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1 Marcelo Soldi RESUMO DE PROCESSO CIVIL I Processo de conhecimento I – Conceitos introdutórios – Fato processual: é algo que aconteceu fora do processo e interfere no mesmo. Exemplos: morte, substituição, etc. Ato processual: é o ato praticado por sujeito do processo, que pode ser no começo, no meio ou ao final do processo. Súmulas vinculantes: é o entendimento pacificado pelo STF (não há o que discutir). Os tribunais devem seguir esse entendimento, que não pode ser contrariado. Súmulas: elas apenas “orientam” o fundamento de decisões de tribunais inferiores e juízes. II – Competência – Competência é a medida ou quantidade de jurisdição atribuída aos seus órgãos de exercício. A jurisdição, muito embora única, necessita ser distribuída entre os agentes nela investidos, tudo visando a melhor administração da justiça. É a competência, portanto, a divisão do poder estatal entre seus agentes políticos. Competência internacional É um termo impreciso, já que a constatação de qual país soberano é o competente para dirimir a lide é verdadeiro conflito de jurisdição. Como a competência internacional envolve exercício de poder estatal e parcela de soberania pátria, não comporta ela derrogação pela vontade das partes, exemplo: é invalida cláusula de eleição de foro estrangeiro em contratos de transportes aéreos internacionais firmados no Brasil. Competência concorrente: a autoridade judiciária é competente para julgar, sem prejuízo da competência de demais jurisdições estrangeiras, toda vez que: CPC. Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Nesses casos, a jurisdição brasileira, se provocada, assumirá o dever de solucionar o conflito, muito embora aceite eventual solução proveniente de país estrangeiro que também se intitule com jurisdição para a composição da lide. CF. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. LINDB. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 2 Marcelo Soldi § 1 o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2 o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Competência exclusiva: são as hipóteses nas quais a autoridade judiciária brasileira se diz a única com competência para resolver o conflito, negando nosso ordenamento processual qualquer validade a eventual decisão proferida por país estrangeiro em: CPC. Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. Competência interna São as regras de competência interna aquelas que indicarão quais os órgãos locais responsáveis pelo julgamento de cada caso concreto apresentado em juízo. É a repartição da jurisdição no Brasil. Critérios básicos Existem critérios que determinam qual, dentre os vários órgãos existentes, será o competente para a apreciação da demanda. Tais critérios, por vezes, devem ser aplicados cumulativa ou sucessivamente, para a determinação do juízo competente. CPC. Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código. Critério territorial: é o critério indicativo do local onde deverá ser ajuizada a ação; todo exercício da jurisdição deve aderir a um território. Foro: é a delimitação territorial onde o juiz exerce sua atividade, sendo esse local chamado de comarca (justiça estadual) ou seção judiciária (justiça federal). Portanto, a competência territorial é aquela que indica qual comarca ou seção judiciária a demanda deverá ser proposta. O foro comum é o do domicílio do réu ou da situação do imóvel. CPC. Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. § 1 o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro ,de qualquer deles. § 2 o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. § 3 o Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4 o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio 3 Marcelo Soldi sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. O arts. 96 a 101 do CPC estabelecem foros especiais, conforme: (a) o inventário; (b) do ausente e do incapaz; (c) a união e os territórios; e (d) outros casos especiais. Critério material: A determinação de competência de juízos com relação à matéria discutida no processo é medida que visa a melhor prestação da justiça. Por esse critério surgem varas especializadas: de família, cíveis, criminais, do trabalho, etc. Critério da pessoa: determinadas pessoas gozam do privilégio de serem submetidas a julgamento por juízes especializados. Tal privilégio é instituído pelo interesse público secundário que representam, como as pessoas jurídicas de direito público interno, entidades autárquicas, etc; Direito Público “ratione persona” Direito Privado pessoas comuns Critério do valor da causa: toda causa deve ter um valor atribuído na inicial, elemento que pode servir como fator de fixação de competência. Exemplos: Ordinário Sumário Juizados Especiais A competência interna pode ser absoluta ou relativa. 1) Competência absoluta São absolutos os critérios de fixação pela matéria, pela pessoa e o funcional. A competência absoluta é aquela estabelecida em favor do interesse público, não sendo passível de modificação pela vontade das partes. A não observância da regra legal gera a nulidade do processo – portanto, é dever do juiz reconhecer de ofício a sua violação. 2) Competência relativa Ela é estabelecida em favor do interesse privado, na busca de uma facilitação da defesa, podendo ser derrogada pelo consenso das partes. É prorrogável, pois a vontade das partes ou a eleição de foro podem modificar as regras de competência. São exemplos as competências por território ou valor da causa. Não pode o juiz reconhecer a incompetência relativa de ofício, exceto nos casos de contrato de adesão. CPC. Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.União Estados Municípios Autarquias etc. 4 Marcelo Soldi CPC. Art. 112. § ú. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. Perpetuação da jurisdição (“perpetuatio jurisdictionis”): A competência é fixada pela propositura da demanda em juízo, sendo irrelevantes quaisquer alterações posteriores em suas regras. Conexão e continência Conexão: é o fenômeno processual determinante da reunião de duas ou mais ações, para julgamento em conjunto, afim de evitar a existência de sentenças conflitantes. A conexão finda ante o proferimento de sentença de primeiro grau em um dos efeitos conexos. São as questões prejudiciais externas nítidos casos de conexão, nos quais a reunião dos processos é vedada pela diferente competência absoluta dos distintos juízos. Dessa forma, um dos feitos aguardará o desfecho do outro que lhe é conexo, evitando-se assim o antagonismo das decisões. Exemplo: ação penal que visa a condenação do réu por lesão corporal dolosa, e uma demanda civil de indenização de perdas e danos. Continência: ocorre quando duas ou mais ações têm as mesmas partes e a mesma causa de pedir, mas o pedido de uma delas engloba o da outra. Não necessariamente são idênticas: uma delas pode ter seu conteúdo abrangido por completo por outra demanda. Há, daí, a possibilidade de julgamentos contraditórios. Eleição: partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações. Deve ser através de contrato escrito. Prevenção: havendo conexão ou continência, é importante fixar quem será o juiz competente para julgar os dois feitos reunidos. Há duas regras distintas: se da mesma competência territorial, torna-se prevento aquele que despachou o processo em primeiro lugar (entende-se como o despacho que ordena a citação do réu) CPC. Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. se de competências territoriais diferentes, prevento será aquele que promoveu em primeiro lugar a citação válida. CPC. Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. Conflito de competência É possível a ocorrência de divergência entre juízes quanto à sua competência para julgamento da demanda. O órgão competente para julgamento do conflito é o tribunal hierarquicamente superior ou o STJ, quando o conflito for entre justiças distintas ou graus diferentes. O levantamento do conflito pode ser suscitado pelo juiz, mediante ofício ao tribunal, pela parte ou pelo Ministério Público. 5 Marcelo Soldi CPC. Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. CPC. Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência. Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não suscitou, ofereça exceção declinatória do foro. CPC. Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal: I - pelo juiz, por ofício; II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova do conflito. O conflito de competência suspense o andamento do feito, só se permitindo a prática de atos urgentes. CPC. Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. III – Pressupostos processuais – Os pressupostos processuais são os requisitos prévios necessários para que o processo seja considerado existente e desenvolvido de forma válida e regular. São pressupostos para a constituição do processo: Juiz regularmente investido: princípio do juiz natural (imparcialidade, competência e investidura); Citação válida: a relação jurídica processual só existe para o réu a partir da sua citação válida. Petição inicial: CPC. Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. CPC. Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Capacidade postulatória: tem que ser presente a devida representação da parte por advogado. Indeferimento da inicial: se a Inicial não atende os requisitos dos arts. 282 e 283, o juiz determinará que o autor a emende. Se não o fizer no prazo de 10 dias, a petição inicial será indeferida. CPC. Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 6 Marcelo Soldi Se não atendidos os requisitos da inicial, o processo pode ser extinto por meio de sentença sem resolução de mérito. CPC. Art. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5 o ); V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. CPC. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I – quando o juiz indeferir a petição inicial; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; Cabe recurso e retratação: CPC. Art. 513. Da sentença caberá apelação CPC. Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente. IV – Atos das pessoas no processo – Atos das partes Os atos postulatórios são: a petição inicial e a sua resposta, que pode ser a contestação, a exceção ou a reconvenção. CPC. Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção. Os atos probatórios, ou instrutórios, são aqueles destinados à prova. São os documentos juntados, a perícia, certidões, e também provas orais, como testemunhas e depoimentos pessoais. Os atos materiais são relacionados ao cumprimento de exigênciaspara a composição de litígios; podem ser legais ou radicais. Atos do juiz Os atos do juiz devem sempre ser redigidos, datados e assinados por ele, podendo ser feito uso da assinatura eletrônica. Os principais atos são: Despachos: são atos sem qualquer conteúdo decisório e têm por finalidade apenas impor a marcha normal do procedimento. Não comporta imposição de recurso. 7 Marcelo Soldi Decisão interlocutória: são os atos pelos quais o juiz decide alguma questão incidente no processo, sem conduto lhe dar fim. São decisões impugnáveis via recurso de agravo, na forma retida ou de instrumento. Sentença: é o ato do juiz que esgota a sua atividade no feito. Elas podem ser com ou sem resolução de mérito, e são impugnáveis através do recurso de apelação. Acordão: é a decisão de segunda instância, proferida pelos tribunais. É uma decisão colegiada. CPC. Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. § 2 o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. § 3 o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. § 4 o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. CPC. Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Atos do escrivão e auxiliares de justiça Movimentação: andamento do processo Documentação: registro dos atos Execução: cumprimento das decisões do juiz. IV – Advogado – O advogado é indispensável à administração da justiça. O advogado legalmente habilitado na OAB tem capacidade postulatória; é absolutamente nulo o processo no qual a parte se faça representar por quem não detêm tal habilitação. Pode-se advogar em causa própria. Não se faz necessário advogado nas causas de competência do Juizado Especial Cível, quando seu valor não ultrapassar vinte salários mínimos. CPC. Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver. A representação da União, Estado e Município se dá pelas seguintes pessoas: União: Advogado Geral da União Estado: Procuradoria Estadual Município: Procuradoria Municipal Mandato Para que a representação da parte pelo advogado seja válida, é necessária a outorga de mandato, por instrumento público ou particular. A procuração deve fazer referência à cláusula ad judicia. Alguns atos, como receber e dar quitação, firmar compromissos, recebimento de citação, demandam disposição expressa no mandato. 8 Marcelo Soldi CPC. Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Medidas de urgência podem ser praticadas sem mandato, desde que no prazo de 15 dias seja ele exibido no processo, prorrogáveis por mais 15 por despacho do juiz. CPC. Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. Direitos do advogado Os advogados tem os seguintes direitos: CPC. Art. 40. O advogado tem direito de: I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, salvo o disposto no art. 155; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. O Estatuto do Advogado da OAB também contém uma série de prerrogativas dos advogados. Deveres do advogado São deveres dos advogados e das partes do processo: CPC. Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. CPC. Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra. 9 Marcelo Soldi Substituição do advogado Pode dar-se pela vontade da parte manifestada nos autos. Há algumas possibilidades: se partir do autor: deverá nomear outro representante, sob pena de extinção do processo; se partir do réu: deverá nomear outro representante; se não, prosseguirá o feito à sua revelia. se partir do advogado: somente terá eficácia se houver prova escrita da cientificação do patrocinado, prosseguindo o advogado na defesa, se necessário, pelo prazo de dez dias contados a partir da juntada aos autos desta prova escrita. se o advogado morrer ou sobrevier incapaz: o processo será suspenso por vinte dias, para constituição de novo defensor pela parte. V – Ministério Público – O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. Tem por função constitucional a defesa, no âmbito civil, dos interesses públicos, sociais, difusos e coletivos. Se sua presença for necessária e não ocorrer, o processo está sujeito à nulidade, e poderá ser civilmente responsabilizado se proceder com dolo ou fraude. CPC. Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo. CPC. Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. O Ministério Público deve intervir nos seguintes casos: CPC. Art.82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Ao intervir como fiscal da lei, o Ministério Público: CPC. Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. Na qualidade de parte, o Ministério Público age em nome próprio, porém na defesa de interesse que não lhe pertence, cabendo-lhe os mesmos direitos e ônus que às partes. Além da função natural de defesa dos interesses públicos, por vezes a ele é atribuída legitimidade para a defesa de terceiros, quando a lei expressamente equiparar tais interesses privados alheios ao interesse público. 10 Marcelo Soldi Vantagens processuais O Ministério Público tem unidade (todos fazem parte de um só órgão), indivisibilidade (podem ser substituídos um pelo outro) e independência (plena liberdade de atuação). Algumas de suas vantagens são: Prazo em quádruplo para contestar e o dobro para recorrer, quando atuar como parte. Este benefício é estendido nas funções de fiscal da lei, porém na jurisprudência ainda há polêmica nesse sentido; Necessidade de intimação pessoal do representante do Ministério Público de todos os atos do processo; Não sujeição ao pagamento antecipado de custas nem à condenação em verbas de sucumbência; Manifestação em último lugar, quando o Ministério Público atuar como fiscal da lei. A incompetência não se aplica ao Ministério Público, pois não tem jurisdição. VI – Tempo e lugar dos autos processuais – No tempo O horário hábil para as práticas dos atos processuais se dá nos dias úteis, das 6 às 20 horas. No entanto, tal horário pode ser regulamentado pelos respectivos tribunais. Considera-se praticado o ato quando protocolado ou despachada a petição pelo juiz da comarca. São feriados apenas os domingos e os dias assim declarados em lei, incluindo-se os feriados municipais e estaduais. Nos sábados geralmente há a ausência de expediente forense, porém isso é conforme a lei de organização judiciária de cada Estado. Alguns atos podem ser praticados nas férias ou em feriados, iniciando-se o prazo para o réu responder no primeiro dia útil após o término do feriado ou das férias: CPC. Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-se: I - a produção antecipada de provas (art. 846); II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos. Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias. Processam-se durante as férias os seguintes atos: CPC. Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas: I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento; II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275; III - todas as causas que a lei federal determinar. No espaço 11 Marcelo Soldi Normalmente os atos processuais devem ser praticados nas dependências do fórum. As exceções ocorrem quando presentes prerrogativas pessoais pelo exercício da função, como o Presidente da República, governadores, deputados, membros do Judiciário, ou quando o interesse público demandar, ou se existente obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz (ex: pessoa enferma). VII – Prazos processuais – É imposto aos sujeitos do processo o estabelecimento de prazos para o cumprimento dos atos processuais, cuja inobservância acarretará à parte a perda da faculdade processual concedida e ao juiz a possibilidade de receber sanções administrativas. Preclusão é a perda pela parte da faculdade processual de praticar um ato. Ela pode ser temporal, consumativa ou lógica. Temporal é a perda da faculdade de praticar um ato processual em virtude da não observância de um prazo estabelecido em lei ou pelo juiz. Lógica é pela prática de um ato anterior incompatível com o ato posterior que se pretende realizar. Ex: juiz solicita depósito de dinheiro, parte solicita prazo para cumprimento e em seguida recorre da decisão – há uma preclusão lógica. Consumativa é a perda da faculdade de praticar o ato de maneira diversa, se já praticado anteriormente por uma das formas facultadas em lei. Há vários tipos de prazos: Prazos legais: decorrentes da lei; Prazos judiciais: decorrentes de decisão do juiz; Prazos próprios: preclusos, se não cumpridos; Prazos impróprios: são aplicados ao juiz e seus auxiliares e não geram nenhuma consequência processual; Prazos dilatórios (ou ordinatórios): é o prazo legal que comporta ampliação ou redução pela vontade das partes, ou ao juiz. Prazos peremptórios: são aqueles inalteráveis pelo juiz ou pelas partes. CPC. Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias. Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos. Prazos aceleratórios: limitação temporal. Ex: 24h, 48h, 30 dias.
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