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A teologia na perspectiva positivista de Comte

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UNIVERSIDADE FEREDAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
				
A TEOLOGIA NA PERSPECTIVA POSITIVISTA DE COMTE
 
Marco Túlio Fernandes
Paula Lavínia Alves Perret
 Sávio Costa e Silva
Belo Horizonte
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
A TEOLOGIA NA PERSPECTIVA POSITIVISTA DE COMTE
Trabalho apresentado como recurso avaliativo na disciplina de Sociologia I, ministrada pelo professor Dimitri Fazito.	
 
Belo Horizonte
 2017
SUMÁRIO
A LEI DOS 3 ESTADOS E O POSITIVISMO	03
A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NA TEOLOGIA	03
O ESTADO POSITIVO E A SOCIEDADE RELIGIOSA BRASILEIRA	04
REFERÊNCIAS	10
A LEI DOS 3 ESTADOS E O POSITIVISMO
A história da humanidade é tratada a partir de uma nova perspectiva nas teorias iluministas, que privilegiavam o uso da razão para pensar uma lógica desenvolvimentista das sociedades europeias. Auguste Comte, um dos grandes representantes desse movimento, foi responsável pela criação de uma nova corrente filosófica, a qual ele denominou de positivismo, que se baseava no uso de métodos científicos para explicar a sociedade, isto é, concebia a ciência como a única capaz de compreender legitimamente a realidade social.
A sociologia comteana propunha que o progresso da humanidade estava diretamente ligado ao avanço do conhecimento. Comte entendia que essa evolução seguia uma ordem cronológica do que ele intitulou de lei dos três estados, principal fundamento apreendido em sua teoria. O 1º estado consiste no estado teológico, no qual há uma hegemonia de dogmas e de explicações de ordem sobrenatural sobre os fatos, fenômenos e historias teóricas. O 2º estado é entendido como estado metafísico, ou seja, usava-se a filosofia como base explicativa da realidade em detrimento da teologia. Por fim, o 3º estado foi denominado de cientifico ou positivo, isto é, a racionalização e a ciência eram predominantes e demonstravam-se como os únicos capazes de explicar a realidade e descobertas da época. Segundo Comte, o 3º estado caracterizava-se como um estado de plenitude.
A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NA TEOLOGIA
Sendo o estado positivo o superior e o ápice da evolução das concepções intelectuais do ser humano, o positivismo de Comte reprimia totalmente a teologia, que busca explicar os fenômenos naturais e sociais com a crença em um ser divino e superior. Para Comte, os dogmas e valores espirituais influenciavam para que a realidade social não fosse de fato compreendida pelas pessoas nesse estado, porém reconhecia que esse estado fazia parte do progresso da humanidade.
Comte considerava as religiões teológicas como arcaísmos e a ideia de deus obsoleta, uma vez que foi superada pelo conhecimento cientifico. Eliminar o pensamento teológico e substituí-lo pelo pensamento positivo é, na concepção de Comte, caminhar no sentido da evolução humana e realizar um serviço social inegável. Quando formulada a Lei dos 3 Estados, eram considerados leigos as pessoas que se mantinham no estado teológico, uma vez que não evoluíram socialmente. Desde então, o índice de pessoas de religiões teológicas vem caindo, mas, diferente de como Comte esperava, essas religiões não foram erradicadas.
O ESTADO POSITIVO E A SOCIEDADE RELIGIOSA BRASILEIRA
A contribuição de Augusto Comte na produção de conhecimento dentro das ciências sociais é, de fato, grandiosa. A tradição metodológica e a perspectiva sociológica-científica para lidar com a realidade social, trazidas pelo estudioso, foram determinantes para consolidação do campo de estudo das humanidades. O projeto positivista evidencia a dimensão filosófica apresentada por Comte, cuja crença se baseia na possível assimilação da vida social com leis naturais e no já mencionado progresso gradual da sociedade. Obviamente, a teoria do pensador iluminista leva em consideração inúmeros conceitos problemáticos, os quais foram e continuam sendo desvendados na contemporaneidade. 
É interessante explanar a maneira como este trabalho foi restrito, pois apresenta uma breve análise sobre a falha do projeto positivo a partir da avaliação da sociedade religiosa brasileira do século XX e XXI. Deste modo, desconsidera-se a necessidade de explicação da definição de “etnocentrismo” e outras máximas que estão impregnadas nas obras de Augusto Comte, visto que já se espera que estas sejam do conhecimento do leitor. Sendo assim, o que se ambiciona é a demonstração da pouca efetividade do pensamento positivo e como a visão evolucionista acarretou no desmantelamento das teorias comteanas, depreendendo que considerar a história de toda a humanidade pela comparação qualitativa com a história europeia é desvalorizar todo tipo de manifestação diferente e posicionar estas outras numa ordenação gradual de “progresso”.
A “Lei dos Três Estados”, que sustenta esta ideia de evolução da humanidade, caracteriza o estado inicial da sociedade pelo grau, ou mais precisamente, pela totalidade do pensamento teológico que se faz presente na dinâmica social. Os registros que se possuem do período de colonização do Brasil nos ilustram o quanto a Igreja Católica exercia influência sobre a vida pública e sobre as decisões tomadas, principalmente, no espectro político. Dada esta historicidade, instituída pelo tempo como uma herança na vida dos brasileiros, os dados, produzidos antes da constituição do país como uma República (coletados no ano de 1872), informaram sobre a paleta religiosa do país e evidenciaram a hegemonia católica, sustentada por 99,7% da população que se declarava praticante. Na visão comtiana, independente de qual seja a prática religiosa, mas sendo ela recorrente no corpo social, o cientificismo é incapaz de se estabelecer porque a sociedade não o reconhece como legítimo e não possui o espírito positivo que é propenso para desenvolvimento das ciências. É interessante ressaltar, que o estado teológico na teoria positivista é diferenciado gradualmente entre: fetichismo, politeísmo e monoteísmo. Contudo, a maneira natural como esse processo de transição e desenvolvimento dentro do primeiro estado foi tratada é errônea. Se avaliarmos a historiografia brasileira, concluiremos que o monoteísmo cristão pode ser considerado uma imposição, uma vez que as crenças indígenas e africanas (majoritariamente politeístas) foram subtraídas e substituídas forçadamente pela religião dos brancos, ou seja, diferente de como proposto por Auguste Comte, a mudança do politeísmo para o monoteísmo não aconteceu naturalmente, mas sim, amparada por um processo colonizador violento. [1: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Página 90. Gráfico 36 – Percentual da população residente por grupos de religião. Brasil 1972-1991. Fonte: Directoria Geral de Estatística, Recenseamento do Brazil 1872/1890; e IBGE, Censo Demográfico 1940/1991]
Ainda sobre a história religiosa do Brasil, que fluiu cada vez mais para a consolidação das práticas e cultos sacros, é importante, novamente, destacar o estabelecimento da, já citada, hegemonia católica romana que perdurou por quase um século. Isso vai contra, mais uma vez, a ideia de que, conforme o tempo passa e a sociedade desenvolve tecnologias, o anseio pela ciência aumenta e isso faz com que as explicações teológicas sejam abstraídas. 
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Página 90. Directoria Geral de Estatística, Recenseamento do Brazil 1872/1890; e IBGE, Censo Demográfico 1940/1991. 
Do ano de 1872 até o ano de 1970, a proporção de católicos na população variou apenas 7,9 pontos percentuaise esse quadro só teve uma mudança significativa dez anos depois, em 1980, onde é considerável o aumento do número de evangélicos e pessoas sem religião ou sem declaração. Percebe-se que houve uma consolidação de outras manifestações teológicas, contra o fluxo temporal de desprendimento proposto pelo positivismo e mais ainda, se levarmos em conta o nível de globalização crescente da época e a intensificação dos processos científicos, relava-se diante de nós que a coexistência da religião e da ciência na dinâmica global, é possível e real. Em suma, pode-se inferir que um século após a morte de Augusto Comte, num continente e num país desconhecido culturalmente por ele, circula-se correntes paralelas e, em dados momentos, sobrepostas, que são consideradas totalmente conflituosas pelo autor e que se instituem como prova concreta da falha do projeto positivo. 
Nos censos demográficos, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nos anos de 2000 e 2010, confirmou-se a previsão do aumento da diversidade religiosa praticada no país, como é possível observar no gráfico a seguir. Porém, apesar de expressivo se comparado aos dados anteriores, a parcela de pessoas sem religião ou sem declaração ainda representa uma pequena parte da população.
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Página 91. IBGE, Censo Demográfico 2000/2010.
Tais dados referentes ao século XXI, onde a tecnologia e a ciência são impreterivelmente presentes nas relações humanas, o questionamento do pensamento positivo de maior expressão se funda na atmosfera duvidosa da administração do pensamento teológico e do pensamento racional na vida pública. Como são, de fato, divididas as estruturas sociais para que o Brasil seja capaz de acolher toda essa diversidade ideológica apresentada sem que se perca o caráter racional e científico, que é também algo difundido na cultura do país?
A resposta para esta pergunta é complexa e fundamentalmente difícil de ser respondida sem que se use um caráter valorativo. Entretanto, é possível a contextualização desta dita “atmosfera duvidosa”. Na esfera política, por exemplo, o Brasil caracteriza-se por uma República Democrática, logo, as instituições governamentais carregam estes atributos e, no que diz respeito à religião, o Estado se configura como laico. Ao buscar referências nas teorias de Augusto Comte, mais especificadamente na terceira lei positiva, a do “estado positivo”, encontra-se descrito que a administração pública deva ser formada por pessoas que estejam livres do pensamento teológico e metafísico e, essencialmente, utilizem da razão para desempenhar suas funções. Porém, a análise que se faz do cenário político brasileiro e das figuras que nele atuam, vai contra todo esse ideal. A existência de servidores públicos que utilizam do caráter democrático do Brasil para a defesa de interesses individuais ou de grupos específicos desconstrói a dinâmica da laicidade ao mesmo tempo em que comprova a ineficiência das previsões comtianas sobre como se dão os processos públicos. É mister que nesta parte da dissertação, se esclareça que não está se criticando a maneira plural que se têm num regime democrático de representar todas ou a maioria das esferas sociais que se têm numa nação, mas sim, a imposição ideológica que um ator ou um grupo político faz sobre a sociedade, se utilizando da estrutura pública. 
Um exemplo concreto é rapidamente assistido ao se fazer um levantamento sobre as pautas do Congresso Nacional, instituição de grande expressão do Poder Legislativo brasileiro, o qual mostrará a intensidade das atuações pela conhecida “Bancada Evangélica”, que sumariamente, evidencia a instauração ideológica de um grupo que decide sobre toda a pluralidade do país e claramente, anseia pela eliminação de políticas públicas capazes de sustentar a diversidade religiosa existente. 
O que se conclui, antes que se tome um caminho de defesa ou crítica da forma de atuação dos atores políticos do Brasil, é de que se estabelece uma maneira peculiar de governabilidade e sendo esta, totalmente conflituosa com as teorias de Augusto Comte, devido à enorme falha que estas carregam, ao considerar um único tipo de manifestação social existente, a que segue ou que pode vir a seguir o modelo de progresso apresentado por ele. Outros países e outras esferas públicas poderiam ter sido utilizadas para que se exemplificasse o desmantelamento do positivismo, entretanto, a escolha deste tema é potencialmente capaz de levar à outras indagações que aprofundam às críticas ao Positivismo e até mesmo, que extrapolam esta teoria. A história, a ordem que ela apresentará fatos e como vão se caracterizar esses fatos, somados à fenômenos diversos e particulares, vão se diferenciar de acordo com a cultura e o modo de tratar cada sintoma social, mesmo que este último seja comum à todas sociedades. Sendo assim, a aplicabilidade do projeto positivo não é possível, apesar da enorme contribuição que Augusto Comte trouxe para os estudos da Sociologia.
REFERÊNCIAS
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
COMTE, Auguste; MORAES FILHO, Evaristo de. Auguste Comte: Sociologia. São Paulo: Ática, 1978.
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Marx, Durkheim e Weber. Petrópolis: Vozes, 2009.d
VIRMOND, Arthur. O Positivismo é um ateísmo, 2003. Disponível em: <http://confucius.chez.com/clotilde/contacts/arthur/ateismo.xml>. Acesso em: 02 out 2017.

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