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cpc - petição inicial parte 2 de 2

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- Pedido de Prestação Indivisível: art. 291 - Nos casos de obrigação indivisível, qualquer dos 
credores pode cobrar a divida por inteiro, art. 260 e 267 do CC. Todavia, em razão de a decisão 
ser uniforme para todos os credores, mesmo aquele que não participou do processo pode 
levantar a sua parte na proporção de seu crédito. 
 
 Quando vários credores são titulares, em conjunto, de uma relação jurídica que 
representa obrigação indivisível, isto é, insuscetível de cumprimento fracionado ou parcial, 
qualquer deles é parte legítima para pedir a prestação por inteiro (Código Civil, art. 892). 
 
Não há litisconsórcio necessário na hipótese, pois cada um dos credores tem direito 
próprio a exigir toda a prestação, cabendo-lhe acertar posteriormente com os demais credores 
as partes que lhes tocarem. 
 
À vista dessas regras de direito material, dispõe o art. 291 do Código de Processo Civil 
que aquele credor que não tiver movido a ação também receberá a sua parte, devendo, 
porém, reembolsar ao autor as despesas feitas no processo, na proporção de sua parcela no 
crédito. 
 
Por conseguinte, o autor só estará legitimado a levantar, na execução, a parte que lhe 
couber no crédito indivisível. 
 
Espécies de indivisibilidade: a) física: a prestação é indivisível pela sua 
própria natureza, pois sua divisão alteraria sua substância ou prejudicaria seu uso 
(ex: obrigação de dar um cavalo, obrigação de restituir o imóvel locado, etc); b) 
econômica: o objeto da prestação fisicamente poderia ser dividido, mas perderia 
valor (ex: obrigação de dar um diamante, art. 87); c) legal: é a lei que proíbe a 
divisão (ex: a lei 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, 
determina no art. 4º, II, que os lotes nos loteamentos terão no mínimo 125 metros 
quadrados, então um lote deste tamanho não pode ser dividido em dois); d) 
convencional: é o acordo entre as partes que torna a prestação indivisível (art. 88, 
ex: dois devedores se obrigam a pagar juntos certa quantia em dinheiro, o que vai 
favorecer o credor que poderá exigir tudo de qualquer deles, 258 in fine, e 259). 
 
 
- Cumulação de Pedidos - Consiste na formulação de mais de um pedido contra o Réu, a fim de 
que o Juiz conheça ambos conjuntamente. 
 
• Simples: Quando o Autor formula, em face do mesmo réu, dois ou mais pedidos somados, 
pretendendo obter êxito em todos. Para que a cumulação seja simples, é preciso que os 
pedidos sejam interdependentes e que o resultado de um não dependa do outro. 
 
• Cumulação Sucessiva Própria – Quando o Autor formula mais de um pedido, existindo entre 
eles uma relação de prejudicialidade. Nesta, existirá sempre conexão entre os fundamentos 
dos pedidos. 
 
Há uma relação de dependência entre os pedidos, de forma que o acolhimento de um 
pressupõe o acolhimento do outro. 
 
• Cumulação Sucessiva Imprópria / Subsidiária/ Eventual: É aquela em que o Autor formula 
dois ou mais pedidos, esperando que apenas um deles seja acolhido, em detrimento dos 
demais, mas estabelecendo uma ordem de preferência. Nesta, o juiz apreciará primeiro aquele 
pedido que foi formulado preferencialmente. Se for acolhido, não aprecia os demais. Os 
pedidos subsidiários só serão apreciados na eventualidade do principal ser rejeitado. 
 
Pedidos cumulados 
 
Já vimos que o art. 289 permite cumulação de pedidos sucessivos, em caráter de 
eventualidade da rejeição de um deles. 
 
Mas há, também, casos em que a cumulação é plena e simultânea, representando a 
soma de várias pretensões a serem satisfeitas cumulativamente, num só processo. 
 
Na verdade há, em tais casos, cumulação de diversas ações, pois cada pedido distinto 
representa uma lide a ser composta pelo órgão jurisdicional, ou seja, uma pretensão do autor 
resistida pelo réu.(10) 
 
Não há necessidade de conexão para justificar a cumulação de pedidos na inicial. Os 
requisitos legais de cumulação são os do § 1º do art. 292, ou seja: 
 
I – os pedidos devem ser compatíveis entre si: na cumulação subsidiária, sucessiva ou eventual, 
os pedidos podem ser até opostos ou contraditórios, porque um exclui o outro. Mas se a 
cumulação é efetiva, a sua admissibilidade pressupõe que todos os pedidos sejam compatíveis 
ou coerentes. Isto é, juridicamente há de existir a conciliação entre eles; 
 
II – o juízo deve ser competente para todos os pedidos. A competência material ou funcional é 
improrrogável e afasta a admissibilidade da cumulação de pedidos. De ofício caberá ao juiz 
repeli-la. 
 
Mas se a incompetência para algum pedido for relativa (em razão de foro ou de valor 
da causa), não deverá o juiz repelir ex officio a cumulação, pois a ausência de exceção 
declinatória levará a prorrogação de sua competência para todos os pedidos (art. 114); 
 
III – o tipo de procedimento deve ser adequado para todo os pedidos. 
 
Em regra, só é possível a cumulação de pedidos, quando houver uniformidade de 
procedimento para todos eles. 
 
Mas, se o autor adotar o rito ordinário, poderá haver a cumulação, mesmo que para 
alguns dos pedidos houvesse previsão de um rito especial. 
 
Nunca, porém, poderá haver cumulação de processos diferentes, como o de execução 
e o de conhecimento. 
 
Espécies de cumulação de pedido 
 
Além da cumulação eventual ou subsidiária, já estudada, a cumulação de pedidos 
propriamente dita pode ser: 
 
a) Simples: o acolhimento ou rejeição de um não afeta o outro pedido. Exemplo: cobrança do 
preço de duas vendas de mercadoria havidas entre as mesmas partes. 
 
b) Sucessiva: o acolhimento de um pedido pressupõe o do pedido anterior. Exemplo: rescisão 
do contrato e conseqüentes perdas e danos; ou decretação de separação de cônjuges e perda 
de direito da mulher de usar o apelido de família do marido; ou ainda, investigação de 
paternidade e petição de herança. 
 
c) Incidental: quando ocorre após a propositura da ação, por meio do pedido de declaração 
incidental (arts. 5º e 325). 
 
Pedidos sucessivos 
 É lícito ao autor – segundo o art. 289 – "formular mais de um pedido em ordem 
sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior". 
 
Enquanto a alternatividade se refere apenas à prestação que é objeto do pedido 
mediato, no caso de pedidos sucessivos a substituição pode também se referir ao pedido 
imediato, ou seja, à própria tutela jurisdicional. Assim, é lícito ao autor pedir a rescisão do 
contrato com perdas e danos, ou se não configurada razão para tanto, a condenação do réu a 
pagar a prestação vencida. 
 
Pode-se dar, também, a sucessividade de pedidos em litígios matrimoniais, mediante a 
formulação de pretensão à anulação do casamento ou, se inviável, à decretação da separação. 
 
A regra do art. 289 é, como se vê, regra de cumulação de pedidos, mas de cumulação 
apenas eventual. Há, na verdade, um pedido principal e um ou vários subsidiários, que só 
serão examinados na eventualidade de rejeição do primeiro. 
 
INTERPRETAÇÃO DO PEDIDO 
 
Os pedidos serão interpretados restritivamente –art. 293 –ou seja, limitado ao que foi 
pedido expressamente pela parte. 
 
Contudo, há alguns pedidos que podem ser deferidos pelo magistrado ao Autor 
independente de sua formulação na inicial, e mesmo que não requeridas expressamente na 
inicial. 
 
A existência do pedido implícito encontra guarida nas situações em que existe 
expressa previsão da lei para a sua existência. 
 
Exemplos: condenação honorários advocatícios e despesas processuais - art. 20 CPC 
Juros legais – art. 293 
Prestações periódicas. 
 
Consoante o art. 293, "os pedidos são interpretados restritivamente". Isto quer dizer 
que o critério interpretativo não pode ser o ampliativo ou extensivo. Integra o pedido tão-
somente o que nele expressamente estiver contido. 
 
Admite o Código, todavia,alguns pedidos implícitos, como é o caso das prestações 
vincendas, em obrigações de trato sucessivo (art. 290), e o do ônus das despesas processuais, 
que o juiz deve impor ao vencido, mesmo diante do silêncio do vencedor (art. 20). 
 
O próprio art. 293, que preconiza a interpretação restritiva dos pedidos, contém, em 
sua parte final, uma ressalva que nada mais é do que a previsão de mais um caso de pedido 
implícito. Com efeito dispõe o referido artigo que se compreendem no pedido do principal os 
juros legais. 
 
Isto quer dizer que nas obrigações de prestação em dinheiro, o pedido, 
implicitamente, sempre compreende o acessório, que são os juros legais, nos termos dos arts. 
1.061 e 1.064 do Código Civil. 
 
O pedido implícito, todavia, compreende apenas os juros legais moratórios e não os 
convencionais, pois estes dependem sempre de pedido da parte e o juiz não poderá concedê-
los de ofício, sob pena de julgamento ultra petita.(11) 
 
Por outro lado, ainda que a sentença seja omissa, será possível ao credor fazer incluir 
na sua liquidação os juros moratórios, implicitamente pedidos na inicial.(12) 
 
Com o advento da Lei nº 6.899, de 08.04.81, a correção monetária passou a ser 
aplicável a todo e qualquer débito oriundo de decisão judicial. Assim, não mais apenas nas 
ações de indenização, mas em todo e qualquer processo em torno de litígio de conteúdo 
econômico incide a correção monetária, como simples consectário da sucumbência, ao lado do 
ressarcimento das custas e honorários advocatícios, independentemente de pedido expresso. 
 
 
Emenda à Petição Inicial 
 
Se a petição inicial não cumprir os requisitos do art. 282, ou não for suficientemente 
clara, contendo aspectos obscuros, de modo a impossibilitar o julgamento, o juiz mandará que 
 
o Autor a complemente ou esclareça, no prazo de 10 dias, sob pena de indeferimento. 
A essa alteração da petição inicial o art. 284 denominou Emenda. 
 
A emenda à petição inicial apresente dupla função : ao mesmo tempo em que se 
destina a esclarecer o juiz sobre os elementos da causa, também se presta a dar ao réu 
amplitude em sua defesa, pois somente poderá o réu exercê-la totalmente caso tenha perfeita 
compreensão do que esta expresso na petição inicial. 
 
Aditamento do pedido 
 
Consiste na possibilidade de o Autor acrescentar outro pedido ao pedido original. 
 
O Aditamento a Inicial é livremente permitido antes da citação do Réu. 
 
Após a citação é possível o aditamento, desde que haja consentimento expresso do 
Réu, e até o momento em que ano tenha ocorrido o saneamento do processo. 
 
Salvo os casos de pedidos implícitos (nº 371, supra), incumbe ao autor cumular na 
petição inicial todos os pedidos que forem lícitos formular contra o réu. 
 
Se não o fizer naquela oportunidade, só por ação distinta poderá ajuizar contra o réu 
os pedidos omitidos. É o que dispunha textualmente o art. 294, em sua redação originária. 
 
Os intérpretes, todavia, reconheciam que, antes da citação era possível ao autor aditar 
a inicial, porque até então a relação processual é apenas bilateral (autor – juiz). Tanto é assim, 
que o art. 264 é explícito em dizer que a proibição de modificar o pedido decorre da citação do 
demandado. 
 
Conciliava-se, dessa maneira, o art. 294 com o 264, já que seria um atentado contra o 
princípio de economia processual, informativo do processo moderno, exigir que o autor, 
mesmo antes da citação, tivesse de desistir da ação proposta para ajuizar outra, através de 
nova petição, em que se cumulassem todos os pedidos. Quem pode o mais, pode o menos. 
 
A Lei nº 8.718 de 15.10.93, deu nova redação ao art. 294, do CPC para incorporar no 
direito positivo aquilo que a doutrina e a jurisprudência já entendiam, de forma pacífica e 
uniforme, ou seja: "antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as 
custas acrescidas em razão dessa iniciativa". 
 
Modificação do pedido 
 
É certo que a citação do réu produz a estabilização do processo, de sorte a impedir, 
fora dos casos legais, alterações objetivas e subjetivas da relação processual (art. 264). 
 
Esta estabilização, contudo, não é total ou absoluta, mormente no que toca ao pedido 
ou à causa petendi, já que o questionado art. 264 permite que haja modificação em torno da 
matéria, mesmo após a citação, desde que o demandado consinta. 
 
Daí observar Hélio Tornaghi que, na espécie, "não há proibição de alterar o pedido ou 
a causa petendi, após a citação; apenas a mudança é negócio bilateral: exige, também, o 
assentimento do réu". 
 
Quanto à adesão do demandado, tanto pode ser expressa como tácita. Lino Palacio 
ensina, a propósito, que "la transformación de la pretensión es admisible cuando el 
demandado acepta, expresa o implicitamente, debatir los nuevos planteamientos introducidos 
por el actor". 
 
Isto quer dizer que basta a postura do réu, que deixa de impugnar a modificação e 
passa a discutir nos autos o novo pedido ou os novos fundamentos do pedido, para ter-se 
como tacitamente admitida a inovação processual. 
 
Após o saneador, todavia, nem mesmo com assentimento expresso do réu é admissível 
a modificação do objeto da lide. 
 
Sendo possível a modificação, deve-se observar se o réu é, ou não, revel. Se o for, após 
a inovação, ter-se-á de promover nova citação do demandado. Se o réu tiver advogado nos 
autos, terá de ser intimado, a fim de obter-se o assentimento à modificação, seja de forma 
explícita, seja implícita. 
 
Despacho da petição inicial 
 
Onde há mais de um juiz com igual competência, a petição inicial deve ser, 
previamente, submetida à distribuição perante a repartição adequada do juízo. Sendo apenas 
um o competente, a petição é apresentada diretamente ao magistrado. 
 
Com a distribuição, ou com a entrega da petição inicial ao juiz, instaurada se acha a 
relação processual (ainda não trilateral), e proposta se considera a ação. 
 
Chegando a petição às mãos do juiz, caberá a este examinar seus requisitos intrínsecos 
e extrínsecos antes de despachá-la. 
 
Após esse exame, proferirá uma decisão que pode assumir três naturezas, a saber: 
 
a) de deferimento da citação: se a petição estiver em termos, o juiz a despachará, ordenando a 
citação do réu para responder (art. 285). É o chamado despacho positivo. Cumprida a 
diligência deferida, o réu estará integrado à relação processual, tornando-a completa 
(trilateral); 
 
b) de saneamento da petição: quando a petição inicial apresentar-se com lacunas, 
imperfeições ou omissões, mas esses vícios forem sanáveis, o juiz não a indeferirá de plano. 
"Determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 dias" (art. 284). Só se o 
autor não cumprir a diligência no prazo que lhe foi assinado, é que o juiz, então, indeferirá a 
inicial (art. 284, parágrafo único). 
 
Entende-se por petição inicial defeituosa e carente de saneamento a que não preenche os 
requisitos exigidos pelo art. 282, a que não se faz acompanhar dos documentos indispensáveis 
à propositura da ação, ou a que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o 
julgamento de mérito (art. 284); 
 
c) de indeferimento da petição: do exame da inicial, ou do não cumprimento da diligência 
saneadora de suas deficiências pelo autor, pode o juiz ser levado a proferir uma decisão de 
caráter negativo, que é indeferimento da inicial. O julgamento é de natureza apenas 
processual e impede a formação da relação processual trilateral. 
A relação bilateral (autor-juiz), esta, no entanto, já existe, mesmo quando o despacho é de 
simples indeferimento liminar da postulação, tanto que cabe recurso de apelação perante o 
tribunal superior a que estiver subordinado o juiz. 
 
Por se tratar de decisão meramente formal ou de rito, o indeferimento dapetição 
inicial não impede que o autor volte a propor a mesma ação, evitando, logicamente, os 
defeitos que inutilizaram sua primeira postulação. 
 
Há casos, porém, em que o juiz profere, excepcionalmente, julgamento de mérito ao 
indeferir a inicial, isto é, decide definitivamente a própria lide. É o que ocorre quando, não se 
tratando de direito patrimonial, o juiz verifica, in limine litis, que já ocorreu a decadência ou a 
prescrição do direito que o autor pretende fazer valer através da ação (art. 295, nº IV). Isto 
pode se dar, por exemplo, com uma ação anulatória de casamento proposta após o prazo 
decadencial previsto no Código Civil. O juiz pode repeli-la no despacho da inicial, mesmo antes 
da citação do réu. 
 
Haverá, também, julgamento de mérito em indeferimento da petição inicial, quando o 
juiz, do cotejo entre os fatos narrados pelo autor e o pedido, concluir que não decorre 
logicamente a conclusão exposta (art. 295, parágrafo único, nº II). Isto poderia ocorrer na 
hipótese em que uma noiva, diante do descumprimento de promessa de casamento, ajuizasse 
uma ação para pedir a condenação do noivo a contrair o matrimônio prometido; ou quando 
um credor de prestação de fato infungível pretendesse a prisão civil do devedor para compeli-
lo ao cumprimento da obrigação; ou, ainda, quando alguém já separado judicialmente 
pretendesse alterar a partilha dos bens do casal, em razão de herança recebida pelo outro 
cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal (vide, retro, nos 52 e 53). 
 
Em todos os casos de indeferimento da petição inicial, tanto por deficiências formais, 
como por motivos de mérito, o pronunciamento judicial assume a natureza de sentença (isto é, 
julgamento que põe fim ao processo) e desafia o recurso de apelação. 
 
Poderá, assim, surgir do indeferimento liminar coisa julgada formal e até material. 
 
Havendo apelação, o juiz poderá, no prazo de 48 horas, rever sua decisão e reformá-la, 
em juízo de retratação análogo ao do agravo (art. 296, caput, com a redação da Lei nº 8.952, 
de 13.12.1994). Não ocorrendo a reforma, os autos serão imediatamente encaminhados ao 
tribunal competente (art. 296, parágrafo único, em seu texto novo). Não há, mais, a citação do 
réu para acompanhar a apelação contra o indeferimento da inicial. Se ele não integrava, ainda, 
a relação processual ao tempo do ato recorrido, é natural que não se veja compelido a ter de 
participar da tramitação recursal que, até então, só diz respeito ao autor. Somente, pois, após 
o eventual provimento do recurso, é que, baixando os autos à comarca de origem, haverá a 
normal citação do demandado para responder à ação. 
 
Casos de indeferimento da petição inicial 
 
Dispõe o art. 295 que o indeferimento da petição inicial ocorrerá: 
 
I - quando for inepta: entende-se por inepta a petição inicial quando (art. 295, parágrafo 
único): 
 
a) lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
 
b) da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
 
c) o pedido for juridicamente impossível; 
 
d) contiver pedidos incompatíveis entre si; 
 
II – quando a parte for manifestamente ilegítima; 
 
III – quando o autor carecer de interesse processual; 
 
IV – quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5º): o que só é 
viável em se tratando de litígio acerca de direitos não patrimoniais; 
 
V – quando o tipo e procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa 
ou ao valor da ação: nessa hipótese, a regra é a conversão ao rito adequado e o juiz só 
indeferirá a inicial quando se revelar impossível a adaptação, como, por exemplo, naqueles 
casos em que houvesse de modificar o próprio pedido, e não apenas o procedimento (é 
impossível, v.g., converter uma ação de execução em ação de conhecimento, e vice-versa); 
 
VI – quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284: 
ou seja, quando o autor não proceder à diligência determinada pelo juiz para sanar omissões, 
defeitos ou irregularidades da petição inicial. 
 
Como se vê, os casos de indeferimento são de três espécies: 
 
a) de ordem formal (arts. 295, I, V e VI); 
 
b) de inadmissibilidade da ação, por faltar-lhe condição necessária ao julgamento de mérito 
(art. 295, nºS II e III, e parágrafo único, nº III); e 
 
c) por motivo excepcional de improcedência do próprio pedido (mérito) (art. 295, nº IV, e 
parágrafo único, nos II e III, em alguns casos). 
O indeferimento da petição inicial ocorre nas hipóteses previstas no art. 295 do Código 
de Processo Civil, gerando uma frustração em relação ao autor, que assistirá ao desate da ação 
fora do seu tempo esperado. 
 
Contudo, esse desfecho abreviado da ação justifica-se pela impossibilidade do 
aproveitamento da petição inicial, por vir desacompanhada de uma condição da ação ou de 
um pressuposto processual, também admitindo-se o indeferimento nas hipóteses relativas à 
decadência ou prescrição. 
 
O indeferimento ocorrerá, nos termos em dispõe o art. 295, nas seguintes hipóteses: 
 
a) Quando a petição inicial for inepta: Inépcia da inicial é a incapacidade de produzir 
resultados (não apta) quando: 
- Não contiver pedido ou causa de pedir 
- Da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão 
- O pedido for juridicamente impossível 
- Contiver pedidos incompatíveis entre si. 
 
b) Por ilegitimidade de parte. 
 
c) Quando faltar interesse processual. 
 
d) Se for verificável, desde logo, a ocorrência da decadência ou prescrição. Esses institutos 
têm o condão de impedir que a relação processual vá adiante, por retirar, de plano, a 
possibilidade de atuação jurisdicional sobre o caso. 
 
e) Se não for adequado o procedimento escolhido. Essa causa de indeferimento tem sido 
largamente abrandada pela jurisprudência, pelo entendimento de ser lícito ao juiz determinar, 
via Emenda, as alterações que se fizerem necessárias para a correta adequação do rito. 
 
f) Quando não constar o endereço do advogado (art. 39 CPC) ou quando o autor não cumprir 
com a determinação de emenda (art. 284 CPC). 
 
Extensão do indeferimento 
 
Pode haver indeferimento total ou parcial da petição inicial. Será parcial quando, 
sendo vários os pedidos manifestados pelo autor, o despacho negativo relacionar-se apenas 
com um ou alguns deles, de modo a admitir o prosseguimento do processo com relação aos 
demais. 
 
Será total quando o indeferimento trancar o processo no nascedouro, impedindo a 
subsistência da relação processual. 
 
O primeiro é decisão interlocutória, e o segundo, sentença terminativa. 
 
Efeitos do despacho da petição inicial 
 
Do despacho positivo, decorrem os efeitos inerentes à propositura da ação, se antes 
não ocorrera a distribuição (ver, retro, nos 262 e 299). 
 
Do despacho negativo, decorre a extinção do processo e a extinção dos efeitos da 
propositura da ação, acaso derivados da anterior distribuição.

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