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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO RELATÓRIO N°1: MEDIDA DA TENSÃO SUPERFICIAL MÉTODO DO PESO DA GOTA Alunos: Luiza Queiroz Thiago Perini Professora: Gilmene Bianco 14 de setembro de 2017. 2 1. RESUMO Vários fatores alteram as propriedades das soluções, um desses fatores é a presença de substâncias na solução que alteram as interações intermoleculares, tornando-as mais fortes ou mais fracas. O presente experimento irá averiguar o comportamento da tensão superficial através do método da gota, de diferentes soluções em concentrações diferentes de surfactante. 2. INTRODUÇÃO A tensão superficial é uma propriedade intrínseca dos líquidos, está diretamente ligada as forças de interação intermolecular, quando as forças de atração são mais pronunciadas, a tenção superficial é maior, logo quando as forças de repulsão são mais pronunciadas, a tenção superficial é menor. As moléculas no interior de um líquido são atraídas pelas outras moléculas em todas as direções igualmente, porém as moléculas que estão na interface do liquido ou da solução, são atraídas para o interior do líquido, Figura 11. No interior do líquido as forças de coesão exercem uma estabilidade ao sistema reduzindo a energia potencial das moléculas, no entanto as moléculas da superfície possuem maior energia potencial, devido ao fato de não possuírem o mesmo número de moléculas ao seu redor, o que resulta em uma contração espontânea da superfície. A tensão superficial é responsável pela formação de uma gota do líquido quando suspenso no ar, a tensão superficial confere as moléculas a forma mais compacta possível2. Além da tensão superficial, um líquido quando em contato com outro líquido não miscível exercerão um sobre a interface do outro uma tensão interfacial. Devido ao fato da tensão superficial estar diretamente relacionada com as forças intermoleculares, um líquido como a água terá suas forças intermoleculares mais pronunciadas ao adicionar um composto polar, pois a eficácia das forças de coesão aumentará. Logo se adicionarmos um composto 3 de caráter polar e apolar como um surfactante, a tensão superficial irá diminuir3. O comportamento da tensão superficial pode ser averiguada por intermédio do método da gota empregado neste experimento, onde seis soluções em diferentes concentrações de surfactantes têm suas amostras coletadas e testadas. Os surfactante também conhecido como tensoativo. Moléculas desta natureza possuem em sua estrutura uma parte polar e outra parte apolar. Devido a sua dupla polaridade, existe uma variedade de surfactantes que são classificados como4: Tensoativos aniônicos Sabões Tensoativos sulfonados Tensoativos sulfatados Tensoativos carboximetilados Tensoativos fosforados Tensoativos catiônicos Tensoativos quaternários de amônio Óxido de amina Etoxiaminas Aminas graxas etoxiladas Tensoativos catiônicos não nitrogenados Tensoativos não iônicos Etoxilação Alcoóis e alquilfenóis etoxilados Ésteres de ácidos graxos Alquilpoliglicosídeos Ésteres de anidrohexitoses cíclicas Alcanolamidas Tensoativos zwitteriônicos e anfóteros Outros tipos de tensoativos Tensoativos organo-siliconados Tensoativos poliméricos Tensoativos de origem natural (green surfactants) Dentro dessa larga variedade de surfactantes, estão contidos os xampus e condicionadores. Surfactantes como o xampu e o condicionador diferem apenas em suas cargas, o xampu é um surfactante aniônico e o condicionador um surfactante catiônico, o xampu irá interagir e solubilizar a sujeira que posteriormente será arrastada pela água, quando várias moléculas do surfactante se associam para envolver a sujeira se origina uma micela, Figura 25. O surfactante aniônico forma um complexo com a queratina do cabelo, o 4 complexo de caráter aniônico sofre repulsão dos outros complexos, dando aquela sensação de que o cabelo está crespo, o condicionador atua minimizado esses efeitos, pois sua molécula de caráter catiônico interage com as moléculas de caráter aniônico que não se complexaram com a queratina, e as retiram do cabelo, e assim o cabelo ganha aquela aparência de mais liso e sedoso. Figura 2 3. MATERIAS E REAGENTES Tabela 1. Materiais e reagentes utilizados nos procedimentos. Materiais: Reagentes: - Balões volumétricos 100mL; - Bureta 25 mL; - Erlenmeyer com tampa; - Balança analítica; - Bureta 50 mL; - Pipeta graduada 25 mL; - Solução de SDS (dodecil sulfato de sódio) estoque: 50,0 mM.; - Água destilada; 4. PROCEDIMENTO EXPERIMEMTAL Preparou – se seis diluições a partir da solução estoque de SDS (dodecil sulfato de sódio) com as seguintes concentrações: 3mM; 5mM; 8mM; 9mM; 11mM e 5 18mM. Montou-se o aparato para a determinação do peso da gota por meio da bureta com o suporte e a garra e adicionou-se na bureta primeiro a água destilada sendo então ajustada a vazão da bureta para uma gota a cada minuto. Pesou-se antes o erlenmeyer sozinho anotando a sua massa logo após esse procedimento foi recolhido dez gotas primeiro da água pura e novamente foi tomada a massa. Realizou-se o mesmo procedimento para as outras soluções de SDS que foram preparadas sempre pela solução menos concentrada para a mais concentrada. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Preparados 100 mL de cada concentrações estipulada a partir de 50 mM da solução estoque de SDS foi realizado o ajuste da vazão da bureta para o recolhimento das gotas para a água destilada sendo realizado para análise do raio da bureta antes da medida da tensão superficial a qual primeiramente pesou-se o erlenmeyer vazio e após recolher as 10 gotas. Tabela 1:Massas obtidas nas pesagem do erlenmeyer com as dez gotas de água destilada e a massa de uma gota, à 23º C. Grandeza Resultado (g) Massa do erlenmeyer 69,732 Massa (erlenmeyer + 10 gotas) 70,2446 Massa de 10 gotas 0,5126 Massa de 1 gota 0,05126 𝑚1 𝑔𝑜𝑡𝑎 = 𝑚10 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 10 (1) A massa de 1 gota de água que está na tabela acima foi obtida através da equação (1) e então é determinado o raio da bureta utilizando uma relação da massa de uma gota de água a qual é gerada com o raio de diâmetros distintos, para isso usa-se os dados da tabela 2 para determinar o raio da bureta a partir das medidas. 6 Tabela 2:Massa de uma gota de água que se desprende de tubos de diferentes diâmetros, a 20ºC. Massa da gota (g) Raio do tubo (cm) 0,046901 0,147969 0,0516 0,1644 0,054678 0,17750 Verifica-se na tabela os valores de massa que estão entre o valor obtido, que é o que está em negrito e os raios correspondentes. Para obter o raio que está em negrito é realizado um cálculo onde pega-se o maior valor de massa menos o menor dividido pelo maior valor subtraído do valor da massa de água que foi encontrada iguala e pega-se o maior raio e subtrai pelo menor e divide pela subtração do maior raio pelo raio que se quer encontrar, que seria o x, conforme foi realizado abaixo: 0,054678𝑔 − 0,046901𝑔 0,054678𝑔 − 0,05126𝑔 = 0,17750𝑐𝑚 − 0,14769𝑐𝑚 0,17750. 𝑐𝑚 − 𝑋 (2) 𝑋 = 0,1644𝑐𝑚 Após esse processo foi determinado o volume de uma gota com os dados de volume obtido na bureta ao ser recolhido as 10 gotas, utilizou-se então a equação 3 𝑉1 𝑔𝑜𝑡𝑎 = 𝑉10 𝑔𝑜𝑡𝑎 10 (3) 𝑉1 𝑔𝑜𝑡𝑎 = 0,5 𝑚𝐿 10 𝑉1 𝑔𝑜𝑡𝑎 = 0,05 𝑚𝐿 7 Conforme se vá aumentando o volume da gota, a força peso resultante dessa massa de água também aumenta, até o ponto em que a força peso da gota excede a força de atração entre as moléculas de água e a gota se destaca do conta-gotas e cai porem como é observado durante o experimento não cai uma gota com a sua quantidade exata fica uma porcentagem presa ao recipiente, no caso a bureta e por esse motivo é realizado o cálculo do f que é justamente o fator de correção para essa medida onde calcula-se a razão raio/volume 𝑟/𝑉 1 3 = 0,1644 𝑐𝑚/(0,05𝑐𝑚3) 1 3 = 0,4463 Utilizou-se o mesmo princípio para o cálculo do raio para se reajustar o valor de f para a medida que foi obtida, observou-se que o valor encontrado na tabela está entre os números (0,40 e 0,45) Tabela 3: Fator de correção 𝑓 para o método do peso da gota. r/v1/3 F 0,40 0,6828 0,4463 0,6816 0,45 0,6669 0,45 − 0,40 0,45 − 0,4463 = 0,6828 − 0,6669 0,6828 − 𝑋 (4) 𝑋 = 0,6816 ∴ 𝑓 = 0,6816 Realizados estes cálculos pode-se então encontrar a tensão superficial da água através da equação (5) 𝛾 = 𝑚𝑖 . 𝑔 2 . 𝜋 . 𝑟. 𝑓 (5) Onde: 𝛾 = tensão superficial 𝑚𝑖 = massa de uma gota 𝑟 = raio da gota 𝑔 = Aceleração da gravidade (9,8 m/s2) 8 𝑓 = fator de correção Calculou-se então a tensão superficial da água pura conforme mostrado abaixo: 𝛾 = (0,05126𝑥10−3𝑘𝑔). (9,8𝑚𝑠−2) (2𝜋)(0,1644𝑥10−2𝑚). (0,6816) 𝛾 = 71,386 𝑁. 𝑚−1 Tabela 4: Valores de tensão superficial das soluções de SDS em suas diferentes concentrações com as respectivas massas das gotas, medidas à 23°C. Concentração (mM) Massa de erlenmeyer (g) Massa de erlenmeyer +10 gotas(g) Massa de uma gota(kg x 10-3) 𝜸 (Nm-1)x10-3 3,0 59,6203 59,8990 0,02787 38,813 5,0 44,970 45,2826 0,03122 43,478 8,0 73,9759 74,1683 0,01924 26,81 9,0 66,6981 66,8829 0,01848 25,74 11,0 57,297 57,4769 0,01799 25,054 18,0 62,2093 62,389 0,01797 25,026 Nos resultados encontradas da tensão superficial com diversas concentrações da solução de SDS houve um valor discrepante quanto a linha dos outros resultados que foi o de concentração 5mM e para a plotagem do gráfico esse valor foi excluído. Possivelmente ocorreu um erro de operador onde pode ter sido pesada mais de dez gotas. O gráfico 1 foi construído a partir das medidas abaixo: Tabela 5: Valores usados para construção do gráfico 1 Concentração (mM) 𝜸 (x10-3 Nm-1) 0 71,3861 3,0 38,813 8,0 26,81 9,0 25,74 11,0 25,054 18,0 25,026 9 gráfico 1: Variação da tensão superficial da água após adição de diferentes concentrações do DSD, com indicação do valor de concentração micelar crítica (cmc), à 23°C. Com a adição dos surfactantes a tensão superficial da água tende a diminuir pois as suas moléculas tentam se arranjar de modo a minimizar a repulsão entre as caudas hidrofóbicas e a água. Os grupos polares (cabeças hidrofílicas) ficam na solução aquosa, próximo da superfície e os grupos apolares (caudas hidrofóbicas) ficam na interface água-ar, minimizando a interação com a água. Isto gera diminuição na tensão superficial da água, pois provoca um desarranjo da sua superfície. Como pode se observar no gráfico 1 essa diminuição com o aumento da concentração do Dodecil sulfato de sódio até determinado ponto que está localizado a concentração micelar crítica (CMC), que encontra-se em um valor por volta de 4 mM. Segundo a literatura esse valor deveria estar por volta de 8,0 mM indicando a ocorrência de alguns erros ocorrido durante o procedimento experimental podem estar por trás desse valor discrepante. 10 6. CONCLUSÃO Com a realização desses procedimentos conclui – se que é possível analisar a tensão superficial da água pelo método do peso da gota e a determinação da concentração micelar crítica. Se mostrou um experimento didático e de fácil realização porém como envolve uma série de medidas e cálculos serviu para reforçar as técnicas de pesagem. Foi notório a observação da relação da tensão superficial com as concentrações do tensoativo mediante aos cálculos e o gráfico corroborando com a teoria através da prática e embora a discrepância de alguns valores foi possível o comportamento das substâncias quando interagem umas com as outras. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Tensão superficial. Disponível em http://qa.ff.up.pt/fa2016/pdf/fa-t14.pdf acesso em 11/09/2017 acesso em 11/09/2017 [2] ATKINS, P. W.; JONES, Loretta. Princípios de Química; Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre. Bookman 2012, 181 p [3] Tensão superficial. Disponível em http://www.univasf.edu.br/~anibal.livramento/disciplinas/FisTeo2/QuimFisCap10 _TENSAO_SUPERFICIAL.pdf acesso em 11/09/2017 [4] Tensão superficial. Disponível em http://www.usp.br/massa/2014/qfl2453/pdf/Tensoativos-livrodeDecioDaltin- Capitulo1.pdf acesso em 11/09/2017 [5] Tensão superficial. Disponível em https://lidiaconlaquimica.wordpress.com/2015/07/03/los-glicerolipidos/ acesso em 11/09/2017
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