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Segurança do trabalho Guia Prático

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Segurança do Trabalho
Guia Prático e Didático
1.1 Introdução
A segurança do trabalho é uma ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do profissional. Ela atinge sua finalidade quando consegue proporcionar a ambos, empregado e empregador, um ambiente de trabalho saudável e seguro, garantindo aquelas certeza de que vão laborar num ambiente agradável, ganhar seu pão de cada dia e retornar para a família felizes, alegres de terem cumprido mais um jornada de trabalho em sua vida profissional.
Cabe à segurança do trabalho, junto com outros conhecimentos afins (medicina do trabalho, ergonomia, saúde ocupacional, segurança patrimonial), identificar os fatores de riscos que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, avaliar seus efeitos na saúde do trabalhador e propor medidas de intervenção técnica a serem implementadas nos ambientes de trabalho (MATTOS et al., 2011)
São temas que se relacionam direta ou indiretamente com a segurança do trabalho: higiene do trabalho, medicina do trabalho, proteção contra incêndio e explosões, doenças ocupacionais, ergonomia, meio ambiente, qualidade de vida, primeiros socorros, sistemas de gestão de qualidade, higiene industrial, psicologia do trabalho, legislação trabalhista (leis, decretos, portarias ministeriais, instruções técnicas e resoluções) e, por último, a segurança patrimonial.
A segurança patrimonial apesar de ser outra área especializada de conhecimento e atuação, vem ganhando, cada vez mais, atenção dos profissionais da segurança do trabalho (SESMT) nos sinistros de furto e roubo envolvendo funcionários da empresa. Muitas vezes, esses profissionais chegam a ter de se especializar para poder acumular funções de segurança patrimonial.
Temos como exemplo os constantes acidentes, vistos hoje em dia, envolvendo empregados, as vítimas de roubo, as quais, ao sacar o dinheiro nos caixas eletrônicos próximos a sua empresa, ou no percurso para sua residência durante os dias do pagamento, são friamente surpreendidas por meliantes, que quando não lhes tiram a vida, deixam marcas de um sentimento de impotência, lembranças terríveis de que algo pior poderia ter acontecido. Isso leva a segurança do trabalhoa propor novas medidas de proteção, criar sistemas de segurança, solicitar rondas policiais durante os períodos de pagamento, propor treinamentos de conscientização de segurança etc.
1.2 Abordagem Histórica da Segurança do Trabalho
Na Antiguidade, a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença foi encontrada em papiros egípcios, no Império Babilônico e em textos da civilização greco-romana. Nessa época predominava inicialmente o paradigma mágico-religioso e, posteriormente, o naturalista. E no Egito há registros que datam de 2360 a.C., como o Papiro Seler II (relaciona o ambiente de trabalho e os riscos a ele inerentes) e o Papiro Anastasi V, mais conhecido como "Sátira dos Ofícios", de 1800 a.C (descreve os problemas de insalubridade, periculosidade e penosidade das profissões) (MATTOS et al., 2011).
Por volta de 1750 a.C., o Império Babilônico criou o Código de Hamurabi. Dele foram traduzidos 281 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. No artigo que trata da responsabilidade profissional, o imperador Hamurabi sentencia com pena de morte o arquiteto que construir uma casa que desmorone e cause a morte de seus ocupantes.
As sociedades gregas e romanas não valorizavam esse estudo, uma vez que dependiam de escravos para realizar as atividades que geravam riscos de acidentes e doenças ocupacionais (RODRIGUES, 1982).
Os poucos estudos de que se tem notícia foram:
 Século IV a.C. - Hipócrates (Grécia, 460-375 a.C.): ocorreram mudanças no paradigma espiritualista para o naturalista. O mecanismo do processo saúde-doença pela teoria dos miasmas vigorou até o século XIX. Hipócrates descreveu a "intoxicação saturnina" em um mineiro, porém omitiu o ambiente de trabalho e a ocupação. O trato de Hipócrates (Ares, Águas e Lugares) informava ao médico a relação entre ambiente e saúde (clima, topografia, qualidade da água, organização política).
 Século I a.C.: Lucrécio também indagava a respeito dos trabalhadores das minas. Plínio, o Velho (23-79 a.C.), escreve o Tratado de História Naturalis, relatando o aspecto de trabalhadores expostos a chumbo, mercúrio e poeiras. Fez também a descrição dos primeiros equipamentos de proteção individual utilizados, como máscaras (panos e bexigas de carneiros) para evitar a inalação de poeiras e fumos.
Na Grécia, as instituições responsáveis pelos conflitos trabalhistas eram denominadas erans e, em Roma, collegia :"Os erans admitiam como membros todos os cidadãos gregos, os filhos e os escravos, sendo que estes últimos não eram, na realidade, membros com direito pleno e sim um "capital de trabalho". Quanto aos collegia: "Qualquer pessoa podia ser membro desta associação, inclusive os escravos e os libertos (...)" (FRIEDE, 1973). 
Durante o período compreendido entre o apogeu do Império Romano até o final da Idade Média não foram encontrados estudos ou discussões documentadas sobre as doenças. Para alguns autores tal fato se deve a imposições de ordem econômica (RODRIGUES, 1982; MENDES, 1980).
1.3 Abordagem Holística da Segurança do Trabalho
A abordagem Holística da segurança do trabalho é outra forma em que visualizamos os acidentes. Nela não afirmamos que o acidente teve uma única e exclusiva origem, mas foi gerado pela interação simultânea de diversos fatores (físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais), e que um desencadeou o outro, gerando o acidente, Logo, não há uma causa única dos acidentes, e sim várias.
Nessa abordagem, a segurança do trabalho possui dois enfoques que se complementam: o reducionista para entender os fatores (físicos, biológicos. psicológicos, sociais e culturais) em detalhe, e o sistêmico para entender as interações desses fatores no processo que produz o acidente.
Segundo Cardella, 2010:
(...) no enfoque reducionista do trânsito, examinamos cada fator isoladamente. O estado do veículo, da pista e da sinalização, o desempenho do sistema de manutenção e os elementos culturais: crenças, valores e maneiras de proceder. Crenças do tipo "cinto de segurança não reduz consequências de acidentes" e costumes enraizados, como desobediência de sinais de "pare", são fatores culturais.
(...) no enfoque sistêmico, estabelecemos relações entre fatores, tais como: pessoas não utilizam cintos (primeiro fenômeno cultural); cintos sujos e escondidos sob o banco (fenômeno físico); e hábito de não limpar cintos e de colocá-los sob o banco (fenômeno cultural). Formamos, assim, a visão abrangente dos processos que levam ao acidente de trânsito no âmbito da organização.
De modo semelhante, podemos avaliar os fenômenos gerados nas outras áreas de ação.
1.4 Legislação Aplicada à Segurança do Trabalho
A segurança no trabalho, no Brasil, até a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), sempre foi vista pelo empregador como uma mera necessidade para seu empregado. Pouco importando se este estava bem ou não, não se levavam em conta suas reclamações de saúde, suas necessidades médicas. Para os empregadores capitalistas, naquela época, funcionário bom era aquele que não faltava, não demonstrava sintomas de doença, não se queixava dos problemas da empresa, só trabalhava.
Foi com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1998 (CF/1988), carta magna soberana a qualquer outra legislação brasileira, que as leis, os decretos e outras normas que tratavam de segurança do trabalho passaram a adequar-se à nova CF/1988, criando garantias trabalhista e inovando os preceitos de segurança e medicina do trabalho até então esquecidos pela legislação pátria, e por consequência garantindo a integridade dos trabalhadores em suas diversas atividades.
Atualmente existem diversosdispositivos legais e regulamentares que tentam buscar na prática a eficácia dessas tão almejadas garantias. Temos as normas emanadas pelo Poder Legislativo, chamadas de "leis", e os decretos, regulamentos, regimentos internos, portarias, instruções e resoluções, que provêm do Executivo através do seu chefe, de seus ministros ou secretários de Estado.
Passaremos a expor as principais partes da Legislação Trabalhista e Previdenciária, que buscam, por meio dessas regulamentações, garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os envolvidos no processo de trabalho: empregadores, empregados, clientes, fornecedores, etc.
1.4.1. Legislação Federal, Estadual e Municipal
1.4.1.1 Legislação Federal Aplicada à Segurança do Trabalho
Constituição Federal de 1988, que em seu Capítulo II (Dos Direitos Sociais), art. 7º, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe, especificamente, sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores.
 Lei nº 8.213, de 14 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Que também aborda assuntos essenciais para a segurança do trabalho como acidente de trabalho, auxílio acidente, auxílio-doença, CAT, habilitação e reabilitação profissional etc.
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que é a nossa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Lei n° 6.514, de 22 de dezembro de 1997, que altera o Capítulo V do Título II da CLT (relativo à Segurança e Medicina do Trabalho).
Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978, que aprovou as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da CLT relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, as quais podemos considerar como a "bíblia" do profissional da área de Segurança do Trabalho, e atualmente nos ensinam por meio de suas 36 NRs.
1.4.1.2 Legislação Estadual Aplicada à Segurança do Trabalho
São todas as regulamentações: leis emanadas pelo poder Legislativo Estadual, os decretos, regimentos, resoluções, instruções técnicas, entre outras regulamentações emanadas pelo Poder Executivo Estadual, desde que não contrariem os dispositivos legais federais. 
Como exemplo, temos no Estado de São Paulo o Decreto Estadual n° 56.819/11(regulamenta a proteção contra incêndio nas edificações e áreas de riscos), cuja atualização ocorre a cada 10 anos; logo, a sua próxima alteração ocorrerá somente em 2021, e as Instruções Técnicas (ITs) emitidos pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
1.4.1.1 3 Legislação Municipal Aplicada à Segurança do Trabalho
São todas as regulamentações (as leis, os decretos, as resoluções, as instruções técnicas, entre outras regulamentações) criadas pelo Poder Executivo Municipal, que não contrariem os dispositivos regulamentares estaduais e federais. Com isso, o profissional da segurança do trabalho, além de conhecer profundamente as Normas Regulamentadoras do MTE, bem com as principais legislações estaduais e federais, também deve conhecer as leis, os decretos e outros regulamentos municipais pertinentes à segurança do trabalho, principalmente em seu ramo de atuação.
1.4.2 Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados internacionais de caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qualquer dos Estados- membros interessados. Até dezoito meses da adoção de uma convenção, cada Estado-membro tem obrigação de submetê-la à autoridade nacional competente (no Brasil, é o Congresso Nacional) para aprovação. Após aprovação, o Presidente da República promove a ratificação do tratado, o que importa na incorporação automática de suas normas à legislação nacional, devendo ser cumprida em todos os seus aspectos.
1.4.2.1 Conceito de Trabalho Decente
 O conceito de trabalho decente formalizou-se pela OIT em 1999, com a missão de promover oportunidades para que homens e mulheres tenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.
O trabalho decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT, que são:
a. liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva;
b. eliminação de todas as formas de trabalho forçado;
c. abolição efetiva do trabalho infantil;
d. eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social.
4.2.2 Convenções Aplicadas à Segurança do Trabalho 
As convenções exercem papel relevante na segurança do trabalho, pois são utilizadas como referências normativas para criar, modificar e até excluir as Normas Regulamentadoras (NRs). Depois de ratificadas pela autoridade nacional competente (no Brasil, é o Congresso Nacional), elas ganham força de lei em todo território nacional.
Também estão disponíveis, na íntegra, as principais convenções da OIT, relacionadas com a Segurança e Saúde no Trabalho (SST), no seguinte site: www.oit.org.br/convention
11.5 Segurança nas Organizações 
1.5.1 Conceito de Organização 
A organização, em resumo, é um conjunto de pessoas organizadas com um mesmo objetivo a ser alcançado, com uma missão a cumprir. O simples agrupamento de pessoas não constitui organização. O agrupamento pode formar uma comunidade, uma vila, mas só constitui organização se houver objetivos idênticos a serem alcançados, se houver entre eles uma missão a cumprir. Por exemplo, um grupo de pessoas de uma rua, vizinhas umas das outras, não constitui uma organização. No entanto, quando se unem para atingir um objetivo comum, como fazer uma manifestação pública, e reivindicar no poder público asfalto e esgoto para sua rua, formam, por sua vez, uma organização.
Toda a organização, em sua essência, apresenta quatro clientes: o consumidor, o componente, a sociedade e o patrocinador. A organização satisfaz as necessidades desses clientes por meio da missão e das funções complementares de vitais. Essas funções devem ser tratadas com igual nível de relevância. E devem atuar inter-relacionadas, interdependentes e interatuantes, pois só desta forma apresentam bons resultados, melhoram a qualidade de vida na organização etc. 
Não podemos considerar uma delas mais importante que a outra, pois isso é enganoso e prejudicial para a organização. A produtividade proporciona salário aos componentes (empregados), lucros ao patrocinador (acionista), benefícios sociais à comunidade e cursos para desenvolver a organização. A qualidade dos produtos conquista consumidores e, consequentemente, gera recursos. Segurança e preservação ambiental evitam danos a pessoas, meio ambiente e patrimônio, e aumentam a produtividade. Logo, o desenvolvimento das pessoas promove o desempenho de qualquer função (CARDELAL, 2010) 
1.5.2 Cultura Organizacional
 A cultura organizacional é um complexo de padrões comportamentais: crenças, usos, costumes, atitudes, valores espirituais e materiais de um grupo transmitidos coletivamente. Pode atuar tanto de maneira positiva quanto negativa nos assuntos relacionados com a segurança do trabalho. Por exemplo, numa empresa cujos funcionários acreditam que usar capacetes, luvas, calçados e o óculos é apenas uma burocracia do patrão, e não uma necessidade para a sua segurança, caminha-se para uma cultura "desgraçada", marcada por incidentes e acidentes do trabalho.
A cultura organizacional de uma empresa influencia, e muito, na implantação da política de segurança do trabalho. Podemos afirmar que a tarefa mais difícil, dentro do conceito prevencionista da segurança do trabalho, é modificar uma cultura organizacional marcada por erros profissionais, negligência do empregador, falta de motivação dos funcionários, mau uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) etc. 
E nesse sentido, o mestre Cardella (2010) ensina:(...) A cultura pode ser encarada como um conjunto de forças poderosas que o grupo exerce sobre o indivíduo. A organização tem personalidade própria. Isso decorre de seu caráter sistêmico. A organização é um sistema e, portanto, tem características próprias, inexistentes nas partes. A cultura muda por pressão externa ou interna. A alteração no modo de pensar envolve uma percepção totalmente nova. Algo que era visto com admiração pode passar a ser visto como reprovável, como já ocorreu, por exemplo, com o uso de casacos de pele de animais silvestres.
1.5.2.1 Relação Homem x Porco 
Cardella (2010) relata em sua obra que, há alguns anos, os jornais de Campinas, SP, noticiaram que um porco matara o tratador na zona rural da região. Agachado para repor a lavagem, o homem se de sessenta anos não foi capaz de defender-se do ataque. As explicações sobre as causas do acidente incluíam um dito popular:
"O porco acorda sete vezes por noite pensando em matar o tratador, porque sabe que a mão que traz a lavagem um dia trará o facão".
A partir deste ensinamento, percebemos que as empresas que têm por cultura mandar funcionários embora, sem justificativa, somente para auferir mão de obra mais barata e livre de impostos, em vez de registrá-los, treiná-los, conscientizá-los, desenvolvem nos colaboradores o sentimento que o porco nutre pelo tratador. O salário representa a lavagem e não é suficiente para desenvolver relações de amor entre empregador e empregado. Leva, por sua vez, a sentimentos de revolta, insegurança, desrespeito pelas normas de segurança, faltas e atrasos no trabalho etc.
1.5.3 Prevenção de Acidentes nas Organizações 
1.5.3.1 Acidentes Industriais Maiores a
Acidentes ocorrem quando a prevenção falha, ainda mais nas indústrias de alto risco. Por isso, é de extrema importância para a prevenção de acidentes que os profissionais da segurança do trabalho (CIPA e SESMT) obedeçam rigorosamente às convenções que tratam do assunto e valorizem-nas. Por exemplo, a convenção nº 174, de 1993, que traz valiosos ensinamentos de procedimentos e técnicas de prevenção durante o manuseio de produtos perigosos.
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra pelo Conselho de Administração do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e reunida em 2 de junho de 1993, em sua octogésima reunião, adota, na data de vinte e dois de junho de mil novecentos e noventa e três a seguinte convenção, denominada: Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores (convenção nº 174, de 1993): 
Alcance e Definições 
Artigo 1º
1. A presente Convenção tem por objeto a prevenção de acidentes industriais maiores que envolvam substâncias perigosas e a limitação das consequências desses acidentes.
2. A Convenção aplica-se a instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores.
3. A Convenção não se aplica:
a. a instalações nucleares e usinas que processem substâncias radioativas, à exceção dos setores dessas instalações nos quais se manipulam substâncias não radioativas;
b. as instalações militares;
c. a transporte fora da instalação distinto do transporte por tubulações.
4. Todo Estado-membro que ratificar a presente Convenção poderá, após consulta com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores interessadas, e com outras partes também interessadas que possam ser afetadas, excluir de seu campo de aplicação instalações ou setores de atividade econômica nas quais se disponha de proteção equivalente.
Artigo 2º 
Onde surgirem problemas especiais de relevante importância, que tornem impossível pôr imediatamente em prática todas as medidas preventivas epde proteção previstas pela Convenção, todo Estado-membro, após se consultar com organizações de empregadores e trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser afetadas, deverá criar planos para a progressiva implementação das citadas medidas num determinado espaço de tempo.
Artigo 3º 
Para os fins da presente Convenção:
a. a expressão "substância perigosa" designa toda substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas propriedades químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou combinadas, constitui um perigo;
b. a expressão "quantidade limite" significa, como referência a uma substância ou a categoria de substâncias perigosas, a quantidade fixada por leis ou regulamentos nacionais para condições específicas que, se excedida, identifica uma instalação como sujeita a riscos de acidentes maiores;
c. a expressão "instalação sujeita a riscos de acidentes maiores" designa a instalação que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena, de uma maneira permanente ou transitória, uma ou várias substâncias ou categorias de substâncias perigosas, em quantidades que excedam a quantidade limite; 
d. a expressão "acidente maior" designa todo evento subitâneo, como emissão, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente; 
e. a expressão "relatório de segurança" designa documento contendo informações técnicas, administrativas e operacionais relativas a perigos e riscos de instalação sujeita acidentes maiores e a seu controle, e que justifiquem medidas adotadas para a segurança da instalação;
f. o termo "quase-acidente" designa todo evento subitâneo envolvendo uma ou mais substâncias perigosas que, não fossem os efeitos, ações ou sistemas atenuantes, poderia ter resultado num acidente de maiores proporções.
Princípios Gerais 
Artigo 4º 
1. Todo Estado-membro, à luz das leis e regulamentos, das condições e práticas nacionais, e em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e trabalhadores e outras partes interessadas que possam ser afetadas, deverá formular, adotar e rever, periodicamente, uma política nacional coerente relativa à proteção dos trabalhadores, da população e do meio ambiente contra os riscos de acidentes maiores.
2. Esta política deverá ser implementada por meio de medidas preventivas e de proteção para instalações com maior risco de acidentes e, onde for possível, promoverá a utilização das maiores tecnologias de segurança disponíveis.
Artigo 5º 
1. Autoridade competente ou órgão aprovado ou reconhecido pela autoridade competente deverá, após consulta às organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores e a outras partes interessadas que possam ser afetadas, criar um sistema de identificação de instalações mais sujeitas a riscos de acidentes maiores nos termos do Artigo 3º, c), baseado numa lista de substâncias perigosas ou de categorias de substâncias perigosas, ou de ambas, que inclua as suas respectivas quantidades limites, de acordo com as leis e regulamentos nacionais ou com normas internacionais.
2. O sistema mencionado no parágrafo 1 acima será regularmente revisto e atualizado.
 Artigo 6º 
A autoridade competente, após consulta às organizações representativas de empregadores e de trabalhadores interessadas, tomar as providências especiais para proteger informação confidencial que lhe tiver sido transmitida ou posta à sua disposição nos termos dos artigos 8º, 12, 13 ou 14, cuja revelação poderia causar prejuízo à empresa do empregador, desde que a citada providência não implique graves riscos para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente. 
Responsabilidade de Empregadores 
Identificação 
Artigo 7º 
Os empregadores identificarão toda a instalação de risco sob seu controle, com base no sistema referido no artigo 5º.
Notificação 
Artigo 8º
1. Os empregadores deverão notificar a autoridade competente sobre toda a instalação sujeita a riscos de acidentes maiores que tenham identificado:
a. dentro de um determinado prazo, no caso de instalação já existente;
b. antes de entrar em operação, no caso de uma instalação nova.
2. Os empregadores notificarão tambémautoridade competente antes do fechamento definitivo de uma instalação de risco maior.
Disposições Relativas à Instalação 
Artigo 8º
Com relação a cada instalação sujeita a risco maior, os empregadores deverão criar e manter um sistema documentado de controle de risco que preveja:
a. identificação o estudo dos perigos e avaliação dos riscos, considerando inclusive possíveis interações entre substâncias;
b. medidas técnicas que compreendam projeto, sistemas de segurança, construção, seleção de substâncias químicas, operação, manutenção e inspeção sistemática da instalação;
c. medidas organizacionais que incluam formação e instrução do pessoal, fornecimento de equipamentos de segurança, níveis do pessoal, horas de trabalho, definição de responsabilidades e controle de empresas externas e de trabalhar dores temporários no local da instalação;
 d. planos e procedimentos de emergência que compreendam:
i. preparação de planos e procedimentos eficazes de emergência local, inclusive atendimento médico emergencial, a ser aplicado no caso de acidentes maiores ou de ameaça de acidente, com testes e avaliação periódicos de sua eficácia e revisão quando necessário;
ii. fornecimento de informações sobre possíveis acidentes e planos internos de emergência
iii.toda consulta necessária com essas autoridades e esses órgãos;
e. medidas para reduzir as consequências de um acidente maior;
f. consulta com os trabalhadores e seus representantes;
g. a melhoria do sistema, incluindo medidas para coleta de informações e análise de acidentes ou "quase- acidentes". As experiências assim adquiridas deverão ser debatidas com trabalhadores e seus representantes e registradas de conformidade com a legislação e a práticas nacionais.
Relatório de Segurança 
Artigo 10
1. Os empregadores elaborarão relatório de segurança de acordo com as disposições do artigo 9º.
2. O relatório deverá ser feito:
a. no caso de instalações de risco já existentes, num determinado prazo, após a notificação, prescrito pelas leis e regulamentos nacionais 
b. no caso de instalação de risco nova, antes de entrar em operação.
Artigo 11
Os empregadores reverão, atualizarão e modificarão o relatório de segurança:
a. na eventualidade de modificação que tenha significativa influência no grau de segurança na instalação ou em seus processos, ou nas quantidades de substâncias perigosas presentes;
b. quando o progresso nos conhecimentos técnicos ou na avaliação de risco e recomendar;
c. nos intervalos estabelecidos por leis ou regulamentos nacionais;
d. a pedido da autoridade competente.
Artigo 12
Os empregadores deverão enviar à autoridade competente, ou pôr à sua disposição, os relatórios de segurança referidos nos artigos 10 e 11.
Relatório de Acidentes 
Artigo 13 
Empregadores deverão enviar à autoridade competente e a outros órgãos designados para esse fim, ou pôr à sua disposição, os relatórios de segurança imediatamente à ocorrência de um acidente maior.
Artigo 14 
1. Após um acidente maior e não prazo preestabelecido, os empregadores deverão submeter à autoridade competente relatório detalhado que analise as causas do acidente e relacione suas consequências imediatas no local, assim como todas as medidas adotadas para atenuar seus efeitos.
2. O relatório deverá incluir recomendações detalhadas sobre as medidas a serem tomadas para evitar que o acidente se repita.
Responsabilidades das Autoridades das Competentes 
Planos de Emergência Fora do Local 
Artigo 15 
Com base na informação fornecida pelo empregador, autoridade competente assegurará que planos e procedimentos de emergência, contendo medidas para proteção da população e do meio ambiente fora do local de cada instalação de riscos, sejam criados, atualizados em intervalos apropriados e coordenados com autoridades e órgãos pertinentes. 
Artigo 16 
Autoridade competente assegurará que:
a. independentemente de solicitação, devem ser divulgadas, entre a população passível de ser afetada por acidente maior, informações sobre medidas de segurança e comportamento apropriado a ser adotado em caso de acidente maior e sejam tais informações atualizadas e retransmitidas em intervalos apropriados;
b. em caso de acidente maior, o alerta deve ser dado tão logo quanto possível;
c. quando as consequências de um acidente maior puderem ter efeitos além das fronteiras, as informações de que tratam as alíneas a) e b) acima serão passadas aos Estados interessados, a título de contribuição com medidas de cooperação e coordenação.
Zoneamento de Instalações de Risco de Acidente Maior 
Artigo 17 
Autoridade competente deverá estabelecer uma política global de zoneamento com vista ao adequado isolamento de novas instalações de risco maior de áreas residenciais e de trabalho, e de logradouros públicos, assim como medidas adequadas para instalações já existentes. Essa política deverá refletir os princípios gerais e anunciado na parte II da Convenção.
Inspeção
Artigo 18 
1. A autoridade competente disporá de pessoal devidamente qualificado e competente, e suficiente apoio técnico e profissional para inspecionar, investigar, avaliar e acompanhar matérias tratadas nesta Convenção e garantir a observância de leis e regulamentos nacionais.
2. Representantes do empregador e representantes dos trabalhadores de uma instalação de risco de acidente maior terão a oportunidade de acompanhar os inspetores na supervisão da aplicação das medidas prescritas por força desta Convenção, a menos que os inspetores considerem, à luz de instruções gerais da autoridade competente, que isso possa prejudicar o desempenho de suas funções.
Artigo 19 
A autoridade competente terá direito de suspender toda a operação que represente ameaça iminente de um acidente maior.
Direitos e Obrigações dos Trabalhadores e de seus Representantes 
Artigo 20 
Numa instalação de risco de acidente maior, os trabalhadores e seus representantes serão consultados por meio de apropriados mecanismos de recuperação para assegurar um sistema seguro de trabalho. Os trabalhadores e seus representantes deverão sobretudo:
a. estar suficiente e adequadamente informados dos riscos ligados a essa instalação e suas possíveis consequências;
b. ser informados sobre quaisquer ordens, instruções ou recomendações feitas pela autoridade competente;
c. ser consultados na elaboração dos seguintes documentos e a eles ter acesso:
i. relatório de segurança;
ii. planos e procedimentos de emergência;
iii. relatórios de acidente;
d. ser regularmente instruídos e treinados nas práticas e procedimentos para prevenção de acidentes maiores e no controle, de eventos susceptíveis de resultar em acidente maior e nos procedimentos de emergência a serem seguidos na eventualidade de um acidente maior;
e. nos limites de suas funções e sem correr o risco de serem de alguma forma prejudicados, tomar medidas corretivas e, se necessário, interromper a atividade onde, com base em seu treinamento e experiência, considerem ter razoável justificativa para crer que haja risco iminente de acidente maior; informar seu supervisor antes, ou imediatamente depois, de tomar essa medida ou, se for o caso, soar o alarme;
f. discutir com o empregador qualquer risco potencial que considerem capaz de gerar um acidente maior e ter direito de informar a autoridade competente sobre esses perigos.
Artigo 21 
Os trabalhadores empregados no local de uma instalação de risco deverão:
a. observar todas as práticas e procedimentos relativos à prevenção de acidentes maiores e ao controle de eventos susceptíveis de dar origem a um acidente maior nas instalações de risco;
b. observar todos os procedimentos de emergência caso ocorra um acidente maior.
Responsabilidade dos Países Exportadores 
Artigo 22 
Quando, num Estado-membro exportador, for proibido o uso de substâncias, tecnologias ou processos perigosos por serem fonte potencial de acidente maior, esse Estado deverá informar todo país importador sobre essa proibição e as razões da medida.
Disposições Finais 
Artigo 23As ratificações formais desta Convenção serão comunicadas, para registro, ao Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho.
Artigo 24
1. Esta Convenção obrigará unicamente os Estados-membros da Organização Internacional do Trabalho cujas ratificações tiverem sido registradas pelo Diretor-Geral.
2. A Convenção entrará em vigor doze meses após a data de registro, pelo Diretor-Geral, das ratificações de dois Estados-membros.
3. A partir daí, esta Convenção entrará em vigor, para todo Estado-membro, doze meses após a data do registro de sua ratificação.
Artigo 25 
1. O Estado-membro que ratificar esta Convenção poderá denunciá-la ao final de um período de dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, mediante comunicação do Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho, para registro. A denúncia não terá efeito antes de se completar um ano a contar da data de seu registro.
2. Todo Estado-membro que ratificar esta Convenção e que, no prazo de um ano após expirado o período de dez anos referido no parágrafo anterior, não tiver exercido o direito de denúncia previsto neste artigo, ficará obrigado a um novo período de dez anos e, daí por diante poderá denunciar esta Convenção ao final de cada período de dez anos, nos termos deste artigo. 
Artigo 26 
1. O Diretor-Geral do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho (Genebra) dará ciência a todos os Estados-membros da Organização Internacional do Trabalho do registro de todas as ratificações, declarações e denúncias que lhe forem comunicados pelos Estados-membros da Organização. 
2. Ao notificar dos Estados-membros da Organização sobre o registro da segunda ratificação que lhe tiver sido comunicada, ao Diretor-Geral lhes chamará a atenção para a data em que a Convenção entrará em vigor.
Artigo 27 
O Diretor-Geral do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (Genebra) comunicará ao Secretário- Geral das Nações Unidas, para registro nos termos do artigo 102 da Carta das Nações Unidas, informações circunstanciadas sobre todas as ratificações, declarações e atos denúncia por ele registrados, conforme o disposto nos artigos anteriores.
Artigos 28 
O Conselho de Administração do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho apresentará a Conferência Internacional do Trabalho, quando considerar necessário, relatório sobre a aplicação desta Convenção, e analisará a conveniência de incluir na pauta da Conferência questão de sua revisão total ou parcial. 
Artigo 29 
1. No caso de a Conferência Internacional do Trabalho adotar uma nova convenção que reveja total ou parcialmente esta Convenção, a menos que a nova Convenção disponha de outro modo.
a. a ratificação, por um Estado-membro, da nova Convenção revista implicará, isso jure, a partir do momento em que a convenção revista entrar em vigor, a denúncia imediata desta Convenção, não obstante o disposto no artigo 25 supra; 
b. esta Convenção deixará de estar sujeita a ratificação pelos Estados-membros a partir da data de entrada em vigor a convenção revista.
2. Esta Convenção continuará em vigor, em sua forma e conteúdo, nos Estados-membros que a ratificaram, mas não ratificaram a Convenção revista.
Artigo 30 
As versões nos idiomas inglês e francês do texto desta Convenção são igualmente oficiais.
Recomendação Sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores - Recomendação Nº 181 
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra pelo Conselho de Administração do Escritório-Sede da Organização Internacional do Trabalho, e reunida na dita cidade em 2 de junho de 1993, em sua 80ª. Reunião;
Após decidir pela adoção de diversas propostas relativas à prevenção de acidentes industriais maiores, tema que constitui a quarta questão da ordem do dia da Reunião, e após haver deliberado que as ditas propostas se revestissem de forma de recomendação que complete a Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, de 1993, adota, na data data de vinte e dois de junho de mil novecentos e noventa e três, a seguinte recomendação, que poderá ser citada como a Recomendação sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores.
1. As disposições da presente recomendação devem ser aplicadas conjuntamente com as da Convenção sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, de 1993 (doravante referida como "a Convenção").
2. A Organização Internacional do Trabalho, em cooperação com outras organizações internacionais interessadas, intergovernamentais ou não governamentais, deveria adotar disposições com vista a um intercâmbio internacional de informações sobre:
a. práticas satisfatórias de segurança nas instalações de risco de acidentes maiores, inclusive a gestão dos sistemas de segurança e a segurança de procedimentos de trabalho;
b. acidentes maiores;
c. experiências adquiridas com os "quase-acidentes";
d. tecnologias e procedimentos proibidos por razões de segurança e saúde;
e. organização de técnicas e dos serviços médicos necessários para enfrentar as consequências de um acidente maior;
f. mecanismos e procedimentos utilizados pela autoridade competente com vista à aplicação da Convenção e da presente Recomendação
3. Os Estados-membros deveriam, na medida do possível, enviar à Diretoria Internacional do Trabalho informações sobre os assuntos a que se refere o subparágrafo (1) acima.
4. A política nacional estipulada na Convenção, assim como a legislação nacional outras medidas com vista à aplicação dessa política, deveriam inspirar-se, conforme o caso, na coletânea recomendações de práticas para a prevenção de acidentes industriais maiores, publicada pela OIT em 1991.
5. Os Estados-membros deveriam desenvolver políticas para fazer frente a os riscos e perigos dos acidentes maiores e a suas consequências naqueles setores e atividades excluídos do campo de aplicações da Convenção, dos termos do Artigo 1º, parágrafo 3.
6. Reconhecendo que um acidente maior pode ter grandes consequências nos termos de seu impacto sobre a vida humana e o meio ambiente, os Estados-membros deveriam incentivar a criação de sistemas de compensar trabalhadores o mais breve possível após o evento, e de controlar adequadamente seus efeitos sobre a população e o meio ambiente.
7. De conformidade com a Declaração Triparte de Princípios sobre as Empresas Multinacionais e Política Social, a toda pelo Conselho de Administração de Diretoria Internacional do Trabalho, toda empresa nacional ou multinacional que tenha mais de um estabelecimento deveria adotar, sem discriminação, medidas de segurança para prevenir acidentes maiores e controlar eventos capazes de resultar num acidente maior e para proteger os trabalhadores em os seus estabelecimentos, e independentemente do local ou do país em que se encontre.
1.6 Resumo
A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes originados durante a atividade Laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do profissional. Ela atinge a Finalidade quando consegue proporcionar a ambos, empregos e empregador, o ambiente de trabalho saúde e segurança
São temas que se relacionam direta ou indiretamente com a segurança do trabalho: higiene do trabalho, medicina do trabalho, proteção contra incêndios, explosões, doenças ocupacionais, ergonômicas, meio ambiente, qualidade de vida, primeiros socorros, sistemas de gestões da qualidade, higiene industrial, psicologia do trabalho, legislação trabalhista (leis, decretos, portarias ministeriais, industriais técnicas e resoluções) e, por último, a segurança patrimonial.
Na Antiguidade, a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença foi encontrada em papiros egípcios, no Império Babilônico e em textos da civilização greco-romana. Nessa época predominava inicialmente o paradigma mágico-religioso e, posteriormente, o naturalista.
Por volta de 1750 a.C., o Império Babilônico criouo Império de Hamurabi. Dele foram traduzidos 281 artigos a respeito de relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. No artigo que trata da responsabilidade profissional, o imperador Hamurabi sentencia com pena de morte o arquiteto que construir um casa que se desmorone e cause a morte de seus ocupantes.
A abordagem holística da segurança do trabalho é outra forma em que visualizamos os acidentes. Nela não afirmamos que o acidente teve uma única e exclusiva origem, mas foi gerado pela interação simultânea de diversos fatores (físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais).
A Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, aprovou a Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Atualmente há 36 Normas Regulamentadoras (NRs) que buscam, junto com outros instrumentos normativos, garantir a segurança e medicina do trabalho.
As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados internacionais de caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qualquer dos Estados-membros interessados. Até dezoito meses de adoção de um convenção, cada Estado-membro tem obrigação de submetê-la à autoridade nacional competente (no Brasil, é o Congresso Nacional) para aprovação.
O conceito de trabalho decente formalizou-se pela OIT em 1999, com a missão de promover oportunidades para que homens e mulheres tenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade e segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da gorvenabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.
As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) exercem papel relevante no papel na segurança do trabalho, pois são utilizadas como referências normativas para criar, modificar e até excluir as Normas Regulamentadoras (NRs). Depois de ratificadas pela autoridade nacional competente (no Brasil, é o Congresso Nacional), elas ganham força de lei em todo o território nacional. Segue abaixo, uma das principais relacionadas com a segurança do trabalho:
CONVENÇÃO Nº 182 - PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E A AÇÃO IMEDIATA PARA SUA ELIMINAÇÃO, 1999
CONVENÇÃO Nº 176 - SEGURANÇA E SAÚDE NAS MINAS, 1995
CONVENÇÃO Nº 174 - CONVENÇÃO SOBRE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS MAIORES, 1993
CONVENÇÃO Nº 170 - SEGURANÇA DO TRABALHO COM PRODUTOS QUÍMICOS, 1990
CONVENÇÃO Nº 167 - SEGURANÇA E SAÚDE NA CONSTRUÇÃO, 1988
CONVENÇÃO Nº 155 - SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES, 1981
CONVENÇÃO Nº 152 - SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO PORTUÁRIO, 1979
CONVENÇÃO Nº 148 - CONTAMINAÇÃO DO AR, RUÍDO E VIBRAÇÃO, 1977
CONVENÇÃO Nº 139 - CÂNCER PROFISSIONAL, 1974
CONVENÇÃO Nº 136 - PROTEÇÃO CONTRA OS RISCOS DA INTOXICAÇÃO PELO BENZENO, 1971
CONVENÇÃO Nº 127 - PESO MÁXIMO DAS CARGAS, 1967
CONVENÇÃO Nº 124 - EXAME MÉDICO DOS ADOLESCENTES PARA O TRABALHO SUBTERRÂNEO NAS MINAS, 1965
CONVENÇÃO Nº 120 - HIGIENE NO COMÉRCIO E ESCRITÓRIOS, 1964
CONVENÇÃO Nº 115 - PROTEÇÃO CONTRA RADIAÇÕES, 1960
CONVENÇÃO Nº 119 - PROTEÇÃO DAS MÁQUINAS, 1963
CONVENÇÃO Nº 113 - EXAME MÉDICO DOS PESCADORES, 1959
CONVENÇÃO Nº 103 - AMPARO À MATERNIDADE (REVISADA), 1952
CONVENÇÃO Nº 105 - ABOLIÇÃO DO TRABALHO FORÇADO, 1957
CONVENÇÃO Nº 81 - INSPEÇÃO DO TRABALHO, 1947
CONVENÇÃO Nº 45 - EMPREGO DE MULHERES NO TRABALHO SUBTERRÂNEOS DAS MINAS, 1935
CONVENÇÃO Nº 42 - INDENIZAÇÃO POR ENFERMIDADE PROFISSIONAL (REVISADA), 1934
CONVENÇÃO Nº 16 - EXAME MÉDICO DE MENORES NO TRABALHO MARÍTIMO, 1921
CONVENÇÃO Nº 12 - INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DO TRABALHO NA AGRICULTURA, 1921
CONVENÇÃO Nº 05 - IDADE MÍNIMA DE ADMISSÃO NOS TRABALHOS INDUSTRIAIS, 1919
A cultura organizacional é um complexo de padrões comportamentais: crenças, usos, costumes, atitudes, valores espirituais, e materiais de um grupo transmitidos coletivamente. Pode atuar tanto de maneira positiva quanto negativa nos assuntos relacionados com a segurança do trabalho. Por exemplo, numa empresa em que os funcionários acreditam que usar capacete, luvas, calçados e óculos é apenas uma burocracia do patrão e não uma necessidade para a sua segurança, caminha-se para uma cultura "desgraçada", marcada por incidentes e acidentes do trabalho. 
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