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Aula 01 Parcelamento do Solo e Processo de Urbanização

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Parcelamento do solo e 
processo de urbanização
Adailson Pinheiro Mesquita*
Aspectos urbanísticos, ambientais e 
paisagísticos do parcelamento do solo urbano
A cidade e sua formação
A cidade pode ser considerada um fato histórico, geográfico e, acima de tudo, social (FERRARI, 
1984). O sedentarismo do homem e o apego à agricultura trouxeram também a experiência das trocas 
dos excedentes agrícolas por outros bens. Surgiram, então, os primeiros agrupamentos pré-urbanos, 
que evoluíram com a especialização das funções exercidas pelos homens. 
Segundo Ferrari (1984), as hipóteses sobre o surgimento das cidades se dividem naqueles que 
acreditam na evolução dos postos de troca e em outros que acreditam na evolução das denominadas 
protocidades1. Tanto nas protocidades quanto nos postos de troca é evidente a necessidade que esses 
núcleos tinham da organização do transporte de produtos e matérias-primas. Dessa forma, as cidades se 
constituíram e evoluíram e nelas, cada vez mais, o fator transporte se colocou com preponderância, seja na 
rede de estradas construída pelos romanos para conquista e acesso às colônias, seja nas vias para comércio e 
seus entroncamentos na Idade Média ou com as novas tecnologias de transportes na Idade Moderna.
* Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Mestre em Transportes pela Universidade de Brasília (UnB). Espe-
cialista em Trânsito e graduado em Engenharia Civil pela UFU.
1 Segundo Lima (2007), são consideradas protocidades as aldeias rurais criadas pelas sociedades primitivas, notadamente nos períodos 
Paleolítico e Mesolítico, que mudavam de local sempre que o solo utilizado para agricultura se exauria.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
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8 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
As cidades tiveram as raízes de seu surgimento no aumento das complexidades das relações 
humanas, no desejo de ocupação do território pelos impérios, no encontro de caminhos de comércio 
em entrepostos comerciais, nos fatos religiosos, entre outros. Os núcleos ou povoados se formaram 
inicialmente em torno de objetivos comuns, para depois agregarem outras funções e se tornarem cada 
vez mais complexos. 
As transformações estruturais da sociedade, ocorridas durante os anos 1945 e 1980, possuem uma 
intrínseca ligação com o crescimento das cidades contemporâneas. Esse processo deu-se em virtude da 
implementação e do desenvolvimento de projetos técnico-científicos, que conduziram ao aumento das 
taxas de urbanização (gráfico 1) em face da industrialização dos grandes centros urbanos (SANTOS, 1997).
Gráfico 1 – Evolução da população urbana e rural e taxa de urbanização
Rural
Urbano
Taxa de urbanização
160 000 000
140 000 000
120 000 000
100 000 000
80 000 000
60 000 000
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1950 1960 1970 1980 1990 2000
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A partir do gráfico 1 pode-se verificar que a população urbana brasileira cresceu de forma abrupta, 
enquanto a população rural decresceu vertiginosamente. O aumento da população nas cidades não foi 
seguido de um planejamento que pudesse absorver as necessidades de oferta de equipamentos 
urbanos (água, luz, esgoto etc.) e de serviços públicos de transporte, educação e saúde. O crescimento se 
deu de forma desordenada e sem controle, 
apresentando habitações de baixa qualida-
de, bairros e favelas carentes de condições 
mínimas de habitabilidade (figuras 1 e 2), 
traduzido pela falta de redes de esgoto, 
abastecimento de água, energia elétrica, pa-
vimentação das vias etc. Apesar do desen-
volvimento tecnológico, muitas cidades 
apresentam baixa qualidade de vida para al-
guns segmentos da sociedade e muito disso 
se deve à pouca qualidade dos projetos dos 
espaços destinados à habitação, desde o 
loteamento até as condições das casas e dos 
apartamentos. Figura 1 – Favela Papagaio – Belo Horizonte (MG).
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9|Parcelamento do solo e processo de urbanização
Existem dois modelos de cidade, a que surge espontaneamente e cresce de forma orgânica, 
estendendo-se radialmente ou linearmente (e posteriormente pode adotar uma forma de planejamento) 
(figura 3a) e a que é planejada para algum fim, seja para capital de algum estado ou país (figura 3b), com 
fins de produção industrial ou outros objetivos. Em qualquer desses tipos a expansão urbana se dá pelo 
parcelamento do solo em frações destinadas principalmente à habitação, no entanto também podem 
ser dirigidos a usos industriais, comerciais, de serviços ou mistos. 
Figura 2 – Favela da Rocinha – Rio de Janeiro (RJ).
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Figuras 3a e 3b – Exemplos de cidades com crescimentos diferenciados.
Figura 3a – Curitiba (PR) Figura 3b – Goiânia (GO)
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10 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
Aos municípios pertencem as atribuições legais de ordenamento do território por meio do planeja-
mento e controle do uso, ocupação e parcelamento do solo (Constituição Federal de 1988, art. 30, VIII). Essa 
exigência, no entanto, requer a existência de profissionais capacitados para exercer a tarefa de elaboração 
do projeto de parcelamento. A esses profissionais, segundo Arruda (1997), caberá atuar observando a 
legislação, organizando o espaço urbano de acordo com o potencial da área, as necessidades da sociedade 
naquele momento, as implicações ambientais e as imposições de uso do solo. Ao poder público também 
cabe a fiscalização da prática ilegal do parcelamento do solo urbano. Porém, a atribuição legal do poder 
público não exime o cidadão de estar atento às informações sobre os aspectos legais do loteamento onde 
pretende adquirir seu lote, evitando assim os loteamentos irregulares e clandestinos.
O parcelamento do solo urbano como intenção de planejamento
Parcelar o solo urbano pode ser considerado uma intenção de planejamento e o primeiro ato de 
construção da cidade. A implantação de um loteamento apenas com a finalidade de criar lotes para a 
população, como realizado antigamente, mostrou-se extremamente danoso para o espaço urbano e 
resultou em cidades com baixa qualidade de vida. A criação de lotes pressupõe a criação do solo urbano 
a partir do momento que geram moradias, comércios, serviços, indústrias, instituições públicas etc. Os 
loteamentos traçam o perfil da vila, que vira distrito, que se transforma em cidades e metrópoles. Se 
houver infraestrutura adequada de serviços e bens públicos, a área loteada, quando ocupada, trará 
menos problemas para a cidade do que aquelas que são carentes de infraestrutura de rede de água, luz, 
vias e locais para instalação de escolas, postos de saúde etc. (ARRUDA, 1997). 
Os conceitos jurídicos de loteamento se aproximam muito de autor para autor. Para Meirelles 
(1992, p. 120), loteamento urbano
[...] é a divisão voluntária do solo em unidades (lotes) com abertura de vias e logradouros públicos, na forma da 
legislação pertinente. Distingue-se do desmembramento, que é a simples divisão da área urbana ou urbanizável, com 
aproveitamento das vias públicas existentes. 
O parcelamento do solo pode ser considerado como o principal instrumento de estruturação do 
espaço urbano, uma vez que após sua implantação o espaço criado pelo mesmo manterá sua estrutura 
por muitos anos ou séculos e será ocupado por diversas gerações de habitantes da cidade. Dessa forma, 
torna-se de importância fundamental que seus projetistas dominem a forma técnica de manusear as 
variáveis ambientais e criar espaços de qualidade. O desconhecimento de critérios para a criação dessesespaços poderá legar à posteridade vias mal projetadas que poderão contribuir para um maior número 
de acidentes, drenagem de águas pluviais inadequada que contribuirá para a ocorrência de inunda-
ções, entre outros problemas de difícil solução. 
O objetivo do solo urbano é a oferta de lotes para construção de habitações, comércios, indús-
trias, espaços de lazer ou institucionais. O parcelamento não pode ser considerado apenas como fracio-
namento de uma antiga gleba de terra em partes menores e comercializáveis; deve torná-la um espaço 
que apresente boas condições de habitabilidade, facilitando a circulação de bens e pessoas, a existência 
de redes de abastecimento de água, drenagem de águas pluviais, redes de esgoto e energia, áreas des-
tinadas à recreação, usos institucionais e reservas biológicas.
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11|Parcelamento do solo e processo de urbanização
Os elementos estruturantes do espaço urbano 
Os espaços de uma cidade, segundo Santos (1988), se articulam em muitos padrões que nada 
mais são que a combinação estilística de elementos fundamentais. Os elementos mais antigos e 
universais utilizados para estruturar o espaço urbano podem ser descritos como o lote, o quarteirão 
e a rua (figura 4). A organização dos elementos entre si, de forma a obter um espaço de qualidade, 
dependerá de vários aspectos técnicos e ambientais que necessitam ser conhecidos antes do início 
do projeto de parcelamento.
Figura 4 – Elementos estruturantes do espaço urbano.
Lote
Quarteirão
Rua
Os tamanhos e formas ideais de lotes e quarteirões são objetos de vários estudos e debates ao 
longo da história do urbanismo. No século XX, alguns urbanistas chegaram a dispensar a figura do lote, 
concebendo divisões similares a quarteirões com blocos autônomos para habitações, a exemplo de 
Brasília, entre outras cidades do Brasil e do mundo. 
A densidade populacional das cidades diz respeito diretamente ao tamanho de lotes e quarteirões. 
A densidade bruta é a medida dada pelo número de habitantes por hectares (entram nesse cálculo 
as áreas públicas e privadas). Se a densidade for baixa, a cidade tende a se espalhar, encarecendo os 
custos da urbanização (equipamentos públicos, redes de abastecimento, esgoto, drenagem de águas 
pluviais, energia, entre outros serviços). Dessa forma, o dimensionamento dos lotes deverá levar em 
consideração esses custos. Segundo Santos (1988), quanto maior a frente do lote (sua testada), mais 
desperdício haverá de recursos para obras das redes. No entanto, uma densidade muito alta também 
pode gerar uma concentração que prejudica a qualidade dos serviços prestados. 
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12 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
A evolução urbana e os traçados
A história do homem, ainda muito cedo, se ligou à história da cidade e a mobilidade se 
transformou em um vetor do desenvolvimento das civilizações. A cada avanço das possibilidades 
de deslocamento estabeleceram-se novos níveis de comunicação e mudanças radicais na forma 
das cidades. Segundo Morris (1998), as mais antigas civilizações tiveram lugar no Sul da Mesopo-
tâmia, no Egito, no vale do Rio Indo (Paquistão), no Rio Amarelo (China), no vale do México, nos 
pântanos da Guatemala e Honduras e nas encostas e altiplanos do Peru, seguidas das civilizações 
posteriores constituídas por Creta, Micenas, Hititas, Grécia e Roma. Independente da ordem 
cronológica de aparecimento, essas civilizações apresentaram assentamentos urbanos em dife-
rentes níveis de complexidade. 
A vida nesses assentamentos tornou-se 
 possível por meio do desenvolvimento da 
organização socioespacial já presente de forma 
incipiente nas primeiras cidades sumérias e 
egípcias a partir de 3000 a.C. A presença da divisão 
do espaço na forma de retícula2 já era notada 
nessas cidades, ainda que de forma irregular, 
limitada à organização de alojamentos para 
trabalhadores e escravos. A utilização da retícula 
de maneira mais ampla e ao nível de organização 
de um núcleo urbano iniciou-se, segundo alguns 
historiadores do urbanismo, por volta de 2150 
a.C., com o surgimento dos centros urbanos da 
cultura Harappa (Harappa e Mohenjo-daro), que 
já apresentavam um modelo viário ortogonal com 
vias retilíneas e um complexo sistema de coleta 
de esgoto. Baseado nessas evidências é possível 
afirmar que a retícula pode ser considerada como 
o mais antigo traçado regulador da forma urbana.
Os primeiros relatos de planejamento siste-
mático das cidades se deram em algumas cidades 
da Grécia, onde pode-se perceber uma notória 
regularidade no sistema viário e a existência de 
relações formais entre os edifícios públicos. Ainda 
assim não é possível afirmar que essa realidade foi 
produto de normas urbanísticas acadêmicas. Desse 
período (século X a VI a.C.), o exemplo maior é o 
plano da cidade de Mileto (figura 5), realizado pelo “arquiteto” Hipodamos de Mileto, a quem se atribui 
erroneamente a invenção do uso da forma reticulada para organização espacial. Após o período da 
Grécia clássica, os romanos utilizaram esa forma de desenho do espaço urbano de maneira abundante 
para estabelecer diversas cidades novas em seus territórios conquistados. 
Figura 5 – Mileto, Grécia.
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2 Entende-se por malha urbana reticulada aquela formada por ruas paralelas sobrepostas em duas direções, podendo ser ortogonais, semi-
ortogonais, irregulares ou segmentadas.
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13|Parcelamento do solo e processo de urbanização
Com o renascimento, no entanto, floresceu a busca da cidade sob um modelo de beleza que teve, 
pela primeira vez na história, uma abordagem conjunta entre o traçado viário e as edificações. 
A forma de organização advinda da utilização de vias radiais influenciou notadamente a reforma 
de Paris, França e o Plano de Barcelona, Espanha. No Brasil, a presença do uso das retículas para o 
desenho do espaço se fez presente desde o período colonial, com os planos portugueses para diversos 
núcleos urbanos. Contudo, foram os espanhóis que mais se utilizaram desse vocabulário para a criação 
das suas cidades nas colônias na América. O século XIX trouxe também as tendências em evidência na 
Europa e sua influência pode ser notada no traçado das cidades planejadas de Belo Horizonte-MG, com 
o Plano de Aarão Reis (figura 6), e Goiânia-GO. 
Figura 6 – Detalhe Plano Aarão Reis para Belo Horizonte (MG).
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98
4)
A figura 7 mostra outra cidade, mais recente no Brasil, na qual predomina o sistema de retícula. 
Nota-se a utilização de formas mistas que agregam plantas com ruas radiocêntricas, eixos diagonais e 
eixos cívicos3. Toda a forma é condicionada pela presença de quadras do tipo grelha, em sua maioria, 
desenho esse que depois se tornou recorrente nas expansões urbanas. 
Figura 7 – Mapa de Maringá (PR).
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4)
3 Ruas radiocêntricas são aquelas que irradiam a partir de um ponto central, enquanto os eixos diagonais são vias que atravessam malhas reti-
culadas formando ângulos agudos. Os eixos cívicos são aquelas vias nas quais se concentram os edifícios públicos e administrativos da cidade 
e por isso são tratadas de forma a se destacarem na malha urbana.
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14 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
O projeto de loteamento urbano
Implicações ambientais, projetos de urbanização e qualidade de vida
Segundo a Fepam (2007), o loteamento para fins urbanos transforma a paisagem do local ocupado 
pela gleba, até então indivisa, em espaço integradoà cidade, como instrumento de sua expansão. Con-
fere ao solo uma qualificação urbana. Matriz geradora de um novo bairro residencial, o loteamento é 
um patrimônio da coletividade, pois essa nova realidade urbanística afeta a cidade, sobrecarregando 
seus equipamentos urbanos, sua malha viária, toda a infraestrutura e os serviços públicos da cidade. O 
loteamento, sob essa visão, “não é patrimônio de um conjunto de pessoas, mas, sim, núcleo urbano de 
interesse comum de todos”. A implantação de um loteamento tem direta influência no meio ambiente 
natural ou construído e gera impactos sobre toda a coletividade. Esses impactos são de diversas natu-
rezas e vão desde os aspectos relativos à fauna e flora do local, passando pela saúde e infraestrutura e 
chegando às questões inerentes à paisagem da cidade e sua beleza.
A nova urbanização, resultante da implantação de um novo loteamento, traz impactos ambientais 
de diversas naturezas, devido à relação entre o consumo dos recursos naturais e a produção de efeitos 
sobre o meio onde se inseriu (figura 8). Contudo, desde que conhecidos, os impactos poderão ser 
gerenciados e amenizados para o bem da coletividade.
Figura 8 – Processo de implantação de uma nova urbanização e geração de impactos.
Ar
Água
Energia elétrica
Outras formas de energia
Alimentos
População Nova urbanização
Poluição – ar/som
Calor
Cultura/tecnologia
Resíduos sólidos
Efluentes líquidos
Consumo ProduçãoConsumo/produção
Aspectos fisiográficos e socioeconômicos do local
Dada uma gleba, (figura 9) destinada ao parcelamento para uma nova urbanização, o conheci-
mento dos aspectos fisiográficos e socioeconômicos do local onde ela estará inserida é de fundamental 
importância para minimizar os impactos que serão gerados por ela.
Figura 9 – Gleba urbana parcelável.
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15|Parcelamento do solo e processo de urbanização
Conhecer bem as características topográficas é de vital importância para que o projeto de parcela-
mento seja bem-sucedido, assim como os aspectos ambientais relativos à fauna e flora do local, recursos 
hídricos, ventos dominantes, aspectos da insolação, conhecimento do solo, entre outros (figura 10). 
Figura 10 – Características ambientais da gleba.
Outros fatores dizem respeito às condições urbanas do entorno e relacionam-se ao sistema 
viário: rede de drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário, rede de distribuição 
de energia elétrica, transporte urbano e os seguintes serviços públicos: educação, saúde, segurança, 
coleta de lixo, entre outros.
Análise e definição de objetivos
Para Barreiros (2007), são vários os objetivos do parcelamento do solo urbano, podendo-se dividir 
em formais e reais:
Objetivos formais:::: : criar um espaço adequado para a habitação humana, atendendo às 
necessidades do mercado-alvo ou as demandas do mercado imobiliário.
Objetivos reais:::: : 
garantir maior rentabilidade do investimento empregado ou maior taxa de aproveitamento ::::
do terreno;
garantir um retorno do capital no menor espaço de tempo possível;::::
rápido início de vendas.::::
Para o autor, os objetivos reais do empreendedor podem conflitar com os objetivos da sociedade 
representada pelo poder público (que também apresenta objetivos formais e reais). Essas contradições 
possuem nas leis que regulamentam o parcelamento do solo, seja em nível municipal, estadual ou 
federal, uma maneira de serem harmonizadas. 
Para a elaboração de um bom projeto de parcelamento do solo deve-se atentar para alguns 
quesitos indispensáveis em uma urbanização:
sustentabilidade;::::
qualidade (de vida, paisagística e ambiental);::::
dimensionamento adequado (lotes e sistema viário);::::
equipamentos comunitários;::::
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16 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
equipamentos públicos;::::
áreas livres de uso público (verdes e recreação).::::
Aspectos gerais dos traçados urbanos
Segundo Mascaró (1994, p. 15), a primeira medida a ser tomada para o traçado urbano começa pela 
concepção de avenidas, ruas e caminhos para pedestres, com o intuito de tornar acessíveis as diferentes 
partes do espaço a serem organizadas. Avenidas, ruas ou caminhos deverão ter seu desenho a partir 
das condicionantes da topografia do lugar, das características dos usuários e das funções que as vias 
assumirão no contexto urbano. A figura 11 ilustra o caso de um traçado não ortogonal e a possibilidade 
de perda de área útil em um parcelamento.
Figura 11 – Utilização de traçados não ortogonais em traçados urbanos – Estrutura de um 
quarteirão triangular da cidade de Paris – Modelo Moscou-Clapeyron.
(M
A
SC
A
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, 1
99
4)
Segundo o autor, os traçados urbanos podem ser compostos de diversas maneiras, podendo- 
-se denominá-los de malhas abertas ou semiabertas, dependendo do grau de mobilidade e cone-
xões por elas permitido. A opção por qualquer tipo de traçado ou até mesmo a combinação entre eles 
dependerá de vários fatores que nortearão o projeto. Para isso o projetista fará suas opções baseando- 
-se não somente em fatores econômicos, mas também pelos aspectos culturais e sociais dos habitantes. 
A figura 12 mostra exemplos de traçados com malhas abertas e semiabertas. 
(M
A
SC
A
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, 1
99
4)
a) malha urbana conhecida como 
espinha de peixe.
b) malha urbana com ruas sem saída 
em T.
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17|Parcelamento do solo e processo de urbanização
Figura 12 – Exemplos de malhas urbanas abertas e semiabertas.
c) malha urbana aberta de traçado 
aberto.
d) malha urbana semiaberta (com 
algumas ruas sem saída e outras 
em alça).
O projeto adequado do traçado urbano é um fator essencial para o desempenho do parcelamento 
do solo urbano. Para isso, deve-se buscar o maior conhecimento possível das características da área a ser 
parcelada e do local onde estará inserida a nova urbanização. Dessa forma, o projetista estará compreen-
dendo e aplicando as técnicas necessárias para se alcançar uma urbanização com qualidade de vida.
Texto complementar
Configuração espacial dos loteamentos
(COSTA, 2007)
“Loteamento é um tipo de parcelamento urbano (do solo) caracterizado pela abertura de 
novas vias de acesso aos lotes ou prolongamento das já existentes, sendo os lotes destinados a edi-
ficações para fins urbanos” e no qual “o arruamento (projeto e abertura das ruas) é imprescindível à 
existência deste” (Ferrari, 2004).
De uma forma sucinta, pode-se falar do loteamento como organização espacial constituída pri-
meiramente pelas vias, que delimitam frações de uma gleba que, por sua vez, são subdivididas em 
lotes ou parcelas. Essa definição remete-se à ideia de uma malha espacial urbana. Segundo Ferrari 
(2004), “malha ou traçado urbano é uma planta da cidade significativamente representada pelo seu 
sistema viário e os espaços delimitados pelas vias”.
Ou seja, cada projeto de parcelamento representa, numa escala menor, um pedaço da cidade.
Dentro dos loteamentos, verifica-se uma variação na forma das vias, algumas com traçados 
muito particulares. Segundo suas características de configuração, as malhas podem ser classificadas 
basicamente em:
Malha Linear, geralmente aplicada a pequenas glebas (salvo em alguns projetos locali-::::
zados na área de planície litorânea e que seguem perpendicularmente à linha da praia 
até uma via principal) e que pode apresentar-se como linear aberta, linear fechada, linear 
semifechada, linear fechada com praça central e linear em alça;
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18 | Parcelamento do solo e processo de urbanização
Malha Reticulada, formada por feixes paralelos de vias e que ocupam uma área maior ::::
caracterizada como ortogonal, semiortogonal, irregulare ortogonal segmentada;
Um terceiro tipo de malha que difere do traço linear e ortogonal e que pode configurar-se ::::
como radial, semicircular, unidade de vizinhança e labirinto.
Esses dois últimos exemplos (unidade de vizinhança e labirinto) trazem propostas inovadoras, 
diferentes do que normalmente se empregava na cidade, enfatizando a constituição de lugares na 
cidade onde seus significados são traduzidos na particularidade de seus elementos.
Os parcelamentos configurados por uma malha linear possuem uma rua central com os 
lotes voltados para ela. Esse tipo de configuração é caracterizado pela reprodução em série na 
distribuição dos lotes, ou seja, há uma repetição das características formais das glebas – morfologia, 
dimensões e orientação. Normalmente, a maior dimensão do lote corresponde à metade da largura 
de uma quadra (uma faixa estreita), o que faz com que a distribuição dos terrenos tenha alternativas 
reduzidas, interferindo na (in)existência de áreas com funções distintas de moradia, como por 
exemplo, áreas destinadas ao convívio e à sociabilidade, bem como a equipamentos urbanos.
A rua como elemento central pode ter a sua função compreendida sob duas óticas distintas: ser 
o elo entre os lotes para a qual estão voltados, visto que é o único espaço de uso público comum a 
ambas as partes, ou distanciar os moradores do loteamento por ser, ao mesmo tempo, o único espaço 
que marca a divisão entre público e privado, e quanto maior a sua dimensão, maior o afastamento.
A configuração reticular linear não traz elementos que façam de sua configuração algo singular 
que marque a malha urbana com concepções até então nunca empregadas, ou que tenham a 
intenção de direcionar novos arranjos espaciais. O que se percebe é a continuação do existente, a 
expansão da mesma malha, apenas mais um elemento típico acrescido à cidade e, portanto, sem 
características próprias. A singularização do local pode ocorrer apenas com a arquitetura das edifi-
cações que nele serão construídas e dos usos, tanto privados como públicos.
As distintas formas de traçado viário linear (aberta, fechada, semifechada, fechada com 
praça central e em alça) apresentam traços específicos nas suas configurações, mas que sempre 
se remetem às características gerais. A aberta possui mais de uma articulação com a malha viária 
do entorno, sendo bastante comum em pequenas glebas. A fechada possui uma rua central sem 
saída (em “cul-de-sac”) e apenas um ponto de articulação com a malha externa. A fechada com 
praça central apresenta aspectos muito similares a esta última, porém, nesse caso, a rua contorna 
uma praça central, criando um grande largo na frente dos lotes. Esse mesmo princípio é utilizado 
no clássico traçado do bulevar (boulevard), em malhas abertas ou fechadas. No bulevar, as praças 
tornam-se grandes jardins ou passarelas. Em alguns loteamentos de Maceió, essa parte central – a 
praça ou o canteiro – é transformada em locais de pista de jogging ou dividida em uma faixa central 
para circulação e às faixas laterais são alocados equipamentos urbanos como bancos e mesas, 
formando pequenos ambientes de estar. A linear em alça configura-se de forma muito semelhante 
à linear com praça central, uma vez que, em ambos os casos, a rua sofre uma bifurcação mas, nesse 
caso, contorna não mais um espaço de uso público, mas sim uma quadra, um espaço privado. 
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19|Parcelamento do solo e processo de urbanização
A semifechada, pode-se dizer, é uma junção da aberta com a fechada na qual uma das extremidades 
da rua é para retorno e possui uma via intermediária transversal, o que garante um maior contato 
com as áreas vizinhas.
Nos projetos de loteamento há a dominância de configuração de malha ortogonal (na qual 
as ruas formam uma malha de vias dispostas em dois feixes de ruas paralelos que se interceptam, 
quase ou perfeitamente, ortogonalmente entre si), em torno de 40% dos projetos aprovados no 
intervalo de cada década. Esse número pode ser justificado pela possibilidade de melhor uso e 
maior aproveitamento do terreno, o que é conseguido pela formação de uma rede que procura 
utilizar os espaços na sua totalidade sem que sobrem interstícios – áreas que não correspondam às 
características para uso e ocupação.
Normalmente, a malha ortogonal é aplicada em grandes glebas, o que pode proporcionar um 
melhor arranjo espacial quando da divisão do terreno em quadras, lotes, ruas e espaços para uso e 
convívio público. Entretanto, falar do que seria um melhor arranjo espacial é algo que requer uma 
cuidadosa discussão, visto que nem mesmo a legislação, que é um instrumento que norteia a confi-
guração dos loteamentos, relata como seria a melhor disposição dos elementos.
O que se pode observar é a repetição das quadras em série, simetricamente, onde apenas 
as vias interrompem a sequência, algo semelhante à malha linear aberta. Poder-se-ia dizer que 
o parcelamento ortogonal seria um conjunto, uma união de vários loteamentos em malha linear 
aberta. Entretanto, no caso da malha ortogonal, por dispor de uma área de ocupação maior, alguns 
outros espaços podem aparecer, como os espaços de uso público, as áreas verdes e áreas para 
equipamentos urbanos. Essas áreas não têm uma localização exata, nem especificada em lei, fica a 
critério do projetista ou do empreendedor a escolha do local mais adequado ou conveniente. Não 
obstante, a prefeitura possa impor a localização dos mesmos se ela assim o desejar, tendo em vista 
a articulação dos distintos parcelamentos.
Entre as variações da malha reticulada ortogonal, a semiortogonal difere porque “parte das vias são 
inclinadas, com variação da direção” (FARIA; CARVALHO; COSTA, 2005). Entretanto, quando considerado 
o critério de ortogonalidade, essa categoria poderia desaparecer, cedendo lugar para a reticularidade. Na 
irregular as ruas não seguem uma disposição regular, seguindo várias direções. E na ortogonal segmen-
tada, as quadras são dispostas formando grupos de quadras dispostas ou não em torno de uma praça.
Os tipos de malha que não seguem a ortogonalidade e linearidade como traço principal do 
sistema viário têm características muito específicas. Na radial as ruas convergem para um mesmo 
ponto. Na semicircular parte das vias do loteamento são em arco concêntrico e outra parte radial. 
A unidade de vizinhança e o labirinto trazem novas propostas de loteamento que marcam e fixam 
elementos com significados distintos dos que são empregados na cidade, nos quais “o princípio 
latente do esquema é que a vizinhança deve ser considerada tanto como uma unidade de um con-
junto maior, quanto uma entidade distinta em si mesma” (CLARENCE PERRY) e o arranjo espacial 
dos elementos em múltiplas divisões sugere uma disposição confusa aos olhos externos, mas que 
propõe o uso restrito das áreas internas aos moradores.
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