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Caderno ENADE 2017 - Jurisdição Constitucional

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Aluno: Eduardo de Sá e Sousa
Matrícula: 201104024942
Caderno ENADE
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
QUESTÃO 1
Para que o processo de impeachment comece, é preciso que cidadãos se manifestem, elaborando um pedido contra o Presidente e o apresentando à Câmara dos Deputados. Ao longo do segundo mandato de Dilma, a Câmara recebeu mai s de 30 pedidos de impeachment. Em Setembro de 2015, foi a vez de três juristas (Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr. E Hélio Bicudo) entregarem àquela casa um pedido de impeachment contra a Presidente. Seria o único a ser aceito pelo então presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha. Seguindo o que é previsto na lei, a Câmara se mobilizou para formar a comissão especial que analisaria o pedido aceito por Cunha – tudo ainda no mês de Dezembro de 2015. Chegou a haver uma eleição entre chapas de situação e de oposição. A de oposição venceu, em votação secreta. Mas a decisão foi logo anulada pelo Supremo Tribunal Federal, no dia 17 de Dezembro. Os motivos: I) Uma chapa avulsa, não indicada pelos líderes partidários, concorreu; II)A votação foi secreta , o que era irregular. O procedimento correto seria promover uma votação aberta. Com base no texto responda de forma fundamentada.
Ao analisar os atos internos do Poder Legislativo, o STF estaria violando o Principio da separação dos poderes estabelecidos no art. 2º, da CRFB/88 ?
R: Não. Trata-se de uma análise puramente preventiva, não podendo adentrar ao mérito da decisão.
Indique qual a ação utilizada para levar a questão á Suprema corte, bem como seus fundamentos jurídicos.
R: Mandado de Segurança.
QUESTÃO 2
Recentemente, a então Presidente Dilma Rousseff nomeou Luiz Ignácio Lula da Silva para o cargo de Ministro chefe da Casa Civil. Diante da ausência de interlocução com o Congresso Nacional, o executivo necessita de negociações políticas com o Legislativo. A nomeação foi questionada no Supremo Tribunal Federal, sendo decidido liminarmente pelo relator Ministro Gilmar Mendes.
“Em sua decisão, Mendes colheu esse argumento: “Uma explicação plausível para o documento objeto da conversa é que foi produzido um termo de posse, assinado de forma antecipada pela Presidente da República, com a finalidade de comprovar fato não verídico – que Luiz Inácio Lula da Silva já ocupava o cargo de Ministro de Estado. “O “objetivo da falsidade é claro: impedir o cumprimento de ordem de prisão de juiz de primeira instância” escreveu o ministro”.
Diante da situação problema, responda de forma fundamentada na doutrina e na jurisprudência:
Poderia ter sido apresentada uma ação Direta de Inconstitucionalidade para questionar o ato da nomeação?
Não. É um ato administrativo de natureza concreta. Só pode constituir ADI atos primários e de efeitos abstratos.
Em sede de ADI é possível concessão de cautelar? Quais seriam os efeitos?
Sim, a medida cautelar, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
QUESTÃO 3
Em 2008, após a descoberta de petróleo na camada pré-sal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil havia tirado “um bilhete premiado” ao achar novas reservas. Com a perspectiva do país tornar-se um grande produtor de combustíveis e aumentar as riquezas proveniente do petróleo, Lula defendeu que os recursos fossem empregados em benefício de todos os brasileiros, sendo investidos em educação como “ passaporte para o futuro”. Ele encaminhou um projeto de mudanças ao Congresso, que previa mudar a distribuição dos royalties e da participação especial entre União, estados e municípios, deixando mais justa a divisão de recursos entre áreas produtoras, financiando o desenvolvimento de todos os estados e municípios do país. O que muda na divisão? Hoje, a parte dos royalties destinada a estados e municípios sem extração é de 7% e 1,75%, respectivamente. Em 2013, segundo a nova lei, tanto estados como municípios passariam a receber 21%. Em 2020, a parcela aumentaria PA 27% do total arrecadado pela União. Estados produtores de petróleo, que hoje recebem 26% do dinheiro, teriam a fatia reduzida para 20% em 2013. Os municípios com extração passariam dos atuais 26,25% para 15%, em 2013, chegando a 4%, em 2020. A participação especial, atualmente dividida entre União (50%), Estado produtor (40%) e município produtor (10%), passariam a incluir estados e municípios onde não existe extração. Em 2013, tanto estados como municípios receberiam 10%. Em 2020, 15%. A nova Lei reduz a parcela atual de 40% destinadas a estados produtores para 32%, em 2013, e para 20%, em 2020. Após a aprovação da Lei, os governadores do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, além da mesa da assembléia Legislativa do Rio de Janeiro ajuizaram, logo no primeiro dia, ações diretas de inconstitucionalidade, questionando o teor da nova divisão aprovada. Diante do exposto, responda de forma fundamentada na doutrina e na jurisprudência:
Todos os autores são legitimados a propositura das referidas ações?
Sim, todos são legitimados especiais, no entanto eles deverão demonstrar a pertinência temática.
O STF poderia reuni-las para um único julgamento?
Sim, pelo Princípio da Economia Processual e Instrumentalidade das Formas.
Poderiam ter sido ajuizadas ADCs, no lugar da ADIs?
Não, as ADCs devem ser manejadas para confirmar a constitucionalidade de uma lei, no caso em tela, há inconstitucionalidade.
Questão 4
O Estado do Rio de Janeiro encontra-se em grave crise financeira. Assim, o governador Pezão não pagou os servidores do executivo como também não realizou o repasse ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Indignado, o presidente do Tribunal manifestou-se publicamente informando que não será possível exercer as atividades jurisdicionais. Diante disso, a Associação dos Serventuários da Justiça – RJ se manifestou em repúdio ao ato, informando à categoria que ajuizaria uma ADPF contra o ato do governador do Estado, de reter a verba destinada ao salário dos serventuários. 
Diante da situação problema acima descrita, responda de forma fundamentada na doutrina e na jurisprudência:
Seria possível a Associação ajuizar a ADPF?
Caso o PGR resolvesse ajuizar alguma ação em abstrato, qual seria? Quais as conseqüências da 
Questão 5
O juiz Sérgio Moro condenou Sérgio Cabral a 14 anos pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Inconformado com a condenação, a defesa resolveu interpor recurso de apelação, alegando, em síntese, que o ex governador não realizou nenhum desvio de dinheiro público uma vez que as finanças do estado estavam em uma situação muito melhor quando saiu do que a encontrada na chegada. Ademais, insurge-se contra a lei de lavagem de dinheiro, destacando estar em descompasso com a constituição Federal de 1988.
Diante da situação narrada, responda fundamentadamente, de acordo com a doutrina e a jurisprudência:
Como o relator deverá proceder para o julgamento desta apelação?
O relator deverá direcionar a pauta ao órgão fracionário para apreciação da inconstitucionalidade.
Qual a dinâmica de julgamento desta apelação no Tribunal?
O órgão especial analisará apenas a inconstitucionalidade depois devolve os autos aos órgãos fracionários.
Seria possível a aplicação da decisão da corte, em sede de apelação aos demais réus da operação Lava Jato?
Não, pois a decisão é de controle diverso pela via Difusa.
Questão 6
Em decisão do dia 09 de Junho de 2017, o TSE absolveu a chapa Dilma –Temer das acusações da acusação de abuso do poder econômico.
O principal argumento da rede é que , em 2014, o STF decidiu por unanimidade pela validade de um artigo da Lei das ineligibilidades que permite o Juiz considerar fatos públicos e notórios, mesmo que não tenham sido alegados pelas partes na ação inicial.
A rede entendeu, então, que a maioria dos ministros do TSE contrariou a decisão do STF ao retirar provas da Odebrecht do caso.
A rede ajuizou uma reclamação no STF, questionando o julgamento da corte especializada. Considerando que o partido novo e o DEMentenderam que a ação adequada não seria a reclamação, mas sim uma ação direita de inconstitucionalidade, uma vez que a decisão do TSE afronta a constituição federal em clausula pétrea, qual seja, a escolha democrática direta para o chefe do executivo e seu substituto natural.
Diante do exposto, responda fundamentadamente, com base na doutrina e na jurisprudência: 
A possibilidade de cada um dos partidos ajuizarem a ação intentada.
O objeto de uma ADI se restringe a atos primários entretanto a decisão judicial não pode ser objeto de ADI, porque é uma decisão de efeito concreto.
A possibilidade de questionar a decisão de Tribunal superior pela via da ADI.
Idem a letra “A”
Questão 7: 
A advocacia- geral da união (AGU) defende, no Supremo Tribunal Federal (STF), o direito dos remanescentes das comunidades quilombolas à propriedade definitiva das terras onde vivem. A pauta é uma das grandes questões constitucionais que podem ser julgadas no segundo semestre deste ano.
A constitucionalidade de Decreto nº 4.887/03, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, é questionada pelo partido da frente liberal (PFL, atual Democratas/DEM).
Na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), o partido alega que um decreto não pode regulamentar a constituição, mas apenas leis ordinárias. Para a AGU, nem sequer haveria necessidade de lei, ante a clareza do artigo 68 do ato das disposições constitucionais transitórias (ADCT). A opção pela modalidade do decreto visa permitir ao Estado dar cumprimento imediato ao mandamento constitucional.
O decreto também cumpre o estabelecido nos artigos 215 e 216 da constituição Federal , que estabelece garantia do exercício dos direitos culturais e a proteção do patrimônio cultural. Com relação às criticas de que o decreto validou a auto declaração como meio de prova, estabelecendo uma nova modalidade de expropriação, a AGU alega que a convenção 169 da organização internacional do trabalho, ratificada pelo Brasil pelo decreto 5051/2004, estabeleceu tal possibilidade para legitimação das áreas ocupadas por povos indígenas e tribais.
Diante do texto apresentado acima, analise a possibilidade de participação do AGU nas ações diretas de inconstitucionalidade.
R: Em regra o AGU terá representação participatória, quando houver conflito de interesses com a União.
Advogado-Geral da União deverá sempre se posicionar pela manutenção da norma impugnada. Contudo, o STF admite que Advogado-Geral não é obrigado a sempre defender uma lei tida por inconstitucional. Segundo a Suprema Corte, caso exista jurisprudência pacífica acerca da inconstitucionalidade argüida, não há sentido exigir do Advogado da União a defesa de lei manifestamente contrária à Carta Magna. Há outro caso em que o Advogado-Geral não está obrigado a defender o ato impugnado. É a situação em que se questiona a constitucionalidade de lei contrária aos interesses da União. De fato, nessa hipótese, cabe-lhe o dever de proteger o interesse federal, mesmo que isso implique na abdicação da função de defensor legis.
Questão 8: 
Após mais de oito horas de sessão, a comissão de assuntos econômicos (CAE) do senado aprovou nesta terça-feira (6), por 14 votos a 11, o relatório de Ricardo Ferraço ( PSDB-ES) sobre a reforma trabalhista, favorável ao projeto.
Com a aprovação, o texto segue para analise das comissões de assuntos sociais (CAS) e de constituição e justiça (CCJ) do senado antes de ir a votação do plenário.
A sessão desta terça da CAE se alongou porque senadores contrários ao relatório do Ferraço apresentaram três versões alternativas, nas quais sugeriam a rejeição da reforma ou mudanças no projeto aprovado pela Câmara em abril. Essas versões sequer foram analisadas. 
Entre outras regras , a reforma trabalhista prevê:
JORNADA PARCIAL- Poderão ser parceladas em até três vezes. Nenhum dos períodos pode ser inferior a cinco dias corridos e um deles deve ser maior que 14 dias (as férias não poderão começar dois dias antes de feriados ou no fim de semana);(...)
GRÁVIDAS E LACTANTES – Poderão trabalhar em locais insalubres de graus “mínimo” e “médio”, desde que apresentem atestado médico. Em caso de grau máximo de insalubridade, o trabalho não será permitido;(...)
Diante da reforma acima descrita, João Silvêncio, Presidente do sindicato dos bancários, procura você, advogado, com os questionamentos a seguir: 
A reforma proposta está de acordo com a Constituição ou contém algum vicio? Se contiver, indique o vicio eventualmente encontrado.
Inconstitucionalidade material
Poderia, caso haja inconstitucionalidade, questionar junto ao judiciário neste momento?
Sim, Mandado de Segurança.
 Caso seja aprovado, esta reforma poderá ser questionada junto ao STF? Qual seria a ação cabível? 
Sim, ação cabível ADI.
O controle difuso nos tribunais: análise da reserva de plenário (art. 97 da CF)
1. A cláusula da reserva de plenário. Na estrutura judiciária brasileira, os tribunais, em regra, são divididos em órgãos fracionários menores, denominados “seções”, “câmaras” ou “turmas”. Ao julgar uma causa  originária ou recursal,  o órgão fracionário menor não pode, mesmo entendendo que uma lei viola a constituição,  declará-la inconstitucional e seguir no julgamento do feito. Nos termos do art. 97 da Constituição, somente o plenário ou a corte especial do tribunal (órgãos fracionários maiores), pelo voto da maioria absoluta de seus membros, pode declarar inconstitucional lei ou ato normativo. Trata-se da “cláusula da reserva de plenário”.
2. O incidente de inconstitucionalidade. Tecnicamente, a declaração de inconstitucionalidade de norma pelos tribunais, no controle difuso, deve se dar por meio do incidente de inconstitucionalidade. O procedimento desse incidente é regido pelos artigos 480 a 482 do Código de Processo Civil:
a) Em qualquer tribunal, o incidente pode ser suscitado pelas partes, pelo Ministério Público e pelos próprios membros da turma ou câmara.
b) Diante da questão constitucional suscitada, órgão fracionário menor deve decidir se admite ou não o incidente, verificando se a argüição de inconstitucionalidade reveste-se de plausibilidade. Se o incidente é infundado, por ser a lei constitucional, segue-se no julgamento da causa, aplicando-se o direito à espécie. Se for reconhecido que a argüição de inconstitucionalidade é plausível, o órgão francionário menor lavrará acórdão  admitindo o incidente e encaminhará o tema para a apreciação do órgão fracionário maior.
c) No âmbito do Plenário ou Corte Especial, será apreciada, mediante voto da maioria absoluta dos membros do colegiado, a compatibilidade da norma em face do ordenamento constitucional (art. 481 do CPC). Em face da decisão do órgão fracionário maior acerca da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma não cabe recurso extraordinário ou (Súmula 513 do STF).
d) Após o julgamento do incidente, o órgão fracionário menor voltará a examinar a causa, sendo obrigado a seguir o entendimento fixado pelo pleno ou pelo órgão especial, no sentido da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma. Da decisão da câmara ou turma que completa o julgamento da causa cabe recurso extraordinário, devendo a parte sucumbente juntar ao recurso a cópia da decisão do incidente.
3. Exceções à reserva de Plenário. Em algumas situações, o órgão fracionário menor poderá exercer atividades típicas da jurisdição constitucional, emitindo juízos sobre a compatibilidade ou não de uma lei em face da constituição, independentemente de remessa do tema ao plenário do Tribunal. Vejamos:
a) Normas anteriores à constituição: nesse caso, o órgão fracionário  menor declarará que a lei ou ato normativo foram revogados ou não recepcionados pela nova ordem constitucional.
b) Interpretação conforme a constituição: nessa situação, há o reconhecimento de que a lei é constitucional, desde que interpretada em certo sentido que a compatibilizecom a Carta Magna.
c) Existência de pronunciamento do plenário ou da corte especial do tribunal, bem como do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 481, parágrafo único, do CPC).
 4. Súmula vinculante nº 10. Acerca do sentido do art. 97 da Constituição, foi editada pelo STF a súmula vinculante nº10, segundo a qual “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.”
Em muitos casos, certas regras legais são plenamente aplicáveis a um caso concreto; porém, certas turmas ou câmaras de tribunais deixam de aplicá-las e fazem incidir diretamente um comando constitucional. Como bem ressaltou o Ministro Eros Grau em recente julgado “afastar a aplicação de um ato normativo equivale a declarar sua inconstitucionalidade, devendo, pois, ser observado o preceito da reserva de plenário [CB/88, artigo 97]”. [2] No leading case que embasa a súmula, o STF deixou claro que “reputa-se declaratório de inconstitucionalidade o acórdão que – embora sem o explicitar – afasta a incidência da norma ordinária pertinente à lide para decidi-la sob critérios diversos alegadamente extraídos da Constituição.”[3]

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