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1 RESUMO DE EPIDEMIOLOGIA Prof Me ENF Carlos Alberto Rodrigues de Oliveira Mestre em Epidemiologia-FIOCRUZ Especialista em Saúde Pública-UFPI Especialista em Saúde da Família-UFPI 1 DEFINIÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA: Estudo dos fatores que determinam a freqüência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas” Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a epidemiologia dedica-se aos problemas de saúde em grupos de pessoas, ás vezes grupos pequenos, na maioria das vezes envolvendo populações numerosas. 2 TIPOS DE EPIDEMIOLOGIA Descritiva Analítica 3 OBJETIVOS EPIDEMIOLOGIA Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humana Identificar e entender o agente causal e fatores relacionados aos agravos à saúde. Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças. Estabelecer metas e estratégias de controle. Estabelecer medidas preventivas. Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde 4 CONCEITOS IMPORTANTES Infectividade = Capacidade que certos organismos tem de penetrar e se desenvolver ou se multiplicar no novo hospedeiro causando infecção. Há agentes com alta infectividade que facilmente se transmite às pessoas susceptíveis (ex: Hanseníase, Hepatite C, Influenza) e outros com baixa infectividade ( ex: Micoses) Patogenicidade= É a capacidade que o agente infeccioso, após instalado no organismo, produzir sintomas em maior ou menor proporção entre os hospedeiros infectados Ex: Hanseníase: Baixa Patogenicidade Raiva: Alta Patogenicidade Virulência = É a capacidade de um agente infeccioso produzir casos graves ou fatais ( poder agressor do agente) Alta virulência indica grandes proporções de casos fatais ou graves Ex: Raiva, Tétano e hepatite C: Alta Virulência Imunogenicidade= (Poder imunogênico) é a capacidade de um agente produzir imunidade no hospedeiro. Agentes com alto poder imunogênico produzem imunidade duradoura ( Ex: vírus do sarampo) e outros que possuem baixo poder imunogênico ( Ex: vírus da gripe) Letalidade: Mede o risco de morrer, proporção de óbitos entre os casos que adoecem C.L= Nº de óbitos de uma doença em um período X 100 Nº de casos dessa doença nesse mesmo período 5 EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA É o estudo da distribuição de freqüência das doenças e dos agravos á saúde coletiva, em função de variáveis ligadas ao tempo, espaço – ambientais e populacionais , e à pessoa, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico, com vistas a promoção da saúde. 6 INDICADORES DE SAÚDE 6.1 ATRIBUTOS NECESSÁRIOS PARA OS INDICADORES • Validade – o grau no qual o indicador cumpre o propósito de identificação de situações nas quais as qualidades dos cuidados devem ser melhoradas. • Sensibilidade – o grau no qual o indicador é capaz de identificar todos casos de cuidados nos quais existem problemas na atual qualidade dos cuidados. • Especificidade – o grau no qual o indicador é capaz de identificar somente aqueles casos nos quais existem problemas na qualidade atual dos cuidados. • Simplicidade – quanto mais simples de buscar, calcular e analisar, maiores são as chances e oportunidades de utilização. • Objetividade – todo indicador deve ter um objetivo claro, aumentando a fidedignidade do que se busca. • Baixo custo – indicadores cujo valor financeiro é alto inviabilizam sua utilização rotineira, sendo deixados de lado. 6.2 COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL Em Saúde Pública, é utilizado para avaliação do estado Sanitário de áreas determinadas. Ë um dos indicadores mais utilizados. Problemas encontrados que afetam a comparação dos dados de mortalidade: a- Diversas competências entre os serviços de saúde; b- Subnotificação de óbitos c- Invasão de óbitos nos centros mais avançados do país; d- Estrutura etária da população . C.M.G= Total de óbitos ocorridos s em uma área no ano X10 n População da mesma área 6.3 COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL Calcula-se o coeficiente de mortalidade infantil, dividindo-se o número de óbitos de crianças menores de 1 ano, pelos nascidos vivos naquele ano em uma área, multiplicando-se por 1000. Este indicador mede o risco de morte para crianças menores de 1 ano. Categorias NEONATAL: 0 A 28 DIAS NEONATAL PRECOCE: 0 A 7 DIAS NEONATAL TARDIO: 8 A 28 DIAS PÓS-NEONATAL: 29 DIAS A 11 MESES e 29 dias Mortalidade infantil é a terminologia usada para designar todos os óbitos de crianças menores de 1 ano, ocorridos em uma determinada área em dado período de tempo. Reflete as condições de vida de uma população, dado que a população menor de 1 ano é sensível as condições ambientais, reflete também as desigualdades sociais. MORTALIDADE INFANTIL C.M.I = Óbitos em menores de 1 ano em uma área no ano X 1000 Total de nascidos vivos nessa área no ano MORTALIDADE NEONATAL C.M.N.N= Óbitos menores 28 dias em uma área no ano X 1000 Total de nascidos vivos nessa área no ano MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE C.M.N.N.P=Óbitos em menores de 7 dias em uma área no ano X 1000 Total de nascidos vivos nessa área no ano 2 MORTALIDADE NEONATAL TARDIO C.M.N.T = Número de óbitos de crianças de 7 a 27 dias X 1000 Total de nascidos vivos nessa área no ano MORTALIDADE INFANTIL PÓS-NEONATAL C.M.I.T= Óbitos de 28 dias a 11 meses em uma área no ano X 1000 Total de nascidos vivos nessa área no ano 6.4 ÍNDICES DE MORTALIDADE Índices de Swaroop & Uemura: Este índice significa a percentagem de pessoas que morreu com 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos ocorridos em uma determinada população . Quanto mais elevado o índice de Swaroop &Uemura, tanto melhores serão as condições de saúde e outras condições sociais e econômicas da região estudada. São utilizados para comparações locais (em épocas diferentes) ou inter regionais ou intercontinentais num mesmo período ISU = Número de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais X 100 Total de óbitos 7 COEFICIENTES DE MORBIDADE PREVALÊNCIA: Ë um termo que descreve a força com que subsistem as doenças nas coletividades. O coeficiente pode ser definido como a relação entre o número de casos conhecidos de uma dada doença e a população FATORES QUE AUMENTAM A PREVALÊNCIA: IMIGRAÇÕES DE CASOS AUMENTO DE CASOS NOVOS AUMENTO NA SOBREVIDA FATORES QUE DIMINUEM A PREVALÊNCIA AUMENTO DE ÓBITOS MELHORA NA CURA EMIGRAÇÕES DIMINUIÇÃO DE INCIDÊNCIA PREVALÊNCIA = Nº de casos de uma doença x 10 n População INCIDÊNCIA: O coeficiente de incidência é definido como a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo, e a população exposta ao risco de adoecer no mesmo período multiplicado por potência CI = Casos novos de uma doença em um período X 10 n População exposta ao risco OBS: A INCIDÊNCIA EM SURTOS É DENOMINADA DE TAXA DE ATAQUE (%) 8 DESENHOS DE PESQUISA EM EPIDEMIOLOGIA TIPO OPERATIVO POSIÇÃO DO INVESTIGADOR REFERÊNCIA TEMPORAL DENOMINAÇÕES AGREGADO OBSERVACIONAL TRANSVERSAL ECOLÓGICOS LONGITUDINAL SÉRIES TEMPORAIS INTERVENÇÃO LONGITUDINAL ENSAIOS COMUNITÁRIOSINDIVIDUAL OBSERVACIONAL TRANSVERSAL INQUÉRITOS LONGITUDINAL COORTE CASO CONTROLE INTERVENÇÃO LONGITUDINAL ENSAIOS CLÍNICOS ESTUDOS ECOLÓGICOS: Descreve as diferenças entre as populações num determinado espaço de tempo ou num mesmo tempo; . Compara as frequências da doença entre os diferentes grupos num determinado espaço de tempo; . Informações desejadas são retiradas de registros de dados coletados rotineiramente como fonte de dados oficiais (OMS, registros nacionais...); . São rápidos e de baixo custo, já que dispensam amostragens, entrevistas, fichas ou exames clínicos. ESTUDOS TRANVERSAIS OU DE PREVALÊNCIA Usados em saúde pública para avaliar e planejar programas de controle de doenças; . Medem a prevalência da doença; . Muito difundida em epidemiologia; . Dados coletados num determinado espaço de tempo, especifamente para a obtenção de informações desejadas de grandes populações; . São fáceis e econômicos, com duração de tempo relativamente curta. ANÁLISE: Permite a associação de causa e efeito através do teste do qui-quadrado através das da comparação entre médias ou razão de prevalência. ESTUDO DE CASO-CONTROLE O investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença/ausência do fator de exposição (causa); . Analisa os possíveis fatores associados à doença em questão; . Melhor estudo para doenças raras; . É rápido e barato. Não há como estimar risco ou incidência, estima-se a razão de chance através da Odds Ratio ESTUDO COORTE O investigador parte do fator de exposição (causa) para descrever a incidência e analisar associações entre causas e doenças; . Fornece melhores informações sobre as causas de uma doença; . Alto custo e longo período de tempo; . Pode ser dividido em Prospectivo ou Retrospectivo (pode ser confundido com Estudo de caso-controle). EX: ESTIMATIVA DIRETA DE RISCO ASSOCIADO ATRAVÉS DO RISCO RELATIVO (RR) e RISCO ATRIBUÍVEL(RA) RR= Incidência expostos/ Incidência não expostos RA= Incidência expostos – Incidência não expostos ENSAIO CLÍNICO Tem como objetivo testar a eficácia de uma intervenção terapêutica ou preventiva sobre determinada doença; . É difícil saber as causas da doença; . A randomização possibilita diminuir a variação ocorrida por fatores externos que possam afetar a comparação; . Duplamente-cega: quando investigadores e pacientes não sabem a que tipo de intervenção são submetidos; 9 MÉTODOS PARA CONTROLAR CONFUNDIMENTO ENTRE ASSOCIAÇÃO E EXPOSIÇÃO DELINEAMENTO RANDOMIZAÇÃO RESTRIÇÃO PAREAMENTO ANALÍTICA ESTRATIFICAÇÃO ANÁLISE MULTIVARIADA 10 TESTES DIAGNÓSTICOS 3 Sensibilidade (S): é a probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença, isto é, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela está presente. Especificidade (E): é probabilidade de um teste dar negativo na ausência dadoença, isto é, avalia a capacidade do teste afastar a doença quando ela estáausente. Valor preditivo positivo (VPP): é a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença. Valor preditivo negativo (VPN):é a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste negativo não ter a doença. 11 CÁLCULO PARA EFICÁCIA DE VACINAS EFICÁCIA= Incidência não vacinados – Incidência vacinadosx100 Incidência de não-vacinados 12 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Alguns agravos á saúde são de notificação compulsória, ou seja, devem ser obrigatoriamente comunicado ás autoridades sanitárias, o quanto antes. Essas doenças são estabelecidas a partir de critérios como incidência, a prevalência, a mortalidade, o potencial de gerar surtos e epidemias, a disponibilidade de medidas de controle. A fim de organizar as ações de Vigilância Epidemiológica, o Ministério da Saúde estabeleceu normas relativas à notificação compulsória das doenças, cujos objetivos são: Possibilitar a descoberta de casos novos para desencadear as medidas de controle Permitir o planejamento das ações de saúde, a partir das prioridades Qualquer pessoa pode notificar uma DNC Doenças de Notificação Compulsória PORTARIA N.º 2.472, DE 31 DE AGOSTO DE 2010, são de notificação compulsória em todo o território nacional as seguintes doenças: Lista de Notificação Compulsória - LNC 1. Acidentes por animais peçonhentos; 2. Atendimento antirrrábico; 3. Botulismo; 4. Carbúnculo ou Antraz; 5. Cólera; 6. Coqueluche; 7. Dengue; 8. Difteria; 9. Doença de Creutzfeldt - Jacob; 10. Doença Meningocócica e outras Meningites; 11. Doenças de Chagas Aguda; 12. Esquistossomose; 13. Eventos Adversos Pós-Vacinação; 14. Febre Amarela; 15. Febre do Nilo Ocidental; 16. Febre Maculosa; 17. Febre Tifóide; 18. Hanseníase; 19. Hantavirose; 20. Hepatites Virais; 21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical; 22. Influenza humana por novo subtipo; 23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); 24. Leishmaniose Tegumentar Americana; 25. Leishmaniose Visceral; 26. Leptospirose; 27. Malária; 28. Paralisia Flácida Aguda; 29. Peste; 30. Poliomielite; 31. Raiva Humana; 32. Rubéola; 33. Sarampo; 34. Sífilis Adquirida; 35. Sífilis Congênita; 36. Sífilis em Gestante; 37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS; 38. Síndrome da Rubéola Congênita; 39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino; 40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 41. Tétano; 42. Tuberculose; 43. Tularemia; e 44. Varíola. LISTA NACIONAL DE COMPULSÓRIA IMEDIATA – LNCI I. Caso suspeito ou confirmado de: 1. Botulismo; 2. Carbúnculo ou Antraz; 3. Cólera; 4. Dengue pelo sorotipo DENV 4; 5. Doença de Chagas Aguda; 6. Doença conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território nacional que não constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint Louis, Ilhéus, Mormo, Encefalites Eqüinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chickungunya, Encefalite Japonesa, entre outras; AGRAVO INUSITADO: A ocorrência de agravo inusitado, caracterizado como a ocorrência de casos ou óbitos de doença de origem desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de constar na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória, deverá também ser notificada às autoridades sanitárias. NOTIFICAÇÃO IMEDIATA Os agravos de notificação imediata, devem ser notificados em, no máximo, 24 horas a partir do momento da suspeita inicial. A notificação imediata não substitui a necessidade de registro posterior das notificações em conformidade com o fluxo, a periodicidade e os instrumentos utilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN. 13 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE DEFINIÇÃO: A Organização Mundial da Saúde define Sistema de Informação em Saúde -SIS como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Considera-se que a transformação de um dado em informação exige, além da análise, a divulgação, e inclusive recomendações para a ação. O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, integra suas estruturas organizacionais e contribui para sua missão. É 4 constituído por vários sub-sistemas e tem como propósito geral facilitar a formulação e avaliaçãodas políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões. Para tanto, deve contar com os requisitos técnicos e profissionais necessários ao planejamento, coordenação e supervisão das atividades relativas à coleta, registro, processamento, análise, apresentação e difusão de dados e geração de informações. Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sistema Único de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da situação de saúde no nível local tomando como referencial microrregiões homogêneas e considerando, necessariamente, as condições de vida da população na determinação do processo saúde- doença. O nível local tem, então, responsabilidade não apenas com a alimentação do sistema de informação em saúde, mas também com sua organização e gestão. Deste modo, outro aspecto de particular importância é a concepção do sistema de informação, que deve ser hierarquizado e cujo fluxo ascendente dos dados ocorra de modo inversamente proporcional à agregação geográfica, ou seja, no nível local faz-se necessário dispor, para as análises epidemiológicas, de maior número de variáveis. Dado - é definido como “um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria- prima da produção de informação”. Informação - é entendida como “o conhecimento obtido a partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da análise e combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada a um referencial explicativo sistemático”. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi desenvolvido entre 1990 e 1993, visando sanar as dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) e substituí-lo, tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no país. Ficha Individual de Notificação (FIN) - é preenchida para cada paciente, quando da suspeita de problema de saúde de notificação compulsória (Portaria GM nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003) ou de interesse nacional, estadual ou municipal, e encaminhada pelas unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilância epidemiológica. É também utilizada para a notificação negativa. Notificação negativa - é a notificação da não-ocorrência de doenças de notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos. A notificação de surtos também deve ser feita por esse instrumento, obedecendo os seguintes critérios: • casos epidemiologicamente vinculados de agravos inusitados. Sua notificação deve estar consoante com a abordagem sindrômica, de acordo com as seguintes categorias: síndrome diarréica aguda, síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica febril aguda, síndrome respiratória aguda, síndrome neurológica aguda e síndrome da insuficiência renal aguda, dentre outras; • casos agregados, constituindo uma situação epidêmica de doenças não constantes da lista de notificação compulsória; • casos agregados das doenças constantes da lista de notificação compulsória, mas cujo volume de notificações operacionalmente inviabiliza o seu registro individualizado. O encerramento das investigações referentes aos casos notificados como suspeitos e/ou confirmados deve ocorrer até o prazo máximo de 60 dias da data de notificação, exceto: Sarampo e rubéola 30 dias da data de notificação Gestante HIV+ e criança exposta 540 dias da data do parto/nascimento da criança exposta Leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral 180 dias da data de notificação Síndrome da rubéola congênita 180 dias da data de nascimento da criança Hepatites virais 240 dias da data de notificação Hanseníase A partir da data do diagnóstico, 270 dias para os casos paucibacilares (PB) e 540 dias para os casos multibacilares (MB) Para os casos que abandonam o tratamento: PB - 2 anos após a data do diagnóstico MB - 4 anos após a data do diagnóstico Tuberculose 270 dias para os casos em tratamento de esquema I e IR 360 dias para os casos em tratamento de esquema II e 50 dias para os casos em tratamento de esquema III, após a data do diagnóstico, conforme normas do Manual Técnico para Controle da Tuberculose SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE (SIM) Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentralização em 1991, dispondo de dados informatizados a partir de 1979. Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e distribuição para os estados, em séries pré- numeradas, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Para os municípios, a distribuição fica a cargo das secretarias estaduais de saúde, devendo as secretarias municipais se responsabilizarem por seu controle e distribuição entre os profissionais médicos e instituições que a utilizem, bem como pelo recolhimento das primeiras vias em hospitais e cartórios. O preenchimento da DO deve ser realizado exclusivamente por médicos, exceto em locais onde não existam, situação na qual poderá ser preenchida por oficiais de Cartórios de Registro Civil, assinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de seu preenchimento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal n° 6.015/73. Em tese, nenhum sepultamento deveria ocorrer sem prévia emissão da DO. Mas, na prática, sabe-se da ocorrência de sepultamentos irregulares, em cemitérios clandestinos (e eventualmente mesmo em cemitérios oficiais), o que afeta o conhecimento do real perfil de mortalidade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Uma vez preenchida a DO, quando se tratar de óbitos por causas naturais, ocorridos em estabelecimento de saúde, a primeira via (branca) será da secretaria municipal de saúde (SMS); a segunda (amarela) será entregue aos familiares do falecido, para registro em Cartório de Registro Civil e emissão da Certidão de Óbito (ficando retida no cartório); a terceira (rosa) ficará arquivada no prontuário do falecido. 5 Nos óbitos de causas naturais ocorridos fora do estabelecimento de saúde, mas com assistência médica, o médico que fornecer a DO deverá levar a primeira e terceira vias para a SMS, entregando a segunda para os familiares do falecido. Nos casos de óbitos de causas naturais, sem assistência médica, em locais que disponham de Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), estes serão responsáveis pela emissão da DO, obedecendo o mesmo fluxo dos hospitais. Em lugares onde não exista SVO, um médico da localidade deverá preencher a DO obedecendo o fluxo anteriormente referido para óbitos ocorridos fora do estabelecimento de saúde, com assistência médica. Nos óbitos por causas naturais em localidades sem médicos, o responsável pelo falecido, acompanhado de duas testemunhas, comparecerá ao Cartório de Registro Civil onde será preenchida a DO. A segunda via deste documento ficará retida no cartório e a primeira e terceira vias serão recolhidas pela secretaria municipal de saúde. Nos óbitos por causas acidentais ou violentas, o médico legista do Instituto Médico-Legal (IML) deverá preencher a DO (nos locais onde não exista IML um perito é designado para tal finalidade), seguindo-se o mesmo fluxo adotado para os hospitais. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC) O número de nascidos vivos constitui relevante informação para o campo da saúde pública, pois possibilita a constituição de indicadores voltadospara a avaliação de riscos à saúde do segmento materno-infantil, a exemplo dos coeficientes de mortalidade infantil e materna, nos quais representa o denominador. O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a exemplo da DO, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Tanto a emissão da DN como o seu registro em cartório serão realizados no município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida nos hospitais e outras instituições de saúde que realizam parto, e nos Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas, quando o nascimento ocorre em domicílio sem assistência de profissional de saúde. Desde 1992 sua implantação ocorre de forma gradual. Atualmente, vem apresentando em muitos municípios um volume maior de registros do que o publicado nos anuários do IBGE, com base nos dados dos Cartórios de Registro Civil. A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país, o que, segundo conceito definido pela OMS, corresponde a “todo produto da concepção que, independentemente do tempo de gestação ou peso ao nascer, depois de expulso ou extraído do corpo da mãe, respire ou apresente outro sinal de vida tal como batimento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a placenta”. Nos partos ocorridos em estabelecimentos de saúde, a primeira via (branca) da DN preenchida será para a SMS; a segunda (amarela) deverá ser entregue ao responsável pela criança, para a obtenção da Certidão de Nascimento no Cartório de Registro Civil, onde ficará retida; a terceira (rosa) será arquivada no prontuário da puérpera. Para os partos domiciliares com assistência médica, a primeira via deverá ser enviada para a SMS e a segunda e terceira vias entregues ao responsável, que utilizará a segunda via para registro do nascimento em cartório e a terceira para apresentação em unidade de saúde onde realizar a primeira consulta da criança. Nos partos domiciliares sem assistência médica, a DN será preenchida no Cartório de Registro Civil, que reterá a primeira via, a ser recolhida pela SMS, e a segunda, para seus arquivos. A terceira via será entregue ao responsável, que a destinará à unidade de saúde do primeiro atendimento da criança. SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES (SIH/SUS) O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde 1984, não foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósito de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais contratados pelo Ministério da Previdência. Posteriormente, foi estendido aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino e aos hospitais públicos municipais, estaduais e federais. Nesse último caso, somente aos da administração indireta e de outros ministérios. Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos hospitalares realizados no país, tratando-se, portanto, de grande fonte das enfermidades que requerem internação, importante para o conhecimento da situação de saúde e gestão de serviços. Ressalte-se sua gradativa incorporação à rotina de análise e informações de alguns órgãos de vigilância epidemiológica de estados e municípios. Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados a partir de uma série numérica única definida anualmente em portaria ministerial. Este formulário contém, entre outros, os dados de atendimento, com os diagnósticos de internamento e alta (codificados de acordo com a CID), informações relativas às características de pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das internações, procedimentos realizados, valores pagos e dados cadastrais das unidades de saúde, que permitem sua utilização para fins epidemiológicos. SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS DO SUS (SIA/SUS) Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em todo o território nacional como instrumento de ordenação do pagamento dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando aos gestores apenas a informação do gasto por natureza jurídica do prestador. O total de consultas e exames realizados era fornecido por outro sistema, de finalidade puramente estatística, cujo documento de entrada de dados era o Boletim de Serviços Produzidos (BSP) e o único produto resultante, a publicação Inamps em Dados. Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas a um melhor controle e consistência de dados, o SIA/SUS pouco mudou desde sua implantação. Por obedecer à lógica de pagamento por procedimento, não registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacientes e não pode ser utilizado como informação epidemiológica, ou seja, seus dados não permitem delinear os perfis de morbidade da população, a não ser pela inferência a partir dos serviços utilizados. Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais, outros indicadores operacionais podem ser importantes como complemento das análises epidemiológicas, por exemplo: número de consultas médicas por habitante/ano; número de consultas médicas por consultório; número de exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas médicas. A depender das necessidades dos programas de controle de algumas doenças, outros sistemas de informação complementares foram desenvolvidos pelo Cenepi, tais como o FAD (Sistema de informação da febre amarela e dengue), que registra dados de infestação pelo Aedes aegypti, a nível municipal, e outros dados operacionais do programa. 6 Outros sistemas de informação que também podem ser úteis à vigilância epidemiológica, embora restritos a uma área de atuação muito específica, quer por não terem uma abrangência nacional ou por não serem utilizados em todos os níveis de gestão, são: SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA (SIAB) Sistema de informação territorializado que coleta dados que possibilitam a construção de indicadores populacionais referentes a áreas de abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde e Programa Saúde da Família. Sua base de dados possui três blocos: o cadastramento familiar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de saneamento básico dos domicílios); o acompanhamento de grupos de risco (menores de dois anos, gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas com tuberculose e pessoas com hanseníase); e o registro de atividades, procedimentos e notificações (produção e cobertura de ações e serviços básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações). Os níveis de agregação do SIAB são: microárea de atuação do agente comunitário de saúde (território onde residem cerca de 750 PESSOAS), área de abrangência da equipe de Saúde da Família (território onde residem aproximadamente mil famílias), segmento, zonas urbana e rural, município, estado, regiões e país. Assim, o Sistema possibilita a microlocalização de problemas de saúde como, por exemplo, a identificação de áreas com baixas coberturas vacinais ou altas taxas de prevalência de doenças (como tuberculose e hipertensão), permitindo a espacialização das necessidades e respostas sociais e constituindo-se em importante ferramenta para o planejamento e avaliação das ações de vigilância da saúde. SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SISVAN) Instrumento de políticas federais, focalizadas e compensatórias. Atualmente, encontra-se implantado em aproximadamente 1.600 municípios considerados de risco para a mortalidade infantil. Disponibiliza informações sobre o programa de recuperação de crianças desnutridas e gestantes sob risco nutricional. SISTEMADE INFORMAÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (SI-PNI) Implantado em todos os municípios brasileiros, fornece dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa de abandono e controle do envio de boletins de imunização. Além do módulo de avaliação do PNI, este Sistema dispõe de um subsistema de estoque e distribuição de imunobiológicos para fins gerenciais. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO (SISÁGUA) Fornece informações sobre a qualidade da água para consumo humano, proveniente dos sistemas público e privado, e soluções alternativas de abastecimento. Objetiva coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente, de forma a produzir informações necessárias à prática da vigilância da qualidade da água de consumo humano (avaliação da problemática da qualidade da água e definição de estratégias para prevenir e controlar os processos de sua deterioração e transmissão de enfermidades) por parte das secretarias municipais e estaduais de saúde, em cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério da Saúde.
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