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Falência Pagamento aos Credores...

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FALÊNCIA 
(Lei n.º 11.101, de 09-02-2005)
Do Pagamento aos Credores:
(Art. 149 ao Art. 153)
Inicialmente, é necessário relembrar que a Falência visa a liquidação do patrimônio do devedor em favorecimento da satisfação do credor, por meio de um acordo legal que estipula a ordem de preferência, logo, conceitua-se a falência como “um processo de execução coletiva, em que todos os bens do falido são arrecadados para uma venda judicial forçada, com a distribuição proporcional do ativo entre os credores”.[1: FÜHER, Maximilianus Cláudio Américo. Roteiro de falência e concordatas. 15. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990, p. 27. ]
A falência divide-se em três fases, as quais são: a primeira entendida como uma fase pré-falimentar, a segunda que é a da falência propriamente dita e a terceira fase que a da realização do ativo e pagamento aos credores, esta última compreende o conteúdo o qual, brevemente, explicar-se-á. 
Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias.
O pagamento aos credores deve seguir uma ordem legal, a qual elucida o artigo supracitado, que somente após o pagamento dos créditos extraconcursais, na forma do Art. 84, da mesma lei, e consolidado o quadro geral de credores, as importâncias serão destinadas ao pagamento dos credores, conforme a classificação do Art. 83, do mesmo dispositivo legal, bem como será dada atenção aos demais dispositivos e as decisões judiciais que determinarem reservas de importâncias. Nesse sentido: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL – CONCURSO DE CREDORES – Interposição contra decisão que, sob o fundamento de que os créditos provenientes de honorários advocatícios, ainda que detivessem natureza alimentar, não se equiparavam aos créditos trabalhistas, indeferiu pedido formulado pelo agravante, que objetivava a alteração da ordem de pagamento – Descabimento – A natureza alimentar dos honorários advocatícios já foi reconhecida pelo STF, na Súmula Vinculante nº 47 – "Para efeito do art. 543-C do Código de Processo Civil: 1.1) Os créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja pela regência do Decreto-Lei n. 7.661/1945, seja pela forma prevista na Lei n. 11.101/2005, observado, neste último caso, o limite de valor previsto no artigo 83, inciso I, do referido Diploma legal. 1.2) São créditos extraconcursais os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei n. 11.101/2005" – Entendimento do STJ manifestado no julgamento do REsp. 1.152.218-RS, sob o rito dos recursos repetitivos, nos termos do art. 543-C do CPC – Aplicação, por analogia, deste entendimento ao caso em apreço – Créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e, como tal, se equiparam aos trabalhistas – Precedentes do STJ e do TJ-SP – Créditos provenientes de honorários devidos aos patronos da CONSTRUTORA TERRABRASIL LTDA. que deverão ser satisfeitos em primeiro lugar, seguidos dos demais créditos na ordem estipulada nos autos do Agravo de Instrumento nº 2094148-81.2014.8.26.0000 – Decisão reformada – Recurso provido.
§ 1º Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão depositados até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido, no todo ou em parte, os recursos depositados serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.
Destarte, cabe recordar que a falência suspende o curso da prescrição de todas as ações e execuções em face do devedor, no entanto, uma das exceções são as que se referem as ações trabalhistas, que serão de competência da Justiça do Trabalho. Assim sendo, o juiz da jurisdição de processar a ação supracitada pode requerer ao juiz da falência a reserva de importância. Em vista disso, havendo reservas de importância ficarão depositadas até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido (no juízo competente), no todo ou em parte, os recursos depositados serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.
§ 2º Os credores que não procederem, no prazo fixado pelo juiz, ao levantamento dos valores que lhes couberam em rateio serão intimados a fazê-lo no prazo de 60 (sessenta) dias, após o qual os recursos serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.
Em outras palavras, os credores que não procederem no prazo fixado pelo juiz, ao levantamento dos valores que lhe couberem em rateio, serão intimados para fazerem no prazo de 60 dias, os quais serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes. É importante salientar que o prazo é decadencial em relação ao rateio, não em relação ao crédito, ou seja, o credor terá perdido a oportunidade naquele rateio e não terá perdido o seu crédito ou a classificação legal. 
Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa.
Neste dispositivo há a previsão para o pagamento antecipado das despesas indispensáveis à administração da falência, que deverão ser pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. Além disso, inclui, ainda, as despesas referentes a manutenção provisória da operação do falido, a qual deve ser autorizada em sentença pelo magistrado que decretar a falência. 
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
O legislador quase “iguala” os créditos trabalhistas de natureza salarial aos extraconcursais, isto porque os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, deverão ser pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. Em regra, o dispositivo visa auxiliar o credor trabalhista com a antecipação suficiente à sua subsistência, uma vez que este crédito tem um caráter alimentar. No entanto, estipula limites para que não ocorra o esgotamento das verbas. 
Art. 152. Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia.
O artigo supramencionado visa desestimular a fraude e atividades indevidas no processo falimentar, por meio de uma sanção pecuniária. Ademais, o Art. 175, da lei em estudo, tipifica esta conduta como um crime. 
Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.
Neste ponto, é importante lembrar que o pagamento será proporcional a participação societária de cada sócio da sociedade empresária falida, uma vez que a falência é causa de dissolução de sociedades. Outrossim, vale ressaltar que o saldo não se confunde com eventuais créditos subordinados dos sócios e administradores sem vínculo empregatício perante a sociedade. O saldo somente se verifica quando findar o pagamento dos créditos, inclusive, desses créditos subordinados (últimos na ordem legal do art. 83) e ainda existirem importâncias decorrentes da realização do ativo. 
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei n.° 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. 
FÜHER, Maximilianus CláudioAmérico. Roteiro de falência e concordatas. 15. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.
BRASIL. Tribunal de Justiça-SP - Agravo de Instrumento: AI 20788440820158260000 SP 2078844-08.2015.8.26.0000. Relator: Plinio Novaes de Andrade Júnior. 20 de Agosto de 2015. 
Comentários à Lei de Falência. http://www.direitocom.com/lei-de-falencias-lei-11-101-comentada/capitulo-v-da-falencia-do-artigo-75-ao-160, Acessado em: 16/06/2017.

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