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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL PPGEAS Disciplina Microbiologia Ambiental Domínio Archaea e Digestão anaeróbia Profa. Katia Saavedra Hoffmann 2017 Características Classificação Importância Digestão anaeróbia CONTEÚDO Os organismos do Domínio Archaea são considerados únicos, com propriedades metabólicas extraordinárias e filogenia particular. Compreendem organismos anaeróbios sensíveis ao oxigênio, termófilos e halófilos extremos. Arquéias São organismos evolutivamente distintos daqueles pertencentes ao Domínio Bacteria em função das características de organização do genoma, composição celular e filogenia. Arquéias Alguns organismos pertencentes a este Domínio, apresentam vias metabólicas semelhantes àquelas encontradas em organismos do Domínio Bacteria. Arquéias Muitas características em comum com Eukarya Genes que codificam para replicação, transcrição, tradução. Características em comum com Bacteria Genes de metabolismo. Outros elementos são únicos a Archaea Estrutura de gene rRNA única. Capaz de realizar metanogênese. Arquéias Porém, outros apresentam vias metabólicas raras, como as arquéias metanogênicas, que através de sistemas enzimáticos únicos, produzem gás metano. Arquéias O metabolismo autotrófico é comum em muitos metanogênicos e termófilos extremos. Existem também, arquéias quimiorganotróficas que utilizam diferentes compostos orgânicos como fonte de energia para o seu crescimento. Arquéias Arquéias As espécies metanogênicas constituem um grupo especial de microrganismos com diferentes formas celulares e filogeneticamente distintas dos procariontes típicos. São microrganismos anaeróbios estritos, que vivem em potenciais de óxido-redução da ordem de -350 mW e são capazes de utilizar poucas fontes energéticas. Arquéias São classificadas no Domínio procarionte Archaea. Ausência do ácido murâmico, constituinte do peptoglicano da parede celular. Seqüências particulares do RNAr 16S as tornam filogeneticamente distintas. Arquéias Classificação taxonômica: Crenarchaeota: temperaturas extremas. Korarchaeota: hipertermófilos. Ainda não cultivados em laboratório. Arquéias Nanoarchaeota: hipertermófilas, associadas com outras arquéias do gênero Ignicoccus. Euryarchaeota: arquéias metanogênicas. Arquéias Divididas em cinco ordens: Methanobacteriales Methanococcales Methanosarcinales Methanopyrales Methanomicrobiales Arquéias metanogênicas Amplamente distribuídas em ambientes anóxicos naturais: sedimentos aquáticos profundos, pântanos, trato digestivo de ruminantes, digestores anaeróbios de tratamento de resíduos e de efluentes e aterros sanitários. Arquéias metanogênicas Via metabólica Ordem Acetoclástica Methanosarcinales (Methanosaeta, Methanosarcina) Hidrogenotrófica Methanosarcinales (Methanosarcina) Methanobacteriales Methanococcales Methanomicrobiales Methanopyrales Metilotrófica Methanosarcinales (Methanosarcina) Arquéias metanogênicas Existem 83 espécies descritas, separadas em três grupos nutricionais dentro das cinco ordens referidas. -56 espécies de hidrogenotróficas que oxidam H2 e reduzem o CO2 para formar metano, dentre as quais, 38 espécies também oxidam o ácido fórmico e metano. Arquéias metanogênicas Inclui: Methanobacteriaceae e Methanomicrobiaceae. -19 espécies utilizam compostos metilados, das quais 13 são metilotróficas obrigatórias. Arquéias metanogênicas -8 espécies utilizam o ácido acético para a formação de metano, das quais 2 são metanogênicas acetotróficas obrigatórias: Methanosaeta sp. e Methanosarcina sp. Arquéias metanogênicas Gênero Morfologia Methanobacterium Bacilos longos/filamentos Methanobrevibacter Bacilos curtos/cadeias Methanomicrobium Bacilos curtos/alguns flagelados Methanogenium Pequenos cocos irregulares Methanospirillum Filamentos móveis Methanoplanus Forma de prato Methanothermus Bacilos Methanococcus Cocos irregulares Methanosarcina Cocos grandes Methanosaeta Bacilos/filamentos Arquéias metanogênicas As arquéias metanogênicas atuam na etapa final da decomposição anaeróbia dos compostos orgânicos complexos, desempenhando importante papel na mineralização da matéria orgânica. Arquéias metanogênicas Os organismos metanogênicos possuem representantes gram-positivos e gram-negativos. Algumas arquéias metanogênicas tais como Methanosarcina, Methanobrevibacter, e Methanobacterium apresentam fluorescência sob uv (coenzima F420). Arquéias metanogênicas Morfologia: cocos, sarcinas, filamentos e bacilos de vários tamanhos. Compartilham a capacidade metabólica comum de produzir metano a partir de compostos de cadeia curta com um ou dois carbonos. Arquéias metanogênicas Os substratos utilizados pelas arquéias metanogênicas são hidrogênio e dióxido de carbono, monóxido de carbono, formiato, metanol, 2-propanol, metilaminas, dimetilsulfeto e acetato. Arquéias metanogênicas Sob o ponto de vista ecológico, o metabolismo metanogênico é dependente da presença de outros microrganismos, cuja atividade no meio anaeróbio gera precursores para a metanogênese. Arquéias metanogênicas O processo de degradação anaeróbia pode ser influenciado por uma série de fatores: -Temperatura -pH -Nutrientes -Composição de substrato Arquéias metanogênicas Digestão anaeróbia Processo biológico no qual diferentes microrganismos, na ausência de oxigênio molecular, promovem a transformação de compostos orgânicos complexos em metano e gás carbônico. Produzem quantidade significativa de metano. Pode ser usado como energía combustível limpa e como fonte de energía. Pode contribuir para o efeito estufa e aquecimento global. Pode oxidar o ferro Contribui significativamente para corrosão de tubulação de ferro. MetanogêneseArquéias metanogênicas Hidrólise Reduz material particulado e dissolvido em compostos de menor peso molecular. Exoenzimas excretadas por bactérias fermentativas (bactérias hidrolíticas). Clostridium, Micrococcus, Staphylococcus: degradam lipídeos. Bacteroides, Butyvibrio, Clostridium, Fusobacterium, Selenomonas, Streptococcus, Proteus, Peptococcus, Bacillus: degradam proteínas. Clostridium, Staphylococcus, Acetivibrio, Eubacterium: degradam carboidratos. Hidrólise Acidogênese Os compostos dissolvidos, gerados na hidrólise, são absorvidos e metabolizados pelas bactérias fermentativas acidogênicas. Excretam: ácidos graxos voláteis, álcoois, ácido láctico e compostos inorgânicos (CO2, H2, NH3, H2S, etc). Realizada por um grupo diversificado de bactérias anaeróbias obrigatórias. Algumas espécies são facultativas. Clostridium, Bacteroides, Ruminococcus, Butyribacterium, Pseudomonas, Lactobacillus. Acidogênese Acetogênese Produção de acetato, CO2 e H2. Substratos que são metabolizados pelas arquéias metanogênicas. Bactérias acetogênicas produtoras de hidrogênio obrigatórias. Produzem ácido acético CO2 e H2 a partir de propionato, butirato, álcoois, valerato, isovalerato. Esses organismos crescem em baixas pressões de hidrogênio. Acetogênese Bactérias homoacetogênicas, estritamente anaeróbias. Catalisam a formação de acetato apartir de CO2 e H2. Acetobacterium, Acetogenium, Butribacterium, Clostridium, Pelobacter. Acetogênese Metanogênese Metano é produzido pelas arquéias metanogênicas. Vias metabólicas: hidrogenotrófica e acetotrófica (ou acetoclástica). Arquéias hidrogenotróficas são autótrofas, reduzindo o CO2 a metano e usando H2 como doador de elétrons. Arquéias acetoclásticas são heterótrofas, produzindo o metano e CO2 a partir da redução do acetato (fermentação). Metanogênese Methanosaeta sp. Methanosarcina sp. Características das arquéias UASB Uso Brasil: início da década de 80. Brasil é o país que mais utiliza UASB. É líder (> 200 unidades). Outras nomenclaturas usadas no Brasil: DAFA (Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente). RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente). Reator anaeróbio de fluxo ascendente RALF (Reator Anaeróbio de Leito Fluidizado). RAFAMAL (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo). RAFAALL (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente através de Leito de Lodo). UASB Reator UASB ✓ A biomassa cresce dispersa no meio. ✓ A biomassa se aglutina formando grânulos. ✓ Fluxo de líquido ascendente. ✓ Formação de gases (CH4 e CO2). ✓ Baixa produção de lodo. ETE - UFES Reator UASB Filtro anaeróbio ✓ A biomassa cresce aderida a um meio suporte. ✓ Fluxo de líquido ascendente. ✓ O filtro trabalha afogado. ✓ A unidade é fechada. ✓ Baixa produção de lodo. Filtro Biológico Anaeróbio (FBA) São tanques de grande profundidade (4,0 a 5,0m), a profundidade é importante no sentido de reduzir a possibilidade de penetração do oxigênio produzido na superfície para as demais camadas. Carga orgânica aplicada deverá ser alta de maneira que a taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior a taxa de produção, criando condições estritamente anaeróbias. Lagoa Anaeróbia As lagoas anaeróbias removem de 50 a 60% da DBO afluente, sendo assim o efluente ainda possui altas taxas de matéria orgânica, necessitando unidades posteriores de tratamento. Lagoa Anaeróbia Lagoa anaeróbia – Padre Bernardo - GO Vantagens Vantagens no uso de UASB comparado com Lagoas de Estabilização Anaeróbia (LEA), Tanque Séptico (TS) e Filtro Anaeróbio (FA): • Maior facilidade no controle de mau odor que LEA. • Maior eficiência que TS. • Não necessita de suporte para microrganismos como os FA. Desvantagens Desvantagens no uso de UASB comparado com Lagoas de Estabilização Anaeróbia (LEA), Tanque Séptico (TS) e Filtro Anaeróbio (FA): • Grande interferência de flutuações de vazões quando comparado com LEA. • Operação mais complexa. • Geralmente o período de partida é maior. Vantagens no uso de UASB comparado com processos aeróbios convencionais Baixa produção de lodo; Baixa demanda de área; Baixo custo de implantação e operação; Baixo consumo de energia (apenas para a estação elevatória); Produção de biogás metano (combustível); Boa desidratabilidade do lodo; Reinício de operação relativamente rápido; Elevada concentração do lodo excedente. Desvantagens no uso de UASB comparado com processos aeróbios convencionais Possibilidade de exalar maus odores (H2S); Operação mais complexa; Elevado período de partida (3 a 6 meses sem inóculo); Necessidade de pós-tratamento (eficiência 65% a 75% de remoção de DBO e DQO). Tratamento biológico Bases para projeto tratamentos anaeróbios • Concentração de biomassa (SSV) • Taxa de carregamento ( KgDBO/m³ dia) • Velocidade ascensional (m/h) • Tempo de detenção da zona de decantação (h) • Alcalinidade (NaOH/dia) • Necessidade de nutrientes Fatores físicos Estado físico Líquida ST < 4 % Temperatutra Faixa Mesofílica: 30ºC a 35ºC Faixa Termofílica: 45ºC a 60ºC Grau de biodegradabilidade da matéria orgânica Nutrientes Nitrogênio Fósforo Minerais e micronutrientes orgânicos pH Metanogênicas: 6,8 a 7,2 Acidogênicas: 5,5 a 6,0 Fermentativas: 5,5 a 7,0 Fatores físicos Potencial de Oxido-redução Eh: 350 mV a 380 mV Alcalinidade Tamponamento do meio Ácidos Voláteis Abaixamento do pH do meio Fatores físicos Grau de agitação ou grau de contato Metais Pesados Fração solúvel dos metais é tóxica Precipitação na forma de sulfetos ou carbonatos Inibidores e antibióticos Cianetos Nitrogênio Amoniacal Oxigênio Sulfetos e outros compostos de enxofre Surfactantes Fatores físicos Tecnologias Simplificadas: Sistemas Anaeróbios Características dos Sistemas Anaeróbios Não há fornecimento de oxigênio (s/ aeração) Baixa produção de lodo Lodo mais concentrado e melhores características de desidratação Vantagens Menor Custo de Operação e Manutenção: • Pouca dependência de equipamentos • Menor consumo energético • Menos inconvenientes com manuseio, acondicionamento e transporte de lodo Menor Custo de Implantação: • Baixo requisito de área • Pouca ou nenhuma demanda por equipamentos p/ aeração ou desidratação Maior Simplicidade Operacional: • Pouca dependência de operadores qualificados • Fluxograma simplificado, havendo poucas unidades integrando a estação de tratamento Aplicabilidade Pequenas Comunidades Sistemas Descentralizados Grandes Centros Urbanos Alternativas de Pós-Tratamento 1- Pós-tratamento por aplicação no solo Vala de filtração, Infiltração rápida, Irrigação subsuperficial, Escoamento superficial. 2- Pós-tratamento por lagoas Lagoa de polimento, Lagoa de alta taxa de produção de algas. 3- Pós-tratamento por sistemas com biofilme Biofiltro aerado submerso, Reator aeróbio radial de leito fixo, Reator de leito granular expandido, Leito fluidizado aeróbio, Filtro biológico percolador, Filtro anaeróbio. 4- Pós-tratamento por sistemas de lodos ativados Sistema de lodos ativados convencional, Sistema de reatores sequenciais em batelada. 5- Pós-tratamento por sistemas de flotação Microaeração e flotação, Flotação por ar dissolvido. 6- Pós-tratamento por sistemas de filtração Filtração ascendente em leito de pedregulho. 7- Pós-tratamento por sistemas de desinfecção Fotorreator de radiação UV. 8- Desodorização do biogás em biofiltros Biofiltro de turfa. SISTEMAS COMBINADOS: Reator UASB + Lagoas de Polimento SISTEMAS COMBINADOS: Reator UASB + Aplicação no Solo Cinética A cinética dos processos biológicos é sempre feita a partir de experimentos com sólidos dissolvidos. Curva de crescimento Fase exponencial O substrato é variado, simples e complexo. A biomassa é heterogênea. Os produtos intermediários são variados e complexos. As condições ambientais não são homogêneas. A curva de crescimento dos microrganismos não acontece com o mesmo desenho do que em cultura pura. Divisão binária. A população está crescendo em progressão geométrica. As células se dividem em uma taxa constante Dependendo das condições do meio e das condições de incubação Tempo de geração ou tempo de duplicação Taxa de crescimento exponencial de uma cultura Definição Tg = t/n n = número de gerações Fase exponencial Os tempos de geração entre as bactérias variam de doze minutos até 24 hora ou mais. Muitas autotróficas, como as nitrificantes tem um tempo de geração mais longo. Uma cultura bacteriana pode ser mantida em crescimento exponencial por um longo período de tempo usando um sistema de cultura contínua. As condições serão mantidasas mesmas que no final da fase continua em batelada. A população cresce (formação de células) na mesma medida em que as células bacterianas são removidas do reator. A taxa de adição de novo substrato determina a taxa de crescimento das bactérias. Fase exponencial Quantificação das bactérias Microscopia direta Contagem globas de bactérias Turbidez. Medida de grande concentração de bactérias em meio líquido claro Método rápido e não destrutivo Sensibilidade > 107 celulas.mL-1 Medida de N total ou proteina Medida de atividade bioquímica Sólidos suspensos voláteis Centrifugação Gravimetria Considera todo o SSV como biomassa Expresso como mg.L-1 Quantificação das bactérias
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