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Ciência: Definição, Método e História

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Ciência
Sentido etimológico do termo
Ciência (do latim scientia, traduzido por "conhecimento", que vem de scire, “conhecer, saber”, que provavelmente no seu início significava “distinguir, separar coisas”, de uma raiz Indoeuropeia skei- “cortar, separar”.) refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. 
Referências: 
http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/ciencia/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
Senso Comum x Ciência
Senso comum:
Conhecimento que nos ajuda a situarmos no cotidiano, para compreedê-lo e agir sobre ele;
Uma crença, pois quase sempre o recebemos pela tradição, de modo espontâneo, não crítico;
É particular, restrito a uma pequena amostra da realidade, a partir da qual são feitas generalizações muitas vezes apressadas e imprecisas;
Fragmentado, não estabelece conexões;
Subjetivo, depende do ponto de vista individual e pessoal.
Ciência:
Conclusões gerais, no sentido de que não valem apenas para os casos observados, e sim para todos os que a eles se assemelham;
Unificadora, permite associar fenômenos aparentemente tão díspares mas que se assemelham em determinados casos;
Objetiva, aspira o conhecimento imparcial.
O método científico
Conquista recente da humanidade. No pensamento grego, ciência e filosofia achavam-se ainda vinculadas e só vieram a se separar a partir da Idade Moderna, no século XVII, com a revolução científica instaurada por Galileu;
A ciência moderna nasce ao determinar seu objeto específico de investigação e ao criar um método confiável pelo qual estabelece o controle desse conhecimento;
A partir da modernidade, as ciências se multiplicaram, buscando cada uma delas seu próprio método; cada ciência, então, torna-se uma ciência particular, pois delimita um campo de pesquisa e procedimentos específicos.
Comunidade científica
Comunidade intelectual encarregada do constante exame crítico dos resultados obtidos;
Conjunto dos indivíduos que se reconhecem e são reconhecidos como possuidores de conhecimento específicos na área da investigação científica;
Até pouco tempo atrás as grandes realizações eram fruto de gênios individuais, enquanto hoje em dia o trabalho da ciência é feito em equipe.
Percurso histórico
Ciência antiga e medieval
Filosofia e Ciência
Por volta dos séculos VII e VI a.C nasce a filosofia na Grécia;
A filosofia pré-socrática representou um esforço de racionalização para desvincular-se do pensamento mítico;
Caracteriza-se também pelas questões cosmológicas, como a origem e natureza do mundo físico, procurando o princípio de todas as coisas (a arché);
Nesse período, filosofia e ciência ainda estavam vinculadas.
Geometria e Medicina
Os gregos pré-socráticos transformaram o conhecimento empírico por meio de demonstrações racionais, desenvolvendo a geometria de forma abstrata;
Tales de Mileto (sécs. VII e VI a.C), matemático e astrônomo, mais antigo filósofo. Criou o Teorema de Tales;
Pitágoras de Samos (séc. VI a.C). Para ele, a arché de todas as coisas são os números;
Hipócrates de Cós (séc. V a.C), “pai da medicina”. Desvinculou-se tanto quanto possível das superstições a magias. Ele observou os efeitos do clima e do meio ambiente na saúde e desenvolveu a doutrina dos humores, que foi aceita até o século XVII.
Platão (427-347 a.C)
Descreve suas teorias cosmológicas, física e fisiológicas sobretudo no diálogo Timeu, que provavelmente não se destinava ao público leigo;
Atribui a um Demiurgo (“artesão do mundo”), princípio divino que organiza a matéria preexistente, a função de pôr ordem no caos inicial;
Para transformar o caos em cosmo, o Demiurgo contempla os modelos do mundo das ideias para criar a Alma do Mundo. Isso significa que, para Platão, o mundo sensível é cópia do mundo inteligível.
Aristóteles (384-322 a.C)
Discípulo de Platão;
Recusou o mundo separado das ideias platônicas, voltando-se para a realidade concreta;
Para ele, a matemática só nos diz sobre a quantidade, mas não explica a natureza das coisas;
Recorre à observação, habilidade que desenvolveu nos estudos de física, astronomia e biologia e a um instrumento que ele próprio aperfeiçoou para garantir o rigor de sua argumentação: a lógica;
A teoria geocêntrica prevaleceu na Antiguidade e Idade Média, e Aristóteles confirmou a teoria;
E para ele, há uma hierarquização do cosmo: o Céu tem uma natureza superior à da Terra. O Universo estaria dividido em:
Mundo supralunar;
Mundo sublunar.
Alexandria e a escola helenística
Em 388 a.C, a Grécia foi conquistada pelos macedônios, dando início ao período conhecido como helenismo;
Ao expandir as fronteiras do império, Alexandre Magno levou a cultura grega paras diversos pontos, e também abriu caminho para influências orientais no Ocidente. Após sua morte, foi fundado, na foz do rio Nilo, um avançado centro de estudos, que atraiu intelectuais de vários locais do mundo antigo;
Euclides (320 a 260 a.C), fundou e dirigiu a escola de matemática. Criou os conceitos primitivos e os postulados da geometria: ponto, reta e plano;
Arquimedes (287-212 a.C), desenvolveu estudos de mecânica, descobriu o princípio da hidrostática (lei do empuxo), formulou a lei de equilíbrio das alavancas e fez estudos sobre o centro de gravidade dos corpos;
Ptolomeu, sua obra Almagesto representa o mais importante referencial da astronomia geocêntrica da Antiguidade, que exerceu influência durante toda a Idade Média, até ser contestada por Copérnico e Galileu.
Ciência na Idade Média
Idade Média: estende-se do século V ao século XV, mil anos. Foi considerada a idade das “trevas”;
Com a queda do Império Romano do Ocidente (séc. V), a religião cristã impôs-se como elemento agregador dos reinos árabes. Pouco a pouco seus chefes foram se convertendo ao cristianismo, e a Igreja tornou-se soberana absoluta da vida espiritual do mundo ocidental;
A cultura greco-romana quase despareceu nos períodos mais turbulentos da implantação do modo feudal de produção.
Contribuição Árabe
Expansão árabe, início do século VII;
Averróis (séc. XII), nascido em Córdoba. Médico, filósofo e astrônomo, respeitado comentarista de Aristóteles, promoveu a retomada do pensamento aristotélico no Ocidente cristão;
Algarismos arábicos.
A ciência do Ocidente cristão
Conciliação entre fé e razão: “crer para compreender e compreender para crer.” A filosofia é “serva da teologia”;
A ciência medieval recusou a experimentação e permaneceu qualitativa, como na Antiguidade;
Os algarismos romanos dificultavam os cálculos;
Houve uma relutância ou impossibilidade em incorporar as experimentação e a matematização das ciências da natureza.
Alquimia
Alquimia: prelúdio da ciência química;
Responsável pela descoberta de novas substâncias químicas;
Busca pela pedra filosofal e o elixir da longa vida;
Essas práticas eram consideradas heréticas para a Igreja e a Inquisição perseguia os infratores com rigor;
A alquimia teve grande importância no desenvolvimento de técnicas de laboratório.
A decadência da escolástica
Autoritarismo;
Posturas dogmáticas, contrárias à reflexão, obstruíam as pesquisas e a livre investigação;
Princípio da autoridade, aceitação cega das informações bíblicas;
Condenação de Giordano Bruno.
A revolução científica do século XVII
Troca da teoria geocêntrica pela heliocêntrica (Galileu Galilei);
Geometrização do Universo, igualando todos os espaços;
Universo infinito.
Pensamento moderno
Abalo do Catolicismo, surgimento do protestantismo;
Destruição da unidade religiosa na Europa Ocedental;
Antropocentrismo;
Racionalismo;
Saber ativo: experimentação;
Método: busca pelo método científico por Galileu;
Rompimento da ciência com a filosofia aristotélico-escolástico.
Galileu Galilei (1564-1642)
Relaciona a hipótese copernicana às leis da mecânica;
Liga a ciênciada astronomia à física;
Possuía sua própria oficina, em que valorizava a observação, abandonando a ciência especulativa;
Valorização da experiência, buscava o “como” as coisas acontecem;
Descobre a relação entre o tempo que um corpo leva para percorrer o plano inclinado e o espaço percorrido;
Princípio da Inércia;
Geocentrismo de Aristóteles (e posteriormente complementada por Ptolomeu) x Heliocentrismo de Copérnico (complementada por Galileu e Kepler);
Observações com a luneta: estrelas fixas, Lua rugosa, manchas no Sol, 4 luas de Júpiter.
Isaac Newton (1642-1727)
Lenda da queda da maçã: força de atração de todos os corpos do Universo;
Teoria da gravitação universal “a força de atração é proporcional às massas e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias”;
Obra: Princípios matemáticos de filosofia natural- Princípia- a qual fornece estudos da mecânica até a demonstração de todo o Sistema Solar;
Características da Ciência Moderna
Separação entre fé e razão;
Descentralização do Cosmo;
Comparação entre a natureza e o ser humano;
Desenvolvimento da tecnologia.
As três concepções principais de ciência na história:
Concepção racionalista: se estende dos gregos até o final do século XVII.
 • A ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, sendo capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados, sem deixar nenhuma dúvida;
 • O objeto científico é uma representação intelectual universal, verdadeira das coisas representadas e corresponde à própria realidade;
 • As experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar as demonstrações teóricas, e não para produzir o conhecimento do objeto. 
Concepção empirista: da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX.
• A teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de modo que a experiência não tem simplesmente a função de verificar e confirmar conceitos, mas a de produzi-los.
Concepção construtiva: iniciada em nosso século.
• Considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade;
• O cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si mesma, mas ofereça estruturas e modelos de funcionamento da realidade;
• As três exigências do ideal de cientificidade: 
Coerência entre os princípios que orientam a teoria;
Os modelos dos objetos devem ser construídos com base na observação e na experimentação;
Que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos, mas também alterar os próprios princípios da teoria, corrigindo-a. 
Referências:
 Livro Convite à Filosofia- Marilena Chauí
 Livro Filosofando- Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins

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