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�� Introdução ao ESTUDO DO Direito I Professor Marcelo Carneiro APRESENTAÇÃO A presente apostila tem como função primordial, criar um roteiro para que o aluno de Introdução consiga focar os principais pontos da matéria. Baseado nessa premissa, não se pretende aqui substituir os livros indicados para a matéria. Muito pelo contrário, conforme dito acima, a intenção é facilitar ao aluno, que, por falta de referencial, acaba por despender esforços demasiados em pontos não tão fundamentais, em detrimento daquilo que efetivamente deve ser assimilado no início do curso. A Introdução, como sabemos, abre o curso de Direito com uma árdua função, pois lhe cabe fazer a “ponte” entre a cultura leiga do aluno e o ensino jurídico. Árdua a missão, já que a matéria é trans-disciplinar e agrega conceitos de Filsofia, Sociologia e História, bem como trabalha com valores estritamente jurídicos ao passar noções de alguns ramos do Direito, notadamente, Direito Civil e Constitucional. Paralelamente a isso, some-se o fato de que o aluno do ensino médio não recebe formação filosófica e, lamentavelmente é treinado antes para a lógica das ciências exatas, do que para a interpretação, de forma que busca no Direito, respostas diretas, quando na verdade, a experiência mostra que cada caso exige uma interpretação própria dentro do escopo legal a que está inserido. Por fim, aos que “torcem o nariz” às apostilas e proferem a famosa expressão “por que não lança um livro?”, apenas ressalto que os autores desconhecidos e, em especial, aqueles que vivem fora dos grandes centros, não recebem qualquer acolhida das editoras, independentemente da qualidade do trabalho. Assim, a despeito das “caras feias”, apresento uma despretensiosa apostila que, repito, não tem a intenção de ferir suscetibilidades, mas sim atender ao aluno, já que os livros de IED continuam a ser escritos para mestres e Doutores de Direito e não para iniciantes na Ciência do Direito. Marcelo Carneiro SUMÁRIO Aula 1 O Direito. A importância e o objeto da Disciplina Introdução ao Estudo do Direito. Acepções da palavra Direito. O Mundo Natural e o Mundo Cultural. Juízo de Realidade e Juízo de Valor. O Ser e o Dever ser.......................................................................p. 06 Aula 2 Sociedade e Direito – Relação de dependência. A Qualificação do Direito como Ciência: (Normativa, Social, Cultural e Histórica). O Direito e sua Função Social. Finalidades do Direito. Relação entre o Direito e a Moral (Teorias dos Círculos). Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito. ...................................................p. 12 Aula 3 Divisões do Direito. O Direito Natural. O Direito Positivo. O Direito Objetivo. O Direito Subjetivo. Diferenças entre o Direito Público Interno e Externo e o Direito Privado Interno e Externo. ....................................................................................................p. 20 Aula 4 Principais ramos do Direito Público Interno: Constitucional, Administrativo, Tributário, Penal, Processual Civil e Penal. A questão do Direito do Trabalho. Ramos do Direito Privado Interno: Civil e Empresarial. A Unificação do Direito Privado. A Questão da Superação da Dicotomia do Direito Público e do Direito Privado. ...........................p. 24 Aula 5 Fontes do Direito Positivo. Conceito de Fontes do Direito e Classificação. Distinção entre fontes materiais e formais do direito. A Lei. Os Costumes. O papel da doutrina e da jurisprudência no sistema jurídico brasileiro. Súmula Vinculante.........................p. 31 Anexo I – Súmulas Vinculantes.................................................................................p. 38 Anexo II – Técnica Legislativa...................................................................................p. 41 Aula 6 Aplicação e integração das leis. O problema das lacunas e recursos às fontes secundárias do Direito. Elementos de Integração do Direito: analogia, costumes, princípios gerais do direito e eqüidade. ...................................................................p. 43 Aula 7 Parte I A Norma Jurídica. Conceito. Estrutura da Norma Jurídica. Principais Características: abstração, generalidade ou universalidade, imperatividade, heteronomia, alteridade, coercibilidade, bilateralidade e atributividade. ..........................................................p. 48 Parte II A Norma Jurídica. Os diversos critérios de classificação das normas jurídicas: critério da destinação, critério da existência, critério da extensão territorial, critério do conteúdo e critério da imperatividade. ......................................................................p. 53 Aula 8 Parte I A Lei e o Ordenamento Jurídico à luz da Constituição Brasileira. A Hierarquia normativa. O processo de elaboração legislativa. Espécies legislativas. Técnica Legislativa. ................................................................................................................p. 58 Parte II Validade das Normas (técnico-formal ou vigência, social e ética). O início da vigência da lei. A vacância da lei: conceito e cômputo. O princípio da obrigatoriedade das leis. O princípio da continuidade das leis. Término da vigência das leis: revogação (ab-rogação e derrogação). Revogação expressa e tácita. A questão da repristinaçã...p. 64 Aula 9 Parte I Conflitos de leis no tempo. Direito Intertemporal. A questão da retroatividade e da irretroatividade das leis. Visão sistemática do ordenamento jurídico: antinomia e critérios de solução. ..................................................................................................p. 69 Parte II O Direito Adquirido (doutrinas de Gabba, Roubier e Lassalle), o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada no contexto da Lei de Introdução ao Código Civil, da Constituição da República e do Código Civil de 2002........................................................................p. 71 Aula 10 Parte I Hermenêutica Jurídica e Interpretação do Direito numa abordagem Constitucional. A Leitura do Ordenamento Jurídico à luz dos Princípios Constitucionais (implícitos e explícitos). Conflitos principiológicos no âmbito Constitucional. Critério da ponderação de interesses e valores. ............................................................................................p. 76 Parte II Tipos de Interpretação: autêntica, judicial, administrativa, doutrinária, literal, racional, lógico-sistemática, sociológica, histórica, teleológica, declarativa, extensiva e restritiva. ..................................................................................................................................p. 79 Aula 11 Parte I Apresentação da Disciplina. Indicação da Bibliografia. A Relação Jurídica: Conceito. Relações Sociais comuns e Relações Jurídicas: Características e distinções. Elementos da Relação Jurídica: Sujeito, Objeto, Vínculo, Garantia. O Fato Jurídico como elemento da Relação Jurídica. ......................... .............................................p. 84 Parte II As Espécies de relações jurídicas: Simples e complexas; abstratas e relativas. Principais e acessórias. Pessoais, obrigacionais e reais. Públicas e privadas. Direito Material: Constitucional, penal, administrativas, tributárias, trabalho, civil e comercial. ...................................................................................................................................p. 88 Aula 12 Posição jurídica dos indivíduos. Posição jurídica ativa: Direito subjetivo, direito potestativo, poder jurídico e faculdade jurídica. Posições jurídicas passivas: dever jurídico, sujeição, obrigação e ônus. ........................................................................p. 93 Aula 13 Parte I Direito Subjetivo. Classificação:absolutos, relativos, patrimoniais, extrapatrimoniais, originários, derivados, principais, acessórios, transmissíveis, intransmissíveis. A questão da inalienabilidade, da sub-rogação e da sucessão..................................p. 103 Parte II Direito Adquirido. Distinção entre Direito Adquirido e Expectativa de Direito. A tutela constitucional do Direito Adquirido. A figura do Abuso do Direito. .........................p. 107 Bibliografia ............................................................................................................p. 111 Introdução ao Direito I Aula 1 Apresentação da Disciplina Indicação da Bibliografia Direito O Direito O Mundo Natural e o Mundo Cultural; O Ser Humano como produtor de cultura; Concepção introdutória da palavra Direito; O Direito e sua Função Social; Finalidade do Direito: controle social, prevenção, e composição de interesses, promoção de ordem, segurança e Justiça; Juízo de Valor e Juízo de Realidade; O Direito: O Direito, na verdade, vem a ser um conjunto de normas que visa regular a vida em sociedade, estabelecendo limites para as condutas individuais, de forma a harmonizar as múltiplas aspirações dos indivíduos que a compõe. De todo modo, relacionamos alguns conceitos da palavra Direito, da lavra dos mais diversos e renomados autores: Direito é uma ordem de conduta humana. Uma ordem é um sistema de regras. (Hans Kelsen) “Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios da justiça.” � “Direito é norma de conduta e organização coativamente imposta.” � “Direito é o conjunto de normas gerais e positivas que regulam a vida social.” Radbruch (Curso de Direito Civil,1º vol., 31a edição, página 1, Editora Saraiva) “Ao conjunto de normas, gerais e positivas, ditadas por um poder soberano e que disciplinam a vida social, se denomina direito”. � Concepção introdutória da palavra Direito; A palavra Direito vem do latim directum e corresponde à idéia de regra, direção, sem desvio. No Ocidente, em alemão recht, em italiano diritto, em francês droit, em espanhol derecho, possui o mesmo sentido; No Direito Romano denominava-se jus, que não se confunde com justitia, que corresponde ao nosso sentido de Justiça. A coercibilidade como ponto basilar do Direito. O Direito tem como principal característica a coercibilidade. Difere da Moral, na medida em que nesta não existe coação, já que o conceito moral é opção do indivíduo, enquanto que o Direito está intimamente relacionado à coercibilidade, ou seja, é imposto. Se a busca da Justiça é o coração do Direito, a coercibilidade é o pulmão. É o medo da força do Estado que faz com a maioria da sociedade acate as leis. O Mundo Natural e o Mundo Cultural; Uma das finalidades da IED consiste em localizar o Direito no mundo da cultura, no universo do saber humano. O Direito insere-se no mundo da cultura, típica criação cultural do homem. Logo, a IED vem a ser o elo entre a cultura geral e a jurídica. Ex: 1. Dado: É aquilo que a natureza oferece; 2. Construído: É aquilo que o homem acrescenta ao que foi dado pela natureza. O Ser Humano como produtor de cultura; Cultura é o conjunto de tudo aquilo que, nos planos material e espiritual, o homem constrói sobre a base da natureza, quer para modifica-la, quer para modificar a si mesmo. Objeto cultural é qualquer ente criado pela experiência do homem. Cultura pode ser definida como a expressão da criatividade humana. Ao contrário do objeto natural que existe por si próprio na natureza, O objeto cultural é manufaturado. Via de regra o homem transforma um objeto natural, cujo produto final é invariavelmente um objeto cultural. O ALUNO DEVE SE QUESTIONAR DESDE OS PRIMEIROS INSTANTES: POR QUE A SOCIEDADE NECESSITA DO DIREITO? O Direito e sua Função Social; De todas as chamadas Ciências Sociais, somente o Direito interfere de forma direta e drástica no cotidiano da sociedade. Enquanto as demais ciências se exteriorizam através de doutrinas, o Direito funciona por intermédio de regras – as normas – e, destarte, tem o poder de submeter o cidadão. Produto cultural da mente humana, o Direito surge da angústia do mais fraco que busca Justiça e do poder do mais forte que impõe regras para perpetuar seu poder. Assim, podemos notar ambas as características nas principais finalidades do Direito: controle social, prevenção, e composição de interesses, promoção de ordem, segurança e justiça; Como bem salienta a prof. Raquel Hoggeman: Resolver os conflitos de interesse, reprimindo e penalizando os comportamentos socialmente inadequados, organizar a produção e uma justa distribuição de bens e serviços, e institucionalizar os Poderes do Estado e da Administração Pública; tendo sempre como meta final e superior, a realização da justiça e o respeito aos direitos humanos.� Segundo San Tiago Dantas, são finalidades do direito a composição e a prevenção de conflitos, com justiça, e a segurança nas relações entre os indivíduos. No entender de Paulo Nader, o direito se propõe à realização da segurança segundo os critérios da justiça. Dividiu os princípios de segurança em 3 grupos: Princípios relativos à organização do Estado: divisão dos poderes poder judiciário atuando de forma rápida poder judiciário dotado de aparato coercitivo garantias da magistratura Princípios de direito estabelecido positividade do Direito (manifestar-se em normas ou costumes) segurança de orientação (normas claras, simples e coerentes) irretroatividade da lei (garantia contra a arbitrariedade) estabilidade relativa do direito Princípios de direito aplicado previsibilidade da sentença respeito à coisa julgada uniformidade e continuidade jurisprudencial Outros autores sustentam que o direito visa à realização do Bem comum, sendo este uma resultante do somatório da justiça geral, distributiva e social. Observamos que os autores citados são unívocos ao afirmarem que a segurança e a justiça constituem o fim precípuo do direito, neles incluídos a paz social e o bem comum (sob a ótica do desenvolvimento social). Podemos assim concluir que a justiça deve ser entendida, ao menos até aonde caminhou o desenvolvimento da ciência e da filosofia jurídica, como uma das finalidades do direito. O direito deve garantir o bem estar comum. Tem a função de conciliar e compor interesses, pois (no entender de Paulo Dourado Gusmão) sem a conciliação da justiça com a segurança jurídica não há direito justo. segurança pressupõe a estabilidade razoável da ordem jurídica, enquanto a justiça pretende reforma-la constantemente, para que atenda às suas exigências fundamentais. Considerando que o Direito deve ser instrumento de ordem e paz social, a Justiça há de prevalecer sobre a segurança como prioridade entre os fins do Direito. Se por um lado, consideramos que, sem segurança não há justiça; por outro, sabe-se que a preferência da segurança indiferente à Justiça proporciona meios para a instalação do despotismo, tirania e abuso de poder. JUSTIÇA “A justiça é o magno tema do Direito e, ao mesmo tempo, permanente desafio aos filósofos do Direito, que pretendem conceituá-la, e ao próprio legislador que, movido por interesse de ordem prática, pretende consagrá-la nos textos legislativos”.� Segundo Chaim Perelman, a Justiça pode ser definida como “um princípio de ação segundo o qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma forma”.� Muitos autores – para espanto dos alunos iniciantes – tratam a Justiça como utopia. Na verdade, nenhum Estado há de prover Justiça a todos, em igual quantidade e qualidade e, ao mesmo tempo. O que se pretende dizeré que a cada vez que se combate a injustiça, mais a sociedade se aproxima do conceito de Justiça, ainda que jamais se alcance a perfeição. É comum o fato de os autores dividirem o conceito Justiça em: Justiça Distributiva - repartição dos bens e dos encargos aos membros da sociedade pelo Estado. Orienta-se pelo critério da igualdade proporcional. Ex.: Ensino gratuito, assistência médico hospitalar, justiça penal. Justiça Comutativa - preside a relação de troca entre os particulares. Orienta-se pelo critério da igualdade quantitativa e não aritmética: “O valor de todas as coisas contratadas é medido pelo apetite dos contratantes, portanto o valor justo é aquele que eles acham conveniente oferecer.” - Hobbes. Ex.: Contrato de compra e venda. Justiça Geral - contribuição dos membros da comunidade para o bem comum. Também chamada de Justiça Legal, pois geralmente decorre da lei. Ex.: Serviço militar, o exercício do voto, etc. Justiça Social - proteção dos mais pobres e desamparados através da repartição mais equilibrada das riquezas. Pode coincidir com outras espécies: O justo salário é ao mesmo tempo justiça social e comutativa. Ex.: As nações mais ricas e poderosas devem favorecer as que se acham em fase de desenvolvimento. Alternativa – Nova tendência, com a concepção de que o julgador pode e deve ignorar a lei, quando incompatível com a noção de justiça. Aceitam a decisão “contra legem”. Para tal, são requisitos de validade a boa fé da parte e a extensão do poder de eqüidade do magistrado.*� Juízo de Valor e Juízo de Realidade;� Axiologia – É a parte da Filosofia que estuda a teoria dos valores, ou seja, estuda os valores e seu caráter abstrato, sem considerar a sua projeção nas diferentes ciências. A idéia de valor, por sua vez, está vinculada às necessidades humanas. Só se atribui valor a algo passível de ser útil. Paulo Nader assinala quatro caracteres fundamentais para os valores: Correspondem a uma necessidade humana; São relativos; Bipolaridade; Possuem hierarquia. O Juízo de Realidade é a constatação dos fatos, como é o caso dos fatos naturais, enquanto que o Juízo de valor é estabelecer prioridade sobre algo que interessa ao ser humano. As normas éticas (moral, política, religiosa) geram juízos de valor. Elas elegem certos valores a preservar e, a partir deles, impõem condutas aos homens. As leis da natureza retratam a pura realidade dos fatos. Uma fruta cai da árvore por força da lei de gravidade, não há juízo de valor, mas mera constatação de um fato natural. Quando alguém pratica algum ato repudiado ou aceito pelo restante de sua coletividade, tal ato recebe um julgamento, ou seja as pessoas lhe atribuem um valor negativo ou positivo, conforme o caso. CONCLUSÃO: O Direito vem a ser um instrumento criado pela inteligência humana, visando à busca da Justiça. O Direito é meio, ao passo que a Justiça é fim. Das chamadas Ciências Sociais, o Direito é o único instrumento social com poder real de intervir no cotidiano das pessoas, devido a sua capacidade coativa. Enquanto ciências como Sociologia, Filosofia, dentre outras, sugerem, o Direito impõe. Na medida em que as regras coletivas são impostas pelo Estado, não cabe ao cidadão discutir ou optar, mas sim cumpri-las sob pena de sofrer uma punição. AUla 02. Direito Debate Sobre a Qualificação do Direito como Ciência (Histórica, Cultural, Social e Normativa);� Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale;� Mecanismos de Controle Social (Religião, Moral, Normas de Trato Social e o Direito);� Relação entre o Direito e a Moral � (Teoria dos Círculos).� Debate Sobre a Qualificação do Direito como Ciência (Histórica, Cultural, Social e Normativa); Paulo D. Gusmão define a Ciência do Direito como “conhecimentos, metodicamente coordenados, resultantes do estudo ordenado das normas jurídicas com o propósito de aprender o significado objetivo das mesmas e construir o sistema jurídico, bem como de descobrir as suas raízes sociais e históricas”. Discute-se a natureza da ciência jurídica, o que não constitui surpresa, visto que, como todo problema cultural, não comporta resposta definitiva. A despeito das divergências quanto ao objeto, existe um consenso de que as normas jurídicas constituem dado concreto, conquanto integrem a realidade histórico-social, ou mesmo a realidade cultural. Forçoso dizer que o Direito integra o mundo da Cultura. A Ciência do Direito É Ciência Cultural. No entanto, não é pacífico o entendimento, já que juristas como Kirchman defenderam a tese de que o Direito não é ciência, na medida em que a simples alteração da lei é capaz de inviabilizar todo um sistema jurídico. Capograssi, no entanto, respondeu a essa clássica objeção, defendendo que o objeto da Ciência do Direito é a “experiência jurídica” e não a “norma jurídica”. Segundo Paulo D. Gusmão “não é a norma que é mutável, mas sim o seu conteúdo”. Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale. Fato, valor e norma. Todas as teses tridimensionais concebem a trilogia fato valor e norma. No entanto, é com o jusfilósofo Miguel Reale (1910/2006) que o conceito alcança a sua melhor síntese. Enquanto que nas fórmulas (chamadas por Reale de) abstratas ou genéricas, os três elementos se somam, porém sempre com a prevalência de um deles, para Reale, a realidade fático-axiológico-normativa se apresenta de forma unitária. Somente encontram sentido em conjunto, sob estreita simbiose. As notas dominantes do fato, valor e norma se refletem respectivamente na eficácia, fundamento e vigência. Toda experiência jurídica pressupõe a existência dos três elementos, ou seja, “um elemento de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo”. O Direito pode ter as seguintes dimensões: Direito como valor (o que é justo ou injusto, certo ou errado,...): apreciação da Política Jurídica (legislador), da Deontologia; Direito como norma jurídica: Dogmática Jurídica ou Ciência do Direito; Direito como fato social: Sociologia, História. Em sua concepção, o fenômeno jurídico é uma realidade fático-axiológico-normativa, que se revela como produto histórico-cultural, dirigido à realização do bem-comum. É realidade cultural, conquanto resultado da experiência do homem. Portanto, a norma seria o instrumento prático do Direito, regulando um fato em função de determinado valor que se pretende adotar no meio social. Finalizando, Para que haja um fenômeno jurídico, é necessário que haja: fato (social, econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica, etc.) valor (conferindo ao fato determinada significação que deve ser preservada) regra (relação ou medida que integra o fato ao valor) Mecanismos de Controle Social (Religião, Moral, Normas de Trato Social e o Direito. O Direito não vem a ser o único instrumento responsável pela harmonia da vida social. Também o são assim considerados a Religião, a Moral e o Trato Social. Direito e Religião: Aspectos Históricos: Desde a mais remota antiguidade, a falta de conhecimento jurídico era substituída pela fé. O próprio Direito era considerado como expressão da vontade divina. Durante todo o (longo) tempo em que o Direito permaneceu mergulhado na Religião, o conhecimento jurídico ficou restrito à classe sacerdotal. Na Idade Média (também conhecida como a Idade das Trevas) ficaram conhecidos os ditos “Juízos de Deus”, baseados na crença de que Deus interferia nos julgamentos e, conseqüentemente, na Justiça. Nesse período era comum a aplicação dos “Ordálios”. Se uma pessoa era acusada de crime era submetida a julgamento divino. Assim, dentre outras modalidades, uma barra de ferro incandescente era colocada no braço do acusado, sendo que, se fosse inocente aos olhos de Deus, a barra não deixaria marcas. Já sob Carlos Magno, provavelmenteo único grande legislador na Idade Média, houve nítida preocupação com a separação do Direito Civil e o Direito Canônico. Foi qualificado, posteriormente, como doutor “in utroque jure, “doutor em ambos os direitos”, o que então é o título recebido pelos que acumularam um duplo doutorado, o do direito civil e o do direito canônico”.�Todavia, foi uma ilha de lucidez em um oceano de ignorância. A laicização do Direito tomou força em meados do século XVII, com o holandês Hugo Grócio (Grotius) que desvinculou a idéia de Direito Natural, de Deus�. No Século XVIII, principalmente na França à época da Revolução Francesa, a separação entre o Direito e a Religião sofreu grande impulso. Na sociedade atual, basicamente, sob o Islamismo é que o Direito ainda se encontra enraizado à religião. Salvo a Turquia que adotou o Estado Laico, os demais países islâmicos são (de formas variadas) teocracias. Peculiaridades e convergência: Há vários pontos convergentes entre Religião e Direito, dentre os quais, o bem. A Justiça como objeto final do Direito, integra a idéia do bem. O valor Justiça, portanto, não é privilégio do Direito. Duas diferenças estruturais separam o Direito da Religião. A uma) A alteridade, elemento indissociável ao Direito, é desnecessário na Religião. A duas) O Direito tem por meta a segurança, ao passo que esse conceito do ponto de vista religioso é inatingível. Direito e Moral: Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem, muito pelo contrário, se complementam e se influenciam mutuamente. O Direito, a despeito de distinguir-se cientificamente da Moral, é enormemente influenciado por ela, sugando grande dose de conteúdo. A Moral, assim como a Religião, tem como finalidade o bem, confluindo, destarte com o Direito. A Moral pode ser categorizada em três esferas: Autônoma: Corresponde à noção de bem particular a cada consciência, de caráter individualizado e isenta que qualquer condicionamento; Ética superior: Consiste na noção do Bem que as seitas religiosas consagram, transmitem e mesmo impõem aos seus seguidores; Social: Constitui um conjunto predominante de critérios e princípios que, cada sociedade, em dado lapso de tempo, orienta a conduta de seus membros. Embora os princípios da Moral e o Direito, tenham berço na Grécia Antiga, nem a sua sabedoria soube dissocia-los. Somente em Roma com a instituição do Corpus Juris Civilis, é que os fenômenos jurídicos foram diferenciados da Moral. Da mesma forma que ocorreu com a Religião, durante a Idade Média, a Moral novamente não se distinguiu do Direito. Carlos Magno, em suas capitulares� deixou de forma expressa a sua preocupação com valores morais. Segundo o historiador Jean Favier, “Embora o rigor de Carlos seja implacável, sua preocupação com a equidade e sua benevolência com os humildes não são menos patentes”.� O mesmo autor cita, dentre o rol dos preceitos morais de Carlos Magno “Daí esmolas aos pobres...acolhei os peregrinos...visitai os enfermos ...tende compaixão dos encarcerados...pagai as vossas dívidas ... resgatai os cativos...evitai a embriaguez e os exageros à mesa”. Pregava que as multas não deviam arruinar o condenado e que os condes dessem prioridade aos humildes e não aos poderosos, dentre outras normas de cunho essencialmente moral.� Porém, foi com Tomasius, em 1705, que se deu a primeira diferenciação entre o Direito e a Moral. Radicalizou, na medida em que rejeitava-a completamente. Tal corrente (ampliada por Kant e Fichte) gerou reações futuras entre jusfilósofos, que buscaram reaproximar as duas ordens. Posteriormente, Kelsen formularia sua própria teoria sobre a total separação entre o Direito e a Moral. Temos ainda critérios de distinção: Determinação do Direito e a Forma não Concreta da Moral: Enquanto o Direito se manifesta em normas, a Moral, com suas três esferas, estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações; Bilateralidade do Direito e Unilateralidade da Moral: Para cada Direito existe um dever correspondente, portanto, relação bilateral. A Moral exige apenas deveres, sendo, destarte, unilateral; Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral: Enquanto a Moral se ocupa da vida interior, caso típico da consciência, o Direito se preocupa com das ações humanas e, somente quando necessário é que apura o “animus” do agente; Autonomia e Heteronomia: Ao passo que a Moral é autônoma e representam o querer espontâneo, o Direito é heterônomo, na medida em heteronomia nada mais é do que sujeição ao querer alheio. As normas são impostas independentemente da vontade individual. E mesmo a adesão espontânea à lei, não descaracteriza a heteronomia. Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da Moral: Entre os processos que regem a conduta social, apenas o Direito é coercível. A Moral dispensa o caráter coativo, muito embora exerça função intimidativa. O Direito e as Regras de Trato Social. Segundo Nader, “Se o homem observasse apenas os preceitos jurídicos, o relacionamento humano, como já vimos, se tornaria mais difícil, mais áspero e por isso, menos agradável”. E daí profere “são padrões de conduta social, elaboradas pela sociedade e que, não resguardando os interesses de segurança do homem, visam tornar o ambiente social mais ameno, sob pressão da própria sociedade.” Podemos destacar facilmente algumas dessas condutas: Educação, etiqueta, moda, cortesia, cerimonial, protocolo, amizade, gentileza, companheirismo, linguagem, dentre outros. Pode o ser humano desrespeitar qualquer das condutas sociais acima mencionadas, sem que haja qualquer espécie de sanção. Ou seja, caso determinado morador de um condomínio não costume cumprimentar os vizinhos, por mais que seja antipática sua conduta, a mesma não ensejará punição. A título de compreensão, impõe-se conhecimento sobre aspectos históricos.� Caracteres das Regras de Trato Social: 1. aspecto social; 2. exterioridade; 3. unilateralidade; 4. heteronomia; 5. incoercibilidade; 6. sanção difusa; 7. isonomia por classes e níveis de cultura. Todos os instrumentos de controle social buscam, portanto, o aprimoramento das relações sociais, com a diferenciação de que apenas o Direito detém a característica da coercibilidade. Direito Moral Regras de Preceitos Trato Social Religiosos Bilateral Unilateral Unilaterais Unilaterais Heterônomo Autônoma * Heterônomas Autônomos Exterior Interior Exteriores Interiores Coercível Incoercível Incoercíveis Incoercíveis Sanção Prefixada Sanção Difusa Sanção Difusa Sanção Prefixada (geralmente) * (ressalvas a Ética Superior Moral Social) A Teoria dos Círculos e o Mínimo Ético. Teoria dos Círculos Concêntricos: Jeremy Bentham (1748-1832), concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo a figura geométrica dos círculos. Em sua teoria, o Direito está totalmente inserido no campo da Moral. Teoria Dos Círculos Secantes: Du Pasquier entendeu que a representação geométrica da relação não seria de círculos concêntricos, porém, secantes. Direito e Moral teriam campos em comum, mas, concomitantemente áreas diferentes. Visão Kelseniana: Ao desvincular o Direito da Moral, pretendeu um sistema de círculos independentes, visto entender que a norma é o único elemento essencial do Direito. Teoria do Mínimo Ético: Desenvolvida por Jellinek. Pretende que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao bem-estar comum. Da forma posta por Jellinek, o Direito integraria, portanto, o campo da Moral dotado de garantias específicas. Tal situação convergiria com a Teoria dos Círculos Concêntricos. Tem-se que essa teoria é equivocada. Ao se adotar as teorias dos círculos, inevitavelmente, o melhor hipótese recairá sobre a Teoria dos Círculos Secantes,visto que, como já foi demonstrado, o Direito recebe valores morais, logo, da Moral não está totalmente dissociado como pretende Kelsen, nem nela está inserido como pensou Bentham. Pelo mesmo motivo, rejeita-se a teoria formulada por Georg Jellinek. De todo modo, a despeito de facilitar o entendimento, as representações gráficas carregam a desvantagem de simplificar demasiadamente os problemas. CONCLUSÃO: O Direito não atua sozinho no que tange ao chamado controle social. A religião, a moral e as regras de trato social também o fazem. Contudo, o Direito deles se diferencia, pois possui poder legal de punir. Para isso, cria regras, estabelece punição para os casos de descumprimento e, nesse caso, tem o dever de aplicar as punições previstas na norma jurídica. Ainda que as religiões tenham normas internas e prevejam algumas sanções, tais punições não são absolutas, na medida em que o membro da congregação não está obrigado legalmente a acatá-las. Nada impede que um fiel insatisfeito mude de seita. No caso do Direito, não há como desprezar a norma nem a punição por ela prevista. Uma vez estabelecida a norma, é dever de todos cumpri-la, sob pena de sofrer alguma punição. Aula 03 Divisões do Direito: Direito Natural e Direito Positivo; Direito Objetivo e Direito Subjetivo; Diferenças entre Direito Público Interno e Externo e o Direito Privado Interno e Externo; Divisões e Dicotomias do Direito: Direito Natural e Direito Positivo; Direito Objetivo e Direito Subjetivo; A PEQUENA DICOTOMIA: Uma das peculiaridades do direito é a existência de divisões e dicotomias. Dentre as chamadas dicotomias, eis a renomada “Pequena Dicotomia” que expõe de forma antagônica as correntes do jusnaturalismo e juspositivismo. Direito Natural: Segundo Paulo Nader, “O motivo fundamental que canaliza o Direito Natural é a permanente aspiração de Justiça que acompanha o homem”. Assevera, ainda, que o Direito Natural vem a ser o eixo em torno do qual gira a Filosofia do Direito. Via de regra, ou o jusfilosofo adota o jusnaturalismo ou cai no monismo jurídico voltado apenas ao positivismo jurídico. Por sua vez, o jusnaturalismo é a corrente jurídica que engloba todos pensamentos surgidos no decorrer da história em torno do Direito Natural, ainda que, sob diferentes faces. Em face do fortalecimento do positivismo na primeira metade do século XX, aliado aos excessos praticados ao final do Século IX pela Escola do Direito Natural (que não se confunde com o Direito Natural, sendo apenas mais uma espécie do gênero), o Jusnaturalismo passou por momentos críticos, vivendo, contudo, uma fase de renascimento. Defendem os Jusnaturalistas que a lei, para que atinja a realização da justiça, deve estar irremediavelmente apoiada em princípios de Direito Natural. Direito Positivo Enquanto o Direito Natural reflete a uma ordem de justiça que a natureza ensina ao homem através da razão e da experiência, o Direito Positivo é aquele que o Estado impõe à sociedade. Contudo o entendimento correto é o de que o Direito Positivo deve estar adaptado aos princípios fundamentais do Direito Natural, refletidos no respeito à vida, à liberdade e aos desdobramentos filosóficos que lhe são inerentes. No entender de Paulo Nader “Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo”. Conquanto tenha como característica a regra escrita, admite normas costumeiras orais. Daí ser o Direito Consuetudinário (Costumeiro) fonte do Direito. � Isto apenas como expressão da vontade do Estado, é um instrumento que tanto pode servir à causa humana e, dessa forma cumprir com a sua finalidade, como pode agir negativamente consagrando valores nocivos à humanidade. O Positivismo Jurídico, enquanto escola de pensamento, rejeita todos os elementos abstratos na área do Direito, inclusive o ideário de Direito Natural. A lei assume a condição de valor único. Tem como próceres Hans Kelsen e Leon Duguit, e no Brasil, Tobias Barreto, Clovis Beviláqua, Sílvio Romero, Pedro Lessa e Pontes de Miranda. Na definição de Paulo de Dourado Gusmão, Direito Positivo “é o direito vigente, histórico, efetivamente observado, passível de ser imposto coercitivamente,”. É o direito vigente, estabelecido nas constituições, códigos, leis, decretos, resoluções, tratados internacionais, costumes, decisões de tribunais, dentre outros.� Possui dimensão temporal, pois é direito promulgado (legislação) ou declarado (precedente judicial), tendo vigência a partir de determinado momento histórico, perdendo-a quando revogado em determinada época. Reflete valores, necessidade e ideais históricos. É o direito que tem ou teve vigência.� A justiça é absoluta?� Linha positivista - Não. É algo subjetivo e as medidas do justo são variáveis e variam de grupo para grupo e até de pessoa para pessoa. “É um ideal irracional, um bonito sonho da humanidade”. Justo é aquilo que o legislador dispõe. Linha jusnaturalista - Sim. A medida do justo deriva do Direito Natural que é eterno, imutável e universal. Direito Objetivo e Direito Subjetivo Aqui não se trata de dicotomia, mas sim, de conceitos que se completam. É necessária a existência da norma agendi (a norma) para que apareça a facultas agendi (o direito de usufruir da norma). Ou seja, é preciso que exista o direito em sentido objetivo, para que o agente possa invocar os direitos (subjetivos) por ela concedidos. Direito Objetivo Direito Objetivo e Subjetivo não são realidades díspares, muito pelo contrário, são como duas faces da mesma moeda. Não são antagônicos. Sob o aspecto objetivo, o Direito é regra (norma) de organização social. Na visão de Paulo Dourado de Gusmão “Quando consideramos o direito como norma obrigatória, ou como conjunto de normas obrigatórias, entendemo-lo como direito objetivo, ou seja, direito em sentido objetivo”. É objetivo, na medida em que decorre da norma, expresso em lei. Toda lei ou norma nela contida é exemplo de direito objetivo. Direito Subjetivo O Direito Subjetivo corresponde às possibilidades ou poderes de agir que a ordem jurídica garante ao indivíduo. Quando dizemos, por exemplo: “Fulano tem direito de pedir uma indenização” – podemos afirmar que esse indivíduo possui direito subjetivo, identificado na faculdade (garantida pela lei) de poder exigir uma reparação. Especial a definição de Paulo Dourado de Gusmão para quem “Direito Subjetivo, de modo geral, pode ser entendido como a prerrogativa ou faculdade outorgada, por lei ou por contrato, a uma pessoa, para praticar certo ato”. Assevera ainda que “É subjetivo por ser direito de uma pessoa, opondo-se por isso ao direito objetivo”. Diferenças entre Direito Público Interno e Externo e o Direito Privado Interno e Externo – A GRANDE DICOTOMIA. DIREITO PÚBLICO: Direito Público Interno: Quando o Estado participa da relação jurídica com seu poder de mando (imperium) que lhe é inerente. Ocorrem quando são disciplinados os interesses gerais da coletividade, nos quais o interesse público se impõe. Exemplo: Relações entre o Fisco e o contribuinte, relações entre o Estado e seus funcionários, relações entre o Estado e cidadão que teve seu imóvel desapropriado, etc; Direito Público Externo: Estabelece as relações entre países. Nesse caso, não há poder de “imperium”. As relações entre as partes não são de subordinação, mas sim, de coordenação. DIREITO PRIVADO: É o Direito em que predomina o interesse privado e em que as partes se apresentam em condições de igualdade, podendo nelas o Estado participar, desde que não investido de sua autoridade ius imperium. Exemplo: As relações decorrentes de um contrato, seja entre particulares, seja entre o Estado e uma pessoa física ou jurídica, é uma relação de direito regulada pelos instintos constantes do Direito Civil. Segundo Tércio Sampaio Ferraz Jr.“No direito privado vige, supremamente, o princípio da autonomia privada. Os entes privados gozam dessa capacidade de estabelecer normas conforme seus interesses.”� CONCLUSÃO: Com o fim da II Grande Guerra e o advento do Pós Positivismo, de um lado os jusnaturalistas compreendem que os chamados Direitos Naturais não são efetivos, se não constarem da Lei, pois sem a sua existência legal, o cidadão não pode evocar a proteção do Estado. Por outro lado, os juspositivistas, compreendem que a Lei não pode ser um fim, em si mesma. Passam a entender que ela só tem legitimidade se estiver imbuída de valores sociais, ou seja, se representa uma necessidade da sociedade. Aula 04 Principais ramos do Direito Público Interno; Principais ramos do Direito Privado Interno; Unificação do Direito Privado; O Direito Misto A Questão do Direito do Trabalho; A Questão da superação da Dicotomia do Direito Público e Privado Principais ramos do Direito Público Interno Direito Constitucional - Regula a estrutura fundamental do estado e determina as funções dos respectivos órgãos. As suas normas referem-se à organização fundamental do estado e regem a estruturação e o funcionamento dos seus órgãos, alem das relações mantidas com os cidadãos. As normas constitucionais dispõem sobre a auto-organização do Estado, limitando a ação de governo ao estabelecer faixas de competência; bem como consagram o Direito de garantia das pessoas, sendo certo que as constituições modernas estabelecem todo um rol de garantias fundamentais do homem.� Direito Administrativo Regula não só a organização como também o funcionamento da administração pública. As suas normas referem-se às relações dos órgãos do estado entre si ou com os particulares. Esse direito, estabelece as bases para a realização do serviço público, isto é, da atividade estatal dirigida à satisfação das necessidades coletivas consideradas de fundamental importância. Está profundamente inserida no nosso cotidiano, pois não apenas estabelece as regras internas da administração pública, como tecem parâmetros de conduta externa, tais como os códigos de postura, caça e pesca, extratividade mineral, e outros. Ainda em plena fase desenvolvimento no Brasil, busca dar à administração pública uma “performance” mais profissional de modo a dar mais eficiência no atendimento à demanda dos serviços públicos. � Direito Penal É o ramo do Direito Público que define os crimes, estabelece as penalidades correspondentes e dispõe sobre as medidas de segurança. Também recebe a denominação de Direito Criminal. O Direito Penal é bastante influenciado pela Moral, sendo que na definição das infrações, baseia-se em princípios morais relevantes e essenciais ao bem-estar público.� O Direito Penal visa garantir a segurança individual, a ordem pública e paz social. Tutela bens existenciais (vida, saúde, honra, liberdade, integridade física, etc) e bens patrimoniais, bem como a ordem pública, bons costumes, funcionamento do Estado, bens e interesses do Estado.� Direito Processual (Direito Judiciário) Regula o exercício do direito de ação, assim como a organização e funcionamento dos órgãos judiciais. As suas normas disciplinam todos os atos judiciais, tendo em vista a aplicação do Direito ao caso concreto. É o ramo que se dedica à organização e que regula a atividade jurisdicional do Estado para a aplicação das leis a cada caso. Direito Financeiro O direito financeiro é uma disciplina que tem por objeto toda a atividade financeira do Estado concernente à realização da receita e despesa necessárias à execução do interesse da coletividade. Direito Tributário O direito tributário disciplina às relações entre o Fisco e os contribuintes, tendo como objeto primordial o campo das receitas de caráter compulsório, isto é, as relativas à imposição, fiscalização e arrecadação de impostos, taxas e contribuições, determinando-se, de maneira complementar os poderes do Estado e a situação subjetiva dos contribuintes, como complexo de direitos e deveres. Suas sanções são tanto patrimoniais (multa, correção monetária, etc) quanto pessoais (prisão), nesse caso com o diferencial de que, a prisão pode ser atenuada caso o contribuinte infrator quitar o débito fiscal, quando notificado para tal.� Direito Canônico O que regula as relações da Igreja. Consiste em um conjunto de normas disciplinares que regulam a vida de uma comunidade religiosa ou as decisões dos seus concílios. Direito Internacional Público Regula as relações dos Estados soberanos entre si. As normas tutelam as relações dos titulares de direitos subjetivos no plano Internacional e estabelecem o regime jurídico da convivência dos Estados soberanos, regulando as relações dos países considerados como sujeitos de direito e de deveres, estabelecidos por acordo, ou por costume. Direito do Menor Regula todos os aspectos e medidas à assistência, proteção e vigilância a menores de dezoito anos que se encontrem em situação irregular, segundo a definição legal, e a menores de dezoito a vinte um anos de idade nos casos expressos em lei. Direito de Minas Regula as questões concernentes aos recursos minerais, sua industrialização e produção, assim como a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais. Direito Eleitoral Regula todos os aspectos pertinentes ao sufrágio. As suas normas destinam-se a assegurar a organização e o exercício do direito de votar a ser votado. Direito Político Regula os direitos e os deveres do estado no âmbito interno, abrangendo a denominada Teoria Geral do Estado e a História das Idéias Políticas. Observações sobre o Dir. Processual: O Direito Processual Civil regulamenta o processo que tem por objeto, matéria cível, ou seja, todo litígio não encampado na âmbito penal. A iniciativa depende da vontade das partes e seus efeitos alcançam somente os indivíduos que são parte no processo. O Direito Processual Penal dispõe sobre a ação penal, ou seja, o exercício do poder punitivo do Estado e, ao contrário de que ocorre no cível, a ação pode sofrer alteração no seu decorrer, atingindo indivíduos que inicialmente não integravam o processo. Além das distinções clássicas, no Brasil, começa-se a discutir a existência de relação processual administrativa, o que, num primeiro instante faz bastante sentido, na medida em que o processo administrativo segue ritualística bastante similar à do Direito Processual.� Ramos do Direito Privado Interno;� Direito Civil Regula os interesses fundamentais do homem no que concerne às relações dos indivíduos com as próprias pessoas, com os seus bens, com suas obrigações e ainda no que diz respeito às sucessões. É o conjunto de normas que regulam os interesses fundamentais do homem, pela simples condição de ente humano. Vinha perdendo prestígio, na medida em que suas subdivisões se tornam autônomas, mas resgatou sua força com a tendência unificadora atual do D. Privado. Certamente, o mais cotidiano dos direitos, trata do dia a dia do cidadão em suas relações particulares. O Direito Civil já era praticado no Direito Romano, ante a constatação de que os direitos individuais, em nada interessavam ao Estado. Direito Empresarial Regula as relações jurídicas inerentes ao comércio e às atividades empresariais. Normas que disciplinam sob os mais variados aspectos a atividade mercantil. De apêndice do Direito Civil, tornou-se autônomo na medida em que, a partir da Idade Média, o comércio naval se agigantou e necessitou alto grau de normatização. Com a unificação do D.Privado e a sua assimilação pelo Código Civil, dizem alguns autores que se tornou novamente um sub-ramo do D. Civil. Direito Industrial Regula a propriedade industrial, envolvendo principalmente os aspectos relacionados à concessão de privilégios e de registro, assim como os concernentes à repressão a falsas indicações de procedência e a concorrência desleal. DireitoInternacional Privado Dedica-se à solução dos conflitos de leis no espaço. Direito do Trabalho*: É o corpo de princípios e normas jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como os riscos e as relações que dela se originam. Normatiza a convivência entre empregador e empregado dentro da empresa moderna. Até meados do século XX, ainda se encontrava sujeito ao Direito Civil. A posição do Direito Misto há décadas desperta dissonância doutrinária, pois, quando de sua aparição no Brasil era considerado D. Público. Mais tarde, por sua natureza híbrida, foi considerada como Direito Misto (ver abaixo). Atualmente, autores o identificam ora como Direito Privado, ora como Direito Social, conforme a corrente filosófica do autor. A Unificação do Direito Privado. A unificação do Direito Civil no Brasil partiu da idéia de Teixeira de Freitas, que à época do Império recebeu a incumbência de elaborar um Código Civil, concluindo seu trabalho em 4.098 artigos no monumental esboço de Código Civil, declarou haver chegado à conclusão de que as obrigações civis e mercantis deviam ser disciplinadas num só Código.� Hoje, com o novel Código Civil essa tendência retorna já que o Direito Financeiro, por exemplo, foi completamente assimilado por ele. O Direito do Trabalho, como foi dito, grande parte dos autores modernos o enquadra como Direito Social. Por essa visão, tanto o Direito de Família quanto o Direito empresarial, por exemplo, estariam subordinados ao Direito Civil, o que justificaria essa tendência de unificação. Principais teorias contrárias à divisão clássica: Teoria Monista (Hans Kelsen) – Suprime a bipartição do Direito Positivo em Público e Privado. Partindo de sua Teoria Pura do Direito, desenvolveu a tese de que toda a produção jurídica emana do Estado, de forma que todo Direito é, em essência, público. Jellinek, com menos rigor, limitou-se a declarar a dependência do Direito Privado ao Público. Trialismo – Admite a existência do Direito Misto, como pretende Paulo Dourado de Gusmão, entendendo que o mesmo tutela, tanto o interesse público ou social, como o interesse privado. Paulo Nader discorda, na medida em que a sua admissão implicaria na supressão dos demais, pois em todos os ramos do Direito há normas de um ou outro gênero. A Questão do Direito do Trabalho; Inicialmente classificado como ramo do Direito Público, em razão da presença de normas públicas, autores como Paulo Nader evoluíram para o conceito de que o Direito do Trabalho está melhor classificado dentro do Direito Privado, já que as suas relações jurídicas não são de subordinação. O Estado interfere criando normas, mas não é sujeito da relação e, mesmo quando é, não detém o “imperium”. Já Paulo Dourado de Gusmão, defende que, justamente por possuir tanto características de Direito Público e Privado deve ser categorizado como DIREITO MISTO. Outros autores, como a Prof. Raquel Hogeman acreditam pertencer ao novo ramo denominado Direito Social. O Direito Misto No Brasil, Paulo Dourado de Gusmão, conforme indicado acima é o prócer da corrente que defende a figura do DIREITO MISTO. Entende-se por Direito Misto ramo ou instituto jurídico que tenha tanto características de Direito Público e Privado. Assim, a questão da propriedade no Brasil há de ser analisada sob um prisma diferenciado. Com base no Direito Romano, o Direito Brasileiro sempre teve a propriedade como um direito privado de natureza absoluta. Ocorre que a Constituição Brasileira optou pelo modelo de propriedade social, impondo ao proprietário dar função social ao seu imóvel, sob pena de perdê-lo. Assim, o Estado ganha um poder interventivo efetivo sobre a propriedade privada, equilibrando as relações de natureza pública e privada. Tem-se, portanto que a propriedade no Brasil é tipicamente de Direito Misto. Ramos como o Direito Marítimo, o Direito aeroespacial, dentre outros, igualmente são norteados tanto pelo Direito Público quanto pelo Privado, de forma que seriam categorizados como Direito Misto. Cabe mencionar que a corrente do Direito Misto é majoritária no Direito Brasileiro O Direito Social Tendência nova na Doutrina Brasileira, cujos principais autores defendem que alguns ramos do Direito, por sua natureza são estritamente sociais. Com o Advento da Constituição de 1988, com efeito, alguns institutos jurídicos receberam maior proteção jurídica, por estarem adstritos a questões de natureza social. O Direito de Propriedade, por exemplo, é caso emblemático já que o mau uso da propriedade pode acarretar na sua perda.� A Teoria do Direito Social é sustentada pelos doutrinadores que reconhecem a existência de um terceiro gênero na Enciclopédia Jurídica, ao lado do Direito Público e do Direito Privado, chamado "Direito Social". Seu principal representante é CESARINO JÚNIOR. Para os adeptos desta teoria, o Direito Social abrange todas as normas de proteção às pessoas economicamente fracas. Assim, seriam ramos do Direito Social, o Direito do Trabalho e o Direito da Seguridade Social. DIREITO SOCIAL Direito do Trabalho Regula as relações trabalhistas. Suas normas referem-se à organização do trabalho, privado e subordinado, sob os mais variados aspectos, inclusive acerca dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores. Direito da Previdência e Assistência Social Disciplina precipuamente a garantia dos meios indispensáveis à manutenção, por idade avançada, incapacidade, tempo de serviço, encargos familiares, prisão ou morte, dos trabalhadores, à manutenção dos seus beneficiários, assim como a organização dos serviços destinados à proteção da saúde e bem-estar deles. Na visão deste autor, lamentavelmente, em que pese a Constituição Brasileira tratar o Direito Previdenciário como Direito Social, na prática é Direito Financeiro. Enquanto a doutrina e a legislação se importam com o lado social, os governos basicamente se ocupam das questões atuariais e a sua capacidade de custeio. Teoria do Direito Unitário ou do Direito Misto com Unicidade Conceitual Esta teoria é sustentada por EVARISTO DE MORAES FILHO e ARNALDO SUSSEKIND. O primeiro utiliza o termo: "Direito Unitário", o segundo prefere "Direito Misto com Unicidade Conceitual". Os demais defensores desta teoria adotam uma ou outra denominação. Segundo esta orientação doutrinária, o Direito do Trabalho é resultado da fusão de ramos do Direito Público e de Direito Privado que origina um todo orgânico, totalmente distinto dos dois ramos que lhe deram origem. A teoria do Direito Unitário difere-se da Teoria do Direito Misto por entender o Direito do Trabalho como um amálgama e não uma mera mistura de substâncias dos dois gêneros clássicos. Do ponto de vista científico, é, indubitavelmente, mais coerente”.� A Questão Da Superação Da Dicotomia Do Direito Público e Privado DICOTOMIA: Divisão lógica de um conceito em dois outros conceitos. O estudo do Direito está dividido em duas grandes dicotomias: Direito Natural x Direito Positivo Direito Público x Direito Privado Como é comum no Direito, o debate de idéias é freqüente e muito se aplica na questão da Dicotomia entre o Direito Público e o Privado. O tema ainda é motivos de acaloradas discussões acadêmicas, já que muitos autores e professores modernos adotam a tese do Direito Misto e, destarte, consideram superada tal dicotomia. Outros, como Paulo Nader, rejeitam tal superação e continuam adotando a divisão clássica. A Dicotomia entre o Direito Público e o Privado é histórica, servindo a propósitos ideológicos. Com início em Roma, a divisão foi praticamente abandonada na Idade Média e resgatada pelo Direito liberal burguês, que pretendia o afastamento do Estado nas relações jurídicas, sobretudo, no que se referia a direitos trabalhistas. Como bem salienta J.M.Leoni Lopes de Oliveira, partindo dos ensinamentos de Norberto Bobbio, o simples fato de o estudo das diferenças entre o Direito Públicoe Privado, ser fundamental para a compreensão futura do Direito Civil, o estudo de tal dicotomia se torna essencial.� CONCLUSÃO: As novas teorias trialistas, em especial, a do Direito Misto, muito difundida entre os doutrinadores brasileiros, por exemplo, faz que reste superada a velha contenda entre Direito Público e Privado. Na medida em que uma dicotomia é a divisão antagônica de dois conceitos, o surgimento de um terceiro, acaba por fulminar a velha questão. Aula 05 Fontes do Direito � Conceito e Classificação Distinção entre Fontes Materiais e Formais do Direito A Lei Os Costumes O Papel da Doutrina e Jurisprudência no Sistema Jurídico Brasileiro Fontes do Direito: Aspectos Gerais: Segundo Paulo Nader, “A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito”. A divergência se dá, sobretudo, em relação ao elenco das fontes. O termo “Fonte do Direito” é sempre utilizado de forma metafórica, já que em sentido estrito, fonte vem a ser uma nascente donde brota uma corrente de água. Conceito: A fonte do direito é o seu elemento formador. Donde o Direito vai buscar sua essência. Significa a origem do direito, é de onde provém o Direito. Classificação: As fontes do Direito, via de regra, são classificadas em materiais e formais. No entanto, Paulo Nader defende que apesar das mutações do direito no tempo e no espaço, ele contém idéias permanentes que se conservam presentes da ordem jurídica, pelo que, defende a existência de Fontes Históricas. Fontes Materiais. A fonte material ou real aponta a origem do direito, configurando sua gênese, daí ser fonte de produção, aludindo a fatores éticos, sociológicos, históricos, políticos, etc., que produzem o direito, condicionam o seu desenvolvimento e determinam o conteúdo das normas.� Fontes Formais. A Fonte Formal dá forma às fontes materiais. Refere-se ao modo de manifestação do direito mediante os quais o jurista conhece e descreve o fenômeno jurídico, sendo, portanto, fonte de cognição. Podem ser Estatais e Não estatais.� Paulo D. Gusmão admite ainda a subdivisão normas Supra-estatais. Fontes Estatais: Lei, regulamento, decreto, medida provisória; Fontes Infra-Estatais: Costume, contrato coletivo de trabalho, jurisprudência, doutrina; Fontes Supra-Estatais: Tratados Internacionais, costumes internacionais, princípios gerais do direito dos povos civilizados. ( materiais ou reais: apontam a origem do Direito; são as forças sociais criadoras do Direito. Fontes ( formais: são os modos ou formas de manutenção do Direito. Distinção entre Fontes Materiais e Formais do Direito Fontes Materiais: As fontes materiais são o conjunto de valores ou circunstâncias sociais que, constituindo o antecedente do direito, contribuem para a formação do conteúdo das normas jurídicas. Consistem no conjunto de fatos sociais determinantes do conteúdo do direito nos valores que ele busca realizar fundamentalmente sintetizados no conceito amplo de justiça. Segundo Paulo Dourado de Gusmão, as fontes materiais “São as constituídas por fenômenos sociais e por dados extraídos da realidade social, das tradições e dos ideais dominantes, com as quais o legislador resolvendo questões que dele exigem solução, dá conteúdo ou matéria às regras jurídicas, isto é, às fontes formais do direito (lei, regulamento etc)”.� Por sua vez, define as fontes formais como os “meios ou as formas pelas quais o direito positivo se apresenta na História” ou ainda “os meios pelos quais o direito positivo pode ser conhecido. São os meios ou formas (lei, costume�, decreto, etc) pelos quais a matéria (econômica, moral, técnica, etc), que não é jurídica, mas que necessita de disciplina jurídica, transforma-se em jurídica. A Lei A Lei é a principal fonte do Direito Moderno. Historicamente, a primeira legislação de que se tem notícia é o Código de Hamurabi, da Babilônia, que depois se apurou não ser o mais antigo, mas o mais completo que se conhece. Lei: Norma escrita, geral e abstrata, garantida pelo poder público, aplicável por órgãos do Estado, enquanto não revogada.� Para Paulo Nader “A lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais. Não constitui, como outrora, a expressão de uma vontade individual (L´État c´est moi), pois traduz as aspirações coletivas”. Apesar de ser uma elaboração intelectual que exige técnica específica, não tem por base os artifícios da razão, pois se estrutura na realidade social. Sua fonte material é representada pelos próprios fatos e valores que a sociedade oferece.� Como obra humana, o processo legislativo apresenta pontos vulneráveis e críticos. Hervath indica dois aspectos negativos das leis, como fatores da crise do Direito escrito: a) o Decretismo, isto é, excesso de leis; b) vícios do parlamentarismo, quando o legislativo se perde em discussões estéreis sem se atentar para as exigências atuais da sociedade. O que Hervath aponta como Decretismo, denomino fúria legiferante. Fosse a justiça medida pelo número de leis existentes, seria o Brasil, provavelmente, o mais justo dos países. Num período extremamente curto do ponto de vista histórico, ou seja, em pouco mais de 100 anos de república, já convivemos com nada menos que seis Constituições.� Se a lei deve corresponder a uma determinada necessidade social, não pode, evidentemente, ser um fim em si mesma. Ou seja, o legislador não tem legitimidade para criar leis ao seu alvedrio, apenas para ilustrar o seu currículo eleitoral. A lei não é mero pedaço de papel. Não é vaga teoria. Pelo contrário, recai sobre si uma das mais relevantes funções sociais e, como tal, deve merecer todo o cuidado inerente, sob pena de recair sobre si, o estigma da leviandade.� LEI EM SENTIDO AMPLO: Em sentido amplo, emprega-se o vocábulo lei para indicar o jus scriptum (direito escrito). LEI EM SENTIDO ESTRITO: Nesse sentido, lei é o preceito comum e obrigatório, emanado do Poder Legislativo, no âmbito de sua competência. Formação da Lei Iniciativa; Exame pelas Comissões Técnicas, Discussão e Aprovação; Revisão do Projeto; Sanção; Promulgação; Publicação. Os Costumes� Através dos tempos, o Direito Positivo sempre manteve uma íntima conexão com os fatos sociais que constituem, na realidade, a sua fonte material. O Costume é o uso implantado numa coletividade e considerado por ela como juridicamente obrigatório, provém da prática reiterada e uniforme de um certo procedimento. O Direito Costumeiro ou Consuetudinário pode ser definido como um conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, utilizadas reiteradamente, e que geram certeza de obrigatoriedade, reconhecidas e impostas pelo Estado. Enquanto a lei é um processo intelectual que se baseia em fatos e expressa a opinião do Estado, o costume é uma prática gerada espontaneamente pelas forças sociais. A lei é Direito que aspira à efetividade e o costume é a norma efetiva que aspira à validade. � Referências Lei Costume Autor Poder Legislativo Povo Forma Escrita Oral Obrigatoriedade Início da Vigência A partir da efetividade Criação Reflexiva Espontânea Positividade Validade que aspira à Efetividade que aspira à Efetividade validade Condições de validade Cumprimento de formas e respeito Ser admitido como fonte e respeito à hierarquia das fontes à hierarquia das fontes Quanto à legitimidadade Quando traduz os costumes e valo- Presumida res sociais Mesmo em países, como a Inglaterra, onde a jurisprudência é fonte essencial, a lei votada pelo Legislativo vem ganhando espaço no sistema jurídico. O Papel da Doutrinae Jurisprudência no Sistema Jurídico Brasileiro Doutrina A Doutrina ou Direito Científico compõe-se de estudos e teorias, desenvolvidos pelos juristas, com o objetivo de sistematizar e interpretar normas vigentes e de conceber novos institutos, reclamados pelo momento histórico.� Paulo Nader ensina que a doutrina se revela em três direções: Na formação das leis, no processo de interpretação do Direito Positivo e na crítica aos institutos vigentes. Atividade Criadora: A fim de acompanhar a dinâmica da sociedade, deve o Direito evoluir sob a criação de novos princípios e formas. Ao jurista cabe captar as necessidades sociais e converte-las em novos conceitos jurídicos. A doutrina, portanto, introduz novos ensinamentos, conceitos e teorias no mundo jurídico. Função Prática: Ao estudar o Direito Positivo, tende o jurista a lidar com vasta gama de normas jurídicas dispersas, devendo, portanto, sistematiza-las, pois somente tal organização permitirá conhecer o alcance da pesquisa. O resultado dessa seleção e interpretação do Direito Vigente vem a ser útil não apenas para os profissionais do Direito, como para aquele que está sujeito às normas e que a elas estão obrigados a cumprir. Atividade Crítica: O papel dos juristas não deve se limitar a interpretar a mensagem contida nas normas. É fundamental que tenha visão axiológica, avaliando a legislação sob vários prismas. Deve acusar suas falhas conceituais. Há de gerar divergências, sendo que o embate no campo das idéias é que germina em novas fórmulas que irão se refletir nas futuras leis. Com relação à doutrina, no sistema continental ou Civil Law é utilizada apenas como fonte de consulta, na medida que este se baseia na lei, como principal fonte formal. É a doutrina, portanto, fonte material e auxilia na formação de norma jurídica ou de decisões judiciais, despida de caráter obrigatório. Para efeitos práticos ao aluno. Doutrina é sinônimo de ensinamento. Jurisprudência O conceito atual de JURISPRUDÊNCIA serve para indicar os precedentes judiciais, ou seja, a reunião de decisões judiciais, interpretadoras do Direito Vigente.� A Jurisprudência vem a ser, no entender de Paulo Nader, a definição do Direito elaborada pelos tribunais. A Jurisprudência se apresenta sob três espécies: secundum legem: praeter legem: contra legem: Tecnicamente, a Jurisprudência situa-se entra a lei e o costume. Enquanto carrega um processo de reflexão na sua formação, tal como ocorre com a lei, necessita de uma pluralidade de atos, conforme o costume. Em relação ao costume, possui similaridades e distinções. Ambos tem como elemento formador a prática reiterada, de um lado a repetição de determinada prática pelo povo, o Costume; e de outro, a Jurisprudência que requer uma série de decisões judiciais sobre determinada questão legal. Distinguem-se, sobretudo, em três aspectos:� Enquanto a norma costumeira é obra de uma coletividade de indivíduos que integram a sociedade, a jurisprudência é produto de um setor da organização social; norma costumeira é criada no relacionamento comum dos indivíduos, no exercício natural direitos e de cumprimento de deveres; a jurisprudência forma-se, geralmente, diante de conflitos e é produto dos tribunais; a norma costumeira é criação espontânea, enquanto a jurisprudência é elaboração intelectual, reflexiva. A despeito de correntes doutrinárias divergentes, prevalece o entendimento de que são a doutrina e a jurisprudência, fontes do Direito. No entanto, ao contrário do que ocorre nos países de origem anglo-saxônica, onde os costumes podem ser reconhecidos pelos tribunais e, destarte, constituir norma jurídica, no Brasil é apenas fonte de consulta. O Brasil adota o Civil-Law, também denominado sistema continental ou Sistema Romano Germânico, com base no direito romano e no direito consuetudinário germânico. Nesse sistema, a Lei é a principal fonte do Direito.� Nos países que adotam a Commom Law ou Sistema Anglo-Saxônico, via de regra, o Direito é declarado pelo juiz e tem no precedente judicial a sua fonte principal. Nesse sistema, a lei ocupa papel secundário, provocada por situações excepcionais. No entanto, a lei confeccionada pelo Legislativo vem alçando cada vez mais espaço naquele sistema legal. Cabe mencionar, porém que com o advento da – malfadada – Emenda Constitucional 45, passamos a adotar a súmula vinculante, através da qual uma decisão judicial pode em deteminados casos, ter força de lei, conforme ocorre nos países que adotam o Common Law. “É preciso, portanto, ponderar o fato de que ao introduzir instrumento alienígena incompatível com nosso sistema jurídico, a despeito de engessar o direito, atribui ao Poder Judiciário verdadeiro poder legiferante. Deixa, de ser legislador atípico negativo para ser criador de norma jurídica com força de lei. Passa a positivar norma jurídica com o mesmo alcance daquela produzida pelo Poder Legislativo. Torna-se legislador”.� Dessa forma, a jurisprudência como fonte de direito, em nosso ordenamento jurídico deve ser apreciada com cautela. Em se tratando apenas de precedente judicial ordinário, ainda que sumulado, é mera fonte de consulta, ou seja, fonte material. Um vez transformada uma súmula, pelo STF em Súmula Vinculante, é norma em sentido objetivo, ou seja, fonte formal...lamentavelmente! CONCLUSÃO: É importante lembrar que existem sistemas jurídicos diferentes, em virtude do processo histórico em que se desenvolveram. Na medida em que herdou de Portugal o Civil Law, o Brasil tem na LEI (stricto sensu) a sua principal fonte formal. A Doutrina e a Jurisprudência são fontes de consulta, logo, fontes materiais, pois não são de uso obrigatório. Contudo, com o advento das Súmulas Vinculantes, essa espécie de jurisprusdência é considerada fonte formal, já que tem força de lei e, assim, se constitui em norma jurídica. ANEXO I AULA V Abaixo, a demonstração de como tal produção tende a ser rápida e abundante:� SÚMULA VINCULANTE Nº 1 OFENDE A GARANTIA CONSTITUCIONAL DO ATO JURÍDICO PERFEITO A DECISÃO QUE, SEM PONDERAR AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, DESCONSIDERA A VALIDEZ E A EFICÁCIA DE ACORDO CONSTANTE DE TERMO DE ADESÃO INSTITUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 110/2001. SÚMULA VINCULANTE Nº 2 É INCONSTITUCIONAL A LEI OU ATO NORMATIVO ESTADUAL OU DISTRITAL QUE DISPONHA SOBRE SISTEMAS DE CONSÓRCIOS E SORTEIOS, INCLUSIVE BINGOS E LOTERIAS. SÚMULA VINCULANTE Nº 3 NOS PROCESSOS PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO ASSEGURAM-SE O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA QUANDO DA DECISÃO PUDER RESULTAR ANULAÇÃO OU REVOGAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO QUE BENEFICIE O INTERESSADO, EXCETUADA A APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE DO ATO DE CONCESSÃO INICIAL DE APOSENTADORIA, REFORMA E PENSÃO. SÚMULA VINCULANTE Nº 4 SALVO NOS CASOS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO, O SALÁRIO MÍNIMO NÃO PODE SER USADO COMO INDEXADOR DE BASE DE CÁLCULO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO OU DE EMPREGADO, NEM SER SUBSTITUÍDO POR DECISÃO JUDICIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 5 A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO. SÚMULA VINCULANTE Nº 6 NÃO VIOLA A CONSTITUIÇÃO O ESTABELECIMENTO DE REMUNERAÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO PARA AS PRAÇAS PRESTADORAS DE SERVIÇO MILITAR INICIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 7 A NORMA DO §3º DO ARTIGO 192 DA CONSTITUIÇÃO, REVOGADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 40/2003, QUE LIMITAVA A TAXA DE JUROS REAIS A 12% AO ANO, TINHA SUA APLICAÇÃO CONDICIONADA À EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 SÃO INCONSTITUCIONAIS O PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 5º DO DECRETO-LEI Nº 1.569/1977 E OS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/1991, QUE TRATAM DE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SÚMULA VINCULANTE Nº 9 O DISPOSTO NO ARTIGO 127 DA LEI Nº 7.210/1984 (LEI DE EXECUÇÃO PENAL) FOI RECEBIDO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE, E NÃO SE LHE APLICA O LIMITE TEMPORAL PREVISTO NO CAPUT DO ARTIGO 58.SÚMULA VINCULANTE Nº 10 VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ARTIGO 97) A DECISÃO DE ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO DECLARE EXPRESSAMENTE A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO PODER PÚBLICO, AFASTA SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE. SÚMULA VINCULANTE Nº 11 SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. SÚMULA VINCULANTE Nº 12 A COBRANÇA DE TAXA DE MATRÍCULA NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS VIOLA O DISPOSTO NO ART. 206, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 13 A NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LINHA RETA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MESMA PESSOA JURÍDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIREÇÃO, CHEFIA OU ASSESSORAMENTO, PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU DE CONFIANÇA OU, AINDA, DE FUNÇÃO GRATIFICADA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS, COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, VIOLA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 14 É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. SÚMULA VINCULANTE Nº 15 O CÁLCULO DE GRATIFICAÇÕES E OUTRAS VANTAGENS DO SERVIDOR PÚBLICO NÃO INCIDE SOBRE O ABONO UTILIZADO PARA SE ATINGIR O SALÁRIO MÍNIMO. SÚMULA VINCULANTE Nº 16 OS ARTIGOS 7º, IV, E 39, § 3º (REDAÇÃO DA EC 19/98), DA CONSTITUIÇÃO, REFEREM-SE AO TOTAL DA REMUNERAÇÃO PERCEBIDA PELO SERVIDOR PÚBLICO. SÚMULA VINCULANTE Nº 17 DURANTE O PERÍODO PREVISTO NO PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO, NÃO INCIDEM JUROS DE MORA SOBRE OS PRECATÓRIOS QUE NELE SEJAM PAGOS. SÚMULA VINCULANTE Nº 18 A DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE OU DO VÍNCULO CONJUGAL, NO CURSO DO MANDATO, NÃO AFASTA A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO § 7º DO ARTIGO 14 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 19 A TAXA COBRADA EXCLUSIVAMENTE EM RAZÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE COLETA, REMOÇÃO E TRATAMENTO OU DESTINAÇÃO DE LIXO OU RESÍDUOS PROVENIENTES DE IMÓVEIS, NÃO VIOLA O ARTIGO 145, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 20 A GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE TÉCNICO-ADMINISTRATIVA – GDATA, INSTITUÍDA PELA LEI Nº 10.404/2002, DEVE SER DEFERIDA AOS INATIVOS NOS VALORES CORRESPONDENTES A 37,5 (TRINTA E SETE VÍRGULA CINCO) PONTOS NO PERÍODO DE FEVEREIRO A MAIO DE 2002 E, NOS TERMOS DO ARTIGO 5º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 10.404/2002, NO PERÍODO DE JUNHO DE 2002 ATÉ A CONCLUSÃO DOS EFEITOS DO ÚLTIMO CICLO DE AVALIAÇÃO A QUE SE REFERE O ARTIGO 1º DA MEDIDA PROVISÓRIA NO 198/2004, A PARTIR DA QUAL PASSA A SER DE 60 (SESSENTA) PONTOS. SÚMULA VINCULANTE Nº 21 É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO OU ARROLAMENTO PRÉVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ADMINISTRATIVO. SÚMULA VINCULANTE Nº 22 A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO PROPOSTAS POR EMPREGADO CONTRA EMPREGADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NÃO POSSUÍAM SENTENÇA DE MÉRITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/04. SÚMULA VINCULANTE Nº 23 A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO POSSESSÓRIA AJUIZADA EM DECORRÊNCIA DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELOS TRABALHADORES DA INICIATIVA PRIVADA. SÚMULA VINCULANTE Nº 24 NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, PREVISTO NO ART. 1º, INCISOS I A IV, DA LEI Nº 8.137/90, ANTES DO LANÇAMENTO DEFINITIVO DO TRIBUTO. SÚMULA VINCULANTE Nº 25 É ILÍCITA A PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DO DEPÓSITO. SÚMULA VINCULANTE Nº 26 PARA EFEITO DE PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DE PENA POR CRIME HEDIONDO, OU EQUIPARADO, O JUÍZO DA EXECUÇÃO OBSERVARÁ A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2O DA LEI N. 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990, SEM PREJUÍZO DE AVALIAR SE O CONDENADO PREENCHE, OU NÃO, OS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO BENEFÍCIO, PODENDO DETERMINAR, PARA TAL FIM, DE MODO FUNDAMENTADO, A REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. SÚMULA VINCULANTE Nº 27 COMPETE À JUSTIÇA ESTADUAL JULGAR CAUSAS ENTRE CONSUMIDOR E CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO DE TELEFONIA, QUANDO A ANATEL NÃO SEJA LITISCONSORTE PASSIVA NECESSÁRIA, ASSISTENTE, NEM OPOENTE. ANEXO II - AULA V TÉCNICA LEGISLATIVA “Técnica Legislativa é o conjunto de procedimentos e normas redacionais específicas, que visam à elaboração de um texto que terá repercussão no mundo jurídico”. INTRODUÇÃO A elaboração legislativa exige, acima de tudo, bom senso e responsabilidade, pois as leis interferem, direta ou indiretamente, na vida das pessoas. É preciso que tenhamos ciência de que nem todos os problemas podem ser resolvidos através de lei. Por outro lado, uma lei mal feita pode surtir o efeito contrário do esperado, trazendo ainda mais dúvidas à questão que se pretendia esclarecer, e dando margem a desnecessárias batalhas jurídicas. Além disso, a lei tem que levar em conta o interesse do conjunto da sociedade, e nunca privilegiar interesses particulares. Para que tenha validade e não macule o ordenamento jurídico, a lei deve ser elaborada com a observância das seguintes normas, além da legislação específica do tema que se pretende tratar: a) Constituição Federal (arts. 2º, 21, 22, 23, 24, 25, 30, 48, 49, 51, 52, 61, § 1º, 84, 96 e 165) b) Constituição do Estado c) Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado ETAPAS DA ELABORAÇÃO LEGISLATIVA a) Definição da matéria a ser normatizada b) Verificação da possibilidade jurídica c) Estudo da matéria, pesquisa da legislação e jurisprudência (verificar SEMPRE se existe lei pré-existente ou consolidação acerca da matéria) d) Elaboração de anteprojeto e) Revisão do anteprojeto f) Redação final PARTES DAS PROPOSIÇÃO LEGISLATIVA 1. PARTE PRELIMINAR a) Epígrafe - indica o tipo da proposição: Projeto de lei, Projeto de lei complementar, Projeto de resolução, Proposta de emenda à Constituição, Projeto de decreto legislativo (artigo 21 da Constituição do Estado e artigo 145 do Regimento Interno da ALESP – XIII CRI). b) Ementa – deve resumir com clareza o conteúdo do ato, para efeito de arquivo e, principalmente, pesquisa, devendo, caso altere norma em vigor, fazer referência ao número e ao objeto desta. c) Fórmula de promulgação – deve indicar a autoridade ou o órgão legiferante (ex: A Assembléia Legislativa”) e descrever a ordem de execução, traduzida pelas formas verbais "decreta", "resolve" e "promulga". Exemplos A Mesa da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, nos termos do § 3º do artigo 22 da Constituição do Estado, promulga a seguinte Emenda ao texto constitucional: Ou O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei complementar: 2. PARTE NORMATIVA - ORDENAÇÃO DO TEXTO LEGAL a) Artigo – frase que encerra um comando normativo. • Tem numeração ordinal até o 9º e cardinal a partir do 10. • Quando se tratar de um só artigo, deve ser grafado como “Artigo único”. • Deve conter um único comando normativo, fixado em seu caput • As exceções ou os complementos devem ser fixadas em suas divisões (parágrafos e incisos) • As palavras em língua estrangeira devem ser destacadas (itálico, negrito, aspas) • Suas frasesiniciam-se com letras maiúsculas e terminam com ponto final b) Parágrafo – é a fórmula de umas das divisões do artigo. • Deve completar o sentido ou abrir exceções à norma contemplada no caput do artigo • É representado com numeração ordinal, após o símbolo § • Se houver um só parágrafo, será grafado como “Parágrafo único”. • Pode desdobrar-se em incisos. c) Inciso – é usado para exprimir enumerações relacionadas ao caput do artigo ou ao parágrafo. • É expresso em algarismo romano • É iniciado com letra minúscula e termina com ponto e vírgula; salvo o último inciso do artigo, que termina com ponto final • Pode desdobrar-se em alíneas d) Alínea – é usada para enumerações relativas ao texto do inciso. • É grafada em letra minúscula, seguida de parênteses • Seu texto inicia-se com letra minúscula e termina com ponto e vírgula, com exceção da última alínea do inciso • Pode desdobrar-se em item (ex: art. 12 CF) e) Item – é usado para enumerações relativas ao texto da alínea. • É grafado por algarismos arábicos, na forma cardinal, seguido de ponto • O texto do item inicia-se com letra minúscula e termina em ponto e vírgula, com exceção do último item da alínea (ex: art. 145 da CF) 3. PARTE FINAL a) Cláusula orçamentária - O art. 25 da Constituição Estadual dita que nenhum projeto de lei que implique a criação ou o aumento de despesa pública será sancionado sem que dele conste a indicação dos recursos disponíveis, próprios para atender aos novos encargos. b) Cláusula de vigência: “ esta lei entra em vigor na data de sua publicação” ou “... entra em vigor “x” dias após sua publicação”. Na ausência da cláusula revogatória, vale a regra da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, entra em vigor 45 dias após sua publicação. É errado dizer que a lei “entrará” em vigor. c) Cláusula revogatória: deve indicar expressamente as leis ou os dispositivos legais revogados. Em caso de consolidação de leis, utiliza-se a fórmula: "são formalmente revogados, por consolidação e sem interrupção de sua força normativa...“. d) Disposições transitórias: possui numeração própria, iniciando-se por artigo 1º, no final do texto legal. REGRAS PARA REDAÇÃO DAS NORMAS • Usar frases impositivas • construir as orações na ordem direta, evitando adjetivações dispensáveis • buscar a uniformidade do tempo verbal (preferência tempo presente ou futuro simples do presente) • Observar regras de pontuação • articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do objetivo da lei • evitar o emprego de expressão ou palavra que possibilite duplo sentido ao texto • usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado • grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto • indicar, expressamente, o dispositivo objeto de remissão, preterindo o uso das expressões "anterior", "seguinte" ou equivalentes Aula 06 Fontes do Direito (continuação) ou elementos de integração da Lei: A Analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito (no contexto do art. 4º da Lei de Introdução ao CC e do art. 126 do CPC). A Eqüidade (art. 127 do CPC) Noções de integração e de lacunas. � A integração vem a ser o processo de preenchimento das lacunas da lei. O preenchimento dar-se-á por elementos que a própria legislação oferece ou ainda por princípios de ordem jurídica, por intermédio de operação lógica e juízos de valor. Segundo Paulo Nader, a integração se processa pela analogia e princípios gerais de Direito. Nesse aspecto, o Direito reconhece que as leis, por melhor elaboradas que sejam, nem sempre contemplam toda a variedade de acontecimentos de ordem social. A esses lapsos na lei chama-se lacunas da lei e nem sempre ocorrem por incompetência do legislador. Por vezes a sociedade muda sem que a lei alcance tais modificações em um primeiro momento, por falta de percepção. Somente a repetição do fato é levará o legislador a perceber que a lei carece de mudanças. A integração da lei não se confunde com as fontes formais, nem com os processos de interpretação do Direito. Os elementos de integração não constituem fontes formais porque não formulam diretamente a norma jurídica, apenas orientam o aplicador para localizá-las. O POSTULADO DA PLENITUDE DA ORDEM JURÍDICA: Conquanto existam divergências doutrinárias relativas às lacunas da lei, na prática prevalece o postulado da plenitude da ordem jurídica, que consiste no pressuposto de que o Direito Positivo é capaz de prover a sociedade de todas as respostas e soluções para seus problemas. Isso importa dizer que, por mais que pareça inusitada ou inédita determinada questão, deverá ser julgada pelo Direito vigente, ou seja, vale a máxima universal de que os magistrados não podem se escusar de julgar, sob a alegação de que não existe dispositivo legal inerente. O art. 126 do CPC dispõe sobre a matéria: “Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei...”. Na mesma esteira passeia o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil. “Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. A ANALOGIA: A Analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não-prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada para um outro caso fundamentalmente semelhante à não-prevista.� Segundo Paulo Nader, “a analogia não é fonte formal, por que não cria normas jurídicas, apenas conduz o intérprete ao seu encontro”. A analogia legal decorre das lacunas da lei e cabe exatamente no instante que o julgador se depara com um caso onde a ordem jurídica não oferece regra específica para aquela matéria a ser julgada. A Analogia é um procedimento quase lógico, que envolve duas fases: a constatação empírica, por comparação, de que há uma semelhança entre fatos-tipos diferentes e um juízo de valor que mostra a relevância das semelhanças sobre as diferenças, tendo em vista uma decisão jurídica procurada. � Por vezes, a lacuna da lei surge do desencontro cronológico entre as mudanças sociais e a criação de regras que deveriam acompanhar-na. De todo modo, uma vez constatada a lacuna da lei, deverá ser devidamente preenchida, no primeiro momento, pelo procedimento analógico. Mesmo constituindo uma operação lógica, a analogia não faz do julgador um mero aplicador de normas, muito pelo contrário, exige profunda percepção aliada a sentimento ético de sua parte, já que deverá buscar fundamento filosófico similar em outro dispositivo para aplica-lo no caso omisso. Somente uma análise profunda e acurada do ponto de vista axiológico levará à conclusão de que entre a lacuna e o paradigma, existe real semelhança e, sobretudo, identidade. Chama-se paradigma a hipótese definida em lei encontrada pelo julgador para ser utilizada como analogia. Não devemos confundir, contudo, Analogia e Interpretação Extensiva. Enquanto a Analogia vai buscar um paradigma em outro dispositivo legal para aplicá-lo em uma situação que a lei não previu, a Interpretação Extensiva consiste na hipótese em que o dispositivo existe, mas com insuficiência verbal. Nesse caso, a má redação da lei exige uma interpretação mais aprofundada para que o aplicador possa alcançar a mens legis, visto que o legislador se expressou mal na sua confecção. OS COSTUMES:� O Costume é outra fonte supletiva, independentemente, de ser ele decorrente da prática dos interessados, dos tribunais e dos jurisconsultos. O art. 4º da Lei de introdução ao Código Civil situa-o logo após a Analogia, visto queo magistrado somente poderá dele se valer, quando esgotadas as possibilidades legais. Assim, na hipótese da lei não prever solução para o caso concreto, deve o juiz, portanto, buscar dispositivo similar para aplicá-lo. Em caso de inexistência, deverá se valer dos costumes para dar solução ao caso. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO:� Como bem ensina Paulo Nader “O postulado da plenitude da ordem jurídica, pelo qual o Direito Positivo não apresenta lacunas, sendo pleno de modelos para reger os fatos sociais e solucionar os litígios, torna-se possível no plano prático em face dos princípios gerais de Direito”. Como a maioria dos códigos estrangeiros, o Direito Brasileiro dispôs os princípios gerais de Direito como o derradeiro porto seguro a que o julgador deverá se agarrar para decidir sua “questio”. Afinal, são esses princípios que garantem, em última instância, o critério de julgamento e a conseqüente aplicação do Direito. Diante do caso concreto, deve o julgador aplicar a lei. Se não houver dispositivo compatível, há de aplicar a analogia e buscar um paradigma que melhor se encaixe. Ainda sem solução, deve buscá-la nos costumes. Na ausência de lei, analogia ou costume compatível, ainda assim, o juiz não pode deixar de decidir. Há de buscar nos princípios gerais de Direito a solução para o caso. Para se chegar a mens legis, o julgador se valerá do método indutivo. Assim, bebendo da fonte de Carlos Maximiliano, quando se busca descobrir o princípio adotado pelo legislador, o pesquisador deve obedecer a seguinte ordem: no instituto que aborda a matéria; em vários institutos afins; no ramo jurídico como um todo; no Direito Público ou Privado (de acordo com a matéria); em todo o Direito Positivo; no Direito em sua plenitude. Entende o ilustre jurista que partindo do específico para o geral, maior será a chance de alcançar o paradigma necessário. EQÜIDADE:� “A eqüidade, mas do que um instrumento técnico, é um verdadeiro sentimento.” Segundo Aristóteles Equidade é “uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade”. Algumas normas se ajustam perfeitamente ao caso concreto, outras não. Algumas, caso aplicadas friamente, tornam-se por demais rigorosas ante o caso concreto. Saí surge a finalidade da eqüidade, que consiste em adaptar a norma jurídica ao caso concreto. Como ensina Paulo Nader “Equidade é a justiça do caso particular”. Ou como prefere Icílio Vanni “não é mais do que um modo particular de aplicar a norma jurídica aos casos concretos; um critério de aplicação, pelo qual se leva em conta o que há de particular em cada relação.” Vê-se que o conceito de Eqüidade é bastante antigo. Mesmo na Idade Média, a despeito da prevalência do direito canônico e da negligência com os valores e necessidades humanas, o imperador Carlos Magno, reconhecido como guerreiro, mas esquecido como legislador já defendia a idéia de equidade entre seus súditos, reconhecendo as diferenças, sobretudo, entre as classes sociais. Ponto fundamental em relação à equidade é que o juiz detém autorização legal julgar o caso com plena liberdade. O art. 127 do CPC dispõe: “Art. 127. O juiz decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.” Agostinho Alvim subdivide a equidade em legal e judicial, ao passo que Paulo Nader contesta tal divisão. Importa citar o ensinamento do autor de que o pressuposto da eqüidade legal ou judicial é a flexibilidade da lei. Percebe-se, pois, que a eqüidade consagra-se como elemento de adaptação da norma ao caso concreto. É a capacidade da norma em poder atenuar o seu rigor, adaptando-se ao caso concreto. O art. 5º da Lei de introdução ao Código Civil traz a seguinte disposição: “Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”. Tal dispositivo permite corrigir a inadequação da norma ao caso concreto. Como lembra Maria Helena Diniz “a eqüidade seria uma válvula de segurança que possibilita aliviar a tensão e a antinomia* entre a norma e a realidade, a revolta dos fatos contra os códigos”. Evidente, pois, que a eqüidade é elemento de integração, já que esgotados os recursos previsto no art. 4º da LICC, pode restituir à norma a flexibilidade necessária para que alcance sua finalidade social, sem risco de se tornar mera letra fria e iníqua. Diante da imprecisão do texto legal, ou mesmo da imprevisão de certa circunstância fática que importe na avaliação correta, na hipótese de preservação da dignidade da pessoa humana e nos conflitos de natureza econômica em que houver imperativo de justiça social, deve o juiz valer-se da eqüidade. ANTINOMIA: É a presença de duas normas conflitantes, sem que se possa saber qual delas deve ser aplicada ao caso singular. Conflito de normas ou de princípios, ou mesmo de normas e princípios gerais do Direito em sua aplicação prática diante de um caso concreto. CONCLUSÃO: O Direito jamais conseguirá criar normas a tempo de sanar todos os problemas sociais, pois esses ocorrem antes que o legislador possa dar conta. Apenas com a sua repetição é que tais problemas se tornarão visíveis e o legislador poderá editar uma norma que lhe corresponda. Daí que em caso de lacuna, esse papel de preencher o Direito cabe ao Juiz. Assim, diante de uma lacuna, mediante os procedimentos de integração do art. 4º, da LICC, o juiz poderá dar uma decisão que atenda ao caso concreto. Da mesma forma, o art. 5º, da LICC, permite ao juiz julgar com equidade, ou seja, aplicar a lei caso a caso, compatibilizando-os individualmente. O Juiz deve partir do caso para a norma, de forma a aferir as suas peculiaridades e aí sim, aplicá-la. Para muitos autores, a equidade é a Justiça do caso concreto. Talvez, seja mais do que isso, quiçá um verdadeiro sentimento de interpretação social e não apenas um mero instrumento jurídico. Aula 07 Norma Jurídica: Conceito Estrutura da Norma Jurídica Principais Características: abstração, generalidade ou universalidade, imperatividade, heteronomia, alteridade, coercibilidade, bilateralidade-atributiva. Conceito: Na medida em que já situamos o homem como um ser gregário, que, via de regra, vive em comunidade, obviamente, necessita criar regras de conduta visando a harmonia, a segurança e o bem comum. A transformação da necessidade ou realidade social em relação jurídica gera a regra, a norma. Como ensina M. Helena Diniz “A vida em sociedade exige o estabelecimento de normas jurídicas que regulem os atos de seus componentes”; “As normas de direito visam delimitar a atividade humana, preestabelecendo o campo dentro do qual pode agir.”� A norma jurídica é a “coluna vertebral” do corpo social. As normas ou regras jurídicas estão para o Direito de um povo, assim como as células para um organismo vivo. Importante diferenciar norma jurídica e lei, já que a lei é apenas uma de suas expressões. Uma é gênero, a outra, espécie. Tanto podem se manifestar através do costume, quanto pela jurisprudência (como ocorre nos países que adotam a common law). É o preceito de Direito. Nela está contida a regra a ser obedecida, a forma a ser seguida, ou o preceito a ser respeitado. Por fim, a definição de Paulo de Dourado Gusmão onde a norma jurídica “É a proposição normativa inserida em uma fórmula jurídica (lei, regulamento, tratado internacional etc), garantida pelo poder público (direito interno) ou pelas organizações internacionais (direito internacional). Proposição que pode disciplinar ações ou atos (regras de conduta), como pode prescrever tipos de organizações, impostos, de forma coercitiva, provida de sanção. Tem por objetivo principal a ordem, a paz social e internacional”.� Estrutura da Norma Jurídica A visão moderna da estrutura das normas jurídicas, baseia-se no antigo conceito Kantiano sobre os imperativos. Para ele, a norma jurídica é juízo hipotético e distingue-sedo imperativo categórico, que impõe dever sem qualquer condição (norma moral). No imperativo hipotético a conduta imposta é meio para se atingir uma finalidade. Kelsen adotou o pensamento de Kant afirmando que a norma jurídica é juízo hipotético por depender a sua conseqüência (pena, rep. de dano, etc.) da ocorrência de uma condição, que, se ocorrer, deve ser aplicada uma sanção. Sua definição da estrutura da norma jurídica é a seguinte: “em determinadas circunstâncias, determinado sujeito deve observar determinada conduta; se não a observar, outro sujeito, órgão do Estado, deve aplicar ao infrator uma sanção”.� Em resumo, após apontar a origem histórica, P. Gusmão partindo de premissa kelseniana finaliza definindo a estrutura da norma jurídica com o binômio preceito-sanção, ou seja, toda norma jurídica contém seu objeto principal (preceito), seguido da previsão de uma punição (sanção) estabelecida para o caso de descumprimento do preceito nela estabelecido. Um entendimento simplista da visão kelseniana aponta para a estrutura da norma, dividindo-a em norma primária e secundária, onde a primeira é o preceito em si e a segunda é a sanção estabelecida para o caso de o indivíduo desrespeitar o que foi prescrito. Principais Características: O Direito, como já vimos, possui características peculiares que o distinguem, por exemplo, da moral, da religião e das normas de trato social. Tais características, via de regra, são definidas da mesma forma, embora não haja nenhum traço de unanimidade entre os juristas. Como bem lembra J.M. Leoni Lopes de Oliveira� “Não há uniformidade entre os autores, ao apresentarem a estrutura das normas jurídicas: Brutau: heteronomia, bilateralidade, coercitividade e generalidade. Ricardo Angel Yaguez: necessidade, procedência estatal, coercibilidade, generalidade, abstração e bilateralidade; Afonso de Cossio: Imperatividade, coercibilidade, generalidade; Ascenção: generalidade, abstração, bilateralidade e alteridade. Galvão Telles: generalidade, bilateralidade, Imperatividade e coercibilidade. J.M. Leoni Lopes de Oliveira: generalidade, bilateralidade, Imperatividade e coercibilidade. Paulo Dourado de Gusmão: generalidade, bilateralidade, Imperatividade e coercibilidade. Abstração Abstratividade. Visando a atingir o maior número de situações, a norma jurídica é abstrata, de modo a agir de modo amplo, dentro de um denominador comum. Como bem ensina Paulo Nader, se o legislador pretendesse alcançar todas as situações possíveis, não lograria êxito, já que a vida real é efetivamente mais ampla que a imaginação humana criando fatos inéditos a todo momento, e, de todo modo, os códigos e as leis haveriam de ser muito mais extensos, sem garantia de que abrangeriam todas as situações possíveis. A conseqüência da abstração é a flexibilidade da norma. Esse caráter abstrato somado à flexibilidade permite que o aplicador da lei se valha da interpretação, sem a necessidade de alterar a norma a cada situação inédita. Alguns autores não diferenciam abstração de generalidade, o que se constitui em grave perigo, pois enquanto a primeira visa impedir o casuísmo, fazendo com que a lei seja flexível, a segunda carrega a intenção de ser universal, ou seja, de efeito “erga omnes”. Generalidade ou universalidade A norma jurídica não nasce para regular coisas individuais, mas sim, abrange a todos de modo geral. O princípio da generalidade revela que a norma jurídica é um preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma jurídica deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual, todos são iguais perante a lei.� Detém, portanto, a idéia de universalidade na qual todos os iguais devem ser tratados de forma igualitária perante a lei. Atinge a todos. Imperatividade A expressão do direito se faz através de normas que assumem a forma de imperativas. O direito não solicita, não sugere nem aconselha; ordena. A norma jurídica é bilateral, pois em seu mecanismo, alguém dispõe, os demais obedecem. O sujeito não opina nem aquiesce. A relação entre norma e conduta é de subordinação, não de causalidade. A imperatividade da norma expressa-se sobre o comportamento humano sem a preocupação de ser aceita; é lei. A norma jurídica é imperativa não só quando comanda, impõe ou proíbe uma conduta, como, também, impõe ou estabelece forma de organização de ente jurídico, situação jurídica, etc. Heteronomia Submissão à vontade de terceiros. Quando se diz que o Direito e heterônomo, é porque o cidadão está submetido à vontade do legislador, sob pena de se sujeitar ao poder de coerção da lei. Passa, portanto, a idéia de sujeição, submissão. Partindo da premissa de que a lei é universal, coercitiva e impositiva, ela submete o cidadão à sua vontade. Alteridade Pluralidade de pessoas. A justiça consiste fundamentalmente na disposição permanente de respeitar a pessoa do próximo. Por isso, para que ela se realize é necessário a existência de uma pluralidade de pessoas ou pelo menos uma outra pessoa (alteritas). Ninguém pode ser justo ou injusto consigo mesmo. Essa pluralidade é que distingue a justiça das outras virtudes morais, caracterizando-a como uma virtude social. As demais podem ser exercidas pelo homem, individualmente. A justiça é uma virtude moral e como tal não pode ser exercida pelos animais, pois sua realização supõe conhecimento de princípios e liberdade de decisão. Logo, não existem relações de justiça entre o homem e os animais. Coercibilidade A coerção, segundo define Miguel Reale, é a possibilidade lógica de interferência da força, no cumprimento de uma regra de direito. Segundo Tércio Sampaio Ferraz Júnior "a coercibilidade seria uma característica que diz respeito a suscetibilidade de aplicação da coação”. A coerção exerce uma pressão psicológica no sentido de nos obrigar a cumprir a lei. Assim, ocorre vez que o poder estatal deve engendrar nos destinatários da norma o medo de sofrer sobre si uma sanção Qualidade da norma de exercer coerção. Ação de reprimir, de refrear. É usada para indicar a punição imposta aos delinqüentes, como um atributo da justiça. É a força que emana da soberania do Estado e é capaz de impor o respeito à norma legal. Para Kelsen "o equilíbrio é mantido pelo Estado que tem o poder coercitivo, poder que força o homem a obedecer à norma”. Bilateralidade-atributiva A norma jurídica, através de suas disposições, sempre vincula duas partes, dando a uma, direitos e a outra, obrigações. Exemplo: O empregado tem o dever de trabalhar, em contrapartida, este tem o direito de receber o salário do empregador. CONCLUSÃO: A norma jurídica, de forma genérica, a fim de que cumpra as suas funções, deve conter uma parte destinada àquilo que cabe ao seu destinatário fazer ou deixar de fazer (parte primária - preceito); e outra parte que estabeleça punições para eventuais casos de descumprimento (parte secundária – sanção). Ainda que os autores naturalmente discordem sobre as principais características, nenhum deles deixa de citar a coercibilidade como fundamental. Nem poderia ser diferente, pois como costuma dizer este autor, enquanto a Justiça é o coração do Direito, a coecibilidade é o pulmão. O que faz o cidadão respeitar o Direito não é a consciência de que ele busca o bem estar geral, a Justiça. Somente o temor é que faz o cidadão respeitar as normas, com medo de sofrer uma punição ao não fazê-lo. Aula 07 – PArte II Norma Jurídica: Continuação Os diversos critérios de classificação das normas jurídicas: Critério da destinação; critério da existência, critério da extensão territorial, critério do conteúdo, critério da imperatividade, critério da sanção. Conceito Como já pudemos depreender, A sanção é então, o elemento que distingue a norma jurídica das outras normas,morais e costumeiras. Classificação das normas jurídicas:� Quanto ao sistema a que pertencem;� Quanto à fonte;� Quanto aos diversos âmbitos de validez;� Quanto à hierarquia;� Quanto à sanção (critério da sanção);� Quanto à qualidade;� Quanto às relações de complementação;� Quanto às relações com a vontade das partes.� Quanto à forma.� Quanto ao sistema a que pertencem: De acordo com o presente critério, as regras jurídicas podem ser: Nacionais – As que, obrigatórias no âmbito de um Estado, fazem parte do Ordenamento jurídico deste. Estrangeiras – Ter-se-á norma jurídica estrangeira, quando determinado país aplicar norma jurídica própria de outro Estado. Ocorre nas relações de direito internacional privado�, em que determinadas normas possuem aplicação além do território que a gerou. Uniformes – Quando dois ou mais Estados, mediante tratado, resolvem pela adoção de uma legislação padrão sobre determinado assunto. Quanto à fonte: De acordo com sistema jurídico, as normas podem ser legislativas, consuetudinárias e jurisprudenciais. Legislativas: Típicas do civil law, as normas jurídicas escritas, corporificadas nas leis, medidas provisórias, decretos, dentre outras, são denominadas legislativas. Consuetudinárias: São as normas não-escritas, elaboradas espontaneamente pela sociedade. Para uma prática se caracterize costumeira, necessita ser reiterada, constante e uniforme, além de achar-se enraizada na consciência popular como regra obrigatória. Reunindo tais elementos, a prática é costume com valor jurídico. Jurisprudenciais: As normas jurisprudenciais são aquelas criadas pelos tribunais. Como já foi visto, no civil law a jurisprudência é mera fonte de consulta, enquanto que nos países que adotam o common law, os precedentes judiciais têm força normativa. Quanto aos diversos âmbitos de validez: Âmbito espacial de validez: Locais e Gerais Gerais: São as normas que se aplciam a todo o território nacional. Serão sempre federais, ou mais especificamente, leis federais de âmbito nacional. Locais: As normas locais são aquelas que se destinam apenas à parte do território do Estado. Poderão ser federais, estaduais ou municipais. Âmbito Temporal de Validez: de vigência por prazo indeterminado e de vigência por prazo determinado De vigência por prazo indeterminado: Quando a norma jurídica não define o prazo de vigência. De vigência por prazo determinado: Quando a norma jurídica prevê prazo de duração. Caso pouco freqüente, porém, não é tão raro. Ex: A CPMF inicialmente fora criada para vigorar somente por prazo determinado. Âmbito material: Normas de direito público e privado. Normas de Direito Público: São aquelas em o Estado age com poder de “imperium”. Nesse caso, a relação jurídica é de subordinação. Normas de Direito Privado: Nesse caso, a relação jurídica é de coordenação. O Estado pode participar, porém, não estará revestido da condição imperativa. Âmbito pessoal de validez: Podem ser genéricas ou individualizadas. Genéricas: Assim como a generalidade é característica do direito, também o é das normas jurídicas. Isso quer dizer que as normas se aplicam a todos os que se encontram na mesma situação jurídica. Individualizadas: Destinam-se a atender a um ou vários membros de uma mesma classe. Quanto à hierarquia: No que tange à hierarquia, dividem-se em constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares e individualizadas. As normas possuem entre si uma certa ordem de subordinação, ou seja, hierarquia. Constitucionais: São as normas essenciais que se encontram no primeiro plano. São as normas originais da Constituição (Poder Originário) e as Emendas Constitucionais (Poder Derivado). Condicionam todas as normas e possuem o poder de revoga-las. Não existe direito adquirido que suplante uma norma constitucional. Complementares: Situadas entre as normas constitucionais e as ordinárias, destinam-se a regulamentar direitos previstos na Constituição, mas que possuem eficácia contida. Ordinárias: Logo abaixo das normas complementares, vêm as normas ordinárias, via de regra, materializadas nas leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, Decretos Legislativos e Resoluções. Regulamentares: Geralmente destinam-se a regulamentar as leis ordinárias, via de regra, materializadas no Decreto. Individualizadas: Como ensina Paulo Nader, sua conceituação formulada por Merkel, abrange a grande variedade de atos jurídicos, tais como: Sentenças, testamentos, contratos. Vale dizer que só tem validade pois decorrem de pré-existência legal. 5.1. Quanto à sanção (critério da sanção): Dividem-se em normas perfeitas (leges perfectae), mais que perfeitas (leges plus quam perfectae), menos que perfeitas (leges minus quam perfectae) e imperfeitas (leges imperfectae). 5.1.1. Perfeitas: Tem-se como norma perfeita aquela que, do ponto de vista da sanção, prevê a nulidade do ato como punição, em caso de violação. 5.1.2. Mais que perfeitas: Além da nulidade do ato, prevê uma pena, em caso de violação. 5.1.3. Menos que perfeitas: É a norma que prevê apenas a penalidade, quando descumprida, porém, não prevê a nulidade do ato. 5.1.4. Imperfeitas: São imperfeitas sob o aspecto da sanção, as normas que nem acarretam em punição, nem consideram o ato nulo ou anulável. Caso típico das leis estruturais, como por exemplo as leis que simplesmente criam a estrutura de um órgão administrativo. 6.1. Quanto à qualidade: Sob os aspecto da qualidade, podem ser positivas (permissivas) ou negativas (proibitivas). 6.1.1. positivas: Positivas ou permissivas são as normas que expressamente permitem ação ou omissão. 6.1.2. negativas: Negativas ou proibitivas, são as normas que proíbem expressamente ação ou omissão. 7.1. Quanto às Relações de Complementação: Sob o ponto de vista das relações de complementação, podem ser primárias e secundárias. Denominam-se normas primárias aquelas que cujo sentido é complementado por outras, denominadas secundárias. 8.1. Quanto à vontade das partes (ou Segundo a intensidade de atuação de obrigatoriedade) - se a norma vai ser obrigatória pelo seu próprio texto ou não. 8.1.1. Cogentes: Também denominadas taxativas, coercitivas ou impositivas, são aquelas que estabelecem limites à liberdade. Ex.: normas penais. São denominadas taxativas ou cogentes, por resguardarem interesses afeitos a toda coletividade e, em razão disso, obrigam ao seu cumprimento, independentemente da vontade das partes. 8.1.2. Dispositivas ou supletivas: São aquelas alteráveis pelas partes, de acordo com a vontade. Ex: contratos - desde que sejam lícitos, e que as partes sejam capazes, ou seja, que atendam aos requisitos previstos em lei. 9.1. Quanto à forma: No que tange à forma, as normas jurídicas podem ser: 9.1.1. Rígidas: As normas são denominadas rígidas, quando independem do arbítrio judicial, ou seja, não admitem a hipótese da aplicação da eqüidade. Ex: Norma jurídica que determine a aposentadoria compulsória de servidor público. Não há margem para interpretação, pois, completando a idade limite, será o servidor aposentado automati-camente, devendo abstrair-se de retornar ao trabalho. 9.1.2. Flexíveis: aquelas que conferem ao julgador a solução do litígio pelo seu arbítrio. Sempre que a norma admitir a aplicação da eqüidade, tratar-se-á de norma flexível. CONCLUSÃO: As classificações são sempre um estorvo na vida do estudante, já que exigem o famoso “decoreba” antes mesmo do aprendizado. Pior, cada autor usa sua própria classificação de modo a se diferenciar, de modo que, por vezes, tempos diversas nomenclaturas para as mesmas classificações. Não há muito o que fazer para o aluno, salvo tentar fazer com que compreenda as classificações, a despeito de como se chamem, salvo no caso (do critério) da sanção, onde quase todos os autores convergem. Aula 08 A Lei e o Ordenamento Jurídico. O Processo de elaboração legislativa. A hierarquia e a constitucionalidadedas leis. Existência, validade, eficácia e efetividade da lei. Legitimidade da Norma Jurídica. A Lei e o Ordenamento Jurídico O Ordenamento Jurídico, também denominado Sistema Jurídico consiste na unificação lógica das normas e princípios jurídicos vigentes em um País. Cada País tem seu sistema jurídico. Se o Ordenamento Jurídico consiste em unidade lógica do Direito, resta impossibilitada a hipótese de haver mais de um ordenamento jurídico dentro de um mesmo País. Há autores, contudo que apontam no modelo americano, onde os Estados Federados tem plena autonomia constitucional, a existência de vários ordenamentos jurídicos. O Processo de elaboração legislativa. Como já pudemos estudar, o processo legislativo é que prevê critérios adotados para a formação da lei. � Iniciativa Discussão Votação Revisão (na esfera federal) Sanção ou veto Promulgação f) Publicação em órgão oficial O art. 59 da CF prevê os instrumentos legislativos aplicáveis em nosso ordenamento jurídico.� Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. A ausência do controle de constitucionalidade preventivo tem como conseqüência, o inchaço no judiciário. Paralelo entre a Suprema Corte da Alemanha e do Brasil demonstra que enquanto a primeira julga cerca de 200 ações de inconstitucionalidade/ano, a nossa julga milhares de ações anualmente. A hierarquia e a constitucionalidade das leis. Pirâmide das normas segundo Hans Kelsen Norma Fundamental Constituição Federal e Emendas Constitucionais Leis Complementares Leis Ordinárias M.P. Leis delegadas. Decretos Legislativos Resoluções Decretos regulamentares Portaria, Circular, etc. Norma Fundamental: Também denominada Norma Hipotética ou Grande Norma, trata-se de um dos pontos mais obscuros da Teoria Pura de Kelsen. Incongruente com o seu radicalismo positivista, na medida em que a Norma Fundamental é um elemento inexistente, fictício que legitima o ordenamento jurídico. Paulo D. Gusmão interpreta a Norma Fundamental como “hipótese necessária para se fundar uma teoria jurídica”.� Constituição Federal: A Lei Maior. É a pedra angular de toda ordem jurídica estatal. Dela emana todo o ordenamento jurídico de uma nação. As normas constitucionais advindas do texto original (originárias) e as Emendas constitucionais (derivadas) condicionam todas as demais normas existentes. Mais do isso, as Normas Constitucionais Federais prevalecem sobre todas as categorias de Normas Complementares ou Ordinárias vigente no País. A Constituição (Carta Magna, Lei Fundamental) dispõe sobre a estrutura e organização do Estado; e prescreve os Direitos Fundamentais do cidadão a serem respeitados pelo Poder Público.� Emendas Constitucionais: Explicar Poder Constituinte Originário e Derivado e citar a existência de Controle de Constitucionalidade. Leis Complementares: Situadas entre as normas constitucionais e as ordinárias, destinam-se a regulamentar direitos previstos na Constituição, mas que possuem eficácia contida. Leis Ordinárias: Situadas logo abaixo das Leis Complementares, podem ser federais, estaduais ou municipais, de acordo com a competência estabelecida pela CF para cada ente da Federação. São as leis comuns que regulam o dia a dia da sociedade, mas que, mesmo subordinadas à Lei Maior não possuem ligação diretamente atrelada, como é o caso das Leis Complementares. Ex: Lei que exige exame auditivo nas escolas públicas. Medidas Provisórias: Situadas hierarquicamente no mesmo patamar das leis ordinárias, sem, contudo, possuir o “status” de lei, na medida em que se constituem em instrumento atípico, pois tem força de lei, mas não passam pelo processo legislativo. São apenas ratificadas pelo Congresso em prazo de 60 dias, sob pena de perderem a validade. (art. 62, § 3º, CF).� Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Leis Delegadas: Encontrando-se no mesmo patamar da lei ordinária, deriva de exceção. (art. 59, IV da CF/88) - elaboradas pelo Presidente da República, com a devida autorização do Congresso Nacional, ou por Comissão Permanente do Poder Legislativo, desde que respeitadas as limitações previamente impostas. Após aprovada está sujeita a apreciação do Congresso para verificar se o resultado se encontra nos limites permitidos. Decretos Legislativos: São normas de iniciativa exclusiva do Poder Legislativo e, a despeito de produzirem efeito externo ao Parlamento, não estão sujeitas à sanção do Chefe do Poder Executivo. Ex: Cassação, licença e remuneração de Prefeito, Governador e Presidente da República. São matérias de competência exclusiva do Poder Legislativo, sem qualquer possibilidade de intervenção legislativa do Executivo.� Resoluções: São as chamadas normas “interna corporis”. São de iniciativa exclusiva do Pode Legislativo e destinam-se à regulação de matérias de interesse próprio dos parlamentos. Logo, também não se sujeitam à sanção do Chefe do Executivo. Ex: Criação e extinção de cargos da Câmara Municipal; Alteração do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, etc.� Decretos Regulamentares: Norma de hierarquia secundária. Destina-se a complementação da lei, minudenciando particularidades com vistas a sua aplicação e operacionalidade. Instrumento restrito ao Poder Executivo. Na medida em que se trata de um ato regulamentar, não pode geram novos direitos e obrigações, nem ampliar ou reduzir os comandos legais que se prestam regulamentar.� Portaria, Circular, Instrução Ministerial, Atos, etc.: São normas regulamentares “interna corporis” de hierarquia restrita, destinadas a regulação de serviços internos dos órgãos públicos.� Vigência� A Vigência significa a validade formal da lei. Para que a norma produza efeitos jurídicos é mister que cumpra todos os requisitos do processo legislativo. A ausência de qualquer dos requisitos formadores impede que a lei entre efetivamente em vigor. Maria H. Diniz, com muita propriedade, amplia a gama de requisitos:� Elaboração por órgão competente; Se o órgão que produziu a lei possui competência para legislar sobre a matéria; Observância ao processo legislativo. Efetuada a publicação a lei passa a existir. No entanto, o início de sua vigência, ou seja o momento onde começa a produzir efeitos está condicionado a “vacatio legis”. No sistema brasileiro, a regra geral se dá no sentido de que a lei entra em vigor quarenta e cinco dias de sua publicação, salvo quando a norma em questão definir prazo específico. Na prática, tal prazo é comumente suprimido ou alterado. Faltando disposição específica adota-se a “vacatio legis”. Tal princípio destina-se a dar tempo de maturação à norma aprovada, de modo a aferir se à mesma cabem reparos. Havendo necessidade de reparos, os prazos para que alcancem vigência se renovam. Efetividade� A efetividade consiste no fato de a norma jurídica ser observada tanto pelos seus destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. Cabe, portanto, aos destinatários da lei cumprirem o seu ordenamento e, caso não o façam, deve o governo obrigá-los a cumprir. Espontaneamente ou obrigados, os cidadãos ao cumprirem a lei, estarão dando efetividade. O mesmo ocorre quando o governo cumpre o seu papel estabelecido em lei. No dizer de Paulo Nader, “as normas são feitas para serem cumpridas, pois desempenham o papel de meiopara a consecução de fins que a sociedade colima”. Ex: Plano Cruzado. Teve efetividade pois foi cumprido tanto pela população quanto pelo governo. Contudo, não obteve eficácia, visto que não alcançou seus objetivos, quais fossem debelar a inflação. Eficácia� Aqui adentramos ponto controverso. Enquanto a maioria dos autores tratam eficácia e efetividade como sinônimos, Paulo Nader distingue-os, ainda que a diferença se faça de difícil compreensão. Há casos de normas legais, que, por contrariarem as tendências e inclinações dominantes no seio da coletividade, só logram ser cumpridas de maneira compulsória, possuindo, desse modo, validade formal, mas não eficácia espontânea no seio da comunidade. A eficácia se refere, pois, à aplicação ou execução da norma jurídica, ou por outras palavras, é a regra jurídica enquanto momento da conduta humana. direito autêntico não é apenas declarado mas reconhecido, é vivido pela sociedade, como algo que se incorpora e se integra na sua maneira de conduzir-se. A regra de direito deve, por conseguinte, ser formalmente válida e socialmente eficaz. Enquanto a efetividade se atém ao mero cumprimento da lei, a eficácia vai mais longe pois ocorre quando o objeto da lei foi efetivamente cumprido. Legitimidade Legitimidade é um valor intrinsecamente unido ao conceito de fundamento. Toda regra jurídica, além de eficácia e validade, deve ter um fundamento. FUNDAMENTO: é o valor ou fim objetivado pela regra de direito. É a razão de ser da norma. Impossível é conceber-se uma regra jurídica desvinculada da finalidade que legitima sua vigência e eficácia. Paulo Nader aponta que o ponto de referência no conceito de legitimidade está atrelado à fonte, ou seja, se a norma foi emanada por ente que possui legitimidade para tal, em razão de sua competência. Essa ótica restrita, inibe um conceito mais amplo, já que a legitimidade deve se ater a um aspecto mais subjetivo e profundo atinente ao fundamento e à motivação. Na verdade, praticamente, confunde o conceito de legitimidade com legalidade, na forma esplanada por Maria Helena Diniz. A legalidade é o cumprimento dos requisitos legais, ao passo que a legitimidade é subjetiva e está atrelada à motivação da norma e aos fins a que se destina. CONCLUSÃO: Uma norma jurídica somente pode ser denominada LEI, se passar pelo chamado processo legislativo. Qualquer falha em seu processo constitutivo leva à sua ilegalidade. A legalidade, portanto, é um conceito formal; diz respeito ao cumprimento dos requisitos legais para a formação da LEI. A legitimidade carrega significado bem mais profundo, já que está atrelada à necessidade social da LEI. Pode a lei cumprir todos os requisitos legais e ser uma norma legal, porém ilegítima. Mesmo não havendo nenhum problema em seu processo genético, pode não atender a nenhum fim social, ou pior, atender a fins espúrios ou lesivos à sociedade. Nesse caso, aidna que seja legal é ilegítima. Aula 8 – PARTE ii A Lei e o Ordenamento Jurídico (continuação). Início da vigência da lei. A Vacância da lei: conceito e cômputo. Princípio da Obrigatoriedade das leis. A cessação da obrigatoriedade das leis: ab-rogação e derrogação; revogação expressa e tácita. A questão da repristinação. A visão sistemática do Direito: Unidade, coerência e completude. Início da vigência da lei Conforme visto na aula anterior, efetuada a publicação a lei passa a existir. No entanto, o início de sua vigência, ou seja o momento onde começa a produzir efeitos está condicionado a “vacatio legis”. No sistema brasileiro, a regra geral se dá no sentido de que a lei entra em vigor quarenta e cinco dias de sua publicação, salvo quando a norma em questão definir prazo específico. Na prática, tal prazo é comumente suprimido ou alterado. (art 1º, da LICC) Faltando disposição específica adota-se a “vacatio legis”. Tal princípio destina-se a dar tempo de maturação à norma aprovada, de modo a aferir se à mesma cabem reparos. Havendo necessidade de reparos, os prazos para que alcancem vigência se renovam. (art 1º, § 1º da LICC)� A vacância da lei “Vacatio legis” é, portanto, o interregno de tempo entre a publicação da lei e o dia em que ela entra em vigência. É preciso, portanto, analisar a “questio” sob o prisma do Princípio da Continuidade das Leis, que consiste no fato de que a continuidade é a persistência e a permanência da lei até o surgimento de outra que a modifique ou a revogue, não se destinando à vigência temporária (art. 2( da LICC). Por sua vez, a perda da vigência se dá nos seguintes casos: a) revogação por intermédio de outra lei; b) decurso de prazo (decurso de tempo); c) desuso.*� * Tese controvertida, na medida em que muitos autores entendem que em nome da Segurança Jurídica e em decorrência da organização jurídica do Estado a lei não pode acabar pelo desuso, já que a força coativa da norma não depende da vontade ou do arbítrio dos indivíduos. Princípio da Obrigatoriedade das leis “A Conseqüência natural da vigência da lei é a sua obrigatoriedade, que dimana do caráter imperativo do Direito”.�[2] Com efeito, o art. 3º da LICC consagra o princípio “ignorantia legis neminem excusat”, ou seja, ninguém pode descumprir a lei alegando seu desconhecimento. Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Obviamente, dada a impossibilidade fática, muitos autores tem-no como ficção. No entanto, o Direito Brasileiro adota tal princípio apoiado pela doutrina, justificando-se na necessidade social, visto que a possibilidade de se alegar desconhecimento da lei para evitá-la há de levar a sociedade ao caos jurídico e, evidentemente, não haverá chance de alcançar a segurança necessária à almejada Justiça. Teoria da Revogação: A lei, via de regra, salvo nos casos de lei com prazo de vigência determinado, subsiste no tempo até que outra a revogue. Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º. A lei posterior revoga a lei anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a anterior. Espécies de revogação de lei: O fenômeno da revogação consiste no fato de uma lei posterior substituir no Direito Positivo, uma lei existente em determinado momento, eliminando-a do ordenamento jurídico. A Teoria da Revogação admite duas espécies de revogação, que por sua vez, dividem-se de duas formas: Revogação Formal e Material.� Revogação Formal No caso da revogação formal, a preocupação é com a forma, ou seja, como a revogação se manifesta no texto legal; podendo aparecer expressamente ou apenas sugerir que posições contrárias serão automaticamente revogadas. Revogação expressa da lei: Ocorre quando a lei nova expressamente declara que revoga a anterior. Revogação tácita: Quando a lei nova é incompatível com a lei anterior ou regule inteiramente a matéria de que essa última cuidava. (Vide parágrafo 1º, art 2º, LICC). Revogação Material No caso da revogação material, a preocupação é com o conteúdo, ou seja, se a revogação atinge a lei anterior no todo ou em parte. Ab-rogação: Na ab-rogação, uma lei é substituída por outra, que a revoga inteiramente. Derrogação: Ocorre uma revogação apenas parcial da lei antiga pela lei nova, que altera alguns de seus artigos ou dispositivos. A facilidade em separar em revogação formal e material está no fato de que é mais fácil demonstrar como ocorrem na prática. Assim, uma mesma revogação será ao mesmo tempo formal e material (expressa e ab-rogação, por exemplo), mas nunca, poderá admitir duas formas de uma mesma espécie. Ou seja, não pode a revogação serexpressa e tácita amo mesmo tempo, nem tampouco, ab-rogação e derrogação. Exemplos: Ab-rogação Expressa Art X. Fica revogada a Lei nº 3.000/06. – O texto além de explicitar o que está sendo revogado (Lei 3600), revoga-a por inteiro. Derrogação Expressa Art X. Ficam revogados os capítulos III e IV, da Lei nº 3.000/06. – O texto além de explicitar o que está sendo revogado (Lei 3600), revoga apenas parte da lei. Ab-rogação Tácita Art X. Ficam revogadas as disposições em contrário. – O texto não explicita o que está sendo revogado. Em caso de uma lei anterior conflitar totalmente com a nova lei, estará totalmente revogada. Derrogação Tácita Art X. Ficam revogadas as disposições em contrário. – O texto não explicita o que está sendo revogado. Em caso de uma lei anterior conflitar parcialmente com a nova lei, estará parcialmente revogada. Art X. Fica revogada a lei 3000, bem como as disposições em contrário. – Fruto de péssima técnica legislativa, é desnecessária a expressão “disposições em contrário” pois a LICC já determina que toda norma antiga que conflitar com a posterior está revogada. Logo, é revogação expressa. Teoria da Recepção: A norma jurídica positivada no ordenamento jurídico anterior, não sendo conflitante com o novo ordenamento constitucional, será recepcionada, ainda que a sua forma jurídica não mais exista. Logo, poderá haver inconstitucionalidade material em caso de conflito, jamais, contudo, poderá haver inconstitucionalidade formal. A Questão da Repristinação: Art. 2º. … § 3º. Salvo por disposições em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Renovação. Restabelecimento ou restituição do “status quo”, ou seja, do estado anterior. Reposição em vigência ou atividade. Reconstituição. (Palavra que é uma tradução do italiano "ripristinare", mas que ainda não figura nos nossos dicionários do idioma. Significa restaurar, restabelecer, renovar, recolocar no estado anterior). Lei repristinatória. Lei que revoga uma lei revogadora, isto é, uma lei que, por sua vez, já havia revogado uma outra. Discute-se muito para saber se a primeira lei revogada volta a ter vigência (se restaura, repristina) automa-ticamente. Pelo par. 3º, do art 2º da LICC, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo disposição em contrário.� Não obstante a distinção etmológica e a conceituação básica, faz-se necessário maior detalhamento sobre a repristinação. Toda lei, em tese, deve conter revogação expressa, e a chamada cláusula revogatória deverá (sempre que possível) enumerar expressamente os dispositivos legais que pretende revogar (art. 9º da Lei Complementar 95/98). Quando uma lei nova revoga lei anterior que, por sua vez, revoga outra lei mais antiga, a revogação da lei (anterior) não restaura os efeitos daquela mais antiga. Como bem lembra Paulo Nader, com um olho na doutrina e outro no parágrafo 3º, do art 2º da LICC, acima transcrito assevera que “Esse fenômeno de retorno à vigência, tecnicamente designado por repristinação, é condenado do ponto de vista teórico e por nosso sistema”.� Diferença entre Repristinação e Efeito Repristinatório: A Repristinação, praticamente banida do Direito Brasileiro, volta a ganhar relevância em razão da Medida Cautelar em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em razão dos §§ 1º e 2º, do art. 11, da Lei 9868/99, que positivou fonte subsidiária decorrente de jurisprudência do STF. Autores como Luis Roberto Barroso, defendem a tese que tal instituto difere da repristinação clássica, do modo que a denominam “EFEITO REPRISTINATÓRIO”. Outros como Sylvio Motta, discordam, por entender que a semântica não esconde o fato de que é apenas uma outra forma de REPRISTINAÇÃO.� CONCLUSÃO: A lei, como vimos, pode nascer e não produzir efeitos de imediato. Esse período de maturação ou prudência, entre a sua publicação e a validade efetiva, chama-se vacatio legis. No Brasil, em que pese a LICC recomendar a vacatio legis de 45 dias, na prática, o legislador - por desconhecimento técnico, sobretudo – acaba por abolir o prazo prudencial e as leis entram em vigor já na data da publicação. De acordo com o princípio da continuidade das leis, no Brasil a Lei, ou tem prazo determinado, ou vai existir até que no futuro outra lei a modifique ou extinga. De modo algum se admite o desuso das leis como forma de revogação. A revogação, por sua vez, pode ser vistas sob os prismas material e formal. Quanto à forma, pode ser expressa, quando o texto legal indica de forma clara o que se revoga; e, tácita, quando a norma não aponta o que pretende revogar. Do ponto de vista material, imposta saber se a norma anterior foi revogada no todo ou em parte. Se foi completamente revogada, temos a ab rogação e, se for em parte, ocorre a derrogação. Por fim, é importante ressaltar a diferença entre repristinação e efeito repristinatório. Enquanto o primeiro decorre de um processo legislativo, o outro advém de decisão judicial. Assim, embora ambos ressuscitem uma norma já revogada, diferem em sua natureza constitutiva. Aula 9 Conflitos de Lei no Tempo. Direito Intertemporal. A questão da retroatividade e da irretroatividade das leis. O Direito adquirido, o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada no contexto da LICC e da CF. Conflitos de Lei no Tempo e Direito Intertemporal� A lei, em razão do Princípio da Continuidade, mantém sua vigência até que outra a revogue. Se determinado fato jurídico ocorre dentro da vigência da lei e produz seus efeitos nesse espaço de tempo, não haverá problema em sua aplicação. Contudo, em determinados casos, os efeitos do fato jurídico transcendem a revogação da lei. Nesse caso, não sabemos que lei deverá ser aplicada, se a atual ou a revogada. Temos aí, Conflito de leis no tempo. O conflito das leis no tempo nasce justamente da colisão da lei nova com a anterior. Muitas vezes permanecem conseqüências da lei antiga, sob a vigência da lei nova. E, muitas vezes, situações que foram criadas pela lei antiga já não encontrarão apoio na lei nova. Então há que se estudar até que ponto a lei antiga pode gerar efeitos e até que ponto a lei nova não pode impedir esses efeitos da lei antiga. Segundo Paulo Nader “os princípios que regem essa matéria constituem o chamado Direito Intertemporal”. Esse, por sua vez, vem a ser o estudo dos efeitos das leis no tempo, dos problemas causados pela retroatividade das leis ou pela aplicação imediata das leis. O Direito intertemporal, via de regra, é norteado por dois princípios jurídicos, quais sejam o da retroatividade e da irretroatividade das leis. A questão da retroatividade e da irretroatividade das leis. Com relação aos fatos ocorridos anteriormente à edição da nova lei, a lei antiga poderá continuar produzindo efeitos. Tal fenômeno é chamado de ultratividade da lei. Essa ultratividade poderá gerar conflito de leis no tempo e daí a dúvida, qual lei a ser aplicada, a antiga ou a nova? A nova lei retroage sobre a antiga? Na definição de Paulo Dourado de Gusmão, “Entende-se por retroatividade a incidência dos efeitos jurídicos da lei nova sobre fatos ou atos ocorridos anteriormente a ela. Discute-se, então, se a nova lei é aplicável a situações jurídicas constituídas sob o império da lei anterior (revogada)”.� Muito embora alguns autores defendam a retroação das leis – como Sílvio Rodrigues –, existe toda uma corrente majoritária – dentre eles Paulo D. Gusmão e Paulo Nader – que aponta no sentido de que a retroatividade como regra constitui fator de insegurança jurídica, pois permitiria a modificação do passado legalmente estabelecido. Fosse admitida a retroatividade como princípio absoluto ao invés da exceptio “não haveria o Estado de Direito, mas o império da desordem”. � O direito brasileiro admite em alguns casos a retroatividade, prevalecendo, contudo o Princípioda Irretroatividade ou da Não-Retroatividade. Ex: O Direito Penal admite a retroatividade quando a lei nova for mais favorável ao criminoso (art. 5, XL, CF). Lembra P. Nader que a irretroatividade como regra geral é princípio consagrado na doutrina e adotado pela generalidade das legislações. A retroatividade, no entanto, em nosso Direito, é limitada. O art. 6º da LICC dispõe que “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Na mesma esteira caminha o inciso XXXVI do art. 5º da Carta Magna “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. CONCLUSÃO: O Brasil adota, em regra, o Princípio da Irretroatividade das Leis, salvo no Direito Penal, em que a própria Constituição determina que a lei nova deve retroagir sempre que beneficiar o réu. Aula 9 – PARTE ii O Direito Adquirido (doutrinas de Gabba, Roubier e Lassalle), O Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada no contexto da Lei de Introdução ao Código Civil, da Constituição da República e do Código Civil de 2002. Visão sistemática do ordenamento jurídico: antinomia e critérios de solução. O problema das lacunas e recursos às fontes secundárias do Direito. O Direito adquirido, o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada no contexto da LICC e da CF.� Para que possamos, portanto, compreender o disposto no art. 6º, da LICC e do inciso XXXVI, da Carta Maior, é mister o conhecimento dos conceitos de Direito Adquirido, Ato Jurídico Perfeito e Coisa Julgada. O artigo 6º, da Lei de Introdução ao Código Civil, jamais alterado desde sua promulgação, e imune às mutações constitucionais e ao novo Código Civil, dispõe o seguinte: Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, com aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. Direito adquirido é aquele que, na vigência de determinada lei, incorporou-se ao patrimônio de seu titular. Pode ser de natureza patrimonial ou personalíssimo. Ex: O servidor público de carreira lotado em cargo de confiança por mais de cinco anos tem direito a incorporar o salário do cargo ao seu salário base; ao final de cinco anos o servidor A completou o tempo e adquiriu o direito. A lei nova extingue esse instituto jurídico. No caso do servidor A, ainda que o governo não tenha apostilado suas vantagens, não poderá negar-lhe o direito à incorporação, pois o direito se aperfeiçoou na vigência da lei anterior. Coisa Julgada – Uma vez decidida determinada questão pelo Judiciário, transitada em julgado, ou seja, não mais havendo possibilidade de recurso, gera norma entre as partes, estabelecendo obrigações e direitos entre as mesmas. Nesse caso, a nova lei não poderá alcançar e desfazer o efeito da sentença definitiva. Ato Jurídico Perfeito - É aquele que se realizou inteiramente sob a vigência de determinada lei. Assim, se alguém comprou alguma coisa, pagando na hora o respectivo preço total, o direito daquela pessoa sobre tal coisa está consumado, não podendo ser atingido por lei nova. Ressalte-se que se o ato não tiver sido aperfeiçoado durante a vigência da lei anterior, poderá ser atingido pela lei nova. Há que se diferenciar, entretanto, Direito Adquirido de Expectativa de Direito e Faculdade Jurídica,sendo certo que os conceitos são similares e, decerto, costumam trazer grande confusão. Expectativa de Direito: Enquanto o direito adquirido já se integrou ao patrimônio ou à personalidade do indivíduo, a expectativa de direito é apenas direito em formação e que depende de uma condição futura para gerar direito subjetivo. Caso essa condição não se realize a expectativa não se converterá em direito. Como bem salienta Paulo Dourado de Gusmão, a expectativa de direito é o nada jurídico. A Faculdade Jurídica, por sua vez, consiste em um poder conferido a determinada pessoa para realizar determinada ação. Não chega a se constituir necessariamente em um direito, mas “um modo pelo qual o direito se manifesta em dadas circunstâncias”, como diz Clóvis Bevilacqua. Nesse caso a facultas agendi antecede o próprio Direito Subjetivo, visto que o indivíduo possui a prerrogativa de agir, mas não necessariamente para exercer um direito garantido pelo Direito Objetivo. É o poder conferido pelo direito de praticar certo ato sem que haja um dever jurídico no contraponto. Ex: Faculdade de contratar, faculdade de casar, a faculdade de alterar um contrato, a faculdade de alienar um objeto seu. Em ambos os casos a lei nova há de prevalecer, pois não há direito adquirido a ser respeitado. CONCLUSÃO: A lei nova pode retroagir, desde que não atinja o Ato Jurídico Perfeito, a Coisa Julgada e o Direito Adquirido, seja por força do art. 6º da LICC, como pelo art. 5º, XXXVI, da CR. O Direito adquirido pode nascer da própria lei, porém pode ser decorrência tanto do Ato Jurídico Perfeito, quanto da Coisa Julgada. A visão sistemática do Direito: Unidade, coerência e completude Unidade: O ordenamento jurídico brasileiro, conforme já foi visto é vítima constante da “fúria legiferante”, ou “decretismo” como preferem alguns autores. Em razão disso, a doutrina atual aponta no sentido de que cabe à Carta Magna assegurar a unidade do ordenamento, visto que todos os elementos do ordenamento jurídico deverão buscar seu fundamento de validade justamente no texto constitucional. Coerência: O Direito não pode conviver com antinomia. O ordenamento jurídico deve, portanto, repelir as antinomias evitando, destarte, as contradições decorrentes de normas incompatíveis que versem sobre a mesma matéria. Assim, uma vez constatada a antinomia, deve a mesma ser afastada mediante processo de interpretação. Antinomia: Situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento e tendo o mesmo âmbito de validade. (Norberto Bobbio). Na Visão de Maria Helena Diniz “Antinomia é o conflito entre duas normas, dois princípios, ou de uma norma e um princípio geral de direito em sua aplicação prática a um caso particular. É a presença de duas normas conflitantes, sem que se possa saber qual delas deverá ser aplicada ao caso singular”.� Existem, no entanto, critérios objetivos no sentido de eliminar antinomia: Critérios Clássicos para a eliminação das antinomias� a) Cronológico: Norma posterior prevalece sobre a precedente (lex posterior derogat priori) b) Hierárquico: Norma de grau superior prevalece sobre a de grau inferior (lex superior derogat inferiori) c) Especialidade: Norma especial prevalece sobre a geral (lex specialis derogat generali) No caso específico de questões referentes a constitucionalidade, uma vez repudiada a possibilidade da existência de norma constitucional inconstitucional, os critérios hermenêuticos clássicos não são suficientes para expurgar a antinomia. Outras técnicas como ponderação de interesses, interpretação conforme, dentre outros serão apropriadamente estudados em Direito Constitucional. Completude: Aqui nos remetemos ao chamado Postulado da Plenitude da Ordem Jurídica. Segundo Norberto Bobbio completude “É a propriedade pela qual um ordenamento jurídico tem uma norma para regular qualquer caso. Uma vez que a falta de uma norma se chama geralmente “lacuna”, “completude significa “falta de lacunas””. No Brasil, como já foi ensinado, de acordo com o art 4º, da Lei de Introdução ao Código Civil, não poderá o juiz se eximir de despachar ousentenciar sob pretexto de lacuna ou obscuridade da lei, estando autorizado pela em caso de omissão da lei, a decidir (pela ordem) de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. Muito pelo contrário, o artigo 126 do CPC determina expressamente que o juiz não pode deixar de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.� Em suma, o conceito de completude associa-se e com a essência do Postulado da Plenitude da Ordem Jurídica, ou seja, enquanto esse dispõe sobre o conceito de que o Direito Positivo deve ser capaz de preencher as lacunas da lei, a completude é o conceito pleno da “ausência de lacuna”. O problema das lacunas e recursos às fontes secundárias do Direito. Conforme abordado na aula 06, as lacunas são inerentes à própria dinâmica do Direito, já que o legislador, seja no civil law ou no commom law, não há de acompanhar as mutações sociais a tempo de combatê-las de imediato por meio de normas positivadas. No caso específico do civil law, os parlamentos de forma geral, são lentos no processo legislativo. Some-se que esse processo dar-se-á depois da constatação do fato social – que, convenhamos pode levar anos até preocupar as autoridades estatais – é inevitável que o Direito fique defasado em relação ás mudanças sociais. Daí é certo que na ocorrência de conflitos, o seu encaminhamento trará maior grau de dificuldade ao Judiciário, pela ausência de norma. Logo, o problema das lacunas é real e permanente. Logo, não há meio efetivo de se alcançar completude e coerência no sistema jurídico, sem que se lance mão das chamadas fontes secundárias do Direito, ou seja, os procedimentos de integração preconizados no art. 4º, da LICC. A rigor, as lacunas são imanentes à própria essência do Direito e, o problema há de ser permanente. A missão do Direito, logo, não é buscar editar normas à mesma velocidade, pois isso, sabemos, é impossível; mas sim, criar meios para que o Judiciário possa exercer bem a sua função praeter legem e, destarte, lutar pela (inatingível e utópica) completude. CONCLUSÃO: Um sistema jurídico somente será eficiente se provido dos quesitos: Unidade, Coerência e Completude. No Brasil, a Constituição propicia a Unidade, por seu poder centralizador e hierárquico. As lacunas são imanentes ao Direito, à sociedade, porém a jurisprudência praeter legem deve ser capaz de suprir a falta de percepção do legislador, dando, assim, o máximo de completude. Por coerência, entendemos um sistema jurídico sem antinomias, pois para juiz tanto a ausência de norma (lacuna) quanto a existência de duas normas para o mesmo caso (antinomia) fragilizam o seu julgamento. Daí a necessidade de critérios para afastar as antinomias. É fundamental lembrar que em caso de conflito de normas ou princípios constitucionais, não funcionam os critérios clássicos, de forma que outras técnicas são aplicadas, sendo a mais relevante a PONDERAÇÃO DE INTERESSES. AUla 10 Hermenêutica Jurídica e Interpretação do Direito. � A Leitura do ordenamento jurídico à luz dos Valores e Princípios Constitucionais. Conflitos Principiológicos no âmbito Constitucional e a Ponderação de Interesses e Valores. Tipos de Interpretação: autêntica, judicial, doutrinária. Interpretação literal, racional, sistemática, histórica e teleológica. Interpretação declarativa, extensiva e restritiva. Hermenêutica Jurídica e Interpretação do Direito Muitos doutrinadores não fazem distinção entre esses conceitos. Todavia, Carlos Maximiliano na obra Hermenêutica e Aplicação do Direito ensina que:� A Hermenêutica é a Ciência da Interpretação, ou seja, “tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito”. Entende, ainda que a interpretação é a aplicação prática dessa última (a atividade de interpretar propriamente dita), em suas próprias palavras “A Interpretação, como as artes em geral, possui a técnica, os meios para chegar aos fins colimados”. Por fim, ressalta o equívoco em apontar Hermenêutica como sinônimo de interpretação. A Hermenêutica “é a teoria científica da arte de interpretar”. A Interpretação “é a aplicação daquela; a primeira descobre e fixa os princípios que regem a segunda”. Na mesma linha de raciocínio navega Paulo Nader, para quem “a hermenêutica é teórica e visa a estabelecer princípios, critérios, métodos, orientação geral”, enquanto que “a interpretação é de cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica”.� Ensina ainda que não pode o magistrado julgar um processo sem interpretar as normas reguladoras do caso concreto. Deve, para tanto, conhecer o Direito para obter o sentido e o alcance das normas aplicáveis. Para fins de efetividade, depende o Direito, de um lado, do técnico que confecciona as leis, resoluções, decretos; de outro, da qualidade da interpretação por parte do aplicador da norma. Quanto mais claro, simples e conciso o texto legal maior será a qualidade da interpretação, ou seja, sendo o texto bem elaborado, menos complexa será a tarefa do intérprete. Ao interpretar, o intérprete busca o sentido objetivo da norma, o que costuma-se chamar mens legis (a finalidade da lei), e não a intenção do legislador, denominada essa de mens legislatoris. Obs: Maria Helena Diniz, ao discorrer sobre as teorias subjetivas (defende a mens legislatoris) e objetivas (defende a mens legis), ressalta que a mens legislatoris é pura ficção, pois, na prática, é impossível reconhecer o legislador, quanto mais, a sua intenção. A figura do legislador não se com-funde com o autor da lei, pois o processo passa por discussões, alterações e revisões que acabam por alterar ou fulminar a idéia inicial. Pior, via de regra, os agentes políticos não têm conhecimento profundo sobre o que estão votando e tem como praxe seguir o voto do relator da Comissão Técnica. A vontade do legislador, finaliza, é vontade de minoria elitizada. Em razão disso, a mens legis há de prevalecer sobre a mens legislatoris, pois a se buscar a finalidade da lei, poder-se-á adaptá-la ao caso concreto ainda que o fato a ser analisado ainda não existisse à época da confecção da lei. � Interpretar é descobrir o sentido de determinada norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. O texto ambíguo, vago, imperfeito, onde impera a falta da terminologia técnica, ou mesmo, má redação, via de regra, obrigam o operador do direito, a interpretar a norma jurídica visando a encontrar o seu real significado, antes de aplicá-la a caso sub judice.� A Leitura do ordenamento jurídico à luz dos Valores e Princípios Constitucionais O art 5º, LICC dispõe que aplicação da lei pressupõe sempre a prévia interpretação, de forma a assegurar os seus fins sociais e as exigências do bem comum. É ele que legitima a eqüidade, que, por sua vez, permite ao juiz dar elasticidade à norma no ato da sua interpretação. Note-se que o art 5º da LICC é visto em nossos dias como a porta aberta para os preceitos fundamentais da Carta Magna. No Título I, arts. 1º a 4º do Texto Constitucional, onde estão consagrados os princípios fundamentais, está a chamada “tábua axiológica” instituída pelo Constituinte, que deve ser observada por toda a ordem social. (Gustavo Tepedino, Temas de Direito Civil, Renovar, 2ª ed.)�. Paulo Nader reforça que a nova Lei de Introdução ao Código Civil (1942) rompeu com a antiga escola que impedia o intérprete de conciliar os textos com as exigências peculiares do caso concreto. CONFLITOS APARENTES ENTRE NORMAS CONSTITUCIONAIS: Não existe no Brasil, norma constitucional originária inconstitucional. No entanto, vale para norma constitucional derivada, (ver Tese de Bachoff). Nem mesmo o Direito à vida é absoluto, na medida em que a própria CR admite a Legítima Defesa e o Estado de Necessidade. A Hermenêutica tradicional não traz solução para a interpretação constitucional, carecendode métodos de interpretação específicos. A Sistematização deveria ter minimizado os conflitos aparentes. Na prática, o judiciário dirime tais interesses mediante, por exemplo, ponderação de interesses (ver Daniel Sarmento) e o Princípio da Razoabilidade/Proporcionalidade (ver Luís Roberto Barroso). A Ponderação de Interesses Partindo da premissa de que o Direito Constitucional Brasileiro não aceita a antinomia em face de normas constitucionais originárias, a colisão entre duas normas, uma norma e um princípio ou entre dois princípios constitucionais, como vimos acima, são denominados conflitos aparentes. Da mesma forma, ciente de que os métodos tradicionais para afastar as antinomias não são suficientes para dirimir os conflitos aparentes, outras técnicas hermenêuticas são aplicadas, em especial a chamada “Ponderação de Interesses”. Aula 10 – PARTE ii Interpretação conforme a Constituição. As normas jurídicas devem ser sempre interpretadas em conformidade com a Constituição. Não podem ser aceitas interpretações que contrariem a determinação normativa do Texto Constitucional. Trata-se de princípio originário do Tribunal Constitucional Federal Alemão. A interpretação em conformidade com a constituição é também uma forma de controle da constitucionalidade. � Tipos de Interpretação Mediante a interpretação das expressões jurídicas, sob a ótica do resultado pode-se chegar a três resultados distintos: Interpretação Declarativa:� O legislador, por vezes, se expressa mal ao confeccionar o texto legal, valendo-se de terminologia indevida ou inadequada. A interpretação é declarativa quando o legislador consegue dar o exato significado ao texto. Nesse caso, pode o intérprete constatar que aquelas palavras retratam fielmente o espírito da lei. Interpretação Restritiva:� Nesse caso, a infelicidade do legislador se dá no fato de que ao elaborar a norma disse mais do que pretendia ou deveria. A interpretação há de ser restritiva para que a norma possa fazer sentido. Ex: A Lei diz frota de veículos prestadores de serviços urbanos, quando queria legislar sobre ônibus. A sua aplicação literal abrangeria outros transportes coletivos como táxis, alternativos, fretamentos, etc. Interpretação Extensiva:� Aqui ocorre o inverso, já que o intérprete constata que o legislador disse menos do que deveria. O intérprete deverá alargar o campo de abrangência da norma a fim de que produza os efeitos necessários. Ex: A Lei diz ônibus quando queria legislar sobre toda frota de veículos prestadores de serviços urbanos. A sua aplicação literal abrangeria somente os ônibus urbanos, deixando de abranger os outros transportes coletivos como táxis, alternativos, fretamentos, etc. Quanto às fontes ou origem, os métodos de interpretação classificam-se em: Interpretação autêntica: Feita pelo próprio legislador que, reconhecendo a ambigüidade da norma, vota uma nova lei, destinada a esclarecer sua intenção. Discute-se, se o Ordenamento Jurídico Brasileiro admite essa modalidade, já que, via de regra, a interpretação do caso concreto compete constitucionalmente ao Poder Judiciário. Em verdade, nem faz sentido tal expediente, pois na medida em que o legislador se presta a criar uma nova norma explicando a anterior, melhor fará consertando-a. Interpretação Jurisprudencial: é a fixada pelos tribunais que, embora não tenha força vinculante, influencia grandemente os julgamentos em instâncias inferiores. Interpretação Doutrinária: É a interpretação feita pelos estudiosos e comentaristas do direito. A interpretação doutrinária, na verdade, se considerarmos que doutrina é ensinamento, é a leitura de todo texto jurídico com o animus de compreender o que quis ensinar o autor em foco. Quanto aos meios, a interpretação pode ser feita pelos seguintes métodos: Interpretação Gramatical ou Literal:�/� Consiste em exame do texto normativo sob o ponto de vista lingüístico, analisando a pontuação, a colocação das palavras na frase, a sua origem etimológica, etc. A principal crítica decorre do fato de que a sua aplicação pura e simples submete o aplicador ao rigor da norma, sem a possibilidade de avaliar os princípios axiológicos nela contidos. Paulo Nader cita, dentre outros, Max Gmur para quem o processo meramente literal é “maliciosa perversão da lei”; ou o famoso jurisconsulto romano Celso, que afirmava que “saber as leis é conhecer-lhes, não as palavras, mas a força e o poder”. Interpretação Lógica:� A interpretação lógica procura apurar o sentido e o alcance da norma, a intenção do legislador, por meio de raciocínios lógicos, com abandono dos elementos puramente verbais. Paulo Nader aponta a distinção, na hermenêutica, entre Lógica Interna - que se limita ao estudo do texto; Lógica Externa – que investiga as razões socials que ditaram a criação da lei; e a atual Lógica do razoável, desenvolvida pelo jurista guatemalteco Recaséns Siches, para quem a “interpretação do Direito deve levar em consideração as finalidades das normas jurídicas. A solução satisfatória, extraída da lei e da realidade dos fatos, não pode ser contra legem”. A interpretação lógica vem a ser um elo de ligação entre a literal e a sociológica, pois, ao se desprender do texto literal para realizar uma crítica ao texto, o intérprete está se valendo da interpretação lógica. Essa crítica é que permitirá uma análise mais profunda e dessa forma, o caminho para a interpretação sociológica, ou teleológica. Interpretação Sistemática:� Parte do pressuposto de que uma lei não existe isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes à mesma província do direito. Assim, uma norma tributária deve ser interpretada de acordo com os princípios que regem o sistema tributário. Reflete a própria essência da idéia de ordenamento jurídico, em especial, no que concerne à unidade ou unicidade. Desse modo, pode o intérprete aferir, por exemplo, se a norma é geral ou local, principal ou acessória, como pode distinguir a regra da exceção, o geral do particular, etc. Ao se fazer uma analogia, grande ajuda terá o intérprete na interpretação sistemática, pois assim permite-se uma busca mais organizada no sistema jurídico. Interpretação Histórica:�/� Baseia-se na investigação dos antecedentes da norma, do processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado. É o melhor método para se apurar a vontade do legislador (mens legislatoris) e os objetivos que visava atingir (ratio legis). Todavia, tem como principal crítica o fato de que, hodiernamente, o que se busca é a mens legis e não a mens legislatoris. Portanto, não se deve atribuir grande relevância ao método histórico de interpretação. Interpretação Sociológica ou Teleológica:�/�/� Tem por objetivo adaptar a sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais, com abandono do individualismo que preponderou no período anterior à edição da Lei de Interpretação do Código Civil. A lei disciplina relações que se estendem no tempo e que florescerão em condições desconhecidas do legislador. Daí a idéia de se procurar interpretar a lei de acordo com o fim a que ela se destina. O intérprete, na procura do sentido na norma, deve inquirir qual o efeito que ela busca, qual o problema que ela almeja resolver. Só assim é que se pode compreender a regra do Art. 5° da lei de Introdução ao Código Civil, quando dispõe que, "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum". Sob a ótica do Direito Moderno, onde a Justiça Social tem muita relevância, a interpretação teleológica assume papel fundamental, pois indica ao Juiz o caminho da equidade, sem o qual, dificilmente conseguirá espargir justiça no seu dia-a-dia. Não sem razão é também denominada interpretação sociológica. CONCLUSÃO: Muitos autores não afeitos à área da Introdução e filosofiado Direito acabam por se afastar de estudos basilares e, com isso, lamentavelmente, confundem Hermenêutica e Interpretação como se fossem um único elemento, quando, na verdade, um é conseqüência do outro. A Hermenêutica é a ciência jurídica que estuda a interpretação, seus métodos e mecanismos, ao passo que a Interpretação é a prática cotidiana da análise de textos jurídicos pelos estudiosos, filósofos e operadores do Direito em geral. Os mecanismos de Interpretação são fundamentais à prática do Direito. Ai daquele que negligencia tal aprendizado, pois será escravo da interpretação literal e de pouco servirá todo o conhecimento técnico adquirido durante a graduação e quiçá durante toda a vida. Sob a ótica do resultado podem ser: Declarativa, Restritiva e Extensiva. Sob a ótica das fontes podem ser: Autênticas, Doutrinárias ou jurisprudenciais. Quanto aos meios: Literal ou gramatical, lógica, sistemática, histórica e sociológica ou teleológica. Aula 11 Introdução Conceito e conteúdo. Relações Sociais Comuns e Relação Jurídica: Características e distinções. Elementos da relação jurídica: sujeitos, objeto, vínculo, garantia e fato jurídico – noções gerais.� Introdução Após esmiuçarmos a Teoria da Norma em IED I, passamos a trabalhar com a Relação Jurídica, ou seja, após o devido aprofundamento no Direito Objetivo, começamos a nos aprofundar no chamado Direito Subjetivo, o direito que tem o sujeito de se valer da norma. Como bem ensina o Prof. Sérgio Cavalieri “O Direito nasce do fato”. É necessário, pois, compreender que o Direito Subjetivo vem a ver a prerrogativa de se valer do direito posto, em decorrência de algum fato causado por terceiros que lhe acarrete algum tipo de dano. Conceito e conteúdo: A doutrina da Relação Jurídica tem origem em Savigny, para quem a Relação Jurídica é: “um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode pretender algo a que a outra está obrigada”. Tal definição encontrou amparo no nosso Direito, principalmente através de grandes juristas como Pontes de Miranda e Miguel Reale. Hans Kelsen discorda, na medida em não enxerga a relação entre pessoas, mas sim, o vínculo entre fatos entrelaçados por normas jurídicas. O posicionamento de Kelsen, contudo sempre encontrou acolhida, visto ser originária do prócer da corrente normativista. Na verdade, Kelsen simplesmente rejeita a existência do Direito Subjetivo, pois, para ele, só existe a norma e a obrigação de cumpri-la. A Relação Jurídica integra o elenco dos conceitos jurídicos fundamentais e vem a ser o ponto de convergência de diversos componentes do Direito. Aliás, segundo Paulo Nader, “São as relações jurídicas que dão movimento ao Direito. Em cada uma ocorre a incidência de normas jurídicas, que definem os direitos e os deveres dos sujeitos”. Relações Sociais Comuns e Relação jurídica: Características e distinções Considerando que o homem é um ser social por natureza, a necessidade de suprir suas carências o leva – salvo raras distorções – a conviver em sociedade. Da convivência surgem as relações sociais. Quando as relações de vida passam a repercutir no equilíbrio social, não podem permanecer no seio da sociedade de forma aleatória. É nesse momento, quando as relações sociais se tornam negativas ou prejudiciais ao interesse coletivo, que o Estado tem o dever de intervir e normatizar as relações sociais, transmutando-as em norma jurídica. Pode ainda o Estado fazê-lo de forma positiva, quando determinada relação social beneficia esse mesmo interesse comum. Reconhecendo a sua licitude, pode discipliná-la e até mesmo fornecer auxílio estatal. Logo, as relações jurídicas estão intimamente ligadas à Política Jurídica. É ela que indica ao legislador as relações sociais que se sujeitam a normatização. Elementos: Sujeito: Ativo; Passivo. Vínculo Objeto; Garantia; Fato jurídico � Sujeito: Para se tratar dos sujeitos, conquanto elementos da Relação Jurídica, é mister que se tenha a compreensão do conceito da chamada “alteridade”, que significa a relação de homem para homem. Sujeito Ativo – detém o direito subjetivo. É a pessoa que, na relação jurídica ocupa a situação jurídica ativa, ou seja, é o portador do direito subjetivo que tem o poder de exigir do sujeito passivo o cumprimento do dever jurídico. Sujeito passivo – possui o dever jurídico. Encontra-se no pólo oposto. É o indivíduo que integra a relação jurídica passiva, ou seja, com a obrigação de uma conduta ou prestação em favor do sujeito ativo. É impossível a relação jurídica sem a bilateralidade de sujeitos, já que não existe direito onde não há dever. Vínculo: Vínculo de Atributividade, na denominação de Paulo Nader, pode ter origem tanto na lei, quanto no contrato. No entender de Miguel Reale, “É o vínculo que confere a cada um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo determinado ou determinável”. Objeto: O Vínculo existente na relação jurídica está sempre em função de um objeto. As relações jurídicas são estabelecidas visando a um fim específico. O objeto da relação jurídica recai sempre sobre determinado bem, que tanto pode ser patrimonial ou não. Ex: em um contrato onde se prevê a construção de uma casa, o objeto é a prestação de serviço; o sujeito ativo é o contratante, e o passivo o contratado; o vínculo se origina no contrato. Garantia: A partir do conceito de que cada relação jurídica possui sujeito ativo e passivo, vínculo e objeto, há que se pensar necessariamente em um quarto elemento que vem aperfeiçoá-la, qual seja a garantia. Podemos, afirmar, portanto, que a garantia decorre justamente do poder de coerção da lei. Seja o vínculo a própria lei ou o contrato – que existe, pois a lei prevê a sua existência – é o fator de coerção que irá propiciar a garantia, visto que o descumprimento por parte do sujeito passivo em cumprir sua obrigação acarretar-lhe-á sanção como forma de punição. Fato Jurídico: Conforme comentado acima, na visão de Paulo Nader, o fato jurídico antecede a relação jurídica, razão pela qual não pode ser um de seus elementos. Na verdade, tem fundamento sua assertiva já que, para que possa existir uma relação jurídica, a mesma deve advir de fato pré-existente. Em uma visão mais global, repetindo a lição de Cavalieri, o Direito nasce do fato. Se não existir um elemento causador (fato), não haverá nada a ser avaliado (valor), nem a necessidade de uma regra (norma) para regular eventual direito. Como bem define o Prof. José Acir Lessa, “Fato é todo acontecimento que ocorre no meio social”.� Aula 11 – parte ii Relação Jurídica � Espécies �� Relações Jurídicas quanto ao sujeito: SIMPLES: Quando as relações contêm apenas um direito subjetivo, ou seja, um dos sujeitos ocupa a posição ativa e o outro a posição passiva. Aquele que se coloca do lado ativo é o titular do direito subjetivo. Aquele que se coloca do lado passivo é o que tem o dever jurídico para com o outro. Exemplo: relação em que se configure um empréstimo de dinheiro. COMPLEXAS: Quando encerram vários direitos subjetivos em cada lado, figurando como sujeito ativo e passivo os seus titulares. Exemplo: contrato de trabalho, contrato de locação de imóvel, dentre outros. ABSOLUTAS: Quando a coletividade figura como sujeito passivo da relação jurídica. Seus efeitos vinculam todas e quaisquer pessoas do universo e não apenas aquelas diretamente envolvidas. Nas relações dessa natureza está implícita a obrigação de respeito ao direito de outrem que seja o respectivo titular do direito. Por isso, diz-se que operam erga omnes (contra todos, para todos, que atinge a todos). Exemplo: Ocorre com o direito de propriedade ao qual todos devem respeito. RELATIVAS: Quando uma pessoa ou um grupo de pessoas figura no pólo passivo da relação jurídica.Envolvem somente as partes relacionadas entre si. A obrigação ou dever recais somente sobre determinada(s) pessoa(s), perfeitamente identificada(s) ou identificável(eis), não tendo qualquer ingerência quanto às demais pessoas não envolvidas. São denominadas, ainda, como relações pessoais. Exemplo: É o caso das relações da família, em que os direitos e deveres circunscrevem-se, exclusivamente às pessoas dos cônjuges, dos pais e dos filhos; ou, nas relações sucessórias, cujos direitos e obrigações restringem-se às pessoas ligadas à herança, tais como os herdeiros legítimos e testamentários, legatários, credores do de cujus, dentre outros. Relações Jurídicas quanto ao objeto: Podem ser pessoais, obrigacionais e reais, conquanto direitos da pessoa, de uma prestação ou de uma coisa. PESSOAIS: Quando relativas aos direitos das pessoas. A conduta de uma parte depende da conduta da outra parte. Ocorrem nas relações estabelecidas no Direito de Família. Exemplo: Pátrio-poder, casamento, etc...; OBRIGACIONAIS: Quando relativas às prestações, havendo liberdade de disposição. A conduta de uma parte é o meio de satisfazer o interesse da outra parte. Ocorrem nos contratos, de modo geral. Exemplo: O contrato de compra e venda, ao credor, gera a obrigação de entregar a coisa; ao devedor gera a obrigação de pagar a coisa. REAIS: Quando relativas às coisas. Nessas relações, sobressaem os poderes e as faculdades que têm o titular em relação à coisa, colocando-se as demais pessoas do universo na situação jurídica de não impedir que ele os exerça. Exemplo: A transferência da propriedade de um titular para outro. Relações Jurídicas quanto às normas: No que tange à disciplina normativa, podem ser tratados em várias subdivisões. CIVIS: São aquelas estabelecidas pela lei aos particulares e reguladas pelos direito privado. Via de regra, são relações jurídicas relativas. Exemplo: O art. 186 do C.C. determina: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito; � PENAIS: são aquelas que decorrem da infringência de um dever jurídico estabelecido na lei penal. Exemplo: O art. 121 C.P. proíbe matar. Se ocorre o homicídio, surge a relação jurídica entre o Estado e o agente, da qual pode resultar aplicação da sanção prevista em lei. COMERCIAIS: São aquelas que dizem respeito às atividades dos comerciantes em geral. Exemplo: O art. 1.179, do novo Código Civil, diz: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. TRABALHISTAS: São aquelas que dizem respeito à convivência entre empregador e empregado dentro da empresa moderna. Exemplo: O art. 391 da CLT afirma não constituir justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da mulher, o fato de haver contraído matrimônio ou de se encontrar em estado de gravidez. Ocorrendo o contrário, estabelece-se uma relação jurídica trabalhista entre empregada e empregador. CONSTITUCIONAIS: São aquelas que dispõem sobre a estrutura do Estado, definem a função de seus órgãos e estabelecem as garantias fundamentais da pessoa. As normas constitucionais dispõem sobre a auto-organização do Estado, limitando a ação de governo ao estabelecer faixas de competência; bem como consagram o Direito de garantia das pessoas, sendo certo que as constituições modernas estabelecem todo um rol de garantias fundamentais do homem.� ADMINISTRATIVAS: São aquelas que buscam a regulação dos serviços públicos. Consideramos serviço público, a atividade estatal voltada para a satisfação das necessidades coletivas essenciais, dentre as quais, podemos citar os serviços de correios, fornecimento de água e energia elétrica, seguranças, obras públicas, etc. Está profundamente inserida no nosso cotidiano, pois não apenas estabelece as regras internas da administração pública, como tecem parâmetros de conduta externa, tais como os códigos de postura, caça e pesca, extratividade mineral, e outros. Ainda em plena fase desenvolvimento no Brasil, busca dar à administração pública uma “performance” mais profissional de modo a dar mais eficiência no atendimento à demanda dos serviços públicos. � � TRIBUTÁRIAS: Decorrentes das relações financeiras. É o braço que rege impostos e taxas, impondo sanções para o não pagamento dos mesmos. Suas sanções são tanto patrimoniais (multa, correção monetária, etc) quanto pessoais (prisão), nesse caso com o diferencial de que, a prisão pode ser atenuada caso o contribuinte infrator quitar o débito fiscal, quando notificado para tal.� PROCESSUAIS: São aquelas que disciplinam o processo judicial, ou seja, a seqüência de atos destinados a obter a sentença definitiva. Em termos mais claros, propiciam os meios necessários para fazer valer o direito material. Sua distinção do Direito Material é recente e divide-se em Processo Civil e Processo Penal. São chamadas triangulares ou trilaterais, pois além dos sujeitos está vinculada à atuação do juiz. O Direito Processo Civil regulamenta o processo que tem por objeto, matéria cível, ou seja, todo litígio não encampado na âmbito penal. A iniciativa depende da vontade das partes e seus efeitos alcançam somente os indivíduos que são parte no processo. O Direito Processual Penal dispõe sobre a ação penal, ou seja, o exercício do poder punitivo do Estado e, ao contrário de que ocorre no cível, a ação pode sofrer alteração no seu decorrer, atingindo indivíduos que inicialmente não integravam o processo. Além das distinções clássicas, no Brasil, começa-se a discutir a existência de relação processual administrativa, o que, num primeiro instante faz bastante sentido, na medida em que o processo administrativo segue ritualística bastante similar à do Direito Processual.� Relações Jurídicas podem ser ainda: Direito Público (de subordinação) Direito Privado (de coordenação) DIREITO PÚBLICO: Quando o Estado participa da relação jurídica com seu poder de mando (imperium) que lhe é inerente. Ocorrem quando são disciplinados os interesses gerais da coletividade, nos quais o interesse público se impõe. Exemplo: Relações entre o Fisco e o contribuinte, relações entre o Estado e seus funcionários, relações entre o Estado e cidadão que teve seu imóvel desapropriado, etc; DIREITO PRIVADO: Quando integradas por particulares em plano de igualdade, podendo nelas o Estado participar, desde que não investido de sua autoridade ius imperium. Exemplo: As relações decorrentes de um contrato, seja entre particulares, seja entre o Estado e uma pessoa física ou jurídica, é uma relação de direito regulada pelos instintos constantes do Direito Civil. Outras espécies: Relações Jurídicas Abstratas: Decorrem da abstração da lei. Tais relações não individualizam os titulares dos direitos e obrigações. São as relações jurídicas tal como colocadas na lei, genéricas. Ex: A relação entre o governo e o eleitor em face ao dever de votar é abstrata. É a previsão do fato-tipo no corpo da lei. Quando ocorre o fato se concretiza. Relações Jurídicas Concretas: Os sujeitos são individualizados. Ex: A bateu no carro de B. Sua conduta amoldou-se a regra do art.186CC, uma vez que causou prejuízo a outrem. Agora, está ele obrigado a reparar o dano a B. *a lei aplicada ao caso concreto. É o abstrato tornando-se concreto pela ocorrência de um fato.� Relações Jurídicas Principais: Tem vida autônoma, não dependem de nenhuma outra relação jurídica para sobreviver. Relações Jurídicas Acessórias: Como regra, no Direito o acessório segue o principal. Dependem de uma outra relação jurídica, não tem autonomia. Ex.: o contrato de sublocação gera uma relação jurídica acessória à da locação, que é a principal. Efeito disto é que, uma vezrescindido o contrato de locação, rescindido estará automaticamente o de sublocação, uma vez que a relação acessória sempre seguirá a principal, pois a relação acessória não tem vida autônoma .� É forçoso lembrar que uma determinada classificação não elimina outra, de forma que uma relação jurídica pode ser submetida a diversas classificações simulta-neamente: Simples, de Direito Público, Relativa, concreta e obrigacional. Ex: Pagamento de Imposto. Aula 12 Posição Jurídica dos Indivíduos. Posição jurídica ativa: Direito Subjetivo. Conceito e Elementos. Direito Potestativo: constitutivos e extintivos. Poder jurídico e faculdade jurídica. Posições Jurídicas passivas: dever jurídico, sujeição, obrigação e ônus. Posição Jurídica dos Indivíduos: Os sujeitos (indivíduos) colocam-se ativa e passivamente nas relações jurídicas. Em regra geral, ocupam posições unitárias contrárias, isto é, um sujeito ativo e um sujeito passivo. Contudo, não se pode ignorar que, em determinadas relações, podem os sujeitos, eventualmente, figurar ao mesmo tempo na posição ativa e passiva, dependendo da natureza ou do negócio jurídico que os vinculam. Veremos a seguir, particularmente, cada uma dessas situações. Posição jurídica ativa: A pessoa que ocupa a posição jurídica ativa é o titular do DIREITO SUBJETIVO, o sujeito ativo da relação jurídica, o credor da relação obrigacional principal, ou seja, aquele que tem o poder de exigir do sujeito passivo o cumprimento do dever jurídico. Assim, para o exercício de seus direitos, o sujeito que está na posição ativa tem poderes ou faculdades que utilizará ou não, dependendo de sua vontade ou de seu interesse. Assim, os PODERES e as FACULDADES JURÍDICAS formam o CONTEÚDO dos DIREITOS SUBJETIVOS que, por sua vez, ora se juntam em um só titular e constituem um direito pleno, obrigacional ou real, ora formam um direito limitado quando um dos poderes lhes são retirados pela lei (ex.: a indisponibilidade dos bens dotais), ou pelo respectivo título originário unilateral (ex.: a indisponibilidade imposta pelo testador) ou convencional (ex.: pelo doador). E outras vezes, o próprio titular do direito o desmembra e atribui a outrem uma ou alguma de suas faculdades, com elas formando um direito novo (ex.: os direitos reais sobre coisa alheia, como o usufruto, a enfiteuse, etc.) Direito Objetivo e Subjetivo Bebendo na fonte de Silvio Rodrigues, temos a seguinte distinção: “O fenômeno jurídico, embora seja um só, pode ser encarado sob mais de um ângulo. Vendo-o como um conjunto de normas que a todos dirige e a todos vincula, temos o direito objetivo. É a norma da ação humana, isto é, a norma agendi. Se, entretanto, o observador encara o fenômeno através da prerrogativa que para o indivíduo decorre da norma, tem-se o direito subjetivo. Trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma em seu favor, ou seja, a faculdade de agir sob a sombra da regra, isto é, a facultas agendi.� Na visão de Paulo Dourado de Gusmão “Quando consideramos o direito como norma obrigatória, ou como conjunto de normas obrigatórias, entendemo-lo como direito objetivo, ou seja, direito em sentido objetivo”. É objetivo, na medida em que decorre da norma, expresso em lei. Toda lei ou norma nela contida é exemplo de direito objetivo. O direito subjetivo nasce através do fato jurídico, do direito objetivo (norma agendi). A norma jurídica (direito objetivo-norma agendi) antecede ao direito subjetivo. Direito Subjetivo O Direito Subjetivo corresponde às possibilidades ou poderes de agir que a ordem jurídica garante ao indivíduo. Quando dizemos, por exemplo: “Fulano tem direito de pedir uma indenização” – podemos afirmar que esse indivíduo possui direito subjetivo, identificado na faculdade (garantida pela lei) de poder exigir uma reparação. Especial a definição de Paulo D. de Gusmão para quem “Direito Subjetivo, de modo geral, pode ser entendido como a prerrogativa ou faculdade outorgada, por lei ou por contrato, a uma pessoa, para praticar certo ato”. Para Paulo Nader “O Direito objetivo consiste, assim, na possibilidade de agir e de exigir aquilo que as normas de Direito atribuem a alguém como próprio”. Ou mais especificamente “O direito subjetivo apresenta-se sempre em relação jurídica. Apesar de relacionar-se com o Direito Objetivo, ele se opõe correlativamente é ao dever jurídico. Um não existe sem o outro. O sujeito ativo da relação jurídica é o portador de direito subjetivo, enquanto o sujeito passivo é o titular do dever jurídico.� Direito Subjetivo é, em última análise, o poder de submeter alguém a um direito seu preestabelecido pela norma jurídica. Enseja em um dever jurídico e à sujeição da outra parte. Elementos: Para que se tenha direito subjetivo é necessário que haja três elementos (doutrina de Santiago Dantas):� É necessária a existência de um dever correspondente. Na balança da Justiça, para cada direito, um dever correspondente. O direito é passível de ser violado; Pode o titular do direito ter iniciativa de coerção. Em caso de descumprimento do dever jurídico inerente, o sujeito ativo poderá acionar a tutela jurisdicional para a mantença de seus direitos. Teorias de Kelsen e Duguit (Teorias Negativistas) - Negam a existência do direito subjetivo dentro da ordem jurídico-positiva. Expressão do pensamento positivista, afastando conceitos axiológicos, restando o conceito de que o que existe de fato é o dever de cumprir a norma positivada. Direito Potestativo: É o poder conferido ao respectivo titular de produzir um efeito jurídico mediante uma declaração unilateral de vontade, só de per si, com ou sem formalidade, ou integrada por uma ulterior decisão judicial. São sujeitos a uma modificação jurídica. Exemplos: O direito de o locador denunciar a locação; ou o direito do condômino de extinguir o condomínio. Pode-se dizer que os direitos potestativos são poderes que o respectivo titular tem de formar direitos, mediante a simples realização de um ato voluntário e sem que isso corresponda em relação ao obrigado o cumprimento de uma prestação. Diferentemente das demais espécies de direitos subjetivos, no caso dos direitos potestativos, o sujeito passivo da relação jurídica, ao invés de prestar, satisfazendo a obrigação, apenas submete-se à vontade do titular do direito (sujeição). Medidas as proporções, é como se uma das partes na relação jurídica detivesse o “ius imperium”, ou seja, somente a sua vontade prevalece, não cabendo à outra qualquer oposição. As diferenças fundamentais, portanto, são: No direito subjetivo: há um dever jurídico preexistente, o que não ocorre no potestativo; O direito subjetivo pode ser violado, o potestativo não. Direitos potestativos constitutivos: São aqueles em que o seu titular tem o poder de criar uma relação jurídica por sua exclusiva manifestação de vontade. Exemplo: A servidão de constituição de passagem, a aceitação de herança, o direito de preferência. Direitos potestativos extintivos: São aqueles em que seu titular tem o poder de extinguir uma relação jurídica, por sua exclusiva manifestação de vontade. Exemplo: A revogação do mandato, o rompimento do vínculo do casamento pelo divórcio, a anulação de negócio jurídico. Direitos potestativos modificativos: Alguns – poucos, diga-se – autores sustentam, ainda, a existência de direitos potestativos modificativos. São aqueles que produzem uma modificação de uma relação jurídica preexistente, que continua a existir: Exemplo: casal que contrai matrimônio e, uma das partes pede o divórcio, mas continua em união estável. Entretanto, especialistas em Direito Potestativo, como o prof. Flávio Pimentel, a hipótese real é até possível, mas absolutamente desprezível como figura jurídica, não havendo motivo para sua categorização.� Outras situações jurídicas subjetivas: O direito subjetivoé apenas uma das categorias possíveis de situação jurídica subjetiva, assim como o interesse legítimo, a faculdade e o poder. Poder Jurídico e Faculdade Jurídica são expressões semelhantes, mas, com significados diferentes. O PODER JURÍDICO nasce da norma e deve ser exercido pelo respectivo titular, em caráter quase obrigatório. Assim, por exemplo, o pátrio poder que têm os pais em relação aos filhos. Diferença direito subjetivo e poder No direito subjetivo estamos diante de uma pretensão, a ser exercida em seu próprio benefício e a qual corresponde um dever jurídico. Já na situação de poder é conferida uma função normativa atribuída a um titular, que não pode deixar de praticá-la, em razão de sua indisponibilidade. Ao poder corresponderá uma forma, maior ou menor, de sujeição. Exemplos de poder: poder familiar (poder dever instituído aos pais em função do interesse dos filhos); formas de poder exercidas pelos órgãos do Estado (não no interesse da Repartição Pública, mas da coletividade). (Miguel Reale, Lições Preliminares de Direito). Faculdade jurídica: Como já pudemos aferir em aulas anteriores, a Faculdade Jurídica vem a ser o poder conferido pelo direito de praticar certo ato sem que haja um dever jurídico em contrapartida. Ex: faculdade de contratar, faculdade de adquirir, faculdade de casar, a faculdade de alterar um contrato, a faculdade de alienar um objeto seu. A Faculdade Jurídica como uma expressão do Poder Jurídico consiste na possibilidade da pessoa praticar atos jurídicos em sentido amplo, como o de adquirir uma casa. Esta prática, como as demais que decorrem do princípio da autonomia da vontade, não constitui um direito subjetivo, porque não se opõe a qualquer dever jurídico. A possibilidade de contrair matrimônio, emancipar o filho menor, doar bens é simples faculdade humana decorrente de permissibilidade legal.� A Faculdade Jurídica consiste no poder de agir conforme a norma, podendo deixar de ser exercida sem afetar a existência do direito. Decorre da vontade do titular do direito subjetivo, que pode ou não exercitar os próprios direitos em face do sujeito passivo, dele exigindo ou não a sua satisfação, para o que dispõe do direito de ação. O exercício de um direito, em princípio, é facultativo, como no caso dos direitos reais (consistem nas faculdades de uso, gozo ou fruição e disposição da coisa) ou obrigacionais (consistem em exigir do devedor a prestação de dar, de fazer ou de não fazer). Contudo, há direitos que devem ser exercidos obrigatoriamente, porque são outorgados em proveito de outras pessoas, como os do pai em relação aos filhos. Nesse caso estaremos mais no campo do poder jurídico do que da faculdade jurídica. No entender de Maria Helena Diniz “É comum dizer-se que o direito subjetivo é facultas agendi. Porém as faculdades humanas não são direitos, e sim qualidades próprias do ser humano que independem de norma jurídica para sua existência”. Entende, ainda, que “Compete a norma jurídica ordenar tais faculdades humanas; logo, o uso dessas faculdades é lícito ou ilícito, conforme for permitido ou proibido. Portanto, o direito subjetivo é a permissão para o uso das faculdades humanas”. “A facultas agendi é anterior ao direito subjetivo. Primeiro, a faculdade de agir, e, depois, a permissão de usar essa aptidão.� Ex: Todos nós temos o direito de ser proprietários (facultas agendi), porém a norma (direito objetivo) é que garante o direito de propriedade. É importante diferenciar a faculdade humana do direito subjetivo. Enquanto a primeira não está condicionada a um dever jurídico correlato o Direito Subjetivo decorre de disposição legal e, conseqüentemente, está condicionado a um dever jurídico, a uma obrigação. Em suma, a faculdade humana, quando autorizada por lei, torna-se faculdade jurídica e a facultas agendi, nesse caso, equivale ao Direito Subjetivo. Como características das faculdades jurídicas podemos apontar: Não têm vida própria. Submetem-se, no exercício, às normas que disciplinam o direito que as integram; São conseqüências naturais do direito. Antes de o direito ser adquirido, quem tem a expectativa de adquiri-lo não pode exercer qualquer de suas faculdades; A faculdade pode deixar de ser exercida sem afetar a existência do direito que integra. O conteúdo de um direito pode ser desfalcado de uma de suas faculdades que o compõe, sem que o direito deixe de existir; O direito subjetivo não perde a substância por não ser exercida qualquer uma das suas faculdades, a menos que outra pessoa, por equívoco ou de modo consciente, passe a exercê-las ostensivamente, prolongando a sua ação por tempo que o ordenamento jurídico considere suficiente para que adquira o direito que corresponde à faculdade jurídica exercida. Exemplo: é o que pode acontecer ao proprietário que não exerce a faculdade de usar ou gozar (receber os frutos), deixando inerte o seu direito até que alguém adquira o direito de propriedade através do usucapião; São as faculdades que dinamizam os direitos, impossibilitando sua cristalização. Um direito cujo titular não usa as faculdades correspondentes, conserva-se estático e pode prescrever ou gerar a decadência. Como ensina Paulo Dourado de Gusmão, “O direito subjetivo não se confunde com o estado pessoal (status), com a expectativa de direito, com a faculdade jurídica, com o lícito jurídico e com a posição jurídica”.� Posição jurídica (Situação Jurídica): Pode ser definida como a situação do sujeito em uma relação jurídica, por força da qual é chamado a agir na esfera jurídica do outro. Status ou estado pessoal: É um dos pressupostos do direito subjetivo, consistindo em uma situação jurídica da qual decorrem, ou podem decorrer direitos subjetivos, tal como o estado de casado. � Expectativa de direito: Chamada por Carlos Alberto Bittar de situação jurídica preliminar, é o direito subjetivo ainda em formação, que pode vir a ser direito. Ainda não foi incorporado ao patrimônio ou à personalidade de um titular. (Exemplo: O funcionário público a ser promovido por antiguidade e que está em primeiro lugar na lista da Administração Pública para a promoção. Sua expectativa só se consolida em direito quando ocorrer a vaga.)� Lícito jurídico: É a esfera de ação social deixada à livre decisão do indivíduo, não regulamentada juridicamente. A norma jurídica não ordena, nem proíbe, deixa no campo da licitude, não no direito subjetivo. (Exemplos: art 8o, V e 170, § único da CF). Posições Jurídicas passivas: Encontra-se na posição jurídica passiva, o sujeito passivo da relação jurídica, isto é, quem tem o dever jurídico imposto pela norma ou decorrente de um ato de vontade. Exemplo: o contrato. É a posição em que se encontra aquele contra quem é dirigida a vontade do sujeito ativo. Em qualquer circunstância, estará o devedor num ESTADO DE SUJEIÇÃO ao credor (titular do direito), visto caber a este a faculdade de exigir a satisfação de seu direito, no caso de inobservância do mesmo. Dever Jurídico: Pode-se dizer que o Dever Jurídico equivale à posição jurídica daquele sujeito que, em decorrência da norma, está obrigado a praticar um ato ou se omitir, sob pena de ser penalizado. Só há dever jurídico quando há possibilidade de violação da regra social. Dever jurídico é a conduta exigida.� O dever jurídico decorre do próprio ordenamento jurídico, que há de prever obrigações para cada direito existente, independentemente, do tipo da norma ou da espécie da relação jurídica. Ex: Contrato, onde as partes contraem obrigações; Norma tributária que exige do contribuinte o pagamento de determinado imposto. Ensina Paulo Nader que existem duas correntes divergentes sobre o dever jurídico. Enquanto a mais antiga o identifica como dever moral, prevalece a corrente positivista de Kelsen que identifica-o como com as expressões normativas do direito objetivo. “o dever jurídico não é mais que a individualização, a particularização de uma normajurídica aplicada a um sujeito”, “um indivíduo tem o dever de se conduzir de determinada maneira quando essa conduta é prescrita pela ordem social”.� Dentre as várias espécies de obrigações jurídicas, destacam-se: Dever positivo: Obrigação de dar e fazer; Dever negativo: Exige omissão. Caso específico da obrigação de não-fazer. Dever contratual: tem origem nos contratos; Dever extracontratual ou aquiliano: dever legal decorrente da lei. São deveres jurídicos extracontratuais, também denominados obrigações aquilianas, os que se originam de uma norma jurídica. Exemplo: o dano em um veículo, provocado por colisão, gera direito e dever para as partes conflitantes. Dever jurídico permanente: É aquele que não se esgota com o seu cumprimento. Exemplo: os jurídico-penais, que são ininterruptos. Dever jurídico transitório ou instantâneo: É aquele que se extingue com o cumprimento da obrigação. Exemplo: o pagamento de uma dívida faz cessar o dever jurídico. Sujeição: São elementos fundamentais da relação jurídica, o direito e o dever, que coexistem num plano de igualdade dentro do Direito, sem prevalência de um sobre o outro. Todavia, o dever jurídico imposto pelo contrato ou por lei, sujeita-se ao poder do titular do direito, pois cabe a este exigir a prestação de dar, de fazer ou de não fazer. Exemplo: o devedor de uma importância a outrem tem o dever jurídico de pagá-la na data do vencimento. O credor tem o poder de exigir, judicial ou extrajudicialmente, o pagamento da dívida. Fica, assim, o devedor, em razão do inadimplemento da obrigação, sujeito à execução de seus bens pessoais, decorrente do descumprimento do dever jurídico. Essa sujeição pode chegar alcançar um patamar mais grave, atingindo até mesmo a liberdade do indivíduo. No direito civil são exemplos, a prisão no caso de não pagamento da pensão alimentícia; na prisão do depositário infiel ou ainda nos casos de sonegação fiscal. No direito penal, a sujeição pelo descumprimento do dever jurídico imposto pela lei é mais grave, pois acumula penas corporais com a interdição de direitos, obrigação de indenizar as vítimas ou seus parentes, a perda de bens, entre outras. Obrigação: Quando o dever jurídico consiste em uma prestação de natureza patrimonial temos a OBRIGAÇÃO. A prestação, que forma o conteúdo dos deveres jurídicos, diz-se fungível ou infungível, conforme pode ou não ser substituída por outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Todas as prestações de coisas são fungíveis. Para a intenção das partes, se a individualidade da pessoa é essencial ou não para caracterizar a prestação. Nos deveres públicos, a regra é que a prestação não pode ser transferida para outrem: o dever de votar, de prestar serviço militar são intransferíveis. O cumprimento do dever assegura-se no direito por meio de coação direta ou por meios indiretos de coação, como decadência de direitos, incapacidade, etc. Juridicamente onde há obrigação, há sanção que a garante e assegura. Existem, contudo, as chamadas obrigações naturais que são voluntárias, mas, uma vez realizadas, não podem ser objeto de pedido de restituição. Exemplo: o pagamento de dívida de jogo, ou de dívida prescrita. Quando o dever jurídico consiste em uma prestação de natureza patrimonial.� O cumprimento dela promove a circulação de bens. Pode se dizer que é o vínculo que une dois indivíduos, no qual uma delas (o devedor) está obrigada a uma prestação de natureza econômica à outra (o credor). Ônus: Compreende a necessidade que o agente tem de comportar-se de determinado modo para realizar um interesse próprio. (art 530, I do Código Civil de 1916 / dispositivo correspondente no Novo Código Civil, art 1245). É, portanto, a necessidade que o agente tem de comportar-se de determinado modo para realizar interesse próprio, como, por exemplo, o ônus da prova para quem deseja defender judicialmente um direito seu. Também pode ser um encargo imposto ao beneficiário de um negócio jurídico gratuito, como por exemplo, a doação ou legado, favorecendo o próprio instituidor, terceiro, ou a coletividade anônima. São facilmente encontrados nas doações aos Municípios, com o encargo de que sejam construídos hospitais, escolas ou creches, em benefício da comunidade. Apresenta-se, o encargo (ônus), como um dever imposto ao beneficiário da liberalidade, cujo descumprimento poderá dar ensejo à revogação da mesma. Mas a sua realização não pode ser exigida compulsoriamente, nem constitui contra prestação do benefício recebido, consistindo numa recomendação ou um conselho ao beneficiário, sabendo esse que, caso aceite a liberalidade, deverá cumprir o ônus. Diferenças entre dever jurídico e ônus jurídico No dever jurídico, o comportamento do agente é necessário para satisfazer interesse do titular do direito subjetivo, enquanto no caso do ônus o interesse é do próprio agente; No dever jurídico, o comportamento do agente vincula-se ao interesse do titular do direito, enquanto no ônus esse comportamento é livre, embora necessário, por ser condição de realização do próprio interesse. O ônus é, pelas razões acima, o comportamento necessário para conseguir-se certo resultado que a lei não impõe, apenas faculta. No caso do dever há uma alternativa de comportamento, um lícito (o pagamento, por exemplo) e outro ilícito (o não-pagamento); no caso do ônus, também há uma alternativa de conduta, ambas lícitas, mas de resultados diversos, como se verifica, por exemplo, da necessidade do adquirente de um imóvel registrar seu título. Diferenças entre obrigação jurídica e ônus jurídico Obrigação é prestação; ônus é encargo; A obrigação deve ser satisfeita pelo devedor; o ônus deve ser satisfeito pelo beneficiário da liberalidade; A obrigação tem natureza coercitiva; o ônus não pode ser exigido compulsoriamente. Aula 13 Direito Subjetivo. Classificação: absolutos, relativos, patrimoniais, extrapatrimoniais, originários, derivados, principais, acessórios, transmissíveis, intransmissíveis. A questão da inalienabilidade, da sub-rogação e da sucessão. Classificação dos Direitos Subjetivos São inúmeras as classificações dos direitos, dependendo do ângulo da análise. Inicialmente, divide-se em DIREITOS SUBJETIVOS PÚBLICOS e a dos DIREITOS SUBJETIVOS PRIVADOS. Direitos subjetivos privados Os Direitos Subjetivos Privados são majoritários dentre os direitos subjetivos em geral. Provêm de normas de caráter privado, ou seja, que tratam das pessoas em uma relação de igualdade. Não há prevalência do Estado com o poder de “imperium”. É importante frisar que, na prática, essas classificações estão sujeitas a críticas, pois, tendo em vista as constantes modificações sofridas pela sociedade, muitas das categorias abaixo não mais subsistem em sua integralidade. Classificação dos Direitos Subjetivos Privados sob o Aspecto econômico Direitos Subjetivos Patrimoniais e Extrapatrimoniais Patrimoniais: São aqueles que possuem conteúdo econômico, isto é, aqueles em que o homem procura atender às suas necessidades econômicas. Em regra, são transmissíveis e alienáveis, ao contrário do que ocorre com os direitos personalíssimos. Na concepção de Paulo Nader, subdividem-se em reais, obrigacionais, sucessórios e intelectuais.� Reais: São aqueles que têm por objeto um bem móvel ou imóvel; Obrigacionais: Conhecidos ainda como de crédito ou pessoais têm por objeto uma prestação pessoal. Ex: contrato de trabalho; Sucessórios: São aqueles direitos decorrentes do falecimento de seu titular e são transmitidos aos seus herdeiros; Intelectuais: Dizem respeito aos autores e inventores, que têm o privilégio de explorar sua obra, com exclusão de outras pessoas. Extrapatrimoniais ou Não-Patrimoniais:� Existem direitos pessoais extrapatrimoniais, também chamados inatos, porque tutelam o ser humano a partirdo seu nascimento, como é o caso dos direitos de família puros. Aqui também estão compreendidos os direitos personalíssimos. Exemplo típico no que se refere ao Direito de Família é o disposto no § 5º, do art 226 da CF, cuja redação dispõe que “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Tais direitos são dotados de valor moral, caso típico do direito à filiação, o direito ao pátrio poder, o direito à honra. Podem ser direitos personalíssimos ou direitos familiares propriamente ditos. De todo modo, são inalienáveis, intransmissíveis, sendo alguns adquiridos pelo nascimento. Extinguem-se com a morte do titular. Vale como exceptio lembrar que, um direito personalíssimo pode ser explorado economicamente, embora não possa ser transferido a outrem, como é o caso do direito à imagem. Classificação dos Direitos Subjetivos Privados Quanto à Eficácia Direitos Subjetivos Absolutos e Relativos:� Direitos Subjetivos Absolutos: São aqueles em que o titular pode exigir um comportamento negativo (abstenção) de toda a sociedade, sendo, portanto, exercidos erga omnes. Caso típico do direito de propriedade, onde toda a coletividade é obrigada a respeitar. A principal característica dos direitos absolutos é o dever geral de abstenção de todos os membros da comunidade no sentido de não lesionar referido direito. Direitos Subjetivos Relativos: São aqueles em que está na situação jurídica passiva uma pessoa ou pessoas determinadas. Existe uma relação jurídica entre as partes, seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou de imposição legal. Sua eficácia é circunscrita a determinadas pessoas. São relativos aos direitos de crédito, in personam. Reflexo das relações jurídicas relativas. Nos Direitos Subjetivos Relativos está na situação jurídica passiva uma pessoa ou pessoas determinadas. Existe uma relação jurídica entre as partes (inter pars), seja decorrente de contrato, de ato ilícito ou de imposição legal. Ex: Os direitos de crédito em face de alguém, como os decorrentes de uma locação, de alimentos (direitos obrigacionais ou de crédito); e os pessoais, como aqueles decorrentes do casamento, do pátrio poder, etc. (direitos de família puros). Direitos Subjetivos Originários e Derivados Direitos Subjetivos Originários: São direitos que se adquirem diretamente, sem interposição de titular anterior. Ex: A personalidade civil, o direito ao nome dos pais, direito a alimentos, os direitos personalíssimos, o usucapião, a ocupação, etc. Direitos Subjetivos Derivados: São os direitos que nos são transmitidos por alguém. Ex: Direito à sucessão aberta, de uma compra e venda (direito de propriedade), direito de crédito, etc. Direitos Subjetivos Principais e Acessórios� Direitos Subjetivos Principais: São os chamados direitos independentes, autônomos. Ex: Direito de propriedade, direito de crédito oriundo de contrato, o pátrio poder, direito a alimentos. Direitos Subjetivos Acessórios: São aqueles que dependem do principal, não possuindo existência autônoma. Ex: Direitos decorrentes do contrato de fiança, direto a percepção de juros, os resultantes de uma cláusula penal, etc. Direitos subjetivos transmissíveis e intransmissíveis� Direitos Subjetivos Transmissíveis: Os direitos subjetivos são em regra transmissíveis, isto é, podem ser transferidos para outros sujeitos. Direitos Subjetivos Intransmissíveis: Mas nem sempre é assim. Também temos os direitos subjetivos, que não estão sujeitos à transmissão. São os denominados personalíssimos, que dizem respeito, normalmente, aos direitos da personalidade. Ex: Direito à honra, à vida, ao nome, à imagem. Da Inalienabilidade A questão da inalienabilidade versa primordialmente sobre a indisponibilidade de uma coisa ou de um direito. Na esfera do Direito Romano, as coisas inalienáveis eram coisas fora do comércio, que não podem ser objeto de apropriação individual e que não podem também ser vendidas ou compor o patrimônio de uma pessoa. Pelo nosso Direito, há três categorias de bens inalienáveis: NATURALMENTE indisponíveis, como, por exemplo, o ar atmosférico, a água, o mar, considerados como bens não-econômicos, em face de sua grande quantidade; LEGALMENTE inalienáveis, como, por exemplo, os bens públicos de uso comum do povo ou de uso especial, os bens dotais, os bens de incapazes, o corpo, a vida, etc. Inalienáveis pela VONTADE HUMANA, isto é, resultante de manifestação de vontade que não pode ser arbitrária, somente pode ocorrer nos casos previstos em lei. Pode ser temporária ou vitalícia. Pode resultar de doação, de testamento ou da instituição do bem de família. Sub-rogação Significa, em sentido amplo, substituição de um titular de direito por outro, ou de uma coisa por outra. Distingue-se, portanto, sub-rogação PESSOAL da sub-rogação REAL. SUB-ROGAÇÃO PESSOAL: quando uma pessoa, natural ou jurídica, substitui outra na relação jurídica, seja por ato inter vivos, seja causa mortis. SUB-ROGAÇÃO REAL: quando um bem toma lugar de outro como objeto do direito. Sucessão Na hipótese de transmissão derivada, o novo titular adquire o direito do seu anterior titular. Nesse caso, temos o fenômeno da SUCESSÃO. Dá-se a sucessão quando alguém assume o lugar do outro sujeito em um determinado direito subjetivo. Pode ocorrer inter vivos, como no caso da compra e venda, ou causa mortis, como no caso da sucessão hereditária. A sucessão é presidida por certos princípios gerais, como, por exemplo, o de que ninguém poder transmitir mais direitos do que possui ou de que não se pode adquirir mais direitos do que possuía o seu titular anterior. Aula 13 – parte ii A figura do Abuso do Direito Direito Adquirido. Distinção entre Direito Adquirido e Expectativa de Direito A tutela constitucional do Direito Adquirido Exercício versus abuso de direito� Os ATOS DE EXERCÍCIO dos direitos subjetivos estão sujeitos a determinados requisitos de duas ordens: requisitos subjetivos; requisitos objetivos. Os requisitos subjetivos dizem respeito aos sujeitos do direito subjetivo, isto é, o sujeito que o exercita (sujeito ativo) e o sujeito em face de quem se exercita (sujeito passivo). Devem ambos os sujeitos ter legitimação, isto é, idoneidade para praticar atos de exercício de um determinado direito subjetivo (legitimação ativa) ou para suportar o exercício do direito (legitimação passiva). Num ou noutro caso, a legitimação pode ser direta ou indireta, ocorrendo a primeira quando existe plena coincidência entre o titular do direito ou o sujeito passivo e aquele que pratica os atos de exercício do direito subjetivo (capacidade de gozo e de exercício) ou de defesa; e a segunda, quando não coincidem na mesma pessoa a capacidade de gozo e a de exercício, como no caso dos absolutamente incapazes, que são representados (na verdade, substituídos) em todos os atos da vida civil por seus tutores ou curadores ou são por eles assistidos em certos atos, no caso de incapacidade relativa. Os requisitos objetivos dizem respeito ao exercício oportuno e tempestivo do direito subjetivo, isto é, não podem ser exercitados nem antes de adquiridos, nem depois da época devida, posto que, no primeiro caso, faltaria legitimação e interesse ilegítimo, e, no último, porque, passado o limite temporal para o exercício do direito, não teria mais ação para protegê-lo, em virtude da prescrição, ou até o perderia em definitivo, nos casos de decadência. Quanto ao ABUSO DO DIREITO, ao contrário da legislação dos outros países (Código Civil alemão, espanhol, suiço, etc.), o ordenamento jurídico brasileiro não contém regra genérica, mas o repele em várias passagens. Existem parâmetros dentro dos quais os direitos podem e devem ser exercidos. Isto significa dizer que os direitos, na verdade, são relativos; eles nãosão absolutos, como podem a princípio parecer, salvo no tocante aos chamados direitos personalíssimos (direito à vida, à liberdade, à honra, à imagem, ao nome, etc.). Se os demais direitos fossem absolutos, não sofreriam qualquer restrição ou limitação ao seu exercício. Sendo relativos, como de fato o são, o exercício de um direito anormal pelo seu titular, causando prejuízo a outrem, é considerado abusivo. Portanto, o ABUSO DE DIREITO é o exercício anormal de um direito pelo titular, isto é, sem que haja interesse legítimo ou além desse interesse, por mera rivalidade, concorrência, imoralidade ou para prejudicar a outrem, sem que o agente se beneficie do resultado, causando, ainda, dano injustificado a terceiro. Desse conceito podemos extrair alguns requisitos essenciais: que haja de fato um direito e o seu exercício pelo titular do mesmo; que tal exercício se faça sem qualquer interesse legítimo ou além desse interesse; que o exercício do direito ocorra por mera rivalidade, concorrência ou ainda para causar prejuízo a outrem; que o agente não se beneficie do resultado; que cause dano a terceiros. É importante ressaltar que no ABUSO DO DIREITO não há manifestamente uma ilicitude ou um ato injurídico. Se assim fosse, estaríamos ou diante de um ilícito civil ou de uma ação típica configurativa de crime, hipóteses que não poderiam ser consideradas simplesmente como abusivas, mas sim de natureza muito mais grave. Para haver abuso de direito há que existir como pressuposto básico um direito do qual se fará uso imoderado. Exemplo: emissão de som, barulho, gases nocivos ou fumaça de forma excessiva, causando incômodo ou prejuízo aos vizinhos. O ABUSO DE DIREITO é, na verdade, um ato reconhecidamente lícito, embora praticado desmedidamente, vindo trazer prejuízos a outrem, Como diz Machado Paupério: “No abuso do direito não há violação direta da lei, como poderá parecer a muitos, mas apenas a violação do princípio geral de que os direitos devem exercer-se dentro de certos limites.” Modalidade implícita de ato ilícito, o abuso de direito, porém, com ele não se confunde, pois o abuso decorre do exercício de um direito, realizado, porém, de forma imoderada, excessiva, injustificada, causando, assim prejuízo a outrem. Os efeitos do abuso de direito, desde que configurado este, dão margem ao pedido de interdição ou cessação do mesmo, além do de indenização a fim de reparar os danos sofridos. Se o abuso consiste na ameaça do exercício normal de um direito para extorquir do ameaçado certa declaração de vontade, o seu efeito consiste na anulabilidade do negócio jurídico, podendo até configurar crime de ameaça, se coação houver. Direito Adquirido. Direito adquirido é aquele que, na vigência de determinada lei, incorporou-se ao patrimônio de seu titular. Pode ser de natureza patrimonial ou personalíssimo. Ex: O servidor público de carreira lotado em cargo de confiança por mais de cinco anos tem direito a incorporar o salário do cargo ao seu salário base; ao final de cinco anos o servidor A completou o tempo e adquiriu o direito. A lei nova extingue esse instituto jurídico. No caso do servidor A, ainda que o governo não tenha apostilado suas vantagens, não poderá negar-lhe o direito à incorporação, pois o direito se aperfeiçoou na vigência da lei anterior. O art. 6º da LICC dispõe que “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Na mesma esteira caminha o inciso XXXVI do art. 5º da Carta Magna “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, com aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. Expectativa de direito: Chamada por Carlos Alberto Bittar de situação jurídica preliminar, é o direito subjetivo ainda em formação, que pode vir a ser direito. Ainda não foi incorporado ao patrimônio ou à personalidade de um titular. (Exemplo: O funcionário público a ser promovido por antiguidade e que está em primeiro lugar na lista da Administração Pública para a promoção. Sua expectativa só se consolida em direito quando ocorrer a vaga.)� Expectativa de Direito: Enquanto o direito adquirido já se integrou ao patrimônio ou à personalidade do indivíduo, a expectativa de direito é apenas direito em formação e que depende de uma condição futura para gerar direito subjetivo. Caso essa condição não se realize a expectativa não se converterá em direito. Como bem salienta Paulo Dourado de Gusmão, a expectativa de direito é o nada jurídico. A expectativa de direito é a mera esperança de vir adquirir um direito, ou seja, o direito só surge e se adquire ao se verificar o fato ou o ato capaz de produzi-lo ou de lhe conferir aperfeiçoamento e vida. Exemplo: alguém promete a outrem instituí-lo herdeiro em testamento. Posição do STJ sobre Direito Adquirido em Concurso Público: Recentemente, em fevereiro de 2008 o STJ mudou o entendimento sobre a questão do Direito adquirido em concurso público. Historicamente, a posição do Tribunal se dava no sentido de que o candidato aprovado em concurso público, ainda que estivesse classificado no número de vagas, teria mera expectativa de Direito, já que poderia ser chamado ou não, de acordo com a conveniência e necessidade da administração. Com o julgamento do processo RMS 20718, a corte decidiu que o candidato aprovado no número de vagas existente, detém direito adquirido à vaga, tendo assim, direito à nomeação.� Tal posição tende a desfazer não apenas os problemas na seara jurisprudencial como na doutrina, já que há autores que vêem na situação elencada apenas expectativa de direito, ao passo que outros tantos defendem tratar-se de direito eventual. Prevalece, logo, a corrente que defende se tratar de direito adquirido. A tutela constitucional do Direito Adquirido A Lei de Introdução ao Código Civil não era eficiente apenas à sua época. Basta salientar que o legislador entendeu não ser pertinente a sua alteração por ocasião da promulgação do Novo Código Civil. Mais do que isso, no caso do art. 6º, por exemplo, o legislador constituinte, reconhecendo o seu papel fundamental no Direito Brasileiro, constitucionalizou-o, inserindo-o no rol de direitos fundamentais do artigo 5º. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Bibliografia: BOBBIO, Norberto. A Teoria do Ordenamento Jurídico. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1996. CARNEIRO, Marcelo. Aspectos básicos da fúria legiferante – Rio de Janeiro: Unesa. 2005. ______; O Brasil e a Fúria Legiferante – Campinas: Revista Quorum nº 1. ______; O Brasil e o direito que queremos. no prelo, 2007 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. São Paulo: Saraiva, 2001. ESPINOLA, Eduardo; ESPINOLA FILHO, Eduardo. A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Renovar. 1999. FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito civil – teoria geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. FAVIER, Jean. Carlos magno. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas. 2001. GIORDANO, José Acir Lessa.Direito civil. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2001. HOGEMAN, Raquel. Material de consulta ied II 2008-2. Rio de Janeiro: Unesa. HRYNEIWICZ, Severo. Para Filosofar. Rio de Janeiro: Editora Santelena, 2001. LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. 28 ed. São Paulo: Biblioteca Jurídica Freitas Bastos. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense. 2001. MELLO, Cleyson e FRAGA, Thelma. Direito civil – introdução e parte geral. Rio de Janeiro: Impetus. 2005, p. 238. MIAILLE, Michael. Introdução Crítica ao Direito. Lisboa: MONTEIRO.Washington de Barros. Curso de direito civil – 1º volume. 31 ed. São Paulo: Saraiva. MUSETTI, Rodrigo Andreotti. Site do conselho de justiça federal. NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2000. _____ Curso de Direito Civil. Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003. NORONHA NETO, Francisco Tavares. Noções fundamentais de Direito do Trabalho, Texto extraído do Jus Navigandi <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7686)> OLIVEIRA. J.M. Leoni Lopes de. Introdução ao Direito. PIMENTEL, Flávio. Entrevista. Resende: Unesa, maio 2005. RAÓ, Vicente. O Direito e a Vida dos Direitos. São Paulo: Revistas dos Tribunais. 2001. RODRIGUES, Sílvio. Direito civil (parte geral). STJ, Superior tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/objeto/texto.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&t> STF– Supremo Tribunal Federal. Ementário Forense, n 80, jul. 1955 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2001. TEPEDINO apud SLAWINSKI, Célia Abreu. Rio de Janeiro: Apostila Unesa – Temas de Direito Civil. VENOSA, Sílvio de Salvo Venosa. Código Civil Comparado - atualizado conforme o Novo Código Civil. São Paulo: Atlas. 2001. ______; Introdução ao estudo do direito. São Paulo: Atlas. ______;Direito civil – parte geral. São Paulo: Atlas, 2003 WOLKNER, A.C. Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico. São Paulo: Saraiva, 2002. “Onde a Lei é súdita dos governantes e privada da autoridade, vejo pronta a ruína da cidade (Estado); e onde, ao contrário, a lei é senhora dos governantes e os governantes seus escravos, vejo a salvação da cidade e a acumulação nela de todos os bens que os deuses costumam dar às cidades.” PLATÃO Moral Direito Moral Direito Moral Direito “A lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais. Não constitui, como outrora, a expressão de uma vontade individual (L´État c´est moi), pois traduz as aspirações coletivas”. Paulo Nader Como nos ensinaram Hans-George Gadamer e São Tomás de Aquino, ao jurista é imprescindível, muito mais que aplicar a lei ao caso concreto, saber interpretá-la de modo a alcançar o justo. Essa interpretação deve considerar, essencialmente, a causa do homem — visto como ser humano que vive em sociedade, que aspira ao bem comum. A lei deve existir para servir ao homem e não o homem à lei * Sujeito Ativo Sujeito Passivo Vínculo Objeto Garantia � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito .14ª Ed. São Paulo: Forense. p. 90. � LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. 28 ed. São Paulo: Biblioteca Jurídica Freitas Bastos. p 29. � MONTEIRO.Washington de Barros. Curso de direito civil – 1º volume. 31 ed. São Paulo: Saraiva. p.0 2. � HOGGEMAN, Raquel. Plano de aula 01. Rio de Janeiro: Unesa. 2010. � NADER, Paulo. opus cit. p. 101. � OLIVEIRA. J.M. Leoni Lopes de. Introdução ao Direito, cap 1 – 2.2, pg. 08. � Nota do professor: Tese recente e controversa, que permite ao julgador afastar a lei para aplicar a Justiça, quando aquela não atende a sua finalidade social. Baseia-se na “bonae fidei” e na eqüidade. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito .14ª Ed. São Paulo: Forense, 30 – pg.64 a 66. � GUSMÃO, Paulo Dourado de - Introdução ao Estudo do Direito, 1 – pg. 3 a 6 � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito .14ª Ed. São Paulo: Forense. p. 383 a 385. � NADER, Paulo. op cit p. 29 a 42. � NADER, Paulo. ibid p. 33 a 39. � NADER, Paulo. ibidem. p. 40 a 41. � FAVIER, Jean. Carlos magno. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. p. 307. � Considerado o “pai do Direito Natural” proferiu a famosa frase: “O Direito Natural existiria mesmo que Deus não existisse ou que, existindo não cuidasse dos assuntos humanos”. � Capitular: conjunto de capítulos. Equivale ao que conhecemos como código. Carlos Magno deixou várias capitulares, sendo, praticamente, o único grande governante medieval a se preocupar com a legislação, como forma de unificação do reino e, mais tarde, do império. � Favier, Jean. Carlos magno. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. p. 149. � Ibidem. � NADER, Paulo. op cit p. 42. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito .14ª Ed. São Paulo: Forense, 39 – pg.77. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito, 31 – pg.53. � idem – pg. 54. � UCHOA, André. Apostila do professor.Univ. Estácio de Sá. � FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito –Técnica, Decisão e Dominação, 4.2.4.1 – p. 139/140. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 196 – pg 342. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 197 – pg 343, 344./ Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 102 – pg 173, 174. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito .14ª Ed. São Paulo: Forense. p. 348/350. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito, 105. p. 176-179. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 103 – pg 174. � idem, 111 – pg. 182 e 183 � NADER, Paulo. Idem, cap XXXVI – pg 355/362. � HOGEMAN, Raquel. Plano de Aula 2010.2. Aula 3. � Também aqui, conforme ocorria com o Direito do Trabalho, devido a sua natureza tanto pública quanto privada, é considerado por muitos como Direito Misto. � NORONHA NETO, Francisco Tavares. Noções fundamentais de Direito do Trabalho, Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7686) � OLIVEIRA, J.M.Leoni Lopes De. Introdução ao direito – Cap. 2 / p. 55/57 � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense. 73 – p. 137 � DINIZ, Maria Helena - Compêndio de introdução à ciência do direito. Saraiva. 2-A – p. 279/280 � idem. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 66 – p. 102 � Muitos autores consideram os costumes como fontes formais, porquanto constem da LICC, como elemento de integração. Para este autor, são fontes materiais. � GUSMÃO, Paulo Dourado de – Introdução ao Estudo do Direito, 71 – p. 112. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense., 74 – p. 139/140. � CARNEIRO, Marcelo – O Brasil e a Fúria Legiferante – Campinas: Revista Quorum nº 1, pg 28/34. � CARNEIRO, Marcelo – Aspectos Básicos da Fúria Legiferante – Rio de Janeiro: Unesa. p 05. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, p. 49/155. � ibidem, Cap XV – p. 151. � Op. cit. p. 175. � NADER, Paulo - Introdução ao estudo do direito., 90 – pg. 165. � ibidem p. 167. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito, 166 – pg. 306/307 � CARNEIRO, Marcelo. Aspectos básicos da fúria legiferante – Rio de Janeiro: Unesa. p 31 � STF. Atualização em 08 fev 2010. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 104 – p. 185/186. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 104 – p. 188/189. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – C.3.2.1 – p. 447. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – C.3.2.2 – p. 455/456. � Paulo Nader – Introdução aoEstudo do Direito, Cap XX – p. 193/198. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – C.3.2.4 – p. 463/468. Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 60 – p. 109/111. �Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 3/A – 327/337 � Paulo de Dourado Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 48 – p. 79 � Paulo de Dourado Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 48 – p. 79 (nota 1) � J.M.Leoni de Oliveira – Introdução ao Direito – p. 203 , (3.2 ) � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 44 – p. 85 � DINIZ, Maria Helena– Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – E, p. 383/ NADER, Paulo – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 87/90. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 87 � idem, 45 – p. 87/88 � ibidem, 45 – p. 88 � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – E, p. 382./ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 88. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – E, p. 377-378./ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 89./ Paulo D. de Gusmão - Introdução ao Estudo do Direito, 54 – p. 86/87. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 89. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 89 � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 89 � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 45 – p. 89/90. � Paulo D. de Gusmão - Introdução ao Estudo do Direito, 112 – p. 184. � Ver aula 04. � Constituição Federal – Art. 59. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - 1 F, pg. 129. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 70 – p. 110/112. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 74 – p. 116. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - C, pg. 287. � idem. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - C, pg. 288. � Idem. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 46 – p. 90. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - F, pg. 385. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 39 – p. 62/63/ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 46 – p. 91. � Ibid, 39 – p. 62/63./ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 46 – p. 91. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 46 – p. 90. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, Capítulo XVI. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 76 – p. 144/145. � Posição defendida pelo próprio autor e comprovada em sala de aula. � Site Unesa – Texto Prof.ª Célia Barbosa Abreu Slawinski � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 135 – p. 245. � Nota de aula – pós graduação em Direito Público 2004 – Aula Sylvio Motta (Controle de Constitucionalidade � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito., 136 – p. 245. � Paulo Dourado de Gusmão - Introdução ao Estudo do Direito, 142 – p. 243. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 136 – p. 246. � Paulo Dourado de Gusmão - Introdução ao Estudo do Direito, 142 – p. 243/245. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - 4 D, pg. 469. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito - 4 D, pg. 472/474. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 105 – p. 188. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, Capítulo XXV. � Carlos Maximiliano - Hermenêutica e Aplicação do Direito, Introdução – pg. 01. * MUSETTI, Rodrigo Andreotti. Site do conselho de justiça federal. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 144 – pg. 256. � Maria Helena Dniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – pág. 418/421. � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – pág. 415. � TEPEDINO apud SLAWINSKI, Célia Abreu. Rio de Janeiro: Apostila Unesa – Temas de Direito Civil. � NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito, 149 – pg. 263. � Ibid. � Ibidem. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 153 – p. 269/270. � FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito, 5.2.1.1. p. 286 a 289. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 154 – pág. 270/272.. � ibid, 155 – pág. 272/273./idem. � ibidem, 156 – pág. 273. � FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito, 5.2.1.2 – pág. 289 a 292. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito., 157 – pág. 273/274. � MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense. 2001. p. 124/128. � FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito, 5.2.1.3 – pág. 292 a 294. � NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Saraiva. p. 291/297. � Paulo Nader desconsidera fato jurídico como elemento, pois considera-o mais um pressuposto das relações jurídicas. Será estudado apropriadamente na Aula 10. � GIORDANO, José Acir Lessa. Direito civil. p 169. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. Cap. XXVII. � NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Saraiva, Caps. XXXV e XX. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. op. cit. Caps, XVII e XVIII. � A sanção inerente aparece no art. 927: “Art. 927 - Aquele que por ato ilícito (art. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” . � NADER, Paulo. op.cit. p. 342. � ibid. p. 343/344. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. op. cit. p.173, 174. � ibid. p. 103 e 174. � GUSMÃO, Paulo Dourado de. op. cit. p. 182 e 183. � HOGEMAN, Raquel. Material de consulta ied II 2008-2. Rio de Janeiro: Unesa. � Idem. � Silvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 2 – p. 06/07. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 169 – p. 300/301. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 169 – p. 302. � PIMENTEL, Flávio. Entrevista. Resende: Unesa, maio 2005. � Idem – (cit. Recaséns Siches, Tratado General de Filosofia Del Derecho). � Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. Cap 3 – 1 C, p. 246 � Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 150 – p. 267/268. � ibid 150 – p. 267. � Idem. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 176 – p. 312/314. � KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito Vol. I, 225 (cit. Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 176 – p. 313) � Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 151 – p. 268. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/2 – p. 306. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/2 – p. 306. � IBID. 172/1 – p. 306. � Op. Cit. 172/3 – p. 307. � Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/2 – p. 307. � Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 152 – p. 269. � Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 150 – p. 267. � STJ- o tribunal da cidadania. Disponível em: <�HYPERLINK "http://www.stj.gov.br/portal_stj/objeto/texto.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&t"�http://www.stj.gov.br/portal_stj/objeto/texto.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=398&t�...> �PAGE � � SHAPE \* MERGEFORMAT ���� � PAGE \* MERGEFORMAT �82�