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Diva Andrade Waldomiro Vergueiro Aquisição de materiais de informação Andrade, Diva Aquisição de materiais de informação / Diva Andrade, Waldomiro Vergueiro. – Brasília, DF : Briquet de Lemos/Livros, 1996. Bibliografia. 1. Aquisição (Bibliotecas) 2. Bibliotecas – Serviços de aquisição I. Vergueiro, Waldomiro. II. Título. ISBN 85-86637-09-S 42 Como referenciar os capítulos do livro? ANDRADE, Diva; VERGUEIRO, Waldomiro. Título do cap . In:____. Aquisição de materiais de informação. Briquet de Lemos/ Livros: Brasília, DF, 1996. Cap. Número do c , p. Página inicia - Página f inal . OBS.: preencha todos os campos (basta dar um clique em cima de cada um) com os dados necessários e copie depois todo o modelo de referência acima e cole no local desejado. Páginas inicial e final de cada capítulo no livro original impresso de onde se extraiu o texto Capítulo Título PáginaInicial Página Final 1 A aquisição: onde realmente começa 4 7 2 Organização do serviço de aquisição 8 16 3 Modalidades de aquisição 17 18 4 Compra: atividades preliminares 19 45 5 Compra: procedimentos e execução 46 54 Reklla Realce 6 Especificidades da compra 55 67 7 Permuta 68 77 8 Doações 78 86 9 Aquisição e ética profissional 87 92 10 O futuro da aquisição 93 102 Sumário Introdução 4 1. A aquisição: onde tudo realmente começa 5 2. Organização do serviço de aquisição 6 Responsabilidade pela aquisição 6 Manual de aquisição 7 3. Modalidades de aquisição 9 4. Compra: atividades preliminares 9 Previsão orçamentária 10 Aplicação de recursos 11 Modalidades de compra 12 Compras por licitação 12 Compras sem licitação 13 Compras por adiantamento 13 Organizando as sugestões para aquisição 13 Complementação de dados bibliográficos 14 Verificação da existência do item solicitado 15 Seleção dos fornecedores 16 Quem são os fornecedores de materiais de informação 16 Editoras 16 Livrarias 17 Agências e distribuidoras 17 Approval plans 18 5. Compra: procedimentos e execução 19 Pedidos de cotação e recebimento de faturas pro forma 19 Controle de registros 20 Pagamento e controle de recebimento 21 Recebimento de material 21 Documentação fiscal 22 6. Especificidades da compra 22 Aquisição cooperativa 22 Publicações seriadas 23 Livros antigos e raros 24 Materiais audiovisuais 24 CD-ROMs 25 Histórias em quadrinhos 26 Literatura cinzenta 26 Outros materiais 26 7. Permuta 27 Publicações próprias 27 Listas de duplicatas 28 Organização do serviço de permuta 29 Manutenção de arquivos 29 8. Doações 30 Doações solicitadas 30 Doações espontâneas 32 9. Aquisição e ética profissional 33 10. O futuro da aquisição 35 Aquisição automatizada 36 As publicações eletrônicas 37 Definição entre acesso versus posse dos documentos 38 11. Considerações finais 38 12. Bibliografia complementar 39 Livros 39 Periódicos 41 Listas eletrônicas de discussão e periódicos eletrônicos 41 13. Anexo 1 – Declaração de princípios e padrões para a prática da aquisição 42 14. Anexo 2 – Expressões empregadas nas atividades de aquisição 43 Introdução Há muito tempo a preocupação com as atividades ligadas à aquisição de materiais de informação vem sendo uma constante junto aos autores deste livro. De uma, por ter atuado na área durante boa parte de sua vida profissional como responsável pela organização e administração dos serviços de aquisição de urna grande biblioteca universitária. De outro, por fazer parte de suas preocupações acadêmicas, representando significativa parcela do conteúdo de uma das disciplinas que ministra a alunos de biblioteconomia e ciência da informação. Para ambos a aquisição tem-se mostrado sempre como um fascinante desafio intelectual. A proximidade de interesses fez com que o projeto de escrever um livro em colaboração aparecesse mais ou menos de modo natural. Assim, a idéia cresceu e criou raízes. Mais que tudo, fascinou-nos a perspectiva de unir uma visão de conteúdo marcadamente teórico, em que normalmente prevalece o ideal de perfeição a ser atingido, com o ponto de vista prático da profissional que vem testando suas idéias e possibilidades no desempenho diário, comprovando não só o que é necessário, mas também o que é efetivamente possível de alc ançar quando consideradas todas as realidades diretamente envolvidas no desempenho de sua profissão. Mas que não se tenha dúvida: embora os sonhos e a paixão pelo assunto possam estar no âmago de suas motivações, os autores deste livro não hesitariam em co nfirmar a importância da aquisição para as instituições de informação. E ela que torna possível a concretização do que foi planejado de maneira ampla pelo desenvolvimento de coleções e definido especificamente pela seleção. É ela que transforma os planos d os bibliotecários em objetos palpáveis, manuseáveis e próximos de seus interessados. E ela que responde concretamente aos anseios da comunidade, na medida em que a privilegia nas suas práticas diárias. Entendemos que essa postura é também compartilhada por grande parte da literatura especializada de biblioteconomia e ciência da informação. Para comprovar isso, basta dar uma rápida olhada no número de artigos que nos últimos anos vem aparecendo, em âmbito internacional, sobre o assunto nas revistas da área, inclusive com o surgimento de vários títulos dedicados especificamente à aquisição de materiais de informação. Esse interesse pelo assunto, sabe -se, não ocorreu por acaso: no mundo inteiro, os recursos destinados às bibliotecas e centros de informação para a compra de materiais informacionais cresceram muito menos do que o preço das publicações ou, em muitos casos, sofreram significativa redução. Esse fato é ainda mais agravado pelo aparecimento de novos tipos de documentos, nos suportes mais diversos, que devem estar presentes no acervo das instituições, exigindo o comprometimento de parte significativa dos recursos orçamentários. Tomou-se primordial, para evitar um prejuízo irrecuperável ao ritmo de crescimento das coleções e garantir que pudessem manter, no mínimo, o mesmo nível de qualidade anterior, que todos os procedimentos das atividades de aquisição tivessem sua eficiência maximizada. A literatura internacional demonstra muito bem esta preocupação, discutindo casos específicos, propondo novos modelos de organização e estrutura de serviços, questionando procedimentos tradicionalmente aceitos e apresentando alternativas de atuação mais eficientes. Isso significa que, ao contrário do que se poderia pensar, a preocupação com a aquisição de materiais informacionais tem crescido muito mais do que se esperava, evidenciando talvez um novo despertar dos profissionais de informação do mundo inteiro para a importância da questão. E dentro desse contexto em ebulição que entendemos o potencial de um livro sobre aquisição de materiais de informação. Para as instituições que estão ingressando nessa nova era, ele poderá alertá-las para a necessidade de definir procedimentos que permitam garantir que as informações importantes estejam disponíveis para os interessados se m as restrições em geral vinculadas ao suporte físico (ou seja, adquirir as informações sem adquirir o documento). Para as que ainda engatinham na tecnologia e têm pouca disponibilidade ou acesso às inovações, provavelmente a grande maioria das instituiçõe s informacionais deste país, poderá proporcionar formas mais eficientes para a organização de suas práticas ainda predominantemente manuais. E importante salientar que, em virtude de a experiência dos autores ter ocorrido, em sua quase totalidade, no setor público, este trabalho por certo deixará entrever esse viés na forma de abordar os assuntos. A problemática foi geralmente enfocada muito mais do ponto de vista de um profissional que atua na esfera pública do que de quemtrabalha em uma instituição privada. Ao considerar, no entanto, o ambiente de informação onde trabalhamos, acreditamos ser perfeitamente possível a transposição de situações. As questões específicas da administração pública dizem respeito principalmente à compra de materiais, em geral reg ulada por procedimentos estritos, e isto não parece difícil de contextualizar. Na iniciativa privada as diretrizes costumam ser mais elásticas, deixando um espaço de manobra maior para o profissional. No entanto, embora os procedimentos específicos possam divergir, acreditamos que a questão é tão pertinente em uma como em outra área. A preocupação com a eficiência das atividades de aquisição não é, ou não deveria ser, privilégio apenas dos profissionais que atuam no livre mercado, ou seja, em empresas priva das. Poderíamos até afirmar que no setor público esta eficiência se faz ainda mais necessária, pois este país não se pode dar ao luxo de desperdiçar os parcos recursos que necessita destinar às atividades informacionais. Este livro foi elaborado na crença de que a busca sistemática pela otimização dos procedimentos de aquisição de materiais de informação, independentemente do local específico onde venha a ocorrer, é sempre um objetivo digno de ser perseguido. A aquisição: onde tudo realmente começa Imagine-se um indivíduo comum passeando a esmo por uma das grandes bibliotecas do mundo, pasmo diante da imensidade de obras que foram durante séculos reunidas e organizadas nessa instituição, e que se encontram agora, com maiores ou menores restrições, dependendo do caso, à disposição do público. E provável que fique maravilhado diante da inventividade humana que gerou essas maravilhas do pensamento, agrupadas em um único lugar para prazer e usufruto de gerações inteiras de leitores. Dependendo de sua sensibilidade, essa pessoa poderá sentir -se diminuta diante da grandeza do conhecimento, e talvez até fique muda de admiração pelo quanto a humanidade caminhou nestes séculos todos. Mas também não terá a mínima idéia de quanto trabalho, suor e dedicação foram necessár ios para que aquela coleção específica pudesse tomar -se realidade. Ingenuamente, pensará que tudo foi acontecendo de maneira natural, os livros e outros materiais chegando à biblioteca quase que por determinação divina, encontrando seu caminho para as estantes como se para isso estivessem predestinados desde o início dos tempos. Imaginará que a sociedade estabeleceu mecanismos exatos para a conservação dos materiais informacionais. Talvez até acredite que esses mecanismos, tal qual um relógio perfeitamente sincronizado, façam com que grande parcela do imenso universo do conhecimento humano registrado, em qualquer tipo de suporte, possa encontrar guarida em alguma instituição da área de informação (bibliotecas, centros de documentação, arquivos, museus, etc.), garantindo assim o acesso no presente e a disponibilidade para as futuras gerações. Irá, talvez, em sua mente, idealizar um mundo perfeito onde a riqueza do conhecimento humano é espontaneamente preservada, sem que quaisquer elementos possam exercer influência contrária, pois para essa pessoa, talvez um cidadão comum sem grande bagagem de conhecimentos, que foi ensinada durante anos a ver na palavra impressa algo mais ou menos sagrado, o respeito ao saber sempre pareceu questão acima de qualquer dúvida. E , infelizmente, pensando assim, não terá a mínima idéia de quão longe se encontra da verdade dos fatos. Nós, profissionais da informação em geral, sabemos. Das dificuldades. Dos percalços. Da complexidade. Sabemos como as atividades ligadas à identificação e localização dos materiais são muitas vezes bem mais difíceis de serem realizadas do que podem parecer em uma primeira análise. Temos uma idéia bastante clara de como os materiais informacionais se perdem, às vezes de maneira totalmente irrecuperável, to mando-se inacessíveis às legiões de potenciais interessados para quem se destinavam. Conhecemos muitos dos meandros dos mercados editoriais, entendendo claramente que a influência de fatores econômicos, culturais, políticos e sociais é muitas vezes maior d o que o desinteresse característico de quem apenas se preocupa com a preservação dos bens culturais. Sabendo tudo isso, temos condições de construir um referencial muito mais realista do mundo contemporâneo do que aquele desenvolvido pelo cidadão citado no parágrafo anterior, e podemos afirmar que, no que concerne a essa questão, este certamente não é “o melhor dos mundos possíveis”, como diria Voltaire... É dentro dessa visão de mundo que escolhemos o título deste capítulo, querendo afirmar que com a aquisição é que começa de fato a existir uma instituição destinada a preservar e divulgar as criações do conhecimento humano registradas em forma de livros, periódicos especializados, jornais, discos, filmes, vídeos, etc. Antes disso, ela existe apenas em essên cia. Daí a necessidade de executar todas as atividades da aquisição de maneira eficiente, garantindo que o planejado nas fases anteriores do desenvolvimento de coleções, principalmente as fases de elaboração da política e a atividade de seleção propriament e dita, seja colocado em prática. À aquisição caberá um trabalho minucioso de identificação, localização dos itens e sua posterior obtenção para o acervo, qualquer que seja a maneira de tornar isto possível. E não é uma tarefa assim tão automática, pois, i nfelizmente para os profissionais, os títulos selecionados não se encontram acenando para eles ao dobrar da esquina, a gritar “olha eu aqui, olha eu aqui” e quase que implorando para serem adquiridos. Muitas vezes, realizar o trabalho de aquisição assemelha-se a procurar uma agulha em um palheiro, tantas são as possibilidades existentes. É uma atividade que exige perseverança e atenção a detalhes, de maneira a evitar um descompasso entre o que foi escolhido primordialmente para aquisição e aquilo que afinal chega às mãos do usuário. Naturalmente, o nível de complexidade das atividades de aquisição varia segundo as características da instituição onde ocorrem. Imagina -se que a aquisição de materiais em uma biblioteca especializada em física quântica ocorrerá d e maneira diferente da aquisição que se faz em uma biblioteca pública de um bairro de periferia. Na primeira, serão necessários cuidados especiais para a localização dos títulos e aquisição das edições exatas que foram selecionadas, pois a segunda edição d e um livro pode não representar, muitas vezes, um substituto aceitável para a terceira edição (ou vice -versa). Na biblioteca pública, isso talvez não seja um aspecto muito importante, que exija atenção especial do profissional. Em ambos os casos, porém, a preocupação com a eficiente organização dos processos deverá ser constante, garantindo -se que o item selecionado ingresse no acervo da biblioteca no menor tempo e ao menor custo possível de aquisição. As dificuldades pára isso ocorrer serão diversas, desde as ligadas à legislação que rege a compra de materiais em geral e de materiais bibliográficos em particular, tanto no setor público como na iniciativa privada, às relativas às condições da própria instituição, que definem, entre outras coisas, os responsá veis pela aquisição, a execução do pagamento dos itens (quando for o caso) e a prestação de contas depois de efetuadas todas as despesas. É importante, pois, tomar um cuidado especial com a organização dos serviços de aquisição, deixando bem claros a estru tura de tomada de decisões e o fluxo administrativo que as diversas atividades deverão seguir a fim de que sejam consideradas bemsucedidas. Continuaremos a discussão, portanto, com algumas considerações a respeito da organização do serviço de aquisição. Organização do serviço de aquisição A primeira pergunta que se faz quando se pensa na organização de um serviço de aquisição refere-se à área dos serviços de informação a que a aquisiçãodeverá estar ligada. A esse respeito, parece existir um consenso de que as atividades de aquisição deverão encontrar - se próximas, na estrutura organizacional, das atividades de seleção de materiais. Em primeiro lugar, porque existe quase que uma continuidade de atuação entre as duas, a primeira dependendo diretamente da s egunda. Em segundo lugar, porque há toda uma série de instrumentos auxiliares que são utilizados por ambas as áreas. Além do mais, muitas vezes as decisões de seleção e aquisição encontram -se tão imbricadas que fica difícil afirmar quando se trata de uma o u de outra. Pense-se, por exemplo, no caso de um título que, durante o processo de aquisição, se descobre estar esgotado e deve ser substituído imediatamente por outro, de maneira que não se perca o recurso já alocado para ele. Neste caso, uma decisão rápi da será necessária, para que a substituição dos itens não acarrete prejuízos maiores para a instituição. Caso exista uma grande distância administrativa entre as atividades de seleção e de aquisição, exigindo consultas burocráticas a diversos funcionários ou superiores hierárquicos, a rapidez alcançada talvez não seja suficiente para o sucesso da operação. E a verba poderá ser perdida. O exemplo acima, em uma primeira análise, parece ser um caso extremo e talvez até mesmo o seja para uma grande parcela dos leitores. Na prática, no entanto, principalmente em grandes instituições do setor público, como universidades ou instituições de pesquisa largamente distribuídas pelo território nacional, onde a compra de materiais informacionais é realizada de forma centralizada, o excesso de burocracia faz com que muitas vezes se perca a possibilidade de utilizar determinadas verbas de maneira mais racional (mesmo considerando as vantagens que a centralização das aquisições pode oferecer em termos da realização de compras em grande quantidade, com conseqüente preço unitário menor). Quem compra não tem, muitas vezes, o poder para decidir quanto à substituição de itens eventualmente inexistentes no mercado, devendo reportar -se a diversos canais de decisão até obter uma resposta. Outras vezes, nem saberia como fazê -lo, pois não domina a complexidade da aquisição de materiais informacionais, comprando livros um dia, cadeiras no outro, periódicos num terceiro e vários tipos de artigos de papelaria antes que a semana acabe. (A especialização dos responsáveis pela aquisição de materiais informacionais, tema sobre o qual voltaremos a falar, parece ser sempre desejável...) Quando se trata de instituição onde as decisões de seleção são tomadas diretamente pelo bibliotecário-chefe, é aconselhável que a aquisição esteja ligada diretamente a ele, sem intermediários. Em instituições menores, onde muitas atividades tiverem que ser realizadas por poucas pessoas, é desejável que as decisões de seleção e aquisição sejam responsabilidade de um único indivíduo. Assim, a instituição terá maiores garantias de que o fluxo administrativo não se interromperá em momentos menos apropriados. Quando, no entanto, por algum motivo, não for possível assegurar a proximidade administrativa dessas duas áreas, s erá preciso adotar garantias para que não fiquem incomunicáveis ou não entrem em atrito. Imagine -se, por exemplo, o que aconteceria em uma grande instituição de informação com vários selecionadores e um único profissional responsável pela aquisição, se este profissional se desentendesse com um dos selecionadores e simplesmente se recusasse a dialogar com ele, inventando mil pretextos para não adquirir os materiais por ele selecionados (é sempre muito fácil arrumar razões para dizer não...). Eis por que os canais de comunicação entre essas duas áreas, seleção e aquisição, devem funcionar sem interrupções. Os prejuízos, tanto a curto como a longo prazo, são difíceis de calcular. Toda esta discussão enseja que se levante, em relação à aquisição, uma pergunta si milar à que se faz quanto à seleção: afinal, quem deve ser responsável pela aquisição dos materiais informacionais? É o que tentaremos responder a seguir. Responsabilidade pela aquisição Durante algum tempo, pensou -se que a aquisição de materiais informa cionais pudesse ser facilmente realizada por pessoas estranhas à profissão de bibliotecário. Afinal, costumava -se argumentar então, comprar livros e periódicos é o mesmo que comprar qualquer outra coisa; basta entrar em contato com o vendedor e efetuar a c ompra. Não haveria dificuldade maior. Ainda mais, dizia-se, por ser uma atividade de características eminentemente administrativas, seria suficiente apenas que o executor dominasse os procedimentos para a aquisição de materiais em geral e os aplicasse aos materiais de informação. No entanto, a experiência tem mostrado que as coisas não são tão simples assim. O mercado de edição e comércio de livros e documentos impressos em geral, para não falar dos Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce materiais audiovisuais, tem características próprias que o diferenciam dos outros mercados. É absolutamente uma falácia pensar, por exemplo, que adquirir livros é a mesma coisa que adquirir cadeiras para a biblioteca. Não é. Tanto para adquirir cadeiras como livros há necessidade de um conhecimento específico que antecede o processo de compra, visando à identificação precisa do que se vai comprar. Para cadeiras, é necessário saber se devem ter rodas, qual a altura, com ou sem braços, quais os fornecedores, etc. Para o material bibliográfico o mesmo acontece, exigi ndo-se também o conhecimento prévio e detalhado do que se quer comprar, a quais fornecedores se deve recorrer e como fazer para atingir esse objetivo da melhor forma possível. Além disso, os livros deverão ter uma especificação muito mais detalhada, envolvendo tanto os dados que dizem respeito a seu aspecto físico (tamanho, tipo de encadernação, edição especial ou não) como a seu conteúdo (assunto, autor, editor, etc.). Isto sem falar que, no caso de um livro, tem -se que obter o nome correto do autor, a edição desejada específica, o ISBN, etc. Isso significa que é necessário destacar para o trabalho de aquisição de materiais informacionais pessoas especializadas nesse trabalho. Quer dizer, pessoas que receberam educação formal sobre o assunto (os bibliotecár ios) ou que têm suficiente experiência na área, por terem atuado na aquisição durante grande parte de sua vida profissional (os técnicos). Pessoalmente, pensamos que os bibliotecários apresentam muitas vantagens sobre os técnicos, principalmente devido à s ua maior familiaridade com o mercado editorial, conhecimento detalhado do acervo e proximidade com o usuário, O importante é pensar na especialização do responsável pela aquisição de recursos informacionais. Esta, sim, deve ser privilegiada como condição p rimordial para a eficiência de todas as atividades. O contato permanente com o acervo, o conhecimento detalhado dos pontos fortes e fracos de cada um dos possíveis fornecedores a que se pode recorrer em cada caso, o uso correto dos instrumentos auxiliares disponíveis, o domínio da legislação pertinente à área são fatores de extrema importância para a realização de um bom trabalho de aquisição. E não se conquistam aleatoriamente, mas surgem a partir de um certo acúmulo de experiências. Quantos profissionais já não utilizaram uni fornecedor que depois se mostrou pouco confiável em determinadas áreas? Quantos já não cometeram erros na avaliação dos recursos que seriam necessários para a realização de determinadas compras porque deixaram de considerar detalhes da legislação? Quantos já não efetuaram pagamentos mediante uma simples garantia de entrega que depois se mostrou totalmente inútil? Quantos não estabeleceram convênios para permuta de materiais de informação, enviaram suas publicações e jamais receberam as que lhes haviam sido prometidas? Essas experiências, emboranegativas, acabaram ensinando algo aos profissionais, lições que foram imediatamente aplicadas em casos similares e não ficaram perdidas no meio de dezenas de aquisições diferenciadas, como norma lmente acontece quando um departamento ou seção realiza aquisições da maior diversidade possível. Ponto para a especialização. À especialização poderíamos também acrescentar a necessidade de sistematização das atividades de aquisição, inclusive mediante o registro detalhado de cada um dos passos a serem seguidos nas diversas atividades envolvidas. E importante que se estipulem as diretrizes de atuação de maneira clara e objetiva. Isto pode ser feito com um instrumento administrativo denominado manual de aqu isição. Manual de aquisição Nomes não são importantes. O que chamamos ‘manual’ poderia muito bem ser chamado ‘diretrizes para aquisição’, ‘carta de aquisição’, etc. O importante é contar com algum tipo de documento que registre a forma como as atividades de aquisição de materiais de informação são realizadas no dia-a-dia, informando aos nelas envolvidos sobre todas as medidas que devem tomar para garantir que seus esforços tenham resultado positivo. Esse instrumento administrativo será de grande valia em todos os momentos, mas principalmente quando da integração de novos elementos à equipe do serviço de aquisição, proporcionando subsídios para que possam ter uma idéia clara sobre as atividades que deverão desempenhar. Neste sentido, o manual de aquisição p ode também representar um valioso instrumento para orientação e integração de novos profissionais à equipe de trabalho. Em todas as organizações geralmente existe uma certa rotatividade dos profissionais responsáveis pelas diversas atividades necessárias a seu funcionamento. Isto também acontece na área de aquisição de materiais de informação. É natural que alguns profissionais se Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce aposentem, mudem de função, sejam promovidos, deixem a atividade, enfim, busquem outros objetivos pessoais e profissionais. Por esse motivo, mais que lastimar sua perda, é importante criar mecanismos que permitam ao serviço de aquisição manter -se acima desses transtornos, sem ter de depender em demasia dos indivíduos. A preservação da ‘memória’ do serviço de aquisição, digamos assi m, deve ser garantida de maneira rotineira, incorporando -se ao fluxo normal de trabalho todas as decisões tomadas, ao mesmo tempo que se esclarecem as razões de sua ocorrência. Para atingir este objetivo, elabora-se um documento que sintetiza os principais procedimentos envolvidos na realização das atividades de aquisição. Este documento é o manual de aquisição. Como já se mencionou, muitas vezes a decisão de seleção dos materiais ocorre desvinculada de sua real aquisição. Isso acontece principalmente em in stituições de grande porte, onde os responsáveis pela decisão de seleção não são os mesmos que executam a aquisição. O selecionador muitas vezes não tem idéia muito clara sobre as dificuldades que possam existir na aquisição de determinados materiais de in formação. Da mesma forma, um usuário pode indicar obras não encontradas no mercado local, o que implica um demorado e às vezes dispendioso processo de importação direta ou a compra por intermédio de uma livraria especializada. Para o usuário, essas questõe s, ainda que representem complicações para o serviço de aquisição, não serão absolutamente relevantes, pois lhe interessa apenas ter o material à sua disposição, seja qual for o preço a ser pago. Já para os responsáveis pela aquisição, essas questões são extremamente pertinentes, pois podem representar não só um comprometimento desproporcional dos recursos disponíveis como também um processo de trabalho que exigirá maior atenção e esforço dos profissionais. Assim, é comum acontecer que muitos itens indicados pelos usuários, mesmo depois de aprovados pelo processo de seleção, deixam de ser efetivamente incorp&ados ao acervo devido à real impossibilidade de sua aquisição (inexistência no mercado quando da liberação dos recursos, material esgotado, preço superi or à disponibilidade orçamentária da biblioteca, etc.). E natural, nesses casos, que usuários que não conseguiram ver seus pedidos atendidos pelo serviço de aquisição se mostrem ressentidos. Em face disso, um manual de aquisição poderá significar um valioso instrumento para dirimir dúvidas e esclarecer a todos os interessados sobre as decisões tomadas, deixando evidentes os elementos que as influenciaram durante todo o processo de aquisição. O manual de aquisição, neste caso, desempenha um papel de relações públicas, tomando visível para todos os interessados a forma como as atividades de aquisição estão sendo realizadas e contribuindo para que se crie um clima de entendimento e compreensão. Seria talvez demasiada pretensão propor um padrão único para o manu al de aquisição, como se tal documento pudesse ter uma sistemática única a ser adotada por todas as bibliotecas e serviços de informação. E lógico que a forma como esse documento será organizado dependerá da realidade de cada instituição. Onde um documento sucinto for suficiente, um mais detalhado será desnecessário. A objetividade é o elemento principal para que se obtenha um produto útil às necessidades da biblioteca. Neste sentido, pode -se dizer que o manual de aquisição atenderá às suas finalidades se c onseguir informar aos envolvidos nessas atividades sobre os seguintes pontos: Quem são os responsáveis pela aquisição de materiais de informação em geral, inclusive quem responde pelo fluxo de pagamento e prestação de conta dos itens adquiridos por compra, pela decisão quanto à incorporação de doações ao acervo e pela definição das atividades de permuta e intercâmbio; Quais os procedimentos para organizar as sugestões de aquisição, de maneira a garantir que as prioridades estabelecidas para seleção sejam, na medida do possível, respeitadas pelos responsáveis pela aquisição; Quais os principais fornecedores utilizados pela aquisição nas suas atividades rotineiras, categorizando-os, se for o caso, segundo tipos de materiais e/ou áreas de conhecimento em que são mais fortes; Quais os instrumentos auxiliares utilizados para a obtenção de informações sobre os itens a serem adquiridos, tais como autoria, procedência, preço, etc.; Como está organizada a atividade de compra de materiais de informação, detalhando os passos necessários para a solicitação de materiais aos fornecedores (elaboração de listas de títulos, pedidos de compra, etc.), bem como os diversos instrumentos de acompanhamento e controle do material adquirido; Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Como as atividades de permuta e interc âmbio estão organizadas, inclusive a sistemática para a avaliação do custo -benefício dessa forma de aquisição; Como se faz o pedido de obras por doação, inclusive modelos de cartas e ofícios e as principais instituições às quais a biblioteca normalmente s olicita a doação de materiais. Além dos itens acima assinalados, deverão também fazer parte do manual de aquisição todos os casos que a experiência dos responsáveis pelas atividades de aquisição mostrou merecerem uma maior atenção, tais como materiais de instituições ou países específicos, obras raras, materiais especiais, etc. Em geral, pode -se dizer que todas as exceções às atividades normais de aquisição (as que se enquadram sem problemas no sistema de processamento definido para elas) obedecem a regra s próprias, que devem ser registradas para consulta no futuro, quando casos semelhantes voltarem a ocorrer. Neste sentido, o manual de aquisição adquire característicasde registro histórico das decisões tomadas pelos responsáveis por essas atividades. Por fim, é importante salientar a proximidade ou similaridade do manual de aquisição com outro instrumento característico doprocesso de desenvolvimento de coleções: a política de seleção. Algumas bibliotecas preferem agrupá -los em um único documento, visando a maior racionalização das atividades. Com relação a isso, cada profissional deverá pesar os prós e os contras de um único instrumento formal. A realidade de sua situação específica será o fator determinante de sua escolha. Qualquer que seja a opção adotad a, a prática acabará mostrando se a escolha feita foi a melhor. Modalidades de aquisição As opções para adquirir os materiais são basicamente três: compra, permuta e doação. Na prática, em uma situação normal, a opção que mais ocupa o tempo dos profiss ionais, exigindo atenção maior, é a compra. Isto é natural, pois as preocupações com a correta realização das compras não devem ser menosprezadas ou levianamente consideradas, sob pena de ter-se que enfrentar dificuldades futuras quanto à observação de pra zos e prestação de contas. Convém não esquecer que os bibliotecários, em um processo de aquisição por compra, são muitas vezes considerados legalmente responsáveis pela utilização dos recursos financeiros colocados à sua disposição. Cometer erros na aplica ção desse dinheiro pode ter conseqüências indesejáveis tanto para a instituição como para o próprio bibliotecário, que pode ser alvo de processo administrativo por malversação de verba. Em instituições vinculadas ao poder público, por exemplo, a má aplicação de dinheiro é considerada motivo suficiente para a instalação de processos administrativos que podem culminar até mesmo na demissão do profissional, para não mencionar eventuais conseqüências penais. Por todas as razões enumeradas, uma boa parcela deste livro é dedicada ao exame das questões referentes à aquisição de materiais de informação mediante compra. Em certo sentido, isto é bastante lógico, pois a sistemática da realização de compras é realmente muito mais complexa do que a empregada para gerenci ar a obtenção de materiais de informação por permuta ou doação. E preciso reconhecer que, na prática, a permuta e a doação são tratadas com muito menos empenho, se comparadas com a profundidade de tratamento exigida pela aquisição por compra. Isto não acontece em virtude de não exigirem o mesmo nível de esforço e comprometimento do profissional ou terem sua importância minimizada. Menos ainda, por serem consideradas estranhas ao âmbito de interesse da aquisição. E verdade que, no caso das doações, muitos profissionais, talvez por não exercerem um controle direto sobre a espontaneidade do ato, acabam permitindo que boa parte dessas atividades ocorram de maneira não estruturada. Isto, é claro, pode gerar um desvio indesejado em relação aos objetivos estabelecidos para o acervo, o que, por si só, já justifica o controle das doações. O mesmo se aplica às atividades de permuta. Nos capítulos seguintes serão examinadas as particularidades de cada uma das modalidades de aquisição. No caso da compra, para melhor ente ndimento, achamos interessante separar as atividades que precedem a realização da compra das que envolvem a compra propriamente dita e a posterior prestação de contas. Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Compra: atividades preliminares Dentre as diversas modalidades de aquisição, o proce sso de compra é sem dúvida o mais elaborado e trabalhoso, pois, além do gerenciamento dos recursos financeiros, envolve também toda uma série de atividades relacionadas com a identificação precisa do item a ser adquirido e o acompanhamento do recebimento d o material. Não admira, por isso, que a aquisição de materiais por compra, em todos seus aspectos, seja um dos assuntos mais debatidos na literatura especializada. Profissionais do mundo inteiro preocupam -se em encontrar formas mais eficientes para a realização dessa atividade, reduzindo os custos, racionalizando os processos administrativos e diminuindo o tempo necessário para a realização das tarefas. Geralmente, a organização de um processo de compra será tão mais complexa quanto maior for o volume da aquisição, tanto em termos de quantidade de itens quanto do montante em dinheiro a ser despendido. Por esse motivo, é necessário observar sempre alguns cuidados iniciais, de modo a obter, a longo prazo, uma homogeneidade de procedimentos. Bibliotecas que hoje possuem um orçamento pequeno para aquisição de materiais podem amanhã receber dotações inesperadas em grande volume e, caso não estejam devidamente preparadas para isso, encontrarão dificuldades para correta aplicação desses recursos extraordinários. Em tese, todas as compras devem ser realizadas a partir de um orçamento previamente elaborado, que permita uma visão precisa do montante de recursos com que se pode de fato contar. Na prática, no entanto, descobre -se que isso nem sempre ocorre. Por um lado, p orque o orçamento previsto para a aquisição dos materiais nem sempre encontra correspondência com os recursos efetivamente liberados, resultando, em geral, insuficiente para cobrir todas as necessidades definidas como prioritárias. Por outro lado, o orçame nto poderá sofrer cortes inesperados cabendo ao serviço de aquisição adequar as prioridades aos recursos financeiros realmente alocados. A regra geral para orientar as atividades de aquisição consiste em vincular a compra de materiais de informação a uma p révia definição de despesas. De acordo com essa orientação, será preciso definir, em seguida à previsão orçamentária, de que forma os recursos financeiros serão utilizados. A utilização dos recursos financeiros estará baseada em uma lista de sugestões para aquisição, previamente elaborada. A elaboração dessa lista requer muita atenção, pois será preciso verificar a exatidão dos dados bibliográficos e se os títulos indicados já fazem parte do acervo da biblioteca. Por fim, selecionam -se os fornecedores que participarão do processo de compra. Somente após a conclusão dessas tarefas é que tem início a execução da compra propriamente dita. Passemos, então, a um exame mais minucioso de todas as atividades que precedem a compra. Previsão orçamentária Quando vamos comprar alguma coisa, a providência inicial é sempre verificar se temos recursos financeiros disponíveis. Se isto é válido para a vida de cada indivíduo, configura -se ainda como mais verdadeiro para as organizações de qualquer natureza, que sempre devem obedecer a uma sistemática de controle de despesas, que exige que os recursos financeiros sejam previstos e aplicados da melhor forma possível, e que de sua aplicação se prestem as devidas contas. As bibliotecas e instituições de informação não estão exclu ídas dessa regra. Falando o óbvio: a provisão de recursos financeiros não acontece por intervenção divina, as verbas surgindo providencialmente no momento em que delas se necessita. Se a necessidade dos recursos não foi prevista, eles dificilmente irão apa recer. A elaboração do orçamento não pode ser vista apenas como mais uma entre tantas atividades burocráticas que os profissionais têm que desempenhar. Agir assim seria desperdiçar uma grande oportunidade. No caso específico da aquisição de materiais de in formação, elaborar a previsão orçamentária significa planejar os investimentos que deverão ser feitos para garantir a concretização dos objetivos estipulados para o acervo. Afinal, é lógico pensar que, se uma biblioteca apresentar um orçamento bem fundamen tado, terá maior credibilidade e aumentarão suas possibilidades de negociação. Disporá de uma arma a mais. E isso não é pouco. Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Os orçamentos variam de biblioteca parabiblioteca conforme as características institucionais de cada uma, bem como diferem segun do a proveniência dos recursos e a finalidade que lhes é destinada. Geralmente as bibliotecas recebem recursos provenientes do orçamento da instituição a que servem — os recursos orçamentários — e podem também contar com recursos externos, recebidos de div ersas outras fontes de financiamento, denominados recursos extra -orçamentários. A soma dos recursos orçamentários e extra - orçamentários constitui o orçamento total. Os recursos orçamentários são vinculados à estrutura organizacional da instituição, estando disponíveis para serem aplicados durante o ano fiscal corrente (que nem sempre coincide com o ano civil). Caso esses recursos não sejam utilizados integralmente dentro do prazo estipulado, o saldo retorna à instituição fornecedora. No Brasil, como em outras partes do mundo, o fato de a biblioteca não utilizar integralmente todo o orçamento previsto é muitas vezes interpretado pela instituição mantenedora como uma comprovação de que os recursos não eram efetivamente necessários, tendo havido uma estimativa acima do que seria preciso. Uma possível conclusão é de que a biblioteca não necessitará de igual montante nos próximos anos e, assim, reduzir -lhe os recursos no futuro. Evidentemente, essa seria uma interpretação deturpada dos fatos, pois a não-utilização total da receita pode ser devida a uma melhor administração financeira, à sua racionalização, tendo como conseqüência uma economia de recursos. Muitas vezes a liberação das verbas ocorre tardiamente em relação ao tempo necessário para efetivação dos proce ssos de aquisição, resultando na impossibilidade da compra de todos os itens pretendidos. O custo disso, a médio e longo prazos, acaba sendo bastante alto, não apenas em relação ao numerário inicialmente desperdiçado, mas em relação a todos os outros custo s inerentes à aquisição dos materiais. Já os recursos externos ao orçamento da instituição, embora façam parte do orçamento total, não estão sujeitos à regra de que sejam aplicados no ano fiscal corrente, mas podem sofrer outras restrições, como, por exemp lo, estarem disponíveis para dispêndio de uma única vez ou a curto prazo, ou terem de se restringir aos itens discriminados pela instituição financiadora. A identificação de fontes de financiamento adequadas às características do acervo deve ser o critério principal na busca de recursos externos. Adquirir materiais informacionais não - prioritários, simplesmente porque surgiu uma oportunidade de financiamento externo, pode significar um desperdício de esforços. Em muitos casos talvez seja mais vantajoso abrir mão desses recursos ou direcioná -los para outras prioridades da biblioteca. Há várias formas de captação de recursos externos: mediante convênios, projetos ou verbas suplementares, que podem ser buscados junto a entidades públicas ou privadas. Essas instituições, no entanto, costumam apoiar somente planos bem -estruturados e esse é mais um motivo para que as propostas orçamentárias sejam organizadas de modo coerente. A previsão orçamentária depende de instrumentos desenvolvidos pela própria biblioteca, por meio de uma avaliação constante de seu desempenho. Os registros históricos das despesas de anos anteriores, do que se comprou e do que se deixou de comprar, oferecem um excelente início para os estudos de previsão, na medida em que fornecem parâmetros a se rem seguidos em despesas futuras. Em seguida, busca -se levantar o custo médio dos materiais por categorias, observando: Diferenças de preços entre livros, periódicos e materiais especiais; Divergências existentes entre os preços de produtos nacionais e es trangeiros (inclusive as despesas com frete, tarifas de armazenamento, etc.); Desigualdade de preços de materiais em áreas específicas (obras da área de humanidades, por exemplo, são mais baratas do que as de ciência e tecnologia, do mesmo modo que as pub licações destinadas ao público infanto -juvenil são menos dispendiosas do que as destinadas ao público adulto). Muitas vezes, é conveniente empregar também a combinação de diversas variáveis, como, por exemplo, o número de alunos, professores, cursos e pe squisas, médias de utilização do acervo por categorias de usuários, por assunto, etc., que proporcionam elementos para realizar boas projeções na elaboração da previsão orçamentária. A informação de que haverá aumento do número de vagas de um curso de grad uação em futuro próximo, por exemplo, é um elemento valioso para que se prevejam maiores investimentos nas aquisições destinadas à área desse curso. Da mesma forma, a previsão de Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce que um novo conjunto habitacional será construído em um bairro servido pela b iblioteca pública poderá ser levada em conta quando da distribuição dos recursos para aquisição nessa biblioteca. Além de auxiliarem no planejamento, tais informações mostram aos responsáveis pela distribuição dos recursos que as pretensões do serviço de i nformação se justificam com argumentos que revelam a existência de uma preocupação com o conjunto da comunidade a ser atendida, buscando estar em sintonia com o seu desenvolvimento. A avaliação dos resultados obtidos permite organizas futuras previsões e, o que é mais importante, sensibilizar os setores internos e externos da instituição para a captação de recursos. Outro ponto a ser destacado é que o custo total dos materiais não se resume apenas ao preço de sua aquisição. Existe a tendência de planejar os recursos destinados à compra dos materiais de informação sem levar em conta as demais necessidades que envolvem o processo de aquisição. Afinal, esses materiais precisarão ser armazenados, processados e encadernados, o que exige pessoal habilitado, além d e necessitar espaço, mobiliário, equipamentos, e serviços de manutenção apropriados. Portanto, sempre que possível é conveniente elaborar um planejamento que incorpore todos esses itens, sem os quais as finalidades da compra ficarão comprometidas. O planejamento da previsão orçamentária deve ser acompanhado de um cronograma de desembolso de recursos financeiros, baseado em definições claras das prioridades a serem atingidas. Nem sempre esse cronograma pode ser cumprido conforme as previsões. Por isso, é aconselhável realizar um acompanhamento constante, efetuando reavaliações freqüentes, de modo a detectar as possibilidades de compra e o remanejamento de itens não atendidos, para alocá-los em outros projetos ou novas oportunidades. Como já foi mencionado, a situação mais freqüente em relação à disponibilidade financeira é a de restrição de recursos para atender à demanda por materiais informacionais. Mas, se houver poucos recursos, a necessidade de saber gerenciá -los terá de ser redobrada. De acordo com os recursos financeiros disponíveis, a biblioteca estabelecerá o que deve ser comprado, como deve ser realizada a compra e quando deverá ser efetuada. As bibliotecas devem reivindicar, se ainda não o fazem, o gerenciamento de seus próprios recursos financeiros. Em princípio, ninguém melhor qualificado para fazer isso do que os responsáveis pela biblioteca, pois estão mais próximos do problema a ser resolvido, ou seja, a satisfação das necessidades de informação dos usuários por meio da aquisição dos materiais mais adequados para esse fim. Aplicação de recursos Orçamento aprovado, recursos liberados, critérios de definição de prioridades adotados, cabe decidir como serão aplicados os recursos recebidos. Liberados os recursos financeiros, as verbas são separadas ou alocadas por categorias, de acordo com os critérios de definição de prioridades adotados anteriormente pelos responsáveispela seleção, a fim de orientar as compras. Normalmente, a primeira providência é destinas a porcentagem relativa à compra de livro s e periódicos, que são sempre em maior número. Os periódicos comumente têm a preferência, devido à necessidade de garantir a manutenção das assinaturas. Isso não implica que a maior parte da verba seja destinada à compra de periódicos. Existem áreas, como a de humanidades, em que os livros podem ser mais requisitados do que os periódicos. O mesmo geralmente acontece em bibliotecas públicas. Mas é essencial reservar de antemão o montante da verba que será destinado aos periódicos, pois a continuidade da coleção é de fundamental importância.Uma outra medida necessária diz respeito à definição da porcentagem dos recursos que serão destinados à aquisição de material na praça e o que será adquirido por importação direta. Existem várias outras categorias que pode m ser empregadas pelas bibliotecas quando da alocação de recursos. Entre elas, destacam -se: Multimeios; Obras de referência e coleção básica; Duplicações essenciais; Complementação de coleções e reposição de obras perdidas ou danificadas; Obras raras, especiais, fora de comércio ou de valor aquisitivo elevado; Obras necessárias para áreas carentes ou emergentes; Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Suporte à graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão; Divisões administrativas (área de produção, vendas, recursos humanos, técnica, etc. ) Obras destinadas a públicos especiais (infantil, adultos, idosos, deficientes), entre outras. Dependendo do tipo de biblioteca e do montante de recursos, serão adotados um ou mais critérios ou a combinação de vários deles, sempre seguindo as orientações da política de desenvolvimento de coleções. Modalidades de compra A aplicação dos recursos financeiros para execução das compras, isto é, como o dinheiro pode ser gasto, difere bastante nas organizações particulares e nas da administração pública. Quando se trata de pequenas quantias ou quando o trabalho de aquisição ocorre em bibliotecas particulares, a verba pode ser aplicada de maneira menos complexa, realizando -se a compra e pagando-se o valor devido diretamente ao fornecedor. Naturalmente, essa faci lidade maior não dispensa os responsáveis pela aquisição de realizarem pesquisas de preços e levantamento de fornecedores, buscando as melhores condições para compra. Em órgãos da administração pública, a compra de quaisquer materiais deve obedecer a uma r ígida legislação, que precisa ser devidamente entendida para sua adequada aplicação. A legislação brasileira, para fins de contabilidade pública, classifica o material bibliográfico na alínea de material permanente como outros bens e serviços. Estar nessa alínea significa equiparar livros e outros suportes da informação em geral a todos os outros materiais permanentes do mobiliário ao equipamento — tendo que realizar os mesmos procedimentos de compra que se efetuam para eles. Na administração pública, parte -se do princípio de que as compras devem ser precedidas de licitação, isto é, de um processo seletivo prévio junto ao mercado, para verificar e obter as melhores condições de preço, pagamento, qualidade do produto, prazos de entrega e outras especificações necessárias que atendam ao interesse público. Fora as exceções previstas por lei, essa regra deve ser seguida em todas as aquisições. Esta decisão em si não é um mal. Ao contrário, busca introduzir o processo competitivo na aquisição de materiais para o s erviço público, evitando a formação de monopólios e a prática de favorecimento ilícito. Ainda na administração pública existe o requisito de os recursos estarem previstos no orçamento (disponibilidade orçamentária), estarem liberados (disponibilidade finan ceira) e haver sido feito o empenho da despesa, ou seja, o comprometimento da importância destinada a honrar determinada despesa. Nenhuma despesa na administração pública pode ser executada sem que antes haja sido realizado o empenho da quantia respectiva, pois somente assim se tem a garantia de que o pagamento será efetuado. Para os objetivos deste livro, entendeu -se importante salientar as formas de aplicação de recursos mais empregadas na aquisição de materiais de informação na administração pública. A seguir, serão enfocadas as modalidades de aplicação de recursos acima mencionadas: Compras por licitação Atualmente (meados de 1996), a legislação que rege os procedimentos para licitação é a Lei de Licitações e Contratos n° 8666, de 21/6/1993 (atualizada pela Lei n° 8 883, de 8/6/1994).1 As modalidades de licitação previstas nessa lei são as seguintes: convite Tomada de preços concorrência concurso Leilão. Dentre elas, o convite, a tomada de preços e a concorrência são as que dizem respeito diretamente à aquisição de material bibliográfico e é interessante que se conheçam as definições de cada uma, conforme apresentadas no artigo 22 da Lei n.° 8 666: Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará em local apropriado, cópia do Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce instrumento convocatório e o estender á aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial da habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Essas três modalidades de licitação são também determinadas em função de limites de valores fixados pela administração federal/estadual, isto é, um teto específico para cada modalidade, a partir dos quais é obrigatório o convite, a tomada de preços ou a concorrência. Os limites são reajustados periodicamente e portanto devem ser revistos por ocasião de cada operação. Em bibliotecas da administração pública as modalidades de licitação mais freqüentes são o convite, utilizado principalmente para as compras de pequena monta, e a tomada de preços, aplicada quando o montante dos recursos ultrapassa o valor máximo permitido na mo dalidade de convite. A concorrência é realizada esporadicamente, pois se destina a compras de grande vulto, como as efetuadas por sistemas de bibliotecas universitárias ou agências financiadoras, quando fazem a aquisição simultânea para um grande número de bibliotecas, em compra unificada. As diferenças básicas existentes entre as modalidades de convite, tomada de preços e concorrência, como bem observou Mercadante, são o “teto na aplicação de recursos; número de participantes (fornecedores); requisitos de habilitação; publicidade do edital”. 2 O edital é o documento legal que rege a licitação, determinando o objeto da compra, os prazos de pagamento e recebimento do material, bem como as demais exigências para a realização da compra. Há casos em que a legislação permite a realização de compras sem que haja licitação. São os casos de dispensa de licitação e de inexigibilidade de licitação. Compras sem licitação A dispensa de licitação pode ocorrer em muitos casos, mas os que interessam mais de perto às bibliotecas e serviços de informação são: compras com valor inferior ao teto estabelecido, istoé, quando o valor não alcança o limite previsto na modalidade de convite; quando não tiverem acudido interessados a uma licitação anterior, mantendo -se então as demais condições preestabelecidas no processo de licitatório; e, quando da aquisição de bens produzidos por órgão ou entidade que integre a administração pública (neste último item, podem ser consideradas as publicações de universidades e órgãos públicos estaduais e fed erais). A inexigibilidade de licitação ocorrerá quando houver inviabilidade de competição, ou seja, inexistirem condições suficientes para estabelecimento da livre concorrência. Na compra de material informacional, isso ocorre quando da aquisição de mate riais que somente possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial que detenha exclusividade do produto ou material a ser adquirido. Estão incluídas neste caso as compras diretas de editores, publicadores ou distribuidores exclusivos. Compras por adiantamento As compras por adiantamento são destinadas às aquisições que, por sua natureza ou urgência, não possam aguardar os procedimentos normais de licitação. O adiantamento prática também conhecida como verba de pronto pagamento ou sup rimento de fundos é um valor fornecido pela administração, depositado em conta bancária em nome de servidor credenciado da biblioteca, que executará as compras e o pagamento diretamente ao fornecedor. Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Esse recurso é geralmente utilizado quando se tem urgên cia na aquisição de itens de pequeno valor, para a aquisição de material de órgãos públicos ou de material com exclusividade de distribuição. O adiantamento não dispensa a licitação, se o valor ultrapassar o teto estabelecido para a modalidade convite. O responsável pela aquisição deverá identificar quais são as modalidades de compra mais adequadas para o tipo de material de informação de cada aquisição específica, visando a obter os menores custos financeiros e operacionais possíveis, bem como garantindo a qualidade e presteza dos serviços de aquisição. Organizando as sugestões para aquisição O processo de aquisição baseia -se em sugestões ou pedidos provenientes de várias fontes. Geralmente os pedidos são feitos’ pelos usuários ou encaminhados pelo própri o pessoal da biblioteca responsável pela seleção. Outras fontes importantes de sugestões de aquisições são os demais setores da biblioteca, como os de referência, atendimento ao público, empréstimo entre bibliotecas, etc., que fornecem indicações sobre mat eriais que são muito procurados pelos usuários, mas inexistem no acervo, bem como apontam falhas e indicam a necessidade de aquisição de mais de um exemplar de um mesmo título. Essas sugestões são reunidas e organizadas, formando as listas ou bases de dado s de demanda pretendida, que irão constituir a base do processo de aquisição. A organização das sugestões contribui para que somente seja adquirido material realmente indispensável e dentro da disponibilidade de recursos financeiros. Segue -se uma rotina comum a qualquer tipo ou tamanho de biblioteca, que compreende três fases principais: complementação dos dados bibliográficos, recorrendo -se a fontes bibliográficas apropriadas; verificação da existência do item pedido na biblioteca ou se já foi encomendado , a fim de evitar duplicações desnecessárias; seleção dos fornecedores que apresentem melhores condições de atender ao pedido. A seguir, cada uma dessas fases, para que sejam mais bem compreendidas, será enfocada com maiores detalhes. Complementação de dados bibliográficos As solicitações para aquisição encaminhadas pelos usuários chegam à biblioteca de maneiras variadas e nem sempre de forma muito convencional. Geralmente as bibliotecas oferecem um formulário próprio para pedido de aquisição, que contém todos os dados necessários para identificação do item solicitado. Mas as sugestões podem também ser feitas pessoalmente, por meio de indicações feitas em catálogos de editoras ou listas de qualquer natureza, ou mesmo, como comenta Evans, 3 “em simples anotações feitas num guardanapo de papel”. São muito comuns os pedidos em que, antes de se decifrar o autor ou o título, é preciso decifrar a letra do requisitante. O formulário de pedido constitui o meio mais comum de apresentar sugestões para o desenvolvimento do acervo. Normalmente esse formulário varia de acordo com o tipo de biblioteca para a qual foi elaborado, mas, em geral, requer que seja preenchido com as seguintes informações: identificação do item: autor, título, edição, local, editora, ano de publicação, sér ie ou coleção, acrescentando, sempre que possível, informação referente ao ISBN (International Standard Book Number ) ou ISSN (International Standard Serial Number ), que são números exclusivos da publicação, evitando que ela seja confundida com outra; identificação do solicitante: nome e categoria do requisitante, departamento ou área (nos casos de bibliotecas universitárias ou especializadas), etc; data do pedido. Além dos dados acima citados, o formulário de sugestões utilizado em bibliotecas universitárias costuma também incluir áfinalidade a que se destina o item sugerido, ou seja, se é para atender às atividades de pesquisa, graduação, pós -graduação ou extensão, bem como a Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce indicação do grau de prioridade para aquisição, que constitui uma informação v aliosa para adequação das disponibilidades financeiras. Atualmente, em algumas bibliotecas, esse processo já é realizado por meio de programa informatizado, sendo possível encaminhar as sugestões de compra diretamente à base de dados da biblioteca. Apesar de o formulário solicitar ao requisitante que coloque todas as informações necessárias para a correta identificação do item, poucas serão as vezes em que seu preenchimento se fará de modo correto e completo. E nem sempre isso acontece por descuido do usuário. Mesmo informações retiradas de catálogos de editoras, por exemplo, que teriam uma probabilidade maior de estarem corretas, muitas vezes não trazem o ISBN/TSSN (particularmente nos catálogos de editoras brasileiras) ou outras informações consideradas essenciais. Outra dificuldade refere-se à forma como o material é referenciado, conhecida no meio bibliotecário como entrada principal. Muitas vezes há confusão entre a entidade publicadora e o nome do autor e o da coleção ou série, devido ao fato de um dele s ser mais conhecido, sendo necessário um verdadeiro trabalho de investigação para se obter a entrada correta. Lembramos, por exemplo, o caso de uma coleção de 254 volumes que foi solicitada duas vezes, uma como Rerum Britannicarum Medii Aevi Scriptores e a outra como Rolls Series. Rerum Britannicarum Mcdii Aevi Scriptores. Por muito pouco não foi adquirida em duplicata... Freqüentemente um item ora é solicitado pelo nome do editor, como se este fosse o autor da obra, ora apenas pelo título, constando como sem autoria, e ocasionando dois pedidos aparentemente diversos. Em caso de coleções ou obras antigas, isso é muito comum. O mesmo se dá em relação aos títulos de periódicos, quando precedidos das palavras Journal Review ou Revista, por exemplo, e que não s ão consideradas pelo solicitante (ou, ao contrário, o solicitante acrescenta o termo por sua conta, quando na realidade não existe). No caso de periódicos, também é comum o usuário tomar a abreviatura de um título como se fosse o título real e completo. É o caso, por exemplo, do Journal of the American Verterinary MedicalAssociation, muitas vezes mencionado como JAVMA. Merecem particular atenção as mudanças em títulos de periódicos que sofreram interrupção, o que também ocorre com relativa freqüência. Um me smo título pode ter versõesem idiomas diferentes, o que gera confusão em uma lista em ordem alfabética, como é o caso do periódico Actualité Terminologique , que é o mesmo que Terminology Update . Os casos apontados no último parágrafo referem -se apenas a uma pequena parcela de situações em que um pouco de desatenção por parte do bibliotecário pode resultar no dispêndio de verbas muitas vezes bastante vultosas (alguém aí tem idéia de quanto custa um obra especializada de 254 volumes?...). E pode implicar até mesmo a obrigatoriedade, perfeitamente dispensável, de manter obras em duplicata no acervo, com todos os custos adicionais que isto representa. Considerando-se a escassez de recursos financeiros com que as bibliotecas e serviços de informação em geral se defrontam, não estar atento às muitas armadilhas presentes na atividade de aquisição acaba representando um custo adicional indesejável. Por isso, embora seja uma atividade monótona e repetitiva, a verificação minuciosa de cada uma das sugestões recebidas não pode ser considerada de menor importância. Para a complementação de dados incompletos, imprecisos ou faltantes, recorre -se à pesquisa em catálogos de editoras, bibliografias, obras de referência e demais instrumentos especializados. A Bibliografia Brasileira, publicada pela Biblioteca Nacional, as publicações da Câmara Brasileira do Livro, o Catálogo Brasileiro de Publicações , da Livraria Nobel, são alguns exemplos de obras úteis para obter dados bibliográficos. Quem tem acesso a bancos de dados cooperativos como o BIBLIODATA/CALCO, da Fundação Getúlio Vargas, DEIJALUS, da Universidade de São Paulo, ou o CDROM UNIBIBLI, das universidades estaduais paulistas (USP, UNESP e UNICAMP) entre outros, tem maiores condições de sucesso. Quanto às publicações estrangeiras, são recomendados para a pesquisa sobre livros o Books in print, que traz a relação de livros editados em língua inglesa disponíveis no mercado, além de obras similares de outros países, como, por exemplo, Libros españoles en venta (Espanha), Les livres disponibles (França), Gertnan books in print (Alemanha), e Catalogo dei libri in commercio (Itália), para apenas citar alguns. Para periódicos, uma das obras mais utilizadas é o Ulrich‘s International Periodicals Directory, que apresenta a maioria do s títulos de publicações seriadas editadas no mundo. Agências internacionais especializadas no fornecimento de periódicos publicam catálogos que também podem auxiliar na complementação dos dados bibliográficos. A maioria destes instrumentos já se encontram disponíveis no mercado em suporte eletrônico. Os sistemas de comunicação eletrônicos atualmente disponíveis, como a Internet, permitem a consulta direta aos OPACs ( online public access catalogs ) de bibliotecas de todos os tipos, além dos catálogos em linh a de livrarias, agências e editoras, nacionais e estrangeiros, reduzindo, com muita vantagem, o tempo para obtenção de informações. A consulta, via Internet, a livrarias virtuais, como, no Brasil, a BookNet (http://www.booknet.com.br) pode resultar na obte nção de dados essenciais de livros brasileiros correntes. No exterior, há livrarias que dispõem de catálogos com centenas de milhares de títulos de obras disponíveis, como, por exemplo, a Booksite (http://www.booksite.com), Amazon (http://www.amazon.com) e a Intemet Bookshop (http://www.bookshop.co.uk). Verificação da existência do item solicitado Após a complementação dos dados das solicitações, parte -se para a verificação da existência ou não do item no acervo ou se está em processo de compra, isto é, s e já foi encomendado ou faz parte de alguma outra lista de pedidos, a ser adquirida com recursos financeiros de outra origem. Inicialmente, faz-se a conferência nos catálogos ou bases de dados da biblioteca, para confirmar se a obra já existe no acervo; ca so exista, determina-se se há necessidade de adquirir exemplares adicionais e qual a prioridade em relação às demais aquisições, em caso de limitação de recursos. E desejável também verificar a existência da obra em bibliotecas próximas, de fácil acesso, que possam funcionar como uma alternativa à posse física do material. A pesquisa nos catálogos ou bases de dados requer cuidados redobrados. Há a possibilidade de a obra existir em tradução e não ser necessário possuir o original. Outras vezes, o original é essencial, ou é conveniente possuir a obra em várias traduções. O mesmo acontece com edições diferentes de um mesmo título realizadas por editoras diversas, pois podem conter comentários, prefácios e introduções peculiares a cada uma delas, talvez de grande importância para o usuário. As mesmas precauções com as entradas principais ou entradas por organizadores ou coordenadores (editors, em inglês) ou entidades corporativas devem também ser observadas nesta etapa do trabalho. Cuidados especiais devem ser t omados em relação a subtítulos que podem confundir-se com os títulos, e que dificultam as pesquisas (por exemplo: Portrait of a life: Oscar Wilde, solicitado como Oscar Wilde). Os nomes de autores individuais também podem dar origem a confusões e, por isso , exigem certa atenção. Há o caso, por exemplo, dos nomes próprios espanhóis que às vezes são indicados como se fossem nomes portugueses (por exemplo, Lorca e não García Lorca (forma correta); Gasset e não Ortega y Gasset (forma correta). Outro problema su rge com as grafias alternativas dos nomes de autores, dependendo da língua do texto (Platão/Plato/Platon; Espinoza/Espinosa/Spinoza; Zeami/Se -Ami). Armadilhas semelhantes são criadas por nomes de instituições consideradas como autores coletivos. Como se disse, evitar duplicações desnecessárias não implica somente os custos duplicados da compra da obra, mas também do processamento técnico, do armazenamento e até do tempo e trabalho despendidos na realização de um eventual descarte. Magrill & Corbin4 comentam que o custo da pesquisa de verificação de um item pedido equivale ao preço de uma duplicata. No entanto, apesar de trabalhosa, essa pesquisa é de fundamental importância para a eficiência da aquisição. Seleção dos fornecedores Um dos fatores que mais contribuem para a realização de boas compras é o contato com livrarias, editoras e agentes especializados. Trata -se de processo contínuo de acompanhamento que envolve, além do manuseio de catálogos e publicações especializadas, o conhecimen to pessoal das fontes de venda e seus representantes. Além dos instrumentos de referência tradicionalmente utilizados, como guias de editoras, listas especializadas e bibliografias, é conveniente ter sempre à mão um cadastro de livrarias, editoras e agências com que se mantêm contatos mais freqüentes. Reklla Realce Reklla Realce Esse cadastro deverá ser atualizado constantemente, mantendo -se as informações da forma mais completa possível, com endereço, telefone, fax, endereço eletrônico e nome da pessoa que atua como contato com os cl ientes. Será útil não apenas para a fase inicial do processo de compras, quando da solicitação dos pedidos, mas também quando, após a chegada do material, constatam-se, muitas vezes, irregularidades nos envios e há necessidade e se reportar aos fornecedores. Os catálogos de editoras e livrarias são peças fundamentais para o trabalho de aquisição. Permitem a obtenção de dados mais completos sobre autores e títulos, bem como de outras informações importantes, como o preço e o ISEN ou ISSN. O bibliotecário dev e solicitar os catálogos referentes a sua área de atuação e mantê -los sempre à disposição dos usuários, para que possam ficar a par do que está sendo publicado e, assim, fazer indicações para melhoria do acervo. Decidir com quais fornecedores se vai trabal har depende muito da área de especialização desejada. Há fornecedores que trabalham melhor em áreas especializadas, como as de ciências humanas, ciências exatas, ciências biológicas, etc. Algunstêm maior experiência com o fornecimento de livros técnicos, enquanto outros especializam-se em obras para públicos específicos, como, por exemplo, o público infanto -juvenil. Existem fornecedores especializados em edições esgotadas ou em obras raras. Todas essas peculiaridades precisam ser dominadas pelos profissionais da aquisição. E também importante possuir um canal de comunicação com os colegas de profissão e mantê-lo permanentemente aberto, de maneira a informar -se a respeito do serviço que lhes foi prestado por determinados fornecedores. Além disso, convém soli citar orçamentos de fornecedores diferentes, comparando preços, prazos de entrega, descontos oferecidos, condições de possíveis reclamações, etc. É também essencial certificar -se sempre da idoneidade das firmas com as quais se deseja trabalhar, avaliando c onstantemente os procedimentos dos vendedores com os quais se trabalhou em anos anteriores. Essas precauções devem ser tomadas não só para compras de poucos itens ou itens individuais, mas principalmente quando se tratar de uma grande quantidade de itens o u de áreas bastante variadas. Nas compras realizadas por instituições governamentais, como já foi esclarecido anteriormente, a partir de um determinado teto, de valor não muito expressivo e alterado periodicamente, é exigida a realização de licitação, quan do várias firmas participam de um mesmo processo de compra. Cabe ao bibliotecário informar aos órgãos responsáveis pela licitação quais as empresas em condições de oferecer melhores serviços e quais são as mais adequadas àquela compra específica, bem como alertá-los sobre firmas pouco confiáveis. Quem são os fornecedores de materiais de informação Até agora falamos de fornecedores ou vendedores, sem especificar quais os tipos de empresas que podemos encontrar atuando no mercado. Podem ser agrupadas em dif erentes categorias de fornecedores de materiais de informação: editoras, livrarias, agências e distribuidoras Outra possibilidade é oferecida pelos approval plans, que, embora não constituam uma categoria de fornecedores, serão tratados nesta mesma seção. Editoras São as instituições responsáveis pela edição das publicações. As vezes também realizam a venda de suas publicações diretamente ao consumidor. As vantagens da aquisição diretamente na editora dependerá em muito da quantidade de itens que ela pode fornecer e quantos a biblioteca está interessada em adquirir. No que tange às edições feitas no mercado nacional, as vantagens parecem ser bastante evidentes, pois as editoras costumam oferecer descontos e muitas vezes são praticamente o único fornecedor (principalmente de periódicos científicos, que têm pouca distribuição fora de seu próprio meio). Quanto às publicações estrangeiras, convém pesar com bastante cuidado as vantagens e desvantagens de realizar a compra diretamente na editora. Nas compras dire tas, portanto, sem intermediários, o preço a ser pago é sempre o preço de capa, a que torna os custos menos elevados. Convém, porém, atentar para os custos do frete. Pela mesma razão, ou seja, a Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce ausência de intermediários, os prazos de fornecimento de mate rial, bem como para as reclamações e reposições são mais reduzidos. As desvantagens da compra direta estão principalmente relacionadas ao maior volume de correspondência, pois há necessidade de se entrar em contato com cada um dos editores. Além disso, deverá existir um maior controle no gerenciamento dos pedidos: quanto maior o número de editores com os quais se deve contatar, maior a complexidade de atividades de controle. As taxas bancárias para remessa de numerário para o exterior, considerando -se cada editora individualmente, constituem também um fator que afeta negativamente as compras diretas. É importante salientar que algumas editoras não aceitam encomendas que lhes sejam feitas diretamente, preferindo vender seus produtos por meio de intermediários . Por outro lado, em casos mais raros, existem também editoras que só realizam vendas por ordem direta, recusando-se a trabalhar por intermédio de distribuidoras ou agências. Nesses casos, não resta ao responsável pela aquisição senão seguir a política da editora, ainda que isso não seja vantajoso. Livrarias São empresas que vendem a varejo, diretamente ao consumidor, o produto das editoras. As livrarias de maior porte costumam ter em seu estoque uma grande variedade de títulos em diferentes assuntos, o que facilita a compra quando se tem um pedido com inúmeros títulos também sobre vários assuntos. Em geral, as livrarias mais populares, como as que pertencem a grandes redes, mantêm em seu estoque as edições mais recentes, optando por trabalhar com os últimos lançamentos e novidades que lhes garantam mais rápido retomo financeiro. Existem, no entanto, tipos distintos de livrarias, que procuram atender a uma clientela diferenciada, especializando-se por: assuntos: informática, arte, medicina, etc.; edições de determinado país: França, Grã -Bretanha, Portugal, etc.; materiais em determinado idioma: língua francesa, inglesa, espanhola, etc.; edições fora de comércio ou de segunda mão, também conhecidas como sebos; obras raras e especiais: manuscritos, mapas a ntigos, edições personalizadas, etc.. O conhecimento aprofundado das livrarias e o bom relacionamento com seus responsáveis produzem resultados bastante satisfatórios, não só para a obtenção de descontos mas também no auxílio à decisão sobre a aquisição de novos títulos ou para localizar títulos que não mais estejam em catálogo. A grande vantagem da compra em livrarias é a rapidez do processo. A proximidade física da livraria evita uma série de procedimentos burocráticos, o pagamento é feito contra entreg a e, se houver alguma reclamação posterior, por erro no pedido ou na entrega, toma -se mais fácil fazer uma troca ou algum acerto. A aquisição de obras estrangeiras no mercado interno, junto a livrarias especializadas, muitas vezes é mais compensadora em te rmos de custo-benefício do que a importação direta: quando a livraria já possui a obra em estoque, sua entrega é imediata, enquanto que um item comprado no exterior pode levar até mais de três meses para chegar à biblioteca. Além disso, elimina-se a necessidade de correspondência entre comprador e vendedor. Nem sempre é possível tirar maior proveito das facilidades proporcionadas pela compra direta em livrarias. Muitas vezes, principalmente em bibliotecas vinculadas à administração pública, há necessidade de licitação. Serviços de informação da iniciativa privada encontram menores dificuldades quanto a isso. Agências e distribuidoras São empresas especializadas no fornecimento de materiais de informação produzidos por um número variado de editoras, funcion ando como intermediários entre estas e os compradores. Existem empresas nacionais que prestam esse tipo de serviço, principalmente na importação de material estrangeiro, bem como uma variedade de firmas internacionais, algumas com representação no Brasil. As agências, diferentemente das editoras, que só vendem o material que publicam, e das livrarias, que em geral só mantêm em estoque as publicações mais recentes, estão aptas a conseguir uma grande quantidade de material proveniente das fontes mais diversas , independentemente da editora ou data de publicação, dentro das limitações do mercado. Reklla Realce Reklla Realce Reklla Realce Como todos os demais fornecedores de material de informação, muitas agências também atuam em áreas especializadas. Existem as que só trabalham com periódicos, outras qu e só comercializam livros. Umas têm preferência por países ou continentes, outras especializam -se em fornecer materiais de editoras universitárias. Existem as que trabalham em áreas específicas do conhecimento, como medicina, engenharia, etc. Há também
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