grau de jurisdição. 
 A existência de um duplo grau garante maior lisura à atividade jurisdicional 
do Estado, pois o juiz que profere sua decisão tem prévia ciência de que 
esta poderá ser revista por outro órgão. Essa revisão, via de regra, depende 
de provocação da parte interessada. Assim como a atividade jurisdicional de 
primeira instância é prestada apenas mediante provocação, também a 
atividade jurisdicional de grau recursal o é. Ressalva seja feita, contudo, em 
 
13 
relação ao reexame necessário, caso em que instância superior reanalisa 
decisão proferida pela instância inferior sem qualquer provocação, mas sim 
por expressa determinação legal. 
 Como princípio implícito, nada impede que o duplo grau de jurisdição não 
seja assegurado em algumas e específicas situações. Como mencionado, o 
princípio em estudo decorre do sistema jurisdicional determinado na 
Constituição Federal de 1988, sistema este que não prevê obrigatoriedade 
acerca da existência de instâncias recursais em quaisquer hipóteses. 
 Nesse sentido, é a própria Constituição, ao prever competência originária 
para o Supremo Tribunal Federal, que impede o exercício de um duplo grau 
de jurisdição, por exemplo. 
 Outra situação é relativa à Lei de Execuções Fiscais, na hipótese de 
decisão de primeira instância em execuções de valor igual ou inferior a 50 
(cinquenta) ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional). Há que 
se lembrar, consoante analisado no Curso de Direito Tributário, que neste 
caso a sentença não é passível de apelação, que seria dirigida ao órgão de 
instância superior, mas sim de embargos infringentes, julgados pelo mesmo 
juiz que proferiu a decisão recorrida, que poderá rejeitar os embargos ou 
reformar a sentença, após ouvir o embargado. 
 
1.4.1.8 Princípio da duração razoável do processo 
 
 A duração razoável do processo é uma garantia que decorre do sistema 
constitucional de 1988. No entanto, foi explicitada no inciso LVIII, do artigo 
5º, da CRFB/88, pelo constituinte derivado, através da Emenda 
Constitucional n.º 45/2004 (Reforma do Poder Judiciário). 
 A todos, no âmbito judicial e administrativo, é assegurada a razoável 
duração do processo, assim como os meios que garantam a celeridade de 
sua tramitação. 
 Consabido, a excessiva demora na prestação da tutela jurisdicional causa, 
em não raros casos, a ineficácia de sua decisão, e, consequentemente, o 
desrespeito de diversas garantias humanas. 
 O princípio em estudo tem os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário 
como destinatários, pois não apenas o Executivo, no âmbito do processo 
administrativo, e o Judiciário, no âmbito do processo judicial, podem garantir 
celeridade processual se o Legislativo não estiver comprometido na 
elaboração de leis que possibilitem a efetivação substancial de meios 
céleres à obtenção de uma duração razoável do processo. 
 Note-se, no entanto, que a celeridade não pode ser extrema, a ponto de se 
faltar com a prestação de justiça à sociedade, não mais em razão da demora 
excessiva, mas sim em razão
de análises pouco ou nada pormenorizadas 
dos casos concretos. Para que se fale em celeridade, há que se interpretá-la 
conjuntamente com a expressão constitucional de razoável duração, isto é, 
um processo que seja não tão lento a ponto de tornar ineficaz sua decisão, 
mas não tão célere a ponto de não permitir análises pormenorizadas dos 
direitos envolvidos, e, consequentemente, gerar decisões baseadas em 
julgamentos precipitados. 
 
 
14 
 
 
1.4.2 Princípios infraconstitucionais 
1.4.2.1 Princípio dispositivo 
 
 O princípio dispositivo, em um passado próximo, possuia abrangência maior 
do que a que possui na atualidade. Antes, se referia não só ao momento do 
ajuizamento de ações, como também em relação à atividade probatória. 
Hoje, refere-se apenas ao momento do ajuizamento das ações. 
 Como se sabe, a atividade jurisdicional permanece inerte até que seja 
provocada. E o mesmo ocorria com a atividade probatória, uma vez 
instaurada uma relação jurídico-processual. Antes, ao juiz competia analisar 
o processo com base nas provas produzidas pelas partes, apenas e tão 
somente, sem que ele pudesse determinar a produção de outras que 
pudessem lhe auxiliar no convencimento. 
 Contudo, atualmente, o juiz não só pode, como deve interferir na atividade 
probatória, já que a ele elas são destinadas. Cabe ao juiz verificar a 
suficiência das provas produzidas ou determinar a produção de outras, 
tantas quantas bastem ao seu convencimento e à prolação da decisão que 
melhor satisfaça a prestação da atividade jurisdicional. 
 Nesse sentido, expressa é a determinação do Código de Processo Civil: 
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, 
determinar as provas necessárias à instrução do processo, 
indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. 
 Como se vê, ao juiz cabe não só determinar a produção de provas que 
repute necessárias, como também indeferir a produção de outras, inúteis ou 
meramente protelatórias. 
 Portanto, o princípio dispositivo vigora em relação ao ajuizamento da ação, 
haja vista inércia do Poder Judiciário, mas não vigora em relação à atuação 
probatória do juiz, já que esta rege-se pelo princípio inquisitivo. 
 
1.4.2.2 Princípio do livre consentimento motivado (ou da persuasão 
racional) 
 
 O princípio em estudo aplica-se em relação à valoração das provas. 
Basicamente, três sistemas podem ser utilizados para essa atividade 
valorativa, quais sejam: 
a) sistema da prova legal, isto é, o valor das provas é determinado por 
texto expresso de lei; 
b) sistema da livre consciência, quando ao juiz é dada a possibilidade de 
proferir decisões segundo seu foro íntimo, com ou sem apoio das provas 
que estejam produzidas nos autos e sem a necessidade de fundamentar sua 
decisão; ou 
c) sistema do livre convencimento motivado, que é o sistema adotado 
pelo ordenamento jurídico brasileiro, e que permite ao juiz formar sua livre 
convicção, desde que expressamente fundamentada com base em 
 
15 
elementos contidos no processo, sem que se fale em diferentes valores para 
as provas produzidas. 
 Pelo sistema adotado no Brasil, o juiz pode decidir livremente sobre o litígio, 
desde que sua decisão tenha base nos elementos constantes do processo, 
sejam eles argumentativos ou probatórios. Outra exigência é a 
fundamentação da decisão, oportunidade em que o juiz deve claramente 
esclarecer os motivos que lhe orientaram a proferir a decisão. 
 O sistema adotado no Brasil está consagrado no artigo 131, Lei de 
introdução às Normas do Direito Brasileiro: 
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e 
circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; 
mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o 
convencimento. 
 Por derradeiro, cumpre esclarecer que em razão do sistema de valoração 
legal das provas, há casos isolados se sua aplicação no ordenamento 
jurídico brasileiro. Por exemplo, o artigo 366, do Código de Processo Civil, 
estipula que “quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento 
público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a 
falta”. Em outras palavras, quando a documentação mediante instrumento 
público for da essência do ato, essa prova é imprescindível, não podendo 
ser suprida por outra, de qualquer outra natureza. 
 Portanto, em questionamentos no exame da OAB ou concursos públicos, 
recorde-se que o sistema do livre convencimento motivado, embora seja 
regra, não é adotado com exclusividade pelo ordenamento jurídico brasileiro, 
que admite o sistema de valoração legal das provas em situações 
específicas. 
 
1.4.2.3 Princípio da oralidade 
 
 O princípio da oralidade tem como finalidade aproximar o juiz, na maior 
medida do possível, da produção de provas. Esse princípio não assume o 
caráter de absoluto em nenhum procedimento, relativo ao processo civil 
brasileiro. Embora mais presente nos Juizados Especiais, também nestes 
não se dispensa a documentação de tudo quanto produzido. Segundo a 
melhor doutrina nacional, o princípio da oralidade se subdivide em 4 (quatro) 
sub-princípios, quais sejam: 
a) imediação, isto é, o juiz deve estar imediatamente ligado com a 
colheita da prova. Ele deve fazê-la diretamente, salvo quando se tratar de 
provas que devem ser produzidas em outras localidades; 
b) identidade física do juiz, isto é, colhida a prova oral, o juiz que a 
colheu se vincula ao julgamento da causa. Realizada a instrução e colhida a 
prova oral, deve o mesmo juiz proferir decisão, salvo se o juiz for convocado, 
licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos 
em que passará os autos ao seu sucessor. 
16 
c) concentração, isto é, deve-se realizar a audiência de instrução de 
forma concentrada, única. Admite-se a realização de várias audiências 
apenas quando for fisicamente impossível fazer a colheita de provas em um 
único dia. 
d) irrecorribilidade das decisões interlocutórias, princípio que se encontra 
plenamente consagrado na Lei n.º 9.099/95. No Código de Processo Civil, 
embora possa haver a interposição de recurso das decisões interlocutórias 
(agravo), este permanece retido nos autos, e será julgado apenas mediante 
sua reiteração em eventual recurso de apelação, ou seja, não interfere no 
julgamento de primeira instância, posto que desprovido de efeito suspensivo. 
 
 
2. JURISDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO 
 
 A principal característica da jurisdição é a substitutividade, isto é, formada 
uma relação jurídico-processual, a decisão das partes será substituída pela 
decisão proveniente do Estado-juiz, no exercício de sua atividade de “dizer o 
direito”. 
 São características da jurisdição: 
a) investidura, isto é, só pode exercer jurisdição aquele que estiver 
regularmente investido no cargo de juiz. Proferida decisão por pessoa não 
investida, não há que se falar em nulidade, mas em inexistência do 
processo; 
b) aderência em relação ao território, isto é, os juízes exercem jurisdição 
apenas nos limites do território nacional (art. 1º, do CPC), e mediante o 
respeito das regras de competência; 
c) indelegabilidade, ou seja, a função jurisdicional é indelegável. O 
exercício da jurisdição, no Brasil, é exercido com exclusividade pelo Poder 
Judiciário, não podendo ser por este delegado a nenhum outro; 
d) inafastabilidade, pois, nos termos do artigo 4º, da Lei de introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso 
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. 
Ademais, recorde-se o princípio da inafastabilidade da jurisdição, segundo o 
qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito (art. 5º, XXXV, da CRFB/88). 
 As características
que cercam a jurisdição não são as mesmas que 
norteiam o exercício da atividade julgadora da Administração Pública. Entre 
as distinções que podem ser apontadas entre essas esferas, constata-se 
que a Administração Pública não substitui as partes em litígio, pois, na 
verdade, é uma dessas partes. Também a decisão proferida em âmbito 
administrativo não produz coisa julgada, diferentemente daquela proferida 
em âmbito judicial. 
 Acerca da coisa julgada, é sabido que esta pode assumir duas naturezas: 
a) coisa julgada formal; ou 
b) coisa julgada material. 
 
17 
 Forma-se coisa julgada formal sempre que o Poder Judiciário, por qualquer 
motivo, não puder analisar o mérito do litígio. Diz-se, nesses casos, que foi 
proferida sentença terminativa, nos termos das previsões do artigo 267, do 
Código de Processo Civil. Quando falta à ação uma de suas condições, por 
exemplo, se tem uma sentença terminativa, e, consequentemente, ocorre a 
formação de coisa julgada formal. Frise-se que a formação da coisa julgada, 
apenas em caráter formal, não impede a repropositura da mesma demanda, 
desde que corrigidos os vícios que causaram sua extinção sem resolução de 
mérito, naturalmente. 
 Em contrapartida, com a formação da coisa julgada material, a decisão 
reveste-se de imutabilidade. A garantia em relação à coisa julgada foi 
elencada como direito fundamental pelo constituinte originário, nos termos 
do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988. 
 Quando o processo não possui vícios e o Poder Judiciário analisa o mérito 
do litígio, após proferir decisão definitiva, da qual não caiba ou não seja 
interposto nenhum recurso, ocorre o trânsito em julgado da mesma, com 
formação de coisa julgada material. A consequência é o impedimento à 
repropositura da mesma discussão judicial. As decisões de mérito são 
proferidas por meio de sentenças de mérito, com respaldo em alguma das 
hipóteses do artigo 269, do Código de Processo Civil. 
 Transitada em julgado a demanda, com formação de coisa julgada material, 
esta poderá ser rescindida apenas mediante o ajuizamento de ação 
rescisória, desde que provada a existência de uma das situações descritas 
no artigo 485, do Código de Processo Civil e não extrapolado o prazo 
decadencial de 2 (dois) anos, que se conta do trânsito em julgado da 
decisão rescindenda. 
 A ação rescisória, no entanto, não é o único meio à impugnação da coisa 
julgada material, já que doutrina e jurisprudência admitem a utilização da 
ação denominada querela nullitatis insanabilis, basicamente, para situações 
em que se verificar a nulidade de citação, mesmo que decorridos mais de 2 
(dois) anos da data do trânsito em julgado da decisão rescindenda. 
 E, o artigo 486, do Código de Processo Civil, que não pode deixar de ser 
mencionado, admite, para as sentenças que sejam meramente 
homologatórias, a utilização de uma ação comum, chamada de ação 
anulatória. Esta ação presta-se, também, para anulação de atos judiciais 
que não dependem de sentença. Tanto em um como noutro caso, admite-se 
a utilização da ação anulatória, pois tais atos podem ser rescindidos, como 
os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil. 
 
 
2.1 Jurisdição contenciosa e voluntária 
 
 Basicamente, enquanto o exercício da jurisdição contenciosa caracteriza-se 
pela litigiosidade entre os pólos da relação jurídicoprocessual, o exercício da 
jurisdição voluntária caracteriza-se por ser mero procedimento de natureza 
administrativa, sem marcas de litigiosidade, legalmente exigido em razão da 
incapacidade do autor ou da matéria veiculada. 
18 
 Os procedimentos especiais de jurisdição voluntária estão descritos no 
artigo 1.103 e seguintes do Código de Processo Civil. Nos termos do artigo 
1.112 do mencionado Códex, processa-se mediante jurisdição voluntária, 
dentre outros: 
a) a emancipação; 
b) a sub-rogação; 
c) a alienação, o arrendamento ou a oneração de bens dotais, de 
menores, de órfãos e de interditos; 
d) a alienação, a locação e a administração da coisa comum; 
e) a alienação de quinhão em coisa comum; e 
f) a extinção de usufruto e de fideicomisso. 
 Dentre outras hipóteses, podem ser citados os pedidos de interdição e o de 
declaração de ausência. 
 Em se tratando de procedimento de jurisdição voluntária, é obrigatória a 
participação do Ministério Público, sob pena de nulidade, conforme estipula 
o artigo 1.105, do Código de Processo Civil. 
 O prazo para articular resposta em sede de procedimentos de jurisdição 
voluntária é de 10 (dez) dias, e uma vez proferida sentença, o recurso 
cabível é a apelação, sentença esta que poderá ser modificada, sem 
prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias 
supervenientes. 
 
 
2.2 Ação 
 
 O direito de ação é a faculdade de que gozam todas as pessoas que se 
encontram em situação de litígio, de se socorrerem do Poder Judiciário com 
o objetivo de obter a solução para o mesmo. 
 Como mencionado, embora o Estado detenha com exclusividade o 
exercício da jurisdição, ele permanece inerte até ser provocado, pois o 
direito de ação é exatamente a materialização dessa provocação. Através do 
direito de ação se provoca o Estado a exercer sua atividade jurisdicional. 
 Exercido o direito de ação, instaura-se entre as partes uma relação jurídico-
processual, donde o processo figura como o instrumento de solução do 
litígio. Mas, só há que se falar em formação de relação jurídico processual 
após a efetivação da citação da parte contrária, com o que se completa a 
relação tripartite: 
 
 Estado-juiz 
 
 
 
 
 
 Autor Réu 
 
 
19 
 Quanto ao direito de ação, cumpre ainda mencionar que seu exercício não 
garante, por parte do Estado, a entrega de uma prestação jurisdicional de 
mérito, pois o direito de ação não se relaciona com o direito material a ser 
discutido ao longo da relação processual estabelecida entre as partes. O 
Código de Processo Civil brasileiro adota, portanto, a teoria eclética de 
Liebman, já que exige, para o conhecimento do direito material que se 
pretende discutir no processo instaurado, o preenchimento de 
prédeterminadas condições, além de pressupostos de existência e também 
de validade, assuntos a seguir abordados. 
 
2.2.1 Condições da ação 
 
 Sem a presença de determinadas condições, o Estado não alcança patamar 
mínimo para se manifestar acerca de nenhum litígio, casos em que não 
pode, consequentemente, proferir decisão de mérito. 
 Ausente qualquer uma das condições da ação, o processo há que ser 
extinto sem resolução de mérito, em obediência ao artigo 267, inciso VI, do 
Código de Processo Civil. 
 São, pois, condições da ação: 
a) possibilidade jurídica do pedido; 
b) interesse de agir; e 
c) legitimidade de parte. 
 A sigla indicativa dos três elementos necessários para que se preencham as 
condições da ação, que costuma ser indicada para memorização é PIL 
(possibilidade, interesse e legitimidade). 
 
2.2.1.1 Possibilidade jurídica do pedido 
 
 A possibilidade jurídica do pedido é a convergência da pretensão 
apresentada em relação ao ordenamento jurídico vigente. Não há como se 
processar um pedido que não se encontra resguardado pelo ordenamento 
jurídico. Não se pode, por exemplo, pretender o recebimento de dívidas de 
jogo através de um processo de conhecimento, já que o Código Civil é 
expresso ao vedar essa possibilidade (art. 814). 
 Note-se, portanto, que a possibilidade jurídica refere-se não só ao pedido, 
mas também à causa de pedir. Como no exemplo acima mencionado, em se 
tratando da cobrança de uma dívida de jogo, o pedido pode ser lícito, qual 
seja, receber determinada quantia
em dinheiro, porém, a causa de pedir não 
será o que contaminará o pedido e será determinante à extinção do 
processo sem julgamento de mérito, diante de falta de condição da ação. 
 E, ainda, a possibilidade jurídica do pedido pode estar relacionada à parte 
que ajuíza a ação. Um contribuinte, por exemplo, não tem legitimidade para 
ajuizar uma execução fiscal, ferramenta privativa da Fazenda Pública. Se 
tentar, sua pretensão será extinta sem julgamento de mérito, vez que 
ausente a possibilidade jurídica do pedido, ou seja, ausente o permissivo 
legal da pretensão manifestada. 
20 
 
2.2.1.2 Interesse de agir 
 
 O interesse de agir forma-se por um binômio: 
 a) necessidade; e 
 b) adequação. 
 Há, ainda, quem sustente ser um trinômio, acrescendo a utilidade aos 
requisitos já mencionados. 
A necessidade da pretensão judicial se faz presente quando 
demonstrada que a provocação do Poder Judiciário é a única ou mais eficaz 
medida de obtenção de pretensão manifestada. A necessidade da tutela 
judicial é requisito do interesse de agir, e, se não demonstrado, dá causa à 
extinção do feito sem resolução de mérito. Um típico exemplo de ausência 
de necessidade da provocação judiciária é a cobrança de um débito não 
vencido. 
 Já a adequação se refere à via processual eleita. Em outras palavras, se a 
parte possui um título executivo, deve se valer da via executiva para obter o 
valor a que possui direito, pois caso se valha de uma ação de conhecimento, 
terá sua pretensão extinta sem julgamento de mérito. O mesmo se diga de 
uma parte que ajuíza ação perante o Juizado Especial, quando o valor da 
causa supera o máximo permitido naquele âmbito. 
 Portanto, quando se fala em necessidade, fala-se na relevância da tutela 
pretendida, e, quando se fala em adequação, fala-se na eleição da via 
processual pertinente para obtenção da tutela pretendida. 
 Por derradeiro, há, ainda, aqueles que entendem que o interesse de agir 
não se forma apenas pelo binômio necessidade e adequação, uma vez que, 
além destes, deve-se provar que o processo ajuizado será útil, de alguma 
forma, àquele que o postula. 
 
2.2.1.3 Legitimidade de parte 
 
 A legitimidade para estar em juízo é necessária ao preenchimento de uma 
das condições da ação. Essa legitimidade é chamada ad causam, ou seja, 
para a causa. Todo aquele que está em juízo deve possuir um liame de 
relação com o direito que pretende discutir. A legitimidade para a causa é 
exigida do autor e também do réu, sob pena de faltar à ação uma de suas 
condições indispensáveis. 
 O artigo 6º, do Código de Processo Civil, dispõe que “ninguém poderá 
pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. A 
regra geral, encampada no citado artigo, consagra a legitimidade ordinária, 
isto é, a regra de que só o próprio titular pode ir a juízo para defender seus 
interesses. 
 Mas, como faz referência o citado artigo, nada impede que disposições 
legais estipulem o contrário. Portanto, quando alguém vai a juízo em nome 
próprio para defender direito alheio, estar-se-á diante de hipótese de 
legitimidade extraordinária, também chamada de substituição processual. 
21 
Nesses casos, note-se, o titular do interesse em discussão (substituído) não 
participa do processo, mas se sujeita ao que nele for decidido. 
 Nos processos de legitimação extraordinária, a todo tempo admite-se a 
intervenção do titular do direito em discussão (substituído), sob a forma de 
assistente litisconsorcial. 
 Quando um condômino vai a juízo para reivindicar a coisa de terceiro, atua 
não só como legitimado ordinário, já que possui uma fração ideal do bem, 
mas também como legitimado extraordinário em relação às frações ideais 
dos demais condôminos. Os condôminos que não participarem da discussão 
judicial serão afetados pela decisão ali prolatada, intervenham eles, ou não. 
 Não há que se confundir, note-se, substituição processual com 
representação. A primeira é matéria de legitimidade processual 
extraordinária, na qual alguém vai a juízo, em nome próprio, defender direito 
alheio, enquanto a segunda é mera exigência legal para que determinadas 
pessoas possam estar em juízo. O representante não é parte, 
diferentemente do legitimado extraordinário (substituto), e não atua em 
nome próprio, mas em nome da pessoa que ele representa. 
 Quanto à legitimidade, há ainda que se separar as figuras da legitimidade 
exclusiva e da concorrente. Enquanto a primeira é atribuída pela lei para 
uma única pessoa, a segunda é atribuída a mais de uma. 
 
 
2.2.2 Elementos da ação 
 
 Três são os elementos de qualquer ação: 
a) partes; 
b) causa de pedir; e 
c) pedido. 
 As partes são os sujeitos ativo e passivo da relação jurídicoprocessual. A 
causa de pedir é a fundamentação dos elementos de fato e de direito que 
embasam o pedido. Já o pedido é o bem da vida que se pretende. 
 A análise dos elementos da ação permite identificar se uma causa é idêntica 
à outra, além de vincularem o juiz, que só poderá decidir nos limites que lhe 
forem impostos por estes elementos. 
 Quanto à causa de pedir, ela deve esclarecer quais são os fatos que 
originam o pedido, assim como qual é a fundamentação jurídica que legitima 
a pretensão manifestada pela parte, relacionando a fundamentação aos 
fatos. 
 No entanto, como sabido por todos, a fundamentação jurídica não vincula o 
juiz, que conhece o direito e é livre para aplicá-lo segundo sua convicção. A 
vinculação do juiz ocorre apenas em relação aos fatos, que não podem ser 
desconsiderados, tão pouco por ele alterados. 
 Parte da doutrina chama os fatos de causa de pedir próxima, e os 
fundamentos jurídicos de causa de pedir remota, já outra parte faz o inverso, 
ou seja, chama os fatos de causa de pedir remota, e os fundamentos 
jurídicos de causa de pedir próxima. 
22 
 O Código de Processo Civil brasileiro adotou, quanto à causa de pedir, a 
teoria da substanciação, o que se conclui após análise do seu artigo 282, 
inciso III, que exige a indicação, na petição inicial, dos fatos e dos 
fundamentos jurídicos que embasam o pedido. 
 A teoria da substanciação se opõe à teoria da individualização, pois 
enquanto para a última bastaria à exposição dos fundamentos jurídicos, para 
a primeira exige-se, além destes, também a exposição da situação fática, 
sendo que esta é a responsável pela vinculação do juiz, posto que, em 
verdade, os fundamentos jurídicos não possuem maior relevância. 
 Quanto ao pedido, a doutrina o divide em: 
a) pedido imediato; e 
b) pedido mediato. 
 O pedido imediato é o provimento jurisdicional requerido. Quando uma 
pessoa ingressa com uma ação de conhecimento, com pedido condenatório, 
este é o pedido imediato. 
 Já o pedido mediato é o bem da vida pretendido. Assim, quando uma 
pessoa pretende a condenação de outra, provando que ela lhe causou um 
dano, o ressarcimento pecuniário traduz o pedido mediato da demanda. 
 
 
2.3 Processo 
 
 Como já se teve oportunidade de mencionar, o processo é o veículo que 
carrega a pretensão da parte até o conhecimento do Estado-juiz, e, 
posteriormente, retorna à parte com a entrega, ou não, do pedido 
apresentado. 
 O caráter do processo é instrumental. Ele se presta como instrumento de 
satisfação e garantia de direitos. É desse entendimento que decorre um 
importante princípio, o da instrumentalidade das formas. Segundo esse 
princípio, tendo em vista o raciocínio apresentado, não pode o processo, por 
meros formalismos, impedir que as pessoas obtenham a satisfação de seus 
direitos. Alcançados os objetivos suficientes à demonstração do que se 
pretendia, ainda que a forma não tenha sido a mais técnica, deve-se reputar 
como válida a prática do ato que baste à efetivação célere dos direitos das 
partes.
O processo, nesse contexto, traduz uma sequência pré-determinada de 
atos, com a finalidade de entregar às partes uma prestação jurisdicional 
justa. E esta sequência de atos constitui o procedimento, que pode ser 
comum (ordinário ou sumário) ou especial (de jurisdição contenciosa ou 
voluntária). O procedimento adotado determina qual será sequência de atos 
processuais a serem produzidos, dentre as hipóteses existentes, sequência 
esta que compreenderá um número menor ou maior de atos, a depender da 
complexidade do que se pretende. 
 
 
 
23 
2.3.1 Pressupostos processuais 
 
 Quando se pretende uma prestação da tutela jurisdicional, após o 
preenchimento das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, 
interesse de agir e legitimidade de parte), deve-se verificar o preenchimento 
dos pressupostos processuais. 
 Enquanto as condições da ação estão relacionadas ao direito de ação, isto 
é, ao direito de pleitear do Estado-juiz a entrega de uma decisão justa, os 
pressupostos processuais estão relacionados com o veículo que levará esse 
pedido ao juiz, e, posteriormente trará sua resposta, positiva ou negativa. 
 Os pressupostos processuais, assim como as condições da ação, 
constituem matéria de ordem pública, passíveis de conhecimento de ofício 
pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição, ressalvado seu 
conhecimento em sede de recurso especial e extraordinário, que exigem 
pré-questionamento acerca do assunto. 
 Os pressupostos processuais podem ser positivos, isto é, devem estar 
presentes em toda relação processual, sob pena de nulidade, e podem ser 
negativos, isto é, não devem estar presentes, pois, caso estejam, darão 
causa à extinção do processo sem julgamento de mérito. Os pressupostos 
processuais positivos dividem-se em: 
 a) pressupostos processuais de existência; e 
 b) pressupostos processuais de validade. 
 
2.3.1.1Pressupostos processuais positivos 
2.3.1.1.1 Pressupostos processuais de existência 
 
 Sem a presença de quaisquer dos pressupostos processuais de existência, 
o processo será considerado inexistente. A consequência para a inexistência 
é a impossibilidade de sanar os vícios dela decorrentes. 
 Um processo inexistente, diferentemente de um processo inválido, não se 
convalesce. Transcorrido o prazo decadencial para ajuizamento da ação 
rescisória (2 anos), nada obsta que a inexistência seja arguida a qualquer 
tempo, tão logo seja identificada. 
 Assim, são pressupostos processuais de existência: 
a) jurisdição; 
b) petição inicial (ou demanda); 
c) capacidade postulatória; 
d) citação. 
 Como já salientado, apenas aqueles investidos na função jurisdicional é que 
podem exercê-la. Caso uma sentença seja proferida por um juiz aposentado, 
por exemplo, não há se falar na existência do ato praticado, pois ausente a 
jurisdição. 
 Na sequência, existente a jurisdição, só há que se falar na existência do 
processo que apresentar petição inicial. Sem esta, o Estado-juiz fica 
impedido de se manifestar sobre qualquer litígio, pois recorde-se que a 
atividade jurisdicional é inerte, e só atua mediante provocação. 
 
 
24 
 E mais, além da petição inicial, exige-se que o postulante possua 
capacidade para tanto. O artigo 37, do Código de Processo Civil disciplina a 
matéria: 
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será 
admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, 
intentar ação, a fim de evitar a decadência ou prescrição, bem 
como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. 
Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de 
caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 
(quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do 
juiz. 
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos 
por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas 
e danos. 
 Como se vê, o artigo mencionado expressamente determina que sejam 
reputados inexistentes os atos praticados por quem não possua capacidade 
postulatória. 
 Mas, ainda, para que se fale em existência processual, há que se falar em 
citação. Sem citação, a relação jurídico-processual não se completa, pois 
não se chama o réu a compor a relação tripartite (autor, juiz e réu). A feitura 
da citação, ainda que de forma que não seja válida, faz existente a relação 
processual. 
 
2.3.1.1.2 Pressupostos processuais de validade 
 
 Enquanto no tópico anterior foram abordados requisitos à existência do 
processo, agora passam a ser expostos requisitos que garantem sua 
validade. Ausente qualquer pressuposto processual de validade, há nulidade 
absoluta do processo, passível de declaração a qualquer tempo e grau de 
jurisdição, e, uma vez transita em julgado a decisão proferida em processo 
inválido, esta é passível de rescisão, desde que observado o prazo 
decadencial de 2 (dois) anos, naturalmente. 
 Assim, são pressupostos processuais de validade: 
a) competência e imparcialidade; 
b) petição inicial apta; 
c) capacidade processual; e 
d) citação válida. 
 A competência nada mais é que a divisão territorial da jurisdição. Existente 
a jurisdição, o ordenamento jurídico faz a separação dos juízos por matéria, 
de modo a destinar à sociedade um sistema jurisdicional especializado. 
Assim, via de regra, será nula uma decisão proferida por juiz incompetente. 
Diz-se, via de regra, pois há que se analisar se a competência é absoluta ou 
relativa. Se a incompetência for absoluta, o processo é nulo. Contudo, se for 
relativa e não tiver sido alegada oportunamente pela parte contrária, não 
25 
mais poderá sê-la, operando-se a prorrogação do juízo, ou seja, o juiz que 
não era competente, passou a sê-lo devido a inércia da parte contrária. 
 A questão é semelhante em razão da imparcialidade. Todo juiz, 
regularmente investido e dotado de competência, deve também ser 
imparcial. A imparcialidade se divide em impedimento e suspeição. 
Enquanto o impedimento gera nulidade absoluta do processo, a suspeição 
não arguida oportunamente pela parte contrária torna precluso tal direito. 
 Quanto à capacidade processual, ao verificar que o autor não a possui, o 
juiz deve suspender o processo e conferir prazo para que seja sanada a 
irregularidade, sob pena de extinção do processo sem julgamento de mérito. 
No entanto, caso o juiz verifique que há irregularidade na representação do 
réu, ele deve suspender o processo e marcar prazo razoável para que o 
defeito seja sanado, sob pena de reputá-lo revel. 
 Apresentada em juízo a petição inicial, o processo reputa-se existente, mas 
só se reputará válido se a petição inicial for apta. Toda petição inicial deve 
atender aos requisitos dos artigos 282 e 283, ambos do Código de Processo 
Civil: 
Art. 282. A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e 
residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido, com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade 
dos fatos alegados; 
VII - o requerimento para a citação do réu. 
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos 
indispensáveis à propositura da ação. 
 Caso tais requisitos não sejam preenchidos, o juiz deve determinar que a 
petição inicial seja emendada, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de seu 
indeferimento. Conforme estipula o artigo 295, inciso I, do Código de 
Processo Civil, a petição inicial deverá ser indeferida sempre que for inepta. 
É, ainda, requisito indispensável à petição inicial, sob pena desta ser 
considerada inepta, a indicação do endereço em que o advogado pretende 
receber suas futuras intimações, nos termos
do artigo 39, inciso I, do Código 
de Processo Civil. Nos termos do parágrafo único de aludido dispositivo, se 
o advogado não indicar endereço, o juiz, antes de determinar a citação do 
réu, deverá mandar que ele supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas, sob pena de indeferimento da petição inicial. 
 Outro pressuposto processual de validade é a capacidade processual, isto 
é, a capacidade para estar em juízo. Toda pessoa que se acha no exercício 
dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo (art. 8º, CPC). Já os 
incapazes, para estarem em juízo, devem ser representados ou assistidos 
por seus pais, tutores ou curadores (art. 9º, CPC). 
26 
 Por fim, só há que se falar em desenvolvimento válido e regular de um 
processo quando se verificar a ocorrência de citação válida. Se a citação for 
realizada, o processo reputa-se existente, mas se não for válida, o processo 
será reputado como inválido, ou seja, como absolutamente nulo. O vício da 
citação inválida pode ser arguido a qualquer momento e em qualquer grau 
de jurisdição, inclusive após o trânsito em julgado da decisão que coloca fim 
ao processo, mediante ação rescisória. 
 Mas, note-se, a citação irregular é passível de dar causa à nulidade 
absoluta do processo se arguível no seu decorrer, ou, no máximo, durante o 
prazo para ação rescisória, sem o que não poderá mais ser arguida. 
Situação diversa, porém, ocorre se a hipótese for inexistência de citação 
(pressuposto processual de existência), quando não há prazo para 
ajuizamento de ação tendente à obtenção da declaração de inexistência do 
processo, ação esta chamada de querela nullitatis insanibilis. 
 Por derradeiro, veja-se o seguinte quadro comparativo: 
 
Pressupostos processuais de existência Pressupostos processuais de validade 
Jurisdição Competência e imparcialidade 
Capacidade postulatória Capacidade processual 
Petição inicial Petição inicial apta 
Citação Citação válida 
 
2.3.1.2 Pressupostos processuais negativos 
 
 Como mencionado, os pressupostos processuais negativos são situações 
que não devem estar presentes na relação processual, sob pena de sua 
extinção sem julgamento de mérito. São pressupostos processuais 
negativos: 
 a) a litispendência; 
b) a coisa julgada; e 
c) a perempção. 
 A litispendência ocorre quando há processo idêntico em curso, perante o 
mesmo ou em juízo diverso. Reputa-se idêntico o processo que tenha as 
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. Verifica-se a 
ocorrência da coisa julgada quando, após uma demanda ter sido decidida de 
forma definitiva, já tendo transitado em julgado sua decisão, ocorre o 
ajuizamento de demanda idêntica. 
 Assim como a litispendência, na coisa julgada há uma situação de 
repetição. Entretanto, enquanto a primeira reflete o ajuizamento de uma 
ação idêntica a outra que ainda está em curso, a última reflete o ajuizamento 
de uma ação idêntica a outra já definitivamente julgada. 
27 
 Transitada em julgado uma decisão, esta fica protegida pelo manto da coisa 
julgada, direito fundamental que confere segurança jurídica ao ordenamento 
jurídico. 
 Quanto à perempção, trata-se de pressuposto processual negativo gerado 
pela desídia. Sempre que o autor deixar de promover atos e diligências que 
lhe competia, ou quando abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias, 
terá o processo extinto sem resolução de mérito. Consabido, a extinção sem 
resolução de mérito não impede que o autor proponha novamente a mesma 
demanda. Contudo, se essa situação se repetir por 3 (três) vezes, isto é, se 
por 3 (três) vezes o processo for extinto pela inércia do autor, não se permite 
mais que o processo seja ajuizado, pois concretizada a situação de 
perempção. 
 
 
3. COMPETÊNCIA 
 
 Como já se teve a oportunidade de mencionar, a competência nada mais é 
que a divisão territorial da jurisdição. Existente a jurisdição, o ordenamento 
jurídico faz a separação dos juízos por matéria e por locais, de modo a 
destinar à sociedade um sistema jurisdicional especializado e efetivo. 
 O artigo 87, do Código de Processo Civil consagra o princípio da 
perpetuatio jurisdictionis. Segundo o mesmo, determina-se a competência 
no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações 
do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando 
suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da 
matéria ou da hierarquia. 
 
3.1 Competência internacional 
 
 As hipóteses dos artigos 88 e 89, ambos do Código de Processo Civil, 
abordam os casos de competência concorrente e competência exclusiva, 
respectivamente, da justiça brasileira. Excetuadas estas, não há que se falar 
em competência da justiça brasileira para decidir outros conflitos que 
tenham repercussão alienígena. 
 Nos termos do artigo 88, do Código de Processo Civil, é competente a 
autoridade judiciária brasileira quando: 
a) o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no 
Brasil; 
b) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
c) a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
 No caso de pessoa jurídica, reputa-se domiciliada no Brasil aquela que aqui 
possua agência, filial ou sucursal. 
 Nas hipóteses acima mencionadas, o Poder Judiciário brasileiro se 
reconhece competente, mas não afasta a competência, também, de outros 
Estados. Nessas hipóteses, portanto, pode haver propositura da ação tanto 
no Brasil como em Estado estrangeiro, mas no último caso a decisão 
28 
dependerá de homologação para que, só então, gere efeitos no território 
nacional. 
 As decisões estrangeiras não produzem quaisquer efeitos em território 
nacional até serem homologadas pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Intentada ação perante tribunal estrangeiro, não há que se falar em 
litispendência, tão pouco no impedimento da autoridade judiciária brasileiro 
conhecer da mesma causa e das que lhe forem conexas, conforme 
orientação do artigo 90, do Código de Processo Civil. 
 E, quanto à competência exclusiva, dispõe o artigo 89 que compete à 
autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
a) conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
b) proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o 
autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território 
nacional. 
 
 
 
 
3.2 Competência interna 
 
 No Brasil há autoridades judiciárias especializadas, conforme estipulação 
constitucional. Todo aquele que pretende litigar judicialmente deve estar 
atento à matéria que pretende discutir, cabendo-lhe verificar se a 
competência é da Justiça do Trabalho, Eleitoral, Militar ou Comum. Em se 
tratando da Justiça Comum, deve-se verificar se o assunto é afeto à Justiça 
Federal ou Estadual. 
29 
 Na sequência, apresenta-se organograma do Poder Judiciário brasileiro, 
extraído da obra “Direito Constitucional Esquematizado”, de Pedro Lenza 
(2009, p. 533): 
 Determinada a matéria da ação a ser ajuizada, deve-se escolher a Justiça 
com competência para analisá-la. Ao presente estudo interessa apenas a 
análise da Justiça Comum, que compreende as Justiças Federal e Estadual. 
 Enquanto a competência da Justiça Federal se dá ratione personae, isto é, 
em razão da pessoa, a competência da Justiça Estadual é supletiva. Isto 
significa que, primeiramente deve-se verificar se a demanda não deve ser 
ajuizada perante a Justiça Federal, só com o que será passível de 
ajuizamento perante a Justiça Estadual. Se a situação não se adequar a 
nenhuma das hipóteses previstas para a Justiça Federal, caberá o 
ajuizamento perante a Justiça Estadual, devendo-se verificar, a partir de 
então, qual o foro (comarca) e qual o juízo competente.
Juizados 
Especiais 
Juízes 
Estaduais, 
do DF e 
Territórios 
Juízes d e 
Direito, 
juiz ( - auditor) 
e Conselhos 
de Justiça 
Auditorias ( 
Militares 
Estaduais, 
do DF e 
Territórios) 
Juízes 
Federais 
Juízes do 
Trabalho 
Juízes e 
Juntas 
Eleitorais 
Conselhos 
de Justiça 
Auditorias ( 
Militares da 
União) 
Colégios 
Recursais 
TJs TJM ou TJ TRFs TRTs TREs 
STJ Colégios 
Recursais 
Colégios 
Recursa is 
Colégios 
Recursais 
STF 
 
 
30 
3.2.1 Competência absoluta e relativa 
 
 A competência pode ser absoluta ou relativa. Se for absoluta, é apta a gerar 
a nulidade processual, pois se reveste de ordem pública, podendo ser 
declarada mediante requerimento ou de ofício, pelo juiz. Contudo, se for 
relativa, deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão, vez 
que não pode ser declarada de ofício. 
 A competência absoluta deve ser arguida como preliminar em contestação, 
mas, se não o for, poderá ser arguida a qualquer momento e grau de 
jurisdição. Já a competência relativa deve ser arguida mediante exceção de 
incompetência, em petição autônoma, no prazo para a defesa, sob pena de 
preclusão. 
 Declarada a incompetência absoluta, os autos devem ser remetidos ao juízo 
competente, anulando-se os atos decisórios praticados pelo juiz 
incompetente. 
 Não se aplicam às regras de competência absoluta as hipóteses de 
prorrogação, derrogação, conexão e continência, situações que alteram a 
competência originária e, portanto, só se aplicam às regras de competência 
relativa. 
 No entanto, é importante ter em mente que a distinção entre competência 
absoluta e relativa refere-se apenas à competência de foro, isto é, de 
comarca, posto que a competência de juízo é sempre absoluta. Por 
exemplo, enquanto é passível de prorrogação de competência uma ação 
ajuizada na cidade “A” ao invés da cidade “B”, o mesmo não ocorre quando 
uma ação é ajuizada na Vara da Família quando o correto seria a Vara da 
Fazenda Pública. 
 A competência absoluta do foro pode ser modificada pelo critério da 
prevenção, por exemplo, na hipótese de um imóvel estar situado em mais 
um estado ou comarca. 
 
 
3.2.2 Critérios para fixação da competência 
 
 São 3 (três) os critérios para classificação da competência: 
a) critério objetivo; 
b) critério territorial; e 
c) critério funcional. 
 Pelo critério objetivo, a competência é fixada em função da matéria e do 
valor da causa. Se fixada em função da matéria, a competência é absoluta, 
enquanto que, se fixada em função do valor é relativa, conforme determina o 
artigo 111, do Código de Processo Civil. 
 Pelo critério territorial, a competência é fixada em função do local, nos 
casos em que se determina a competência de foro (comarca), que é relativa. 
Por sua vez, pelo critério funcional, a competência é fixada em função 
da hierarquia, regra que determina a competência de um processo em razão 
 
31 
de outros, já em trâmite e que com o primeiro possuem relação. A 
competência funcional é absoluta. 
 Para apuração da competência, pode-se seguir o seguinte roteiro: 
 1º) verificar se a demanda não é de competência originária do Supremo 
Tribunal Federal (instância extraordinária) ou do Superior Tribunal de Justiça 
(instância especial); 
 2º) verificar se a demanda pode ser aforada em uma das Justiças 
Especializadas, como a do Trabalho, a Militar ou a Eleitoral; 
 3º) em caso negativo, não sendo a demanda de competência originária do 
Supremo Tribunal Federal, nem do Superior Tribunal de Justiça, tão menos 
de uma das Justiças Especializadas, será da Justiça Comum, devendo 
verificar se compete à Justiça Federal ou Estadual processá-la e julgá-la; 
 4º) verificar se a demanda não é de competência originária do Tribunal de 
Justiça (se a Justiça Estadual for competente), ou do Tribunal 
Regional Federal (se a Justiça Federal for a competente); 
5º) verificar qual o foro competente; e 
 6º) verificar qual o juízo competente. 
 
 
3.2.3 Competência da Justiça Federal 
 
 Segundo artigo 109, da Constituição Federal de 1988, compete aos juízes 
federais processar e julgar: 
a) as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública 
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou 
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as 
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
b) as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 
Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
c) as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado 
estrangeiro ou organismo internacional; 
d) os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas 
ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a 
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
e) os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, 
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente; 
f) as causas relativas a direitos humanos, quando constatada ocorrência de 
grave violação, hipótese em que o Procurador-Geral da República, com a 
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o 
Brasil seja parte, suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em 
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal; 
 
 
32 
g) os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados 
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômicofinanceira; 
h) os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando 
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam 
diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
i) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
j) os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar; 
k) os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a 
execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença 
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, 
inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
l) a disputa sobre direitos indígenas. 
 
 
3.2.4 Foro competente 
 
 Após identificação da Justiça Comum competente, cabe ao autor identificar 
em qual foro deve ajuizar sua demanda. Na Justiça Estadual a divisão se dá 
em comarcas, enquanto na Federal em seções judiciárias. Conforme 
estipula o artigo 94 do Código de Processo Civil, a ação fundada em direito 
pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão 
propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. Essa é a regra geral de 
competência, chamada de competência comum, aplicável caso nenhuma 
regra especial seja pertinente. 
 Caso o réu possua mais de um domicílio, poderá ser demandado no foro de 
quaisquer deles, sendo esta uma hipótese de competência concorrente. 
 Se for incerto ou desconhecido seu domicílio, ele poderá ser demandado 
onde for encontrado, ou no foro do domicílio do autor. 
 Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será 
proposta no foro do domicílio do autor, e, caso o autor também resida fora 
do Brasil, a ação poderá ser proposta em qualquer foro. 
 Outra hipótese de competência concorrente é a do artigo 94, parágrafo 
quarto, do Código de Processo Civil, que dispõe que quando houver dois ou 
mais réus, com diferentes domicílios, poderão
ser demandados no foro de 
qualquer deles, à escolha do autor. 
 Conforme dispõe o artigo 96 do Código de Processo Civil, o foro do 
domicílio do autor da herança, no Brasil é o competente para o inventário, a 
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e 
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no 
estrangeiro. No entanto, é competente o foro: 
a) da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio 
certo; 
a) do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio 
certo e possuía bens em lugares diferentes. 
33 
 Nas situações de ausência do réu, as ações correm no foro de seu último 
domicílio, que também se reputa competente para a arrecadação, o 
inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. 
 Quando o réu for incapaz, o domicílio é necessário, caso em que a ação 
deve ser processada no foro do domicílio de seu representante, conforme 
orientação do artigo 98, do Código de Processo Civil. 
 Findas as hipóteses que traduzem meros desmembramentos da regra geral 
de competência, consta uma hipótese de foro especial no artigo 95 do 
Código de Processo Civil, que determina que nas ações fundadas em direito 
real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa, sendo lícito ao 
autor optar pelo foro do domicílio ou de eleição, quando o litígio não recaia 
sobre: 
a) o direito de propriedade; 
b) direitos de vizinhança; 
c) servidão; 
d) posse; 
e) divisão de terras; 
f) demarcação de terras; e 
g) nunciação de obra nova. 
 Para todas essas hipóteses, o foro competente é relativo e a demanda pode 
ser proposta no domicílio do réu ou no foro de eleição, caso este tenha sido 
contratualmente previsto. 
 Quando o Estado for autor, aplicam-se as regras gerais de 
competência, e, se for réu, a demanda deve ser ajuizada em seu domicílio, 
isto é, no foro da capital. 
 Conforme estipula o artigo 100, do Código de Processo Civil, é competente 
o foro: 
a) da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a 
conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; 
b) do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se 
pedem alimentos; 
c) do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos 
extraviados ou destruídos; 
 d) do lugar: 
d.1) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa 
jurídica; 
d.2) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às 
obrigações que ela contraiu; 
d.3) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em 
que for 
ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica; 
d.4) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em 
que se Ihe exigir o cumprimento; 
e) do lugar do ato ou fato: 
 
 
34 
e.1) para a ação de reparação do dano; 
e.2) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de 
negócios alheios. 
 Nas ações que versem sobre reparação de danos sofridos em razão de 
delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor 
ou do local do fato, em hipótese de competência concorrente. 
 
 
3.2.5 Modificação de competência 
 
 Como já mencionado, a competência absoluta não pode ser modificada, 
diferentemente da relativa, que pode ser alterada: a) pela prorrogação; 
b) pela derrogação; 
c) pela conexão; e 
d) pela continência. 
 A prorrogação ocorre quando o processo é aforado em juízo relativamente 
incompetente, e no prazo para defesa o réu nada alega, deixando com que o 
juízo inicialmente incompetente torne-se competente. A incompetência 
relativa não pode ser declarada de ofício pelo juiz, pois depende de 
expressa manifestação da parte contrária, mediante apresentação de 
exceção de incompetência. 
 A derrogação se verifica nas hipóteses em que a lei faculta às partes a 
eleição de um foro competente. Conforme redação do artigo 111, do Código 
de Processo Civil, a competência em razão da matéria e da hierarquia é 
inderrogável por convenção das partes, mas estas podem modificar a 
competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão 
propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. 
 A cláusula que elege o foro, no entanto, deve ser expressa. Estipulado o 
foro de eleição, este obriga também os sucessores e herdeiros das partes. 
Mas, a eleição de foro não prevalece sobre situações em que se verifique a 
conexão. 
 Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto 
ou a causa de pedir. Quando há conexão entre duas ou mais ações, estas 
podem ser reunidas por requerimento das partes ou de ofício, pelo juiz. A 
finalidade, por economia processual, é a decisão simultânea dos processos. 
 Quando correrem em separado ações conexas perante juízes que possuem 
a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que houver 
despachado em 1º (primeiro) lugar. 
A conexão, diferentemente da alegação de incompetência, não exige 
petição autônoma, podendo ser realizada na própria contestação, pelo réu, e 
também não preclui se não realizada nessa oportunidade, posto que o 
interesse no julgamento simultâneo não é meramente das partes. 
 A continência, por sua vez, ocorre quando houver, entre duas ou mais 
ações, identidade quanto às partes e à causa de pedir, ma só objeto de 
uma, por ser mais amplo, abranger o das outras, conforme redação legal do 
artigo 105, do Código de Processo Civil. 
35 
 
 
3.2.6 Declaração de incompetência 
 
 Como já mencionado, em havendo incompetência absoluta, esta deve ser 
arguida como preliminar de contestação, embora, caso não o seja, não torna 
preclusa a matéria, que pode ser alegada a qualquer tempo e grau de 
jurisdição, sendo passível, inclusive, de declaração de ofício, pelo juiz. 
 Já em relação à incompetência relativa, deve ser arguida em tempo, 
mediante petição autônoma (exceção de incompetência) sob pena de 
preclusão da matéria e prorrogação do foro. 
 Como se vê, a incompetência relativa não é matéria de ordem pública, e, 
portanto, não pode ser declarada de ofício. Contudo, há uma importante 
exceção. Quando celebrado contrato de adesão e incluída cláusula de 
eleição de foro, há que se estar atento à validade desta. Se a cláusula de 
eleição de foro for nula, então poderá ser declarada de ofício pelo juiz, que 
deverá declinar de competência para o juízo de domicílio do réu. 
 
 
3.2.7 Conflitos de competência 
 
 Conforme dispõe o artigo 115, do Código de Processo Civil, há conflito de 
competência: 
a) quando dois ou mais juízes se declaram competentes; 
b) quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; 
c) quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou 
separação de processos. 
 O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo 
Ministério Público ou pelo juiz. É obrigatória a oitiva do Ministério Público em 
todos os casos de conflito de competência. 
 No entanto, a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência, 
não pode suscitar o conflito. O conflito de competência não impede, porém, 
que a parte que não o suscitou ofereça exceção declinatória de foro. 
 O conflito de competência deverá se suscitado ao presidente do tribunal: 
a) pelo juiz, por ofício; 
b) pela parte e pelo Ministério Público, por petição. 
Em qualquer caso, o pedido deve ser instruído com os documentos 
necessários à prova do conflito. 
 Distribuído o pedido, o relator mandará ouvir os juízes em conflito, ou 
apenas o suscitado, se for suficiente. O relator pode, de ofício, ou a 
requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for 
positivo, que seja sobrestado o processo, mas, neste caso, assim como no 
de conflito negativo, deve designar um dos juízes para resolver,

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