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Resumo Filosofia da Caixa preta

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA
 THAYNÁ SOUZA DA SILVA
 Resumo
 Filosofia da Caixa Preta
 Canoas, RS
 2017
Introdução
O filósofo tcheco, naturalizado brasileiro, Vilém Flusser (1920-1991) considera a invenção da fotografia tão importante quanto a invenção da escrita. Enquanto a escrita revolucionou a humanidade e marcou o início do período histórico, fotografia, e sua nova codificação e simbolização da informação, fazer a pós-história, com a evolução igualmente revolucionárias, desenvolvedores e modificadores da humanidade. Ele vislumbrou a capacidade mágica de uma imagem fotográfica pode destruir o unidimensional recurso, linear, dos textos. Não só fotos, mas também vídeos e outras mídias eletrônicas são co-responsáveis ​​por esta revolução pós-histórica. Temos sido testemunhas de que, nos últimos anos, as imagens deixaram de ser meras ilustrações do texto vivo, para se tornarem os protagonistas da mídia. Eles apresentaram os textos para um papel complementar ou secundária. Este fenômeno reforçada por dois aspectos importantes, estreitamente relacionada com a foto: a facilidade de utilização e a disponibilidade do dispositivo de distribuição e capacidade fotográfico e o acesso à informação fotográfica.
1- A Imagem
Filosofia da caixa preta dá início falando sobre imagem e sua função na era atual. Flusser explica que a imagem tem se tornado cada vez mais importante e passou a substituir até mesmo textos informativos, o que o autor diz ser errado, pois o homem deveria aproveitá-las para complementar os textos e não substituí-los. O autor destaca também que uma imagem pode variar de acordo com a interpretação de imagem do fotógrafo e a de quem ver tal imagem, o que diversifica de acordo com as experiências passadas do receptor e com suas sensações pessoais.
“O homem se esquece do motivo pelo qual as imagens são produzidas: servirem de instrumentos para orientá-lo no mundo. Imaginação se torna alucinação e o homem se torna incapaz de decifrar imagens, de reconstituir as dimensões abstraídas”. (FLUSSER, p. 8)
2- A Imagem Técnica
No segundo capítulo, o filósofo segue falando sobre a imagem, mas faz uma comparação entre a imagem tradicional e a imagem técnica que, para ele, simboliza uma evolução no modo de pensar e enxergar a imagem. Ele diz que a imagem técnica requer uma estratégia. Ao passar por esse processo, a imagem ganha valor, porém não deve ser utilizada como substituição de um raciocínio lógico baseado em fatos. Ele cita também que essas imagens podem ser usadas de forma a criar um envolvimento com a cultura do povo, a fim de disseminar uma idéia sobre determinado acontecimento.
“As imagens técnicas estão longe de serem janelas, mas são imagens, superfícies que transcodificam processos em cenas. Como toda imagem é também mágica e seu observador tende a projetar essa magia sobre seu mundo.” (FLUSSER, p. 10)
 3- O Aparelho
Flusser baseia seu terceiro capítulo na câmara fotográfica. Ele a define como um produto que serve para gerar produtos e afirma que a máquina de fotografar é uma prolongação dos olhos do fotógrafo. Assim, ele explica que é necessário ter discernimento para encontrar, em um mundo tão cheio de imagens, aquelas que possam significar alguma coisa e que possam adquirir valor. Ele diz que o usuário comum vê o aparelho como uma caixa mágica capaz de produzir imagens e a utiliza como um brinquedo, sem dar importância ao valor da imagem. O autor fala também sobre a manipulação da imagem e como essa é influenciada pelo fotógrafo e pela indústria fotográfica, assim a imagem chega ao receptor de forma bastante distorcida por interesses dos envolvidos no ato de fotografar.
“O aspecto duro (hardware) dos aparelhos não lhes confere valor [...], é o aspecto mole (software), impalpável, simbólico o verdadeiro portador de valor do mundo pós-industrial dos aparelhos. Não é o objeto que vale, mas o símbolo.” (FLUSSER, p. 16)
4- O Gesto de Fotografar
Dessa forma, o quarto capítulo trata justamente do gesto de fotografar. Nele, o autor faz uma comparação entre o ato de fotografar com a caça, sendo o fotógrafo o caçador, “armado” com sua câmara fotográfica, e as boas imagens, as presas. Flusser reafirma a idéia da necessidade de imagens interessantes, informativas e ao mesmo tempo inéditas. Ele explica também que uma situação não pode ser fotografada exatamente como acontece, e, por isso, é necessário que o fotógrafo faça uma seqüência de fotos que possam ilustrar o acontecido da forma mais realista possível. O filósofo explica que a práxis fotográfica obedece a certas regras e restrições de aparelhagem, além de respeitar sempre um determinado ponto de vista, defendido, inevitavelmente, pelo fotógrafo.
“Ao fotografar, o fotógrafo salta de região para região por cima de barreiras. Muda de um tipo de espaço e um tipo de tempo para outros tipos. As categorias de tempo e espaço são sincronizadas de forma a serem permutadas [...]. A fotografia revela os lances desse jogo, lances que são o método fotográfico para driblar as condições da cultura.” (FLUSSER, p. 18)
5- A Fotografia
Já o capítulo seguinte, trata da fotografia impressa, propriamente dita. Flusser diz que as fotografias mais verdadeiras são aquelas em que se pode imaginar algo, dependendo assim de um raciocínio para a interpretação da fotografia. Fala também que as cores da fotografia acabam por torná-las dependentes da tecnologia usada para que existam, subestimando o valor que a imagem impressa possui. O autor afirma que o papel do fotógrafo é eternizar momentos em imagens, e que estas precisam ter algum significado, que exija interpretação do receptor para sua compreensão, o que acaba na formação de uma crítica fotográfica na mente do receptor.
“A intenção do fotógrafo é: 1) codificar, em forma de imagem, conceitos; 2) servir-se do aparelho para tanto; 3) fazer com que tais imagens sirvam de modelos para outros homens; 4) fixar tais imagens para sempre. [...]. A intenção do aparelho é: 1) codificar conceitos inscritos em seu programa; 2) servir-se de um fotógrafo; 3) fazer com que tais imagens sirvam de modelos para homens; 4) fazer imagens cada vez mais aperfeiçoadas.” (FLUSSER, p. 24)
6- A Distribuição da Fotografia
O filósofo dá continuidade a sua obra tratando da distribuição das fotografias para o público receptor. Ele diz que a fotografia é extremamente interessante pois pode ser multiplicada diversas vezes, o que a diferencia de outros tipos de imagem. O autor cita tipos de fotografia, utilizados como notícia, publicidade ou como forma de arte. Ele explica que uma fotografia pode ter valor comercial, informativo ou essencialmente artístico, dependendo da forma como é apresentada. Novamente, Flusser reitera a idéia de manipulação da imagem para o benefício do fotógrafo ou do meio de distribuição.
“As fotografias são imagens imóveis e mudas do tipo “folha”, e podem ser infinitamente reproduzidas. Antes de serem distribuídas, as fotografias são transcodificadas pelo aparelho de distribuição, a fim de serem subdivididas em canais diferentes. As fotografias só possuem significado dentro do canal.” (FLUSSER, p. 26)
 7- A Recepção da Fotografia
No sétimo capítulo é abordada a recepção da imagem da fotografia. O autor afirma que a fotografia precisa ter valor para o receptor. Ele diz que, como objeto, a fotografia não tem valor nenhum, pois é algo bastante comum que pode ser criado por qualquer pessoa. O que importa na realidade é a capacidade do fotógrafo de retratar momentos que tenham significado. Flusser diz também que por muitas vezes achamos que estamos eternizando um momento, quando na verdade, somos simplesmente seduzidos a bater uma fotografia sem valor algum. Novamente, critica a postura de substituição de textos porimagens, afirmando que hoje em dia, os textos existem por causa da imagem e não a imagem como complemento do texto.
8- O Universo Fotográfico
No capítulo seguinte, Flusser dá exemplos de como estamos sendo consumidos por um universo fotográfico. Ele afirma que estamos tão acostumados com as imagens que já não questionamos seu valor e nem paramos para realmente prestar atenção no que aquela fotografia quer nos dizer. Fala também sobre o fato de o fotógrafo ter se tornado uma peça pouco significativa no mundo da indústria fotográfica. O autor diz que a imagem surgiu como forma de nos poupar trabalho, mas que acabou por alienar a população do que realmente acontece ao apresentar, sem parar, imagens que para a massa não tem significado. Ele diz que participar desse universo fotográfico significa viver e agir em função do ato de fotografar.
“Eis como se produz o universo fotográfico: homens constroem aparelhos para “pensar” cartesianamente; em seguida os alimentam com conceitos claros e distintos [...]; os aparelhos passam a permutar conceitos claros e distintos inscritos no seu programa [...]. A cada fotografia corresponderá determinada permutação de conceitos no programa do aparelho.”(FLUSSER, p. 35)
9- A Urgência de uma Filosofia da Fotografia
Em seu último capítulo, o autor fala da urgência em se criar uma filosofia fotográfica, para que o homem possa voltar a comandar o ato de fotografar. O autor cita trechos e idéias dos capítulos anteriores para formar um quadro que explique a importância desses conceitos. Ele apresenta teorias que regem o universo fotográfico, dizendo que é preciso que essa filosofia liberte o fotógrafo das imposições da indústria fotográfica. Flusser afirma que a tecnologia tem enfraquecido a capacidade de pensar do homem. Ele diz que quanto mais facilidade temos para realizar os trabalhos, mais nos acomodamos e nos alienamos, deixando a tecnologia comandar nossas vidas. Assim, ele termina seu livro, explicando que uma filosofia da fotografia serviria como agente libertador do homem de um mundo programado, no qual se encontra preso à regras e obrigações.
Considerações finais
A meu ver, o ponto principal da obra é uma questão epistemológica, buscando compreender como esta forma moderna de construção dos aparelhos afetou a relação do homem com sua realidade, o homem se deslocando do papel de operário/proprietário, para funcionário/programador e como isso afeta a forma do homem compreender e se situar no mundo, provocando questionamentos que nos ajudem a encontrar uma forma de criticar tal sociedade, sem deixarmos de entender se os produtos de tais aparelhos são neutros e se o funcionário é um ser livre, que age como bem entende, ou é quanto mais livre se sente, mais escravo é de seu ofício.

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