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Caso Concreto 2 Direito Tributário I



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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I.
CASO CONCRETO 2
Questão Discursiva:
Em meio a uma crise política e econômica em 2015, o Governo Federal apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei orçamentária com um déficit de 30,5 bilhões de reais. À época, questionamentos políticos e econômicos foram levantados e o cerne da questão gira em torno de um dos princípios orçamentários mais relevantes, que congrega todos os elementos da atividade financeira do estado. Indaga-se: 
A questão que se levantou é se estaria o poder executivo autorizado a propor um projeto de lei com este desequilíbrio? Identifique o princípio orçamentário referente e como os elementos do Direito Financeiro se relacionam no caso.
Frisa-se, inicialmente, que são elementos essenciais da atividade financeira do Estado: o orçamento público (gestão dos recursos), a receita pública (obtenção de recursos), o crédito público (criação de recursos) e a despesa pública (aplicação de recursos para o alcance dos fins do Estado).
Por esse retrato, o orçamento público é componente da atividade financeira do Estado, ao lado da receita, da despesa e do crédito público, numa composição que motiva questionamentos taxonômicos quando se observa que o direito tributário se apresenta como segmento destacado do direito financeiro, ocupando-se somente de uma parcela deste, ao ter por objeto as receitas públicas derivadas tributárias.
 No caso concreto em questão, o poder executivo não estaria autorizado a propor um projeto de lei com tamanho desequilíbrio, uma vez que isso feriria o Princípio do Equilíbrio Orçamentário, além de ser contrário ao artigo 167, inciso, III da CF/88, que diz que é vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
Art. 167, São vedados:
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
2) Como ficaria com base na legislação atual?
O princípio do equilíbrio orçamentário teria sido restringido entre as operações de crédito e as despesas de capital, ressalvada a possibilidade de as operações de crédito superarem os valores de investimento mediante aprovação do Poder Legislativo, por maioria absoluta. Entretanto, a partir da promulgação da EC 95/2016, foi implementado um novo regime fiscal com limites individualizados para as despesas primárias no intuito de estabelecer um equilíbrio orçamentário, uma vez que são limites globais para cada poder com base em despesas primárias.
Nesse sentido, segue jurisprudência acerca do tema:
Tribunal de Contas da União TCU - RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO (RACOM) : 01041020171
Ementa
RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO. AVALIAÇÃO, RELATIVAMENTE AO 1º BIMESTRE, DA PREVISÃO DE RECEITAS, FIXAÇÃO DE DESPESAS E DAS METAS FISCAIS CONSTANTES DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA RELATIVA AO ANO DE 2017. ADEQUABILIDADE DAS PREVISÕES REALIZADAS. POSSIBILIDADE DE O DÉFICIT APRESENTADO NO RESULTADO PRIMÁRIO SOFRER ELEVAÇÃO DE R$ 42 BILHÕES. DETERMINAÇÃO À SEMAG. COMUNICAÇÕES. ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO Adoto, como parte do relatório, a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secretaria de Macroavaliação Governamental - Semag (peça 71), que contou com a anuência do corpo gerencial daquela unidade técnica (peças 72 e 73), a seguir transcrita com os ajustes de forma pertinentes: 1. INTRODUÇÃO 1.1. Objetivo Geral
Acordão
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de acompanhamento realizado com o objetivo de acompanhar as receitas e despesas primárias, o resultado primário e o contingenciamento, no tocante ao cumprimento das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), ambas relativas ao ano de 2017, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e da Emenda Constitucional (EC) 95/2016, relativamente ao 1º bimestre de 2017;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag) que, nas próximas fiscalizações, com o propósito de dar cumprimento às disposições insculpidas no art. 3º, inciso IV, alínea a, da Resolução-TCU 142/2001:
9.1.1. observe o impacto no resultado primário do governo quanto à:
a) evolução do déficit das empresas estatais federais; e
b) possibilidade de ocorrer o pagamento de quota anual, em duodécimos, à CDE de um terço do pagamento da bonificação do valor de outorga das usinas hidrelétricas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande;
9.1.2. acompanhe e analise as medidas adotadas pelo Banco Central do Brasil e pela Secretaria do Tesouro Nacional no intuito de aprimorar os procedimentos metodológicos futuros a fim de minimizar diferenças no cálculo do resultado primário do governo central;
9.2. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, ao Banco Central do Brasil, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, à Secretaria de Orçamento Federal e à Secretaria do Tesouro Nacional, à Autoridade Independente Fiscal do Senado Federal e às Consultorias de Orçamento do Congresso Nacional;
9.3. arquivar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do TCU.
Questão objetiva:
 Julgue os seguintes itens relativos à receita pública e marque a opção correta. 
a) Todo tributo advém da Receita Originária. 
b) Ingresso e receita constituem sinônimos.
c) Os tributos constituem receita derivada cobrada mediante atividade administrativa vinculada ou discricionária. 
d) Receita originária é aquela em que o Estado atua como particular e receita derivada é aquela em que o Estado atua através do seu poder de império. GABARITO
e) Receita derivada é aquela em que o Estado atua como particular e receita originária é aquela em que o Estado atua através do seu poder de império.