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Nulidades no Processo Judicial

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O material ora apresentado ao aluno é mero auxilio as aulas ministradas em sala. Não tira, portanto, do aluno, a responsabilidade de estudar em outras fontes de informação, tais como doutrinas indicadas pela Docente, que serão também, exigidas em provas.
NULIDADE
VÍCIOS DO ATO PROCESSUAL (arts. 276 a 283)
Conceito:
Pertencendo os atos processuais ao gênero dos atos jurídicos, aplicam-se-lhes as exigências comuns de validade de todo e qualquer destes atos, isto é, o agente deve ser capaz, o objeto lícito e a forma prescrita ou não defesa em lei.
No que toca à violação de forma legal, é onde mais se mostra importante a teoria das nulidades processuais, dado o caráter instrumental o processo e da indispensabilidade da forma para se alcançar seus desígnios.
Atos inexistentes
 
Ato inexistente é o que não reúne os mínimos requisitos de fato para sua existência como ato jurídico, do qual não apresenta nem mesmo a aparência exterior. 
Com relação ao ato juridicamente inexistente, não se pode sequer falar de ato jurídico viciado, pois o que há é um simples fato, de todo relevante para a ordem jurídica. Falta-lhe um elemento material necessário à sua configuração jurídica. Assim, por exemplo, é inexistente o ato falsamente assinado em nome de outrem. O dado fático – declaração de vontade do signatário – nunca existiu, nem mesmo defeituosamente.
Por isso, o ato inexistente jamais se poderá convalidar e nem tampouco precisa ser invalidado. 
Nem de fato se pode, por exemplo, considerar ato processual a sentença proferida por quem não é juiz. É intuitivo que somente cabe praticar ato inerente à função de juiz a quem seja titular dela.
Noção de nulidade
A nulidade é uma sanção que incide sobre a declaração de vontade contrária a algum preceito do direito positivo. Essa sanção – privação de validade – admite, porém, graus de intensidade. Quando a ilegalidade atinge a tutela de interesses de ordem pública, ocorre a nulidade, que ao juiz cumpre decretar de ofício, quando conhecer do ato processual viciado.
Sempre, porém, que a ilegalidade tiver repercussão sobre interesse apenas privado da parte, o que ocorre é a anulabilidade. 
Pela menor repercussão social do vício, a lei reserva para o titular da faculdade prejudicada o juízo de conveniência sobre anular ou manter o ato defeituoso. 
Atos absolutamente nulos
O ato absolutamente nulo já dispõe de categoria de ato processual; não é mero fato como o inexistente; mas sua condição jurídica mostra-se gravemente afetada por defeito localizado em seus requisitos essenciais. 
Comprovada a ocorrência de nulidade absoluta, o ato deve ser invalidado, por iniciativa do próprio juiz, independentemente de provocação da parte interessada.
Dada a sua aparência de ato bom, é necessário que o juiz o invalide, embora jamais possa ser convalidado. Havendo ainda oportunidade para a prática eficaz do ato nulamente realizado, deverá o juiz ordenar sua repetição (art. 249, caput). 
Exemplo de ato absolutamente nulo é o da citação, com inobservância das prescrições legais (art. 247); e nula, de pleno direito será a sentença que vier a ser proferida no processo, se correr à revelia do réu.
Isto não quer dizer que o ato nulo, embora insanável, não possa ser suprido por outro de igual efeito. Assim a citação nula, ou mesmo inexistente, pode ser suprida pelo comparecimento do réu ao processo.
Atos relativamente nulos. 
A nulidade relativa ocorre quando o ato, embora viciado em sua formação, mostra-se capaz de produzir seus efeitos processuais, se a parte prejudicada não requerer sua invalidação.
O traço que mais distingue a nulidade absoluta da relativa, em matéria de processo civil, é o da iniciativa: a nulidade absoluta é decretável de ofício pelo juiz, enquanto a relativa depende de provocação da parte prejudicada. Aquela, inspira-se no interesse público, e esta, no privado, por isso, a parte que não argúi a nulidade relativa sana tacitamente o vício (art. 245).
Em síntese, pode-se dizer que as nulidades relativas ocorrem quando se violam faculdades processuais da parte (cerceamento do direito ao contraditório e ampla defesa), e as absolutas quando se ofendem regras disciplinadoras dos pressupostos processuais e condições da ação.
Nulidade do processo e nulidade do ato processual
A nulidade pode atingir toda a relação processual ou apenas um determinado ato do procedimento. Há nulidade no processo, quando se desatende aos pressupostos de constituição válida a desenvolvimento regular da relação processual, ou quando existe impedimento processual reconhecido, ou então pressuposto negativo concernente ao litígio.
Como o ato processual não tem vida autônoma, pois forma um tecido ou uma cadeia com os diversos atos que integram o procedimento, incumbe ao juiz, ao pronunciar a nulidade, declarar que atos são atingidos, ordenando, ainda, as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos ou ratificados (art. 249).
Haverá, nulidade de todo o processo:
- quando se registrar falta não suprida pelo juiz, da autorização marital ou da outorga uxória, se necessária (art. 11, parágrafo único);
- quando, em certos casos previstos no Código, omitir-se o autor na prática de atos ordenados pelo juiz, para sanar nulidade do processo ou de atos processuais (art. 13, I, 37, 265, § 2°, e 284), quando o Ministério Público não foi intimado a acompanhar o feito em que deva intervir.
Nulidades da citação e intimação. 
As citações e intimações são atos processuais solenes, cujo rito está traçado pelos arts. 215 a 233 e 235 a 242, com todos os pormenores. Há cominação expressa de nulidade para esses atos processuais quando feitos “sem observância das prescrições legais (art. 247)”.
Admitem, todavia, suprimento pelo comparecimento da parte, desde que não tenha sofrido prejuízo em sua defesa pela deficiência do ato (arts. 249 e 214, § 1°). 
Argüição das nulidades.
As nulidades, no sistema do Código, só poderão ser decretadas a requerimento da parte prejudicada e nunca por aquela que foi a sua causadora (art. 243). Por exemplo, o autor que numa ação real imobiliária não promoveu a citação da mulher do réu e veio a perder a causa não poderá pretender anular o processo pela inobservância do disposto no art. 10, § 1°, n° I.
Momento da argüição. 
A nulidade relativa deve ser argüida pela parte interessada em sua decretação na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, após o ato defeituoso, sob pena de preclusão (art. 245), isto é, de perda da faculdade processual de promover a anulação.
Se, porém, a nulidade for absoluta, como a falta de citação do cônjuge nas ações reais ou a intervenção do Ministério Público nos casos do art. 82, não prevalece a preclusão, de sorte que a alegação pode ser feita em qualquer fase do processo, salvo as exceções tratadas nos n° 287 e 288, retro.
Uma característica especial das nulidades processuais é a sanção de todas elas pela preclusão máxima operada através da coisa julgada.
Decretação de nulidade.
Toda nulidade processual seja absoluta ou relativa, depende de decretação judicial.
Ao Decretá-las recomenda o art. 249 -, o juiz deve declarar que atos são atingidos e ordenar as providências tendentes a repetir ou retificar os atos sanáveis.
É sentença o ato do juiz que anula todo o processo, e decisão interlocutória o que se limita a invalidar determinado ato processual. Do primeiro, portanto, cabe apelação, e, do segundo, agravo de instrumento.
Efeitos da decretação.
“Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que dele dependem” (art. 248).
Nos atos complexos, isto é, naqueles que se compõem de um feixe de atos simples, como a audiência de instrução e julgamento e a arrematação, pode ocorrer que a nulidade se refira apenas à parte da complexidade. Nessas circunstâncias, a nulidade apenas de uma parte do ato “não prejudicará as outras, que dela sejam independentes”.
Cerceamento de defesa reconhecido pela recusa deouvida de uma testemunha leva à anulação do julgamento, mas não invalida as provas que foram coletadas na mesma audiência.
No art. 250, onde se dispõe que “o erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim de se observarem, quanto possível, as prescrições legais”.

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