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CURSO DE TURISMO2

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CURSO DE TURISMO
O LEGADO DA COPA DO MUNDO DE 2014 EM FORTALEZA-CE
Artigo apresentado ao Curso de Turismo do Centro Universitário Estácio, Unidade Ceara, para obtenção de nota na disciplina Pesquisa Aplicada ao Turismo. 
Orientadora:Prof.Ms. Aline Rocha Pitombeira de Norões
FORTALEZA – CE
2017
RESUMO
Com a inclusão da cidade de Fortaleza como uma das sedes da copa do mundo de futebol em 2014 foram prometidas melhorias para a cidade quanto à mobilidade urbana, geração de emprego e renda, além de novos equipamentos culturais para o benefício tanto da população local como dos turistas. Esta pesquisa foi realizada para verificar os impactos e o legado deixado pelo evento na cidade de Fortaleza. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica através da consulta à literatura disponível sobre o tema, estudos, relatórios, pesquisas, monografias e artigos científicos, além de uma pesquisa de campo realizada através de entrevistas semiestruturadas com moradores impactados pelas obras para a Copa. Os resultados demostraram que as obras efetivamente realizadas na cidade de Fortaleza ficaram muito aquém do planejamento elaborado pelo Governo do Estado do Ceará, porém é inegável o impacto do evento sobre a economia local.
Palavras-chave: Fortaleza. Copa do Mundo de 2014. Impactos. Legado.
ABSTRACT
With the inclusion of the city of Fortaleza as one of the venues of the football world cup in 2014, the city was promised improvements in terms of urban mobility, employment and income generation, as well as new cultural equipment for the benefit of both the local population and Tourists. This research was carried out to verify the impacts and legacy left by the event in the city of Fortaleza. The methodology used was the bibliographical research through the consultation of available literature on the subject, studies, reports, research, monographs and scientific articles, as well as a field research conducted through semi-structured interviews with residents impacted by the works for the World Cup. The results showed that the works actually carried out in the city of Fortaleza fell far short of the planning elaborated by the Government of the State of Ceará, but the impact of the event on the local economy is undeniable.
Keywords: Fortaleza. 2014 World Cup. Impacts. Legacy.
1	INTRODUÇÃO
A Copa do Mundo de Futebol é um megaevento esportivo que reúne dezenas de times de todas as partes do mundo, inclusive as principais seleções do “ranking” da FédérationInternationale de Football Association (FIFA), instituição internacional que dirige o esporte coletivo mais popular do mundo. Cada partida disputada em uma Copa do Mundo de Futebol atrai dezenas de milhares de torcedores.
No Brasil, a Copa do Mundo de 2014 teve ao todo 64 partidas realizadas. Somadas todas as partidas realizadas no Brasil, mais de três milhões de pessoas foram aos estádios, uma média de 53.591 por jogo, segundo a Fifa em 2014e foi acompanhada por centenas de milhões, ou mesmo bilhões de pessoas, através da televisão, internet ou rádio (somente a final da Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi vista por mais de um bilhão de pessoas, segundo dados divulgados pela FIFA em 2014).
O legado de um evento desta natureza para o país que o sedia e especialmente para as cidades escolhidas para serem palcos dos jogos abrange não só o esporte, mas também a economia, pois pode acarretar o desenvolvimento do município, notadamente quanto à infraestrutura, aprimorando a qualidade de vida da população local, uma vez que os jogos afetam diversas áreas como o transporte e segurança e contribuem para incrementar o mercado de trabalho. 
A justificativa para a realização deste trabalho, reside na possibilidade de compreender diferentes aspectos de um evento de tamanha magnitude, notadamente quanto aos aspectos econômicos e sociais em Fortaleza. 
A problemática que suscitou a realização deste estudo está relacionada à herança deixada por megaeventos esportivos nos países em que são realizados e que não raras vezes fica muito aquém do planejado, limitando-se à construção de obras faraônicas, verdadeiros “elefantes brancos” que se transformam em sumidouro de recursos públicos após a finalização do evento. Esta pesquisa portanto visa responder a seguinte pergunta: Quais os impactos positivos e negativos e o legado deixado pela Copa do Mundo na Cidade de Fortaleza-Ce?
Como objetivo geral deste artigo, procurou-se analisar os impactos positivos e negativos, assim como o legado deixado pela Copa na cidade de Fortaleza. Como objetivos específicos pode-se citar: identificar os motivos que levaram à escolha do Brasil e a cidade de Fortaleza como uma das 12 sedes da copa do mundo de 2014, identificar as obras de mobilidade urbana que foram prometidas para o torneio em Fortaleza e apresentar dados estatísticos referentes a economia e geração de emprego com o evento na cidade de Fortaleza.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica através da consulta à literatura disponível sobre o tema, estudos, relatórios, pesquisas, monografias e artigos científicos, além de uma pesquisa qualitativa realizada através de entrevistas semiestruturadas com moradores impactados pelas obras da Copa. 
Este artigo científico está estruturado em cinco seções. A primeira refere-se a introdução na qual foram apresentados a História da Copa do Mundo, A problemática da pesquisa, O objetivo geral e os específicos e por fim a justificativa para a realização da pesquisa. A segunda seção trata do referencial teórico abordando as origens e evolução do turismo, a história e conceitos do turismo, e logo após o turismo de eventos esportivos. A terceira etapa deste artigo foi abordada a metodologia da pesquisa.
Logo após, na quarta seção abordamos os resultados e discussões, e no quinto e último tópico as considerações finais, concluindo assim este artigo científico.
2	REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Origens e evolução do Turismo
O homem ao longo dos anos se desloca por diversos motivos como lazer, estudo, negócios, relações familiares, cultura. O homem ao viajar sai do seu ambiente e afazeres corriqueiros, adquirindo assim novas experiências de vida. 
Conforme Boehm e Pereira (2006), o vocábulo “turismo” tem origem no termo inglês “tourism”, por seu turno oriundo do francês “tour” e faz alusão ao hábito da aristocracia britânica, muito em voga no século XIX, de realizar um “faireun tour” (em tradução livre “dar uma volta”), isto é, viajar pelo continente europeu a lazer ou para estudar.
“OTurismo é um fenômeno socioeconômico caracterizado pelo deslocamento temporário e voluntário de indivíduos que, por motivação intima relacionada a inúmeros fatores, deixam o local de residênciahabituale migram para outra localidade, acarretando interações culturais, sociais, econômicas e ecológicas”. (MOTA, 2007)
Montejano (2001) através da sua obra “Estrutura do mercado turístico”, afirma que nos primórdios da humanidade a viagem estava associada à busca de alimentos para a mera subsistência. Posteriormente foi impulsionada pelos desejos de expansão territorial e conquista de novos mercados. Já na Grécia Antiga centros de acolhimento foram criados para abrigar os viajantes que se deslocavam por prazer ou a negócios. Séculos mais tarde, na Idade Média, as Cruzadas patrocinadas pela Igreja Católica para promover a libertação da chamada Terra Santa levaram a um intenso movimento de soldados, peregrinos e mercadores pela Europa e pelo Oriente. 
Segundo TOSQUI (2007, p.3):
O conceito de turismo como entendemos atualmente surgiu com a modernidade, após a Revolução Industrial. As mudanças nas relações sociais nessa época deram início ao capitalismo organizado, que possibilitou às classes trabalhadoras conquistas como salário, mais tempo livre e acesso a diversas formas de diversão e lazer. A burguesia buscava imitar a aristocracia e, nessa época, o turismo ganhou poder simbólico e culturalde status social. Foi nesse período que surgiram as primeiras viagens, organizadas pelo inglês Thomas Cook, que deram origem ao turismo moderno.
Entretanto, a atividade turística, nos moldes que apresenta atualmente, somente intensificou-se no século XX, com o desenvolvimento dos meios de transporte, da engenharia e da arquitetura.O setor hoteleiro evoluiu e se profissionalizou a partir da utilização de novas tecnologias que garantiram mais comodidade aos hóspedes. Além disso, a expansão do crédito estimulou a compra de pacotes de viagens, desenvolvendo o setor. 
De acordo com Barreto (1995), após a segunda mundial o turismo passou a ser visto como uma válvula de escape à rotina desgastante e ao estresse gerado pelo trabalho nos grandes centros urbanos, de modo que as pessoas passaram a viajar como forma de “recarregar as baterias”, descansar e desfrutar de momentos de lazer e entretenimento totalmente dissociado de qualquer conotação laboral. 
Nos anos 1980 surgiu o “turismo de convivência”, com a criação de clubes, colônias de férias e resorts, além dos descomunais transatlânticos, para estimular a convivência entre as pessoas. (TOSQUI, p.5)Já nos anos 90 desenvolveu-se o “turismo de consumo”, estimulado pela mídia, que transformou virtualmente tudo em produto turístico: o sol, o mar, a favela, a comida, etc. (TOSQUI, 2007, p.5). 
A partir do século XXI a estrutura turística passou a ser utilizada para diversas finalidades: lazer, negócios, tratamentos de saúde, eventos, dentre outros, levando a um novo nível o desenvolvimento do setor. 
2.2 Eventos – História e Conceitos
Giacaglia (2003, p.3) afirma que o ser humano, com o intuito de ampliar seus relacionamentos em família, no trabalho, na escola e no lazer, cria e participa de reuniões chamadas de eventos.
Desta forma, pode-se afirmar que evento tem como característica principal propiciar uma ocasião extraordinária ao encontro de pessoas, com finalidade específica, a qual constitui o “tema” principal do evento e justifica a sua realização” (GIACAGLIA, 2003, p.3).
A autora cita os mais variados tipos de eventos e suas finalidades como batizados, noivados, casamentos, que ocorrem durante a vida das pessoas. Há também os eventos de âmbito maior, pois dizem respeito à vida em comunidades de diferentes culturas como os dias dedicados a Deus, a santos, ou a entidades pagãs. Eventos como “halloween”, entre os povos que sofreram a influência dos celtas, as festas juninas e os carnavais. Há as competições esportivas esporádicas ou periódicas como rodeios, campeonatos, torneios, e em maior escala as Olimpíadas e a Copa do Mundo.
Inicialmente conhecido como Festival Olímpico, os jogos olímpicos, eram em sua origem, um evento religioso, embora, depois, esse princípio tenha se desvirtuado (FARIAS, 2016 p.11).
Tradicionalmente, afirma-se que sua primeira edição teria se dado em 776 A.C, passando a acontecer de quatro em quatro anos em Olímpia, numa homenagem a Zeus (FARIAS, 2006, p.11).
	
2.2.2 Turismo de Eventos Esportivos
Nas últimas décadaso turismo de eventos esportivos tem crescido em todo o mundo, inclusive no Brasil. BESEN E NETO (2005, p.2) afirmam que:
Os eventos esportivos são considerados turísticos quando os praticantes e os espectadores não são residentes no local de realização das atividades. Ao longo da história, observa-se que os grandes eventos esportivos promovem benefícios à localidade não somente durante o período de sua realização, acabam transformando definitivamente o local, tais como os Jogos Olímpicos de Barcelona e Sidney
Segundo o portal Brasil (2009), a idéia de criar um campeonato mundial de futebol, surgiu em 1904, ano em que foi fundadaa Federação Internacional do Futebol (FIFA), mas só foi concretizada em 1930, quando o Uruguai sediou a primeira Copa do Mundo.
O país foi escolhido por possuir então o título olímpico no futebol e por celebrar, naquele ano, seus 100 anos de independência. A decisão de realizar a primeira Copa do Mundo no Uruguai desagradou a dirigentes e jogadores europeus, que enfrentavam dificuldades por conta da crise econômica que se seguiu à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 (PORTAL BRASIL, 2009).
Uma viagem longa, cansativa e custosa, cruzando o Oceano Atlântico, era a última das preocupações que muitos gostariam ter, e isso significava a possibilidade de viajar sem os melhores jogadores (PORTAL BRASIL, 2009).
Como resultado, das 13 seleções participantes (convidadas a entrar no torneio, já que não passaram por eliminatórias) apenas quatro européias - França, Romênia, Bélgica e Iuguslávia. As outras nove equipes eram do continente americano: Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Bolívia, México e Estados Unidos (PORTAL BRASIL, 2009).
No dia 30 de julho de 1930, Uruguai e Argentina disputaram a primeira final de Copa do Mundo, no estádio Centenário, construído para o torneio mundial. O país-sede derrotou a Argentina por 4 a 2, de virada. Para que a população pudesse comemorar, no dia seguinte o governo decretou feriado nacional. O Brasil ficou em sexto lugar na competição (PORTAL BRASIL, 2009).
A primeira edição da Copa das Confederações não tinha o formato atual. Com apenas quatro equipes, o torneio foi realizado na Arábia Saudita em 1992, sob o nome de Copa Rei Fahd. A Arábia ainda sediaria as edições de 1995 e 1997. Somente em 1999 a Copa das Confederações foi disputada em outro país, no México (PORTAL DA COPA, 2014).
O Portal da Copa afirma que, as edições seguintes passaram a ser disputadas um ano antes da Copa do Mundo, sempre no país que receberia o Mundial. Foi assim em 2001 no Japão e na Coréia do Sul, em 2005 na Alemanha, em 2009 na África do Sul e em 2013 no Brasil. A exceção foi 2003, quando houve uma edição na França. O Brasil é o maior vencedor, com quatro títulos (1997, 2005, 2009 e 2013), seguido pela seleção francesa (2001 e 2003). Argentina (1992), Dinamarca (1995) e México (1999) têm um título cada.
Desde suas primeiras edições na Era Moderna,em 1986, em Atenas, até Londres, em 2012, os Jogos Olímpicos cresceram ao ponto de se transformarem no maior evento do planeto e único capaz de reunir delegações de mais de 200 países em uma mesma cidade. Para se ter uma idéia da força dos jogos na atualidade, nem mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) consegue agregar tantas nações. (PORTAL BRASIL, 2016).
Reza a mitologia que os Jogos nasceram pelas mãos do grande Hércules, ainda na Era Antiga, por volta de 2.500 A.C, para homenagear seu pai, Zeus. Hércules teria plantado a oliveira de onde eram colhidas as folhas para emoldurar a coroa a ser usada por quem triunfasse nas competições. O termo “olímpico”, entretanto, só surgiria cerca de dois mil anos depois. (PORTAL BRASIL, 2016).
Os primeiros registros históricos das Olimpíadas datam de 776 A.C., época em que os vencedores começaram a ter seus nomes registrados. Foi nesse período que o termo “Olimpíadas” surgiu, após Iftos, rei de Ilia, aliar-se ao monarca de Esparta, Licurgo, e ao rei de Pissa, Clístenes. A aliança foi selada no templo de Hera, localizado no santuário de Olímpia. Vem daí o nome “Olimpíadas”. (PORTAL BRASIL, 2016).
Conforme Ishy (1998), os Jogos Olímpicos de 1992 realizados em Barcelona revigoraram a cidade, relançando-a no cenário social, político e econômico da Europa. Como consequência até hoje a cidade espanhola é considerada um dos mais importantes portões de entrada do continente europeu. Assim como no Brasil para a Copa do Mundo muitas intervenções foram realizadas em Barcelona: o aeroporto da cidade foi ampliado, o Estádio Olímpico foi restaurado, ocorreu a revitalização da zona portuária, assim como a construção de centros comerciais e culturais, o que favoreceu o incremento das visitas de turistas vindos de todo o mundo. 
O mesmo se deu em Sidney, na Austrália, em 2000, com a realização daquela que ficou conhecida como a “Olimpíada Verde”, onde a Vila Olímpica se tornou o maior projeto habitacional do mundo a utilizar energia solar. A cidade tambémfoi beneficiada com a redução dos índices de desemprego (BESEN e NETO, 2005).
Para Tenan (2002), eventos esportivos como Olimpíadas ou Copas do Mundo possuem um caráter de integração global e por promoverem a paz entre os povos são verdadeiros catalisadores de fluxos turísticos significativos, o que contribui para tornar as cidades que os sediam mundialmente conhecidas. 
3	METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica através da consulta à literatura disponível sobre o tema, estudos, relatórios, pesquisas, monografias e artigos científicos, além de uma pesquisa qualitativa realizada através de entrevistas semiestruturadas com funcionários da Secretaria de Turismo do Município e moradores impactados pelas obras para a Copa. 
Segundo Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica. 
A metodologia é interessada pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa e não deve ser confundida com os procedimentos (métodos e técnicas) ou com o conteúdo (teoria). Assim, a metodologia vai além da descrição dos procedimentos (métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa), indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo. 
No entanto, embora não sejam a mesma coisa, teoria e método são dois termos inseparáveis, “devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema, um objeto, ou um problema de investigação” (MINAYO, 2007, p. 44).
Minayo (2007, p. 44) define metodologia:
(...) a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do pensamento” que o tema ou o objeto de investigação requer; b) como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação; c) e como a “criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas.
De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007) a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser realizada independente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.
 Fonseca (2002, p.32) caracteriza a pesquisa bibliográfica:
 A partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porémpesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta 
Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58).
Conforme Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Para Trivinos (1987, p.146) a entrevista semiestruturada:
Têm como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Complementa o autor, afirmando que a entrevista semi-estruturada “[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]” além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987, p. 152).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 A escolha do Brasil e de Fortaleza como sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014
De acordo com Sato (2009), a escolha do país para sediar a Copa do Mundo ocorre até seis anos antes de sua realização. A autor esclarece que desde os anos 90 do século passado a Federação Internacional de Futebol (FIFA) optou por realizar um rodizio entre as confederações integrantes (Confederação Asiática de Futebol - AFC, Confederação Africana de Futebol - CAF, Confederationof North, Central American andCaribbeanAssociation Football - CONCACAF, Union ofEuropean Football Associations - UEFA, Oceania Football Confederation e Confederação Sul-americana de Futebol – CONMEBOL, por esta razão a Copa de 2010 foi na África do Sul, a de 2014 no Brasil e a Copa de 2018 será na Rússia. 
Para que um país sedie uma Copa do Mundo, a FIFA exige que ele possua pelo menos 12 campos de futebol, com capacidade mínima para 40 mil pessoas. O estádio da final deve ter pelo menos 80 mil lugares (a regra passa a valer para 2018, até então, a exigência era de 60 mil assentos). Também é importante que exista capacidade de transmitir o evento para as TVs de todo o mundo, tecnologia para suportar o grande volume de troca de informações (por internet e telefone), infraestrutura de transportes e acomodação. Para ter certeza de que o país atende às exigências, fiscais da FIFA visitam os candidatos. Depois, há uma eleição entre os membros da comissão da federação. Se o país conseguir mais de 50% dos votos, é escolhido para receber a Copa (SATO, 2009, p. 1). 
Ainda conforme Sato (2009), a escolha do Brasil como sede iniciou-se ainda em 2003, quando a FIFA decidiu que um país da Confederação Sul-americana teria o privilégio de realizar o evento. Inicialmente foram indicados Colômbia, Argentina e Brasil, porém em 2006 o Brasil tornou-se candidato único precisando, contudo, atender a diversas exigências e submeter-se à fiscalização da FIFA. 
Em 2007 o Brasil foi anunciado oficialmente como anfitrião da Copa do Mundo de Futebol de 2014.
A partir daí uma acirrada competição entre cidades que se colocavam para abrigar os jogos da copa se deu e de 18 candidaturas, foram escolhidas doze. As cidades que concorreram e foram escolhidas como sede foram: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Já as que participaram e não foram selecionadas foram: Belém (PA), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Maceió (AL) e Rio Branco (AC). (ROGÉRIO; VASCONCELOS, 2014)
(Rogério; Vasconcelos, 2014) afirmam ainde que em comparação a última sede da Copa, África do Sul 2010, o Brasil tinha a vantagem de abrigar campeonatos regulares e possuir uma relativa infraestrutura de acesso. No entanto, segundo a FIFA, nenhum dos estádios, nem mesmo o maior do mundo em área construída, o Maracanã, atendia as especificações da entidade para abrigar jogos de uma copa de acordo com as atuais exigências de segurança e estrutura do evento. 
Mais adiante os autores afirmam que entre algumas destas exigências estava, por exemplo, a necessidade de todos os assentos serem cobertos, apresentarem estrutura de saída de emergência, ou ainda, plano de segurança e de acesso, dentre outros. Neste sentido, todas as candidaturas das cidades-sede apresentaramum detalhado plano de como atender aos critérios da FIFA quanto à mobilidade, segurança e infraestrutura. Em alguns casos, ao invés de aproveitar a estrutura de estádios já construídos, os governos estaduais, municipais e federal optaram por erguer toda uma nova construção para abrigar os jogos, como foi o caso de cidades como Recife e São Paulo, sob a alegação de que sairia mais barato do que reformar estádios, acessos e entorno já construídos.
Fortaleza se lançou como uma das candidatas, a partir de toda uma intensa estratégia de marketing formulada tendo, entre outros argumentos, a proximidade com continentes como a Europa e a África e a facilidade de acesso a visitantes destas regiões, além da adoção de medidas de responsabilidade ambiental na organização do evento como diferenciais competitivos. Desta forma, a Cidade é confirmada como uma das sedes da Copa de 2014 com o anúncio oficial da FIFA em 31 de maio de 2009(ROGÉRIO; VASCONCELOS, 2014).
Toda a concepção da candidatura da capital cearense se baseou na busca pela consolidação de uma imagem de cidade receptiva, ressaltando qualidades como a hospitalidade do povo e as belezas naturais do litoral cearense e, como marca, conseguiu caracterizar a cidade como uma das sedes de destaque do Mundial, recebendo além dos jogos da Copa do Mundo, e especificamente dois da seleção brasileira, jogos da Copa das Confederações (também com partidas do time do Brasil) em 2013 (ROGÉRIO; VASCONCELOS, 2014).
 Dois anos mais tarde da confirmação do país sede ocorrida em 2007, foram anunciadas as cidades sedes dos jogos: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá.
Fortaleza foi a primeira cidade sede a entregar seu estádio pronto, fato este ocorrido em dezembro de 2012.
4.3 Economia e geração de emprego com o evento em Fortaleza
A Copa do Mundo de Futebol de 2014 durou exatamente 32 (trinta e dois dias). Durante este período a cidade de Fortaleza recebeu dez de legações de equipes de futebol (Brasil, México, Uruguai, Costa Rica, Alemanha, Gana, Grécia, Costa do Marfim, Holanda e Colômbia). Um total de 679.842.935 (seiscentos e setenta e nove milhões, oitocentos e quarenta e dois mil, novecentos e trinta e cinco) telespectadores em todo o mundo acompanharam os seis jogos disputados na Arena Castelão (Diário do Nordeste, 2015). Aproximadamente R$ 1.300.000.000 (um bilhão e trezentos milhões) foi injetado na economia cearense no período, valor correspondente a 173% do que foi investido no mesmo período de 2013 (Diario do Nordeste, 2015). 
	 Segundo dados da Secretaria de Turismo do Ceará (2014), fortaleza recebeu durante o mês de junho de 2014 cento e sessenta e nove mil trezentos e vinte cinco turistas internacionais (169.325), ocorrendo assim um aumento de 646,68% , em relação a junho de 2013 e ainda um total de cento e noventa e quatro mil cento e dezessete turistas nacionais (194.117), em junho de 2014, um aumento de 9,03% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda a SETUR –CE informa que houve um total de trezentos e sessenta e três mil quatrocentos e quarenta e dois turistas no estado do Ceará (363.442), ocorrendo assim um crescimento de 81,07% em relação a junho de 2013. Desta forma o fluxo internacional representou 68,90% de toda demanda de 2013, que foi de 245.760 (SETUR-CE, 2014).
O gasto per capita total de turistas internacionais foi de R$ 3.221,08, enquanto o turista doméstico teve um total de R$ 2.144,26, desta forma o fluxo internacional teve gastos superiores a 50,22% em relação a demanda nacional.
Os principais mercados emissores internacionais para o Ceará em ordem decrescente foram o México, Alemanha, EUA, Holanda, Itália, Portugal, França e Suiça. Já no mercado doméstico os principais mercados emissores de turistas para o estado foram São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão.
Houve uma arrecadação tributária de ISS de 47,89 milhões de reais em junho de 2014, enquanto em junho do mês anterior houve uma arrecadação de 42,70 milhões de reais.
Em relação aos empregos gerados houve um crescimento de 81,60% nos postos de trabalho em 2014, em relação a todo o ano de 2013., sendo que garçons e auxiliares de cozinha foram as profissões mais requisitadas. Realizaram-se 7.635 (sete mil, seiscentos e trinta e cinco) voos domésticos, totalizando 685.054 (seiscentos e oitenta e cinco mil e cinquenta e quatro) passageiros e 41 (quarenta e um) voos internacionais, totalizando 32.805 (trinta e dois mil, oitocentos e cinco) passageiros (SETUR-CE, 2014). 
3.2 Preparativos para a Copa do Mundo em Fortaleza-CE
Em 2011 o Governo do Estado do Ceará divulgou o planejamento das obras preparatórias para a Copa do Mundo da FIFA previstas para serem realizadas em Fortaleza, destacando a melhoria da mobilidade urbana da cidade. As obras projetadas na malha viária da capital cearense tinham por objetivo melhorar o fluxo do trânsito e ofertar novas opções de transporte para os munícipes e visitantes. Dentre as intervenções estavam previstas a construção de duas estações do metrô:
Com um investimento total de R$ 1.740.235.201, a linha que ligará a Pacatuba ao Centro de Fortaleza terá 20 estações e 24 km de extensão em via dupla, sendo 18 km de superfície, 3,8 km subterrâneo e 2,2 km em elevado. Ao todo, serão transportadas pela Linha Sul do Metrô de Fortaleza cerca de 350 mil pessoas por dia na primeira etapa, com a integração plena com outros modais. A projeção é que em 2014 sejam beneficiados 675 mil passageiros (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2011, p. 11).
Também se planejou a construção do Ramal ParangabaMucuripe, uma importante linha para promover a ligação entre o setor hoteleiro da orla marítima de Fortaleza e o Centro da Capital, a partir de sua integração com a Linha Sul, a ser operado com veículos leves sobre trilhos (VLT), totalizando uma conexão ferroviária de 12,7 quilômetros.
O Ramal passará por 22 bairros da cidade e beneficiará 90 mil passageiros/dia. A criação do VLT em Fortaleza favorecerá a dinâmica no transporte sob vários aspectos. Ele ligará a região hoteleira à Parangaba, atendendo às diretrizes do Governo Federal, ao passar por porto, aeroporto, rodoviária e estádio. Além disso, o VLT fará integração com o sistema de transporte público, o que o deixa em consonância com o Plano Diretor. Para se ter ideia da importância do VLT, basta analisar os números que caracterizam a área por onde ele passará (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2011, p. 11).
No total previa-se que 62,14% das empresas instaladas em Fortaleza, 62,58% dos empregos gerados e 81% dos hotéis da Capital seriam contemplados pelo Veículo Leve sobre Trilhos, com um investimento total de R$ 265,5 milhões.
3.3 Impactos efetivos da copa do Mundo de 2014 na Cidade de Fortaleza-CE
No dia 14 de junho de 2014, a cidade de Fortaleza tornou-se o centro das atenções mundiais, quando o grandioso estádio Arena Castelão(ver figura 1), especialmente reformado para este fim, sediou a partida entre as seleções do Uruguai e da Costa Rica. 
Figura 1 – Arena Castelão.
Fonte: ABIH-CE (2015).
O castelão foi o único empreendimento entregue no prazo (o entorno só ficou pronto às vésperas dos jogos) e também o primeiro estádio concluído para a Copa do Mundo. Números do Novo Castelão:
 Assentos 100% cobertos; 
 100% de visibilidade em todos os setores; 
 Amplo restaurante com visão para o campo de jogo; 
 Padrões internacionais de segurança e conforto; 
 Novos acessos, com grande praça de eventos; 
 Projeto elaborado de acordo com todas as normas de acessibilidade;
 Área total construída: 165.000m2;
 Capacidade bruta: 67.037 espectadores;
 Capacidade líquida: 63.503 espectadores;
 Área de Hospitalidade: 5.600 espectadores;
 Camarotes: 52 camarotes;
 VIP+ VVIP: 769 espectadores;
 Imprensa: 2.765 jornalistas;
 Banheiros: 85;
 Quiosquesde alimentação: 46;
 Restaurantes: 3;
 Estacionamento: 1.900;
 Estacionamento ônibus: 87 vagas;
 Museu do futebol: 1.500m2;
 Área da cobertura do público: 55.000m2;
 Área da praça elevada de público: 57.000m2;
 Acessos ao podium do estádio: 6;
 Acessos ao estádio: 19;
 Tempo máximo de evacuação: 8 minutos;
 Área de imprensa dentro do estádio: 4.800m2;
 Área temporária de imprensa: 6.000m2;
 Hospitalidade dentro do estádio: 6.800m2;
 Área de tendas temporárias de hospitalidade: 40.000m2 (CEARA, 2011, p. 9)
Além do Estádio Castelão, contudo, para se chegar de forma exitosa ao momento de maior exposição da capital alencarina em toda a sua história, foi necessária uma série de outras intervenções. O quadro 1 apresenta algumas desta intervenções.
Quadro 1- Intervenções realizadas na cidade de Fortaleza para receber a Copa do Mundo de 2014.
	Obra
	Intervenção
	Infraestrutura Aeroportuária
	O novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Pinto Martins,prometido para antes da Copa do Mundo, ainda não foi concluído. 
	BRT Alberto Craveiro
	A reestruturação da Av. Alberto Craveiro, principal via de acesso ao Castelão, para a implantação de um corredor exclusivo de ônibus foi aprimeira obra de mobilidade construída.
	BRT Paulino Rocha
	A via foi totalmente reformada para receber o corredor expresso de ônibus Parangaba/Papicu. Sua conclusão também às vésperas do início do evento. 
	BRT Silas Munguba
	Esta via também é um trecho do corredor Parangaba / Papicu, porém apenas 10% das obras foram realizadas antes da Copa do Mundo. 
	Veículo Leve sobre Trilhos
	Somente 50% das obras do VLT foram concluídas até o início da Copa do Mundo. Constantes atrasos motivaram a rescisão do contrato com a empresa vencedora da licitação. O principal obstacaaculo, entretanto, é a dificuldade em remover as famílias que moram em suas proximidades. Até hoje não está completamente operacional. 
Fonte: adaptado de Diário do Nordeste (2015).
A Copa do Mundo de Futebol de 2014 durou exatamente 32 (trinta e dois dias). Durante este período a cidade de Fortaleza recebeu dez de legações de equipes de futebol (Brasil, México, Uruguai, Costa Rica, Alemanha, Gana, Grécia, Costa do Marfim, Holanda e Colômbia). Um total de 679.842.935 (seiscentos e setenta e nove milhões, oitocentos e quarenta e dois mil, novecentos e trinta e cinco) telespectadores em todo o mundo acompanharam os seis jogos disputados na Arena Castelão. Aproximadamente R$ 1.300.000.000 (um bilhão e trezentos milhões) foi injetado na economia cearense no período, valor correspondente a 173% do que foi investido no mesmo período de 2013 (DN, 2015). 
Durante a Copa do Mundo de 2014 o comercio em Fortaleza aumentou, de modo geral, 2,78%. Foram gerados durante o torneio 1.046 (mil e quarenta e seis) novos postos de trabalho, o que corresponde a um aumento de 81% se comparado com o mesmo período do ano anterior, sendo que garçons e auxiliares de cozinha foram as profissões mais requisitadas. Realizaram-se 7.635 (sete mil, seiscentos e trinta e cinco) voos domésticos, totalizando 685.054 (seiscentos e oitenta e cinco mil e cinquenta e quatro) passageiros e 41 (quarenta e um) voos internacionais, totalizando 32.805 (trinta e dois mil, oitocentos e cinco) passageiros (DN, 2015). 
Mais de 360.000(trezentos e sessenta mil) turistas visitaram o Ceará durante a realização do evento: 194.000 (cento e noventa e quatro mil) turistas brasileiros e 169.000 (cento e sessenta e nove) mil turistas estrangeiros, número 81% superior ao mesmo período de 2013 (considerando-se somente o número de turistas estrangeiros o quantitativo foi 646% superior). Cada turista brasileiro gastou em média R$ 2.100,00 (dois mil e cem reais) na economia cearense, enquanto os estrangeiros gastaram em média R$ 3.200,00 (três mil e duzentos reais). A permanência de cada turista na terra do sol foi de aproximadamente 6 (seis) dias. Dentre os estrangeiros 88,9% visitaram o pais pela primeira vez. Dentre os brasileiros 59,8% visitaram o Ceará pela primeira vez (DN, 2015). No total Fortaleza recebeu voos de 46 (quarenta e seis) diferentes destinos durante a Copa.
3.4 Entrevistas e depoimentos
Segundo o coordenador de destinos e produtos turísticos do Ceará, José Valdo Mesquita “hoje é visível a melhoria na mobilidade urbana em Fortaleza pois antes a cidade era parada nos horários de pico, mas agora apresenta uma boa trafegabilidade, além da melhoria de sinalização urbana e turística”. Ele relatou que o Ceará foi o estado que entregou primeiro as obras realizadas no estádio, e diz que o VLT, por causa da aproximação da copa, infelizmente não foi concluído. José Valdo afirma: “O Ceará teve um fortalecimento nos lucros em mais de 52 setores da economia que estão relacionadas ao turismo. O setor têxtil teve grande movimentação por causa da grande quantidade de material produzido para a copa como bandeiras e camisas de seleções. Outro setor que teve um forte benefício foi o comercial com o aumento do número de vendas de televisores de alta definição”. O coordenador ainda ressaltou que houve um aumento nas oportunidades de cursos de qualificação, fazendo com que as pessoas buscassem capacitação no setor de Turismo. Afirmou também que um aspecto negativo foi o fato de que alguns comerciantes de gastronomia, localizados em pontos mais distantes da área litorânea de Fortaleza tiveram suas vendas reduzidas, visto que a concentração dos turistas se deu na região praiana da cidade.
Segundo Renato Pequeno, arquiteto e urbanista, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), em entrevista ao Jornal Diário do Nordeste (edição de 13.07.2014) em relação à infraestrutura não houve um desenvolvimento ideal, pois deveria haver justiça social e melhoria da qualidade de vida, fatos que não ocorreram. Segundo o especialista as obras foram necessários devido a necessidade de um plano de mobilidade urbana, mas o impacto negativo foi a falta de investimentos em outras áreas mais importantes. Renato Pequeno afirmou: “Fez-se opção por um evento em detrimento de outras necessidades" O arquiteto afirmou que o legado só beneficiará os proprietários de imóveis próximos as áreas onde as obras foram realizadas: “os estudos demonstram a valorização imobiliária do entorno do Castelão e que a implantação do VLT tende a valorizar algumas áreas, assim como atrair novos investimentos. A Parangaba é um bom exemplo". O professor afirmou que o que era para trazer mais mobilidade, pode trazer prejuízos. "Se há ganhos, são pontuais e com curtíssimo prazo de vencimento", afirma o professor Renato Pequeno.
Na visão do presidente do Conselho Regional de Engenharia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota Pinto, em entrevista ao Jornal Diário do Nordeste (publicação de 13.07.2014) apesar de não haver um adequado planejamento da Capital, é inegável dizer que as obras aprovadas trouxeram significativas contribuições para a melhoria da cidade.Para ele, a Copa do Mundo foi um importante pretexto que objetivou alavancar recursos financeiros para obras necessárias para Fortaleza, ficando, quando todas concluídas, um legado de significativa melhoria.
As obras são concebidas pontualmente, sempre aproveitando oportunidades de linhas de financiamento decorrentes de incentivos financeiros do governo federal ou de bancos. A cidade se embelezou, com meios-fios pintados, calçadas, canteiros centrais e avenidas refeitas, logicamente as de acesso ao estádio e à zona hoteleira. É positiva a realização do campeonato mundial, ficando demonstrado que existindo boa vontade política e ações governamentais, as coisas acontecem (PINTO, in DN: 2014).
CONCLUSÃO
Inquestionavelmente não se pode contestar os ganhos auferidos pelas cidades que sediam megaeventos esportivos como uma Olimpíada ou uma Copa do Mundo, como foi o caso da capital alencarina, Fortaleza. Estas cidades se tornam, ainda que temporariamente, o centro das atenções do mundo inteiro, o que possibilita o desenvolvimento do turismo antes, durante e mesmoapós a conclusão dos jogos, favorecendo o desenvolvimento econômico local com o aumento do mercado de trabalho e das vagas de emprego formal e informal.
Além disso o prestigio inerente a tais eventos “contagia” a cidade sede, o que desperta o interesse do Poder Público e também da iniciativa privada, proporcionando às cidades que sediam tais eventos um significativo aumento de investimentos governamentais e de empresas que buscam fixar sua marca junto aos jogos. É importante ressaltar, entretanto, que nem todos os investimentos previstos são efetivamente concretizados. 
Em Fortaleza, por exemplo, embora tenha havido um desenvolvimento da mobilidade urbana no município, muitas das obras previstas pela Secretaria de Turismo do Ceará para serem entregues antes do início da Copa do Mundo de 2014 como a Duplicação do Aeroporto Pinto Martins, a Implantação do Terminal do Mucuripe, o VLT- Mucuripe/Parangaba, Estações do Metrô (Pe. Cícero/Montese), a Via Expressa, Av. Raul Barbosa, Av. Alberto Craveiro, Av. Paulino Rocha e Dedé Brasil não foram integralmente concluídas.
Assim, pode-se afirmar que as obras efetivamente realizadas na cidade de Fortaleza ficaram muito aquém do planejamento elaborado pelo Governo do Estado do Ceará, porém é inegável o impacto do evento sobre a economia local.
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