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BRASIL ONU IMPUNIDADE POR TORTURA NAS PRISÕES É REGRA NO BRASIL

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BRASIL- ONU- IMPUNIDADE POR TORTURA NAS PRISÕES É REGRA NO BRASIL 
Em visita ao Brasil, o órgão SPT da ONU identificou a existência de tortura e 
péssimas condições em delegacias, presídios, centros de detenção juvenil e 
instituições psiquiátricas nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e São 
Paulo. 
Durante a visita, foi identificado impunidade por atos de tortura como o principal 
motivo para a persistência de uma cultura que aceita abusos cometidos por 
funcionários públicos. O documento enviado ao governo brasileiro relata casos de 
tortura, maus-tratos, corrupção e controle de milícias. 
Além das visitas, o SPT participou de reuniões com autoridades governamentais, 
com o Sistema ONU no Brasil e com membros da sociedade civil. No relatório, o 
órgão demonstrou preocupação com a atual estrutura penal no Brasil e avaliou que 
o sistema não proporciona proteção suficiente contra a tortura e os maus-tratos. 
Além disso, o SPT denunciou a falta de médicos e a carência de equipamentos e de 
remédios nos presídios. O relatório também criticou a falta de acesso de presos à 
Justiça e a falta de autonomia das defensorias públicas. Uma das demandas do 
SPT no relatório é que o País tome providências para a reestruturação das 
defensorias públicas. 
No relatório, os integrantes do subcomitê denunciaram a inexistência do sistema de 
defensoria em Goiás, um dos estados visitados. “Por meio de entrevistas realizadas 
com pessoas privadas de liberdade, o SPT descobriu que a assistência jurídica 
gratuita [quando existe] não era disponibilizada a todos que dela necessitavam”, 
identificou o relatório. 
Outra recomendação do relatório é que as defensorias públicas mantenham um 
registro central das alegações de tortura e de maus-tratos, incluindo informações 
confidenciais fornecidas pelos assistidos. 
 
 
 
 
PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL 
 
Há um único presídio construído no Brasil em sistema de Parceria Público-Privada 
(PPP). Em seus três anos de existência, nunca houve motim, rebelião ou mortes 
violentas — e contam-se duas fugas. O complexo, que está localizado em Ribeirão 
das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, abriga hoje 
2.016 detentos, distribuídos em três unidades: duas para regime fechado e uma 
para regime semiaberto. 
O presídio conta com instalações médicas e odontológicas, salas de aula, oficinais 
de trabalho e áreas de lazer. O Estado permanece junto à iniciativa privada, numa 
co-gestão. O administrador vai gerir os serviços daquela unidade prisional – 
alimentação, vestimenta, higiene, lazer etc. –, enquanto o Estado administra a pena, 
cuidando do homem sob o aspecto jurídico, punindo-o em caso de faltas ou 
premiando-o quando merecer. 
É o Estado que, detendo a função jurisdicional, continua a determinar quando o 
homem vai preso e quando será libertado. Trata-se de uma terceirização, em que a 
remuneração do empreendedor privado deve ser suportada pelo Estado, jamais 
pelo preso, que deve trabalhar e, com os recursos recebidos, ressarcir prejuízos 
causados pelo seu crime, assistir a sua família e poupar para quando for libertado. 
O primeiro presídio do País feito por meio de uma parceria público-privada (PPP) 
não impede que presos fujam, registra denúncias de violações aos direitos humanos 
e levanta debates acalorados sobre a mercantilização do sistema penitenciário para 
garantir lucro às empresas. 
Outro problema levantado está no uso e precarização da mão de obra dos detentos. 
A ideia é que todos os presos estudem e trabalhem, mas sem nenhum contrato e 
custando menos da metade dos custos que um assalariado CLT custaria. A lei, 
aliás, permite que eles recebam até três quartos de salário mínimo, e em alguns 
casos, parte desses recursos podem ser investidos nas melhorias do próprio 
presídio. 
O principal objetivo em estabelecer uma PPP é a de repassar certos serviços 
públicos ao setor privado e “desafogar” parte do trabalho estatal na condução dos 
presídios. Os defensores da medida falam que é uma alternativa ao déficit de vagas 
no sistema carcerário público, além de ser uma forma de garantir um tratamento 
mais digno aos presidiários, que muitas vezes passam por violações graves de 
direitos humanos nesses ambientes. 
De acordo com recente reportagem do jornal Hoje em Dia, pessoas que trabalham 
na segurança interna do CPPP denunciam que, poucos meses depois de 
inaugurado, o complexo registrou problemas. Um homem que trabalha como 
monitor interno do presídio teria sido baleado em uma perna, por um disparo 
acidental. O tiro teria ocorrido quando o detento manuseava um revólver calibre 38. 
Além disso, já foram registradas três tentativas de fulga. Os presos também têm 
reclamado do serviço de atendimento médico na prisão. Segundo denúncias, o 
ambulatório de atendimento não funciona porque não há médicos e nem 
enfermeiros. 
Outra reclamação, segundo a reportagem, teria partido de familiares de presos que 
teriam sofridos maus-tratos quando tentaram visitar os encarcerados. 
Segundo Maria de Lourdes, foram realizadas duas visitas neste ano e os detentos 
aproveitaram a ocasião para fazer denúncias relacionadas a irregularidades nas 
áreas da alimentação e trabalho, o que foi repassado para a Comissão de Direitos 
Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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