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Universidade da Amazônia – UNAMA Docente: Luciana Gomes Turmas Gerenciais da Saúde Semestre: 2017 / 2 ANATOMIA HUMANA REVISÃO – 1ª avaliação A. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 1. Definição A Anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham. A função nunca pode ser separada completamente da estrutura, por isso você aprenderá sobre o corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia em conjunto. Você verá como cada estrutura do corpo está designada para desempenhar uma função específica, e como a estrutura de uma parte, muitas vezes, determina sua função. Por exemplo, os pêlos que revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os ossos do crânio estão unidos firmemente para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos, em contraste, estão unidos mais frouxamente para permitir vários tipos de movimento. Assim, a Anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. E a Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento da matéria viva, investiga as funções orgânicas, processos ou atividades vitais. B. PARTES CONSTITUINTES DO CORPO HUMANO 1) Cabeça (pescoço) 2) Tronco a) Tórax b) Abdome 3) Membros a) Superiores i) ombros (raiz) ii) braços iii) antebraços iv) mãos b) Inferiores i) quadril (raiz) ii) coxas iii) pernas iv) pés C. NOMENCLATURA ANATÔMICA 1. Posição Anatômica (Figura 1) Na anatomia, existe uma convenção internacional de que as descrições do corpo humano assumem que o corpo esteja em uma posição específica, chamada de posição anatômica. Na posição anatômica, o indivíduo está em posição ereta, em pé (posição ortostática) com a face voltada para a frente e em posição horizontal, de frente para o observador, com os membros superiores estendidos paralelos ao tronco e com as palmas voltadas para a frente, membros inferiores unidos (calcanhares unidos), com os dedos dos pés voltados para a frente. Toda descrição anatômica é feita considerando o indivíduo em posição anatômica. Figura 1. Posição Anatômica. Planos Tangenciais: São também chamados de Planos de Delimitação, pois delimitam o corpo humano por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Têm-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: Ventral ou anterior => plano vertical tangente ao ventre Dorsal ou posterior => plano vertical tangente ao dorso Lateral direito => plano vertical tangente ao lado do corpo Lateral esquerdo => plano vertical tangente ao lado do corpo cranial ou superior => plano horizontal tangente à cabeça. Podal ou inferior => plano horizontal tangente à planta dos pés 2. Eixos ortogonais e Planos de Secção A partir destes planos de inscrição são determinados eixos e planos que são utilizados como pontos de referência para descrever a situação, posição e direção de órgãos ou segmentos do corpo. Unindo o centro de dois planos de inscrição opostos obtém-se três eixos: eixo longitudinal ou craniocaudal; eixo anteroposterior, dorsoventral ou sagital e eixo latero- lateral. O deslocamento de um eixo sobre o outro define um plano que secciona o corpo em 2 partes. Estes planos, perpendiculares entre si são chamados Planos de Secção: mediano ou sagital, frontal ou coronal e transversal ou horizontal. Figura 2. Planos de Tangenciais Figura 3. Planos de Secção PLANOS ANATÔMICOS Planos de Secção do Corpo (planos Seccionais): quatro planos são fundamentais. Os planos de secção são “cortes” feitos no corpo em posição anatômica: 1. Plano Mediano: plano vertical que passa longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em metades direita e esquerda. Parassagital, usado pelos neuroanatomistas e neurologistas é desnecessário porque qualquer plano paralelo ao plano mediano é sagital por definição. 2. Planos Sagitais: são planos verticais que passam através do corpo, paralelos ao plano mediano Mediano ou Sagital => planos de secção paralelos aos planos laterais que divide o corpo em metades direita e esquerda. 3. Planos Frontais (Coronais): são plano verticais que passam através do corpo em ângulos retos com o plano mediano, dividindo-o em partes anterior (frente) e posterior (de trás). Frontal ou Coronal => planos de secção paralelos aos planos ventral e dorsal, que divide o corpo de forma a separar os planos ventral e dorsal. 4. Planos Transversos (Horizontais): são planos que passam através do corpo em ângulos retos com os planos coronais e mediano. Divide o corpo em partes superior e inferior. Transversal ou Horizontal => planos de secção paralelos aos planos cranial e podal, que divide o corpo horizontalmente. Obs.: Toda secção do corpo feita por planos paralelos ao plano mediano é uma secção sagital, e os planos de secção são também chamados sagitais*. * nome sagital se deve ao fato de seguir a direção da sutura sagital (em forma de seta) entre os ossos parietais. SISTEMAS DO ORGANISMO HUMANO 1. Sistema Esquelético Principais funções: sustentação, movimento e proteção. Principais componentes: ossos e articulações. 2. Sistema Muscular Principais funções: sustentação e movimento. Principais componentes: músculos e tendões. O Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos, cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno) produzir hemácias e leucócitos; sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do sangue. O sistema esquelético pode ser dividido em duas grandes porções: uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco, o ESQUELETO AXIAL; outra, apenas a esta, forma os membros e constitui o ESQUELETO APENDICULAR. A união entre estas duas porções se faz por meio dos CÍNGULOS: do membro superior (torácico), constituído pela escápula e clavícula e do membro inferior (pélvico) constituída pelos ossos do quadril. O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: 1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica. 2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores). Esqueleto axial 1.1-Caixa craniana Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenóide, nasal, lacrimais,malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar superior e mandíbula (maxilar inferior). Observações: - No osso esfenóide existe uma depressão denominada de sela turca onde se encontra uma das menores e mais importantes glândulas do corpo humano - a hipófise, no centro geométrico do crânio. - Fontanela ou moleira é o nome dado à região alta e mediana, da cabeça da criança, que facilita a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por osso. 1.2-Coluna vertebral É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix). 1.3-Caixa torácica É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno). 2- Esqueleto apendicular 2-1- Membros e cinturas articulares Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges. Cada membro inferior compõe-se de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho está protegida por um pequeno osso circular: a rótula. Ossos pequenos e maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pé é constituída pelos metatarsos e os dedos dos pés (artelhos), pelas falanges. Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula ou omoplata); a inferior se chama cintura pélvica, popularmente conhecida como bacia (constituída pelo sacro - osso volumoso resultante da fusão de cinco vértebras, por um par de ossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vértebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda dá apoio ao fêmur e a toda a perna. Juntas e articulações Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos. Ligamentos Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente unidos às membranas que revestem os ossos. Classificação dos Ossos: Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em: OSSO LONGO: seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a medula óssea. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto, enquanto a epífise e a metáfise, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur, úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges. OSSO PLANO: seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando sobre a espessura. são formados por duas camadas de tecido ósseo compacto, tendo entre elas uma camada de tecido ósseo esponjoso e de medula óssea. São também chamados de ossos Laminares. Ex: esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula, ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. OSSO CURTO: apresenta equivalência das três dimensões praticamente equivalentes e são encontrados nas mãos e nos pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. Os ossos do carpo e do tarso são excelentes exemplos. OSSO IRREGULAR: apresenta uma morfologia complexa não encontrando correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e o ossos temporais são exemplos marcantes Estas quatro categorias são as categorias principais de se classificar um osso quanto à sua forma. Elas, contudo, podem ser complementadas por duas outras: OSSO PNEUMÁTICO: apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável, revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxila, temporal, etmóide e esfenóide. OSSO SESAMÓIDE: se desenvolve na substância de certos tendões ou da cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso sesamóide intratendíneo. Assim, estas duas categorias adjetivam as quatro principais: o osso frontal, por exemplo, é um osso plano, mas também pneumático; o maxilar é irregular, mas também pneumático, a patela é um osso curto, mas é, também um sesamóide (por sinal, o maior sesamóide do corpo). Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino: SISTEMA MUSCULAR O sistema muscular é constituído de uma enorme variedade de músculos espalhados por todo o corpo, apresentando tamanhos, formas e funções diversas. Os músculos são tecidos formados de fibras e células, e, devido a muitas de suas propriedades, desempenham funções de sustentação, locomoção, fornecimento de calor em homeotermos, pressão sanguínea (batimentos do coração), além de conferir forma ao corpo. A propriedade de movimento envolve não só os movimentos visíveis como andar, mas também movimentos microscópicos, como os dos órgãos internos do corpo. Geralmente, os músculos são classificados em: Liso ou visceral: é composto por células fusiformes com apenas um núcleo, apresenta contração involuntária e é encontrado na parede de vasos sanguíneos, bexiga, intestino e útero, ou seja, estruturas ocas do corpo. Responsável pela impulsão de líquidos como sangue, urina, esperma, bile, entre outros. As células do músculo liso reagem a sinais químicos oriundos de outras células ou hormônios. A principal das funções desse músculo é a compressão do conteúdo das cavidades a que pertencem, participando, assim, de processos como digestão e regulação da pressão arterial. São chamados de lisos porque suas fibras não apresentam estriações. Estriado cardíaco: formado por uma rede de fibras conjugadas e ramificadas que compõe o miocárdio, revestimento muscular do coração. Produz contrações involuntárias, sendo controlado pelo sistema nervoso vegetativo. Estriado esquelético: formado por fibras musculares, apresenta terminações nervosas e está diretamente ligado ao movimento e à postura corporal. Recebe esse nome por apresentar estriações formadas pelas proteínas actina e miosina. O tecido muscular, em geral têm propriedades de contratilidade, capacidade de concentração; elasticidade, a capacidade de voltar ao seu tamanho inicial depois de uma contração ou um alongamento; extensibilidade, capacidade de ser estriado sem sofrer lesões e excitabilidade, capacidade de responder a estímulos através da produção de sinais elétricos. Os músculosestriados são estimulados para a contração a partir de impulsos nervosos. Tais impulsos são provenientes dos nervos medulares e cerebrais, que dão aos músculos o sinal para iniciar sua atividade. Essa dependência é tão expressiva, que se houver um desligamento dos nervos com os músculos, os mecanismos de contração não ocorrem mais, atrofiando os músculos. O músculo estriado nunca está em total repouso, mas sim levemente contraído, já que recebem constantemente impulsos nervosos da medula espinhal e do cérebro. A esse estado de contração muscular, dá-se o nome de tônus. Quando o impulso nervoso atinge o complexo neuromuscular, é desencadeada uma série de fenômenos. O produto final dos sinais nervosos é a contração das fibras musculares. A contração completa do músculo esquelético é o resultado da contração conjunta das fibrilas das células do músculo. Sarcômeros As fibras musculares esqueléticas tem o citoplasma repleto de filamentos longitudinais muito finos, (as miofibrilas) constituídas por microfilamentos das proteínas actina e miosina. A disposição regular dessas proteínas ao longo da fibra produz o padrão de faixas claras e escuras alternadas, típicas do músculo estriado. As unidades de actina e miosina que se repetem ao longo da miofibrila são chamadas sarcômeros. As faixas mais extremas do sarcômero, claras, são denominadas banda I e contém filamentos de actina. A faixa central mais escura é a banda A, as extremidades desta são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos, enquanto sua região mediana mais clara, (a banda H), contém miosina. Teoria do deslizamento dos filamentos Quando o músculo se contrai, as bandas I e H diminuem de largura. A contração muscular se dá pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. Essa idéia é conhecida como teoria do deslizamento dos filamentos.Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina quando o músculo é estimulado. As projeções da miosina puxam os filamentos de actina como dentes de uma engrenagem, forçando-os a deslizar sobre os filamentos de miosina, o que leva ao encurtamento das miofibrilas e à consequente contração da fibra muscular. Interior de um músculo Contração Muscular O estímulo para a contração é geralmente um impulso nervoso que se propaga pela membrana das fibras musculares, atingindo o retículo sarcoplasmático (um conjunto de bolsas membranosas citoplasmáticas onde há cálcio armazenado), que libera íons de cálcio no citoplasma. Ao entrar em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação de actina, permitindo que se ligue a miosina, iniciando a contração muscular. Assim que cessa o estímulo, o cálcio é rebombeado para o interior do retículo sarcoplasmático e cessa a contração muscular. A energia para contração muscular é suprida por moléculas de ATP (produzidas durante a respiração celular). O ATP atua na ligação de miosina à actina, o que resulta na contração muscular. Mas a principal reserva de energia nas células musculares é a fosfocreatina, onde grupos de fosfatos, ricos em energia, são transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina, intensificando a respiração celular, utilizando o glicogênio como combustível. O Sistema Circulatório (cardiovascular) humano possui como composição central o sangue. O sistema cardiovascular consiste no sangue, no Coração e nos Vasos Sanguíneos. Ao sangue, líquido que circula em nossas artérias e veias cabe nada menos de quatro funções: 1) recolher, nos alvéolos pulmonares e nas vilosidades intestinais, o oxigênio e demais alimentos de que necessitamos, e distribuí-los às células; 2) receber, destas mesmas células, as substâncias de desassimilação por elas expelidas, e levá-las a órgãos especiais (pulmão, rins, etc.), que se encarregam de eliminá-las; 3) estabelecer relações entre as várias partes do organismo, distribuindo por elas os produtos das glândulas de secreção interna; 4) auxiliar o equilíbrio da temperatura, e do conteúdo em água, no organismo; 5) contribuir para a defesa deste último. O sangue apresenta-se como um líquido vermelho, variando de tonalidade segundo o vaso de que provém; escuro, se de veia, vermelho vivo, se de artéria, dependendo, a diferença, do grau de oxigenação. Viscoso, um pouco mais denso que a água (1,060). A quantidade total do sangue, aliás variável por múltiplas circunstâncias, regula, segundo Bischoff, que a mediu em dois criminosos guilhotinados, 1/13 do peso do indivíduo: 5 litros, portanto, para quem pese 65 quilos. Os órgãos que mais sangue têm, além do coração e dos grandes vasos, são o fígado, os músculos e os pulmões. Estrutura do sangue O sangue, base de todo o Sistema Circulatório, é composto de uma parte liquida, o plasma, tendo em suspensão inúmeros corpúsculos microscópicos, os glóbulos sanguíneos, de que há três espécies: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. Existem ainda no sangue, dissolvidos ou combinados, três gases, o oxigênio, o azoto e o anidrido carbônico. pH do sangue Ao londo do Sistema Circulatório, o pH do sangue oscila entre 7,35 e 7,45, — indicando, portanto, reação levemente alcalina, a qual é praticamente constante. De que modo se conserva constante o pH do sangue, apesar da incessante produção de ácidos pelo organismo, e da ingestão cotidiana de alimentos tais como o ovo, a carne, o peixe, que aumentam a acidez ? Mantém-se essa constância graças à existência, no organismo, da chamada “reserva alcalina”, constituída por grande quantidade de compostos (bicarbonatos, fosfatos), que são prontamente mobilizados sempre que a acidez tende a predominar. Colabora também para o mesmo fim a função excretora exercida pelos rins, pulmões e pele. Glóbulos vermelhos Os glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos, são os mais numerosos do sangue, pois existem na proporção de 5 milhões por milímetro cúbico de líquido. Na mulher esse número é de 4 milhões e 500 mil, ao passo que alcança no recém-nascido 5 milhões e 600 mil. Têm os glóbulos vermelhos a forma de pequeninos discos, escavados no centro. São perfeitamente elásticos, podendo de-formar-se transitoriamente, para passar nos mais finos capilares. Medem, no sangue circulante, pouco mais de 8 mícrons de diâmetro, e, quando fixados nas preparações, 7 mícrons. A superfície total das hemácias de um homem de 70 quilos é avaliada em cerca de 3.000 metros quadrados, ou 1.500 vezes mais que a superfície do próprio corpo. Extensão assim tão grande facilita o intercâmbio gasoso entre os glóbulos e o plasma. Abaixo apresentamos as divisões teóricas do Sistema Circulatório: Pequena e Grande Circulação. Pequena circulação Por comodidade didática do estudo do Sistema Circulatório, é costume considerar-se uma grande e uma pequena circulação sanguínea. A pequena circulação, entre o coração e os pulmões, tem por fim arterializar. o sangue. Inicia-se no ventrículo direito, de onde sai sangue venoso, pela artéria pulmonar; a artéria pulmonar logo se bifurca, mandando um ramo para cada pulmão, onde se dá a capilarização dos vasos. Os capilares, depois de se haverem espalhado pelos pulmões, em contacto íntimo com as paredes alveolares, se reúnem aos poucos, formam vasos cada vez maiores, e terminam por quatro veias pulmonares, que vão desembocar na aurícula esquerda. O sangue que foi do ventrículo direito para os pulmões era venoso; o que veio dos pulmões para a aurículaesquerda é arterial. Grande circulação A grande circulação sanguínea tem por fim levar sangue arterial aos vários órgãos, e, depois, recolher o sangue venoso ao coração. Começa no ventrículo esquerdo, cujo sangue sai pela artéria aorta, distribui-se em todo o corpo, órgão por órgão, por meio dos inúmeros ramos do tronco aórtico. Depois de haver banhado os tecidos, regressa o sangue ao coração, pelas veias que desembocam na aurícula direita. Se, agora, considerarmos como ponto de partida os pulmões, podemos dizer que desses órgãos sai sangue arterializado, o qual se distribui pelos tecidos; e que dos tecidos o sangue, agora venoso, volta aos pulmões. Vasos da grande circulação A grande circulação sanguínea começa no ventrículo esquerdo, pela artéria aorta, cujos ramos se distribuem por todo o organismo. A artéria aorta tem, a princípio, trajeto ascendente; descreve, depois, uma curva chamada crossa da aorta, torna-se descendente, passa por detrás do coração, ao longo do esôfago; percorre, de cima para baixo, a cavidade torácica, atravessa o diafragma. Principais veias do sistema circulatório Citemos apenas os principais troncos. Veia cava superior A veia cava superior recolhe à aurícula direita o sangue que alimentou a cabeça e os membros superiores. É formada pela confluência dos dois troncos venosos brôquio-cefálicos, o direito e o esquerdo. Cada tronco venoso braquio-cefálico é formado de duas veias: a subclávia, que recolhe o sangue do membro superior; a jugular interna, portadora do sangue da cabeça. Veia cava inferior A veia cava inferior recolhe ao coração o sangue proveniente dos membros inferiores e do tronco. Origina-se da confluência das duas ilíacas primitivas. Cada ilíaca primitiva, por sua vez, é formada pela veia ilíaca interna ou hipogástrica (vinda da bacia) e pela veia ilíaca externa (proveniente do membro inferior). No seu trajeto ascendente, a veia cava inferior, que percorre a cavidade abdominal e a torácica, vai recebendo muitos afluentes, tendo como os principais as veias as veias renais (vindas dos rins) e as veias supra-hepáticas (oriundas do fígado). Avolumada por todos esses afluentes, a veia cava inferior desemboca na aurícula direita. Circulação porta A veia porta é uma das mais importantes do Sistema Circulatório. Vamos resumidamente mostrar o seu modo de origem e distribuição. Nasce a veia porta pela confluência de três veias: a) veia esplênica, proveniente do baço, do pâncreas e do estômago; b) veia mesentérica inferior (ou pequena mesaraica) proveniente do intestino grosso; c) veia mesentérica superior (grande mesaraica), vinda do intestino delgado e de parte do intestino grosso. Reunidas as três veias formam-se o tronco da veia porta, que se dirige para o fígado, onde penetra pelo hilo, na face inferior. No fígado, a veia porta se resolve em inúmeros. Estrutura dos vasos sanguíneos Chamam-se artérias os vasos que levam sangue do coração para os outros órgãos ao londo do Sistema Circulatório. Chamam-se veias os que, dos outros órgãos, trazem sangue ao coração. Na grande circulação sanguínea, entre o coração e os órgãos, as artérias conduzem sangue arterial, e as veias, sangue venoso; mas, na pequena circulação sanguínea, entre o coração e os pulmões, dá-se o contrário: as artérias conduzem sangue venoso, as veias sangue arterial. Não é, pois, a natureza do sangue conduzido, mas o sentido da condução em relação ao coração, que distingue as artérias das veias. Demais, como depois se verá, há entre elas, também, diferenças de estruturas. Artérias As paredes das artérias compõem-se essencialmente de três túnicas: túnica interna, endotelial, de uma camada única de células endoteliais muito achatadas: túnica média, formada de fibras musculares lisas; túnica externa, ou adventícia, de fibras conjuntivas, dispostas principalmente no sentido longitudinal. Veias As paredes das veias só apresentam duas túnicas: túnica interna, de células achatadas; túnica externa, com elementos musculares, elementos elásticos e elementos conjuntivos. Válvulas venosas. — No interior das veias dos membros inferiores e superiores, existem pequenas válvulas, denominadas válvulas venosas, que distribuem por todo o vaso o peso da coluna líquida, a qual, sem elas, descansaria inteira sobre a parte inferior da veia. Estrutura dos capilares Chamam-se capilares as terminações das artérias e o início das veias. São vasos finíssimos, cujo calibre está entre 5 mícrons (capilares dos centros cerebrais e retina) e 25 mícrons (capilares dos ossos). Na formação de suas paredes, entram especialmente células epiteliais, dispostas de maneira a construir um tubo, sobre o qual se estendem alguns elementos conjuntivos, que formam uma espécie de membrana adventícia rudimentar. Nas paredes dos capilares, notam-se, muitas vezes, orifícios ou estornas, que, segundo pensam os autores, são aberturas praticadas pelos glóbulos brancos do sangue, para se evadirem dos condutos circulatórios. Através das paredes dos capilares, fazem-se as trocas de alimentos e materiais de desassimilação entre o sangue e a linfa. Coração O coração, órgão central do aparelho circulatório, é um músculo oco, destinado a impulsionar o sangue através dos vasos. Nessa tarefa, comporta-se como uma bomba aspirante e premente, pois aspira o sangue das veias, e, depois de cheio, recalca para a frente, para as artérias, o sangue que recebeu. Com a forma aproximada de um cone, o coração está situado na cavidade torácica, entre os dois pulmões, tendo atrás de si o esôfago e a artéria aorta, como os quais forma o mediastino, espécie de repto que separa um pulmão do outro. Sua base volta-se para cima, um pouco desviada para a direita; o ápice dirige-se para baixo e para a esquerda. O tecido cardíaco é vermelho-escuro e apresenta, na superfície, zonas de gordura, que aumentam com a idade. O Coração no Aparelho Circulatório O sangue circula continuamente em um sistema tubuloso fechado que forma, em conjunto, o aparelho circulatório. Na composição deste, entram os seguintes elementos: 1.°) o coração, reservatório muscular dividido em quatro cavidades; 2.°) as artérias, canais ramificados que conduzem o sangue do coração aos outros órgãos (vasos eferentes), notáveis pela espessura de suas paredes 3.°) as veias, outro sistema ramificado, cujos canais levam o sangue dos vários órgãos ao coração (vasos aferentes), e se distinguem desde logo das artérias pela tenuidade e flacidez das paredes; 4.°) entre esses dois sistemas, o sistema capilar, conjunto de vasos muito finos, que nascem nas artérias e se lançam nas veias. Aurículas (Átrios) e ventrículos O coração está dividido em quatro cavidades, duas superiores ou aurículas, duas inferiores ou ventrículos. As aurículas, que recebem o sangue trazido pelas veias, não se comunicam entre os ventrículos, que impelem o sangue para as artérias, também não se comunicam entre si. Cada aurícula, porém, se comunica com o ventrículo do mesmo lado por um orifício denominado orifício auriculo - ventricular. No orifício do lado direito, há uma válvula de três lingüetas ou valvas, a válvula tricúspide, que, quando a ventrículo se contrai, impede a volta do sangue para a aurícula. No orifício do lado esquerdo, há, igualmente, uma válvula, com duas lingüetas, a válvula mitral, de função idêntica à da tricúspide. Ambas as válvulas possuem cordões tendinosos, presos, de um lado, nas bordas das valvas, e, de outro, no assoa-lho dos ventrículos. Por ocasião da contração ventricular, esses cordões tendinososimpedem que a lingüeta se volva para a aurícula. Orifícios do coração Examinando-se a aurícula direita vê-se que ela possui três orifícios de entrada para o sangue, e um de saída. Dos de entrada, um é o da veia cava superior, que traz ao coração o sangue que banhou a cabeça e os membros superiores; outro é o da veia, cava inferior, que traz o sangue que banhou o tronco e os membros inferiores; o terceiro é o da veia coronária, por onde se recolhe à aurícula o sangue que alimentou as paredes do próprio coração. O orifício de saída é o que comunica com o ventrículo direito, já acima referido. Guarnece-o, conforme vimos, a válvula tricúspide. O ventrículo direito do coração, além deste último orifício, por onde recebe sangue, apresenta um outro, por onde o sangue é expulso, o orifício da artéria pulmonar, munido de três válvulas sigmoides, as quais, após a contração ventrícular, impedem o retrocesso do sangue da artéria para o ventrículo. Á aurícula esquerda apresenta quatro orifícios de entrada, correspondentes às quatro veias pulmonares, que lhe trazem o sangue arterializado nos pulmões. O orifício de saída vai ter ao ventrículo esquerdo, e, como já dissemos, está provido de uma válvula, a válvula mitral. O ventrículo esquerdo, de paredes mais espessas que as do direito. (pois deve impelir o sangue para todo o organismo), apresenta, além do orifício já referido, de comunicação com a aurícula, um grande orifício de saída, o da artéria aorta, munido de três válvulas, as sigmóides aórticas, que evitam o retrocesso do sangue da artéria para o ventrículo. Estrutura do coração As paredes cardíacas são formadas de três túnicas superpostas: o miocárdio, o endocárdio e o pericárdio. O miocárdio Parte essencial do coração situada entre as duas outras túnicas, é delas a mais espessa. De tecido muscular estriado, vermelho, suas contrações automáticas permitem ao órgão cumprir a tarefa propulsora do sangue. Há um sistema de fibras musculares para as aurículas, e outro, independente, para os ventrículos. Endocárdio Membrana fina e lisa, de células endoteliais muito achatadas, dispostas numa só camada. Recobre o coração o pericárdio, saco membranoso de duas lâminas, uma externa, fibroserosa, chamada lâmina parietal, outra interna, serosa, chamada lâmina visceral. Entre as duas existe a cavidade pericárdica, apenas virtual, pois as lâminas se acham em contato uma com a outra, umedecidas pelo líquido pericárdico. Funcionamento do coração O músculo cardíaco contrai-se periodicamente, do que resulta a expulsão do sangue para as artérias. A cada contração sucede um período de repouso, de afrouxamento das paredes, em que as cavidades novamente se enchem de sangue. A contração cardíaca chama-se sístole; o período de repouso, ou afrouxamento das paredes, é a diástole. Dá-se, primeiramente, a sístole das aurículas, pela qual o conteúdo destas cavidades passa para os ventrículos; vem, em seguida, a sístole dos ventrículos, que impele o sangue para as artérias. Às duas sístoles sucede a diástole geral. Cada movimento total do coração (sístole e diástole) dura 0,8 de segundo, sendo 0,1 para a sístole auricular, 0,3 para a sístole ventricular, e o restante, 0,4, para a diástole. Trabalho do coração humano Para desempenhar-se de sua tarefa, que consiste em impulsionar, em cada sístole, uma certa massa de sangue, com determinada velocidade, o coração executa um trabalho mecânico. Faltam alguns elementos para o cálculo exato desse trabalho, mormente a quantidade exata de sangue enviado em cada sístole, dos ventrículos para as artérias. Supondo-se essa quantidade igual a 60cm3 para cada ventrículo, e a velocidade de 500 milímetros por segundo, imprimida ao sangue na aorta.
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