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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) FEDERAL DA......VARA DO TRABALHO DE MACAÉ/RJ.
	FULANO DE TAL, brasileiro, casado, marítimo, inscrito no CPF (MF) sob o nº XXXXXXXXXX, residente e domiciliado à Rua XXXXXX, nº XX, Bairro XXXXXX, XXXXXXX/PA CEP XXXXXXX, vem, por seu procurador judicial infra-assinado (procuração em anexo), propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA contra EMPRESA TAL S/A, empresa inscrita no CNPJ (MF) sob o nº XXXXXXXXXXXXXXXX, com endereço na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXX, Rio de Janeiro - RJ, CEP XXXXXXXXXXXXXXX, e, empresa EMPRESA QUAL S/A inscrita no CNPJ (MF) sob o nº XXXXXXXXXXXXX, com endereço na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXX, Rio de Janeiro - RJ, CEP XXXXXXXXXXXXXXX, pelas razões que passa a expor:
I – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA SEGUNDA RECLAMADA. 
Uma vez que o autor, ao longo do período imprescrito, laborou com exclusividade para a 2ª Reclamada, EMPRESA QUAL S/A, insurge-se também contra esta, tomadora dos serviços prestados pelo obreiro, atraindo para essa a responsabilização subsidiária, nos termos da súmula 331, IV do C. TST.
II – CONTRATO DE TRABALHO.
O reclamante foi contratado pela empresa y S.A em 08.07.2003, para trabalhar como Marinheiro de Convés, sendo esta empresa sucedida pela empresa Tal S/A, ora demandada, em 01.11.2013, como a anotado às fls. 41 de sua CTPS, em anexo.
O local da contratação foi no Município de Macaé/RJ, também onde, ao longo do liame empregatício, ocorreram os últimos embarques do autor, sendo, portanto, esse Juízo competente para instrução e julgamento do feito.
Em 09.12.2016 de forma abrupta e sem justa causa, teve rescindindo seu contrato de trabalho, com o recebimento de Comunicação de Dispensa, na forma de Telegrama (doc. anexo), e Aviso Prévio, também datado em 09.12.2016. 
A remuneração do autor no mês anterior à ruptura do pacto laboral (novembro/2016) foi no valor liquido de R$ 6.254,97 (seis mil, duzentos e noventa e quatro reais e noventa e sete centavos), conforme contracheque em anexo.
Expirado o prazo legal para adimplemento das verbas rescisórias, a primeira demandada não adimpliu com nenhuma de suas obrigações contratuais, com exceção apenas da baixa em sua CTPS (que foi remetida pelo autor via postal - SEDEX), sem que a empresa tenha fornecido o TRCT, guias de seguro-desemprego, ou chave de conectividade para o saque de seu FGTS.
Em 06.01.2017 a primeira reclamada, através de outro telegrama (doc. em anexo), comunicou ao obreiro que não iria lhe pagar suas verbas rescisórias, e outras, sob o pretexto de que havia entrado com pedido de recuperação judicial em 13.12.2016 (Processo nº 0425144-44.2016.8.19.0001), sem dar maiores detalhes sobre referido pedido.
	Em razão desses fatos, vem o autor se socorrer dessa Justiça especializada para ter seus direitos garantidos.
II - DO DIREITO.
2.1 DA CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA PARA LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS DO FGTS DO AUTOR E EMISSÃO DE GUIAS DE SEGURO DESEMPREGO.
	
	Nos termos do art. 300 do CPC, aplicável ao processo do trabalho por força do art. 3º, IV, da Instrução Normativa nº 39/2016 do C. TST, o juízo poderá antecipar os efeitos da tutela pretendida toda vez em que houver probabilidade do direito e o perigo de dano.
A antecipação de tutela nada mais é do que se antecipar os efeitos de uma sentença de mérito, mediante determinados requisitos, dentre eles probabilidade do direito e o perigo de dano, caso se aguarde o final da marcha processual.
Com efeito, no caso em tela, restam incontroversas a dispensa imotivada do reclamante e a inadimplência da reclamada quanto às verbas rescisórias, como atestam os documentos juntados com a peça vestibular: Aviso Prévio, Comunicado de Dispensa, CTPS e Telegrama. Portanto, o direito do autor ao levantamento dos valores depositados nas contas de FGTS não só é provável, como é inequívoco. 
	Também incontroverso é o direito do obreiro à emissão de guias de seguro-desemprego.
	Diante da situação de penúria do autor pelo inadimplemento de suas verbas rescisórias, e como até o presente momento e se encontra impossibilitado de fazer o levantamento de seu FGTS, a demora na prestação da tutela jurisdicional poderá agravar ainda mais a precariedade de seu estado financeiro, pondo em risco a própria sobrevivência e de seus familiares. Portanto, o perigo de dano também resta demonstrado.
	Demonstrada a dispensa sem justo motivo é direito líquido e certo do trabalhador a expedição do respectivo alvará para liberação do FGTS e de ofício para habilitação no seguro desemprego, ante a natureza alimentar das parcelas e o risco de lesão de difícil reparação, em especial em casos como o presente, onde sequer as verbas rescisórias foram pagas.
	O aresto, abaixo transcrito, baliza os pleitos do reclamante:
TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00014236520145020020 SP 00014236520145020020 A28 
Data de publicação: 22/10/2015
Ementa: Litigância de má-fé. Alvará para levantamento de FGTS. É de conhecimento público a praxe da Caixa Econômica Federal de, ao ser comunicada da dispensa sem justa causa do empregado, lançar no extrato de conta vinculada o saque do saldo do FGTS, embora este só seja efetivamente realizado quando apresentado o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho ou decisão judicial determinando o levantamento dos valores. Dessa forma, a recorrente não agiu com má-fé ao requerer a expedição de alvará judicial, já que a medida foi imprescindível para possibilitar o saque do saldo de FGTS existente na sua conta vinculada. Recurso da autora a que se dá provimento para excluir a condenação em litigância de má-fé.
TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00013414020125020461 SP 00013414020125020461 A28 
Data de publicação: 27/02/2015
Ementa: RECURSO ORDINÁRIO. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA. DIFERENÇAS DE FGTS. DEPÓSITO NA CONTA VINCULADA. OBRIGAÇÃO LEGAL. LEI 8.036 /90, ART. 18. Independentemente da forma de ruptura do contrato de trabalho, as diferenças de FGTS devem ser depositadas na conta vinculada do reclamante, nos termos do art. 18 da Lei 8.036 /90, notadamente pelo fato de que sobre os valores depositados na conta vinculada incidem cominações previstas na própria lei do FGTS. Diante desse quadro, impõe-se a reforma a sentença apenas para consignar que após a comprovação do depósito do FGTS deverá ser liberado o alvará para levantamento do FGTS.
TRT-5 - AGRAVO DE PETIÇÃO AP 00007967520115050281 BA 0000796-75.2011.5.05.0281 
Data de publicação: 04/11/2015
Ementa: FGTS. LEVANTAMENTO POR MEIO DE ALVARÁ. Se existe crédito a favor do empregado, despedido sem justa causa, em sua conta vinculada, tal valor deve ser, de logo, colocado à sua disposição, até porque tal medida não implica qualquer prejuízo a agravada, já que a quantia levantada será oportunamente deduzida do montante devido a título de indenização substitutiva e impede o enriquecimento ilícito do reclamante. Recurso provido.
TRT-1 - MANDADO DE SEGURANÇA MS 00108097520155010000 RJ (TRT-1)
Data de publicação: 28/06/2016
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA ANTECIPADA. EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ PARA LEVANTAMENTO DO FGTS E DE OFÍCIO PARA HABILITAÇÃO NO SEGURO DESEMPREGO. Restando incontroversa a dispensa do trabalhador sem justa causa, bem como o não pagamento das verbas do distrato, em razão de dificuldades financeiras alegadas pela ex-empregadora, mostra-se cabível cassar o ato judicial que indeferiu a antecipação de tutela para saque do FGTS e habilitação no seguro desemprego, em conformidade com a jurisprudência deste Colegiado.
	Ante o acima exposto, estando presentes os requisitos autorizadores para a concessão da tutela pretendida, requer o autor que lhe seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, com a expedição de alvará judicial para o saque de seu FGTS, nos termos do art. 300, do CPC.
	O reclamante anexa com a presente peça os extratos das contas que deverão ter os valores liberados por alvará judicial, desde já informando que se trata de duas contas fundiárias, que não foramunificadas pela primeira reclamada, apesar da sucessão empresarial ocorrida em 01.11.2013, como anotado às fls. 41 de sua CTPS, em anexo.
	Trata-se, portanto, de grupo econômico, conforme anotação às fls. 42 da CTPS do obreiro, e não fora feita a unificação destas contas.
	O aresto, abaixo transcrito, corrobora a tese do autor: 
TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00007246620125020013 SP 00007246620125020013 A28 
Data de publicação: 27/11/2014
Ementa: CONTA VINCULADA DO FGTS. SUCESSÃO DE EMPRESAS. UNIFICAÇÃO DE CONTAS. DIFERENÇAS DE MULTA DEVIDAS. No presente caso, há suficiente prova documental da existência de segunda conta vinculada, sendo certo que cabia à ré, na qualidade de empregadora, solicitar a unificação delas por ocasião da sucessão havida e observar a totalidade do saldo das contas vinculadas na rescisão.
	Requer, também em sede de antecipação de tutela, a expedição de ofício à DRT para sua habilitação ao recebimento do seguro-desemprego.
2.2 MULTA DE 40% SOBRE OS DEPÓSITOS DO FGTS E DIFERENÇAS.
	Sendo incontroversa a rescisão do pacto laboral sem justa causa, pugna o autor para que sejam as demandadas compelidas a pagarem a multa de 40% sobre os depósitos do FGTS.
	O reclamante requer seja determinado à primeira reclamada, que apresente todos os comprovantes de depósito do FGTS nas contas vinculadas do autor, sob as penalidades do art. 400 do CPC.
	Na eventualidade de restarem incompletos os depósitos nas contas vinculadas do obreiro, requer-se a responsabilização das reclamadas pelo pagamento de diferenças, garantindo-se integralidade dos depósitos fundiários, inclusive para efeitos de cálculo da indenização compensatória de 40% do FGTS.
2.3 DEMAIS VERBAS RESCISÓRIAS
	Conforme acima exposto, o reclamante foi dispensado sem justa causa na data de 09.12.2016, sem ter recebido suas verbas rescisórias até a presente data. Desta forma entende também serem devidas as seguintes parcelas rescisórias:
 
2.3.1 Aviso Prévio Indenizado:
	
	O reclamante faz jus ao recebimento do Aviso Prévio Indenizado e proporcional ao tempo de serviço (69 dias, de acordo com a Lei 12.506/2011), em razão de sua despedida imotivada, como os acréscimos legais.
 2.3.2 Saldo de salário do mês de dezembro/2016:
	O reclamante faz jus ao recebimento de seu saldo de salário, na proporção de 9 (nove) dias trabalhados, com os acréscimos legais.
2.3.3 Segunda parcela do 13º Salário de 2016 e 13º proporcional de 2017.
	
	Informa o obreiro que a primeira reclamada efetuou o pagamento da primeira parcela do 13º Salário, no valor de R$ 1.875,52, restando devida a segunda parcela. Contudo, em razão do Aviso Prévio Indenizado (30 dias + 39 dias proporcionais ao tempo de serviço de 13 anos), o tempo de serviço do autor foi prorrogado até 18.02.2016, devendo ser levando em conta esse período para pagamento de 13º salário proporcional de 2017.
 2.3.4 Férias Proporcionais + 1/3 de 2016/17:
 
	O reclamante faz jus ao recebimento de Férias Proporcionais + 1/3, referente a 05/12 avos. Em razão da projeção do aviso prévio, também faz jus a 3/12 de férias indenizadas, igualmente acrescidas de 1/3.
 
2.4 MULTAS DO ART. 466 E DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
	Com já exposto acima, a primeira reclamada não adimpliu com nenhuma de suas obrigações contratuais relativas ao pacto laboral, com exceção apenas da baixa da CTPS do obreiro. Portanto, não foram fornecidos o TRCT, as guias de seguro-desemprego, ou chave de conectividade para o saque de FGTS, assim como, não houve o pagamento das verbas rescisórias no tempo oportuno. 
	Isso posto, requer o autor o pagamento das verbas incontroversas do pacto até a data da audiência inaugural, sob pena de acréscimo de 50% sobre o montante devido, conforme preceitua o art. 467 Consolidado.
 	
	Requer também o pagamento de um salário do obreiro, nos termos do § 8º do art. 477 Consolidado. A multa prevista no art. 477, § 8º da CLT, devida ao empregado no valor correspondente ao seu salário, há de ser interpretada em consonância com os dizeres do caput do mesmo dispositivo, que prevê ao trabalhador o direito de haver do empregador uma indenização paga na base da maior remuneração que tenha recebido na empresa.
2.5 DO DANO MORAL PELO ATRASO NO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS
A primeira reclamada rescindiu sem justa causa o pacto laboral estabelecido com o trabalhador e não efetuou o pagamento das verbas rescisórias quando do seu desligamento, o que deixou o obreiro em total desamparo, acarretando-lhe imenso transtorno.
Constatado o erro de conduta da empresa, a ofensa à honra e à dignidade do autor e o nexo de causalidade entre ambos, há o dever de reparação do dano moral, por conta da violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e na dignidade do trabalho, ambos presentes no ordenamento jurídico pátrio.
É certo que quando se retira por inteiro do trabalhador os meios de prover a sua subsistência, ou seja, os meios de prover as suas necessidades básicas, lhe é subtraída a sua dignidade, causando-lhe com isto enorme sofrimento e constrangimento, gerando assim o dever da empresa em indenizar o trabalhador pelos danos morais suportados.
Diante da inadimplência da primeira reclamada, o autor, que é o arrimo de sua família, se viu privado de seu meio de subsistência. Essa privação, por óbvios motivos, trouxe grande frustação e angústia ao obreiro, atentando contra sua dignidade, devendo as demandadas, por conta disso, serem compelidas a indenizá-lo pelos danos morais suportados. 
A existência do dano moral é inegável. A dor experimentada pelo autor é irrefragável e absoluta, já que contava com seu salário e, no caso: com as demais verbas decorrentes de sua rescisão, para manter seu sustento. 
As reclamadas são responsáveis, na medida em que assumiram as consequências de seus atos e omissões, já descritos. Ademais, nos precisos termos do art. 2º Consolidado, os riscos das atividades econômicas das requeridas não podem ser suportados pelo trabalhador, na medida em que este não detém poder algum de direção dos rumos do empreendimento, tal como o empregador. Portanto a obrigação de reparação do dano, decorrente da assunção do risco por parte das empresas rés da atividade que exploram, é de natureza objetiva.
Com efeito, o próprio Código Civil fornece a definição de ato ilícito:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes".
O mero dever genérico de não prejudicar não foi respeitado pelas reclamadas. Estas, como observado, foram omissas, negligentes e excederam em muito os limites decorrentes do liame empregatício, impostos tanto pelos seus fins econômico-sociais, como pelos bons costumes.
O nexo etiológico é facilmente demonstrável, na medida em que foram as ações ou omissões das demandadas que custaram (e ainda custam) ao autor, dias seguidos de estresse, preocupações, constrangimentos e ofensas aos seus direitos e garantias fundamentais.
O aresto, abaixo transcrito, corrobora a tese do autor:
ACÓRDÃO TRT 8ª / 1ª T / RO 0010793-66.2015.5.08.0117 Data:	23/08/2016	 
Ementa INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS. DANO IN RE IPSA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. A conduta da reclamada, de negligenciar o pagamento das verbas rescisórias do reclamante, tem o condão de macular o patrimônio imaterial do obreiro, já que o privou de verba necessária à sua própria sobrevivência, violando direitos da personalidade do trabalhador, o que configura ato ilícito, passível de indenização, nos termos dos arts. 186 e 927, do Código Civil. Trata-se de dano in re ipsa, dispensando-se a apresentação de provas que demonstrem a ofensa moral da pessoa. O próprio fato de atraso no pagamento das verbas rescisóriasdo reclamante já configura o dano, pelo que deve ser indenizado. 	 
[urn:lex:br;justica.trabalho;regiao.8:tribunal.regional.trabalho;turma.1:acordao:2016-08-23;0010793-66.2015.5.08.0117]
Em relação ao quantum indenizatório, este não deve ter apenas caráter de ressarcimento, pois a moral é inquestionavelmente imensurável, deve também imprimir caráter sancionatório, para que as requeridas não voltem mais a cometer a mesma desídia para com outros trabalhadores, pois saberão que o valor da condenação não será irrisório.
Dessa forma, diante da presença dos requisitos ensejadores do dever de indenizar, tendo em vista o caráter disciplinar e desestimulador da indenização, do poderio econômico das empresas promovidas, das circunstâncias do evento e da gravidade do dano causado ao autor, requer a condenação das reclamadas ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
2.6 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL - DESPESAS COM ADVOGADOS
O autor, para ver seus direitos trabalhistas respeitados, teve que bater às portas desta Justiça especializada. Não concorreu para essa situação, cuja responsabilidade é integralmente das reclamadas.
	Em que pese a possibilidade de o autor se valer do jus postulandi, não poderia abrir mão de contratar serviços advocatícios para essa lide, em razão, sobretudo, da complexidade dos temas envolvidos. Do contrário, haveria o trabalhador de se aventurar num desconhecido mundo jurídico, para tentar fazer prevalecer seus direitos, ainda que de forma não equânime, frente ao Judiciário.
	Isso posto, entende o trabalhador que a contratação de profissionais habilitados para a defesa de seus interesses perante essa lide não decorre de um simples capricho ou vão desejo. Ao contrário: é imprescindível para que seus direitos, violados por culpa exclusiva das reclamadas, sejam restaurados e/ou compensados.
	Uma vez que o obreiro não deu causa para a situação em que se encontra, sendo esta responsabilidade exclusiva das rés, caberá a estas suportarem o ônus decorrente da contratação de advogados para que o reclamante faça valer seus direitos. Esse entendimento encontra previsão expressa em nosso ordenamento jurídico.
	
O art. 389 do Código Civil dispõe:
"Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado."
Já art. 404 do mesmo Codex assim dispõe:
"Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros, custas e, sem prejuízo da pena abrangendo honorários de advogado convencional." 
	Resta patente, portanto, que a constituição de advogado para obter a satisfação de obrigações trabalhistas que as rés deveriam ter espontaneamente cumprido trouxe efetivo prejuízo ao autor, reduzindo o montante a que este faria jus, por ocasião do término do pacto laboral.
	A reparação, portanto, encontra amparo nos supracitados arts. 389 e 404 do Código Civil, e ainda, no Enunciado 53 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, promovida em dezembro de 2007:
"53. REPARAÇÃO DE DANOS - HONORÁRIOS CONTRATUAIS DE ADVOGADO. Os artigos 389 e 404 do Código Civil autorizam o Juiz do Trabalho a condenar o vencido em honorários contratuais de advogado, a fim de assegurar ao vencedor a inteira reparação do dano."
Por sua vez, os arestos, abaixo colacionados, corroboram a tese do autor:
TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00104118620135010069 RJ (TRT-1)
Data de publicação: 16/06/2015
Ementa: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTS. 389 E 404 DO CC/2002 . A interpretação sistemática dos arts. 389 e 404 do Código Civil implica no entendimento de que a ausência de cumprimento de uma obrigação faz com que o devedor tenha que pagar perdas e danos ao credor, sendo que essas englobam o valor referente aos honorários advocatícios. Esses dispositivos são amplamente compatíveis com o Processo do Trabalho, onde as obrigações do empregador, em geral, são pecuniárias. O princípio da reparação integral dos danos tem ampla aplicação no Direito do Trabalho, motivo pelo qual o empregado deve ser ressarcido pelos honorários que contrata para obter o reconhecimento do direito violado, mormente quando não há defensoria pública que o assista e o PJE - JT na forma como instalado nesta Região impossibilite o acesso real à justiça diretamente pelo trabalhador. Nesse sentido é o entendimento contido no Enunciado nº 53 da I Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho.
ACÓRDÃO TRT 3ª / Sétima Turma / 2014-04-03 Data: 03/04/2014
EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS OBRIGACIONAIS. REPARAÇÃO DE DANOS. O princípio da reparação integral de danos, resguardado nas disposições dos artigos 389, 395 e 404, do Código Civil, harmoniza-se com o princípio da proteção ao trabalhador, razão pela qual a conjugação de ambos autoriza o deferimento da reparação correspondente aos honorários advocatícios obrigacionais, mormente se inexiste dispositivo legal que afaste a aplicação do princípio da reparação de danos nesta hipótese. Entendimento em contrário imporia ao trabalhador a redução do seu patrimônio para garantir o exercício do direito constitucional de ação.
[urn:lex:br;justica.trabalho;regiao.3:tribunal.regional.trabalho;turma.7:acordao:2014-04-03;0000441-76.2013.5.03.0111]
ACÓRDÃO TRT 8ª / 1ª T / RO 0000442-74.2014.5.08.0115 Data 14/04/2015	 
EMENTA: INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS CORRESPONDENTE AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL. CABIMENTO. Consoante o princípio da reparação integral dos danos, a indenização deve abranger não só o próprio direito violado, mas também todas as despesas efetuadas para a obtenção da reparação desse direito, sendo, portanto, devida a indenização com vistas a garantir a reparação total dos prejuízos sofridos pelo trabalhador que teve seus direitos lesados reconhecidos. Inteligência do artigo 944 do Código Civil Brasileiro, combinado com os artigos 389 e 404 do mesmo diploma legal. Recurso do reclamante provido em parte. 
[urn:lex:br;justica.trabalho;regiao.8:tribunal.regional.trabalho;turma.1:acordao:2015-04-14;0000442-74.2014.5.08.0115]	 
 
	Isso posto, pugna o autor para que as rés sejam condenadas a arcarem com as despesas de honorários aos seus advogados, no percentual de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor da condenação final (total devido ao reclamante), conforme cópia do contrato de honorários estabelecidos entre as partes. 
III - BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
 
O reclamante declara ser pobre na forma da lei, não tendo condições econômicas de demandar em Juízo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família, requerendo, por conseguinte, os benefícios da Justiça Gratuita, consoante o art. 98, caput, do CPC/2015. 
IV – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência: 
A antecipação dos efeitos da tutela, a fim de que sejam expedidos, nos termos do art. 300, do CPC, Alvará judicial, para que o reclamante possa sacar o seu FGTS, conforme extratos em anexo; bem como Ofício para sua habilitação do seguro-desemprego.
Requer ainda, as seguintes parcelas:
MULTA DE 40% SOBRE O FGTS COM RESPONSABILIZAÇÃO DAS RÉS PELA INTEGRALIDADE DOS DEPÓSITOS FUNDIÁRIOS...........................................................ilíquido.
AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL.............................................................................R$ 14.386,43 
SALDO DE SALÁRIO DO MÊS DE DEZEMBRO/2016.................................................R$ 1.876,49
SEGUNDA PARCELA DO DÉCIMO-TERCEIRO SALÁRIO DE 2016.................................ilíquido.
DÉCIMO-TERCEIRO SALÁRIO PROPORCIONAL DE 2017..............................................ilíquido.
FÉRIAS PROPORCIONAIS DE 2016/17 (5/12)............................................................R$ 2.606,24
1/3 S/ FÉRIAS PROPORCIONAIS DE 2016/17...............................................................R$868,75 
FÉRIAS INDENIZADAS PROJEÇÃO DO A. PRÉVIO.................................................. R$ 1.563,74
1/3 S/ FÉRIAS INDENIZADAS PROJEÇÃO DO A. PRÉVIO...........................................R$ 521,25
MULTA DO ART. 467 DA CLT..............................................................................................ilíquido.
DO ART. 477, § 8º, DA CLT..........................................................................................R$ 6.254,97
INSS SOBRE VERBAS RESCISÓRIAS.............................................................................. ilíquido.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - ATRASO VERBAS RESCISÓRIAS ..............R$ 30.000,00
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL - CONTRATAÇÃO DE ADVOGADOS................ ilíquido.
	
Demais requerimentos:
Que sejam as verbas ilíquidas apuradas em execução de sentença, por cálculos, com os devidos acréscimos legais.
Que seja a primeira reclamada compelida a juntar nos autos os demonstrativos dos depósitos realizados, mês a mês, na conta do FGTS do autor, para que se apurem as diferenças existentes, acrescidas de 40% (quarenta por cento), sob pena de execução direta por quantia equivalente.
Que seja a primeira reclamada compelida a juntar os recibos de pagamento do autor, sob as penas do artigo 400 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao texto consolidado (CLT - art. 769).
Ratifica o autor os pleitos de condenação subsidiária da segunda reclamada, bem como, da concessão dos benefícios da Justiça Gratuita; ambos acima já fundamentados.
Protesta por todo gênero de provas em direito admitidas, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
	
	Dá-se à causa o valor de R$ 60.000,00 para fins de alçada.
	
	Termos em que pede deferimento.
	Belém, 02 de fevereiro de 2017.
ADVOGADO			
 	 OAB/PA XXX

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