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Bauman Vida Liquida Introdução

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Universidade Federal de Pelotas
Curso de Psicologia 
Professor Rafael Braz
 Aluna Camila Roballo
Sobre a vida num mundo líquido-moderno
A vida líquida é uma vida de consumo observada em sociedades líquido-modernas, onde revelam-se o individualismo, a fluidez e a enfermidade das relações. Ela não pode manter a forma ou permanecer em um mesmo curso por muito tempo, pois os hábitos e rotinas se tornam rapidamente obsoletos. Ademais, é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante, onde o maior medo é de não acompanhar a rapidez das mudanças. Segundo Bauman, "livrar-se das coisas tem prioridade sobre adquiri-las" e "do princípio ao fim, a ênfase recai em esquecer, apagar, desistir e substituir". 
A conservação dessa sociedade sobrevém da rapidez com que os produtos são descartados, uma vez que ela deve modernizar-se ou perecer. A indústria de remoção de lixo assume posições de destaque na economia da vida líquida, em razão de que o ato de jogar fora caracteriza-se por uma condição de desprendimento que nos libera para o consumo de algo novo. Como exemplo, o autor menciona o empresário Bill Gates, que prospera na medida em que torna os próprios produtos obsoletos e ultrapassados numa velocidade cada vez maior. 
Nos dois extremos da hierarquia, cita o autor, as pessoas são atormentadas pelo problema de identidade, posto que são incapazes de conservar a mesma identidade por um período longo, e assim reforça-se um estado temporário e frágil das relações sociais. Bauman menciona o pesquisador Andrzej Stasiuk, responsável por desenvolver uma tipologia do "lupem-proletariado espiritual", em que sugere que os tormentos saturam, de cima para baixo, as camadas da pirâmide social e, consequentemente, os afetados vivem no presente por ele próprio, somente para sobreviver e obter o prazer desejado que, como é uma sensação passageira, requer um estímulo contínuo. 
Segundo Bauman, "é da natureza das coisas exigir vigilância, não lealdade. No mundo líquido-moderno, a lealdade é motivo de vergonha, não de orgulho." Isso expressa o fato de que o produto ser novo passa a ser uma função obrigatória. No mundo líquido-moderno, o novo torna-se “consumidoristicamente correto”. Por conseguinte, ele escreve que "a vida líquida significa constante auto-exame, autocrítica e autocensura , e, alimenta a insatisfação do eu consigo mesmo". Para a sociedade contemporânea, a vida se trata de extrair tudo o que a imortalidade poderia oferecer, não podendo se conservar, nem mesmo a opiniões e visões de mundo, pois tudo deve ser passageiro. O consumidor deve ser consumido, e com isso entende-se ser objeto de cobiça e transmitir inveja. As pessoas devem desejar consumir o que os outros consomem.
Por fim, o autor refere-se a educação como algo mais sólido, refutando a ideia da sociedade consumidora contemporânea, na qual as relações humanas têm se tornado mais frágeis, assim como as mercadorias descartadas e consideradas obsoletas. A esperança seria alunos que buscassem expandir sua linguagem moral, seja para eles próprios como indivíduos ou para a sociedade.
Referência:
BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 7-23.

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