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AULA 10 Atividades de Acabamento

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AULA 10 – ATIVIDADE DE ACABAMENTO
INTRODUÇÃO
Na construção civil, a busca pelo aperfeiçoamento de técnicas e processos construtivos cresce de forma proporcional à necessidade de melhorias, visando às construções mais modernas, seguras e sustentáveis, que oferecem menos riscos à civilização e ao meio ambiente.
Hoje, quando o tema refere-se a impactos ambientais, impactos financeiros e economia, reciclagem, inovações tecnológicas, sustentabilidade, entre outros, são abordados com mais frequência.
A sustentabilidade relaciona-se com a continuidade de processos naturais para as gerações futuras. A busca por melhores técnicas de construção e aperfeiçoamento, atualmente focando em sustentabilidade, cresceu muito e aparece em várias fases do processo da construção civil, que por sua vez é tido como atividade de alto impacto ambiental.
É com essa visão da busca por construções sustentáveis que faremos essa aula.
geração de resíduos na construção civil
Quando se pensa em uma edificação sustentável, deve-se considerar o ciclo de vida em todos os níveis, ou seja, deve-se pensar no escopo e solucionar os impactos ambientais que a obra vai ocasionar, como movimento de terra, resíduos da construção, emissão de carbono, resíduos gerados pelos moradores e, assim, buscar a eficiência na utilização de todos os recursos.
Por isso, devemos pensar na cadeia como um todo desde a geração da matéria-prima, a execução da obra em si e a manutenção dessa edificação. Isto é apresentado na figura a seguir.
Cadeia a Montante:
Indústria madeireira;
Siderurgia / metalurgia básica;
Insumos não metálicos;
Máquinas e equipamentos;
Indústria cerâmica;
Material elétrico; e,
Equipamentos de Segurança
Cadeia Principal:
Ferramentas e equipamentos;
Outros materiais;
Desenvolvimento de projetos;
Serviços técnicos especializados
Ferragem, cerâmica, cimento e areia, brita, granito e gesso. Tubos e conexões, fios e cabos, olaria, louça sanitária, vidraçaria, etc.
Daí temos a Construção da Obra e a Operação da Obra. Que nos leva a Comercialização, Publicidade e depois a Imobiliária e Corretagem.
Cadeia a Jusante:
Indústria moveleira;
Transporte e aproveitamento de resíduos;
Manutenção de imóveis;
Serviços de decoração.
Vamos destacar alguns pontos deste ciclo. Veja:
Na Cadeia a Montante, isto é, a parte que trata da produção da matéria-prima, destacamos a siderurgia (que produz toda a parte metálica, as armações de concreto armado ou estrutura metálica), que possui uma produção de impacto ambiental desde a extração dos minerais e grandes emissões de CO2 durante sua produção.
É importante ter atenção, também, na extração de agregados (areia e brita) que contamina o lençol freático e o perfil do terreno. E a produção do cimento também, pois na fase do clínquer, tem grandes emissões de CO2.
Na Cadeia Principal, vamos observar que é a fase da obra em si. Daí, devemos ter toda a atenção na gestão de resíduos da obra. Nesse caso, o plano de gestão de resíduos irá ajudar.
Na Cadeia a Jusante, colocamos as atividades e os materiais relativos à edificação já pronta: são o mobiliário e as atividades de manutenção.
ATENÇÃO
Importante ficarmos atentos no que se refere à comercialização e à publicidade, pois, atualmente, uma obra com o certificado de construção sustentável tem um valor agregado e isso pode ser utilizado como algo a mais na hora da comercialização.
Na figura abaixo, podemos observar o ciclo de vida na construção civil com suas entradas e saídas.
	ENTRADAS
	Aquisição de matéria-prima
	SAÍDAS
	ENERGIA
	Manufatura, processamento e formulação
	
Efluentes
	
	Distribuição e transporte
	Emissões
	
	Uso / Reuso / Manutenção
	Resíduos
	MATÉRIAS - PRIMAS
	Reciclagem
	Outros lançamentos ambientais
	
	Gerenciamento de rejeitos
	Produtos usados
Podemos observar que:
De entrada, temos a matéria-prima e a energia consumida para a produção;
Na fase de produção, temos a obra em si, dando destaque para o gerenciamento de rejeitos, reciclagem e reuso, pois, são ações ligadas a uma obra sustentável;
E, como saída, estão listados os efluentes, as emissões e resíduos.
A Resolução do CONAMA 307 é a que classifica e trata da gestão de resíduos da construção civil, além de estabelecer os responsáveis e seus encargos. Vale lembrar que essa Resolução é de 2002 e que, em alguns momentos, ela teve uma atualização de seu conteúdo.
Com relação aos responsáveis e suas responsabilidades podemos ter:
Municípios
Elaborar Plano Integrado de Gerenciamento, que incorpore:
Programa Municipal de Gerenciamento (para geradores de pequenos volumes);
Projeto de Gerenciamento em obra (para aprovação dos empreendimentos dos geradores de grandes volumes).
Geradores
Elaborar Projetos de Gerenciamento em obra (caracterizando os resíduos e indicando procedimentos para triagem, acondicionamento, transporte e destinação).
Fornecedores de Dispositivos
No caso de aquisição de bombonas e bags reutilizáveis, verificar se o fornecedor tem licenças específicas para remover os resíduos dos recipientes, higienizando e tratando adequadamente os efluentes decorrentes da higienização.
Empresas Transportadoras
As empresas contratadas para o transporte dos resíduos deverão estar cadastradas nos órgãos municipais competentes e isentas de quaisquer restrições cadastrais.
Destinatários dos Resíduos
É estabelecida uma classificação: Resíduo Classe A, Classe B, Classe C e Classe D.
Especificando o tipo de material para cada um, de acordo com a Resolução atualizada, temos:
Resíduos Classe A: São aqueles reutilizáveis ou recicláveis.
Resíduos Classe B: São os recicláveis, porém para outros tipos de destinação.
Resíduos Classe C: São os que não possuem tecnologia economicamente viável para reciclagem, ou seja, resíduos sem uma forma de recuperação que seja vantajosa economicamente.
Resíduos Classe D: Para essa classe, consideramos os resíduos que são nocivos à saúde, oriundos do processo de construção, tendo em destaque os que contém amianto (telhas de amianto).
plano de gestão de resíduos na obra
Essa Resolução 307 do CONAMA também apresenta uma sugestão de Plano de Gestão de Resíduos em uma obra que deve conter as fases de:
Planejamento;
Implantação; e,
Monitoramento.
Quando não se tem um plano de gestão de resíduos e se necessita iniciar um, é importante fazer uma reunião inaugural com a equipe.
Reunião Inaugural
Realizada com a presença da direção técnica da construtora, direção das obras envolvidas (incluindo mestres e encarregados administrativos) e responsáveis pelas áreas de Qualidade, Segurança do Trabalho e Suprimentos, a reunião inaugural deve ter os seguintes objetivos:
Apresentação dos impactos ambientais provocados pela ausência do gerenciamento dos resíduos da construção e demolição nas cidades;
Mostrar de que modo as leis e as novas diretrizes estabelecem um novo processo de gerenciamento integrado desses resíduos e quais são suas implicações para o setor da construção civil;
Esclarecer quais serão as implicações no dia a dia das obras decorrentes da implantação de uma metodologia de gerenciamento de resíduos.
Após esse levantamento de informações, o planejamento pode ter início.
Planejamento
Tem como objetivos:
Levantamento de informações junto às equipes de obra, identificando a quantidade de funcionários e equipes, a área em construção, o arranjo físico do canteiro de obras (distribuição de espaços, atividades, fluxo de resíduos e materiais e equipamentos de transporte disponíveis), os resíduos predominantes, a empresa contratada para remoção dos resíduos, os locais de destinação dos resíduos utilizados.
Preparação e apresentação de proposta para aquisição e distribuição de dispositivos de coleta e sinalização do canteiro de obras, considerando as observações feitas por mestres e encarregados;
Definição dos responsáveis pela coleta dos resíduos nos locais de acondicionamento inicial e transferência para armazenamento final;
Qualificação dos coletores;Definição dos locais para destinação dos resíduos e cadastramento dos destinatários;
Elaboração de rotina para o registro da destinação dos resíduos;
Verificação das possibilidades de reciclagem e aproveitamento dos resíduos, notadamente os de alvenaria, concreto e cerâmicos;
Prévia caracterização dos resíduos que poderão ser gerados durante a obra com base em memorias descritivos, orçamentos e projetos.
Implantação
Iniciada imediatamente após a aquisição e a distribuição de todos os dispositivos de coleta e respectivos acessórios, por meio do treinamento de todos os operários no canteiro, com ênfase na instrução para o adequado manejo dos resíduos, visando, principalmente, à sua completa triagem.
Monitoramento
Avaliar o desempenho da obra, por meio de check-lists e relatórios periódicos, em relação à limpeza, triagem e destinação compromissada dos resíduos. Isso deverá servir como referência para a direção da obra atuar na correção dos desvios observados.
Entre as atividades de rotina, em um canteiro de obras, que segue um plano de gestão de resíduos, podemos contar com a triagem.
Triagem é o processo de seleção ou separação de algo ou algum elemento de acordo com características padronizadas. Ela será desempenhada no canteiro à medida que as atividades construtivas forem tomando velocidade.
O local de triagem é demarcado no canteiro e a distribuição dos resíduos será de acordo com as classificações ditas pela Resolução nº 307.
NA figura, a seguir, pode-se ver um exemplo padrão de um sistema de triagem locada em um canteiro.
Os benefícios obtidos pela triagem são:
Organização no canteiro de obras;
Identificação dos pontos de desperdício;
Diminuição dos custos relacionados à remoção dos resíduos;
Qualidade dos resíduos e redução dos custos de beneficiamento; e,
Reutilização ou reciclagem de alguns resíduos para a própria obra.
Saiba Mais
Reutilização: Uso do material da mesma forma utilizado anteriormente, sem qualquer processamento. (Exemplo: grade metálica retirada de uma edificação e usada em outra obra).
No quadro abaixo, encontra-se a identificação dos resíduos gerados por etapa de uma obra de edifício residencial. Este exemplo deveria ser seguido pelos responsáveis pelas obras de tal maneira a se obter dados estatísticos e indicadores que auxiliem o planejamento da minimização da geração de resíduos nas construções.
	FASES DA OBRA
	TIPOS DE RESÍDUOS POSSIVELMENTE GERADOS
	LIMPEZA DO TERRENO
	Solos
	
	Rochas, Vegetação, Galhos
	MONTAGEM DO CANTEIRO
	Blocos cerâmicos, concreto (areia, brita)
	
	Madeiras
	FUNDAÇÕES
	Solos
	
	Rochas
	SUPERESTRUTURA
	Madeira
	
	Sucata de ferro, fôrmas plásticas
	
	Concreto (Areia e Brita)
	ALVENARIA
	Blocos cerâmicos, blocos de concreto, argamassa.
	
	Papel, plástico.
	INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS
	Blocos cerâmicos
	
	PVC
	INSTAÇÃOES ELÉTRICAS
	Blocos Cerâmicos
	
	Conduítes, mangueira, fio de cobre
	REBOCO INTERNO / EXTERNO
	Argamassa
	REVESTIMENTOS
	Pisos e azulejos cerâmicos
	
	Piso laminado de madeira, papel, papelão, plástico
	FORRO DE GESSO
	Placas de gesso acartonado
	PINTURAS
	Tintas, seladoras, vernizes, texturas
	COBERTURAS
	Madeiras
	
	Cacos de telhas de fibrocimento
Dependendo do tipo de resíduo, diferentes destinos podem ser dados. Observe:
Os resíduos de Classe A, por exemplo, podem ser aproveitados na própria construção. A reciclagem de agregados na obra reduz o consumo de agregados naturais, reduz o volume de resíduos destinados a aterros e também os custos com transportes. Entretanto, a utilização de agregados reciclados em larga escala não é prática difundida entre os municípios brasileiros.
Os resíduos de tijolos cerâmicos, blocos de concreto, placas cerâmicas de revestimento, de argamassas e de concretos serão encaminhados a uma área de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir, posteriormente, a sua utilização ou reciclagem.
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A implantação de usinas de reciclagem com produção regular e padrões de qualidade definidos ainda não se transformou em rotina adotada pelas prefeituras, nem pela iniciativa privada.
A figura, a seguir, apresenta um exemplo de usina de reciclagem.
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A reciclagem desses resíduos, além de ser promovida em instalações permanentes, pode ser realizada no próprio canteiro, utilizando equipamentos móveis. Essa abordagem remete à execução dos processos de britagem e peneiramento no próprio local de produção dos resíduos e de utilização do agregado reciclado logo que é processado.
EM relação à reciclagem dos resíduos da construção civil, podemos citar alguns benefícios como:
Redução do consumo de recursos naturais não renováveis;
Redução de áreas necessárias para aterro, devido à redução de RCC (resíduos da construção civil) pela técnica da reciclagem;
Redução da poluição;
Geração de empregos e rendas;
Melhoria no âmbito social devido à nova e ampla cadeia produtiva do mercado de trabalho;
Redução do consumo de energia durante o processo de produção;
Redução de energia utilizada para transporte e extração dos materiais aos centros consumidores;
Possibilidade de melhoria no trânsito da região devido à diminuição do transporte dos materiais aos centros consumidores.
A produção de novos produtos de RCC contribui exponencialmente para o setor construtivo, no que se refere a desempenho sustentável, pois, uma vez essa prática tomando proporção e consolidando-se, a utilização de recursos naturais seria reduzida de forma impactante, assim como a redução dos impactos ambientais gerados pelo lançamento incorreto de RCC no meio ambiente.

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