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AULA 4 TITULOS DE CRÉDITO

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Sumário 
1 - Títulos de Crédito ......................................................................................................................... 9 
1.1. Introdução .............................................................................................................................. 9 
1.2. Legislação Aplicável .............................................................................................................. 10 
1.3. Conceito ............................................................................................................................... 12 
Qual a natureza jurídica do título de crédito? .................................................................................................. 14 
O que é teoria da propriedade? ....................................................................................................................... 17 
1.4. Funções dos títulos de crédito ............................................................................................... 18 
1.5. Características dos títulos de crédito .................................................................................... 18 
1.5.1. Bem móvel .............................................................................................................................................. 18 
1.5.2. Natureza pro solvendo: ........................................................................................................................... 19 
1.5.3. Circulação ............................................................................................................................................... 20 
1.5.4. Títulos de apresentação ......................................................................................................................... 21 
1.5.5. Obrigação quesível ................................................................................................................................. 21 
1.5.6. Título de resgate ..................................................................................................................................... 21 
1.5.7. Executividade .......................................................................................................................................... 22 
1.5.8. Presunção de liquidez e certeza ............................................................................................................. 22 
1.5.9. Formalismo ............................................................................................................................................. 23 
1.5.10. Solidariedade cambiária ....................................................................................................................... 25 
1.6. Princípios .............................................................................................................................. 27 
1.6.1. Cartularidade .......................................................................................................................................... 28 
 
 
 
 
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262 
1.6.2. Literalidade ............................................................................................................................................. 30 
1.6.3. Autonomia .............................................................................................................................................. 34 
1.6.3.1. Abstração ............................................................................................................................................. 39 
1.6.3.2. Independência ..................................................................................................................................... 42 
1.6.3.3. Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé ......................................................... 45 
1.6.4. Exceções em que é possível alegar defesas pessoais ............................................................................. 47 
1.7. Atributos dos Títulos de Crédito ............................................................................................ 48 
2 - Classificação dos Títulos de Crédito ............................................................................................ 50 
2.1. Quanto ao modelo................................................................................................................ 50 
2.1.1. Modelos livres ........................................................................................................................................ 50 
2.1.2. Modelos vinculados ................................................................................................................................ 50 
2.2. Quanto à natureza ............................................................................................................... 50 
2.2.1. Ordem de pagamento ............................................................................................................................ 50 
2.2.2. Promessa de pagamento ........................................................................................................................ 51 
2.3. Quanto à vinculação à relação de origem ............................................................................. 51 
2.3.1. Causais .................................................................................................................................................... 51 
2.3.2. Não causais ou abstratos ........................................................................................................................ 51 
2.4. Quanto à circulação ............................................................................................................. 51 
2.4.1. Ao portador ............................................................................................................................................ 51 
2.4.2. Nominativos ............................................................................................................................................ 51 
3 - Letra de Câmbio ......................................................................................................................... 52 
3.1. Partes Intervenientes ............................................................................................................ 52 
3.2. Origem da letra de câmbio ................................................................................................... 52 
 
 
 
 
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3.3. Lei Uniforme de Genebra ...................................................................................................... 53 
3.4. Partes ................................................................................................................................... 59 
3.5. Espécies de devedores .......................................................................................................... 61 
3.6. Requisitos intrínsecos ........................................................................................................... 63 
A ausência de capacidade do sacado-aceitante invalida o título de crédito? .................................................. 63 
3.7. Requisitos extrínsecos........................................................................................................... 64 
3.8. Declarações cambiárias ........................................................................................................ 74 
3.9. Efeitos do Aceite ................................................................................................................... 74 
3.10. Forma do aceite.................................................................................................................. 77 
3.11. Apresentação para aceite ................................................................................................... 793.12. Apresentação para aceite e desfechos ................................................................................ 82 
3.13. Aceite qualificado ............................................................................................................... 84 
3.13.1. Recusa do Aceite e cláusula não aceitável ........................................................................................... 86 
3.13.2. Cláusula não aceitável .......................................................................................................................... 86 
3.13.3. Aceite Parcial ........................................................................................................................................ 87 
3.13.4 Saque e requisitos da letra de câmbio .................................................................................................. 88 
4 - Nota Promissória ....................................................................................................................... 91 
4.1. Requisitos legais ................................................................................................................... 92 
Se a assinatura do emitente for escaneada e aposta no título, ela é válida? .................................................. 93 
4.2. Regime legal ......................................................................................................................... 95 
5 – Endosso na letra de câmbio e nota promissória ........................................................................ 98 
5.1. Endosso ................................................................................................................................ 98 
 
 
 
 
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5.2. Endosso em branco e endosso em preto ............................................................................. 100 
5.3. Vedação ao endosso parcial ............................................................................................... 103 
5.4. Vedação ao endosso condicional ........................................................................................ 104 
5.5. Efeitos do endosso .............................................................................................................. 104 
5.6. Transferência do direito cambiário contido no título de crédito .......................................... 105 
5.7. Responsabilidade do endossante ........................................................................................ 106 
5.8. Endosso sem garantia ........................................................................................................ 107 
5.9. Endosso X Cessão de Crédito............................................................................................... 108 
5.10. Endosso-mandato............................................................................................................. 109 
O endossatário-mandatário pode realizar endosso translativo no título recebido por endosso-mandato? . 112 
5.11. Desconto bancário ............................................................................................................ 113 
5.12. Endosso-caução ................................................................................................................ 113 
Se o endossatário-pignoratício prejudicar alguém, quem responde pelos danos? ....................................... 115 
5.13. Factoring e endosso .......................................................................................................... 116 
5.14. Endosso tardio .................................................................................................................. 118 
5.15. Endosso impróprio ............................................................................................................ 120 
6 – Aval na letra de câmbio e nota promissória ............................................................................. 121 
6.1. Responsabilidade do avalista.............................................................................................. 124 
6.2. Espécies de Aval ................................................................................................................. 128 
6.2.1. Aval em branco e em preto .................................................................................................................. 128 
6.3. Aval antecipado.................................................................................................................. 129 
6.4. Avais Simultâneos X Aval Sucessivo .................................................................................... 130 
 
 
 
 
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6.5. Direito de regresso ............................................................................................................. 133 
6.6. Aval X Fiança ...................................................................................................................... 133 
6.7. Aval X Endosso ................................................................................................................... 136 
7 – Vencimento ............................................................................................................................. 137 
Quando ocorre o vencimento antecipado? .................................................................................................... 141 
8 – Prescrição e Protesto............................................................................................................... 143 
8.1. Espécies de protesto e seus efeitos ..................................................................................... 144 
8.2. Cláusula sem protesto (cláusula sem despesa).................................................................... 150 
8.3. Protesto indevido: (i) endosso translativo e (ii) endosso mandato. ...................................... 152 
9 – Pagamento .............................................................................................................................. 153 
10.1. Tipos de pagamento ......................................................................................................... 154 
10.2. Prova do pagamento ........................................................................................................ 155 
10.3. Formas atípicas de pagamento ......................................................................................... 156 
11 – Cheque .................................................................................................................................. 156 
11.1. Partes ............................................................................................................................... 157 
11.2. Pressupostos .................................................................................................................... 158 
11.3. Natureza jurídica .............................................................................................................. 158 
11.4. Legislação......................................................................................................................... 159 
11.5. Requisitos legais ............................................................................................................... 159 
11.6. Declarações cambiárias no cheque ................................................................................... 161 
11.7. Da Emissão e da Forma do Cheque ................................................................................... 161 
11.8. Características .................................................................................................................. 164 
 
 
 
 
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11.9. Endosso ............................................................................................................................ 167 
11.10. Aval ................................................................................................................................169 
11.11. Da Apresentação ............................................................................................................ 170 
11.12. Pagamento ..................................................................................................................... 174 
11.13. Apresentação simultânea de vários cheques ................................................................... 176 
11.14. Pagamento de cheque falso ou falsificado ...................................................................... 176 
11.15. Devolução do cheque sem pagamento ........................................................................... 176 
11.16. Revogação (contraordem) e sustação (oposição) ............................................................ 177 
11.17. Cheque Cruzado.............................................................................................................. 178 
11.18. Cheque para ser levado em conta ................................................................................... 179 
11.19. Cheque Visado ................................................................................................................ 180 
11.20. Cheque Administrativo ................................................................................................... 182 
11.21. Cheque especial .............................................................................................................. 182 
11.22. Cheque de viagem .......................................................................................................... 182 
11.23. Cheque pós-datado ........................................................................................................ 183 
11.24. Legalidade da pós-datação ............................................................................................. 184 
11.25. Natureza jurídica do cheque pós-datado ........................................................................ 184 
11.26. Protesto .......................................................................................................................... 189 
11.27. Efeitos do protesto de um cheque ................................................................................... 190 
11.28. Prazo do protesto do cheque: protesto facultativo e obrigatório..................................... 192 
12 - Duplicata ................................................................................................................................ 193 
12.1. Características .................................................................................................................. 194 
 
 
 
 
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12.2. Partes ............................................................................................................................... 195 
12.3. A duplicata como título causal .......................................................................................... 196 
12.4. Legislação aplicável .......................................................................................................... 200 
12.5. Procedimento de emissão da duplicata............................................................................. 200 
12.6. Requisitos legais ............................................................................................................... 202 
12.7. Aceite ............................................................................................................................... 204 
12.8. Obrigatoriedade do aceite ................................................................................................ 205 
12.9. Recusa do aceite ............................................................................................................... 205 
12.10. Formas de prestar o aceite ............................................................................................. 206 
12.11. Endosso .......................................................................................................................... 208 
12.12. Aval ................................................................................................................................ 209 
12.13. Vencimento .................................................................................................................... 209 
12.14. Pagamento ..................................................................................................................... 211 
12.15. Protesto .......................................................................................................................... 211 
12.16. Triplicata ........................................................................................................................ 216 
12.17. Duplicata escritural ........................................................................................................ 217 
1 – Títulos de crédito impróprios - introdução .............................................................................. 221 
1.1. Categorias de Títulos de Crédito Impróprios ................................................................. 221 
2 - Cédulas de Crédito ................................................................................................................... 223 
2.1. Conceito ............................................................................................................................. 223 
2.2. Requisitos ........................................................................................................................... 224 
2.2.1. Denominação ........................................................................................................................................ 224 
 
 
 
 
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262 
2.2.2. Promessa de adimplemento ................................................................................................................. 224 
2.2.3. Forma de pagamento ........................................................................................................................... 225 
2.2.4. Indicação do credor .............................................................................................................................. 225 
2.2.5. Valor do crédito .................................................................................................................................... 225 
2.2.6. Finalidade do financiamento ................................................................................................................ 225 
2.2.7. Definição da garantia real ..................................................................................................................... 225 
2.2.8. Encargos financeiros ............................................................................................................................. 226 
2.2.9. Praça de pagamento ............................................................................................................................. 226 
2.2.10. Data, lugar de emissão e assinatura ................................................................................................... 226 
2.2.11. Registro ............................................................................................................................................... 226 
2.3. Transferência ..................................................................................................................... 227 
2.4. Caracteríticas ..................................................................................................................... 228 
3 - Cédula De Crédito Imobiliário .................................................................................................. 230 
4 - Cédula De Produto Rural .......................................................................................................... 231 
5 - Cédulas De Crédito Bancário ....................................................................................................233 
6 - Cédula De Produto Rural .......................................................................................................... 236 
13 – Questões Comentadas .......................................................................................................... 240 
14 - Questões semGabarito ........................................................................................................... 255 
15 - Gabarito ................................................................................................................................. 261 
16 - Considerações Finais .............................................................................................................. 262 
 
 
 
 
 
 
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TÍTULOS DE CRÉDITO 
1 - TÍTULOS DE CRÉDITO 
1.1. INTRODUÇÃO 
A disciplina dos Títulos de Crédito encontra sua fonte na necessidade de auxílio e simplificação das 
diversas relações comerciais que envolvem somas em dinheiro, buscando uma circulação segura, 
rápida e fácil do crédito. 
A palavra título nos oferece a ideia de um documento em papel: é assim com o título de eleitor ou 
com o título de um clube. Nesse caso, teremos um título, logo, um documento representativo do 
crédito. 
Falando nisso, o que é crédito? 
 
O crédito nada mais é do que a consecução de um bem da vida, uma mercadoria ou um empréstimo. 
Logo, uma antecipação do bem da vida, formalizando em papel o pagamento futuro. Em simples 
palavras, a troca do bem no presente, pelo dinheiro futuro. 
Os títulos mais utilizados hoje em dia são a Nota promissória, o Cheque e a Duplicata. 
A Nota promissória, por exemplo, se esboça com uma pessoa denominada devedora. 
Esse sujeito emite o título e escreve no documento que pagará certa quantia em dinheiro 
para uma outra pessoa, a qual se denomina credora. Eis um Título de Crédito. 
Atualmente, os títulos de crédito são o principal meio de circulação de riquezas e, embora existam 
inúmeros, constatam-se características, funções e princípios comuns, o que permite falar-se em uma 
teoria geral de títulos de crédito. 
Pois bem, o conceito clássico de título de crédito foi elaborado por CESARE VIVANTE, segundo o qual: 
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“(...) título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e 
autônomo, nele mencionado.” (Marlon Tomazette) 
E esse conceito é praticamente colado no art. 887 do Código Civil: 
“Art. 887 do CC. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os 
requisitos da lei.” 
Em vista dos estudos, os títulos mais importantes são: A letra de câmbio, a nota promissória, p 
cheque e a duplicata, pois todos os demais títulos derivam destes. Além disso, trataremos dos 
institutos que os cercam. Os títulos citados neste parágrafo são denominados títulos próprios e serão 
a base de nosso trabalho. Utilizaremos o Cheque e a Duplicata para os exemplos. 
1.2. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL 
Historicamente, cada um dos principais títulos de crédito sempre tiveram as suas próprias leis 
especiais, e, atualmente, não é diferente. 
A Letra de Câmbio e a Nota Promissória são títulos regulados pelo Decreto 57.663/66, também 
conhecida como Lei Uniforme de Genebra (LU), nascido em vista da Convenção de Genebra de 1964, 
quando a maioria dos países se reuniram para, entre muitas discussões, uniformizar as regras dos 
principais títulos de crédito. 
A Convenção de Genebra tem dois anexos. O primeiro trata dos princípios de Direito Internacional, 
que, logicamente, não interessam aos nossos estudos. 
No Anexo II, as regras que regulam institutos muito conhecidos dos diversos certames nas carreiras 
jurídicas e fiscais, quais sejam a Letra de Câmbio (Artigo 1º); O endosso (Artigo 11); O aval (Artigo 
32); a prescrição (Artigo 70), e, enfim, a Nota Promissória em seu artigo 75. 
O Cheque é regido pela Lei Interna de nº 7.357/85 e a Duplicata pela Lei 5.474/68. Como já dito, os 
demais títulos derivam destes. 
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A pergunta que agora vem é: “Professor, se cada título é regido por uma lei especial própria para 
solucionar todas as suas questões, em quais situações devemos utilizar o Código Civil? 
“Artigo 903. CC Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito 
pelo disposto neste Código.” 
A resposta é dura! “O Código Civil, na matéria dos títulos de crédito não é grande coisa.” Digo desse 
modo, pois o próprio Código Civil em seu artigo 903, demonstra não ser referência nessa matéria, a 
seguir: 
Note, que o Código Civil tira o corpo fora quando o assunto tem relação com os principais títulos de 
crédito existentes no ordenamento. O artigo 907 do mesmo diploma complementa que a aplicação 
do Código Civil será apenas subsidiária. Significa dizer que somente nos casos em que o legislador 
se omitir na legislação especial, é que devemos aplicar o conteúdo dos artigos 887 e seguintes do 
diploma civil. 
Cabe dizer que alguns editais de concursos públicos apenas solicitam as temáticas dos Títulos de 
Crédito que estão presentes no Código Civil, o que, facilmente nos faz perceber que a banca 
examinadora não foi formada por especialistas na área. 
Código Civil
Cheque
Artigos 
887, CC
Lei 7.357/85
Legislação aplicável
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Vamos agora ao conceito de título de crédito. 
1.3. CONCEITO 
O Código Civil prevê em seu artigo 887 que o título de crédito é: “um documento necessário ao 
exercício do direito literal e autônomo nele contido.” 
Ocorre que, a doutrina considera que o sentido atribuído à palavra contido é um erro, já que os 
direitos emergentes no título (direitos de cobrança e de receber o valor mencionado, entre outros), 
não estão contidos na cártula, mas apenas mencionados. Um pouco mais a frente voltaremos a esse 
assunto. 
Artigo 887. CC O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal 
e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei.” 
Letra de câmbio
Nota Promissória
Cheque
Duplicata
Decreto 57.663/66
Convenção de 
Genebra
Lei 7.357/85
Lei 5.474/68
Legislação aplicável
Artigo 887-926, CC - Aplicação meramente subsidiária 
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O título de crédito é um documento formal, uma representação gráfica que destina a reproduzir e a 
provar a existência de uma dívida, e, consequentemente, a vontade de assumir uma obrigação. Além 
do que, esse documento é importante para que o credor possa exigir o pagamento da dívida 
mencionada. 
Note que o conceito exarado no Código Civil traz a ideia de um documento formal, mas não somente 
isso. Os títulos além de documentados em papel, precisam contar com a literalidade ou o direito 
literal. O que isso quer dizer? Quer dizer que o documento não bastará, é necessário o 
preenchimento do título de acordo com os requisitos exigidos na lei. Vamos a um exemplo! 
Imagine que, enquanto esteja transitando por um “shopping center”, você se depara com o título: 
“Aceitamos cheque pré-datado e parcelamos qualquer produto em até 6 (seis) vezes”. Aí você pensa: 
“Vou no cartão de crédito, é mais prático!”. Trata-se de uma loja de calçados, você prova o tênis, 
mas, ao tentar o pagamento, não há limite de crédito. Imaginou? 
No caso acima, você abre a carteira e pega o talão de cheques, um título de crédito (documento 
formal), mas será necessário descrever - literalmente - as condições de pagamento. Assim, ao 
escrever o valor a que está se obrigando, o nome do beneficiário (lojista), data, local e assinatura, 
você estará oferecendo literalidade ao título. 
Agora que você já compreende a Cartularidade (documento formal) e a Literalidade 
(preenchimento do título), vamos ao último requisito, qual seja, a autonomia. 
 
 Cartularidade (A literalidadese dá com o preenchimento). 
 
 
 
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Qual a natureza jurídica do título de crédito? 
R: Há divergência. 
Teoria Natureza Jurídica 
Teoria Contratualista Contrato 
Teoria Legalista Aparência de vontade do devedor 
Teoria do Duplo Sentido da Vontade 
Entre o devedor e credor originários, há um contrato, ao 
passo que em relação ao devedor originário e os demais 
credores, uma declaração unilateral de vontade. 
Teoria da Declaração Unilateral de Vontade 
(prevalece) 
Declaração/Ato Unilateral de Vontade 
“O princípio de que o título de crédito deve a sua eficácia não 
a um contrato, mas a um ato unilateral da vontade do 
subscritor, é hoje geralmente admitido.” (Fran Martins) 
“Reconhecendo-se a vontade como fonte das obrigações 
cambiárias, mas afastada a natureza contratual dessa 
manifestação, é certo que o melhor enquadramento para a 
vontade criadora da obrigação é como uma declaração 
unilateral de vontade.” (Marlon Tomazette) 
Em que momento nasce a obrigação cambiária segunda a teoria da declaração 
unilateral de vontade? 
R: Existem 3 (três) subteorias a respeito do momento do nascimento da obrigação oriundas da teoria 
da declaração unilateral de vontade. 
Teoria da Criação Teoria da Emissão Teoria dos três momentos 
Simples assinatura do título de 
crédito 
Entrega voluntária do título Simples assinatura do título de crédito 
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Retângulo
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Retângulo
 
 
 
 
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“A obrigação já existe com a simples 
assinatura. A forma como o título saiu 
das mãos do seu criador não interessa 
para a teoria da criação, o que 
interessa é apenas a declaração da 
vontade da criação do título. Assim, se 
o título assinado pelo emitente foi 
furtado e chegou às mãos de um 
credor, este teria o direito de receber 
o título de crédito.” (Marlon 
Tomazette) 
“Por criação entende-se o ato de dar 
vida ao título, com a sua feitura 
material, cujo momento decisivo é 
aquele em que o sacador lança sua 
assinatura na letra; já a emissão é o 
ato de pôr a letra em circulação, com 
a sua transferência ao tomador.” 
(Fran Martins) 
“Por essa teoria, a obrigação 
cambiária do sacador nasce no 
momento em que apõe a sua 
assinatura no título, quando, 
portanto, da sua subscrição.” (Luiz 
Emygdio Franco da Rosa Jr.) 
“(...) nessa teoria, a obrigação cambiária 
só se concretizaria no momento da 
emissão, entendida como a entrega 
voluntária do título. A simples assinatura 
do título não representaria a vontade de 
se obrigar. Só a vontade concreta de 
entregar o título é que aperfeiçoaria a 
obrigação. O título de crédito 
representaria um negócio jurídico 
composto, na medida em que dependeria 
de dois atos: a assinatura do documento e 
sua entrega voluntária. (...) Assim, se o 
título foi assinado pelo devedor, mas lhe 
foi furtado e entregue a um terceiro, a 
obrigação ainda não teria sido concluída. 
A obrigação só nasceria quando a 
declaração de vontade fosse posta em 
circulação.” (Marlon Tomazette) 
“Assim, por emissão deve-se entender não 
o mero ato de se criar materialmente o 
título com o lançamento pelo sacador da 
sua assinatura, mas exige-se ainda que o 
sacador ponha voluntariamente a letra 
em circulação com a sua transferência ao 
tomador.” (Luiz Emygdio Franco da Rosa 
Jr.) 
“Pontes de Miranda reconhece a natureza 
de declaração unilateral de vontade nos 
títulos de crédito, mas não aceita de forma 
integral a teoria da criação nem a teoria 
da emissão. Para ele, há uma forma 
própria de tratar a obrigação originada 
em um título de crédito, dividindo-a em 
três momentos. (...) Num primeiro 
momento, devem-se analisar os planos da 
existência e da validade para os títulos de 
crédito. A obrigação cambiária existiria a 
partir da subscrição do documento, isto é, 
com a declaração unilateral de vontade do 
subscritor, a obrigação já existiria no 
mundo jurídico. (...) O segundo momento 
do título de crédito ocorreria no plano da 
eficácia. Uma vez assinado o título e 
preenchidos todos os requisitos de forma, 
ele já existe e é válido, mas ainda não é 
eficaz. A eficácia do título dependeria da 
posse do título por um credor de boa-fé, 
(...). Ainda haveria um terceiro momento, 
no qual a obrigação efetivamente surgiria. 
O credor de boa-fé, com o título em mãos 
(a obrigação já existe, é válida e eficaz), 
apresenta-o ao devedor para pagamento. 
Nesse ato, ocorre a relação obrigacional 
(pretensão/obrigação), fazendo com que 
a obrigação tenha que ser cumprida. Ora, 
se não houvesse a apresentação, não 
existiria a obrigação de pagar o título de 
crédito.” (Marlon Tomazette) 
Consequência: “A consequência da 
teoria da criação é severa e grave. O 
título roubado ou perdido, antes da 
emissão, mas após a criação, leva 
consigo a obrigação do subscritor.” 
(Rubens Requião) 
Consequência: “Sem emissão voluntária 
não se forma o vínculo. Se o título foi posto 
fraudulentamente em circulação, não 
subsiste a obrigação.” (Rubens Requião) 
Qual das 3 (três) teorias foi adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro? 
R: A teoria dos 3 (três) momentos de PONTES DE MIRANDA é meramente teórica, não sendo adotada 
pelo ordenamento jurídico. Quanto às duas outras, depende da legislação de regência do título de 
crédito: 
 
 
 
 
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“No Brasil, devemos fazer uma separação da legislação cambiária. Em primeiro lugar, 
devemos analisar a Lei Uniforme de Genebra (LUG), aplicável diretamente às letras de 
câmbio e notas promissórias, cujas regras acabam sendo um padrão para os títulos 
típicos. No tocante aos títulos atípicos, devemos analisar as regras do Código Civil que 
são diferentes das regras dos títulos típicos. 
No âmbito da LUG, adota-se a teoria da criação. Apesar de um erro de tradução na 
denominação da seção I, do capítulo I (usou-se “Da emissão e da forma da Letra” para 
traduzir “De la création et de la forme da letre de change”), as regras da LUG denotam 
claramente a aplicação da teoria da criação em detrimento da teoria da emissão. A 
proteção do credor de boa-fé (arts. 16 e 17) em face dos devedores denota claramente o 
afastamento da teoria da emissão. A LUG protege o credor que recebe de boa-fé o título 
de crédito, ou seja, ainda que haja um vício na emissão (na saída do título das mãos do 
devedor), o credor estará protegido. Resguarda-se, assim, a circulação cambial, 
privilegiando o tráfico jurídico e, consequentemente, protegendo a aquisição de títulos 
de crédito nos contratos de factoring e de desconto bancário, por exemplo. Entretanto, 
não se deve se esquecer que essa proteção beneficia apenas o credor de boa- fé, 
porquanto o credor que não age desse modo não é digno de proteção pelo Direito. 
No Código Civil, a situação é um pouco diferente, uma vez que temos regras que visam à 
proteção do credor de boa-fé, mas também que objetivam proteger quem é injustamente 
desapossado do título de crédito, num evidente conflito. Vemos no Código Civil a 
infrutífera tentativa de junção das teorias da criação e da emissão. Os arts. 896, 901 e 
905, parágrafo único, do Código Civil filiam-se à teoria da criação, protegendo o portador 
de boa-fé do título de crédito, na medida em que ele teria seus direitos resguardados. O 
título não poderia ser reivindicado do credor de boa-fé (art. 896), o pagamento feito ao 
credor de boa-fé seria válido (art. 901) e ele teria direito à prestação mesmo que o título 
tivesse entrado em circulação contra a vontade do emitente (art. 905, parágrafo único). 
Em contrapartida, o art. 909 do Código Civil filia-se claramente à teoria da emissão, uma 
vez que visa a proteger quem for injustamente desapossado do título. Por esse 
dispositivo, um credor de boa-fé poderia não receber o crédito, caso quem tiver sido 
injustamente desapossado do documento assim o queira. A menção à expressão 
injustamente desapossado envolve claramente um vício na emissão do título de crédito, 
afetando a vida do credor deboa-fé, demonstrando a opção por essa teoria. O conflito é 
claro. Não se pode pretender uma junção das teorias formando uma nova. Como se 
mencionou, não há como conciliar a proteção do portador de boa-fé com a proteção de 
quem foi injustamente desapossado do título. O ecletismo que existia no Código Civil de 
1916 permanece no Código Civil. Tal conflito, a nosso ver, existe especialmente em 
relação aos títulos ao portador, cuja criação depende de lei específica, uma vez que os 
arts. 905 e 909 se referem a esses títulos. Já em relação aos demais títulos, prevalece a 
teoria da criação, tendo em vista o disposto nos arts. 896 e 901 do Código Civil, bem como 
a legislação especial sobre o assunto.” (Marlon Tomazette) 
 
 
 
 
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“A conclusão a tirar é que o Código de 1916 não se filiou puramente a nenhuma das duas 
teorias, temperando os rigores da teoria da criação com nuanças da teoria da emissão. 
Tal ecletismo foi mantido no Código de 2002.” (Rubens Requião) 
Em resumo: 
Títulos Típicos Títulos Atípicos (Inominados) 
Teoria da Criação Teoria da Criação e Teoria da Emissão 
O que é teoria da propriedade? 
R: As teorias da emissão, circulação e dos três momentos tem como paradigma a figura do devedor 
do título de crédito. 
Por outro lado, existem diversas teorias que buscam explicar o direito autônomo dos credores 
sucessivos em um mesmo título de crédito. Entre elas, a majoritária é a teoria da propriedade, 
segundo a qual: 
“(...) a titularidade do direito de crédito decorre da propriedade do título. Os sucessivos 
titulares do crédito são os sucessivos proprietários do título. A titularidade do direito 
depende, pois, de uma relação de natureza real, e não de natureza pessoal, não 
guardando vínculo com o direito dos credores anteriores. É da propriedade do título que 
decorre o direito de crédito. 
(...) A aquisição do direito se dá a título originário, e não a título derivado. 
A inoponibilidade das exceções se justificaria pelo fato de que a titularidade não decorre 
da transferência do documento, mas sim da propriedade do título. O direito surge 
autônoma e originariamente nos sucessivos proprietários do título, sem qualquer 
vinculação ao titular anterior. Em razão dessa fonte do direito existe a autonomia das 
obrigações cambiárias para o credor. 
Embora possa ser reconhecida como majoritária, essa teoria é objeto de uma crítica 
contundente: nem sempre o dono do documento é o titular do crédito. Costuma-se dar 
o exemplo de um título escrito sobre uma pintura de Leonardo da Vinci. Com efeito, o 
titular do crédito não seria dono da obra de arte, nem o contrário. Todavia, nesse tipo de 
situação poderia se separar a propriedade do título de crédito da propriedade da tela, 
mantendo-se no direito de propriedade a origem do direito de crédito.” (Sérgio 
Campinho) 
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1.4. FUNÇÕES DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
Os títulos de crédito possuem duas funções fundamentais, a saber: 
(a) constituir um meio técnico para o exercício de direitos de crédito (função econômica); 
(b) facilitar e agilizar a circulação de riquezas (função de circulabilidade). 
1.5. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
São características dos títulos de crédito: (i) natureza jurídica de bem móvel; (ii) natureza pro 
solvendo; (iii) circulação; (iv) ser um título de apresentação; (v) conter obrigação quesível; (vi) ser um 
título de resgate; (vii) executividade; (viii) presunção de liquidez e certeza; (ix) formalismo; e (x) 
presença de solidariedade cambiária. 
1.5.1. Bem móvel 
O título de crédito é considerado como um bem móvel e, por conta disso, aponta MARLON 
TOMAZETTE: 
“(...) está sujeito aos princípios gerais que regem os bens móveis. Assim é que a posse de 
boa-fé dos títulos de crédito equivale à propriedade (LUG – art. 16, II; Lei n. 7.357/85 – 
art. 24). Essa natureza móvel simplifica a circulação dos títulos de crédito, agilizando a 
transmissão das riquezas, o que é essencial para os títulos de crédito.” (Marlon 
Tomazette) 
“Art. 16 da LUG (Decreto nº 57.663/66). O detentor de uma letra é considerado 
portador legitimo se justifica o seu direito por uma serie ininterrupta de endossos, 
mesmo se o último for em branco. Os endossos riscados consideram-se, para este 
efeito, como não escritos.” 
 
“Art. 24, caput, da Lei nº 7.357/85. Desapossado alguém de um cheque, em virtude 
de qualquer evento, novo portador legitimado não está obrigado a restituí-lo, se não 
o adquiriu de má-fé.” 
 
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1.5.2. Natureza pro solvendo: 
Primeiro, vamos diferenciar a emissão de título de crédito pro solvendo de pro soluto: 
Pro solvendo Pro soluto 
O título de crédito é emitido constituindo uma nova 
obrigação, sem extinguir a obrigação originária que lhe deu 
causa. 
O título de crédito é emitido como forma de extinção da 
obrigação originária, permanecendo apenas a obrigação 
decorrente do título de crédito. 
Nessa senda, MARLON TOMAZETTE afirma que, salvo intenção diversa, a emissão do título de crédito 
é pro solvendo: 
“Com efeito, salvo intenção diversa das partes, a emissão do título de crédito é pro 
solvendo, isto é, a simples entrega do título ao credor não significa a efetivação do 
pagamento. Em outras palavras, a emissão do título não extingue a obrigação que lhe deu 
origem, de modo que as duas, a obrigação cambial e a originária, coexistem. 
(...) Com a emissão do título, estamos diante da mesma obrigação, dotada de outra 
roupagem, a cambial; prova disso é que a perda ou destruição do título não impede que 
o credor ajuíze uma ação baseada no contrato. Assim, se o cheque emitido pelo 
comprador, no contrato de compra e venda, for destruído, resta ao vendedor exigir o 
pagamento do preço com base no contrato.” (Marlon Tomazette) 
No mesmo sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça: 
“(...) 1. O cheque (...) sendo, em regra, pro solvendo, de modo que, salvo pactuação em 
contrário, só extingue a dívida, isto é, a obrigação que a cártula visa satisfazer 
consubstanciada em pagamento de importância em dinheiro, com o efetivo pagamento. 
(...).” (STJ, REsp 1199001/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, 
julgado em 02/05/2013, DJe 20/05/2013) 
Pense, agora, em um contrato de locação não residencial de 6 (seis) meses. O contrato prevê a forma 
de pagamento com 6 (seis) cheques com caráter pro soluto. Dessa forma, a partir da sua entrega ao 
locador, o contrato entende-se por adimplido, havendo, a partir daí, apenas a obrigação constante 
dos cheques. “Novamente, e daí?” Se os cheques forem devolvidos por ausência de fundos, é possível 
ao locador ingressar com ação de despejo por inadimplemento da locação? Não, pois a obrigação 
oriunda do contrato de locação entende-se por encerrada com a cláusula pro soluto, de modo que a 
única saída do locador é ajuizar execução dos títulos: 
“Imprimindo-se quitação aos termos da convenção, exsurge a solução da dívida, como 
muito acertadamente demonstra Orlando Gomes: ‘As promissórias constituem, nessa 
hipótese, outra dívida. Emitidas pro soluto, são títulos autônomos, como de sua natureza 
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autêntica. Nenhuma vinculação subsiste entre esses títulos e a obrigação de pagar o 
preço. Extinta a dívida, não ressurge, não se reativa com o inadimplemento da contraída 
mediante a cambial. Ao credor somente assiste o direito de promover a cobrança das 
promissórias, à medida que se vão vencendo. Se o devedor não paga, o credor tem, 
apenas, ação própria para cobrar as promissórias vencidas, jamais o direito de promover 
a resolução do contrato de compra e venda. Por outras palavras, o inadimplemento da 
obrigação cambial não repercute na relação jurídica que determinou seu nascimento. O 
contrato de venda não pode ser resolvido ou rescindido, em suma, por inexecução da 
obrigaçãode pagar a dívida conexa, oriunda do negócio abstrato... Promissórias emitidas 
pro soluto, em razão de contrato bilateral, são títulos autônomos, que operam extinção 
do débito para cuja solução se emitiram. Não é outro seu alcance quando o credor os 
recebe, não em pagamento, mas como pagamento’ (Orlando Gomes, Questões de Direito 
Civil, 3a.edição, Saraiva, 1974, São Paulo, p. 322)” (Arnaldo Rizzardo) 
 
“O título de crédito tem natureza pro soluto quando emitido e entregue ao beneficiário 
visando a extinguir a obrigação que gerou a sua criação, ou seja, quando dado em 
pagamento da relação causal. Nessa hipótese, o título de crédito opera novação porque 
extingue a obrigação decorrente da causa debendi contra a assunção pelo devedor de 
uma obrigação nova, decorrente da emissão do título de crédito. A natureza pro soluto 
do título de crédito depende da existência de cláusula expressa no instrumento que 
consubstancia o negócio jurídico que origina o título, em razão da necessidade de existir 
o animus novandi, porque a novação não se presume (CCB de 2002, art. 361)26. 
Exemplificando: se na escritura de promessa de compra e venda pactuar-se que o preço 
é pago mediante a emissão pelo promitente comprador e entrega ao promitente 
vendedor de nota promissória do valor a ele correspondente, dando o promitente 
vendedor quitação do preço, o título foi emitido com natureza pro soluto, em pagamento 
do preço, não obstante só se vencer dentro de dado tempo, ocorrendo novação quanto 
à relação causal. Nesse caso, não pago o título no vencimento, o promitente vendedor 
não poderá ajuizar ação de rescisão do compromisso pelo não pagamento do preço 
porque este ocorreu com a emissão e a entrega do título ao promitente vendedor, só 
cabendo ação para cobrança do título.” (Luiz Emygdio Franco da Rosa Jr.) 
1.5.3. Circulação 
Como uma de suas funções essenciais é a circulação de riquezas, natural que os títulos de crédito 
tenham, em regra, condição de circular: 
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1.5.4. Títulos de apresentação 
Para exercício do direito contido no título de crédito, ele deve ser apresentado, ou seja, sem a posse 
da cártula não é possível exercer o direito cambiário. 
1.5.5. Obrigação quesível 
Obrigação quesível Obrigação portável 
O credor deve se deslocar para cobrar o adimplemento da 
obrigação do devedor. 
O devedor deve se deslocar ao credor para adimplir a 
obrigação. 
Em razão da possibilidade de circulação dos títulos de crédito e da necessidade de sua apresentação, 
é natural competir ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o cumprimento da obrigação cambiária. 
“Nos títulos de crédito, há uma obrigação a ser cumprida pelo devedor e recebida pelo 
credor. Em toda obrigação, uma das duas partes deve tomar a iniciativa para o 
cumprimento da obrigação. No caso dos títulos de crédito, essa iniciativa compete ao 
credor, logo, é ele que deve se dirigir ao devedor para exigir o pagamento, e não o 
contrário.” (Marlon Tomazette) 
1.5.6. Título de resgate 
Conforme ensina MARLON TOMAZETTE acerca dos títulos de resgate: 
“Uma vez apresentado o título ao devedor, deve haver, a princípio, o pagamento. Ao 
realizar esse pagamento, o devedor deve ter o cuidado de exigir a entrega do título (LUG 
– art. 39; CC – art. 901, parágrafo único), para evitar que o título volte a circular, e, 
“Não se quer dizer, contudo, que os títulos de crédito sempre vão circular. O que se quer 
deixar registrado é que os títulos nascem para circular, e essa é uma possibilidade que, 
em regra, se põe à disposição do credor. Outros documentos também podem circular, 
mas nos títulos essa característica é mais importante.” (Marlon Tomazette) 
“A necessidade de apresentação do título decorre, entre outros motivos, da possibilidade 
de circulação simplificada do título. Ora, como o título de crédito pode circular, o devedor 
só saberá quem é o atual credor com a apresentação do próprio documento. O devedor 
deve ter a cautela de só efetuar o pagamento a quem seja o portador legítimo do título, 
evitando o mau pagamento, que geraria o dever de pagar de novo a mesma obrigação 
(quem paga mal paga duas vezes).” (Marlon Tomazette) 
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chegando às mãos de um terceiro de boa-fé, a obrigação lhe seja novamente exigida. Em 
razão disso, diz-se que o título de crédito é um título de resgate.” (Marlon Tomazette) 
 
“Art. 39 da LUG (Decreto nº 57.663/66). O sacado que paga uma letra pode exigir que 
ela lhe seja entregue com a respectiva quitação. (...).” 
 
“Art. 901 do CC. Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao 
legítimo portador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé. 
Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do título, 
quitação regular.” 
1.5.7. Executividade 
Os títulos de crédito são considerados como títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do NCPC) e, 
consequentemente, não precisam de confirmação judicial para que recaia, sobre eles, a 
executividade. 
“Essa é a hipótese dos títulos de crédito, daí falar em eficácia processual abstrata dos 
títulos, na medida em que eles permitem a realização da execução, sem a necessidade 
de qualquer nova demonstração da existência do crédito. 
(...) Quem tem um título de crédito pode requerer de imediato a adoção das medidas 
satisfativas do seu crédito, isto é, pode ajuizar diretamente um processo de execução. Tal 
característica não se aplica aos chamados títulos atípicos.” (Marlon Tomazette) 
1.5.8. Presunção de liquidez e certeza 
Os títulos de crédito possuem, em regra, liquidez e (presunção de) certeza, uma vez que o documento 
é suficiente para atestar a existência do crédito (certeza) e seu valor ou os critérios para se chegar a 
seu valor estão definidos no título (liquidez). 
Aliada a característica de executividade, o art. 783 do Novo Código de Processo Civil dispõe que: 
“Art. 783 do NCPC. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título 
de obrigação certa, líquida e exigível.” 
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Quanto a essas características, pontua MARLON TOMAZETTE: 
“A exigibilidade vai decorrer do vencimento da obrigação, não representando 
exatamente um elemento intrínseco do título de executivo. Uma nota promissória ainda 
não vencida não é exigível, mas não deixa de ser um título executivo. A exigibilidade 
representará, em última análise, a adequação ao procedimento da execução, a 
necessidade dessa atuação jurisdicional. 
A certeza diz respeito à existência da obrigação, que não deve ser entendida como uma 
certeza absoluta, o que não significa que o direito necessariamente exista, vale dizer, 
pode haver o reconhecimento posterior de que o direito não existe, por meio de 
embargos à execução, por exemplo. O que se exige na certeza é o alto grau de 
probabilidade da existência do crédito. 
Por fim, a liquidez diz respeito à determinação do objeto da obrigação, isto é, o montante 
da obrigação já está definido, ainda que mediante simples cálculos aritméticos. É líquida 
a dívida quando a importância se acha determinada em todos os seus elementos de 
quantidade (dinheiro) e qualidade (coisas diversas do dinheiro), natureza e espécie 
(prestação de fato).” (Marlon Tomazette) 
1.5.9. Formalismo 
Uma cártula só pode ser considerada como título de crédito se preencher os requisitos legais. Por 
outro lado, a não observância dos requisitos NÃO implica nulidade do documento, mas apenas não 
se reconhece ao documento os efeitos de um título de crédito. 
“Art. 888 do CC. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua 
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe 
deu origem.” 
“Indispensável se torna que o documento se revista de certas exigências impostas pela 
lei para que tenha a naturezade título de crédito e assegure ao portador os direitos 
incorporados no mesmo. 
É, assim, o formalismo o fator preponderante para a existência do título e sem ele não 
terão eficácia os demais princípios próprios dos títulos de crédito. Tanto a autonomia das 
obrigações como a literalidade e a abstração só poderão ser invocadas se o título estiver 
legalmente formalizado, donde dizerem as leis que não terão o valor de título de crédito 
os documentos que não se revestirem das formalidades exigidas por ditas leis.” (Fran 
Martins) 
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A título de exemplo: 
“Assim, se uma nota promissória não contiver o nome do seu beneficiário, por exemplo, 
ela não pode ser tratada como uma nota promissória. Em razão disso, tal documento não 
pode gozar do tratamento peculiar dado aos títulos de crédito, não sendo, por exemplo, 
passível de execução. A irregularidade da forma afeta os efeitos do documento como 
título de crédito. Eventual correção desses vícios de nada adianta, pois, uma vez 
promovidas as medidas para o exercício do direito de crédito com um título incompleto, 
fica afastada a condição de título de crédito que não poderá ser adquirida 
posteriormente.” (Marlon Tomazette) 
Nesse sentido, o STJ já pontuou que a ausência de data de emissão na nota promissória torna-a 
inexigível como título de crédito: 
“(...) A ausência da data de emissão da nota promissória torna-a inexigível, visto tratar-se 
de requisito formal e essencial à constituição do referido título executivo. (...)” (STJ, EDcl 
no REsp 1158175/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, 
julgado em 14/04/2011, DJe 03/05/2011) 
Para memorizar: 
 
(CESPE – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO - 2004). A respeito de títulos de crédito, julgue 
os seguintes itens. 
A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de 
crédito, invalida o negócio jurídico que lhe der origem. 
 
GABARITO COMENTADO 
INCORRETA. 
 
Reprodução do art. 888 do CC. A omissão vai tirar a validade do documento como título 
de crédito, mas não vai mexer no negócio jurídico que lhe deu origem. Não por outro 
motivo, o credor pode ajuizar ação de cobrança a partir do negócio jurídico que deu 
origem ao título. 
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1.5.10. Solidariedade cambiária 
Nos títulos de crédito existe uma solidariedade entre os vários coobrigados, de modo que o credor 
pode exigir de um, alguns ou de todos eles a obrigação integral constante do documento. 
“Art. 47 da LUG (Decreto nº 57.663/66). Os sacadores, aceitantes, endossantes ou 
avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o portador. 
O portador tem o direito de acionar todas estas pessoas individualmente, sem estar adstrito a 
observar a ordem por que elas se obrigaram. 
O mesmo direito possui qualquer dos signatários de uma letra quando a tenha pago. 
A ação intentada contra um dos coobrigados não impede acionar os outros, mesmo os posteriores 
àquele que foi acionado em primeiro lugar.” 
A solidariedade cambiária é igual à solidariedade civil? 
R: Não, como apontam FRAN MARTINS e FÁBIO ULHOA COELHO: 
“Note-se que a solidariedade cambial é diversa da solidariedade comum, pois nesta 
[solidariedade comum], se um paga a totalidade da dívida, a mesma será repartida entre 
todos (Código Civil, art. 283), enquanto na solidariedade cambiária se um paga tem o 
direito de receber a totalidade da dívida dos obrigados anteriores.” (Fran Martins) 
 
“(...) de comum entre o regime cambial e a disciplina civil da solidariedade existe apenas 
o fato de o credor poder exercer seu direito, pelo valor total, contra qualquer um dos 
devedores. Quando se trata de discutir a composição, em regresso, dos interesses desses 
devedores, a regra aplicável do direito cambial é diferente da pertinente à solidariedade 
passiva. É incorreta a afirmação de que os devedores de um título de crédito são 
solidários. O devedor solidário que paga ao credor a totalidade da dívida pode exigir, em 
regresso, dos demais devedores a quota-parte cabível a cada um (CC, art. 283). Se são 
três os obrigados, aquele que adimpliu a obrigação junto ao titular do crédito, pode 
cobrar a terça parte do valor pago, de cada um dos outros dois codevedores. É o regresso 
típico da solidariedade passiva, que, no entanto, não se verifica entre devedores 
cambiais. Em primeiro lugar, nem todos têm direito de regresso: o aceitante da letra de 
câmbio ou o subscritor da nota promissória, por exemplo, após pagarem o título não 
poderão cobrá-lo de ninguém mais. Em segundo, nem todos os codevedores respondem 
regressivamente perante os demais: os devedores anteriores respondem perante os 
posteriores, mas esses [posteriores] não podem ser acionados por aqueles [anteriores]. 
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Em terceiro lugar, em regra o regresso cambiário se exerce pela totalidade e não pela 
quota-parte do valor da obrigação: apenas excepcionalmente, como na hipótese de avais 
simultâneos, é que se verifica, entre os coavalistas, a partição proporcional da obrigação. 
São tão significativas as diferenças, no momento do regresso, entre os devedores 
cambiais e os solidários, que considero mais correto afastar-se o paralelo. A natureza da 
obrigação cambiária lembra a solidariedade passiva apenas no aspecto externo (a 
possibilidade de cobrança judicial da dívida por inteiro, de qualquer um dos devedores), 
e, por isso, revela-se mais adequado estudar o tema por uma perspectiva própria; quer 
dizer, abstraindo-se totalmente o regime da solidariedade civil. O art. 285 do CC não se 
aplica às obrigações cambiais, posto que ela interessa a todos os devedores. (...).” (Fábio 
Ulhoa Coelho) 
 
 
Vamos à tabela: 
Solidariedade cambiária Solidariedade civil 
Decorre sempre da lei Pode decorrer da lei ou de convenção 
A obrigação dos devedores solidários decorre de causas 
distintas 
A obrigação de todos os devedores solidários decorre de uma 
causa comum 
Pluralidade de prestações Unidade de prestação 
Nem todo devedor que paga o título de crédito tem direito 
de regresso. 
Qualquer codevedor que paga a dívida terá direito de 
regresso contra os outros codevedores 
O direito de regresso só pode ser exercido em face dos 
devedores anteriores 
O direito de regresso pode ser exercido contra qualquer um 
dos codevedores 
O direito de regresso é sobre a dívida toda, e não por cota-
parte (art. 49 da LUG) 
O direito de regresso limita-se ao valor da quota parte dos 
demais devedores (art. 283 do C) 
A prescrição é individual, corre ou interrompe-se para cada 
codevedor. 
A interrupção da prescrição em face de um devedor afeta os 
demais devedores (art. 202, § 1º, do CC) 
A solidariedade cambiária atinge os avais simultâneos? 
R: Não, como destaca FRAN MARTINS: 
“Do mesmo modo que acontece com a letra de câmbio, o aval no cheque pode ser dado 
por uma ou por várias pessoas. Neste último caso, teremos pluralidade de avalistas e em 
princípio há solidariedade entre eles, donde o portador poder requerer de um só o 
cumprimento da obrigação total, tendo o pagante o direito de exigir dos demais avalistas 
a parte que lhes cabe na divisão da dívida. Tais avais são denominados simultâneos, com 
os efeitos acima mencionados (solidariedade passiva dos avalistas e consequente direito 
do que paga de exigir dos demais a parte que lhes couber no pagamento da dívida).” 
(Fran Martins) 
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Dessa forma, os avais simultâneos estabelecem entre os coavalistas uma relação fundada na 
solidariedade de direito comum, e não cambiária. Assim, se um deles pagar a dívida, terá o direito de 
exigir do outro apenas a quota parte que caberia a este. 
1.6. PRINCÍPIOS 
A doutrina não é unânime a respeito do termo “princípios”, há quem prefira outras como: 
características, atributos ou até requisitos essenciais. 
No entanto, o STJ temusado o termo princípio para se referir aos enunciados aqui estudados: 
“(...) 3. O aceite é ato formal e deve se aperfeiçoar na própria cártula (assinatura do 
sacado no próprio título), incidindo o princípio da literalidade (art. 25 da LUG). (...).” (STJ, 
REsp 1334464/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 15/03/2016, DJe 28/03/2016) 
 
“(...) 1. Nas relações cambiárias (norteadas, dentre outros, pelo princípio da 
cartularidade), (...).” (STJ, REsp 1086969/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA 
TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 30/06/2015) 
De qualquer modo, apesar de alguns princípios extras, a doutrina converge em relação a pelo menos 
3 (três): (a) princípio da cartularidade (ou incorporação); (b) princípio da autonomia; (c) princípio da 
literalidade. 
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1.6.1. Cartularidade 
De acordo com MARLON TOMAZETTE, reproduzindo CESARE VIVANTE: 
“No conceito de Vivante, diz-se que ‘título de crédito é o documento necessário para o 
exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado’. Diz-se que o documento é 
necessário, ‘porque, enquanto existe o documento, o credor deve exibi-lo para exercitar 
todo direito, seja principal, seja acessório, que o título porta consigo e não se pode fazer 
qualquer mudança na posse do título, sem anotá-la nele’.” (Marlon Tomazette) 
O título de crédito, como já bem vimos, é um documento necessário ao exercício do direito nele 
mencionado, logo, é preciso apresentá-lo à pessoa indicada para efetuar o pagamento. 
Art. 887. CC O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal 
e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei.” 
Assim, o princípio da cartularidade é o que exige a exibição original do título de crédito para exercer 
o direito dele resultante. Na cobrança judicial, por exemplo, o original do título deve ser juntado 
com a petição inicial. Igualmente para fundamentar requerimento de falência com base na 
impontualidade. 
Princípios dos Títulos de 
Crédito
Princípio da 
Cartularidade ou da 
Incorporação
Princípio da Autonomia
Abstração
Inoponibilidade de 
Exceções Pessoais a 
Terceiros de Boa-fé
Princípio da Literalidade
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A posse do título é o pressuposto para alguém exercer o direito nele mencionado. Não basta, 
porém, a apresentação da fotocópia, ainda que autenticada. É preciso a exibição do título de crédito 
original, pois só assim se tem a garantia de que não houve sua circulação. 
Vale ainda ressaltar, que o título de crédito é documento, isto é, um papel escrito, dotado de 
conteúdo e identificação do signatário (aquele que assim) com valor probatório em uma ação judicial. 
 
O escrito, para ser título de crédito, deve ser lançado em papel, não se admitindo gravações, 
filmagens, nem “pen drive” ou similar. Não existe, também, título de crédito oral. 
Quais são as aplicações do princípio da cartularidade (da incorporação)? 
R: O princípio da cartularidade possui diversas aplicações: (a) necessidade de apresentação do título 
para exercício dos direitos nele referidos; (b) a apresentação do título pelo devedor representa, a 
princípio, sua quitação; (c) o direito cartular só se transmite com a entrega do título de crédito; (d) 
exige-se a apresentação do título de crédito original (não cópia autenticada) para instruir demandas 
judiciais. 
O princípio da cartularidade comporta exceções? 
R: Sim, como aponta MARLON TOMAZETTE: 
“Todavia, tal aplicação da cartularidade ou incorporação vem sendo mitigada, admitindo-
se, em determinadas hipóteses, a não apresentação do título original. Por questões de 
segurança (valor elevado ou risco de perda), ou mesmo por questões de impossibilidade 
fática de juntada do original (quando este está em outro processo), admite-se a 
apresentação apenas de cópia autenticada do título, com a assunção da obrigação de 
mostrar o original quando pedido, ou com a certidão de que o original está em outro 
processo. Também vem se admitindo o prosseguimento do processo se o original se 
perdeu no curso do processo e não houve impugnação sobre a legitimidade do 
documento. 
Além do exposto, tal princípio encontra algumas variações em relação às duplicatas 
mercantis ou de prestação de serviços, nas quais alguns direitos podem ser exercidos sem 
a exibição do título, como o protesto por indicações e a execução baseada no protesto 
por indicações acompanhada do comprovante de entrega das mercadorias.” (Marlon 
Tomazette) 
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Esquematizando as exceções: 
 
Sobre as exceções ao princípio da cartularidade, neste momento cumpre mencionar a do §3o do 
Artigo 889 do Código Civil, a seguir: 
Artigo 889. [...] “§3.o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.” 
Quanto aos títulos eletrônicos, MARLON TOMAZETTE sugere a utilização do termo “incorporação”, 
já que não há papel nesse caso: 
“Além disso, é certo que o surgimento dos títulos eletrônicos torna um tanto inadequada 
a expressão cartularidade, uma vez que inexistirá o papel, sendo melhor falar em 
incorporação para os títulos eletrônicos. Apesar disso, para os títulos representados em 
papel, a expressão cartularidade ainda é mais correta, na medida em que não se vale de 
qualquer metáfora ou imagem plástica.” (Marlon Tomazette) 
1.6.2. Literalidade 
Segundo o princípio da literalidade, quanto ao conteúdo, à extensão e às modalidades do direito 
cambiário, é decisivo exclusivamente o teor do título. Nossa opinião faz eco com a do grande 
TARCÍSIO TEIXEIRA: 
Exceções gerais
Questões de 
segurança (valor 
elevador ou risco de 
perda)
Impossibilidade fática
Perda no curso do 
processo
Exceção na duplicata
Protesto por 
indicação 
acompanhado do 
comprovante de 
entrega
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“(...) literal quer dizer que vale apenas o que está escrito, ou seja, o que efetivamente 
está estampado no título. Assim, somente produzem efeitos jurídicos-cambiários os atos 
lançados no próprio título de crédito, pois apenas o conteúdo do título é que possui 
valor.” (Tarcísio Teixeira) 
Assim, é possível dizer que o direito que, por meio do título de crédito, se pretende exercer, deve 
estar literalmente nele mencionado. Aliás, qualquer relação jurídica relacionada com o título de 
crédito só é levada em consideração quando nele constar expressamente. 
Artigo 887. CC O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal 
e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei.” 
 
O aval, por exemplo, quando lançado fora do título de crédito, ainda que por escritura 
pública, não tem a natureza jurídica de aval, embora possa valer como fiança. 
A quitação lançada em documento separado, isto é, fora do título, não produz efeitos. 
Igualmente, o endosso em separado não surte efeito algum. 
Pelo princípio da literalidade, só é levado em consideração o que está escrito no título de crédito, 
e, por consequência, as obrigações inseridas em separado a ele não se integram. 
 
Exceção a esse princípio verifica-se quando estamos diante da duplicata, uma vez que o §1º do artigo 
9º da Lei nº 5.474/1968 admite a quitação, pelo legítimo possuidor do título, em documento 
separado. 
 
O princípio da literalidade aplica-se na íntegra às duplicatas? 
R: Não, como nos lembra MARLON TOMAZETTE: 
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Do que se trata a literalidade indireta? 
R: De acordo com MARLON TOMAZETTE, algumas obrigações podem ser exigidas do devedor, 
embora não constantes do título de crédito, sejapor decorrerem de expressa previsão legal (ex.: 
juros e correção monetária), seja por terem embasado a própria emissão/saque do título de crédito 
(ex.: nota promissória vinculada a um contrato bancário). Essa possibilidade de cobrança é a 
literalidade indireta. 
O que é o princípio da independência? 
R: Ainda de acordo com o jurista MARLON TOMAZETTE: 
“(...) o título vale por si só, não precisando ser completadao por outros documentos.” 
(Marlon Tomazette) 
No entanto, o mesmo autor pontua que esse princípio não é aceito por toda a doutrina: 
“Não se trata de princípio admitido por toda a doutrina, por estar ausente de uma série 
de títulos. Alguns títulos fazem referência a contratos ou a outros documentos. Portanto, 
a própria lei afasta a independência de alguns títulos, como nas cédulas de crédito rural 
que devem ser acompanhadas do orçamento (Decreto-lei n. 167/67 – art. 3º), ou nas 
cédulas de crédito bancário que devem ser acompanhadas pelos extratos bancários (Lei 
n. 10.931/04 – art. 28, § 2º, II). Portanto, a independência pode deixar de ser aplicada 
pela vontade das partes (remissão a contrato) ou pela lei (vinculação legal a algum 
documento).” (Marlon Tomazette) 
 
 
“Mais uma vez, tal princípio não se aplica integralmente à duplicata. Nesta, são admitidas 
a quitação em separado (Lei n. 5.474/68 – art. 9º), a compensação de valores não 
previstos no título (Lei n. 5.474/68 – art. 10) e a assunção de obrigação fora do título, 
como o chamado aceite presumido.” (Marlon Tomazette) 
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(QUESTÕES DE PROVA DISCURSIVA - MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPR – 2014). 
Segundo Tarcisio Teixeira (Direito Empresarial Sistematizado: doutrina e prática. 2. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2013, pp 146/149) são três os princípios do Direito Cambiário, sendo 
o da autonomia um deles. Levando em conta a linha doutrinária do referido autor, 
responda: 
(a) Quais são os dois outros princípios do Direito Cambiário e, em poucas palavras, 
explique o que significa cada um deles (0,25 ponto). 
R: Embora o enunciado se refira a um autor específico, não há muita divergência na 
doutrina em geral quanto aos pontos questionados. 
“Pelo princípio da cartularidade, o exercício dos direitos representados por um título de 
crédito pressupõe a sua posse, pois somente quem exibe a cártula (o papel, que 
representa o título) pode exigir a satisfação do direito que está documentado no título. 
Assim, em geral, quem não tem a posse do título não pode ser presumido credor. (...) 
literal quer dizer que vale apenas o que está escrito, ou seja, o que efetivamente está 
estampado no título. Assim, somente produzem efeitos jurídicos-cambiários os atos 
lançados no próprio título de crédito, pois apenas o conteúdo do título é que possui 
valor.” (Tarcisio Teixeira) 
 
(b) Sobre o princípio da autonomia (o qual significa que as obrigações representadas 
num título são autônomas umas em relação às outras), diga quais são os seus dois 
subprincípios, explicando, da mesma forma (sucintamente) o que significam (0,25 
ponto). 
R: Embora o enunciado se refira a um autor específico, não há muita divergência na 
doutrina em geral quanto aos pontos questionados. 
“Vale destacar que o princípio da autonomia é constituído por dois subprincípios: 
abstração e inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. (...) A 
abstração ocorre quando o título de crédito circula (é transmitido de uma pessoa à outra), 
pois nesse caso ele se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem (dito negócio 
subjacente). Por isso, como regra, deverá ser pago mesmo que haja problemas entre as 
partes originárias do negócio. (...) Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de 
boa-fé: exceção significa defesa. Nesse contexto, o executado, em virtude de um título 
de crédito, não pode alegar em sua defesa (embargos) matéria estranha à sua relação 
direta com o exequente (credor), salvo prova de má-fé.” (Tarcisio Teixeira) 
 
(QUESTÕES PROVA DISCURSSIVAS - MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL - MPE-SP – 2011). 
Identifique e explique os princípios informadores dos títulos de crédito, (...). 
R: São 3 (três) os princípios informadores dos títulos de crédito: princípio da 
cartularidade, princípio da autonomia e princípio da literalidade. 
 
 
 
 
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“Quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito 
nele mencionado, há uma referência clara ao princípio da cartularidade, segundo o qual 
se entende que o exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua 
posse legítima. (...) Quando se diz que o título de crédito é o documento necessário ao 
exercício do direito literal nele representado, faz-se referência expressa ao princípio da 
literalidade, segundo o qual o título de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, 
nem menos. Em outros termos, nas relações cambiais somente os atos que são 
devidamente lançados no próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo 
portador. (...) O terceiro e mais importante princípio relacionado aos títulos de crédito, 
considerado a pedra fundamental de todo o regime jurídico cambial, é o princípio da 
autonomia. Por esse princípio, entende-se que o título de crédito configura documento 
constitutivo de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da 
relação que lhe deu origem. (...) Decorrentes do princípio da autonomia, há dois outros 
importantes princípios – ou subprincípios, como preferem alguns autores, uma vez que 
não trazem nenhuma ideia nova em relação à autonomia, mas apenas uma outra forma 
de se encarar este princípio. Trata-se dos subprincípios da abstração e da inoponibilidade 
das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. Segundo o subprincípio da abstração, 
entende-se que quando o título circula, ele se desvincula da relação que lhe deu origem. 
(...) O princípio da inoponibilidade das exceções pessoais (a expressão exceção é aqui 
utilizada em seu sentido técnico-processual, significando defesa) ao terceiro de boa-fé, 
por sua vez, nada mais é do que a manifestação processual do princípio da autonomia.” 
(André Luiz Santa Cruz Ramos) 
 
(QUESTÕES PROVA ORAL - MAGISTRATURA FEDERAL - TRF4 – 2014). O que seria o 
princípio da cartularidade? 
R: Segundo o princípio da cartularidade, a posse do título de crédito é condição para o 
exercício do direito nele incorporado. 
1.6.3. Autonomia 
Sobre isso, discorre FÁBIO ULHOA COELHO: 
“Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a 
validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às 
demais relações abrangidas no mesmo documento.” (Fábio Ulhoa Coelho) 
O princípio da autonomia, de fato, exige mais atenção, já que é o mais importante princípio para a 
profunda compreensão dos títulos de Crédito. O título tem autonomia, em no mínimo, 3 (três) 
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ângulos diferentes de visão, por isso, tal princípio é explicado por intermédio de sub-princípios, a 
seguir. 
Artigo 887. CC O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal 
e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei.” 
 
O princípio da autonomia das obrigações cambiais se desdobra em 2 (dois) outros subprincípios: (a) 
o da abstração e (b) o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. 
“Qualifico-os de subprincípios porque, na verdade, nada acrescentam ao que já se 
encontra determinado pelo princípio da autonomia. A abstração e a inoponibilidade 
correspondem a modos diferentes de se reproduzir o preceito da independência entre as 
obrigações documentadas no mesmo título de crédito.” (Fábio Ulhoa Coelho) 
Reitero que o princípio da autonomia (e seus subprincípios) somente incide se o título de crédito 
tiver circulado: 
“(...) Não obstante sejam a autonomia e a abstração características dos

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