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O Projeto de Arquitetura e a cidade Definir a cidade como aglomeração de edificações é o jeito mais antigo e simples de conceituá-la. Hoje, sabe-se que a cidade é muito mais complexa do que apenas a soma de várias edificações, pois se assemelha a um organismo vivo, que envolve sua dinâmica, seu ritmo, seu dia a dia, suas relações comerciais e de produção, sua mobilidade, sua infraestrutura, sua governabilidade e seu planejamento. No entanto, quando nos referirmos à configuração, à figura e à forma da cidade estamos falando dos elementos físicos da malha urbana: lote, quarteirão e rua. Arquitetura e Urbanismo / Aula 8 - Projeto de Arquitetura e a Cidade Introdução Na aula anterior, foi visto como o Urbanismo usa instrumentos de diagnóstico para obter os dados de análise e desenvolver seus projetos. Nesta aula, você irá conciliar as escalas, as dimensões de intervenção, ou seja, quanto do projeto de Arquitetura é determinado pela cidade, e como a cidade e sua paisagem urbana é construída, por cada edificação erguida. Cada tamanho de lote, cada faixa de rua, cada largura de calçada, cada afastamento obrigatório ou gabarito máximo, todos em conjunto determinam o desenho da cidade. A cidade é construída por cada profissional da construção civil, e todos nós temos responsabilidades pela qualidade da cidade. INTRO OBJETIVOSCRÉDITOS Em matéria de configuração, o fator mais determinante para criar uma cidade é o elemento humano, o número de pessoas que residem, no lote, no quarteirão, na vizinhança, no bairro. A densidade demográfica é medida em habitantes por hectare, que conceitualmente se associa ao número de habitantes por quarteirão, que conceitualmente teria 100 m x 100 m, área equivalente a um hectare. Vejamos alguns exemplos: Imagens de “A cidade como um jogo de cartas”. (SANTOS, 1988) Lote O tamanho, a forma como estão agrupados, sua proporção e a ocupação com edificações dos lotes são determinantes para a configuração da malha urbana. O lote ideal é o retangular, que permite uma distribuição interna do quarteirão e uma implantação das construções de forma a oferecer mais opções do que o lote linear como o primeiro exemplo, que é o típico lote colonial, encontrado nas cidades históricas, já que era o lote padrão dos sobrados. O lote quadrado diminui o número de fachadas ou deixa os quarteirões muito alongados. O lote ideal já foi definido como 12x20 ou 12x24, mas hoje o novo urbanismo defende a densificação da malha urbana favorecendo as edificações multifamiliares de baixa densidade. Imagens de “A cidade como um jogo de cartas”. (SANTOS, 1988) Quarteirão O quarteirão, ou quadra, é formado por um conjunto ou aglomerado de lotes. Historicamente, o quarteirão ideal já foi considerado 100x100 m (10,000 m²), mas o urbanismo modernista trabalha o quarteirão de 14,400 m² feito de 100 parcelas de 12x12, como no livro A cidade como um jogo de cartas onde Carlos Nelson F. Santos exemplifica essa tipologia de loteamento. O Urbanismo contemporâneo presa por quarteirões com calçadas largas, que permitem o confortável percurso dos pedestres, promovendo a acessibilidade a todos (NBR 9050), também conhecido como “Projeto Universal”. Além disso, incentiva o uso misto do solo nos quarteirões (comercial ou institucional), fazendo das esquinas um local de encontros. Vamos ver alguns exemplos de quarteirões? Imagens de “A cidade como um jogo de cartas”. (SANTOS, 1988) Uma área é denominada como non aedificandi (latim) quando não pode ser edificada por se destinar a uma finalidade específica como planejamento e alargamento da rua, afastamento obrigatório, da frente de rua, às vezes, dos lotes vizinhos, conforme a Certidão de Informações (CI) ou o resumo a partir do estudo do Código de Obras do seu município. Imagens de “A cidade como um jogo de cartas”. (SANTOS, 1988) O afastamento para servidão é típico de loteamentos antigos. Como varia bastante, devemos nos informar sobre a legislação municipal para o logradouro ou rua. Rua A rua deve ser entendida como o lugar do encontro, do convívio, como a teia que costura os quarteirões. O conceito que define a rua como lugar de trânsito, apenas para fins rodoviários, está esgotado. A rua, como espaço público de múltiplos usos, é o termo que define melhor a vida da cidade contemporânea. As ruas e os espaços públicos equivalentes (avenidas, travessas, passagens) têm como função delimitar o espaço público e seus usos em oposição ao espaço privado ou particular dos lotes, sejam eles residenciais comerciais, institucionais ou mistos. Quando se diz que a rua é “o lugar do encontro”, é conveniente utilizar uma unidade de vizinhança, que pode ser definida por um percurso/raio de 500m que um morador costuma fazer, confortavelmente, no seu dia a dia, devendo estar dentro desse raio as atividades comerciais e de lazer e de transporte para aquele indivíduo. Se a cidade não for organizada em bairros com unidades de vizinhanças, seu morador pode ter que se deslocar uma distância extrema que o impeça de percorrê-la a pé (cometendo o erro de valorizar o transporte motorizado). Desta forma, bairros com a malha urbana longa ou cujo uso de solo está mal distribuído, reduzem a presença de pedestres na rua, e rua sem pedestres é uma via sem vida, sem segurança, sem comércio e sem convívio. No que diz respeito às dimensões e ao uso das vias, elas podem ser classificadas como local, coletora e arterial. Hoje, a cidade que valoriza o automóvel está ultrapassada, pois a consequência direta é a baixa qualidade de vida imposta pelos grandes deslocamentos e/ou problemas de mobilidade urbana. Vejamos: Imagens de “A cidade como um jogo de cartas”. (SANTOS, 1988) Fonte: BABAROGA / Shutterstock Do novo Urbanismo à Arquitetura contemporânea A Carta do novo Urbanismo, de 1996, é o documento de referência do Congresso do Novo Urbanismo, formado por profissionais da área cujo objetivo foi formalizar um enfoque para o urbanismo nos dias de hoje. A inspiração inicial foi explorar as possibilidades reais do desenvolvimento das cidades norte-americanas, mas terminou influenciando a forma de projetar cidades e a nova arquitetura do século XXI, ou seja, a partir dos 2000. A Carta estabelece princípios que incentivam a formação do espaço regional tanto da cidade como do bairro, organizando sistemas regionais que articulam áreas urbanizadas em setores bem delimitados do território, evitando a ocupação dispersa. Além disso, valoriza a acessibilidade por transportes coletivos, favorece a superposição de uso do solo como forma de reduzir percursos e criar comunidades compactas, estimula o processo de participação comunitária e retoma os tipos do urbanismo tradicional relativos ao arranjo das quadras e da arquitetura. Também recomenda especial atenção para a articulação do sistema de transportes, aos conceitos de compacidade do espaço urbano e do projeto da paisagem como um todo. Portanto, o novo urbanismo depende de um bom planejamento urbano e regional, da qualidade dos projetos locais e do envolvimento das comunidades, criando as unidades de vizinhanças. O Novo Urbanismo propõe a “densificação”, ou seja, o aumento da densidade e distribuição correta das funções. Na próxima aula, aprofundaremos o conceito do novo urbanismo que pretende equilibrar a qualidade de vida da cidade e dos seus cidadãos através de novos projetos e da requalificação do espaço urbano existente. Questões Questão 1 - Quais são as três elementos que estruturam o espaço urbano conhecido como malha urbana? Rua, Travessa e Coletora Lote, Quarteirão e Rua Lote, Avenida e Arterial Lute rua e Unidade de vizinhança Função – Forma e Estrutura Corrigir Questão 2 - O que é unidade de vizinhança e qual sua importância? Percurso ou raio de até 500m que um morador costuma fazer confortavelmenteno seu dia a dia, devendo estar dentro desse raio as atividades comerciais, de lazer e transporte para aquele individuo. Áreas urbanizadas centrais com as cidades menores em setores bem delimitados do território, evitando a ocupação dispersa, exclusivamente residencial. É a área destinada ao planejamento e alargamento da rua, o afastamento obrigatório, da frente de rua, às vezes, dos lotes vizinhos. É o documento de referência do Congresso do Novo Urbanismo, formado por profissionais cujo objetivo foi formalizar um enfoque para o urbanismo nos dias de hoje. Percurso ou raio de 500m que um morador costuma fazer confortavelmente no seu dia a dia, reservado única e exclusivamente ao uso residencial não admitindo outros usos, como comercial, lazer e ou pontos de transporte. Corrigir Questão 3 - De forma que o projeto de quarteirão seja mais eficiente, desenhando quarteirões proporcionais, podemos considerar o melhor lote definido, nos projetos contemporâneos, como: Longitudinal, estreito e comprido Quadrado uniforme Retangular NDA Disperso Corrigir
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