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Profa. Conceição Reis Que são operadores argumentativos? Elementos linguísticos que estabelecem ligações entre os segmentos do texto: orações do mesmo período, períodos, sequências textuais, parágrafos Para que servem? Os operadores argumentativos servem para orientar a sequência do discurso, ou seja, determinar os encadeamentos possíveis com outros enunciados capazes de continuá-lo (KOCH,1993, p. 104-105). Qualquer palavra pode exercer essa função? Funcionam como operadores argumentativos: preposições, advérbios, conjunções, locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas e denotadores de inclusão e de exclusão, que não se enquadram em nenhuma das dez classes gramaticais. Com que finalidade? O emprego adequado dos operadores argumentativos garante a produção de um texto coeso e coerente, especialmente nos gêneros das ordens do argumentar e do expor. Operadores mais utilizados: Adição e, também, ainda, nem etc. Somam argumentos a favor de uma mesma conclusão. Ex.: José Bernardino levantou cedo e acendeu o fogareiro para ferver um café. (José C. Pozenato, A cocanha) Finalidade a fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para que, com o objetivo de etc. Indicam uma relação de finalidade. Ex.: As palavras caíam-lhe trêmulas e a voz saía-lhe sumida, em parte porque ele forcejava em a abafar a fim de que o não ouvissem, em parte porque a comoção lhe comprimia a garganta. (Machado de Assis, A mão e a luva) consequência porque, pois, visto que, já que, em virtude de, uma vez que, devido a, por motivo de, graças a, em razão de, em decorrência de, por causa de, como, por isso que etc. Indicam uma oração subordinada denotadora de causa. Ex.: Houve quem perguntasse: bebemos porque já somos loucos ou ficamos loucos porque bebemos? (Lima Barreto, O cemitério dos vivos) Explicação porque, pois, já que etc. Introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior. Ex.: O menino parou de chorar, porque tinha brio, mas como doía seu coração! (Rubem Braga, História triste de Tuim) Oposição mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, muito embora, apesar de, não obstante, ao contrário etc. Contrapõem argumentos voltados para conclusões contrárias. Ex.: Tentou rezar, mas não conseguiu nem terminar uma Ave- Maria. (José C. Pozenato, A Cocanha) Condição caso, se, contanto que, a não ser que, a menos que, desde que etc. Indicam uma hipótese ou uma condição necessária para a realização ou não de um fato. Ex.: É inútil ir até a China se não saímos da bolha onde vivemos. (Rubem Alves, Desembarcar) Tempo quando, em pouco tempo, em muito tempo, logo que, assim que, antes que, depois que, sempre que etc. Indicam uma circunstância de tempo. Ex.: O pássaro só é encantado quando é livre. (Rubem Alves, Inspiração) Proporção à medida que, à proporção que, ao passo que, tanto quanto, tanto mais etc. Iniciam uma oração que se refere a um fato realizado ou para realizar- se simultaneamente a outro. Ex.: A razão de tal sentimento é a tristeza que vejo nos padrinhos, à medida que se aproxima o dia24. (Machado de Assis, Memorial de Aires) Conformidade conforme, para, segundo, de acordo com, como etc. Exprimem uma ideia de conformidade ou acordo em relação a um fato expresso na oração principal. Ex.: Não se deliberam sentimentos; ama- se ou aborrece-se, conforme o coração quer. (Machado de Assis, Helena) Conclusão portanto, então, assim, logo, por isso, por conseguinte, pois - posposto ao verbo -, de modo que, em vista disso etc. Introduzem uma conclusão relacionada a argumentos representados anteriormente. Ex.: Se o nosso amor, portanto, nobres damas, vos pertence, as tolices que ele gera vos pertencem também. (William Shakespeare, Trabalhos de amor perdidos) Alternância ou, ou...ou, ou então, quer...quer, seja...seja, ora...ora etc. Introduzem argumentos alternativos, levando a conclusões opostas ou diferentes. Ex.: Lutará para não perder o pouco que tem, ou lutará porque não tem nada a perder. (Rubem Braga, Cristo morto) Comparação como, mais...[do] que, menos que, tão...[tanto]...como, tão [tanto, tal]... Quanto, assim como etc. Estabelecem relação de comparação entre elementos. Ex.: Ele ia andando distraído pela rua quando, repentinamente, o conto lhe veio pronto, como a bola chega às mãos do goleiro. (Rubem Alves, pensamentos- brinquedos) Esclarecimento ou seja, quer dizer, isto é, vale dizer etc. Introduz um enunciado que esclarece o anterior. Ex.: Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) Inclusão até mesmo, até , mesmo, inclusive, também etc. Assinalam o argumento mais forte, orientando no sentido de uma determinada conclusão. Ex.: O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. (Antonie de Saint- Exupéry, O pequeno príncipe) Exclusão somente, só, apenas, senão etc. Indicam uma relação de exclusão entre duas orações. E na multidão de insetos, imagináveis e inimagináveis, só lhe interessava aquele, companheiro noturno vindo de não se sabe onde, a caminho de ignorado rumo. (Carlos Drummond de Andrade, Visitante noturno) Referência KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fagali. Leitura e produção textual: gêneros textuais, do argumentar e expor. Petrópolis: Vozes, 2011.
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