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RESUMO DA DOUTRINA - EMPRESARIAL II - ANDRÉ SANTA CRUZ

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RESUMO DA DOUTRINA – ANDRÉ SANTA CRUZ
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO (863)
- Título de crédito: Instrumento comercial que torna a circulação de riqueza mais rápida e segura;
- Sociedades primitivas: escambo = troca direta de mercadoria por mercadoria;
- Depois do escambo, certos bens passam a atuar como moeda de troca indireta: Sal Metais preciosos Papel-moeda ou moeda fiduciária (imposta pelo Estado como meio de troca universal)
- Diante da insuficiência da moeda em acompanhar a dinâmica e complexidade do mercado TÍTULOS DE CRÉDITO
ECONOMIA NATURAL ECONOMIA MONETÁRIA ECONOMIA CREDITÓRIA
- Crédito é um direito a uma prestação futura e está baseado na CONFIANÇA 
 (elementos de boa-fé e prazo) 
 CRÉDITO = TEMPO + CONFIANÇA
- Títulos de crédito são instrumentos de circulação de riquezas pelo tempo e pelo espaço;
- O crédito faz com que o capital circule;
- Os títulos de crédito são importantes para a história da economia mundial na medida em que instrumentalizam o crédito, permitindo a sua mobilização com rapidez e segurança;
- O título dá ao crédito qualidades tais que afastam dúvidas sobre a sua idoneidade Funciona como uma prova de que foi estabelecida uma relação jurídica;
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
- Origem: Idade Média;
- Fases do Direito Cambiário:
1) Período Italiano – até 1650
- Desenvolvimento das operações de câmbio diante da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais que se “encontravam” nas feiras;
- Surgimento do câmbio trajetício, instrumentalizado através da cautio e da littera cambii;
- Como era perigoso andar pelo território com dinheiro em espécie, o câmbio trajetício busca solucionar esse problema estabelecendo que o transporte da moeda em um determinado trajeto ficaria por conta do banqueiro;
- Cautio: Promessa de pagamento; Origem da nota promissória; O banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo, lugar e moeda convencionados;
- Littera cambii: Ordem de pagamento; Origem da letra de câmbio (LC); O banqueiro ordenava ao seu correspondente que pagasse a quantia nela fixada.
2) Período Francês – 1650 a 1848
- Surgimento da cláusula à ordem e do instituto cambiário do endosso;
- O endosso é o instrumento cambial através do qual se processa a transferência do título (LC) de um credor (originário, o endossante) para outro (o endossatário), independentemente da autorização do sacador. No endosso, vigora a autonomia das relações cambiárias, assim, ele confere direitos autônomos, de modo que o endossatário não pode opor exceção senão diretamente contra o endossante que lhe transferiu o título. Ao endossar, o endossante transfere ao endossatário o título e, consequentemente, os direitos nele incorporados.
- Ao dar-se um cheque, por exemplo, a alguém, dá-se a essa pessoa (beneficiária) a propriedade sobre esse título de crédito. Com isso, o beneficiário pode fazer com o documento o que ele quiser, inclusive ceder a terceiros ENDOSSO.
- Os franceses deram circulabilidade aos títulos criados pelos italianos;
- É aquela história da negociabilidade: De posse de um título (um cheque, por exemplo, com vencimento para data posterior), um credor pode efetuar um pagamento a 3° (tornando-se devedor desse 3°) sem que ele precise esperar o efetivo recebimento do valor – em espécie – devido pelo seu devedor. Se o credor originário estivesse vinculado ao (recebimento do) dinheiro em espécie, ele não poderia adquirir uma dívida com 3° que exigisse dele, porventura, pagamento à vista ou alguma garantia (o cheque seria essa garantia, a promessa de pagamento).
3) Período Alemão – 1848 a 1930
- Ordenação Geral do Direito Cambiário (1848);
- Consolidação dos títulos de crédito e da Letra de Câmbio, especificamente, como instrumentos viabilizadores da circulação de direitos;
- Os alemães foram responsáveis pela sistematização da legislação cambiária;
4) Período Uniforme – 1930 
- Convenção de Genebra sobre títulos de crédito (sede da Liga das Nações);
- Aprovação das leis genebrianas:
· Lei Uniforme das Cambiais (aplicável às LCs e notas promissórias);
· Lei Uniforme do Cheque (1931);
- Uniformização, a nível mundial, da legislação cambiária;
- O direito empresarial é notadamente cosmopolita, fragmentado; A ideia, então, diante disso, era trazer para uma base comum às práticas comerciais (a nível mundial), uma maior segurança jurídica. Ex: Lanche do MC Donalds é substancialmente o mesmo em qualquer lugar do mundo.
5) Período Atual
- Cartões de débito e crédito + assinatura eletrônica;
- Era do comércio eletrônico;
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA
- Na medida em que os títulos de crédito constituem os principais instrumentos de efetivação/viabilização das negociações mercantis e do comércio internacional, houve uma preocupação crescente, principalmente da ONU, com a uniformização internacional da legislação sobre matéria comercial;
- Convenções de Genebra em 1930 e 31 Leis Uniformes Genebrianas;
- Adesão do Brasil às leis, em 1942;
- Aprovação efetiva pelo Congresso Brasileiro apenas em 1966 (por decretos);
- Controvérsia com a já existente Lei Saraiva (Decreto 2.044/1908);
- STF reconhece aplicabilidade imediata das leis uniformes incorporadas, inclusive naquilo em que modificarem a legislação interna;
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002
- Tentativa de unificação do direito privado (cível + empresarial) considerada fracassada, sendo considerada apenas formal; ante a autonomia consolidada do direito empresarial;
- CC passa a tratar dos títulos de crédito: Art. 887 a 926;
- Mas por que disciplinar os títulos de crédito no CC, se eles já eram disciplinados pela Lei Uniforme de Genebra, bem como por algumas leis específicas?
- Objetivos apontados pelo legislador:
1) estabelecer os requisitos mínimos para título de crédito, ressalvadas as disposições de leis especiais;
2) permitir a criação de títulos atípicos ou inominados pelos próprios agentes econômicos, independentemente de previsão legal. Estes, ao serem criados , deveriam se amoldar aos novos requisitos expostos no Código; (os títulos típicos seriam os já previstos e regulamentados pela legislação)
EM RESUMO: Os títulos de crédito só produzirão efeitos se preencherem os requisitos previstos na legislação específica e, não dispondo de modo diverso a lei especial, reger-se-ão pelo disposto no novo CC. Ou seja, as normas sobre títulos de créditos (arts. 887 a 926) do CC só se aplicam quando compatíveis com as disposições constantes de lei especial ou se inexistentes estas (art. 903).
Desse modo, as disposições do CC, em princípio, não se aplicam aos títulos de crédito nominados/típicos, que possuem legislação especial. É o caso da duplicata, da letra de câmbio, da nota promissória e do cheque, para citar apenas os principais. O Código Civil funciona, pois, na parte relativa aos títulos de crédito, como uma teoria geral para os chamados títulos atípicos ou inominados, isto é, que não possuem lei específica.
- AS NORMAS DO CÓDIGO CIVIL NÃO REVOGAM nem afastam a incidência do disposto na Lei Uniforme de Genebra, Lei do Cheque, Lei das Duplicatas, Decreto 1.103/1902 (sobre warrant e conhecimento de depósito) e demais diplomas legislativos que disciplinam algum título peculiar (próprio ou impróprio). Apenas quando a lei cria um novo título de crédito e não o disciplina exaustivamente, nem elege outra legislação cambial como fonte supletiva de regência da matéria, tem aplicação o previsto pelo Código Civil.
 APLICAÇÃO SUPLETIVA DO CC NO QUE TANGE ÀS NORMAS RELATIVAS A TÍTULOS DE CRÉDITO;
A doutrina critica o fato de o CC ter disciplinado os títulos de crédito de maneira diversa da já realizada pelas leis anteriormente existentes:
	
	LEI UNIFORME DE GENEBRA
	CÓDIGO CIVIL
	AVAL PARCIAL
	Admite (art. 30)
	Não admite (art. 897, § único)
	CORRESPONSABILIZAÇÃO DO ENDOSSANTE
	Prevê (art. 15)
	Não prevê (art. 914)
CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO (875)
- Conceito de referência de Cesare Vivante, título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito,literal e autônomo, nele mencionado.
- O Código Civil Brasileiro se inspirou nesse conceito (art. 887), mas, na prática, acabou se afastando da real ideia preconizada por Vivante, uma vez que, ao substituir o termo “mencionado” por “contido”, ele acaba promovendo uma alteração de sentido sobre o conceito de títulos de crédito.
- Os títulos de crédito, na realidade, NÃO CONTÊM – no sentido de trazer em seu conteúdo – o direito/crédito. Este existe de maneira independente da existência do documento onde está mencionado. Assim, o documento (título de crédito) apenas o representa, o menciona PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO.
OBS: Conceito de José Maria Whitaker – Título de crédito é o documento capaz de realizar imediatamente o valor que representa (função econômica);
- Do conceito de título de crédito expressado por Vivante, pode-se extrair suas principais características e seus princípios informadores do regime jurídico cambial:
CARACTERÍSTICAS
1. Natureza essencialmente comercial
A função primordial dos TC é a circulação de riqueza com segurança;
2. Formalismo
- Os TC precisam observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária;
- Eles possuem características específicas que os distinguem entre si e dos demais tipos de documentos. Eles seguem uma forma.
3. Bens móveis
- Sujeitam-se ao princípios que norteiam a circulação de bens móveis (Arts. 82 a 84, CC);
- A posse de boa-fé vale como propriedade;
4. Títulos de apresentação
A apresentação dos títulos é necessária para o exercício dos direitos neles contidos;
5. Títulos executivos extrajudiciais
Eles configuram uma obrigação líquida e certa;
6. Representam obrigações quesíveis
- O credor é responsável por procurar o devedor para receber seu pagamento;
- Natureza pro solvendo: Significa que a simples entrega do título não dá ensejo à efetivação do pagamento/quitação da obrigação. Representa, apenas, uma quantia em dinheiro que o credor receberá em momento oportuno, quando, aí sim, haverá a extinção da obrigação correspondente.
7. Títulos de resgate
A emissão do título pressupõe um futuro pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária;
8. Título de circulação
A principal função do TC é a circulabilidade do crédito.
PRINCÍPIOS
 (
CONCEITO DE TC
)
NECESSÁRIO	 PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE
LITERAL		 PRINCÍPIO DA LITERALIDADE
AUTÔNOMO	 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE/INCORPORAÇÃO
- O Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito nele mencionado;
- O direito de crédito materializa-se no próprio documento, não existindo direito sem o respectivo título;
- A posse do título de crédito (e a sua apresentação, consequentemente) é condição para o exercício do direito nele incorporado;
- O titular do crédito representado no título deve estar na posse deste – o qual passa a ser imprescindível para a comprovação da própria existência do crédito e da sua exigibilidade;
- O objetivo da regra principiológica é impedir que alguém se apresente como credor do título depois de ter cedido o crédito a terceiro, por exemplo. Assim, temos que:
 Segundo o princípio da cartularidade, o direito de crédito mencionado na cártula:
- Não existe sem a cártula;
- Não pode ser transmitido sem a sua tradição (o título acompanha o titular); e
- Não pode ser exigido sem a sua apresentação (o credor não pode cobrar sem apresentar);
Documentos dispositivos: o direito só é exercido mediante a apresentação do documento ORIGINAL.
E, ainda:
- A posse do título pelo devedor presume o pagamento do título;
- Só é possível protestar/executar o título mediante a sua apresentação, em original;
OBS: Cartão de crédito não é título de crédito porque ele não tem circulabilidade/negociabilidade. O cartão não pode ser transferido/negociado, criando novas relações, como fazem os títulos.
PRINCÍPIO DA LITERALIDADE
- O título de crédito vale pelo que nele está escrito, nem mais nem menos;
- Nas relações cambiais, só produzem efeitos jurídicos perante o legítimo portador os atos devidamente lançados no título “O que não está no título, não está no mundo”;
- O princípio da literalidade age em duas direções: o devedor não é obrigado a mais e nem o credor pode receber a menos do que está declarado na cártula;
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA Considerado o mais importante do regime jurídico cambial
+ Abstração
+ Inoponibilidade das exceções pessoais aos 3°s de boa-fé
- O título de crédito é documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem;
- As relações jurídicas representadas num determinado título de crédito são autônomas e independentes entre si, razão pela qual o vício que atinge uma delas não contamina as outras;
- O título que Pedro possui em face de Isaque, ele pode transferir para Yasmim, estabelecendo com ela uma nova relação, independente da original;
- Assim, o portador legítimo do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam e estando imune aos vícios/defeitos que eventualmente as acometeram;
Exemplo prático do princípio da autonomia (retirado do livro): Digamos que “A” compra um carro de “B”, sendo esta compra instrumentalizada por meio da emissão de uma nota promissória no valor de R$ 10.000,00. “B”, por sua vez, tem uma dívida perante “C” no valor aproximado de R$ 10.000,00. Nesse caso, “B” poderá quitar a dívida que tem perante “C” utilizando-se da nota promissória dada por “A”, endossando--a (endosso é o ato cambial próprio para transferir um título de crédito) para “C”, que se torna o titular dessa nota, podendo cobrar o seu respectivo valor de “A” na data do vencimento. Nessa hipótese, “A” poderá recusar-se ao pagamento do título alegando, por exemplo, eventual nulidade da venda que “B” lhe fez, venda essa que, como dito acima, originou a emissão da nota promissória? A resposta é negativa, e a justificativa está exatamente na aplicação do princípio da autonomia dos títulos de crédito. Ora, se as relações representadas naquele título são autônomas e independentes, os eventuais vícios que maculam a relação de “A” com “B” não atingem a relação de “B” com “C” nem a relação deste com “A”.
 O princípio da autonomia, portanto, na medida em que resguarda a independência entre as relações jurídicas representadas por um título, preserva as principais características/objetivos dos títulos de crédito: a negociabilidade e a circulabilidade. Se não fosse essa autonomia, ninguém se sentiria seguro ao receber um título de crédito como pagamento, via endosso, haja vista a possibilidade de ser surpreendido pela alegação de um vício anterior, do qual sequer tinha conhecimento.
SUBPRINCÍPIO DA ABSTRAÇÃO
- Por abstração entende-se a completa desvinculação do título em relação à causa que originou a sua emissão;
- Enquanto não há a circulação do título envolvendo outros sujeitos para além daqueles participantes da relação que originiou o título, ainda permanece a vinculação entre ele e a relação cambial original. SOMENTE APÓS A CIRCULAÇÃO DO TÍTULO É QUE SE OPERA A ABSTRAÇÃO, ou seja, somente após a sua circulação é que o título se desvincula completamente do seu negócio originário.
- QUANDO O TÍTULO CIRCULA, ELE SE ABSTRAI DE QUEM O EMITIU!!!
- No exemplo dado anteriormente, quando B endossou o título (que recebeu de A) para C, fazendo-o circular, tal título se desvinculou da operação que lhe deu origem. Se B não circula o título para C, o título permanece vinculado à operação original de compra e venda do carro.
- Posto em circulação, o título passa a vincular outras pessoas que não participaram da relação originária e que, por isso, assumem obrigações e direitos tão somente em função do título, representado pela cártula.
OBS: A ABSTRAÇÃO DESAPARECE COM A PRESCRIÇÃO DO TÍTULO
- Com a prescrição, o título perde, além da sua executividade, também a sua cambiaridade, ou seja, as suas características intrínsecas de título de crédito, dentre as quais a abstração. Não havendo mais abstração, caberá ao credor, na cobrançade título prescrito (isto é, sem executividade), demonstrar A ORIGEM da dívida (entendimento do STJ). 
Nas minhas palavras: Com a prescrição, finda a executividade e a abstração (assim como as demais características do título) e passa-se a discutir novamente a causa de emissão do título, para fins de cobrança pelo seu titular.
OBS2: AÇÃO MONITÓRIA (Art. 700, CPC) “A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz.”
- Quando eu tenho um documento que ou não tem força executiva ou a perdeu (devido à prescrição, por exemplo), tornando-se representação de uma mera obrigação natural (aquela cujo cumprimento é, em regra, voluntário e não é dotada de exigibilidade jurídica; o credor não pode executar), a ação monitória é o caminho para dar a esse documento/título força executiva, ou seja, uma nova força de cobrança/exigibilidade.
SUBPRINCÍPIO DA INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS AOS 3°S DE BOA-FÉ
O EMITENTE NÃO PODE OPOR EXCEÇÕES A TERCEIROS DE BOA-FÉ.
- Exceção = Defesa;
- É a simples manifestação processual do princípio da autonomia;
- Art. 17, Lei Uniforme de Genebra; 
- Art. 916, CC;
- Assim, ainda utilizando o exemplo acima mencionado, se “A”, procurado por “C”, não paga a dívida constante do título, “C” poderá executar “A”, e este, ao apresentar os embargos, não poderá opor o vicio existente na relação originária, travada entre “A” e “B”. Com efeito, os vícios relativos à relação que originou o título são oponíveis apenas contra “B”, mas não contra “C”, terceiro de boa-fé que recebeu o título legitimamente.
- Como, segundo o princípio da autonomia, o portador legítimo do título de crédito exerce um direito próprio e autônomo, desvinculado das relações jurídicas antecedentes, esse portador não pode ser atingido por defesas relativas a negócio do qual ele não participou.
- Na essência, significa que o 3° que recebeu o título de crédito sem saber dos seus vícios anteriores não será por estes afetados, SALVO se ficar provada sua ciência acerca dos mesmos;
 (
Boa-fé se presume; Má-fé se prova!
)- A boa-fé do portador do título se presume; 
- A má-fé, o devedor (emissor do título) irá provar!
- Assim, caso o devedor (A, segundo o exemplo) queira opor defesas a um 3° de boa-fé (C, segundo o exemplo), ele deverá: ou provar a sua má-fé ou opor exceções relativas a relações diretas entre eles (ou seja, entre A e C, se fosse o caso), sem contar com as demais possibilidades relacionadas a forma do título, conteúdo da cártula, prescrição, etc.
Exemplo de inoponibilidade de exceções aos 3°s de boa-fé: B é credor de uma quantia de R$100 que A lhe deve e tem seu direito representado num título de crédito do tipo duplicata. No dia do vencimento da obrigação, A diz que não irá pagar B pois B também deve a ele R$100. A usa, portanto, uma exceção de compensação. Acontece que B, antes do vencimento da obrigação, entrega esse título a um 3°, o C. C, de posse desse título, vai cobrar a quantia que é devida por A. Em face de C, A não pode alegar que não irá pagar sob a justificativa de que B (isto é, o cara que passou o título a C) está lhe devendo. Então, A não pode opor contra C uma exceção pessoal, ou seja, uma defesa pessoal que tinha contra B. A não ser que C soubesse que B estava passando a duplicata de má-fé, para garantir o recebimento da quantia da qual era credor, sem que ele mesmo precisasse pagar a A a quantia que lhe devia.
SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA
 Os devedores do título de crédito são devedores solidários, isto é, todos aqueles que assinam a cártula ao longo da cadeia de endosso (transferência), vão se tornando coobrigados pela totalidade do crédito informado no título.
 A solidariedade cambiária não se confunde com a solidariedade civil. Nesta, há uma causa ou dívida comum, isto é, os devedores compartilham a mesma dívida. Na solidariedade cambiária, a obrigação de cada devedor decorre de uma causa distinta; cada devedor estabelece com o seu credor, uma dívida distinta, embora todas tenham o mesmo valor, isto é, o valor mencionado no título de crédito. Além disso, na solidariedade civil há uma unidade de prestação enquanto na cambial existe uma pluralidade de prestações, tantas quantas forem os devedores do título.
 A solidariedade civil decorre da lei ou do contrato. Nesta, o credor poderá cobrar de um e/ou de todos os devedores toda a dívida. Uma vez que um dos devedores paga a dívida inteira, ele terá o direito de regresso, ou seja, poderá cobrar dos demais devedores a cota que cada um deles devia. Os devedores são ligados ao mesmo credor através de uma única obrigação. Se uma obrigação estiver viciada, este vício alcança a todos os devedores porque as obrigações civis não possuem autonomia. Por exemplo: se a obrigação de pagar a dívida prescrever para um devedor, ela também prescreverá para todos os outros.
 Já na solidariedade cambiária há autonomia nas relações jurídicas e a inoponibilidade das exceções. Cada devedor possui a sua própria obrigação. As obrigações cambiárias são autônomas e independentes. Cada devedor possui a sua própria obrigação. Se houver um vício intrínseco em uma obrigação cambiária, este vício não será estendido aos demais devedores. E o vício de uma relação cambiária não pode ser oposto pelo sujeito que figurar em outra relação cambiária.
 A solidariedade cambiária só tem em comum com a solidariedade civil a possibilidade de o credor executar qualquer um dos devedores ou alguns deles ou, ainda, todos conjuntamente, pela integralidade da dívida/crédito.
 Não há, na solidariedade cambiária, a previsão de cotas de responsabilidade atribuíveis a cada um dos devedores.
 OBS: Caso haja direito de regresso em uma obrigação cambiária, este só poderá ser exercido em razão do devedor imediatamente anterior àquele que pagou a dívida representada no título, visto que em razão do princípio da autonomia, NÃO há relação de solidariedade entre o devedor que quita a dívida e o devedor posterior a ele.
EXEMPLO: (linkconcursos.com.br)
Maria desejava comprar uma TV de R$ 2.000,00, mas estava sem dinheiro. Ela foi à loja de Pedro e ele, para não perder a venda, propôs que ela emitisse uma nota promissória para comprar o produto com vencimento em 2 meses e assim foi acordado. Maria emitiu uma nota promissória para Pedro no valor correspondente ao da TV.
Em decorrência do princípio da autonomia, Pedro poderia realizar outros negócios com a nota promissória emitida por Maria. E assim ele o fez: ele comprou, de seu fornecedor Rafael, produtos para revenda. Para tanto Pedro necessitou realizar somente um endosso no título de crédito emitido por Maria e com isso houve a transmissão da nota promissória para Rafael (fornecedor).
Veja que o Pedro somente realizou um endosso no título emitido por Maria para repassá-lo para Rafael. Esse endosso nada mais é do que a assinatura do possuidor do título que deseja repassar o direito para terceiros em algum negócio diferente daquele que gerou o crédito representado pelo título. O endosso quando feito possibilita a transferência do crédito para outra pessoa.
Rafael tornou-se o credor do título emitido por Maria sem nunca tê-la visto e, por sua vez, poderá repassar o crédito do título para outros. Rafael, diante dessa possibilidade, foi até a loja de Joana e adquiriu um computador para seu empreendimento e deu como pagamento a nota promissória que recebeu de Pedro que, por sua vez, havia recebido de Maria.
Formou-se, então, uma cadeia cambiária em que Maria emite o título em favor de Pedro, que transfere o crédito, por endosso, para Rafael, o qual, por sua vez, utiliza a nota promissória para pagar o computador adquirido com Joana, também através de endosso a esta. 
CADEIA CAMBIÁRIA: Maria Pedro Rafael Joana
Quando chegar o dia de vencimento do crédito previsto na nota promissória, Joana deverá apresentar o título de crédito à Maria que é a devedora principal do título. Há necessidade – em decorrência do princípio da cartularidade – de queo credor que esteja com o título apresente-o primeiramente ao emitente do título.
 (
O devedor principal do título de crédito é aquele que irá efetuar o 
pagamento do título que implicará na extinção da obrigação que deu origem ao título de crédito
. No nosso exemplo
.
 O
 negócio jurídico que deu origem à nota promissória foi a TV adquirida por Maria com Pedro. Somente com o pagamento do título de crédito pela emitente do título 
é 
que 
se 
extinguir
á
 a dív
ida criada pela compra. Por isso,
 
nosso devedor principal é Maria, 
para 
quem
 Joana deverá apresentar a nota promissória.
)
 Se o pagamento for devidamente realizado por Maria, extingue-se a cadeia cambiária.
 Se, porém, Maria não efetuar o pagamento, Joana deverá comprovar, por meio de protesto realizado em cartório, o não pagamento do título pela devedora principal. Com o protesto, Joana poderá exigir o pagamento de Pedro ou Rafael, que são os demais endossantes do título e foram coobrigados na cadeia. 
 (
O protesto 
por falta de pagamento 
é um ato extrajudicial realizado nos Cartórios de
 P
rotestos de Títulos de Documentos. 
Ele
 é necessário para que a credor tenha o direito de buscar o pagamento do título de qualquer um dos endossantes do título 
de crédito ou 
avalistas
,
 independente
mente
 da ordem.
)
 E, assim, se Joana (credora com a posse do título) cobrar de Pedro o direito expresso no título [E ELE PAGAR, NÉ?], necessariamente, a cadeia cambiária após ele será extinta. Restará a Pedro, enquanto devedor coobrigado executado, exigir do emitente do título, ou seja, do devedor principal, por meio extrajudicial ou judicial, o pagamento do valor por ele despedido (já que ele tirou do bolso dele os R$2.000,00 que Maria deveria ter pagado à Joana).
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO (884)
QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA OU CIRCULAÇÃO
1) Título ao portador: Art. 904, CC. Neste, a identificação do credor não é feita de forma expressa. Assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular do crédito nele mencionado. A simples transferência da cártula opera a transferência da titularidade do crédito.
OBS: A doutrina entende, pela leitura do art. 907 do CC, que é vedada a emissão de título de crédito atípico ao portador.
2) Título nominal: É aquele que identifica expressamente o seu titular, ou seja, o credor. Assim, a transferência da titularidade do crédito não se opera com a mera entrega do documento a outra pessoa, sendo necessário, além disso, a prática de um ato formal que opere essa a transferência de titularidade. 
2.1) Título nominal com cláusula à ordem: Art. 910, CC. Também chamado de título endossável; O ato formal de transferência é o endosso, típico do regime jurídico cambial. Através do ato formal de endosso, fica declarada expressamente, em geral no verso da cártula, a cláusula de transmissão do direito, acompanhada da assinatura do endossante.
2.2) Título nominal com cláusula não à ordem: O ato formal de transferência é a cessão civil de crédito, que se submete ao regime jurídico civil.
3) Título nominativo: Art. 921, CC. É aquele emitido em favor de pessoa determinada, mas esse não é o seu diferencial. O diferencial é que o nome do credor, neste caso, consta de registro específico mantido pelo emitente do título. Assim, a transferência só se opera validamente por meio de termo no referido registro, isto é, quando há a anotação nos livros mantidos pelo devedor. O devedor mantém, portanto, um controle da identidade dos credores em livros específicos.
Para cobrança do seu direito, o credor deve apresentar o título ao devedor que irá verificar nos livros o crédito daquele. Essa formalidade cria certa dificuldade devido à participação do devedor na transmissão do título.
Não são títulos comuns, mas, em geral, títulos de financiamento, ligados a sociedades por ações (debêntures, bônus de subscrição); podem ser digitais.
QUANTO AO MODELO
1) Título de modelo livre: É aquele para o qual a lei não estabelece uma padronização obrigatória, ou seja, sua emissão não se sujeita a uma forma específica preestabelecida. São exemplos a letra de câmbio e a nota promissória, títulos de crédito que podem ser criados em uma simples folha de papel, bastando para tanto que neles constem os requisitos essenciais desses títulos.
2) Título de modelo vinculado: Este título se submete a uma rígida padronização fixada pela legislação cambiária específica, só produzindo efeitos legais quando preenchidas as formalidades legais exigidas. É o que ocorre com o cheque e com a duplicata.
QUANTO À ESTRUTURA
1) Título que se estrutura como ordem de pagamento: Caracteriza-se por estabelecer três situações jurídicas distintas a partir da sua emissão: 
· o SACADOR, que emite o título, ou seja, ordena o pagamento;
· o SACADO, contra quem o título é emite, trata-se da pessoa que recebe a ordem de pagamento (a instituição financeira, por exemplo); e
· o TOMADOR (beneficiário), em favor de quem o título é emitido, isto é, a pessoa a quem o sacado deve pagar, em obediência à ordem que lhe foi endereçada pelo sacador;
São ordens de pagamento: a letra de câmbio, o cheque e a duplicata.
No cheque, por exemplo, verifica-se claramente as 3 figuras: o sacador é o correntista que emite o cheque; o sacado é a instituição financeira que cumprirá a ordem de pagamento que lhe foi dada; e o tomador é o 3° que recebe o cheque como forma de pagamento e que ir descontá-lo.
2) Título que se estrutura como promessa de pagamento: Caracteriza-se por estabelecer duas situações jurídicas distintas: 
· o SACADOR ou PROMITENTE, que promete pagar determinada quantia; e
· o TOMADOR, beneficiário da promessa que receberá o valor prometido.
É promessa de pagamento: a nota promissória.
QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO
1) Título causal: Só pode ser emitido nas restritas hipóteses em que a lei autoriza a sua emissão. É o caso, por exemplo, da duplicata, que só pode ser emitida para documentar a realização de uma compra e venda mercantil (duplicata mercantil) ou um contrato de prestação de serviços (duplicata de serviços).
Ou seja, esses títulos têm (ou devem respeitar) uma causa de emissão.
2) Título não causal ou abstrato: É aquele cuja emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabelecida em lei, de modo que podem ser emitidos em qualquer hipótese. É o caso, por exemplo, do cheque, que pode ser emitido para documentar qualquer relação negocial.
OBS: André Santa Cruz defende que não se deve confundir a abstração como subprincípio do regime jurídico cambial com a abstração ora analisada. Aquela, como visto, é um predicado de qualquer título de crédito, já que todos eles podem circular e, consequentemente, se desprender da relação que lhes deu origem. Esta significa tão somente um atributo que apenas alguns títulos ostentam, o de não ter sua emissão submetida a causas preestabelecidas na legislação.
Há, porém, muitos autores que tratam a abstração com um único sentido, razão pela qual defendem que os títulos causais, como a duplicata, não se desvinculariam da relação original, ainda que postos em circulação.
QUANTO À TIPICIDADE OU PREVISÃO LEGAL
1) Título típico ou nominado: É aquele criado por uma legislação específica, que o regulamenta. Exs: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito.
2) Título atípico ou inominado: É aquele criado pela vontade e ao sabor dos próprios particulares seguindo seus interesses. Isso é permitido desde que eles não violem as regras estabelecidas no Código Civil. Como não são título criados e regulamentados por uma lei específica, eles devem obedecer às normas do CC que tratam sobre títulos de crédito.
Segundo o STJ, os títulos atípicos não podem ser transferidos por endosso, uma vez que não são regulamentados por lei.
+ TÍTULO PRÓPRIO: É aquele que possui os requisitos característicos de um título de crédito – isto é, cartularidade, autonomia, literalidade, executividade – e representam uma típica relação cambial entre credor e devedor. É o caso em queo título representa o próprio direito nele mencionado. São títulos propriamente ditos a nota promissória, a letra de câmbio, a duplicata, o cheque.
+ TÍTULO IMPRÓPRIO: É aquele que, em virtude da sua disciplina jurídica, aproveita somente em parte os requisitos essenciais e características dos títulos de crédito próprios. Trata-se de um documento que não objetiva a circulação do crédito pois, em geral, o seu portador busca, com este tipo de título, obter a prestação de coisa ou serviço. São exemplos os títulos ou comprovantes de legitimação, que representam o direito à prestação de um serviço ou ao recebimento de prêmios, como os bilhetes de transportes públicos, os ingressos de shows e cinemas, os bilhetes de loteria e cartelas de raspadinha, etc.

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