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Êxodo para as montanhas

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Êxodo para as montanhas: a urbanização desenfreada
1
 
Suzana Leal Santana 
O censo demográfico 2000 veio finalmente confirmar o que já era claramente perceptívelde cada cinco 
habitantes do Brasil, apenas um está na zona rural, ou seja, a taxa de urbanização do País é de 80%. 
Esta taxa de urbanização é uma das maiores do mundo e apresenta um sério agravante: nos últimos dez 
anos este crescimento vem acontecendo na periferia das cidades grandes. Enquanto os bairros mais ricos 
crescem em 5%, a periferia cresce em 30%. 
De fato, com a mecanização da agricultura e a oferta de atrativos pela cidade, o fenômeno do êxodo 
rural vem acontecendo há décadas. Este é um dos resultados do modelo econômico implantado no País, 
que incha e degrada as grandes cidades brasileiras. 
Assim, a periferia é entendida por bairros mais periféricos mesmo, não só mais distantes mas, 
essencialmente, mais precários: ruas sem calçamento e alagadas quando chove, esgoto a céu aberto, 
água e energia provenientes de ligação clandestina, lixo não coletado jogado nos rios, casas de quatro 
cômodos em lotes de 50 m² e ruas de 2 m de largura. Doenças, poluição, miséria, violência, feiúra. 
Berço de dor, de revolta, de baixa auto-estima, de ausência de perspectivas. 
Desta forma, a qualidade de vida se esvai dos grandes centros urbanos. Engarrafamentos de trânsito, 
mendicância, favelização, desmoronamentos, acidentes e assaltos cada vez mais freqüentes. Diante deste 
fato, outro quadro começa a se apresentar: uma tendência ao êxodo urbano. Acontece, a princípio, nas 
imediações da metrópole. A vontade de fugir do caos é clara, mas o ganha pão ainda está nela. Opta-se 
pelo sítio de recreio para fins de semana, já que a mudança total não é possível. Há o trabalho, há os 
filhos nas escolas. A casa de campo compõe a dupla residência com o apartamento na cidade. Tenta-se 
espichar o fim de semana na sexta ou na segunda. Leva-se trabalho para casa de campo. Elas vão sendo 
melhor equipadas para a moradia que um dia querer-se-á como fixa. Alguns municípios vizinhos das 
metrópoles transformam-se, assim, em cidades de descanso de finais de semana; outros transformam-se 
em cidades dormitórios. 
O patrimônio natural 
Há nas cercanias de Belo Horizonte belas regiões montanhosas que, por isso mesmo, ainda não foram 
ocupadas. O acesso difícil fez com que elas fossem deixadas por último na expansão da metrópole. Essas 
montanhas emolduram o horizonte e apresentam rica vegetação rupestre com espécies muitas vezes 
endêmicas. Há orquídeas e canelas de ema em extinção. 
Em seus vales brotam inúmeras nascentes, protegidas por matas ciliares, plenas de bromélias, avencões e 
samambaias. Encostas de belas paisagens muitas vezes escondem patrimônios históricos relevantes: são 
escarpas rochosas com pinturas rupestres, ruínas do período colonial, caminhos antigos de tropas ainda 
com calçadas e muros de pedra, casarões de fazendas com pomares outrora auto-suficientes. 
Mas quanta alteração no cenário dessas regiões! Nos fins de semana, o trânsito é intenso nas saídas da 
capital, onde se multiplicam acidentes e engarrafamentos. Com o asfaltamento das estradas vicinais, o 
crescimento desordenado das localidades é iminente e rápido. Os loteamentos proliferam, e o Poder 
Público dessas localidades não acompanha a rapidez da mudança. 
A especulação imobiliária 
Os parcelamentos clandestinos se espalham. A especulação imobiliária se esbalda, alheia à qualidade de 
vida ambiental. O lucro fácil na venda de terrenos é o paraíso dos especuladores. Muitas belas regiões se 
perdem neste processo e, assim, prevalece a incoerência, pois o estressado da cidade grande, que é o 
comprador do lote, busca o bucólico da natureza, o retorno à vida saudável do campo, a fruta no quintal, 
o contato com os animais e com o homem simples da roça, os banhos naturais em cachoeiras e riachos de 
águas límpidas, os passeios a pé, a cavalo, de bicicleta. 
Os proprietários de terra ainda não viram outra alternativa de renda a não ser a da venda para o 
parcelamento do solo. Este parcelamento, quando não é desordenado e clandestino, é o "condomínio 
fechado". Em ambos os casos desrespeita-se o meio ambiente e, conseqüentemente, não se contribui para 
 
1
ALBANO, C. (orgs.) Interpretar o patrimônio – um exercício do olhar. Belo Horizonte:Ed UFMG, 2002, p. 215-223 
a qualidade de vida buscada. 
O condomínio fechado, por ter uma portaria de controle, dá a ilusão de maior segurança para suas 
edificações. Ricamente telados e iluminados, suas casas, bem equipadas e trancadas durante a semana, 
são as primeiras a serem assaltadas. É uma iluminação cara de ruas vazias para casas vazias, de segunda 
a sexta-feira. As cercas de tela, e mais recentemente, os muros quilométricos que os circundam, cortam 
toda e qualquer chance de sobrevivência da vida silvestre ao eliminarem os corredores de fauna. 
Os condomínios ainda isolam, para aqueles poucos proprietários, áreas potencialmente atrativas do 
município, e atraem, para suas imediações, adensamentos de população de baixa renda que buscam 
trabalhos de caseiro, de jardineiro, de obra civil, e que acabam se assentando no primeiro loteamento 
mais próximo, precariamente aberto e, por isso mesmo, mais barato. 
Ao se fazer um levantamento da ocupação dos parcelamentos já aprovados nas prefeituras dos 
municípios circunvizinhos de Belo Horizonte, constata-se a enorme difusão dos assentamentos de 
precária infra-estrutura. Este número excessivo de loteamentos mostra claramente quem lucra e quem 
perde com eles. Ganha o especulador imobiliário, que vende o lote e não cumpre com a infra-estrutura 
que legalmente lhe cabe e é, além disso, favorecido com a ineficiência municipal na cobrança dos 
impostos de sua obrigação. Perde o proprietário do lote, que lutará por muito tempo para ter essa infra-
estrutura, mas paga impostos que dificilmente reverterão em seu próprio benefício. 
As forças coletivas e o Poder Público 
É aí que as forças coletivas surgem. As comunidades se estruturam em associações de bairros. Tentam 
solucionar seus problemas internos de forma autônoma, já que a administração municipal não o faz 
eficientemente. Nos seus estatutos, buscam ampliar suas funções objetivando a proteção da natureza 
daquele espaço. Aparecem as associações de associações, as associações regionais, as AMAs 
(associações de meio ambiente), as ONGs (organizações não governamentais). Multiplicam-se os 
Conselhos. Os Codemas (conselhos de defesa do meio ambiente) tornam-se o fórum de exercício de 
cidadania para a proteção do meio ambiente municipal. Secretarias de Meio Ambiente passam a integrar 
os organogramas das Prefeituras. Passo a passo, essas iniciativas saem do papel e, entre o ciúme dos que 
se acham donos do assunto e a ignorância dos que apenas assistem, a consciência ecológica da sociedade 
aumenta. 
O SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) define as leis ambientais, se aprimoram; os 
planos diretores de desenvolvimento planejado se implantam. As APAs (Áreas de Proteção Ambiental) 
são decretadas; criam-se as RPPNs (Reservas Particulares de Proteção Natural); os prêmios 
ambientalistas condecoram; o ICMS ecológico se firma. 
A preocupação é mundial. Congressos acontecem a cada momento. Fórum social mundial, fórum 
ambiental mundial, Agenda 21... É a luta entre o pensamento coletivo, preocupado com o planeta que 
deixará para as próximas gerações, e o pensamento imediatista, preocupado apenas com o lucro fácil. 
No meio de tudo isto há os que realmente fazem, os que apenas assistem, os que nem percebem e, o 
pior, há os que atrapalham. 
No caso de Minas Gerais, as forças antagonistas se assentam no Copam (Conselho Estadualde Política 
Ambiental), instância maior das deliberações do Estado sobre a questão. Comissões são juridicamente 
nomeadas para discutir os pontos polêmicos. Neste contexto, a fiscalização peleja e a educação 
ambiental engatinha. O Estado burocrático exige muito, mas abandona o município. O município tem 
que ser acordado pela sociedade que se mobiliza. Fugindo da megalópole, cidadãos conscientes buscam 
cada vez mais os municípios circunvizinhos e, de mãos dadas, nativos e recém chegados muito podem 
fazer por este cinturão ainda verde no entorno montanhoso de uma cidade como Belo Horizonte. 
A cultura vigente 
O lote preferido é o vizinho a uma área verde e melhor ainda se contemplado com água. O próprio 
vendedor já estimula o comprador ao lhe afirmar: "Você pode anexar à sua propriedade mais tantos 
metros quadrados de área verde." Esta área pública, imprópria para assentamentos e, por isso mesmo, 
legalmente reservada para a preservação da natureza, seja pelo manancial ou pela alta declividade do 
solo ou pela mata que contém, vai deixando de ser pública e muitas vezes de ser preservada, com a 
desculpa: "Estou cercando para proteger." 
A região preferida é o topo do morro, que oferece melhor vista. As mineradoras resolveram que, se a 
exploração do minério ali não é rentável, a melhor opção é o empreendimento imobiliário. 
Entretanto, há 35 anos o Código Florestal determina: "É proibido desmatar em topos de morros, em 
margens de rios e nascentes, e em regiões de grande declividade, pois estas são consideradas áreas de 
preservação permanente." 
Que cultura é essa que só enxerga a árvore frondosa adulta e as plantas ornamentais das floriculturas 
urbanas ou as árvores frutíferas das frutas dos supermercados? 
Nesta urbanização desenfreada, presente há várias décadas no Brasil, algumas gerações da nossa 
população desaprenderam a convivência com a natureza. O "só tem mato!" atesta o tamanho da 
crueldade a que está submetida a nossa biodiversidade ambiental. Parece que esquecemos que toda 
planta já foi mato um dia. Se somos estressados da cidade grande em busca da paz do campo, é 
necessário nos desvincularmos de valores urbanos e relembrarmos os valores rurais que ficaram para 
trás, na nossa infância ou na de nossos avós. Nossos filhos hoje sofrem com a "L.E.R." dos joguinhos 
eletrônicos, engordam com "chips" e desconhecem que o leite e o suco não nasceram no supermercado. 
A cultura do leite no peito da vaca, da fruta no pé, da couve na horta, do milho e a da cana na roça se 
foram. 
Pensemos! Nós não temos que transformar a natureza para estar nela. Não temos que trazer a cidade 
para o campo. Temos é que reaprender com as nossas origens rurais esquecidas. Em vez do asfalto, 
carros adaptados às estradas vicinais cascalhadas. Em vez de sentarmos na sala da casa de campo para 
assistir ao "Animal Planet" com ursos e leões lá do outro mundo, que tal caminharmos e cavalgarmos 
pelos arredores e nos surpreendermos com jacus, tucanos, lobos guarás, seriemas, micos-estrelas, além 
de vacas e cavalos? 
Podemos desfrutar e contribuir para a preservação de toda esta natureza, de todo este patrimônio ao 
nosso alcance, antes que se tornem mais uma periferia degradada da capital 
A força do trator 
É impressionante o poder desta máquina que, em segundos, pode transformar toda uma paisagem. Mas 
algum critério necessita ser adotado, uma vez que a lei federal 6766, que regulamenta os loteamentos, 
já classifica como "non edificandi" áreas acima de 47% de inclinação, fixando limites para a ocupação 
de terreno em áreas com inclinação entre 33 e 47%. 
Se o que se pretende é uma casa plana, sem escadas, não há lógica em construí-la num terreno 
acidentado. Ao se fazer uma terraplanagem utilizando o trator, ter-se-á usualmente um grande corte e 
um grande aterro. É a ferida exposta da natureza que mostra o subsolo. Demanda maiores custos com 
drenagem e cobertura orgânica para o ajardinamento. Longo também será o tempo para a 
recomposição da ferida. 
Um convite para descobrir o "brasil" 
Senhores urbanistas e paisagistas, comecem seus loteamentos pela leitura da natureza existente na 
área. O escoamento natural das águas e as áreas de preservação permanente têm que ser respeitados. O 
paisagismo natural já está lá, não tem que ser introduzido com espécies alheias à flora local. A mata 
não é mata sem mato por baixo. 
As áreas verdes, normalmente incorporadas aos fundos dos lotes, podem se tomar frente de lote quando 
circundadas por vias especificadas. Assim, deixam de ser aproveitadas individualmente e passam a 
beneficiar toda a coletividade, através de parques urbanos e corredores ecológicos, por exemplo. 
Senhores floricultores, já é passada a hora de começar a cultivar, na sua própria estufa, os musgos e as 
plantas ornamentais para comercializar. O dano que se causa ao equilíbrio ambiental, removendo 
continuadamente tais espécies das matas ciliares, pode ser irreversível. Que tal pensar em jornadas 
monitoradas. com seus clientes, em trilhas interpretativas de observação da flora em parques e jardins 
botânicos? 
Senhores incorporadores e governantes, estando os municípios sem dinheiro, por que deixar a cargo 
deles tanta infra-estrutura dos loteamentos? A dívida ativa precisa virar dinheiro, ou máquina, ou 
material para os serviços urbanos do loteamento. De que adianta a canalização de esgoto, se seu destino 
final é o rio mais próximo? A adoção das ETEs (Estação de Tratamento de Esgoto) é condição básica 
para a qualidade da urbanização. Se os lotes são maiores, a fossa séptica individual resolve facilmente. 
Os desmembramentos não podem ser generalizados. Antes que o loteamento irregular surja, se existe o 
mercado consumidor, é necessário adiantarse a ele de forma planejada. Além disso, a fiscalização e a 
educação ambiental são atividades básicas e essenciais ao processo administrativo do desenvolvimento 
municipal. 
Senhores compradores de terrenos, no afã de enxergarem o lote que acabaram de adquirir, vocês 
mandam "limpa-lo", o que acontece de maneira devastadora... Não pense que, raspando o seu lote, a 
natureza que o atraiu para a região vá permanecer. O vizinho pode raspar também o lote dele, e assim 
sucessivamente. O que acontecerá no futuro próximo com o seu bairro? 
Raspa-lo, retificá-lo com o trator, gramá-lo completamente e plantar árvores frutíferas e ornamentais 
alheias à biodiversidade local são valores urbanos já incorporados em nós. Mas algo nos atraiu neste 
terreno que compramos para a casa de campo. Seria o verde da região? O bucólico? A vista? O ar da 
roça? E é aí que não podemos esquecer que aquele terreno adquirido faz parte deste conjunto atrativo. 
Não podemos dar a ele um tratamento urbano individualizado. Faz parte de um todo que é o que nos 
atraiu naquela região. Se eu raspo, meu vizinho também, e mesmo assim achamos que o verde fica 
preservado porque o vemos ainda a nossa volta, estamos muito enganados. 
Que tal deixar uma parte do lote com a natureza existente preservada? Se o vizinho emendar a área 
verde dele com a sua, vocês estarão mantendo um corredor de fauna e flora que ainda lhes dará muito 
prazer. 
Comecemos então pelo nosso! Você também é ambientalista e o meio ambiente precisa de você. O 
mundo está preocupado com a destruição da natureza. Façamos a nossa parte. 
Observar com sensibilidade 
Ler o terreno... Eis alguns passos condicionantes: 
A vista: ela acontece voltada para o próprio terreno ou para além das montanhas. Há pontos 
estratégicos para desfrutá-la, seja de cima de uma pedra, da sombra de uma árvore, do banco do jardim, 
da varanda, da janela... 
A declividade: além de ajudar na vista a ser desfrutada, a ocupação que acompanha o caimento do 
terrenoé a menos agressiva quanto à erosão e a mais agradável quando propicia um bom projeto 
arquitetônico com porões-adegas, pés direitos duplos, águas furtadas no telhado... Cuidado para não 
comprar uma montanha pensando em fazer um campo de futebol... 
A limpeza: ao roçar o chamado mato, é bom lembrar que a maioria das plantas compradas nas 
floriculturas vieram dele um dia. Um belo futuro ipê pode ir embora porque ainda é um fino cabo de 
vassoura. A prática comum de mandar tirar tudo abaixo da bitola "x" pode ter este problema. 
A vegetação nativa: comecemos nosso jardim por ela. Nos campos de altitude, nos rupestres, entre 
pedras decoradas pela natureza, florescem gramíneas, plantas rasteiras e arbustivas de beleza 
surpreendente. Nas matas crescem ipês, quaresmeiras, sucupiras, jacarandás enfeitados com bromélias 
variadas. No cerrado estão as candeias e pequizeiros, heróis de pior terra em processo de extinção. 
Uma árvore especial: se é especial deve ser valorizada, seja pela sombra, seja pela estética. As tortuosas 
do cerrado têm história de sobrevida para contar. Descubra seu nome, sua interação com os insetos e os 
pássaros. Sob ela, bancos, redes, balanços, recantos para o deleite... 
Um bosque: já está pronta a arborização do seu terreno. Identifique as árvores, trace caminhos sinuosos 
para interligar os recantos atrativos. Passeie pelo bosque observando as várias fases que passam com o 
alternar do clima. 
O sub-bosque: o mato sob a mata também dá flores, atrai os pássaros, as abelhas, abriga o tatu, o coelho, 
o esquilo e permite fazer o caminho e o recanto para o descanso do estresse e o deleite da natureza. As 
sementes caídas se decomporão em adubo orgânico e ajudarão a segurar a umidade da terra. Há os 
animais peçonhentos sim, mas também há seus predadores, que apreciamos, e um precisa do outro. 
Uma reservinha: se você deixar uma faixa de vegetação natural num canto do seu terreno, maiores 
chances você terá de ver e ouvir os animais silvestres. Mais ainda, se seu vizinho fizer o mesmo, 
emendando a faixa dele na sua. É bom lembrar que somos nós os invasores da terra deles, e não o 
contrário. 
O riacho: se é atraente pela água límpida, use-a com o critério de devolvê-la também limpa para o seu 
curso. A fossa deve ser séptica e longe de qualquer chance de escoamento para o rio, até mesmo pelo 
lençol d'água subterrâneo. A mata ciliar, com toda a vegetação rasteira, e o sub-bosque, são fundamentais 
nesta preservação quando evitam o assoreamento das margens. 
A edificação: ao construir sua casa de campo, não a faça urbana, um apartamento com varanda. O 
carramanchão é a área de lazer que falta no projeto urbano da sua casa de campo. Não faça um caixote 
com varanda para dela ver o seu jardim. Desfrute-o. A casa espalhada harmonicamente pelo terreno 
propicia avarandados, sebes, decks, jiraus... O projeto arquitetônico pode ser derramado no terreno 
acompanhando sua declividade. A declividade propicia bons recursos arquitetônicos. 
Desta maneira, usando estes cuidados, a ocupação do seu terreno será digna, prazerosa e preservacionista 
do nosso caro e raro meio ambiente, na superpopulosa grande cidade e, conseqüentemente, no planeta 
Terra. 
	O patrimônio natural

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