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EMPRESARIAL III

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EMPRESARIAL III
Aula 01
TÍTULOS DE CRÉDITO
NATUREZA JURÍDICA:
 têm natureza jurídica de bens móveis e também são títulos executivos extrajudiciais. Obs: para efeitos doutrinários: INSTRUMENTO REPRESENTATIVO DE UMA OBRIGAÇÃO
CONCEITOS DE OBRIGAÇÃO E DE CRÉDITO:
 Títulos de créditos são documentos representativos de obrigações pecuniárias; Uma obrigação pode ser representada por diversos instrumentos jurídicos: 
Exemplo de um acidente de transito, que por culpa do motorista que cause danos em propriedade alheia, poderá a obrigação ser representada se o credor e o devedor tiverem de acordo: 
Cheque, nota promissoria ou letra de câmbio => título de crédito
Reconhecimento de culpa (assume a culpa mas não sabe o valor do dano); 
Sentença judicial (não havendo concordância do devedor e havendo sentença favorável ao credor) As obrigações representadas em um título de crédito ou tem origem extracambial, como o exemplo acima; Ou origem exclusivamente cambial, quando circula, isto é: como na obrigação do endosante, avalista, etc.; 
O SURGIMENTO DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL:
 Não basta saber a natureza jurídica dos títulos de crédito, também é preciso conhecer o momento em que a declaração contida no título começa a produzir efeitos;
 Segundo Vivante existem duas relações jurídicas nos títulos de crédito:
As relações cambiais direta: é a que se desenvolve entre as partes do negócio cambiário, esta pode ser original ou fundamental quando o negócio motivou a emissão do título, ou ainda, derivada da original quando o negócio motivou a transferência do título
 As relações cambiais indiretas: são aquelas que se desenvolvem entre pessoas que, a princípio, não se obrigam através da cambial, mas em virtude do título, são os avalistas e endossantes.
 Para Bonelli – autor da teoria da criação - A obrigação cambial surge quando o título entra em circulação, ou seja, quando há a transferência de titularidade pouco importando se a circulação se deu de forma voluntária ou involuntária. A eficácia do título surge com a transmissão da posse pelo primeiro detentor, ainda que, contra a vontade do emitente.
 Art. 905 do CC. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor. Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente.
ATRIBUTOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:
NEGOCIABILIDADE: fácil circulação do crédito através do endosso ou da tradição e a possibilidade do título ser negociado antes mesmo do seu vencimento. A transferência dos títulos de crédito se faz através: 
da cessão de créditos (Art. 286 e seguintes do CC/02), 
por tradição (art. 904 CC/02) 
ou por endosso (art. 910 do CC/02). 
EXECUTORIEDADE: em tese, mais fácil de cobrar, a possibilidade que tem o credor de recorrer ao poder judiciário para ver o adimplemento de seu crédito, em face da ausência de termo ou condição para a satisfação da obrigação; O art. 585 do CPC (art. 784 Novo CPC) indica em seu inciso primeiro que a letra de câmbio, a nota promissória, a debênture e o cheque, são títulos executivos extrajudiciais que possibilitam o manejo da ação de execução por quantia certa contra devedor solvente ou insolvente. Trata- se de uma maneira de compelir o devedor ao pagamento caso este não efetue o pagamento de maneira voluntária. 
OBSERVAÇÕES SOBRE O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
 A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. 
 São títulos executivos extrajudiciais:
 I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
 II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
 III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; 
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
 Os novos títulos executivos extrajudiciais: 
(1) o instrumento de transação referendado pela Advocacia Pública; 
(2) o instrumento de transação referendado por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
(3) o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; 
(4) a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 
O novo Código transformou um título extrajudicial em judicial:
 O “crédito de serventuário da justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados em decisão judicial”.
CONCLUSÃO: O título de crédito é bem móvel revestido de força executiva (título executivo extrajudicial), além de atributos de circulabilidade e negociabilidade. A partir de tais atributos, o título de crédito cumpre sua substancial finalidade que é promover a circulação do crédito, ou seja, a circulação de capitais, propiciando a geração de riquezas no mercado. Esses atributos peculiares dos títulos de crédito são responsáveis pela facilitação da realização de negócios dos mais variados, na medida em que fornecem segurança aos que deles se utilizam. Os TCs possuem especial importância para os empresários, que deles se utilizam como instrumento viabilizador da expansão de suas atividades, tanto na obtenção (fornecedores) como na concessão de crédito (clientes).
CONCEITO: 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
AULA 02
 PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Todo documento necessário para o legítimo exercício de um direito literal e autônomo nele contido.
Cartularidade:
O título de crédito é uma cártula, um pedaço de papel, que materializa o direito em um documento. Sem o documento o devedor, em princípio, não está obrigado a cumprir a obrigação.
O Código Civil permite a emissão de títulos de crédito despidos de cártula, são os títulos escriturais. Tal inovação no direito privado veio a consolidar uma tendência mundial de desmaterialização dos títulos de crédito, haja vista que o meio magnético vem permitindo o abandono do papel como suporte documental da cambial; Assim, o crédito registrado em meio magnético pode ser descontado junto à instituições financeiras, em tempo real, sem a necessidade da materialização em papel do documento creditício. O banco, por sua vez, recebe a comunicação do título escritural e emite o boleto de pagamento (ficha de compensação) remetendo-o ao devedor para que este promova o pagamento em qualquer estabelecimento bancário ou até mesmo via internet, telefone ou fax.; Vale notar que o Código Civil de 2002 não indicou quais os títulos de crédito são passíveis de emissão a partir dos caracteres criados em computador, mas de acordo com a legislação cambiária vigente, apenas a duplicata admite a emissão pela via virtual.
Literalidade :
OU SEJA, "VALE O QUE ESTÁ ESCRITO". A Literalidade indica que o direito ao crédito atende ao teor da declaração contida no título, ou seja, somente se leva em consideração aquilo que está escrito e expressamente consignado no documento;
 Todas as pessoas que figurarem no título serão coobrigados, respeitando-se os valores, datas e locais de pagamento do Título de Crédito. 
Trata-se de medida de segurança jurídica. 
ALGUMAS HIPÓTESES QUE CONFIGURAM EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO: 
STF Súmula nº 387: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 
Invalidade da anulação do aceite: cancelamento do aceite antes da devolução da cártula, precedido de informação, por escrito, de sua aceitação. 
Comunicação de aceite e retenção da duplicadaem documento separado.
Quitação em separado (fora da cártula), na duplicata.
Na execução do título de crédito podem ser cobrados juros, correção monetária, despesas judiciais e honorários advocatícios, que não constam da cártula.
As regras sobre despesas, honorários advocatícios e multas: 
 (a) determinar às partes que antecipem as despesas dos atos processuais que realizarem ou requererem; 
(b) pagar honorários sucumbenciais ao advogado da parte vencedora e
 (c) destinação das multas impostas. 
Autonomia 
A Autonomia enseja que cada obrigação resultante do título é distinta das demais, isto é, o portador do documento é titular de um direito autônomo em relação ao direito que tinham seus primitivos possuidores e o devedor.
 As obrigações que se apresentam no título, são autônomas entre si; Os coobrigados possuem no caso, autônomas as suas obrigações e mesmo sendo inválida a obrigação de um dos coobrigados, não vicia o título e nem as demais. Mesmo que uma das obrigações seja alcançada pela nulidade, subsistirão as obrigações, exceto se ocorrer vício de forma.
O credor que o possui é titular de direito autônomo e originário, e não derivado e a ele transferido por seus antecessores; O portador que adquire o título de forma regular e em boa-fé é garantido pelo teor de seus direitos, ainda que possa haver vícios anteriores à circulação do título.
Sub-princípios: 
Abstração:
A Abstração indica a inexistência de vínculos entre o título e a causa que lhe deu origem, ou seja, a causa é distinta do título por ela originada; Os títulos abstratos não possuem sua causa de emissão definida em lei. Uma vez emitidos e circulando, desvinculam-se da causa debendi. Ocorre, porém, que o título pode ter sido emitido com vinculação a um contrato, o que, no entendimento dos tribunais, afasta sua autonomia e abstração. Há que se registrar, ainda, que a jurisprudência admite a discussão do negócio jurídico subjacente, nos casos de flagrante violação à ordem jurídica ou se configurada a má-fé do possuidor.
Inoponibilidade das exceções pessoais: 
Por esta característica, o obrigado em um título de crédito não pode recusar o pagamento ao portador de boa-fé alegando defeitos no negócio jurídico realizado com outros obrigados anteriores do título (terceiros); Este subprincípio não se aplica aos terceiros de boa-fé, nos casos
De vício de forma (cártula) ou do conteúdo literal do título (literalidade), 
Falsidade de assinatura, defeito de capacidade ou de representação e, também, 
À falta de requisito necessário ao exercício do direito de ação. 
O portador de má-fé, que age conscientemente com a finalidade de prejudicar o devedor, também não conta com a proteção deste subprincípio.
Atenção: 
O art. 17 do Decreto nº 57.663/66 dispõe sobre as letras de câmbio e notas promissórias e o art. 25 da Lei 7.357/85, que trata dos cheques, também consagram a inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, porém: 
estas legislações não fazem ressalvas quanto aos: defeitos relativos à forma do título, ao seu conteúdo literal, à falsidade da assinatura, ao defeito de capacidade ou de representação no momento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao exercício da ação, contidos no código civil, e que podem ser opostos mesmo aos terceiros de boa-fé. 
CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:
 
Negociabilidade: 
Executoriedade:
Formalismo: consiste em um documento formal, porque só pode ser considerado como tal se observar os requisitos essenciais estabelecidos pela legislação cambiária; 
Agilidade: fácil a sua cobrança, não necessitando de ação de conhecimento da dívida. 
Natureza Empresarial: tem caráter empresarial.
Equiparação a bem móvel: corresponde a bem móvel.
Certeza e liquidez da obrigação: a certeza decorre do título e prende-se à existência da obrigação e a liquidez diz respeito à quantia cobrada, seu valor é determinado.
Eficácia processual abstrata: tem força executiva e gera para o credor um poder processual independente do mérito da pretensão consubstanciada no título, abstraindo o título da causa da obrigação. 
Caráter quesível da obrigação: cabe ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o pagamento do título no lugar nele designado.
Caráter exaurível do título: o devedor quando paga a soma cambiária, tem direito de receber o título quitado.

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