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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA1 (1)

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UNIVERSIDADE TIRADENTES
GRADUAÇÃO EM DIREITO
CAMPUS DE ESTÂNCIA
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I
DOCENTE: GUILHERME DA COSTA NASCIMENTO
ALLINE REIS BRITO
ANA FRANCIELLE BATISTA DE JESUS
FRANCIELLE BARBOSA AMOR
JOÃO MANOEL SANTOS OLIVEIRA
MARCELO DAVID NUNES VIEIRA DE JESUS
THAIS CAXICO ALMEIDA
THAISA SANTOS DIAS
WIARA SANTOS SOUZA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
ESTÂNCIA – SE
2016
ALLINE REIS BRITO
ANA FRANCIELLE BATISTA DE JESUS
FRANCIELLE BARBOSA AMOR
JOÃO MANOEL SANTOS OLIVEIRA
MARCELO DAVID NUNES VIEIRA DE JESUS
THAIS CAXICO ALMEIDA
THAISA SANTOS DIAS
WIARA SANTOS SOUZA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Pesquisa bibliográfica apresentada ao Curso de Direito, como um dos pré-requisitos parciais para a composição da nota da segunda avaliação da disciplina Direito Administrativo I, ministrada pela Prof.º Guilherme da Costa Nascimento.
ESTÂNCIA – SE
2016
INTRODUÇÃO
	A punição daqueles que cometem atos de improbidade administrativa é uma decorrência lógica do Estado Democrático de Direito consolidado pela Constituição Federal de 1988. Como afirmam Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 20), a palavra probidade significa aquilo que é bom e se vincula diretamente aos termos honradez, honestidade e integridade. Já a palavra improbidade refere-se à imoralidade e desonestidade. Para Cármem Lúcia Antunes Rocha (apud Daniel Amorim e Rafael Carvalho, 2014, p. 20), “a probidade administrativa conta com um fundamento não apenas moral genérico, mas com a base de moral jurídica, vale dizer, planta-se ela nos princípios gerais do direito.”
	Além disso, o combate à improbidade administrativa baseia-se na ideia de que aquele que exerce uma atividade em nome do Estado deve exercê-la com boa-fé. No que tange a essa ideia, diz Daniel Amorim e Rafael Carvalho:
Há relativo consenso, na atualidade, quanto à necessidade de combate à corrupção como forma de efetivação do republicanismo e do Estado Democrático de Direito. A expressão ‘corrupção’ pode ser definida [...] como o fenômeno pelo qual um funcionário público é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troca de recompensa. Trata-se, em suma, de uma forma particular de exercer influência ilícita, ilegal e ilegítima. (NEVES, OLIVEIRA, 2014, p. 19)
	A ação de improbidade administrativa é considerada por parte da doutrina como uma quarta esfera de apuração de condutas, pois, concomitantemente, contra um mesmo agente público podem tramitar ações na esfera penal, civil, administrativa e na esfera de apuração de atos de improbidade administrativa. 
FINALIDADE DA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
	De acordo com José dos Santos Carvalho Filho (2016, p. 1322), “a ação de improbidade administrativa foi instituída com a finalidade de preservar a moralidade administrativa, por meio da submissão das práticas administrativas ao controle do Poder Judiciário”. Ao contrário da ação popular, por exemplo, que visa anular um ato que fere o dever de moralidade, a ação de improbidade tem por objetivo responsabilizar aquele que cometeu um ato ilegal.
	No entanto, é importante destacar que “improbidade” não quer dizer necessariamente “imoralidade”, considerando que o termo improbidade possui um conceito bastante amplo e abarca as condutas que violam todos os princípios da Administração Pública e que vão de encontro aquilo que se exige de um bom agente público.
BASE NORMATIVA
	A Constituição de 1946 foi a primeira norma que abordou a improbidade administrativa. Atualmente, a principal fonte normativa que trata sobre a matéria é a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 4º. A regulamentação desse artigo ficou a cargo da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa). Carvalho filho (2016, p. 1322/1323), de forma didática, expôs a estrutura dessa lei. Segundo o referido autor, a LIA se compõe de cinco pontos principais: o sujeito passivo; o sujeito ativo; a tipologia da improbidade; as sanções; os procedimentos administrativo e judicial. 
	A Lei de Improbidade Administrativa é tratada pela doutrina como uma lei nacional e não federal, tendo em vista que não é aplicada apenas pela União, no âmbito federativo. Pelo contrário, a Lei de improbidade deve ser aplicada por todos os entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
	No entanto, vale ressaltar que, ainda que possua uma lei própria, a ação de Improbidade Administrativa possui natureza constitucional.
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Sujeito Ativo 
	O sujeito ativo do ato de improbidade administrativa é aquele responsável por sua prática, obtendo vantagens indevidas ou lesionando a Administração Pública. Carvalho filho (2016, p. 1327) diz que o sujeito ativo é o autor ímprobo da conduta, sendo que, em alguns casos ele não pratica o ato em si, mas oferece sua colaboração, ciente da desonestidade do comportamento.
	O artigo 2º da Lei de Improbidade Administrativa denomina agente público como: “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
	Ao interpretar tal dispositivo, Carvalho Filho (2016, p. 1327) diz que o fundamental é que o agente público, como sujeito ativo do ato improbo, integre qualquer das pessoas mencionadas no art. 1º e parágrafo único da 	Lei de Improbidade. Assim, a noção de agente público abrange os agentes políticos, os agentes colaboradores e os servidores públicos em geral. Além disso, para a caracterização de sujeito ativo da improbidade, o agente público pode estar vinculado ao Poder Público até mesmo sem remuneração, como estagiários, conciliadores, integrantes de comissões administrativas, entre outros. O que importa é que o ato seja pratica em decorrência do exercício da função pública. A respeito disso, acrescentam Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 47) que “os agentes públicos são responsáveis pela manifestação de vontade do Estado e a função pública, no caso, pode ser exercida de forma remunerada ou gratuita; definitiva ou temporária; com ou sem vínculo formal com o Estado”.
	Quanto aos empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como das entidades beneficiadas por auxílio ou subvenção estatal, ainda que não se qualifiquem tecnicamente como agentes públicos, mas sim como empregados privados, para os fins da Lei de Improbidade Administrativa, eles serão considerados como tais, podendo, então, ser-lhe atribuída a autoria de condutas de improbidade. No entanto, não se sujeitam à Lei de Improbidade os empregados e dirigentes de concessionárias e permissionárias de serviços públicos, tendo em vista que prestam um serviço por delegação do Estado, resultante de contrato administrativo. Por conta disso, não recebem benefícios, auxílios ou subvenções da Administração Pública. 
	Quanto aos médicos que prestam serviços em hospitais credenciados pelo Sistema único de Saúde, afirma Carvalho Filho (2016, p. 1328) que se o atendimento é financiado pelo Sistema Único de Saúde e o médico realiza cobrança de honorários comete ato de improbidade administrativa, pois nessa situação específica ele atua como agente público. 
Em suma, de acordo com a lei em comento, não importa a forma de investidura do agente público, se é por eleição, nomeação, designação, contratação; o tipo de vínculo, podendo trata-se de mandato cargo, emprego ou função; a permanência, se é um vínculo transitório ou não e ainda se há retribuição pecuniária, ou seja, função com ou sem remuneração.
	No que se refere aos agentes políticos, o STJ (AgRg no REsp 1197469/RJ, DJE 11/12/2015) fixou o entendimento de que esses agentes estão sujeitos à ação deimprobidade administrativa, ainda que também estejam incluídos entre os que podem praticar crimes de responsabilidade, excluindo-se somente o Presidente da República. O fundamento dessa posição do STJ reside na ideia de que a Constituição não criou imunidade para tais agentes à luz do art. 37, § 4º, e, por conseguinte, não pode fazê-lo qualquer ato infraconstitucional, inclusive a lei. (Carvalho Filho, 2016, p. 1331)
	Quanto aos terceiros/particulares, o artigo 3ª da Lei de Improbidade Administrativa define terceiro como: “aquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. Dessa forma o terceiro somente pratica o ato de improbidade se estiver vinculado a um agente público. Além disso, como bem salienta Carvalho Filho (2016, p. 1332), “o terceiro, quando beneficiário direto ou indireto do ato de improbidade, só pode ser responsabilizado por ação dolosa, ou seja, quando tiver ciência da origem ilícita da vantagem”.
	Embora haja uma divergência doutrinária quanto à possibilidade de pessoa jurídica atuar como sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, O STJ (REsp 886655 DF 2006/0152990-8, DJE 08/10/2010) firmou o entendimento de que é possível que a pessoa jurídica pratique ato de improbidade, na condição de terceiro, sendo-lhe aplicáveis as sanções compatíveis com sua situação, qual seja, pagamento de multa civil e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Scatolino, Trindade, 2016, p. 788). Vale ressaltar que, no caso da pessoa jurídica, a conduta dolosa, seria do dirigente ou responsável pela empresa, e a pessoa jurídica figuraria como a beneficiária dos ilícitos cometidos na conduta improba. 
Sujeito Passivo
	O sujeito passivo consiste na pessoa jurídica lesionada pelo ato de improbidade administrativa. O sujeito passivo encontra-se discriminado no artigo 1º da LIA. Carvalho Filho (2016, 1326), faz uma divisão desses sujeitos de forma prática, segundo o autor, os sujeitos passivos principais são: a) pessoas da administração direta - são as entidades componentes da federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios; b) pessoas da administração indireta: autarquias, fundações governamentais, empresas públicas e sociedades de economia mista; c) pessoa para cuja criação ou custeio o erário haja contribuído (criação) ou contribua (custeio) com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual.
	O parágrafo único do art. 1º aponta os sujeitos passivos secundários: a) entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público; b) entidades para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual. Ressalta Carvalho Filho (2016, p. 1327) que o núcleo diferencial desse grupo secundário reside em que a tutela incide apenas sobre seu patrimônio e a sanção patrimonial se limita exclusivamente à repercussão do ilícito sobre a parcela oriunda do erário, ou seja, sobre os benefícios recebidos.
	Segundo o referido autor, as pessoas jurídicas que atuam na área de cooperação governamental (serviços sociais autônomos), por serem destinatárias de contribuições parafiscais instituídas por lei e ainda que seja uma forma de contribuição indireta, podem figurar como sujeitos passivos de conduta de improbidade, podendo ser incluídas no caput do artigo 1º da LIA, tendo em vista que praticamente todo o seu custeio é coberto pelo montante arrecadado com contribuições parafiscais. No entanto, as entidades do terceiro setor (organizações sociais e organizações da sociedade civil de interesse público) não necessariamente serão sujeitos passivos de atos de improbidade, sendo que tal condição depende da natureza e extensão dos benefícios concedidos pela Administração Pública para que assim possam ser enquadradas no artigo 1º, caput, da Lei 8.429/92.		
Afirmam Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 47) que, não obstante possuam caráter privado, os sindicatos podem ser considerados sujeitos passivos da improbidade administrativa, pois são destinatários de contribuições sindicais. O mesmo se dá com relação aos partidos políticos, que podem ser inseridos no art. 1.º da Lei 8.429/1992, diante da possibilidade de figurarem como vítimas de improbidade administrativa, por conta do recebimento de vantagens por parte do Estado.
ESPÉCIES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
	As espécies de improbidade administrativa estão dispostas nos artigos 9 a 11 da LIA. De acordo com a posição doutrinária a enumeração trazida pelos incisos referidos artigos é apenas exemplificativa, podem existir outras práticas de improbidade distribuídas por outras normas, tanto porque a letra da lei traz sempre a expressão “notadamente”. São espécies de improbidade administrativa:
Atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito (art. 9º)
“Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei [...].”
	A lei de improbidade visa responsabilizar aqueles que enriquecem e adquirem patrimônio significativo ofendendo os princípios da moralidade e da probidade e em decorrência do exercício da função pública. Como bem destaca Carvalho filho:
O pressuposto exigível do tipo é a percepção da vantagem patrimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública em geral. Pressuposto dispensável é o dano ao erário. Significa que a conduta de improbidade no caso pode perfazer-se sem que haja lesão aos cofres públicos. É o que ocorre, por exemplo, quando servidor recebe propina de terceiro para conferir-lhe alguma vantagem. (CARVALHO FILHO, 2016, p.1335)
	O sujeito ativo dessa espécie de improbidade, que atua sempre de forma dolosa, pode ser somente o agente público e/ou, em alguns casos, o agente público e terceiro. Como se vê, a título de exemplo, no inciso V, artigo 9º, da Lei 8.429/92: “receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem”.
 	Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 76) dizem que a conduta de enriquecimento ilícito exige o efetivo recebimento de vantagem patrimonial indevida. A mera promessa de recebimento de vantagem patrimonial e o recebimento de vantagem não patrimonial configuram atos de improbidade previstos no art. 11 da LIA, tendo em vista a violação aos princípios da legalidade e da moralidade, e, na hipótese de dano ao erário, no art. 10 da LIA.
Atos de Improbidade Administrativa que causam prejuízo ao Erário
	Quanto a essa espécie, Carvalho Filho (2016, p. 1334/1335) diz que numa interpretação sistemática da lei, o termo erário não foi usado em seu sentido estrito, ou sentido objetivo – o montante de recursos financeiros de uma pessoa pública (o tesouro). O sentido adotado foi o subjetivo, em ordem a indicar as pessoas jurídicas aludidas no art. 1º da LIA. 	Essa previsão normativa tem por finalidade a proteção do patrimônio público, inclusive do patrimônio intangível, referente a bens imateriais, como marcas, patentes, direitos autorais, bem como, criações tecnológicas.
	Para caracterização dessa espécie deve-se constatar especialmente o dano ao patrimônio público, sendo dispensável a ocorrência de enriquecimento ilícito. Ao contrário dos atos de improbidade que importam em enriquecimento ilícito, a conduta desta espécie pode ser dolosa ou culposa, conforme consta no caput do artigo 10 da referida lei: “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas noart. 1º desta lei. (grifo nosso).”
Atos de Improbidade Administrativa que atentam contra os princípios da Administração Pública
	No cumprimento da função pública, o agente público tem o dever de observar os princípios da Administração Pública e agir com honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, conforme estatui o caput do art. 11 da Lei em comento: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”. Afirma Carvalho filho (2016, p. 1337) que “a honestidade e a lealdade às instituições são associadas à moralidade e à probidade; a imparcialidade tem elo com a impessoalidade; e a legalidade já preexiste por si própria”. 
Quanto a essa espécie de conduta improba, Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 83) acrescentam que a improbidade administrativa estará consumada na hipótese de violação a todo e qualquer princípio, expresso ou implícito, aplicável à Administração Pública. Essa ideia baseia-se no reconhecimento do princípio da juridicidade, que impõe a obediência, por parte do administrador público, não apenas das regras formais (legalidade), mas, também, de todos os princípios reconhecidos pela comunidade jurídica, a exemplo: razoabilidade, proporcionalidade, finalidade pública, continuidade, autotutela, consensualidade/participação, segurança jurídica, confiança legítima, boa-fé, dentre outros.
	O sujeito ativo dessa espécie de ato pode ser tanto um agente público quanto um agente público em concurso com um terceiro, a exemplo do que está disposto no inciso VII, art. 10, da LIA: “revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço”. Vale destacar que a conduta do agente público nessa espécie de ato é necessariamente dolosa e abrange condutas omissivas e comissivas.
SANÇÕES DECORRENTES DA PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
	As sanções decorrentes da prática de atos que importam em enriquecimento ilícito, dano ao erário e atentam contra os princípios da administração pública encontram-se dispostas no artigo 12 da Lei de Improbidade Administrativa. São elas: perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; ressarcimento integral do dano; perda da função pública; suspensão dos direitos políticos; pagamento de multa civil; proibição de contratar com o Poder Público; proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Aplicam-se aos atos de improbidade conforme tabela abaixo:
	ATOS QUE GERAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
(Art. 9)
	ATOS QUE CAUSAM DANO AO ERÁRIO
(Art. 10)
	ATOS QUE ATENTAM CONTRA PRINCÍPIOS DA ADMINSITRAÇÃO PÚBLICA
(Art. 11)
	Perda da função pública
	Perda da função pública
	Perda da função pública
	Indisponibilidade e perda dos bens adquiridos ilicitamente
	Indisponibilidade e perda dos bens adquiridos ilicitamente
	____________________
	Ressarcimento do dano (se houver)
	Ressarcimento do dano
	Ressarcimento do dano (se houver)
	Multa de até três vezes o que acresceu ilicitamente
	Multa de até duas vezes o valor do dano causado
	Multa de até 100 vezes a remuneração do servidor
	Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
	Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
	Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos
	Impossibilidade de contratar com o Poder Público nem de receber benefícios fiscais até 10 anos
	Impossibilidade de contratar com o Poder Público e de receber benefícios  por até 5 anos
	Impossibilidade de contratar com o Poder Público e de receber benefícios  por até 3 anos
	
	Segundo posição doutrinária, em que pese serem colocadas pela LIA como “Penas”, as sanções decorrentes da prática de improbidade administrativa possuem natureza civil/política, pois ao mesmo tempo em que impõem a indisponibilidade de bens, multa, ressarcimento de danos, também importam na suspensão dos direitos políticos. 
	Afirma Carvalho Filho (2016, p. 1346) que a perda da função pública não importa apenas a extinção do vínculo dos servidores públicos, mas também daqueles que se encontram no quadro de empregados de todas as entidades referidas no art. 1º da Lei de Improbidade Administrativa, inclusive das do setor privado que recebem ou receberam apoio do Estado acima dos limites nela fixados. 
	A suspensão dos direitos políticos consiste na incapacidade temporária de exercício dos direitos políticos, prevista na Constituição Federal (art. 15).
	No que se refere ao ressarcimento ao erário, trata-se uma forma de recompor o patrimônio público do prejuízo causado e, assim, o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente responderá pelos prejuízos causados até o limite do valor da herança (art. 8º, Lei 8429/92). No que tange a essa espécie de sanção, vale destacar que apenas as sanções patrimoniais aplicadas ao autor da improbidade serão suportadas pelo sucessor (multa civil, ressarcimento ao erário e perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio), e não as demais sanções de caráter extrapatrimonial ou personalíssimo (perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios). (Nunes e Oliveira, 2014, p. 78)
	A Constituição Federal em seu artigo 37, § 4° estabelece que as sanções decorrentes de atos de improbidade administrativa serão aplicadas sem prejuízo da ação pena cabível. Ou seja, contra um mesmo agente público pode ser interposta, simultaneamente, uma ação de improbidade e uma ação penal.
	A Jurisprudência não tem admitido a aplicação do princípio da insignificância na ação de improbidade. No entanto, exige que seja observado o princípio da proporcionalidade/razoabilidade na aplicação das sanções, ou seja, as sanções a serem aplicada serão avaliadas e mensuradas pelo juiz de acordo com o caso concreto, de acordo com a extensão do dano causado e do proveito patrimonial obtido pelo agente.
RELAÇÃO PROCESSUAL
Polo Ativo
A legitimidade ativa para propositura da Ação de Improbidade é tanto do Ministério Público, como a pessoa jurídica interessada, nos termos do artigo 17 da LIA. Deve-se entender por pessoa jurídica interessa todas aquelas que foram lesadas pelo ato de improbidade administrativa e, por conta disso, possuem legitimidade ativa para interpor uma ação por improbidade administrativa. Basicamente, são as entidades previstas no artigo 1º da Lei de Improbidade.
Quando ao Ministério Público, caso esse órgão não atue como parte, ele deve atuar, obrigatoriamente, como fiscal da ordem jurídica, ou seja, custos legis, sob pena de nulidade processual. 
Polo Passivo
No polo passivo da ação de improbidade administrativa figuram os sujeitos ativos, aqueles que praticam o ato de improbidade administrativa, seja o agente público ou este em concurso com um terceiro. No que se refere às pessoas jurídicas, tendo em vista que a jurisprudência admite a sua atuação como sujeito ativo do ato improbo, necessariamente, elas possuem legitimidade passiva na ação de improbidade administrativa. 
Competência para julgamento da ação de improbidade administrativa
A competência para julgamento da ação de improbidade administrativa será da Justiça Federal se houver interesse da União, autarquias ou empresas públicas federais, conforme disposto no artigo 109, I, CF, bem como se envolver recursos federais, decorrentes de convênios, tendo em vista que esses recursos não se integram ao patrimônio do munícipio. Afora esses caos, será competente para julgamento da ação a Justiça Estadual. 
	Quando se tratar de ações de improbidade contra membros do STF, o Supremo Tribunal fixou o entendimento de que a competência para julgamento será do próprio STF. Nessa mesma linha de fundamento, o STJ, estabeleceu que as ações de improbidade interpostascontra juízes de tribunais superiores e tribunais de segundo grau bem como Governador de Estado deverão ser processadas e julgadas no próprio STJ.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL DE APURAÇÃO DE PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Procedimento Administrativo
	Conforme estabelece o artigo 14 da LIA, o procedimento administrativo de apuração do ato de improbidade poderá ser intentado por qualquer pessoa através de uma representação à autoridade administrativa competente. Segundo Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 154), trata-se da consagração do direito de petição, previsto no art. 5.º, XXXIV, da Constituição Federal. 	
A representação deverá ser escrita ou reduzida a termo e assinada, contendo a qualificação do representante, informações sobre o fato e autoria e indicação de provas. Atendidos esses requisitos, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que serão apurados de acordo com o disposto na Lei 8.112/90, caso se trate de servidores federais ou, em se tratando de servidores militares, de acordo com os regulamentos disciplinares. Quanto a essa análise de admissibilidade da representação, Daniel Amorim e Rafael Carvalho, comentam o seguinte: 
Majoritariamente [...] a doutrina se posiciona pela possibilidade de instauração de processo administrativo mesmo diante de denúncia anônima. É preciso lembrar que em muitos casos a denúncia poderá ser feita por agente público hierarquicamente vinculado ao denunciado, e exigir, nesse caso, a identificação do denunciante, é criar um obstáculo praticamente insuperável. Ademais, mesmo quando não há essa vinculação, há agentes públicos poderosos que, ao praticar o ato de improbidade administrativa, passam a representar interesses não menos poderosos, o que naturalmente inibe qualquer pessoa de bem a fazer a denúncia. Por outro lado, se o processo pode ser instaurado de ofício, não se pode excluir a priori a denúncia anônima [...]. O princípio da moralidade administrativa deve preponderar sobre o do formalismo administrativo. (NUNES; OLIVEIRA, 2014, p. 156)
	Durante a apuração na esfera administrativa, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão poderá representar ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão ou entidade para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens (indisponibilidade) do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, conforme artigo 16 da Lei de Improbidade. Afirma Carvalho Filho (2016, p. 1353) que, como a determinação de indisponibilidade se trata de medida assecuratória em favor do erário ou para a devolução de valores auferidos ilicitamente, pode recair sobre bens adquiridos anteriormente ao ato de improbidade.
	Quanto à indisponibilidade dos bens, vale a pena constar interessante entendimento firmado por Scatolino e Trindade:
A indisponibilidade dos bens significa a impossibilidade de alienação. A alienação é a transferência de domínio para terceiros. Assim, como não poderá haver transferência de domínio, não poderá haver venda, permuta, doação, etc. A indisponibilidade dos bens não é sanção, mas providência cautelar, destinada a garantir o resultado útil do processo e a futura recomposição do patrimônio público lesado; bem como a execução de eventual sanção pecuniária a ser imposta e qualquer outro encargo financeiro decorrente da condenação. (SCATOLINO e TRINDADE, 2016, p. 780)
	Um ponto essencial quanto ao procedimento administrativo de apuração de prática de improbidade é o fato de não ser o processo administrativo uma condição, ou seja, um requisito para o ingresso da ação judicial de improbidade. Mesmo que não tenha havido procedimento administrativo, é possível interpor diretamente a ação judicial.
Procedimento Judicial
	O procedimento judicial da ação de improbidade administrativa segue o rito comum. Como já afirmado a legitimidade ativa será do Ministério Público ou da pessoa jurídica interessada. Havendo procedimento administrativo, a ação deverá ser proposta no prazo de trinta dias da efetivação do sequestro (medida cautelar de indisponibilidade dos bens). Segundo Carvalho Filho: 
O pedido na ação de improbidade [...] comporta duas formulações: primeiramente, o pedido de que o juiz reconheça a conduta de improbidade (pedido originário, de natureza declaratória); depois, o pedido de que, sendo procedente a ação, sejam aplicadas ao réu as respectivas sanções (pedido subsequente, de natureza condenatória). (CARVALHO FILHO, 2016, p. 1354)
 	Interposto o processo e estando a inicial em devida forma e, ainda que empregue o rito do processo comum, na ação de improbidade administrativa há um procedimento peculiar inicial em que o juiz determina a notificação do requerido para, em 15 (quinze) dias, oferecer manifestação escrita e apresentar documentos e justificações, se o desejar (art. 17, § 7º, Lei 8429/92). Acrescenta Carvalho Filho (2016, p. 1356) que a ausência da notificação só enseja nulidade se houver comprovado prejuízo para a parte, sendo essa uma fase prévia na qual ainda não houve a formação integral da relação processual litigiosa, que se consuma com a citação. 
	Apresentada a manifestação pelo réu, o juiz poderá extinguir o processo com ou sem resolução do mérito ou receber a petição inicial e determinar a citação do réu para apresentar contestação.
	Vale destacar que, a despeito do disposto no artigo 334 do NCPC, que trata sobre a audiência de conciliação, nas ações de improbidade é vedada a realização de transação, acordo ou conciliação (art. 17, § 1º).
PRESCRIÇÃO
No que tange à prescrição da ação de improbidade, o art. 23 da Lei nº 8.429/1992 estabelece que a ação de improbidade pode ser proposta: a) até cinco anos após o término do exercício do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; b) dentro do prazo prescricional contemplado em lei específica para a pena de demissão a bem do serviço público, nos casos de ser o servidor titular de cargo público ou exercente de emprego público; c) até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o da LIA.
	A prescrição não atinge a sanção de ressarcimento de danos ao erário. A execução dessa pena é imprescritível, conforme dispõe o artigo 37, § 5º, da CF.
	No que se refere aos agentes públicos que exercem mandatos sucessivos, a exemplo daqueles que exercem mandados eletivos, há uma posição consolidada na Jurisprudência no sentido de que contagem do prazo prescricional deve ser iniciada a partir do término do último mandato. 
	No caso de servidor com vínculo efetivo investido em cargo em comissão ou função de confiança, eventual prática de ato de improbidade decorrerá rigorosamente dessas funções, e não das atribuídas ao cargo efetivo. Assim, aplica-se o disposto no art. 23, I, da LIA, sendo de cinco anos o prazo prescricional, após o término do exercício do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança. 
	Quanto ao prazo prescricional para terceiros/particulares que não ocupam funções públicas, em decorrência da ausência de previsão legal, o STJ estabeleceu que nesses casos, aplicam-se os mesmos prazos prescricionais estabelecidos para os demais ocupantes de funções públicas. Assim, ocorre uma equiparação do prazo prescricional para aqueles que são estranhos ao serviço público.
CONCLUSÃO
	A instituição da Ação de Improbidade Administrativa em nosso ordenamento jurídico é a consolidação do sistema administrativo de jurisdição única, tendo em vista que ainda que seja possível a existência de um procedimento administrativo para investigação dos atos ímprobos, nada será excluído da apreciação do poder judiciário, sendo uma concretização do princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição.
	Além disso, não se pode tolerar que aqueles que atuam em nome do Estado adotem condutas de natureza patrimonialista quanto aos bens públicos. Como bem colocado por Daniel Amorim e Rafael Carvalho (2014, p. 20)“existe uma íntima ligação entre a moral e o bom administrador, que é aquele que conhece as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo e do injusto”.
	Assim, a punição daqueles que enriquecem às custas do patrimônio público, lesam-no ou atuam de encontro aos princípios que regem a atividade administrativa, baseia-se na premissa de que toda a atividade do Estado é prestada para a coletividade, visando ao seu bem-estar e, dessa forma, nenhuma espécie de corrupção deve ser admitida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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