Buscar

PROINTER Parcial IV

Prévia do material em texto

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA
POLO: TAGUATINGA (DF) - BRASÍLIA
3ª SÉRIE
RAFAEL LUCAS SOUZA		 		RA 9322745977
RAFAEL DE ASSIS RIBEIRO 	RA 5436744124
GERSON LUIZ GONÇALVES DA SILVA	RA 6166663776
EDILENITE PEREITA DOS SANTOS 	RA 6194735961
MANOEL RAFAEL SILVA DE OLIVEIRA RA 6098680286
JORGE LUIZ TEIXEIRA DE MENDONÇA RA 6434740484
RELATÓRIO PARCIAL
PROJETO INTERDISCIPLINAR APLICADO AO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA (PROINTER IV)
DISCIPLINAS DE GESTÃO URBANA E DE SERVIÇOS PÚBLICOS, LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS, FINANCIAMENTOS PÚBLICOS, POLÍTICAS PÚBLICAS E ESTADO E PODER LOCAL
TUTOR (A) PRESENCIAL: SRA. MARIA JÚLIA CARAMASCHI
TUTOR (A) A DISTÂNCIA: SRA. CAMILA NAHAS
TAGUATINGA/DF
2017.2
RESUMO
Os regimes de previdência buscam oferecer a seus segurados os melhores benefícios possíveis, de maneira que no momento da aposentadoria ou de eventual sinistro possam continuar percebendo proventos que não se afastem muito dos seus salários da atividade. Nesse sentido, o fim da relação jurídica previdenciária é a proteção do trabalhador no seu aspecto econômico, ponderando as proporcionalidades entre recursos dispensados e benefícios recebidos.
Palavras-Chave: Previdência social, benefícios, legislação
INTRODUÇÃO
A Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão. Ela conta, hoje, com aproximadamente 58% da população economicamente ativa (PEA) na condição de segurado e é responsável pelo pagamento de quase 30 milhões de benefícios, entre aposentadorias e pensões do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e dos regimes próprios do funcionalismo público de todas as esferas de governo.
Segundo o Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS, entre dezembro de 2006 e dezembro de 2016, a quantidade de benefícios previdenciários e acidentários emitidos pela Previdência aumentou 34,8%, passando de 21,6 milhões para 29,2 milhões. Após 29 anos da criação do Sistema de Seguridade Social brasileiro, do qual fazem parte as políticas previdenciárias, e dez anos da primeira de série de emendas constitucionais voltadas para a questão do equacionamento financeiro-atuarial da Previdência Social, não restam dúvidas quanto à sua importância e seus avanços institucionais. O que não significa que novos ajustes não devam ser pensados, pois a Previdência Social, como sistema precisa ser viável e sustentável no curto, médio e longo prazo.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
As políticas públicas são diretrizes elaboradas para enfrentamento de problemas públicos. A previdência social é um segmento da seguridade social destinado a estabelecer um sistema de proteção social mediante contribuição, cujo objetivo é proporcionar meios de subsistência ao segurado e sua família quando necessário.
Segundo Oliva (2013), as alterações sofridas pela previdência social com as reformas promovidas pelas Emendas Constitucionais 20/98, 41/2003, 47/2005 e 70/2012, trouxeram consequências aos contribuintes. Isso se deu também devido ao aumento da expectativa de vida, elevando assim o limite de idade para a aposentadoria.
Segundo Meirelles (2013), com o advento da evolução industrial, iniciada no século XVIII, tendo se expandido pelo mundo a partir do século XIX, desencadeou-se uma intensa otimização da produção, devido à implementação de máquinas, as quais atuavam em escala significantemente superior ao trabalho humano, substituindo-se, desta forma, a manufatura pela chamada maquino-fatura. 
Como consequência do uso de máquinas sem a devida qualificação, passou-se a ter inúmeras ocorrências de acidentes de trabalho. Na mesma linha de evolução da produção, as sociedades se desenvolveram, quando então percebeu-se não poder um ser humano pôr sua vida e incolumidade em risco, sem que se pudesse resguardar-se de quaisquer acidentes. Nesse contexto, nasceram os primeiros institutos com características previdenciárias. 
No Brasil, alguns elementos com características de seguridade começaram a surgir ainda na época do império, como no caso do Plano dos Oficiais da Marinha no século XVIII, a concessão de aposentadoria dos professores, no século XIX.
Com a primeira grande reforma da previdência, por intermédio da Emenda Constitucional de nº 20 de 15.12.1998, foi estabelecida a aposentadoria por tempo de contribuição e não mais por tempo de serviço, exigindo-se, assim, trinta e cinco anos de contribuição do homem e trinta da mulher, o salário-família e o auxílio-reclusão passaram a ser devidos apenas ao dependente do segurado de baixa renda. 
Anos depois surgiu a segunda grande reforma da previdência, por intermédio da Emenda Constitucional nº 41 em 31 de dezembro de 2003, em que se estabeleceu a nova reforma previdenciária que atingiu, em primeiro plano, os funcionários públicos. 
Esta Emenda previu a substituição da aposentadoria integral pelo Regime proporcional de aposentadoria que não retira, em verdade, a possibilidade de o servidor gozar aposentadoria de acordo com sua última remuneração. 
Os servidores públicos ingressados efetivamente antes da promulgação da EC nº 41/2003 terão direito à aposentadoria integral.
A Emenda Constitucional nº 47/2005 é tida como uma reforma paralela à Emenda nº 41, promovendo alterações no art. 201 da Carta Magna, além de tratar da maior parte das regras previdenciárias dos funcionários públicos. 
A Emenda Constitucional nº 70/2012, por seu turno, acrescentou art. 6º-A à Emenda Constitucional nº 41, de 2003, com o fito de estabelecer critérios para o cálculo e a correção dos proventos da aposentadoria por invalidez dos servidores públicos que ingressaram no serviço público até a data da publicação daquela Emenda Constitucional. 
Assim, os proventos de aposentadoria por invalidez concedidos a partir de 01/01/2004 deverão ser recalculados com base na remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. 
No caso de aposentadoria por invalidez com proventos integrais passarão a corresponder a 100% da última remuneração do servidor na data da concessão do benefício previdenciário e, em se tratando de aposentadoria com proventos proporcionais, estes corresponderão a um percentual relativo ao tempo de contribuição do servidor para encontrar o valor inicial do provento. 
É necessário lembrar que em virtude do princípio constitucional da irredutibilidade dos benefícios, após a revisão dos benefícios determinada pela EC 70, se houver redução dos proventos, a parcela correspondente à diferença entre a soma que estava sendo paga e o novo valor do benefício deve ser mantida e paga como verba apartada. 
Vale ainda destacar que é de suma importância a análise minuciosa da situação de cada contribuinte no momento de sua aposentadoria, de modo a lhe assegurar plenamente seus direitos constitucionalmente estabelecidos.
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS OFERECIDOS AOS SEGURADOS
A previdência social é um seguro público, coletivo, compulsório, mediante contribuição e que visa cobrir os seguintes riscos: incapacidade, idade avançada, tempo de contribuição, encargos de família, morte e reclusão.
A previdência social brasileira concede hoje dez tipos de benefícios:
Auxílio-doença;
Auxílio-acidente;
Aposentadoria por invalidez;
Aposentadoria por idade;
Aposentadoria por tempo de contribuição;
Aposentadoria especial;
Aposentadoria Especial do Professor
Salário-maternidade;
Salário-família;
Pensão por morte;
Auxílio-reclusão.
Divide-se hoje em dois regimes:
O regime geral de previdência social, para os trabalhadores do setor privado;Regime próprio de previdência social, para os trabalhadores do setor público.
O custo do sistema previdenciário brasileiro é pago por quatro entes: (I) pelos trabalhadores (por meio de contribuição sobre o quanto ganha, que vai de 7,65% a 20% do salário-de-contribuição, dependendo do tipo de segurado); (II) pelas empresas empregadoras (através de uma série de tributos, como COFINS, CS LL, SAT, entre outros), (III) por parte da receita proveniente de loterias e (IV) pelo governo. Atualmente, a Previdência Social brasileira responsável por assegurar a renda dos trabalhadores e de seus dependentes quando da perda da capacidade de trabalho, faz parte de conjunto integrado de ações do Estado e da sociedade criado pela CF/88, denominado Sistema de Seguridade Social. Ainda que o sistema proposto tenha resultado da evolução histórica das políticas sociais no país, a análise do período pós-constituição permite observar que sua consolidação não logrou congregar lógica de políticas integradas com vista à superação dos riscos vinculados à Seguridade Social. As políticas públicas nas áreas integrantes da Seguridade – previdência, Assistência Social e saúde – permanecem fragmentadas e encerradas em seus próprios ministérios, apresentando pouca sinergia entre suas ações.
Ressalte-se que a complexidade dos novos riscos surgidos nos últimos anos torna cada vez mais tênue as fronteiras entre as áreas de políticas que compõem o sistema de Seguridade Social, além de comprometer sua viabilidade futura na ausência de mecanismos que gerem interfaces e externalidades entre as áreas.
 FRAGILIDADES QUE DÃO MARGEM À BUROCRACIA
Naturalmente, a burocracia é importante quando se lida com dinheiro público, já que descontroles sempre dão margem à corrupção. A maior mazela previdenciária são as fraudes. Estatísticas demonstram que, de cada 10 benefícios, 4 são fraudados. Esses fraudadores geralmente são os próprios funcionários do INSS, como agentes administrativos e procuradores. Como possuem acesso às informações e dados pessoais dos contribuintes, fraudam cadastros e recebem as aposentadorias em nome dos diversos beneficiários. Estes, portanto, não recebem o que lhes é devido. Além disso, os infratores presenteiam amigos e parentes com aposentadorias fraudadas, adquiridas ilegalmente. Baseado nisso, é de se constatar que algum grau de burocracia sempre será necessário, entretanto o excesso de burocracia é muito danoso para aqueles que necessitam de um serviço público ágil e eficiente. 
A Previdência Social, como já é de conhecimento do grande público, representa um dos pontos que dificultam o equilíbrio fiscal das contas públicas brasileiras. De fato, dados do Tesouro Nacional indicam que em 1997 o resultado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) totalizou -0,3% do PIB do Brasil, valor esse que em 2005 atingiu o patamar de -1,9%. Em outras palavras, na história recente da política fiscal nacional, o déficit da Previdência além de expressivo é crescente. 
Na esteira desses resultados, o país passou de 1998 aos dias de hoje por três reformas da Previdência, cabendo destacar as Emendas Constitucionais nos 20/98 e 41/03 e a Lei n.º 9.876/99, que instituiu o fator previdenciário. Ainda assim, novas proposituras surgem amiúde.
Mesmo que se reconheça a necessidade de novas reformas nas condições de acesso e fórmula de cálculo dos benefícios da Previdência Social, surge a discussão acerca do potencial das reformas em práticas administrativas na contenção, ainda que parcial, do déficit do RGPS. 
O ponto positivo dessas reformas é seu trâmite político muito mais simples que as reformas constitucionais necessárias a um ajuste mais profundo, ao se ter em vista que exigiram modificações em legislação ordinária ou complementar ou mesmo em atos infra legais. Do mesmo modo, em termos políticos, a relação benefício-custo é bastante elevada, porque se obtém redução de despesas ou aumento de receitas sem passar pelo desgaste das alterações nas regras de concessão dos benefícios e suas fórmulas de cálculo. Isso, portanto, indica que o potencial das reformas administrativas na redução do déficit previdenciário não é muito alto, dado o capital político que um governante acumularia ao resolver o problema das necessidades de financiamento da Previdência sem todo o esforço necessário para uma reforma previdenciária tradicional. Pelos motivos expostos neste parágrafo, se fosse possível desatar o nó previdenciário por meios administrativos, alguém já o teria feito e capitalizado todo o ganho político para si, em vez de se enveredar pelo tortuoso caminho convencional. 
Outro aspecto a se considerar é que, em alguns casos, ganhos de eficiência administrativa aumentam a despesa previdenciária. Por exemplo, maior rapidez na concessão de benefício sou no pagamento de precatórios dão maior agilidade em itens antes represados, cuja ineficiência contribui para diminuir os gastos. Apesar de essa melhoria provocar ganhos de eficiência para a sociedade como um todo ao reduzir o ônus administrativo, as despesas se elevam, ao menos no curto prazo. Desse modo, é mito imaginar que todo e qualquer avanço administrativo reduz o déficit do RGPS. 
 SUGESTÃO DE MELHORIAS PARA MINIMIZAÇÃO DA BUROCRACIA NOS PROCESSOS 
Algumas medidas de cunho administrativo atenuaram a burocracia e as necessidades de financiamento da previdência. Tais medidas são:
RECENSEAMENTO OU RECADASTRAMENTO PERIÓDICO E BONS SISTEMAS DE ÓBITOS
Atualização constante do cadastro para impedir recebimentos indevidos. Na maioria das vezes, o recadastramento é bastante custoso e necessita de intervalo temporal de alguns anos para não causar transtornos aos segurados.
Além da atualização cadastral, faz- se necessário o aprimoramento contínuo de um sistema de óbitos para que as informações dos atestados de óbitos saiam dos cartórios e cheguem de modo rápido e preciso aos sistemas informatizados da Previdência Social e, na sequência, suspendam ou cessem os benefícios. Para que se evite fraudes é necessária mais fiscalização por parte das autoridades, e não só colocando burocracia para dificultar a vida do trabalhador que necessita da previdência, e sim o mais importante é fiscalizar e punir de forma severa a corrupção com verba pública e principalmente quem frauda a previdência que, por sua vez, está com um rombo enorme. 
LICITAÇÃO DA REDE BANCÁRIA PARA PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS
Hoje quando um aposentado ou pensionista recebe seu benefício na rede bancária, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) paga aos bancos pelos depósitos que efetua e pela manutenção da conta desses indivíduos. O INSS não mais pagaria para a rede bancária para realização dos depósitos, mas os bancos concorrem entre si para disputar os beneficiários do RGPS. O cuidado com essa alternativa seria não permitir que vencesse a licitação um banco sem estrutura para administrar as mais de 20 milhões de contas de beneficiários do INSS.
AUXÍLIO DOENÇA
Um conjunto de reformas poderia gerar maior potencial de redução dos Auxílios-Doença. Em primeiro lugar, o estabelecimento de critérios objetivos na concessão, mediante informatização em que se estabelecesse função entre o tipo de incapacidade e tempo de duração do benefício. Por exemplo, alguém que quebrasse uma perna teria um tempo preestabelecido de licença que independeria da discricionariedade do médico responsável pelo atestado que resulta na concessão do benefício. Informatização e padronização dificultariam a possibilidade de acordos escusos entre o médico perito e o beneficiário de Auxílio-Doença, dado que se tornaria mais fácil auditar os processos.
Em segundo lugar, a redução do valor do benefício de Auxílio-Doença como forma de induzir o segurado a não permanecer por muito tempo o recebendo. A fórmula de cálculo atual, que corresponde a 91% do salário de benefício, incentiva o indivíduo a retardar seu retorno ao mercado de trabalho, dado que a renda ao trabalhar ou ao usufruir o benefício é praticamente a mesma.
Em terceiro lugar, deixarpara o beneficiário, e não para o INSS, o ônus referente à renovação do benefício. Isso, além de suspender a manutenção do benefício, caso o segurado não tome a iniciativa de requerer sua continuidade, permite reduzir os custos das perícias de alta médica, tendo em vista que na estrutura anterior o INSS deveria realizar a perícia de alta para cessar o pagamento do benefício. Esse procedimento já é efetuado e se aponta como uma das causas da redução recente do quantitativo de Auxílios-Doença.
Em quarto lugar, uma política pública muito mais ampla de melhoria na saúde pública para que as pessoas não necessitem recorrer aos auxílios. Saúde pública deteriorada aumenta a concessão e duração dos Auxílios-Doença e incrementa a probabilidade de esse benefício se transformar em aposentadoria por invalidez. Uma alternativa seria priorizar o atendimento na rede pública dos beneficiários de Auxílio-Doença, o que, em princípio, poderia reduzir o tempo de duração desse benefício. Em resumo, maior integração da Previdência com a Saúde permite melhor aproveitamento das sinergias e economias de escala dessas duas grandes áreas.
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL
Os atuais critérios de comprovação de tempo de serviço rural são bastante flexíveis. Em alguns casos, fichas de crediários em estabelecimentos comerciais ou, até mesmo, registro em livros de entidades religiosas podem constituir prova suficiente para concessão de aposentadoria rural. Naturalmente, isso abre margem para indivíduos que nunca prestaram atividade rural se habilitem a receber aposentadoria rural. Faz-se necessário o estabelecimento de regras mais próximas àquelas aplicadas aos segurados urbanos.
CONCLUSÃO
A Previdência Social brasileira – regime geral e diversos regimes próprios – tem como segurados aproximadamente 58% da População Economicamente Ativa - PEA e é responsável pelo pagamento de mais de duas dezenas de milhões de benefícios mensais, apenas entre aposentadorias e pensões. Se incluirmos os benefícios transitórios, são outros 5 milhões de benefícios mensais. Com a CF/88, a Previdência Social brasileira passou a fazer parte de conjunto integrado de ações do Estado denominado Sistema de Seguridade Social. Este sistema, por sua vez, resultou da evolução histórica das políticas sociais no país. Entretanto, o processo de consolidação deste sistema não levou ao melhor arranjo integrado de suas políticas, com vista à superação dos riscos sociais. 
As políticas das áreas integrantes da Seguridade Social permanecem fragmentadas, mesmo com a complexidade dos novos riscos surgidos nos últimos anos que tornaram mais tênues as fronteiras entre as áreas de políticas de Seguridade. No entanto, a CF de 1988 foi por si só a maior impulsionadora do movimento de ampliação da cobertura previdenciária até os dias atuais. A possibilidade de concessão de mais de um benefício rural por unidade familiar elevou fortemente o grau de cobertura previdenciária em período curto de tempo. Em paralelo a isso, a redução dos limites de idade para concessão das aposentadorias rurais representou grande elevação no número de idosos atendidos pela Previdência Social. Mas pelos preceitos constitucionais também foi possível o movimento de inclusão previdenciária, ou pelo menos sua tentativa, via simplificação da burocracia e redução da tributação sobre os negócios e as alíquotas subsidiadas para os trabalhadores autônomos, donas de casa e estudantes. Para estes casos, os impactos das diversas políticas ainda precisam ser mais bem avaliados. 
Dessa forma, pode-se dizer que a entrada dos trabalhadores rurais no sistema, a partir das mudanças instituídas pela CF/88, foi a maior geradora de efeitos sobre a cobertura previdenciária. As demais políticas, por mais que sejam inclusivas, não tem seus resultados estão facilmente observáveis, pois dependem mais da ação dos empregadores e dos indivíduos que do governo. São medidas que incentivam a inclusão, mas não geram inclusão de forma automática. Outrossim, a conjuntura da economia e do mercado de trabalho tem grande peso sobre o grau de cobertura previdenciária e sobre a decisão individual de filiar-se à previdência.
Um dos principais desafios para a Previdência Social brasileira continua a ser, vinte e nove anos após a promulgação da Constituição, definir estratégias para a inclusão do grande contingente da PEA ainda no mercado informal, excluída do sistema. Como visto, isto pode ser feito com a implantação de políticas diferenciadas que estimulem a formalização dos negócios e a inclusão dos trabalhadores que se encontram com inserção precária no mercado de trabalho. Para mercado de trabalho com alta taxa de rotatividade e alta informalidade, como é o caso brasileiro, cabe aos gestores da política previdenciária criarem condições para que esta população, perene ou excluída do Sistema Previdenciário, possa ser incluída. Nos últimos anos, houve algumas medidas tomadas nesse sentido. As principais foram a criação do Simples – primeiramente o Federal e depois o Nacional –, do MEI e do PSPS. Ainda no que diz respeito aos desafios, a sustentabilidade atuarial-fiscal de longo prazo versus a manutenção e a ampliação dos direitos sociais sempre é tema de acalorados debates. Ampliar a cobertura do sistema via alíquotas subsidiadas ou os mais diversos incentivos econômicos significa inclusão no presente, mas também déficit atuarial que se tornará despesa financeira no futuro. O IPEA sustenta a necessidade de ampliar a cobertura do sistema, mas também a necessidade de que seus custos sejam claros e explícitos. Além disso, como esta ampliação da cobertura faz parte de política social, que a sociedade toda arque com os custos de se incluir os excluídos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RANGEL, Leonardo Alves et al. Previdência Social: Conquistas, Desafios e Perspectivas da Previdência Social no Brasil VINTE anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988. 2015. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/politicas_sociais/05_capt02_7e.pdf >. Acesso em out 2017
BARBOSA, Valfran Andrade . Previdência Social brasileira: breve relato da origem e principais mudanças ocorridas nos últimos anos: BREVES RELATOS DA ORIGEM DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO NO MUNDO E NO BRASIL. 2013. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13963>. Acesso em out 2017
MEIRELLES, Mário Antônio. A evolução histórica da seguridade social – aspectos históricos da previdência social no Brasil. Belém: Ordem dos Advogados do Brasil. Disponível em: <http://www.oabpa.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1701:a-evolucao-historica-da-seguridade-social-aspectos-historicos-da-previdencia-social-no-brasil-mario-antonio-meirelles&catid=47:artigos&Itemid=109>. Acesso em out 2017
OLIVA, Margarete Souto. Trabalho e previdência social. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/INTERTEMAS/article/viewFile/2613/2402>. Acesso em out 2017

Continue navegando