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Centro Universitário Salesiano de São Paulo Unisal – Campus São Joaquim Curso de Psicologia Ana Mirela Anderson da Costa Cruz Icaro Augusto Ismael Andrade Israel rocha Juliana Calvalcante Mariana Lima Análise do filme ‘As Sufragistas’: base na obra de Foucault, ‘A verdade e as formas jurídicas’ Lorena 2017 Ana Mirela Anderson da Costa Icaro Augusto Ismael Andrade Israel rocha Juliana Calvalcante Mariana Lima Análise do filme ‘As Sufragistas’: base na obra de Foucault, ‘A verdade e as formas jurídicas’ Trabalho de aproveitamento para a disciplina de Psicologia e Políticas Públicas do curso de Psicologia como exigência parcial para aprovação no curso. Profa. Me. Aline Tavares Lorena 2017 1. Análise do filme ‘As Sufragistas’ O Filme ‘As Sufragistas’, se passa no ano de 1912 (século XX). Neste período as mulheres já haviam feito diversas campanhas pacíficas para conquistar o direito ao voto, mas como não obtiveram resultado, passaram a adotar ações de desobediência como: quebrar janelas de lojas, explodir propriedades, fazer passeatas, atividades ilegais, fazer greves, entre outras ações. Dessa forma passaram a serem vistas como criminosas na sociedade. Foucault (2002) explica que a sociedade disciplinar se formou no início do século XVIII, na sociedade contemporânea. Surgiu a partir da reforma e reorganização do sistema judiciário e penal. Assim, a lei penal deveria ser útil para a sociedade e tratar como repreensível tudo que fosse nocivo à ela. Dessa forma o criminoso passa a ser entendido como inimigo social, que perturba e danifica a sociedade. (p.79 - 81) Vistas então como inimigas da sociedade, as ações de desobediência adotadas pelas mulheres trabalhadoras da Inglaterra, contribuíam para a instabilidade do pacto social que, se rompido por um determinado grupo ou indivíduo, o dano causado deveria ser apagado ou reparado. Devendo a lei penal “reparar o mal ou impedir que males semelhantes possam ser cometidos contra o corpo social”, Foucault (2002) descreve que foram surgindo algumas formas de penalidades. Inicialmente quatro ideias seriam as principais: punição por expressa afirmação de que o sujeito rompeu o pacto social; segundo expulsão do próprio local (transferência para fora do espaço social); em terceiro o trabalho forçado e; por último fazer com que o dano não fosse cometido novamente (pena de talião). Posteriormente estas penalidades foram substituídas pela prisão. (p. 82-84) O filme mostra que quando as sufragistas eram pegas, eram transferidas temporariamente para uma prisão e permaneciam lá por algum tempo. Se extrapolassem uma quantidade máxima de prisões temporárias, e fossem pegas mais uma vez, seriam presas por cerca de 2 anos. Também foi possível constatar a humilhação provocada, quando os policiais pegam Maud Watts (a protagonista) e deixam na frente de suas casas para que os vizinhos vejam, para que seu marido sinta-se envergonhado e ‘resolva o problema’. Foucault (2002) explica que a legislação penal vai se desviando da utilidade social. No século XIX todas as penalidades passam ser uma forma de controle sob os indivíduos. A lei penal, então, passa a observar não apenas o que as pessoas fizeram, mas também o que poderão vir a fazer, do que são capazes de fazer, do que estão sujeitos a fazer, do que estão a iminência de fazer. A separação dos poderes em legislativo, executivo e judiciário, foi decisiva para fazer com que esse controle pudesse se instaurar. (p.85) controle penal punitivo dos indivíduos ao nível de suas virtualidades não pode ser efetuado pela própria justiça, mas por uma série de outros poderes laterais, à margem da justiça, como a polícia e toda uma rede de instituições de vigilância e de correção - a polícia para a vigilância, as instituições psicológicas, psiquiátricas, criminológicas, médicas, pedagógicas para a correção. (Foucault, 2002. p.86) A lavanderia onde algumas mulheres trabalhavam servia e fazia o papel de um mecanismo de controle. Elas eram vigiadas durante uma longa jornada de trabalho, que tomava quase o dia inteiro (caracterizando, também a primeira função das instituições de sequestro; a extração da totalidade do tempo) (p.118). Quando surge uma mulher sufragista convencendo a Maud a participar das ações do movimento sufragista, é possível notar o início de um ataque ao sub poder. Falo de subpoder pois se trata do poder que descrevi há pouco e não do que é chamado tradicionalmente de poder político; não se trata de um aparelho de Estado, nem da classe no poder; mas do conjunto de pequenos poderes, de pequenas instituições situadas em um nível mais baixo.[sic] (Foucault, 2002. p.125) Para o controle das virtualidades a polícia conta com o inspetor Steed, especialista em vigilância e coleta de dados. Steed passa a ser responsável pelas sufragistas. A polícia também exerce muito bem esse seu papel de vigilância e punitivo. Quando dezenas de mulheres se encontram para escutar a fala da líder sufragista (Sra. Pankhurst), sem que tivessem feito qualquer coisa de errado (somente por estarem escutando a fala), a polícia chega batendo e capturando cada uma das mulheres. Que foram colocadas nas viaturas e deixadas na porta de suas casas. Fica evidente o controle punitivo das virtualidades uma vez que no momento, as moças não tivessem feito nada de errado. Em uma oportunidade o inspetor Steed, tenta atribuir o poder de vigilância também à Maud, eles se encontram e ele sugere que ela seja informante da polícia, que passe informações sobre o grupo. Busca com essa ação, construir um saber a respeito das pessoas vigiadas, assim como no panopstismo que Foucault (2002) descreve como: uma forma de poder que repousa não mais sobre um inquérito mas sobre algo totalmente diferente, que eu chamaria de exame. (...) Vigilância permanente sobre os indivíduos por alguém que exerce sobre eles um poder (...) a possibilidade tanto de vigiar quanto de constituir, sobre aqueles que vigia, a respeito deles, um saber. (...) Ele se ordena em torno da norma, em termos do que é normal ou não, correto ou não, do que se deve ou não fazer. (Foucault, 2002, p. 87-88) Esse tipo de “saber de vigilância, de exame,” viria a se tornar o controle dos indivíduos e dar base para a forma de poder, denominada como saber-poder. Atribuídas às ciências humanas, como a psiquiatria, psicologia, sociologia, etc. (p. 88) É possível notar a tarefa dupla de vigilância (Foucault, 2002, p.89) exercida pelo marido da protagonista, quando a expulsa de casa, sendo esta atitude análogo à expulsão, o exílio, o banimento ou a deportação. (p .82) O surgimento da polícia, segundo Foucault (2002), se dá a partir das sociedades propriamente econômicas, inicialmente foi uma polícia privada para defender o patrimônio, de modo que os bairros de Liverpool, na Inglaterra, começa a ser arranjados como organizações privadas. A partir daí a riqueza passa a ser armazenada em forma de acumulo de estoques e de maquinas, e começou a ser necessário garantir sua segurança. (p. 91-92) A polícia sem aparece no filme, protegendo a elite contra as sufragistas em atos e grandes aglomerados. Por exemplo, como foi na cena em que o juiz deu o decreto recusando o direito às mulheres de votarem, em resposta à agitação, a polícia usou de grande violência para conter e prender as mulheres, como um reforço do poder da autoridade penal. REFERÊNCIAS AS SUFRAGISTAS.Direção: Sarah Gavron. Produção: Alison Owen, Andy Stebbing, Cameron McCracken, Faye Ward, Katherine Butler. Reino Unido: Film 4, BFI, Ingenious Media, Canal+, Ciné+, Ruby Films. 2015. 1 DVD (106 min), widescreen, color. FOUCAULT, Michael. Conferência 4. In:______. A verdade e as formas jurídicas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Trarepa, 2002. FOUCAULT, Michael. Conferência 5. In:______. A verdade e as formas jurídicas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Trarepa, 2002.
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