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Resumo Direito Empresarial III Títulos de Crédito

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Resumo elaborado por: Graziele Carmo – E-mail: grazzielecarmo@gmail.com – Telefone: 31 98531-5570 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial deste resumo, por qualquer meio ou processo. 
Atualizado em: 17/04/2017 00:39 
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1. Teoria Geral dos Títulos de Crédito 
1.1. Histórico 
 Desde que o homem deixou de produzir bens apenas para a sua própria subsistência, podemos 
verificar, ao longo da história, um lento e gradual processo de criação de instrumentos comerciais 
que tornaram as trocas mais rápidas e mais seguras. O título de crédito é um desses instrumentos. 
 Nas sociedades mais primitivas, o comércio se limitava ao escambo, isto é, a troca direta de 
mercadoria por mercadoria. Com o passar do tempo e a consequente necessidade de dinamizar as 
trocas, certos bens passaram a ser usados como “moeda”, ou seja, como meios de troca indireta 
(inicialmente, o sal, que foi sucedido por metais preciosos, sobretudo prata e outro, e finalmente a 
moeda fiduciária ou papel-moeda, imposta pelo estado como meio de troca universal). Mais adiante, 
a própria moeda já não conseguia atender à dinâmica e à complexidade do mercado, e foi para 
preencher esse vazio que surgiram os títulos de crédito, os quais servem até hoje para tornar mais 
rápida e mais segura a circulação de riqueza. 
 Chama-se de direito cambiário ou direito cambial o sub-ramo do direito empresarial que 
disciplina todo o regime jurídico aplicável aos títulos de crédito. Trata-se, conforme se verá adiante, 
de regime jurídico recheado de regras, princípios e características especiais, criados especialmente 
para que os títulos de crédito consigam desempenhar de forma eficiente e segura a sua principal 
função, que é a circulação de riqueza. 
 A doutrina noticia que o momento histórico em que os títulos de crédito se desenvolveram foi 
a Idade Média – não por mera coincidência, foi justamente o período histórico em que surgiu o 
próprio direito comercial. 
 
1.1.1. Períodos do Direito Cambiário 
a) Período Italiano – até 1650 
 Nesse período inicial, possuem destaque as cidades marítimas italianas onde se realizavam as 
feiras medievais que atraíam os grandes mercadores da época. Outra característica importante desse 
período é o desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da diversidade de moedas entre 
as várias cidades medievais. Surge o câmbio trajetício, pelo qual o transporte da moeda em um 
determinado trajeto ficava por conta e risco de um banqueiro. Esse câmbio trajetício se 
instrumentalizava por meio de dois documentos: acautelo, apontada como origem da nota 
promissória, por envolver uma promessa de pagamento (o banqueiro reconhecia a dívida e/ 
prometia pagá-la no prazo, lugar e moeda convencionados), e a littera cambii, apontada como 
origem da letra de câmbio, por se referir a uma ordem de pagamento (o banqueiro ordenava ao seu 
correspondente que pagasse a quantia nela fixada). 
 
b) Período Francês – De 1650 a 1848 
 Merece destaque, nessa fase do direito cambiário, o surgimento da cláusula à ordem, na França, 
o que acarretou, consequentemente, a criação do instituto cambiário do endosso, que permitia ao 
beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do sacador. 
 
c) Período Alemão - De 1848 a 1930 
 De 1848 a 1930, o direito cambiário viveu a terceira fase de sua evolução histórica. Trata-se do 
período alemão, que se inicia com a edição, em 1848, da Ordenação Geral do Direito Cambiário, 
uma codificação que continha normas especiais sobre letras de câmbio, diferentes das normas do 
direito comum. O período alemão é bastante destacado pelos doutrinadores por ter consolidado a 
letra de câmbio, especificamente – e os títulos de crédito, de uma forma geral – como instrumento 
de crédito viabilizador da circulação de direitos. 
 
d) Período Uniforme – De 1930 em diante 
 Por fim, a quarta e última fase da evolução histórica do direito cambiário corresponde ao 
chamado período uniforme, que se iniciou em 1930, com a realização da Convenção de Genebra 
sobre títulos de crédito e a consequente aprovação, no mesmo ano, da Lei Uniforme das Cambiais, 
 
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aplicável às letras de câmbio e às notas promissórias. No ano seguinte, foi aprovada a Lei Uniforme 
do Cheque. Cabe ressaltar que as leis uniformes genebrinas receberam forte influência da já 
mencionada Ordenação Geral Alemã de 1848. 
Atualmente, os títulos de crédito passam por um importante período de transição. Letras de câmbio 
já não são vistas no mercado, e mesmo títulos como o cheque e a nota promissória vão caindo em 
desuso e dando lugar às transações com os cartões de débito e crédito, os quais já admitem a 
assinatura eletrônica. Assim, como tem alertado a doutrina especializada, vivemos a era do 
comércio eletrônico. 
 
1.2. Conceito 
 O título de crédito é o documento representativo necessário ao exercício do direito, literal e 
autônomo, nele mencionado. Tal conceito foi adotado pelo Código Civil, que em seu art. 887 dispõe 
que “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. 
 Tal conceito é o ideal porque nos remete, por intermédio das expressões “necessário”, “literal” 
e “autônomo”, aos três princípios informadores do regime jurídico cambial: a) cartularidade; b) 
literalidade; c) autonomia. 
 
1.3. Princípios ou Atributos 
1.3.1. Princípio da Cartularidade ou Documentalidade 
 Quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito 
nele mencionado, há uma referência clara ao princípio da cartularidade, segundo o qual se entende 
que o exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. O titular 
do crédito representado no título deve estar na posse deste (ou seja, da cártula), que se torna, pois, 
imprescindível para a comprovação da própria existência do crédito e da sua consequente 
exigibilidade. 
 Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que o direito de crédito 
mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode 
ser exigido sem a sua apresentação. 
 Em obediência ao princípio da cartularidade, (i) a posse do título pelo devedor presume o 
pagamento do título, (ii) só é possível protestar o título apresentando-o, (iii) só é possível executar 
o título apresentando-o, não suprindo a sua ausência nem mesmo a apresentação de cópia 
autenticada. 
 
1.3.1.1. A desmaterialização dos títulos de crédito 
 É preciso destacar, todavia, que o princípio da cartularidade ou incorporação, hodiernamente, 
vem sendo posto em xeque, em virtude do crescente desenvolvimento tecnológico e da consequente 
criação de títulos de crédito magnéticos, ou seja, que não se materializam numa cártula. 
 O próprio Código Civil estabeleceu expressamente em seu art. 889, § 3.º, que “o título poderá 
ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que 
constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”. 
 A doutrina tem se referido a esse processo como a desmaterialização dos títulos de crédito, que 
acaba por contestar, de certa forma, o princípio da cartularidade, dada a proliferação dos títulos em 
meio magnético, sem que eles sejam, enfim, materializados num documento em meio físico. 
 A desmaterialização dos títulos de crédito, enfim, por permitir a criação de títulos não 
cartularizados, ou seja, não documentadosem papel, cria situações em que, por exemplo, o credor 
pode executar um determinado título de crédito sem a necessidade de apresentá-lo em juízo. É o 
que ocorre com as chamadas duplicatas virtuais, muito comuns na praxe mercantil, as quais podem 
ser executadas mediante a apresentação, apenas, do instrumento de protesto por indicações e do 
comprovante de entrega das mercadorias (art. 15, § 2.º, da Lei 5.474/1968). 
 Atualmente, o Brasil já possui regulamentação legal da matéria: trata-se da Medida Provisória 
2.200/2, de 2001, a qual instituiu a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). 
 
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 Finalmente, em consonância com esse processo de desmaterialização dos títulos de crédito, 
foram editados os Enunciados 460 e 461 da Jornada de Direito Civil do CJF. 
 
1.3.2. Princípio da Literalidade 
 Quando se diz que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal 
nele representado, faz-se referência expressa ao princípio da literalidade, segundo o qual o título 
de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, nem menos. 
 Em outros termos, nas relações cambiais somente os atos que são devidamente lançados no 
próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador. 
 Assim, uma quitação parcial, por exemplo, deve ser feita no próprio título, porque, caso 
contrário, poderá ser contestada. O mesmo ocorre, também, com o aval e com o endosso. Um aval 
tem que ser feito no próprio título, sob pena de não produzir efeito de aval. O endosso, da mesma 
forma, tem de ser feito no próprio título, sob pena de não valer como endosso. 
 Se o aval é feito, eventualmente, num instrumento separado do título, não será válido como 
aval, porque não respeita o princípio da literalidade. Poderá valer, no máximo, como uma fiança, 
que é um instituto do direito civil assemelhado ao aval, porém com efeitos jurídicos diversos. 
 
1.3.3. Princípio da Autonomia 
 O terceiro e mais importante princípio relacionado aos títulos de crédito, considerado a 
pedra fundamental de todo o regime jurídico cambial, é o princípio da autonomia. Por esse 
princípio, entende-se que o título de crédito configura documento constitutivo de direito novo, 
autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. Assim, 
as relações jurídicas representadas num determinado título de crédito são autônomas e 
independentes entre si, razão pela qual o vício que atinge uma delas, por exemplo, não contamina 
a(s) outra(s). Melhor dizendo: o legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem 
depender das demais relações que o antecederam, estando completamente imune aos vícios ou 
defeitos que eventualmente as acometeram. 
 Um exemplo prático explica melhor. Digamos que “A” compra um carro de “B”, sendo esta 
compra instrumentalizada por meio da emissão de uma nota promissória no valor de R$ 10.000,00 
(dez mil reais). “B”, por sua vez, tem uma dívida perante “C” no valor aproximado de R$ 10.000,00 
(dez mil reais). Nesse caso, “B” poderá quitar a dívida que tem perante “C” utilizando-se da nota 
promissória dada por “A”, endossando-a (o endosso, como veremos a seguir, é o ato cambial próprio 
para transferir um título de crédito) para “C”, que se torna o titular dessa nota, podendo cobrar o 
seu respectivo valor de “A” na data do vencimento. Nessa hipótese, “A” poderá recusar-se ao 
pagamento do título alegando, por exemplo, eventual nulidade da venda que “B” lhe fez, venda essa 
que, como dito acima, originou a emissão da nota promissória? A resposta é negativa, e a 
justificativa está exatamente na aplicação do princípio da autonomia dos títulos de crédito. Ora, se 
as relações representadas naquele título são autônomas e independentes, os eventuais vícios que 
maculam a relação de “A” com “B” não atingem a relação de “B” com “C” nem a relação deste 
com “A”. 
 
1.3.3.1. A abstração dos títulos de crédito e a inoponibilidade das exceções pessoais ao 
terceiro de boa-fé 
 Abstração 
 Segundo o subprincípio da abstração, entende-se que quando o título circula, ele se desvincula 
da relação que lhe deu origem. Assim, no exemplo dado anteriormente, quando “B” endossou o 
título para “C”, fazendo-o circular, tal título se desvinculou da operação que lhe deu origem – a 
compra e venda do carro. A abstração significa, portanto, a completa desvinculação do título em 
relação à causa que originou sua emissão. 
 Veja-se que enquanto a relação cambial é travada entre os próprios sujeitos que participaram 
da relação que originou o título, existe uma vinculação entre esta relação e o título dela originado. 
 
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No mesmo exemplo já mencionado, se “B” não circula o título para “C”, há uma vinculação entre 
o título emitido e a relação de compra e venda que acarretou sua emissão. 
 Resta claro, portanto, que a circulação do título é fundamental para que se opere a sua 
abstração, ou seja, para que o título se desvincule completamente do seu negócio originário. Posto 
em circulação, o título passará a vincular outras pessoas, que não participaram da relação originária, 
e que por isso assumem obrigações e direitos tão somente em função do título, representado pela 
cártula. 
 
 Inoponibilidade das exceções pessoais - art. 17 LUG e 916 CC 
 O princípio da inoponibilidade das exceções pessoais (a expressão exceção é aqui utilizada 
em seu sentido técnico-processual, significando defesa) ao terceiro de boa-fé, por sua vez, nada 
mais é do que a manifestação processual do princípio da autonomia. Assim, ainda utilizando o 
exemplo acima mencionado, se “A”, procurado por “C”, não paga a dívida constante do título, “C” 
poderá executar “A”, e este, ao apresentar os embargos, não poderá opor o vício existente na relação 
originária, travada entre “A” e “B”. Com efeito, os vícios relativos à relação que originou o título 
são oponíveis apenas contra “B”, mas não contra “C”, terceiro de boa-fé que recebeu o título 
legitimamente. 
 Afinal, em função do princípio da autonomia, o portador legítimo do título de crédito exerce 
um direito próprio e autônomo, desvinculado das relações jurídicas antecedentes, por força do 
subprincípio da abstração. Sendo assim, o portador do título não pode ser atingido por defesas 
relativas a negócio do qual ele não participou. O título chega a ele completamente livre dos vícios 
que eventualmente adquiriu em relações pretéritas. 
 
1.4. Características dos Títulos de Crédito 
1.4.1. Negociabilidade 
 É a possibilidade de negociação de um título de Crédito a partir da sua transferência a terceiros 
por via de endosso como instrumento de pagamento. 
 
1.4.2. Executoriedade. 
 Outra característica dos títulos de crédito é que eles constituem títulos executivos extrajudiciais 
(art. 585 do Código de Processo Civil), por configurarem uma obrigação líquida e certa. Podem ser 
executados sem uma ação de conhecimento. 
1.4.3. Formalismo 
 Os títulos de crédito são documentos formais, por precisarem observar os requisitos essenciais 
previstos na legislação cambiária. 
 
1.4.4. Equiparação a bem móvel 
 São considerados bens móveis (nesse sentido, aliás, dispõem os arts. 82 a 84 do Código Civil), 
sujeitando-se aos princípios que norteiam a circulação desses bens, como o que prescreve que a 
possede boa-fé vale como propriedade. 
 
1.4.5. Caráter quesível da obrigação 
 Destaque-se também que os títulos de crédito representam obrigações quesíveis (querable), 
cabendo ao credor dirigir-se ao devedor para receber a importância devida, e que a emissão do 
título e a sua entrega ao credor têm, em regra, natureza pro solvendo, isto é, não implica novação 
no que se refere à relação jurídica que deu origem ao título: a relação jurídica que originou o 
título, portanto, não irá se confundir com a relação cambiária representada pelo título emitido. 
 
1.4.6. Título de apresentação 
 São títulos de apresentação, por serem documentos necessários ao exercício dos direitos neles 
contidos. 
 
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1.4.7. Título de Resgate 
 O título de crédito é título de resgate, porque sua emissão pressupõe futuro pagamento em 
dinheiro que extinguirá a relação cambiária, e é também um título de circulação, uma vez que sua 
principal função é, como já afirmamos reiteradas vezes, a circulabilidade do crédito. 
 
Princípios e características dos títulos de crédito: 
 
1.5. Classificação dos Títulos de Crédito 
1.5.1. Quanto à Emissão 
a) Títulos Abstratos 
 É aquele cuja emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabelecida em lei. Em 
síntese: podem ser emitidos em qualquer hipótese. É o caso, por exemplo, do cheque, que pode ser 
emitido para documentar qualquer relação negocial. 
 
b) Títulos Causais 
 É aquele que somente pode ser emitido nas restritas hipóteses em que a lei autoriza a sua 
emissão. É o caso, por exemplo, da duplicata, que só pode ser emitida para documentar a realização 
de uma compra e venda mercantil (duplicata mercantil) ou um contrato de prestação de serviços 
(duplicata de serviços). 
 
1.5.2. Quanto à Estrutura 
a) Ordem de Pagamento 
 Os títulos que se estruturam como ordem de pagamento – letra de câmbio, cheque e duplicata 
– se caracterizam por estabelecerem três situações jurídicas distintas a partir da sua emissão: em 
primeiro lugar, tem-se a figura do sacador, que emite o título, ou seja, ordena o pagamento; em 
segundo lugar, tem-se a situação do sacado, contra quem o título é emitido, ou seja, trata-se da 
pessoa que recebe a ordem de pagamento; por fim, tem-se a figura do tomador (ou beneficiário), 
em favor de quem o título é emitido, isto é, pessoa a quem o sacado deve pagar, em obediência à 
ordem que lhe foi endereçada pelo sacador. 
 No cheque, por exemplo, que se estrutura como uma ordem de pagamento, como dito acima, 
podem-se ser facilmente identificadas as figuras do sacador (correntista que emite o cheque), do 
sacado (instituição financeira que cumprirá a ordem de pagamento que lhe foi dada) e o tomador 
(terceiro que recebe o cheque como forma de pagamento e que irá descontá-lo). 
 
b) Promessa de Pagamento 
 Por outro lado, nos títulos que se estruturam como promessa de pagamento – nota 
promissória – existem apenas duas situações jurídicas distintas: de um lado tem-se a figura do 
 
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sacador ou promitente, que promete pagar determinada quantia; de outro, tem-se a situação do 
tomador, beneficiário da promessa que receberá o valor prometido. 
 
1.5.3. Quanto à Modelo 
a) Livre 
 Título de modelo livre é aquele para o qual a lei não estabelece uma padronização obrigatória, 
ou seja, a sua emissão não se sujeita a uma forma específica preestabelecida. É o que ocorre, por 
exemplo, com a letra de câmbio e com a nota promissória, títulos de crédito que podem ser criados 
em uma simples folha de papel, bastando para tanto que nela constem os requisitos essenciais desses 
títulos. 
 
b) Vinculado 
 Já o título de modelo vinculado, ao contrário, se submete a uma rígida padronização fixada 
pela legislação cambiária específica, só produzindo feitos legais quando preenchidas as 
formalidades legais exigidas. É o que ocorre com o cheque e com a duplicata. Esta, por exemplo, 
em obediência ao disposto no art. 27 da Lei das Duplicatas (Lei 5.474/1968), deve ser emitida 
segundo as normas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. 
 
1.5.4. Quanto à Forma de Transferência ou Circulação 
a) Ao portador 
 É aquele que circula pela mera tradição (art. 904 do Código Civil), uma vez que neles a 
identificação do credor não é feita de forma expressa. Sendo assim, qualquer pessoa que esteja 
com a simples posse do título é considerada titular do crédito nele mencionado. A simples 
transferência do documento (cártula), portanto, opera a transferência da titularidade do crédito. 
 O único caso de título ao portador, quanto a estes títulos próprios, é o do cheque até o limite de 
R$ 100,00 (cem reais). 
 
b) Títulos nominais 
 É aquele que identifica expressamente o seu titular, ou seja, o credor. A transferência da 
titularidade do crédito, pois, não depende apenas da mera entrega do documento (cártula) a outra 
pessoa: é preciso, além disso, praticar um ato formal que opere a transferência da titularidade do 
crédito. 
 A letra de câmbio e a nota promissória não podem existir ao portador porque a LUG exige, como 
requisito essencial, que sejam nominadas a favor de determinada pessoa, para não concorrer com o 
papel-moeda. 
 
 Nominais à Ordem 
 Nos títulos nominais com cláusula “à ordem”, esse ato formal é o endosso, típico do regime 
jurídico cambial (art. 910 do Código Civil). 
 Em regra, os títulos de crédito típicos, nominados ou próprios – letra de câmbio, nota 
promissória, cheque e duplicata – são títulos nominais à ordem, ou seja, devem ser emitidos com 
indicação expressa do beneficiário do crédito e podem circular via endosso. 
 
 Nominais não à Ordem 
 Já nos títulos nominais com cláusula “não à ordem” esse ato formal é a cessão civil de crédito, 
a qual, como o próprio nome já indica, submete-se ao regime jurídico civil. 
 
c) Títulos Nominativos 
 Por fim, os títulos nominativos, segundo o art. 921 do Código Civil, são aqueles emitidos em 
favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico mantido pelo emitente do 
título. Nesse caso, portanto, a transferência só se opera validamente por meio de termo no referido 
 
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registro, o qual deve ser assinado pelo emitente e pelo adquirente do título (art. 922 do Código 
Civil). 
 
1.5.5. Quanto a Essência Creditícia 
a) Títulos Próprios 
 São aqueles previstos em lei, que consubstanciam operação de crédito e correspondem a 
documentos de legitimação por serem documentos constitutivos de direito novo, autônomo e 
originário, que resulta de uma declaração cartular autônoma, inteiramente distinta da relação causal 
que os gera e dela não são documentos probatórios. 
 
b) Títulos Impróprios 
 Não visam a circulação de direitos, isso porque são meros documentos probatórios da sua causa 
e não encerram operações de crédito. 
Ex. Bilhete de loteria, passagem aérea. 
 
 
2. Títulos de Crédito em Espécie 
 Dentre os principais títulos de crédito previstos na legislação brasileira, destacam-se quatro: (i) 
letra de câmbio, (ii) nota promissória, (iii) cheque e (iv) duplicata. Sãotítulos que possuem 
disciplina legal específica e que, por isso, são denominados comumente de títulos de crédito 
próprios ou típicos. 
 Assim, os títulos de crédito abaixo são regulamentados no direito brasileiro através das 
seguintes legislações: 
 Cheque: Decreto n. 57.595, de 7 de janeiro de 1966 e Lei n. 7.357, de 2 de setembro de 1985. 
 Duplicata mercantil e de prestação de serviços: Lei n. 5.474, de 18 de julho de 1968, com 
alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n. 436, de 27 de janeiro de 1969, e pela Lei n. 6.458, 
de 3 de novembro de 1977. 
 
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 Letra de câmbio: Decreto n.2.044, de 31 de dezembro de 1908 (art.1º), alterado pelo Decreto 
57.663, de 24 de janeiro de 1966 (Lei Uniforme). 
 Nota promissória: Decreto n.2.044, de 31 de dezembro de 1908 (art.1º), alterado pelo Decreto 
57.663, de 24 de janeiro de 1966 (Lei Uniforme, arts. 75-78). 
 Nota promissória rural: Decreto-Lei n. 167, de 14 de fevereiro de 1967. 
 
2.1. Letra de Câmbio 
2.1.1. Conceito 
 Título de crédito em que pessoa física ou jurídica (sacador) da ordem de pagamento a outra 
pessoa física ou jurídica (sacado) que mediante aceite se obrigará ao pagamento a uma 3º pessoa 
física ou jurídica (beneficiária). 
 
2.1.2. Saque da letra 
 A letra de câmbio é um título de crédito que se estrutura como ordem de pagamento, razão pela 
qual, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: 
a) a do sacador, que emite a ordem; 
b) a do sacado, a quem a ordem é destinada; 
c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem. 
 
 Essas três situações jurídicas distintas a que nos referimos acima não precisam, 
necessariamente, estar ocupadas por três pessoas diferentes. De fato, a Lei Uniforme admite, em 
seu art. 3.º, que a letra seja sacada: 
(i) à ordem do próprio sacador; (ii) sobre o próprio sacador; ou (iii) por ordem e conta de 
terceiro. 
 
 No primeiro caso, o sacador e o tomador são a mesma pessoa, ou seja, a letra é emitida por 
alguém em seu próprio benefício. 
 
 No segundo caso, o sacador e o sacado são a mesma pessoa, ou seja, a letra é emitida pelo 
sacado contra ele mesmo. 
 
 Já no terceiro caso, ocorre a situação usual, em que as três situações jurídicas são ocupadas por 
sujeitos de direito também distintos, ou seja, uma pessoa (sacador) ordena que alguém (sacado) 
pague a outrem (tomador). 
 
2.1.3. Classificação da letra de Câmbio 
a) Quanto à Emissão 
A letra de câmbio é ABSTRATA. 
 
b) Quanto à Estrutura 
A letra de câmbio é ORDEM DE PAGAMENTO. 
 
c) Quanto à Modelo 
A letra de câmbio é LIVRE. 
 
d) Quanto à Forma de Transferência ou Circulação 
A letra de câmbio em regra é NOMINAL À ORDEM, mas em alguns casos é permitido 
nominal não à ordem. 
 
e) Quanto a Essência Creditícia 
A letra de câmbio é TÍTULO PRÓPRIO. 
 
 
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2.1.4. Requisitos 
2.1.4.1. Requisitos intrínsecos – art. 104, CC 
 Requisitos intrínsecos são aqueles exigidos para a validade de todo e qualquer negócio jurídico. 
 
2.1.4.2. Requisitos Extrínsecos – Arts. 1º e 2º, LUG 
 São os exigidos pela legislação cambiária para a eficácia do documento. 
 Em tese, a letra de câmbio deve ser emitida preenchendo os requisitos estabelecidos na legislação 
(arts. 1.º e 2.º da Lei Uniforme): 
 
 Requisitos essenciais 
a) a expressão letra de câmbio (cláusula cambiária); 
b) uma ordem incondicional para pagamento de quantia determinada; 
c) o nome do sacado; 
d) o nome do tomador/beneficiário; 
e) a assinatura do sacador; 
f) a data do saque; 
 
 Quanto ao segundo requisito, perceba-se que não se admite que o cumprimento da obrigação 
mencionada na letra fique sujeito à implementação de qualquer condição, suspensiva ou resolutiva. 
E mais: quanto ao valor da letra, deve ser mencionada a moeda de pagamento, e o art. 1.º, inciso II, 
do Decreto 2.044/1908 estabelece que as letras emitidas em território brasileiro devem ser pagas 
em moeda nacional. Admite-se também emissão de letra com indexação, desde que o índice seja 
conhecido e de ampla utilização na praxe comercial. 
 
 Requisitos não essenciais 
a) Época do vencimento 
b) Lugar pagamento 
c) Lugar do Saque 
 
 A despeito de todos esses requisitos pela Lei Uniforme, destaque-se, todavia, que a 
jurisprudência admite a emissão da letra de câmbio – e de qualquer outro título de crédito – em 
branco ou incompleta. Esse entendimento, aliás, está consolidado no Enunciado 387 da súmula de 
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual “a cambial emitida ou 
aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança 
ou do protesto”. No mesmo sentido, dispõe o Código Civil, em seu art. 891, que “o título de crédito, 
incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realiza-dos”. 
 A identificação precisa do título, feita por meio da chamada cláusula cambiária, é de suma 
importância: primeiro, porque o título de crédito, a depender da sua espécie, submete-se a regimes 
jurídicos às vezes distintos; segundo, porque nos títulos de crédito próprios – nota promissória, letra 
de câmbio, duplicata e cheque – considera-se implícita a cláusula à ordem, que admite a sua 
circulação por meio de endosso (art. 11 da Lei Uniforme). Nada impede, todavia, que se mencione, 
expressamente, a cláusula não à ordem. É o que deixa claro o mesmo art. 11: “quando o sacador 
tiver inserido na letra as palavras ‘não a ordem’, ou uma expressão equivalente, a letra só é 
transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos”. Que fique bem 
claro, todavia, que para tanto é necessário a efetiva inserção da cláusula não à ordem. Caso 
contrário, a cláusula à ordem considera-se, como visto, implícita. 
 A identificação do sacado, devedor principal da letra, também é deveras relevante, e essa 
identificação deve ser feita com a menção ao número de sua carteira de identidade, do seu CPF, do 
seu título de eleitor ou de sua carteira profissional (CTPS). Já a exigência de identificação do 
tomador, por sua vez, denota a impossibilidade, pelo menos em tese – já que, como dito, o STF 
admite a emissão de título em branco ou incompleto –, de emissão de letra de câmbio ao portador. 
 
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 Deve a letra ainda conter a assinatura do sacador, o qual, embora não seja o devedor principal 
desse título – posição ocupada pela sacado –, torna-se codevedor a partir da sua emissão, uma vez 
que ele, conforme determinação do art. 9.º da Lei Uniforme, garante a aceitação e o pagamento da 
letra. Em síntese: se o sacado não aceitar a letra ou não pagá-la, pode o tomador voltar-se contra o 
sacador. 
 Veja-se, por fim, que dentre os requisitos essenciais acima analisados não se encontra a indicação 
da época do pagamento do título, cuja ausência, portanto, não invalida a letra, que nesse caso será 
considerada à vista (art. 2.º da Lei Uniforme). 
 
 
 
Outros tipos de títulos de crédito serão estudados na AV2. 
 
3. Institutos Cambiário 
3.1. Endosso 
3.1.1. Conceito 
 O endossoé o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante) 
transmite seus direitos a outrem (endossatário). É ato cambiário, pois, que põe o título em 
circulação. Os títulos “não à ordem”, registre-se, são transmitidos mediante cessão civil de crédito, 
conforme já mencionamos quando estudamos a classificação dos títulos quanto à forma de 
transferência. Os títulos de crédito típicos, nominados ou próprios (letra de câmbio, nota 
promissória, cheque, duplicata etc.) circulam mediante endosso porque todos eles possuem 
 
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implícita a cláusula “à ordem”. Somente quando for inserida, expressamente, a cláusula “não à 
ordem” num título de crédito é que ele não poderá circular por endosso, e sim por mera cessão civil 
de crédito. 
 
3.1.2. Características 
 O endosso produz dois efeitos, basicamente: a) transfere a titularidade do crédito; e b) 
responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título (se o devedor principal não 
pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante). 
 O endosso, portanto, não transfere apenas o crédito, mas também a efetiva garantia do seu 
pagamento. Pode o endosso, todavia, conter a chamada “cláusula sem garantia”, que exonera 
expressamente o endossante de responsabilidade pela obrigação constante do título. 
 Em princípio, o endosso deve ser feito no verso do título, bastando para tanto a assinatura do 
endossante. Caso o endosso seja feito no anverso da cártula, deverá conter, além da assinatura do 
endossante, menção expressa de que se trata de endosso. 
 A legislação cambiária específica veda o endosso parcial ou limitado a certo valor da dívida 
representada no título (art. 8.º, § 3.º, do Decreto 2.044/1908), bem como o endosso subordinado a 
alguma condição (art. 12 da Lei Uniforme), caso em que esta será considerada não escrita. No 
mesmo sentido, o Código Civil dispõe em seu art. 912 que “considera-se não escrita no endosso 
qualquer condição a que o subordine o endossante”, prevendo ainda, no parágrafo único do referido 
dispositivo, que “é nulo o endosso parcial”. 
 Ressalte-se, por fim, que em princípio não há limite quanto ao número de endossos, mesmo 
em relação ao cheque, já que a legislação tributária aplicável à CPMF, que permitia apenas um 
único endosso nesse título de crédito, foi revogada. 
 
- Gera direitos autônomos 
- Instituto típico 
- Direitos pessoais imponíveis – art. 17, LUG 
- Não há endosso parcial – art. 12, LUG 
 
3.1.3. Diferenças Endosso x cessão civil de crédito 
 
 A cessão civil de crédito, conforme já visto no tópico em que estudamos a classificação dos 
títulos quanto à forma de transferência, é ato formal que opera a transferência dos títulos não à 
ordem, enquanto o endosso transfere os títulos à ordem. 
 Há uma série de diferenças entre os dois institutos, decorrentes da submissão de cada um deles 
a regimes jurídicos distintos: o endosso é ato submetido às regras e princípios do regime jurídico 
cambial, e a cessão civil de crédito é submetida ao regime jurídico civil. 
 Sendo assim, enquanto o endosso é ato unilateral que deve ser feito no próprio título, em 
obediência ao princípio da literalidade, a cessão civil de crédito é negócio bilateral formalizado 
por meio de contrato, ou seja, instrumento à parte. 
 
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 É possível a cessão civil parcial, o endosso parcial é nulo. 
 Ademais, o endosso acarreta a responsabilização do endossante, o qual passa a ser codevedor 
da dívida representada no título. Na cessão civil de crédito, por sua vez, o cedente não assume 
responsabilidade pelo adimplemento da obrigação que cedeu, respondendo tão somente pela 
existência do crédito cedido. Em síntese: no endosso, se a dívida não for paga pelo devedor 
principal, o endossatário pode cobrá-la do endossante; na cessão civil de crédito, o cessionário não 
pode cobrar a dívida do cedente, em caso de inadimplemento do devedor. O cedente só responderá 
se tiver cedido crédito inexistente, representado por um documento falso, por exemplo. 
 Por fim, uma outra diferença relevante entre endosso e cessão civil de crédito está relacionada 
à (in)oponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Em decorrência do princípio da 
autonomia e do subprincípio da abstração, o endosso transfere o crédito sem nenhum vício relativo 
aos negócios feitos anteriormente com o título. Assim, o devedor não poderá opor ao endossatário 
– se este recebeu o título de boa-fé, o que em princípio se presume – exceções que não lhe digam 
respeito, ou seja, exceções relacionadas a relações antecedentes. Na cessão civil de crédito, no 
entanto, o mesmo não ocorre. O devedor pode opor contra o cessionário qualquer exceção pessoal 
que tinha contra o cedente (nesse sentido é a regra do art. 294 do Código Civil). 
 Vê-se, portanto, que o endosso é ato que transfere a titularidade do crédito com muito mais 
facilidade, já que feito mediante a simples assinatura no título – em geral no verso – e segurança, 
uma vez que responsabiliza o endossante e protege o endossatário contra eventuais vícios 
decorrentes de relações anteriores. 
 
3.1.4. Espécies de Endosso 
3.1.4.1. Endosso Próprio 
a) Endosso em preto 
 É aquele que identifica expressamente a quem está sendo transferida a titularidade do 
crédito, ou seja, o endossatário. Assim, só poderá circular novamente por meio de um novo 
endosso, que poderá ser em branco ou em preto. Nesse caso, pois, o endossatário, ao recolocar o 
título em circulação, assumirá a responsabilidade pelo adimplemento da dívida, uma vez que deverá 
praticar novo endosso. 
 
b) Endosso em branco 
 O endosso em branco é aquele que não identifica o seu beneficiário, chamado de 
endossatário. Nesse caso, simplesmente o endossante assina no verso do título, sem identificar a 
quem está endossando, o que acaba, na prática, permitindo que o título circule ao portador, ou seja, 
pela mera tradição da cártula. O beneficiário de endosso em branco pode, então, tomar basicamente 
três atitudes: (i) transformá-lo em endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; 
(ii) endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou (iii) transferir o título sem praticar novo 
endosso, ou seja, pela mera tradição da cártula (art. 14 da Lei Uniforme e art. 913 do Código Civil). 
 Na segunda situação acima descrita, o endossatário, ao realizar novo endosso, passa a integrar a 
cadeia de codevedores, responsabilizando-se pelo adimplemento da obrigação constante do título. 
Na terceira situação descrita, todavia, o endossatário transfere o crédito sem assumir nenhuma 
responsabilidade pelo seu adimplemento, já que não pratica novo endosso. 
 
3.1.4.2. Endossos Impróprios 
 Há também a figura do chamado endosso impróprio, que compreende duas modalidades 
distintas: a) endosso-caução; e b) endosso-mandato. 
 Em princípio, como foi dito, o endosso tem dois efeitos: transferir a titularidade do crédito e 
responsabilizar o endossante como codevedor. Assim, é considerado próprio o endosso que produz 
normalmente os efeitos acima apontados, e impróprio o endosso que não produz esses efeitos. O 
endosso impróprio tem a finalidade apenas de legitimar a posse de alguém sobre o título, 
permitindo-lhe, assim, o exercício dos direitos representados na cártula. 
 
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 Serve o endosso impróprio, enfim, para aquelas situações em que não se quer transferir o crédito, 
mas é necessário legitimar a posse daquele que vai recebê-lo, a fim de que dito possuidor exerça os 
direitos representados na cártula. Nesse caso, não se poderia simplesmente entregar o título à 
pessoa, porque ela se tornaria portadora ilegítima. O endosso impróprio, portanto, legitima a posse 
do detentor. 
 Dessa forma, deve-se praticar um ato no título para que a posse do detentor seja legitimada. Este 
ato é exatamente o endosso impróprio, o qual, portanto, apenas legitima a posse de alguém sobre o 
título, para que essa pessoa exerça os direitos nele representados. 
 
a) Endosso Mandato 
 Também chamado de endosso-procuração, está previsto no art. 18 da Lei Uniforme (no mesmo 
sentido é o art. 917 do Código Civil). Por meio dele, o endossante confere poderes ao endossatário 
– por exemplo, uma instituição financeira – para agir como seu legítimo representante, exercendo 
em nome daquele os direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc. Faz-
se o endosso-mandato, segundo a Lei Uniforme, mediante a colocação, junto ao endosso, das 
expressões “para cobrança”, “valor a cobrar” ou “por procuração”. Ressalte-se que o Superior 
Tribunal de Justiça entende que os bancos, como mandatários decorrentes de endosso-mandato, só 
respondem por eventuais danos causados ao devedor do título se for comprovada a sua atuação 
culposa, o que ocorre, por exemplo, quando o banco tem conhecimento inequívoco de que o negócio 
jurídico que embasou a duplicata foi desfeito. 
 Hoje esse entendimento está previsto no Enunciado 476 da Súmula do STJ: “O endossatário de 
título de crédito por endosso mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se 
extrapolar os poderes de mandatário”. 
 
b) Endosso Caução 
 Também chamado de endosso-pignoratício ou de endosso-garantia, está previsto no art. 19 da 
Lei Uniforme (no mesmo sentido é o art. 918 do Código Civil), e caracteriza-se quando o endossante 
transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. Nesse 
caso, o endosso-caução é feito com o uso das expressões “valor em garantia”, “valor em penhor” 
ou outra que implique uma caução. 
 Havendo o endosso-caução, o endossatário não assume a titularidade do crédito, ficando o título 
em sua posse apenas como forma de garantia da dívida que o endossante contraiu perante ele. Caso 
o endossante pague a dívida contraída, portanto, resgata o título; caso, todavia, a dívida não seja 
honrada, o endossatário poderá executar a garantia e passar, então, a possuir a titularidade plena do 
crédito. 
 
3.1.5. Endosso Póstumo ou tardio 
 Segundo o art. 20 da Lei Uniforme, o endosso pode ser dado após o vencimento do título, 
caso em que produzirá seus efeitos de transferência do crédito e de responsabilização do 
endossante normalmente. No entanto, o mesmo dispositivo dispõe que “todavia, o endosso 
posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se 
fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos”. 
 Esse endosso feito após o protesto ou após o prazo para a realização do protesto é chamado pela 
doutrina de endosso póstumo ou endosso tardio, expressões que denotam, claramente, que tal 
endosso foi levado a efeito tarde demais. Nesse caso, portanto, como a norma acima transcrita deixa 
claro, o endosso não produz os efeitos normais de um endosso, valendo tão somente como uma 
mera cessão civil de crédito (CCC). 
 O mesmo art. 20 da Lei Uniforme estabelece a presunção de que o endosso sem data foi feito 
antes do prazo para a realização do protesto. No mesmo sentido é a disposição normativa constante 
do art. 920 do Código Civil. 
 
3.1.6. Cláusula Proibitiva de Novo Endosso. 
 
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 O endossante, por cláusula introduzida no título, pode eximir-se da responsabilidade pelo 
aceite e pelo pagamento (LUG, art. 15). 
 
3.2. Aceite – art. 21 ao art. 29 
3.2.1. Conceito 
 Ato formal unilateral em que o sacado reconhece o título de crédito comprometendo-se a efetuar 
o pagamento da quantia ordenada na data de vencimento. 
 
3.2.2. Características 
 A apresentação é o ato pelo qual o portador ou mero detentor exibe a letra de câmbio ao sacado, 
para que este manifeste sua vontade de dar ou não o aceite, ou seja acatar ou não a ordem de 
pagamento dada pelo sacador. 
 Emitida a letra de câmbio, ela será entregue ao tomador, o qual, por sua vez, a levará ao sacado, 
para que este a aceite (art. 25 da Lei Uniforme), o que deve ser feito no próprio título por meio da 
expressão “aceito” ou “aceitamos”, seguida da assinatura do sacado o de procurador com poderes 
especiais para tanto (art. 11 do Decreto 2.044/1908). Se a letra foi emitida contra mais de um sacado, 
o tomador deve apresentá-la, inicialmente, ao primeiro nomeado no título, e depois sucessivamente. 
 Em princípio, perceba-se que o sacado não tem obrigação cambial alguma, uma vez que ele não 
é obrigado a cumprir a ordem de pagamento emitida pelo sacador contra a sua vontade. O aceite, 
portanto, é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o devedor principal da 
letra (aceitante). 
 O aceite, na letra de câmbio, é facultativo, porém irretratável. Sendo o aceite uma faculdade 
do sacado, ele pode simplesmente recusá-lo, sem precisar dar qualquer justificativa para tanto. É 
preciso ressaltar, todavia, que a recusa do aceite produzirá efeitos relevantes para o sacador e para 
o tomador, uma vez que ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador exigir do 
sacador – codevedor da letra, como visto – o seu pronto pagamento. 
 
3.2.3. Aceite Parcial 
 O sacado pode aceitar a letra parcialmente, situação em que haverá, consequentemente, uma 
recusa parcial. Nesse caso, também ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador 
cobrar a totalidade do crédito contra o sacador. A única diferença entre a recusa total e a recusa 
parcial, pois, relaciona-se à posição assumida pelo sacado. No primeiro caso, ele não assume 
obrigação cambial nenhuma. No segundo caso, porém, ele se vincula ao pagamento do título nos 
termos do seu aceite (art. 26 da Lei Uniforme). 
 
 Há duas espécies de aceite parcial: 
a) Aceite limitativo (26, 1, LUG), através do qual o sacado aceita apenas parte do valor do 
título; 
b) Aceite modificativo (26, 2, LUG), por meio do qual o sacado altera alguma condição de 
pagamento do título, como, por exemplo, o seu vencimento. 
 
 Vê-se, portanto, que ao emitir uma letra de câmbio o sacador corre o risco de ter de honrá-la 
mesmo antes do seu vencimento, o que ocorre quando o sacado não aceita a letra, total ou 
parcialmente. Mas há uma forma específica de o sacador se prevenir quanto ao vencimento 
antecipado da letra: colocando no título a cláusula não aceitável (art. 22 da Lei Uniforme), que 
impõe ao tomador a obrigação de só procurar o sacado para o aceite na data do vencimento. Se 
resolver procurar antes, em desatendimento à referida cláusula, não será possível ao sacado recusar 
o aceite e, portanto, não haverá o vencimento antecipado do título. O máximo que poderá acontecer 
é o tomador procurar o sacado na data do vencimento. Nesse caso, se o sacado se recusar a fazer o 
aceite, não ocorrerá o vencimento antecipadoda letra, uma vez que aquele dia já é a data de 
vencimento do título. Assim, garante o sacador que não será surpreendido com o vencimento 
antecipado do título. 
 
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 Existe ainda uma pequena variante da cláusula não aceitável, por meio da qual o sacador estipula 
uma data certa a partir da qual a letra pode ser levada a aceite. Antes dessa data, portanto, é vedada 
a apresentação do título para aceite do sacado. Veja-se a diferença: na cláusula não aceitável, a letra 
não pode ser levada a aceite antes do vencimento; nessa variante da cláusula, a letra pode ser 
apresentada para aceite antes do seu vencimento, mas somente após uma certa data fixada pelo 
sacador. 
 Destaque-se, por fim, que a cláusula não aceitável não é admitida nas letras de câmbio a certo 
termo da vista, uma vez que nestas, conforme se verá no tópico seguinte, o prazo de vencimento 
somente se inicia a partir do aceite. 
 
3.2.4. Sacado aceitante – (art. 28, LUG) 
 O sacado, dando o aceite, transmuda-se em aceitante, assumindo a posição de devedor solidário, 
principal e direto, obrigando-se a pagar a letra de câmbio ao portador no vencimento. 
 
3.2.5. Cancelamento do aceite (art. 29, als. 1ª e 2ª LUG) 
 A LUG, admite, excepcionalmente, que o sacado possa cancelar o aceite antes da restituição da 
letra ao portador, e neste caso tal aceite é considerado como recusado. 
 O cancelamento do aceite deve ser feito antes da devolução da letra ao portador, porque este e 
os devedores indiretos ainda não tiveram ciência da dação ou recusa do aceite, e em consequência, 
o cancelamento não lhes acarreta prejuízo. 
 
3.2.6. Recusa do Aceite (art. 43, LUG) 
 Se o sacado não aceitar o título, ocorrerá, de acordo com o art. 43 da Lei Uniforme, o seu 
vencimento antecipado. De imediato, poderá o tomador, após o protesto, cobrar do sacador e dos 
demais co-obrigados cambiários o valor constante da letra. O mesmo ocorre se a recusa é parcial. 
 
3.2.7. Devedores indiretos (art. 42, nº 2) 
 A dação de aceite pelo sacado exonera os devedores indiretos (sacador, endossantes e respectivos 
avalistas) da responsabilidade de pagamento antes do vencimento, pois a recusa do aceitante 
constitui pressuposto para que o portador possa exercitar os mencionados diretos. 
 
3.3. Aval – art. 30 ao 32, LUG c/c 897 CC 
3.3.1. Conceito 
 Aval é ato cambiário unilateral em que um terceiro (o avalista) estranho a relação cautelar 
assume a obrigação de pagar o título de crédito em caso de inadimplência do devedor principal. 
 O avalista, ao garantir o cumprimento da obrigação do avalizado, responde de forma equiparada 
a este. 
 
3.3.2. Forma 
 O aval só pode ser lançado no título de crédito (anverso ou verso) ou em folha anexa, casos em 
que basta a simples assinatura do avalista. 
 
3.3.3. Espécies de Aval 
a) Aval em Branco 
 O aval pode ser feito em branco, hipótese em que não identifica o avalizado. Quando o aval é em 
branco, presume-se que foi dado em favor de alguém: no caso da letra de câmbio, presume-se em 
favor do sacador; nos demais títulos, em favor do emitente ou subscritor. 
 
b) Aval em preto 
 Caso em que o avalizado é expressamente indicado. 
 
3.3.4. Pluralidade de Avais 
 
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a) Avais Simultâneos 
 Os avais simultâneos, também denominados de coavais, ocorrem quando duas ou mais pessoas 
avalizam um título conjuntamente, garantindo a mesma obrigação cambial. Assim, nos avais 
simultâneos os avalistas são considerados uma só pessoa, razão pela qual assumem responsabilidade 
solidária regida pelas regras do direito civil. 
 
b) Avais Sucessivos 
 Os avais sucessivos, por sua vez, também chamados de aval de aval, ocorrem quando alguém 
avaliza um outro avalista. Nesse caso, todos os eventuais avalistas dos avalistas terão a mesma 
responsabilidade do avalizado, ou seja, aquele que pagar a dívida terá direito de regresso em relação 
ao total da dívida, e não apenas em relação a uma parte dela. 
 
c) Avais Simples 
Quando consta apenas um aval na letra. 
 
d) Avais múltiplo 
Dois ou mais avalistas em favor de obrigados distintos. 
 
3.3.5. Aval Parcial 
 Com efeito, dispõe o art. 897, parágrafo único, do Código Civil que “é vedado o aval parcial”. 
No entanto, o art. 30 da LUG dispõe que “o pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte 
garantido por aval”, o que deixa bastante clara a possibilidade de aval parcial. 
 Portanto, deve-se mais uma vez destacar que, conforme determinação do próprio art. 903 do 
Código Civil, a regra do seu art. 897, parágrafo único, aplica-se tão somente aos títulos de crédito 
que não possuam regulamentação por lei especial que disponha de forma distinta – títulos atípicos 
ou inominados. Assim, numa nota promissória, por exemplo, é plenamente admissível o aval 
parcial, em consonância com a regra do art. 30 da Lei Uniforme, acima transcrita. Nesse sentido, 
foi aprovado o Enunciado 39, da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “Não se aplica a vedação 
do art. 897, parágrafo único, do Código Civil, aos títulos de crédito regulados por lei especial, nos 
termos do seu art. 903, sendo, portanto, admitido o aval parcial nos títulos de crédito regulados em 
lei especial”. 
 
3.3.6. Diferenças entre Aval e Fiança 
 O aval também tem um instituto similar no direito civil, que é a fiança. Mas, assim como ocorre 
com o endosso e a cessão civil de crédito, aval e fiança possuem diferenças relevantes, decorrentes, 
sobretudo, do regime jurídico ao qual se submetem: enquanto o aval é garantia cambial, submetida 
aos princípios do regime jurídico cambial, a fiança é garantia civil, regida pelas regras desse regime 
jurídico. 
 São duas as diferenças básicas entre aval e fiança. A primeira delas é decorrente da submissão 
do aval ao princípio da autonomia, inerente aos títulos de crédito. Com efeito, o aval, por ser um 
instituto do regime jurídico cambial, constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida 
assumida pelo avalizado. Assim, se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por algum 
vício, este não se transmite para a obrigação do avalista. Na fiança o mesmo não ocorre: ela, como 
obrigação acessória, leva a mesma sorte da obrigação principal a que está relacionada. 
 A autonomia e a abstração do aval são tamanhas que se admite até o aval contra a vontade do 
avalizado, bem como o chamado aval antecipado, o qual é prestado antes mesmo do surgimento da 
obrigação do avalizado e sequer se condiciona à sua futura constituição válida. 
 Outra distinção relevante entre o aval e a fiança diz respeito ao benefício de ordem, presente 
nesta e ausente naquele. De fato, o aval não admite o chamado benefício de ordem, razão pela qual 
o avalista pode ser acionado juntamente com o avalizado. Na fiança, todavia, o benefício de ordem 
assegura ao fiador a prerrogativa de somente ser acionado após o afiançado. A responsabilidade do 
fiador é, portanto, subsidiária. 
 
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 Além dessas duas diferenças relevantes acima apontadas, há outras pequenas distinções entre 
aval e fiança: o aval, por exemplo, deve ser prestadono próprio título, em obediência ao princípio 
da literalidade; já a fiança pode ser prestada em instrumento separado. 
 
3.4. Vencimento – LUG, art. 33 ao 37 
3.4.1. Conceito 
 É o fato jurídico que torna exigível o crédito cambiário na cártula. 
 
3.4.1.1. Espécies de vencimento 
a) Vencimento Ordinário 
 Os vencimentos ordinários são aqueles estabelecidos pelo sacador do título de acordo com a 
sua vontade. 
 
a. Modalidades de Vencimento Ordinário 
Vencimento à Vista – LUG, art. 34 
Trata-se de modalidade de cambial que vence contra a sua apresentação pelo portador ao sacado 
da letra de câmbio ou emitente da nota promissória. 
 
b. Vencimento a Certo Termo de Vista – LUG, art. 35 
Ocorre quando o vencimento da letra de câmbio é determinado pela data do aceite ou do protesto, 
sendo, portanto, necessária a apresentação da letra ao sacado para a caracterização do aceite. 
 
c. Vencimento a Certo Termo de Data – LUG, art. 36 
Esta modalidade de vencimento corresponde à cambial sacada a um ou mais meses ou dias de 
data, contados da data do saque da letra de câmbio e da data de emissão da nota promissória. 
 
d. Vencimento em Dia Fixado – LUG, art. 37 
A modalidade de vencimento determinado mais utilizada na prática é com data certa, ou seja, em 
que estão perfeitamente indicados no título o dia, o mês e o ano do vencimento. 
 
b) Vencimento Extraordinário 
 São aqueles que independem da vontade do sacador. 
 Modalidades de Vencimento Extraordinário – LUG, art. 43 
a. Recusa total ou parcial de aceite 
b. Falência do sacado, quer tenha ou não aceito a letra 
c. Suspensão de pagamento pelo sacado, ainda que não constada por sentença 
d. Execução, sem resultado, dos bens do sacado 
e. Falência do sacador de letra não aceitável. 
 
3.5. Pagamento – art. 38 a 42 
3.5.1. Conceito 
 O pagamento corresponde ao meio direto e normal de extinção da obrigação cambiária. 
 
3.5.2. Modalidade de pagamento 
a) Pagamento extintivo ou liberatório 
É aquele que extingue a vida ativa cambial, por não permitir o exercício de direito de regresso, e 
ocorre quando feito pelo devedor principal. 
 
b) Pagamento recuperatório 
 É aquele feito por devedor de regresso porque lhe permite recuperar o valor pago dos 
obrigados que os garantem na relação cambiária. 
 
 
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c) Pagamento por intervenção 
 Pagamento por intervenção, no dizer de Fran Martins, é “o ato pelo qual uma pessoa, indicada 
ou não, paga a letra por honra de outrem”. 
 
3.5.3. Pagamento parcial 
 O portador não pode recusar pagamento parcial ao tempo do vencimento (LUG, art. 39, al. 2ª), 
não só porque favorece o credor, que prefere receber parte da soma cambiária que não receber nada, 
como também dos devedores diretos e indiretos que ficam exonerados parcialmente das suas 
obrigações. 
 Por outro lado, não se esqueça que o sacado pode aceitar parcialmente a letra de câmbio (LUG, 
art. 26, al. 1ª. 
 
3.6. Protesto 
3.6.1. Conceito 
 Ato praticado pelo credor do título de crédito perante o competente cartório de protestos para 
fins de incorporar ao título prova de situação relevante para as relações cambiais. Esse fato relevante 
pode ser (i) a falta de aceite do título, (ii) a falta de devolução do título ou (iii) a falta de pagamento 
do título. 
 De acordo com o art. 1º da Lei 9.492/1997, “protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova 
a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de 
dívida”. 
 
3.6.2. Objetivos e funções 
a) Função conservatória 
Pressuposto processual para a ação indireta. 
 
b) Função probatória 
 O art. 21, por sua vez, dispõe que “o protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou 
de devolução”. 
 
 Falta de aceite 
 Se o protesto for por falta de aceite, somente poderá ser efetuado antes do vencimento da 
obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução (§ 1º). 
 O protesto por falta de aceite é feito contra o sacado (assegurando ao credor o direito de regresso 
contra o sacador, endossantes e avalistas). O título deve ser apresentado para protesto no 
Tabelionato no primeiro dia útil seguinte ao da recusa do aceite (art. 28 do Dec. n. 2.044/1908). 
Caso o título tenha sido apresentado ao sacado no último dia do prazo para aceite e haja recusa, o 
protesto poderá ser requerido no dia útil seguinte. Se tiver sido solicitado o prazo de respiro 
(estudado no tema “aceite” — tópico 10.2), o título deverá ser apresentado para protesto no dia útil 
seguinte a este, se, igualmente, não foi ele aceito. Fábio Ulhoa Coelho, entretanto, sustenta que o 
protesto por falta de aceite deve ser extraído contra o sacador, porque sua ordem de pagamento não 
foi acolhida pelo sacado. Após o vencimento do título, o protesto será sempre por falta de 
pagamento (art. 21, § 2º, da Lei n. 9.492/97) e far-se-á contra o aceitante do título, ou contra o 
sacado, se o título era à vista e houve recusa de aceite e pagamento (essa espécie de letra vence 
concomitantemente com a apresentação). 
 
 Falta de pagamento 
 Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento, vedada a recusa 
da lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial (§ 2º). 
 
 
 
 
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 Falta de devolução 
 Diz respeito à hipótese em que o título é apresentado para aceite ou pagamento e, 
respectivamente, o sacado ou o aceitante devedor não o devolvem ao portador. Nesse caso, o art. 
21, § 3º, da Lei n. 9.492/97 diz que o protesto deverá ser baseado na segunda via da letra de câmbio. 
 Se a letra de câmbio contiver a cláusula “sem protesto” ou “sem despesas”, ficará dispensado o 
portador de efetuar o protesto para que possa cobrar os coobrigados cambiais. Se a cláusula, porém, 
tiver sido inserida por um endossante ou avalista, o portador somente estará dispensado do protesto 
em relação àquele endossante ou avalista. Para efetuar a cobrança dos demais coobrigados, deverá, 
sim, efetuar o protesto do título (art. 46 da Lei Uniforme). 
Interessante frisar que o protesto cambial interrompe a prescrição da ação cambiária, de acordo com 
o art. 202, III, do Código Civil. 
 
3.6.3. Cláusula sem protesto ou sem despesas – LUG, art. 46 
 A LUG permite que seja inserida na letra a cláusula proibitiva de protesto ou sem despesas, pela 
qual o portador fica dispensado de promover o protesto por falta de aceite ou de pagamento para 
exercer os seus direitos de ação. Assim, a cláusula “sem protesto” constitui uma exceção à regra de 
que o portador perde seus direitos em relação aos devedores indiretos se não efetua o protesto dentro 
do prazo legais (LUG, art. 53). 
 A cláusula pode ser inserida pelo sacador, endossante ou avalista, bem como pelo emitente. 
 
3.6.4. Prazos 
 O artigo 44 da LUG não foi recepcionado pelo Brasil. 
 A letra que houver de ser protestada deve ser entregue ao oficial competente no 1º dia útil que se 
seguir ao da recusa do aceite ou do vencimento (art. 28, Dec. 2044) 
 
3.7. Ação Cambial 
 Quando o devedor não paga a soma cambiária no vencimento, o portador do título de crédito 
pode promover a cobrança extrajudicial ou judicial. 
 A entrega do título de crédito ao Tabelião de Protesto de Títulos não corresponde à cobrança 
extrajudicial porque o protesto não é meio de cobrança,mas apenas ato cambiário, que tem a função 
de comprovar a recusa de aceite e de pagamento, embora também se admita protesto por falta de 
devolução da letra de câmbio e da duplicata. 
 
3.7.1. Ação Direta – LUG, art. 28 
 É a ação de execução do título executivo extrajudicial movida pelo detentor do título em face do 
principal devedor (sacado aceitante ou sacador em caso de falta de aceite) ou em face de seus 
avalistas, sem a necessidade do portador comprovar, formalmente, a apresentação e a recusa de 
pagamento, o que ocorre normalmente pelo protesto. 
 
3.7.2. Ação Regressiva ou Ação indireta 
 Ação que tem por objetivo a execução do título executivo extrajudicial em face de qualquer um 
dos obrigados ou de seus avalistas, cuja obrigação só pode ser exigida, quando o portador 
comprova que apresentou formalmente o título e este não foi pago. 
- Falta de protesto (consequência) 
 O portador que não diligencia, no prazo legal, o protesto do título de crédito decais de seus 
direitos em relação aos devedores indiretos. Vale lembrar que se tiver cláusula e não protesto o 
portador fica dispensado de efetivar o protesto. 
 
3.7.3. Defesas das Ações Cambiais 
-Embargos à execução (art. 914 CPC) 
 
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 No que tange à falta de requisito necessário ao exercício da ação, poderá o executado alegar, 
por exemplo, ilegitimidade do credor, falta do protesto em execução movida contra um dos 
coobrigados, prescrição, Inexigibilidade do título, ausência de posse etc. 
 Os defeitos de forma que podem ser alegados em relação aos títulos de crédito podem referir-se 
a seus requisitos intrínsecos e extrínsecos. Exs.: título rasurado ou falsificado, título sem o nome do 
emitente etc. 
 
3.5.6. Prescrição 
 De acordo com o art. 70 da Lei Uniforme, a prescrição da Ação cambial ocorre nos seguintes 
prazos: 
a) em 3 anos, a contar de seu vencimento, no caso de execução contra o aceitante e seu avalista; 
b) em 1 ano, no caso das ações contra o sacador, endossantes e seus avalistas. Nessa hipótese conta-
se o prazo da data do protesto, ou da data do vencimento, se a letra contiver a cláusula “sem 
despesas” (que isenta da obrigação de protestar); 
c) em 6 meses, no caso das ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador (ação 
regressiva), a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado. 
 O art. 71 da Lei Uniforme esclarece que a interrupção da prescrição somente se opera em 
relação à pessoa para quem a interrupção foi feita. Logo, se interrompida contra um dos 
coobrigados, não significa que se estenda aos demais. 
Uma vez prescrita a execução, o credor da letra de câmbio, se quiser receber o seu valor, terá de 
ajuizar uma ação ordinária de cobrança contra o devedor, em que terá de demonstrar a relação 
cambiária e o negócio jurídico que deu origem ao título. Visa-se, com a ação, evitar um 
enriquecimento ilícito por parte do devedor, que, embora desonerado cambialmente, tem uma dívida 
para com o portador. 
 
 
Bibliografia: Ramos, André Luiz Santa Cruz - Direito empresarial esquematizado / André Luiz 
Santa Cruz Ramos. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 
2016. 
 
Rosa Junior, Luiz Emygdio Franco da. Títulos de Crédito – 8.ed. atual. E ampl. – Rio de Janeiro: 
Renovar, 2014.

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