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ECA AULA - 7

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ECA AULA – 7
Medidas de Proteção, Medidas Aplicáveis aos Pais ou Responsáveis e Medidas Socioeducativas
Introdução
Muitas crianças e adolescentes ainda necessitam, e muito, da proteção daqueles que façam cumprir o que determina o ECA. Assim, o legislador teve a grande preocupação de criar medidas que cumpram as determinações legais, garantindo direitos às crianças e aos adolescentes, e que os restabeleçam ao seu status quo ante, no caso de violação de direitos, bem como suas famílias, proporcionando-lhes uma vida mais digna.
Nesta aula, você irá reconhecer estas medidas, intituladas medidas de proteção e socioeducativas, bem como aquelas específicas que são aplicadas aos pais e responsáveis.
Conselho Tutelar
Como vimos até então, a CRFB, em seu artigo 227, recepcionado pelo ECA e outras legislações, assegura uma série de direitos à criança e ao adolescente, estabelecendo como obrigados a sociedade, os pais e o Estado.
Diante disto, o artigo 98, do ECA, estabelece que as medidas de proteção sejam aplicadas sempre que houver violação dos direitos das crianças e dos adolescentes por "ação ou omissão da sociedade ou do Estado", ou "por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável".
Mas não somente a sociedade, o Estado ou os pais podem dar ensejo à aplicação dessas medidas. O inciso III, do artigo 98, também elenca o próprio comportamento da criança ou do adolescente como causa de aplicação de medidas protetivas. Neste caso, não se verificam necessariamente omissões ou abusos de terceiros.
Tais hipóteses correspondem principalmente, mas não exclusivamente, aos casos de cometimento de atos infracionais, que serão vistos adiante, ou quando estes menores usam drogas, se prostituem etc. Em todas essas três hipóteses contidas no artigo 98, podemos afirmar que a criança ou o adolescente se encontra em situação de risco.
ATENÇÃO
Medidas de Proteção, como a própria nomenclatura diz, reflete a natureza destas medidas, ou seja, destinam-se à proteção de crianças e adolescentes incursas nas hipóteses do artigo 98, do ECA.
Isto porque a legislação menorista está embasada na doutrina da proteção integral, que reconhece na criança e no adolescente, indivíduos portadores de necessidades peculiares, não se olvidando a sua condição de pessoas que se encontram em fase de desenvolvimento psíquico e físico, condição que os coloca em posição de merecedores de especial atenção por parte do Estado, da sociedade e dos pais ou responsáveis.
E quais são essas medidas?
Sua previsão consta, em rol exemplificativo, no artigo 101 do ECA. Vejamos quais são elas:
I
Encaminhamento aos pais ou ao responsável, mediante termo de responsabilidade.
II
Orientação, apoio e acompanhamento temporários.
III
Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental.
IV
Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente.
V
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial.
VI
Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
VII
Acolhimento institucional.
VIII
Inclusão em programa de acolhimento familiar.
IX
Colocação em família substituta.
Quem aplica essas medidas?
A aplicação das medidas protetivas não é necessariamente judicial. As medidas dos incisos I a VII, do artigo 101, do ECA podem ser aplicadas também pelo Conselho Tutelar, ex vi do artigo 136, inc. I, do ECA.
Da mesma forma, o artigo 93 prevê a possibilidade de que as entidades mantenedoras de programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 horas ao juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
Nas demais hipóteses, a aplicação da medida é judicial.
Para a propositura da ação de medida de proteção, poderá o órgão valer-se de infrações e elementos de convicção encaminhados pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos, como, ainda, requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias, e também requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas.
Para aferição de qual a medida mais adequada dentre as aplicáveis, pode o julgador valer-se de estudo social, cuja realização pode ser determinada de ofício ou por requerimento das partes.
Critérios de aplicação das medidas de proteção
As medidas de proteção podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Na aplicação dessas medidas, levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem:
• Ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
• À condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos;
• À proteção integral e prioritária;
• À responsabilidade primária e solidária do poder público;
• À oitiva obrigatória e à participação da criança e do adolescente, nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção.
Das medidas aplicáveis aos pais e responsáveis
Quando crianças e adolescentes necessitam de medidas de proteção ou praticam atos infracionais, percebe-se que, muitas vezes, é imprescindível alguma intervenção em suas famílias. Assim, o ECA prevê a aplicação de medidas também aos pais ou responsáveis destes menores, a fim de proteger o ambiente familiar, adequando-o ao desenvolvimento da criança ou do adolescente.
Tais medidas se encontram previstas nos artigos 129 e 130, do ECA, e são aplicadas tanto pelo juiz quanto pelo conselho tutelar, em caso de violação da integridade física, psíquica e/ou moral da criança ou do adolescente, por omissão, abuso ou opressão dos pais ou responsável. Clique nos boxes abaixo para ler um resumo de cada um dos artigos citados:
ARTIGO 129 ARTIGO 130
ARTIGO 129:
As medidas previstas, nos incisos I a VI, do artigo 129, têm natureza tutelar, e não de sanção, e o descumprimento das mesmas configura a infração administrativa do art. 249, também do ECA.
A medida prevista, no inciso VII, tem a característica de orientação e repressão, sendo possível sua aplicação toda vez que os pais ou responsáveis descuidarem na assistência e proteção de seus filhos. Ela tem a finalidade de avisar aos pais (ou responsáveis) que seus filhos estão na iminência de entrar em situação de risco pessoal. Ela é reduzida a termo, em audiência, com a presença do representante do Ministério Público.
A medida do inciso VIII ocorre quando os pais ou responsáveis deixam de prover as necessidades básicas de subsistência da criança ou do adolescente, permitindo que seus direitos sejam ameaçados ou violados.
No inciso IX, temos a aplicação de medida especificamente ao tutor, quando este for negligente em suas obrigações, ocasionando a violação ou ameaça dos direitos do tutelado. Assim, o tutor será destituído do encargo.
E no inciso X, temos a previsão de medidas mais severas, como a suspensão e a destituição do poder familiar, para os casos mais graves. A suspensão é uma medida transitória e temporária, podendo os pais terem restabelecido o poder familiar, desde que desapareçam os motivos ensejadores da medida. Já a destituição tem caráter duradouro, só podendo ser restabelecido o poder familiar através de procedimento judicial e contraditório.
ARTIGO 130: O artigo 130 determina que verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. A Lei 12.415, de 2011, incluiu o parágrafo único, no referido artigo, determinando que, da medida cautelar, constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentedo agressor.
ATENÇÃO
Em casos graves, como maus tratos ou abuso sexual, pode haver o afastamento do agressor, por determinação judicial, da moradia comum, tornando-o assim, um ambiente seguro e tranquilo para a criança ou adolescente.
Medidas socioeducativas
As medidas socioeducativas encontram-se previstas, no artigo 112, do ECA, e são aplicáveis somente aos adolescentes que praticam atos infracionais. O artigo 103, do ECA, prevê que o ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal, praticado por menores de 18 anos de idade. O estudo do ato infracional será aprofundado na aula 9.
Vale lembrar que crianças (menores de 12 anos de idade) também praticam atos infracionais. Porém, por força do artigo 105, do ECA, a elas são aplicáveis somente medidas de proteção, em razão de o legislador ter considerado a falta de maturidade das mesmas.
As medidas socioeducativas não possuem natureza punitiva, mas sim um caráter pedagógico e visam à proteção e à educação do adolescente em conflito com a lei.
Critérios de aplicação das medidas socioeducativas
Antes de definir estas medidas, o legislador preocupou-se em preservar a dignidade do adolescente infrator por meio das garantias e ainda definir as regras para a sua aplicação.
Assim, no art. 112, o legislador, ao cuidar das medidas a serem aplicadas, o fez de forma a garantir a ressocialização do adolescente, tanto que, além de apontar as seis espécies de medidas socioeducativas, previu a possibilidade de cumulá-las com as medidas previstas no art. 101 (de proteção), exceto as que visem à colocação em família substituta.
Além disso, elas podem ser também substituídas a qualquer tempo, por outra que se mostre mais adequada de acordo com a peculiaridade de cada caso.
Ainda no artigo 112, no parágrafo 1º, conjugado com o art. 113, o legislador indicou os critérios a serem observados pelo juiz no momento da escolha da medida mais adequada.
1
Capacidade do infrator para cumprir a medida: não obstante ser ele inimputável, possui discernimento.
2
Circunstâncias e consequências do fato: leva-se em consideração o modus operandi e as peculiaridades do ato.
3
Antecedentes, referentes ao cometimento de outras infrações.
4
Gravidade da infração: o comportamento do infrator no cometimento do ato.
5
Necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
SAIBA MAIS
Obs.: O legislador, no parágrafo 3º, do artigo 112, não eximiu os adolescentes portadores de doença mental da aplicação dessas medidas. Apenas previu que sejam aplicadas de forma individual e em local especializado.
Como a medida socioeducativa deve guardar nexo de proporcionalidade com o ato praticado, exigiu o legislador que, para a imposição das medidas descritas nos incisos II a V, do art. 112, restem suficientemente comprovadas a autoria e a materialidade do ato infracional.
Já para a medida de advertência, descrita no inciso I, a exigência ficou restrita à prova da materialidade e apenas indícios de autoria.
As medidas socioeducativas
ADVERTÊNCIA — ART. 115
Conforme definição legal, consiste em uma espécie de admoestação verbal, reduzida a termo em audiência (audiência admonitória) e assinada pelo adolescente e seus responsáveis, com o objetivo de alertar o adolescente sobre os riscos decorrentes da sua conduta. Na prática, consiste em conscientizar o adolescente do ato praticado e das suas consequências, levando-o a se comprometer a não mais incidir na mesma conduta. Por se tratar da medida socioeducativa mais branda prevista pelo ECA, ela está restrita aos atos infracionais de natureza leve, cometidos sem violência ou grave ameaça, e envolvendo adolescente sem antecedentes.
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO — ART. 116
O legislador estatutário reservou esta medida aos atos infracionais de natureza patrimonial. Como envolve um tipo de obrigação que normalmente deve ser exercida pelos pais, nos moldes da lei civil, o legislador determinou que esta medida só poderá ser aplicada se o adolescente tiver condições de cumpri-la por si mesmo. Caso não tenha, a medida terá de ser substituída por outra. Ainda para facilitar, determinou que esta medida pode ser cumprida com a restituição da coisa, com o ressarcimento, ou outra forma que compense o prejuízo da vítima.
O exemplo que se tornou conhecido pela sociedade foi a imposição desta medida a alguns adolescentes que tiveram que pintar o muro do Estádio do Maracanã (RJ) como forma de reparação do dano. O objetivo desta medida não é expor o adolescente ao constrangimento, mas sim, levá-lo a compreender o prejuízo causado e a repará-lo, na medida do possível.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE — ART. 117
Esta medida tem um caráter educativo, à medida que o adolescente realizará uma atividade útil para a sociedade e que, de certa forma, contribui para a formação de seus valores. Não obstante o seu caráter pedagógico, como envolve o trabalho, o legislador, além de condicionar a sua aplicação às condições pessoais do adolescente, estabeleceu prazo máximo de 6 meses, com a possibilidade de extensão a uma jornada máxima de 8 horas semanais, sem prejuízo do horário escolar ou profissional.
Vale lembrar que esta medida não se confunde com a prestação de trabalho forçado (art. 112, § 2º), e é realizada através de convênios com hospitais, escolas etc.
LIBERDADE ASSISTIDA — ARTS. 118 E 119
Esta é a mais apropriada quando uma medida mais leve se mostrar ineficaz, ou quando o adolescente infrator não se revelar perigoso ao ponto de se recomendar uma medida mais severa. Assim, será aplicada sempre que se mostrarem necessários o acompanhamento, o auxílio e a orientação ao adolescente infrator.
É uma limitação ao estilo de vida do adolescente infrator, redimensionando suas atividades, seus valores e sua convivência familiar. O legislador determinou o prazo mínimo de 6 meses para a sua aplicação, já que não se pode prever o tempo necessário para se ressocializar um adolescente que esteja envolvido com a prática de ato infracional.
Esta medida, nos dias de hoje, é a que mais tem resgatado os nossos adolescentes, porque, na prática, além de o menor continuar sob os cuidados de sua família, ainda é monitorado pelo juiz, na pessoa de um orientador.
Dada a importância do papel desse orientador, o legislador apontou uma gama de compromissos a serem observados por ele (artigo 119, ECA), dentre os quais o de diligenciar a frequência escolar e a profissionalização do adolescente, e apresentar relatório, de forma a subsidiar a análise judicial acerca da necessidade da manutenção, substituição, extinção ou regressão da medida.
SEMILIBERDADE — ART. 120
Trata-se de uma medida que pode ser aplicada desde o início (autônoma) ou como forma de transição para o meio aberto. Aplicam-se a ela as disposições relativas à internação, desde que compatíveis.
Tal como na medida de internação, não comporta prazo determinado, e sua manutenção deve ser reavaliada pela autoridade judicial, no máximo, a cada 6 meses. É da essência dessa medida o exercício de atividades externas durante o dia, podendo o adolescente estudar e trabalhar, porém devendo pernoitar na instituição onde se encontra acolhido.
Na prática, dar efetividade a esta medida é um tanto difícil, devido à falta de entidades voltadas a esta finalidade.
INTERNAÇÃO — ART. 121
É a medida socioeducativa que consome mais disposições do ECA, sendo tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida é privativa de liberdade, ficando o adolescente internado em estabelecimento próprio para esse fim, não podendo permanecer internado em sede policial ou em estabelecimento prisional.
A internação está prevista no art. 121, do ECA. Ela é a última e única das medidas socioeducativas que implica na privação da liberdade do adolescente, que, apesar disso, pode realizar atividades externas a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
A medida de internação é regida, consoanteartigo 121, pelos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Passemos a analisar as disposições do ECA que buscam garantir a eficácia de tais princípios.
Tempo de Internação
Em apreço ao princípio da brevidade, a medida de internação, embora não tenha prazo determinado na sentença pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra, por um prazo máximo de 3 anos.
Dizemos em regra porque o ECA prevê alguns outros prazos de grande importância. Dessa forma, existe a previsão dos seguintes prazos máximos:
PRAZO ESTABELECIDO PELO ART. 121, PAR. 3º
3 anos, muito embora seja necessário atentar para o artigo 45 da Lei 12594/12, que passa a prever a unificação de medidas de internação, caso o adolescente esteja cumprindo medida socioeducativa de internação e venha a praticar novo ato infracional que motive nova medida de internação, hipótese em que poderá haver a unificação. No entanto, o artigo é claro no sentido de que o adolescente não poderá ser julgado por ato praticado antes da internação e nem em caso de já ter passado ao cumprimento de medida menos gravosa.
Outra disposição clara é no sentido de que deve ser respeitado o artigo 121, parágrafo 5º do ECA. Ou seja, a medida não pode ultrapassar os 21 anos.
PRAZO ESTABELECIDO NO ART. 108
45 dias para a internação provisória.
PRAZO ESTABELECIDO NO PAR. 1º, DO ART. 122
3 meses, relativo à medida de internação sanção, em caso de medida anteriormente imposta e descumprida de forma injustificada e reiterada. A lei 12.594/12 promoveu alteração neste parágrafo, muito embora não tenha atingido o prazo em si.
A modificação diz respeito à exigência do devido processo legal para que a medida possa ser aplicada. Passa a dispor o parágrafo 1º:
“§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal.”
PRAZO MÁXIMO ESTABELECIDO PARA A REAVALIAÇÃO DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO
6 meses. Com isso, podemos afirmar que a internação é medida privativa de liberdade que não comporta prazo determinado na sentença, mas que comporta prazo máximo de 3 anos para que o adolescente permaneça internado, desde que tenha sido reavaliada mediante decisão fundamentada no máximo a cada 6 meses.
Reavaliada: A reavaliação é direito subjetivo do adolescente, sendo cabível a impetração de mandado de segurança para que ela seja realizada, pois possibilitará que o adolescente seja desinternado assim que a medida não se mostre mais necessária. Também tem sido aceita a impetração de habeas corpus e deferida a ordem para realização da reavaliação. Durante a internação, é possível realizar atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo disposição judicial em contrário.
SAIBA MAIS
Com a inclusão do parágrafo 7º, no artigo 121, do ECA, pela Lei 12594/12, o juiz poderá voltar a permitir a realização das atividades externas, caso a tenha proibido. Atingido o prazo máximo de 3 anos, o adolescente será liberado ou passará a cumprir medida de semiliberdade ou de liberdade assistida.
O prazo máximo de 3 anos deve ser analisado conjuntamente com a idade máxima permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante disposto no parágrafo 5º do artigo 121.
Tal limite máximo de idade foi estabelecido pelo legislador justamente levando em conta o prazo máximo de 3 anos. Se não houvesse a possibilidade de aplicação da internação até os 21 anos, o adolescente que praticasse o ato próximo à data de completar a maioridade provavelmente não receberia a medida.
O legislador pensou em atingir até mesmo o adolescente que deixasse para praticar o ato infracional no último momento antes de completar a maioridade. Seja qual for o motivo da desinternação, essa somente será realizada mediante decisão judicial fundamentada, não sendo automática em nenhuma hipótese.
Caso o adolescente não seja liberado ao completar 3 anos de internação ou quando atingir 21 anos, passará a existir ilegal privação de liberdade, sendo cabível habeas corpus. Também será cabível o writ no caso de inadequação da medida de internação, caso em que se admite a progressão para semiliberdade ou até mesmo para liberdade assistida.
Sendo assim, vejamos os pontos de maior destaque ligados à medida socioeducativa de internação.
Resumindo
A internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada pelo juiz, no máximo, a cada 6 meses. E o seu período máximo não excederá a 3 anos, ocasião em que o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. Além disso, haverá a liberação compulsória do infrator quando este completar 21 anos de idade. Em qualquer das hipóteses a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
A medida de internação só poderá ser aplicada nas seguintes hipóteses:
• Quando tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa;
• Por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
• Por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (neste caso, excepcionalmente o prazo da internação não poderá ser superior a 3 meses).
O STJ vem decidindo de maneira recorrente que não é cabível a internação pela mera prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Recentemente foi editada a súmula 492.
A Súmula 492 estabelece que:
“O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”.
O STJ já entendeu que o juiz poderia aplicar a medida se o tráfico fosse o quarto ato infracional dotado de gravidade, caso em que estará configurada a reiteração no cometimento de outras infrações graves, a justificar a medida com base no artigo 122, II do ECA. Atualmente, o STJ entende que deve ser analisado o caso concreto. Caracterizada a reiteração no cometimento de infrações graves, será possível a aplicação da medida de internação.
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. E durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas para o adolescente.
O adolescente privado de liberdade possui os direitos previstos nos artigos 124 e 125 do ECA.
A internação deve ser cumprida em local específico, separando-se os adolescentes por idade, gravidade da infração e compleição física.
ATENÇÃO
Além das medidas socioeducativas previstas no artigo 112, do ECA, podem ser aplicadas, a título delas, as medidas de proteção previstas no artigo 101, I a VI do ECA.
	
O quadro a seguir demonstra as principais distinções entre as medidas protetivas e as medidas socioeducativas:
Atividades
Cláudio tem 10 anos de idade. Em visita a sua avó, acabou se envolvendo em uma briga com o vizinho de 12 anos, causando nele lesões corporais de natureza grave. Encaminhado ao Conselho Tutelar, Cláudio foi levado à delegacia para procedimento de apuração de ato infracional, visando a posterior aplicação de medida socioeducativa. O procedimento foi correto? 
GABARITO
Não. Por se tratar de criança, Cláudio apenas poderá receber medida de proteção, não havendo procedimento em sede policial ou judicial. Caberá ao próprio Conselho Tutelar a aplicação da medida.
Questão 1: Sobre as medidas protetivas e socioeducativas conferidas aos menores, é correto afirmar que:
A internação possui prazo determinado de duração, jamais podendo ser fixada por período inferior a seis meses.
Os atos infracionais, passíveis de medidas protetivas ou socioeducativas, são aqueles cujas condutas típicas estão expressamente previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A internaçãopode ser aplicada a menor de 12 anos, excepcionalmente, na hipótese de ato infracional cometido mediante violência e grave ameaça, em reiteração.
Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a prática de ato infracional análogo ao tráfico de entorpecentes, por si só, não autoriza a aplicação da medida socioeducativa da internação.
A prescrição penal não é aplicável às medidas socioeducativas, pois, ao contrário dos adultos, aos menores não se atribui pena.
Questão 2: Em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente, são princípios que regem a aplicação das medidas de proteção à criança e ao adolescente:
Privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada.
Interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e depois do adolescente.
Na aplicação das medidas de segurança levar-se-ão em conta as necessidades materiais, preferindo-se aqueles que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada mesmo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente.
Intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada antes da situação de ameaça de perigo ser conhecida.
Questão 3: Considerando as normas da Lei Federal nº 8.069, de 13/07/1990, assinale a alternativa correta sobre o que a referida lei considera ser a admoestação verbal aplicada por autoridade competente.
Advertência
Tratamento degradante
Medida excessiva
Pena privativa de liberdade
Pena cruel
Questão 4: Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente:
Seja obrigado a prestar trabalho forçado, no período proporcional à gravidade do delito.
Restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Seja encaminhado a um sistema prisional comum.
Preste, durante um ano, serviços comunitários que consistem na realização de tarefas gratuitas de interesse geral.
Responda criminalmente por seus atos infracionais.
Questão 5: Ao final do procedimento de apuração de ato infracional o juiz aplica ao adolescente medida socioeducativa de internação, sem fixação de prazo de duração. Ao receber a notícia pelo defensor público, o adolescente pergunta a quanto tempo de internação foi “condenado”. Conforme previsto em lei, a resposta mais correta do defensor ao adolescente seria a de que a medida:
Durará de seis meses a três anos caso o adolescente seja primário e de um ano a três anos caso seja reincidente.
Durará no máximo cinco anos, podendo o adolescente ser transferido para semiliberdade desde que tenha bom comportamento e cumpra pelo menos 10 meses de internação.
Pode ser substituída por outra medida mais branda a qualquer tempo e não pode ultrapassar três anos de duração.
Foi aplicada pelo prazo mínimo de seis meses, ao término do qual a medida pode ser prorrogada, sucessivamente, não podendo ultrapassar o limite máximo de quatro semestres.
Durará o tempo necessário para o que adolescente seja considerado apto a regressar ao convívio social com baixo risco de reincidência ou, até que, antes disso, complete 18 anos.

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